Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Serviço Social e a Questão Social UNIDADE I APRESENTAÇÃO SERVIÇO SOCIAL E QUESTÃO SOCIAL COMPÕEM: Núcleo de Fundamentos Teórico-Metodológicos da Vida Social. TÊM POR OBJETIVO CONTRIBUIR PARA: A construção do conhecimento sobre as dimensões do ser social nesse cenário territorial globalizado. Identificar com maior clareza a questão social e as possibilidades de intervenções concretas. TÓPICOS ABORDADOS 1. Momento: Mundialização financeira, acumulação capitalista e suas influências na questão social. 2. Momento: As transformações político-econômicas e sociais e a questão social. 3. Momento: Questão social e políticas sociais na perspectiva neoliberal. 4. Momento: A contextualização do Serviço Social e a questão social. INQUIETUDE Questão social é uma categoria explicativa da totalidade social da forma como os homens vivenciam a contradição capital X trabalho. PERÍODOS HISTÓRICOS DE DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO FASES DO CAPITALISMO: • Capitalismo comercial ou mercantil (pré-capitalismo do século XV ao XVIII) – o controle estatal da economia se tornou a base do mercantilismo, o qual esteve baseado nas trocas comerciais com a finalidade de enriquecimento. • Capitalismo industrial ou industrialismo (do século XVIII ao XIX) – com a Revolução Industrial do século XVIII, o surgimento da máquina movida a vapor e a expansão das indústrias, o capitalismo atinge uma nova fase, chamada de capitalismo industrial ou industrialismo. • Capitalismo financeiro ou monopolista (a partir do século XX) – já a terceira fase do capitalismo surge no século XX, mais precisamente após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), com a expansão da globalização e o advento da Segunda Revolução Industrial. • Além das indústrias que dominaram o cenário do capitalismo industrial, nesse momento, o sistema está fundamentado nas leis dos bancos, das empresas multinacionais e das grandes corporações por meio do monopólio financeiro. MOVIMENTO DE ACUMULAÇÃO CAPITALISTA Na trama desse movimento de acumulação capitalista, ocorrem transformações no processo produtivo, o que conduz os trabalhadores e a sociedade a um aprofundamento do individualismo e do estranhamento das relações originadas no mundo do trabalho. Relações mais reificadas (coisificadas) e fetichizadas. FLEXIBILIZAÇÃO E DESREGULAMENTAÇÃO DAS RELAÇÕES DE TRABALHO Com a flexibilização e a desregulamentação das relações de trabalho, as pessoas permanecem pouco tempo na empresa e têm trabalhos especializados, embora considerados generalistas. Nesses casos não raro o próprio trabalhador investe em sua formação provocando no sistema produtivo, uma competição que induz os trabalhadores a se eliminarem. • ALIENAÇÃO Essas atividades, simplificadas também por maquinário cada vez mais autônomo e interativo, inovado pelo avanço tecnológico dos computadores, são realizadas por funcionários que trabalham para sobreviver e que, apesar da ideologia capitalista, não encontram sentido no trabalho nem se percebem, coletivamente, como trabalhadores em equipe. Assim, quanto menos se reconhecem como classe trabalhadora, como gênero humano, mais se degradam, perdem sua autonomia e se destituem de sua sociabilidade ou de suas razões cidadãs. CRISE ESTRUTURAL NO CAPITALISMO Desde a década de 1970 – o capitalismo vem sofrendo uma crise estrutural. Após os chamados “anos dourados” Pós-segunda Guerra Mundial, em que houve um grande aumento da produção, com ganhos crescentes na economia, vieram também o esgotamento do consumo e o crescimento da taxa de lucro. TENTATIVAS DE RESPOSTAS À CRISE As já citadas transformações no mundo do trabalho foram tentativas de respostas a essa crise. O Estado, a partir de 1970, adquire uma nova função, no contexto do neoliberalismo, assumindo a responsabilidade de regular as atividades do capital corporativo e, ao mesmo tempo, responder aos interesses nacionais, de forma que atraia o capital financeiro transnacional e contenha a fuga de recursos para regiões mais lucrativas. ACUMULAÇÃO FINANCEIRA DO CAPITAL Nesse processo de acumulação financeira do capital, o capitalismo globaliza a produção, a distribuição, a troca, o consumo, as coisas, as pessoas, as ideias, a cultura, o Estado, as instituições, descaracterizando suas redes territoriais em nome das metas da mundialização do capital. QUESTÃO SOCIAL Nesse contexto, a questão social adquire novos significados e características, com dimensões globais, expressando-se, por exemplo: Desemprego, desregulamentação generalizada do trabalho e desmonte das garantias de proteção social. • O ESTADO O Estado assume funções mínimas, com diminuição dos gastos sociais e desconsideração dos direitos sociais historicamente conquistados. Alia-se aos interesses da mundialização do capital e apoia a flexibilização do trabalho e sua precarização, o que, por consequência, acentua as desigualdades sociais. • DÉCADA DE 1980 Na década de 1980, os brasileiros, em suas lutas sociais, consolidam uma cultura política combativa e reivindicadora de direitos sociais e estruturas políticas para acriação de mecanismos de seguridade social. • DÉCADA DE 1990 No Brasil na década de 1990, o Estado passa por um processo de reconstrução. Pautado pelos mecanismos de controle das regras de mercado, transfere o processo de regulação social para sociedade e a torna corresponsável, em uma pretensa lógica de emancipação cidadã, para que ela se organize e crie, por si, os processos para enfrentamento da questão social. Filantropia, caridade, benevolência, doação, assistência, compaixão, esmola... AS TRANSFORMAÇÕES POLÍTICO-ECONÔMICAS E SOCIAIS E A QUESTÃO SOCIAL Os países em desenvolvimento, como o Brasil, são prejudicados devido às armadilhas do sistema econômico, as questões sociais são materializadas: Desigualdades sociais, esemprego, baixos salários, dependência de capital internacional e crises econômicas, entre outras. CONTRIBUIÇÃO DO CAPITALISMO GLOBALIZADO O capitalismo globalizado, ou o chamado neoliberalismo, deixa como contribuição sério impacto na sociedade, apontando desigualdades no campo social, restringindo a prática da cidadania. A justiça social permanece longe de alcançar importância diante das desigualdades sociais e o espírito da cidadania é lembrado apenas em época eleitoral. CAPITALISMO E QUESTÃO SOCIAL A partir dessa realidade capitalista, configura-se a questão social, segundo Iamamoto e Carvalho (1983). [...] é a expressão do processo de formação da classe operária e de sua entrada no cenário político, da necessidade de seu conhecimento pelo Estado, e, portanto, da implementação de políticas que levem em consideração seus interesses. O que deixa de ser apenas contraditório entre pobres e ricos para constituir-se na contradição antagônica entre burguesia e proletariado. (IAMAMOTO E CARVALHO, 1983, p. 77) SERVIÇO SOCIAL E QUESTÃO SOCIAL O Serviço Social no Brasil se insere, desde 1930, como uma especialização da divisão social e técnica do trabalho, para atuar no enfrentamento da questão social. Originada das contradições e da expressão dos antagonismos e das desigualdades da sociedade capitalista brasileira, assume, historicamente, como uma questão política, o combate às condições de vida indignas e desumanas da maioria da população, procurando afastar- se de posições conservadoras e tradicionais. Os profissionais de Serviço Social passaram a trabalhar com a questão social nas suas mais variadas expressões cotidianas, em diversas áreas de atuação. É necessário desenvolver estratégias para o fortalecimento dos indivíduos sociais e coletivos, especialmente com vistas à democracia e ao exercício da cidadania. Saber reconhecer fatores de opressão, desigualdades sociais, políticas e excludentes é essencial.• EXPECTATIVA DE ATUAÇÃO A SOCIEDADE ESPERA E EXIGE DO PROFISSIONAL DE SERVIÇO SOCIAL: Que ultrapasse as ações interventivas e seja capaz de conhecer, investigar, antecipar, propor e executar alternativas para o enfrentamento da questão social que tenha capacidade de atuar no fomento à coletividade e em defesa da maioria das populações sob opressões diversas, discriminadas. DEFESA DOS DIREITOS SOCIAIS A defesa dos direitos sociais, para o Serviço Social contemporâneo, articula-se com a criação de políticas públicas descentralizadas, desburocratizadas, transparentes, democratizadas e universalizadas com qualidade e controle da sociedade, para fins públicos, como dever e responsabilidade do Estado. CÓDIGO DE ÉTICA DE SERVIÇO SOCIAL O Código de Ética Profissional do Assistente Social de 1993 (CFESS, 1993) é resultado dessas reflexões da categoria, ao longo das últimas décadas, em um processo de ruptura com o conservadorismo e as bases tradicionais da profissão. Tem por objetivo conduzir a profusão pelos caminhos da justiça social, da equidade e da democracia; posicionando-se contra todas as formas de exclusão, exploração, dominação e alienação. • COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS É exigido que o assistente social desenvolva saberes teóricos e técnicos para exercer múltipla atividades. É importante também aprimorar esses saberes para contribuir com propostas capazes de preservar e efetivar direitos, transformando o mundo cotidiano (SERRA, 2000). POLÍTICAS SOCIAIS Explicadas pelo Estado e pelas classes dominantes – desvinculando-as da estrutura produtiva e vinculando-as a situações conjunturais e individuais específicas. ANÁLISE DA POLÍTICA SOCIAL Determinadas conjunturas históricas colocam a política social como um direito que responde a necessidades objetivas, concretas, reais. Em outras, ela é chamada a responder a necessidades subjetivas, parece, desvincular-se do real, tornando-se a-histórica. Nessa condição, a política social propõe soluções que buscam clamar os homens para voltarem às suas supostas origens naturais de solidariedade e fraternidade. • CRITÉRIOS DE ACESSO Os critérios de acesso da política social, no Brasil, quando se trata de programas sociais governamentais que atingem a parcela da população que se encontra no limite da sobrevivência, impõem condições para as pessoas atendidas, além de exigirem comprovações da situação de miserabilidade. QUESTÃO SOCIAL E POLÍTICAS SOCIAIS NA PERSPECTIVA NEOLIBERAL Na perspectiva neoliberal – pensar em um novo desenho para as políticas sociais, visando a alcançar a garantia de maior alcance das ações e, consequentemente, resultado mais efetivo. A assistência assume uma função estratégica, contribuindo para um sistema mais amplo de proteção social, resgatando a perspectiva da seguridade social. POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL A Política de Assistência Social no Brasil ganha destaque com a Constituição Federal de 1988 e passa a ser considerada política pública, compondo o tripé de seguridade social, responsabilidade do Estado e direito do cidadão, com caráter democrático e previsão de gestão descentralizada e participativa.. ASSISTÊNCIA SOCIAL SAÚDE PREVIDÊNCIA A Política de Assistência Social no Brasil, como política pública, foi assegurada na Constituição Federal de 1988, em seus artigos 203 e 204 e com a regulamentação por meio da LOAS (Lei nº 8.742, de 07 de dezembro de 1993). Sua gestão se efetiva por meio de um sistema descentralizado e participativo, cabendo aos municípios uma parcela significativa de responsabilidade na sua formulação e execução. CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 A participação popular, na forma de controle social, também figura de forma contundente nessa Constituição, com propostas para a criação de conselhos vinculados praticamente em todo o conjunto de políticas sociais no país, como uma nova forma de expressão de interesses e de representação de demandas e atores junto ao Estado. PARTICIPAÇÃO DA SOCIEDADE Historicamente, a participação da sociedade na execução das políticas sociais consolida-se no campo da atuação privada, dominada pelas entidades de cunho filantrópico. Esse caráter de subordinação às forças sociais dominantes e capitalistas sofreu uma grande alteração a partir dos anos 1980, na conjuntura da luta pela democratização do país, formando um novo elenco de atores sociais voltados à promoção da sociedade como protagonista de sua própria transformação. • AUTOFINANCIAMENTO No Estado liberal, existe uma forte tendência a fazer as pessoas e as comunidades autofinanciarem o próprio desenvolvimento e a superação das desigualdades sociais, em uma lógica de corresponsabilização e transferência de responsabilidades para área privada. PARTICIPAÇÃO DA POPULAÇÃO – CONTROLE SOCIAL Na participação da população, como forma de controle social (CF, 1988) – são criadas propostas para a instituição de conselhos vinculados praticamente em todo o conjunto de políticas sociais do país, representando uma nova forma de expressão de interesses e de representação de demandas e atores junto ao Estado. PARTICIPAÇÃO SOCIAL A partir da Constituição de 1988, a participação social passa a ser valorizada não apenas quanto ao controle sobre as iniciativas do Estado no que se refere às políticas públicas e sociais, mas também quanto ao processo de tomada de decisão e à implementação, em caráter complementar à ação estatal. • CIDADANIA A reconstrução da cidadania pressupõe afirmar a igualdade de todos os cidadãos no que se refere à participação política diante da própria legitimidade do Estado e dos ideais universalistas da ação pública com esfera de proteção do cidadão, seja no âmbito dos direitos civis, seja no dos direitos sociais. • PARTICIPAÇÃO No momento em que a sociedade civil entender que é fundamental sua participação em conselhos, congressos, fóruns, conferências, seminários, entre outros, exercendo os direitos constitucionais de cidadania, será possível concretizar processos para a construção de esferas sociais mais democráticas, cidadãs e com chances de combate às desigualdades. ESTADO DE BEM-ESTAR SOCIAL NO BRASIL O Estado brasileiro não estrutura o bem-estar social, que, apesar de colocado no centro dos discursos políticos, não chega às esferas sociais mais marcadas por desigualdades. CONTEXTUALIZANDO O SERVIÇO SOCIAL E A QUESTÃO SOCIAL Na conjuntura em que a sociedade se encontra, o Serviço Social tem como objeto de intervenção a questão social, sendo necessário um processo de construção e de atuação profissional, com sólidos conhecimentos sobre a realidade na qual intervém. Nesse processo de agravamento social, surgiu o Serviço Social, em decorrência da expansão capitalista e como uma divisão social e técnica do trabalho. No caso brasileiro, o país vinha de uma conjuntura econômica voltada para o sistema agrário. O processo de industrialização emergiu na década de 1930, com a política de Getúlio Vargas e foi nesse cenário que surgiu o Serviço Social. REVOLUÇÃO INDUSTRIAL A Revolução Industrial provocou profundas transformações nas relações do mundo do trabalho. O processo de industrialização, ao se expandir, intensificou com igual proporção os mecanismo de produção das desigualdades sociais. Os níveis de desigualdades sociais passaram a caracterizar a questão social. ORIGEM DO SERVIÇO SOCIAL No Brasil, a área de Serviço Social se origina da articulação entre a Igreja, a sociedade e o Estado, em busca do enfrentamento da questão social, que era vista como uma “questão moral”, religiosa. No entenderdas classes dominantes, era necessário ajustar o trabalhador e sua família aos processos de industrialização e urbanização. AVANÇO DO SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL O Serviço Social avançou como profissão, com uma expansão significativa a partir da criação das grandes instituições de assistência social, que foram implementadas pelas forças dominantes dos capitalistas, da Igreja e do Estado, em resposta ao aprofundamento da questão social. OBJETO DO SERVIÇO SOCIAL Consta que tem sido historicamente um dilema chegar a essa definição. Tal objeto se concretiza e se transforma à medida que a profissão se desenvolve em um dado contexto histórico social e segundo as demandas sociais que lhe apresentam, ética e politicamente. Em 1937, esse objeto foi definido como sendo o homem (especificamente) em seguida, passou a ser a situação-problema por ele vivenciada depois, foi redefinido como a transformação social e mais adiante, o objeto passou a corresponder à questão social ou as expressões dela. MOVIMENTO DE RECONCEITUAÇÃO O Serviço Social, a partir da década de 1960, foi influenciado pelo movimento de reconceituação na América Latina e também buscou maior embasamento técnico e científico para a profissão. O movimento de reconceituação e as mudanças que ocorrem no mundo conduzem a profissão a se abrir para novos horizontes e modos de conceber a questão social e atuar sobre ela. UNIDADE II A QUESTÃO SOCIAL CONTEMPORÂNEA E OS DESAFIOS PARA O SERVIÇO SOCIAL IDENTIDADE DO SERVIÇO SOCIAL: Para Martinelli (2007) a formação da identidade iniciou-se por meio do movimento dos profissionais de Serviço Social, para expressar as praticas sociais repressoras e controladoras que visavam a garantir a consolidação do sistema capitalista. O Serviço Social, transforma-se continuamente, porque sua existência é atrelada ao processo de transformação da sociedade. A INTERVENÇÃO DO(A) ASSISTENTE SOCIAL A intervenção do(a) assistente social, no contexto do sistema de acumulação financeirizada do capital, exige que o profissional mantenha, como instrumentalidade importante para sua atuação, o conhecimento e a pesquisa, a fim de proceder a análises contextuais críticas, éticas e propositivas, além de ser capaz de realizar ações de efeito para o enfrentamento da Questão Social em suas múltiplas expressões. NOVAS CONFIGURAÇÕES DE ESPAÇO PROFISSIONAL As novas configurações de espaço profissional exigem do(a) assistente social um direcionamento ético- político, com competências para a construção de espaços que assegurem direitos, democracia participativa e fortalecimento do potencial para as lutas sociais reivindicativas e direcionadas para as conquistas de uma sociedade mais justa e democrática. ESTUDO DA QUESTÃO SOCIAL Estudar a Questão Social é ressaltar as diferenças, entre trabalhadores e capitalistas, no acesso a direitos e nas condições de vida, destacar os processos de estruturação das desigualdades sociais e pesquisar mecanismos para a superação das manifestações dessas desigualdades, partindo do entendimento de como são produzidas, na sociedade e na subjetividade dos homens. CARACTERIZAÇÃO DAS EXPRESSÕES DA QUESTÃO SOCIAL Algumas das expressões da Questão Social na cena contemporânea são caracterizadas, dentro outras, por: VIOLÊNCIA ESTRUTURAL A violência estrutural existe no cerne da sociedade capitalista e, não somente mantém relação com a Questão Social e suas expressões, mas também é responsável pela sua existência. O agravamento da Questão Social e o adensamento da violência estrutural são legitimados na sociedade e, muitas vezes, tornam-se naturalizados e camuflados, para que sejam aceitos pela população. VIOLÊNCIA ESTRUTURAL E O ESTADO Ao falarmos de violência, remetemo-nos ao Estado, uma vez que este tem o papel de criar respostas de enfrentamento das situações de violência, visando à qualidade de vida da população. • O Estado – Tem o monopólio dos instrumentos de violência legítima, como forma de manter ou restaurar a ordem e a paz da sociedade. CIDADANIA E A OPRESSÃO DO ESTADO CIDADANIA EM NOVA DIMENSÕES - IMAGINAMOS QUE OS CIDADÃOS SEJAM: Sujeitos ativos identificados com seu grupo social cientes dos valores democráticos, capazes de aprender com a convivência e a organização social, resistindo às formas de opressão e combatendo as conformações conservadoras dos lugares numa dada classe social. QUESTÃO DE PARTICIPAÇÃO Participação significa acolhimento dos ideais plurais da sociedade, com profundas melhorias nas formas democráticas, a fim de promover debates e gerar decisões baseadas em consensos. Esse modelo prevê que as representações sejam pautadas por uma expressão de poderes legitimados, como fruto da autonomia dos grupos sociais e de suas formas de organização política e social. MUNDIALIZAÇÃO DO CAPITAL E A RECONFIGURAÇÃO DOS ESPAÇOS URBANOS O processo de mundialização do capital altera de forma substancial as relações trabalhistas e econômicas, até mesmo o modo como a sociedade se organiza, política, cultural e socialmente. Os territórios ocupados pelas populações também são reconfigurados, de tal forma que as cidades e os espaços urbanos passam a expressar o agravamento da Questão Social. MODELO DE GESTÃO PÚBLICA NO BRASIL No Brasil, o modelo de gestão pública foi baseado numa forma de tomada de decisões centralizada, competindo as execuções ao âmbito federal até a década de 1970. Com a mobilização popular na luta por democracia e atendimento dos direitos sociais, ocorreu a transição para um contexto de gestão democrática que valorizava a participação e o controle populares em todas as esferas de poder. PARTICIPAÇÃO DOS CIDADÃOS A participação dos cidadãos passa a ser uma referência na qualidade da gestão pública e ganha visibilidade social, com o reconhecimento de sua capacidade para romper e enfrentar as tensões geradas pelas forças da desigualdade. CONCENTRAÇÃO URBANA A concentração nos centros urbanos e suas transformações mais recentes vem gerando espaços cada vez mais próximos uns dos outros, nos quais as pessoas se organizam nos mais diferentes grupos sociais. ISOLAMENTO SOCIAL URBANO • Isolamento Social Urbano – É justificada pelo medo de crimes violentos. • Essa apartação social – Transforma radicalmente os meios de comunicação entre as classes, o acesso à informação por parte daquelas com menor poder aquisitivo e as regras de convivência e de interação social ENFRENTAMENTO DA QUESTÃO SOCIAL O enfrentamento da Questão Social possibilita observar que suas expressões são objeto de resistências por parte dos segmentos mais desiguais nas sociedades do capital. Os trabalhadores, em suas lutas históricas, reivindicam direitos econômicos, sociais, políticos e culturais, evidenciando que as expressões da Questão Social privam tais indivíduos desse contexto de desenvolvimento. PERSPECTIVA NEOLIBERAL E A TRANSFERÊNCIA DE RESPONSABILIDADES Na perspectiva neoliberal, essa participação da sociedade tem sido marcada por um espaço político de transferência de responsabilidades. ESTADO E TERCEIRO SETOR A proposta da terceira via e as ações do terceiro setor apresentam uma contradição no seu projeto político. Temos movimentos de criação de demandas excluídas, carentes de políticas sociais, e a promoção da desresponsabilização do Estado, que, além de responsabilizar essa mesma sociedade civil carente, precariza os serviços oferecidos a ela. • TERCEIRO SETOR Terceiro setor pode parecer um espaço de participação social, mas na verdade ocorre uma fragilização e um processo intenso de desmobilização das forças organizadas e reivindicativas da sociedade, no qual o Estado terceiriza seus compromissos, promovendo a fragmentação das políticas sociais e, porconseguinte, das lutas dos movimentos sociais. ONGs E OS MOVIMENTO SOCIAIS Essas ONGs mudaram de lugar nos anos 1990: passaram a ocupar paulatinamente o lugar dos movimentos sociais, sem que a população desenvolvesse uma crítica e soubesse contrapor-se à estruturação crescente desses serviços. Assim, vai se deslocando o foco de suas lutas e da coesão popular em torno de reinvindicações por direitos sociais. ASSISTENTE SOCIAL NOS ESPAÇOS DE GESTÃO E SEUS DILEMAS Os(as) assistentes sociais, ao se inserirem nos espaços de gestão, execução e monitoramento – enfrentam outros dilemas, com a concepção de direitos quem vêm ao encontro do compromisso ético-político profissional, fundamentado nos princípios de justiça social, equidade, democracia e cidadania. DESAFIO DO SERVIÇO SOCIAL A questão social e suas expressões refletem a prioridade do capital sobre o trabalho e sobre a qualidade da vida social. Torna-se um desafio para o Serviço Social. Desenvolver conhecimentos capazes de deslindar as complexidades desses processos históricos sem submeter-se igualmente aos mesmos processos de crítica e de transformação. ATUAÇÃO DO(A) ASSISTENTE SOCIAL Para o desenvolvimento de suas atividades, os(as) assistentes sociais utilizam-se de meios teóricos - sociais e urbanos – legais e institucionais, tomando parte no planejamento das políticas públicas sociais, na elaboração de diagnósticos, pesquisas e projetos de intervenção etc. É relevante que o(a) assistente social, ao atuar profissionalmente, não apenas incentive a sociedade civil a tomar parte nos conselhos e contribua para tal, mas também participe dessas reuniões. SERVIÇO SOCIAL E DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS DE PESQUISA A busca de conhecimento para aprofundar os saberes profissionais e superar as fragilidades de formação das origens conservadoras conduz a categoria a embrenhar-se nas áreas das Ciências Sociais e a empreender pesquisas. FORMAÇÃO PROFISSIONAL Um olhar mais detido sobre os rumos contemporâneos para o Serviço Social indica exigências para que a formação contemple: Os movimentos investigativos da pesquisa, criando oportunidades a fim de que os(as) futuros(as) assistentes sociais desenvolvam competências em suas intervenções, para melhores análises da realidade e proposições mais combativas da questão social. PESQUISA CIENTÍFICA O caráter investigativo da pesquisa científica sofre influências do movimento da pós-modernidade, estimulando a percepção dos sujeitos de pesquisa, da subjetividade e das formas possíveis de mensurar os processos qualitativos da vida social. A realidade social e a questão social constituem eixo desafiador para a sociedade pós-moderna. • A DÉCADA DE 1960 A década de 1960 é mundialmente conhecida por impulsionar a crítica social e política, é responsável pelo desenvolvimento tecnológico e pelas mudanças socioculturais que atingem a família, os valores e os costumes tradicionais em geral, desencadeadoras de lutas por direitos civis e políticos, como as dos movimentos de mulheres e negros (MINAYO, 1994, p. 209). PESQUISA SOCIAL E QUESTÃO SOCIAL A pesquisa social volta-se para a sociedade e seus interesses, traduzidos em produtos históricos de determinadas circunstâncias sociais, procurando viabilizar respostas mediadoras e resolutivas quanto à questão social, bem como iniciativas vanguardistas para o desenvolvimento humano e social. PESQUISA SOCIAL E O PROFISSIONAL DE SERVIÇO SOCIAL Com o objetivo de desenvolver pesquisa, a categoria necessita conhecer as dimensões sociais, econômicas e políticas que afetam direta e indiretamente os sujeitos pesquisados. Precisa saber como se dá o processo de participação das comunidades e o exercício cidadão, na criação das políticas públicas e no controle da gestão e da execução dos serviços essenciais, para eliminar as desigualdades sociais e criar mecanismos de desenvolvimento das capacidades. É fundamental conhecer a realidade social em que será realizada a atuação, sua historicidade, seus mecanismos de opressão e autonomia e as formas de organização social, levando em conta referências locais e também as dimensões da globalização e da financeirização do capital, que certamente afetam as estruturas de distribuição de renda e o agravamento da Questão Social. PARÂMETROS ÉTICO-POLÍTICOS A prática cotidiana: O envolvimento dos profissionais com outros processos que não a mera ação burocrática, imediatista e rotineira. A superação de suas origens conservadoras moveu os(as) assistentes sociais para a pesquisa e os cursos de formação especializada, pós-graduação, mestrado e doutorado, o que foi relevante para a qualificação dos futuros profissionais e a busca por maior competência. PRESSUPOSTOS NORTEADORES CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL (1993), PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS: • Liberdade, valor ético central, as demandas políticas a ela inerentes; • Autonomia, emancipação e plena expansão dos indivíduos sociais; • A defesa intransigente dos direitos humanos e a recusa do arbítrio e do autoritarismo; • Adefesa e o aprofundamento da democracia; • O posicionamento em favor da equidade e da justiça social. COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS Para o Serviço Social, na atualidade, o fomento à participação popular nas instâncias que podem gerar recursos, serviços e políticas públicas capazes de mudar os processos de desigualdade é crucial nos debates para compor competências profissionais e definir parâmetros para a formação. É necessário conhecer o ser social e saber como analisá-lo, em suas condições, econômicas e culturais. INSTRUMENTALIZAÇÃO PROFISSIONAL A efetividade profissional não está apenas relacionada ao êxito da intervenção em políticas e programas sociais, mas também depende: Da instrumentalização do(a) assistente social para o compromisso com a proteção e a vigilância dos direitos de cidadania, valorizando as dimensões intelectuais e investigativas de seu processo de trabalho. INTENÇÃO DE RUPTURA A perspectiva de intenção de ruptura, de inspiração marxista, na sua primeira fase, materializada no chamado Método Belo Horizonte, ocorre na década de 1970, no interior da academia: crítica rigorosa à intervenção profissional teórico-prática tradicional, buscou romper com antigas práticas conservadoras. APROXIMAÇÃO COM A TRADIÇÃO MARXISTA Essa primeira aproximação com a tradição marxista: foi realizada de forma enviesada, a partir de vulgarizações e interpretações equivocadas do pensamento de Marx. Somente a partir dos anos 1980 identificamos a primeira incorporação bem-sucedida. PERSPECTIVA CRÍTICA PERSPECTIVA CRÍTICA DAS CONSTRUÇÕES E INTERVENÇÕES PROFISSIONAIS, TAIS COMO: • A relação entre teoria e prática no seio do Serviço Social; • A concepção de prática social e prática profissional; • A discussão sobre concepção de teoria e metodologia; • A existência de teoria ou teorias do Serviço Social; • Questões relacionadas à particularidade da área.. SERVIÇO SOCIAL DÉCADA DE 1980 O Serviço Social emerge no contexto do final dos anos 1980 e início da década de 1990, com uma nova proposta que já vinha sendo amadurecida com o movimento de Reconceituação, sobretudo na década de 1980, com acúmulo substancial de conquistas nos campos da produção acadêmica, da prática e das organizações profissionais. Todo esse processo resultou na construção de uma nova proposta, expressa pelo projeto ético- político. COTIDIANO PROFISSIONAL É no cotidiano que o assistente social exerce sua instrumentalidade, no espaço ocupacional em que imperam as demandas de curto prazo e consequentemente, tanto produz respostas aos aspectos imediatos, referentes à singularidade do eu, à repetição e à padronização, quanto tem a possibilidade de ultrapassar essa esfera aparente para aprofundar-se nas forças que intensificama questão social. COMPROMISSO PROFISSIONAL Os profissionais de Serviço Social, em sua formação e consolidação profissional, devem: Valorizar o compromisso com uma capacitação contínua, visto que a sociedade está em constante transformação e que, em sua instrumentalidade, compete ao assistente social trazer à luz a importância do conhecimento, tanto para si, como parte da categoria, quanto operativamente, em suas intervenções e inserções no cotidiano social. • CÓDIGO DE ÉTICA A categoria firmou patamares que lhe permite, atualmente, uma prática competente e articulada com os interesses populares, a fim de viabilizar e ampliar os direitos sociais para a conquista e a consolidação da cidadania e da democracia, por meio dos valores fundamentados no Código de ética do serviço social de 1993. ENFRENTAMENTO PROFISSIONAL DA QUESTÃO SOCIAL O(a) assistente social precisa usar seus conhecimentos para, associado a outras áreas e profissões correlatas, desenvolver tecnologias a fim de priorizar a avaliação das políticas sociais, dentro e fora dos âmbitos do Estado, objetivando apreender seu impacto social e político, em especial o da nova Política Nacional de Assistência Social/Suas. UNIDADE III OBJETIVOS Recapitular os assuntos acerca da questão social abordado nas aulas anteriores, complementar os conhecimentos até aqui passados ampliar seus horizontes a respeito da questão social pontuar as principais questões a respeito desse assunto. O TERMO QUESTÃO SOCIAL De acordo com Netto (2001), o termo questão social surgiu na terceira década do século XIX, na Europa Ocidental, utilizado inicialmente para designar o pauperismo que se tornava latente durante a organização do capitalismo industrial. O termo “questão social” existiu para não nomear os problemas sociais como produtos inerentes da sociedade capitalista. No século XIX, o termo “questão social” era usado para nomear a pobreza, que era considerada natural, algo que dependia da vontade do ser humano, deflagrando, assim, a característica fortemente liberal e positivista. CUIDADO COM AS EXPRESSÕES DA QUESTÃO SOCIAL Para sanar as expressões da questão social, segundo Netto (2001), o discurso conservador defende que são necessárias intervenções pontuais junto às expressões. Não há um aprofundamento da discussão dos fatores que deram origem à questão social. QUESTÃO SOCIAL E MARX Quando foi que a questão social passou a receber novas interpretações, novos entendimentos, mais críticos e relacionando-a à estrutura econômica? O entendimento diferenciado do conceito teria surgido, conforme Netto (2001), após Marx publicar o primeiro volume de O Capital, em 1867. Na obra, Marx indica que a questão social não é um fenômeno natural comum, mas um evento que acontece tipicamente na sociedade capitalista. QUESTÃO SOCIAL E CAPITALISMO Para Marx, a questão social é inerente ao capitalismo. Então, ela pode ser suprimida? De acordo com a perspectiva de Marx, não há como a questão social ser suprimida se os meios de produção forem capitalistas. QUESTÃO SOCIAL E CAPITALISMO O sistema capitalista produz, compulsoriamente, questão social; diferentes estágios capitalistas produzem diferentes manifestações da “questão social”. A “questão social” está intrínseca no desenvolvimento do capitalismo, não há como suprimir a primeira conversando com o segundo. DEFINIÇÃO DO TERMO QUESTÃO SOCIAL NOS DIAS ATUAIS De acordo com Iamamoto (2001, p. 27), a questão social poder ser assim descrita: Questão social apreendida como o conjunto das expressões das desigualdades da sociedade capitalista madura, que tem uma raiz comum: a produção social é cada vez mais coletiva, o trabalho se torna mais amplamente social, enquanto a apropriação dos seus frutos se mantém privada, monopolizada por uma parte da sociedade. • O TERMO QUESTÃO SOCIAL E SERVIÇO SOCIAL Apesar de o termo ter recebido uma conotação crítica a partir dos estudos de Marx, como vimos, no Serviço Social, somente a partir do Movimento de Reconceituação, com o aporte ao marxismo, é que o termo questão social se consolidou, buscando designar os problemas gerados pelo capitalismo. QUESTÃO SOCIAL: UM EVENTO CONCRETO E NÃO UM CONCEITO FILOSÓFICO Para Iamamoto (2001), a questão social está presente no cotidiano das pessoas, por isso não podemos compreendê-la como um conceito filosófico, mas com um evento constante e concreto que influencia a vivência cotidiana dos segmentos vulneráveis. QUESTÃO SOCIAL E SUAS VÁRIAS EXPRESSÕES COTIDIANAS Os assistentes sociais trabalham com a questão social nas suas mais variadas expressões cotidianas, tais como os indivíduos as experimentam, ou seja, ela é real, concreta, implica privações nas questões trabalhistas, nas relações familiares, na diminuição do acesso aos serviços públicos de saúde e na assistência social. QUESTÃO SOCIAL COMO REBELDIA Questão social também é rebeldia, ou seja, é oposição daqueles segmentos que vivenciam as situações de desigualdades sociais e que se opõem a ela. E nós, assistentes sociais, atuamos na mediação dessas tensões, de forma que precisamos compreender as formas de embate que estão presentes na sociedade. • DEFESA DAS FORMAS DE RESISTÊNCIA É necessário para nós, assistentes sociais, conhecermos as várias mutações assumidas pela questão social na realidade contemporânea. De posse desse conhecimento, defender formas de resistência, luta, embate e defesa da vida, são necessários meios que permitam a minimização das desigualdades sociais. OUTRAS FORMAS DE ENTENDER A QUESTÃO SOCIAL É necessário compreender e conhecer outras formas de entender a questão social. • José Paulo Netto; • Marilda Vilela Iamamoto; • Hannah Arendt. QUESTÃO SOCIAL DE HANNAH ARENDT Hannah Arendt (1990) elaborou um conceito muito específico de questão social, compreendendo que o surgimento das revoluções e dos embates entre as classes sociais teria grande relevância em dispor sobre o que pode ser considerado como questão social. • REFLEXÃO SOBRE O TERMO SOCIAL ARENDT (1990) NOS ORIENTA A REFLETIR SOBRE O TERMO SOCIAL: • Social – Pode ser compreendido como tudo aquilo que é comum, que é partilhado entre os pares, ou seja, os interesses individuais convergem para o espaço social, para o espaço público. • O termo social – Não está inicialmente vinculado à noção política, Para a autora, no social, perdemos a autonomia e tudo passa a ser coletivo, partilhado. • REVOLUÇÃO E O TERMO QUESTÃO SOCIAL Arendt (1990) pressupõe que o termo “questão social” surge a partir da Revolução para ela, as primeiras revoluções surgiram visando à reivindicação de poder político e, com o tempo, essas revoluções passaram a incorporar requisições sociais. Assim, os problemas sociais entram na pauta das revoluções e isso daria origem ao termo questão social. • SOLIDARIEDADE SOCIAL Arendt diz que a questão social despertou o interesse dos grupos revolucionários e fez surgir o que ela denomina como solidariedade social, ou seja, os problemas de vários indivíduos passaram a ser problemas sociais, comuns, partilhados. Assim, a expressão das demandas sociais por meio das revoluções é compreendida pela autora como dispositivo que permite a expressão da solidariedade, da fraternidade. • REVOLUÇÃO EFETIVA As revoluções só alcançam a sua finalidade se conseguirem instituir a liberdade, que está relacionada à capacidade de decisão política e de manutenção das próprias necessidades. Uma revolução só cumpre seus objetivos à medida que consegue garantir a manutenção da participação política e também uma sociedade igualitária e mais justa socialmente. • QUESTÃO SOCIAL E A CONOTAÇÃO POLÍTICA Arendt (1990) enfatiza ainda que conforme a questão social é assumida pelas revoluções, ela passa a adquiriruma conotação política, ou seja, passa a expressar demandas políticas dos movimentos de reivindicação e também a requerer intervenção política do Estado para minimizar os efeitos de sua expressão. QUESTÃO SOCIAL NA SOCIEDADE CAPITALISTA MONOPOLISTA Compreender a questão social tem como raiz a fundamentação e o desenvolvimento capitalista. Dessa forma, qualquer ação em prol das mazelas do capitalismo seria incapaz de dar conta da questão social e sua superação só é possível quando temos a superação do capitalismo. DIVERSOS PONTOS TEÓRICOS SOBRE A QUESTÃO SOCIAL O que podemos compreender com essas provocações iniciais aqui empreendidas? Conhecer os diversos e os variados posicionamentos é condição essencial. É importante compreender que há várias interpretações, de diversos pontos teóricos sobre a questão social, para que seja possível colaborar com a consolidação de um perfil crítico, propositivo e que consiga discutir com diversas posições. A NOVA QUESTÃO SOCIAL Essa provocação é clássica, antiga e carece reflexão. Netto (2001) e Iamamoto (2001) entendem que não há nova questão social. Questão social é e sempre será resultado do processo produtivo que é o capitalismo. REFLEXÃO SOBRE A NOVA QUESTÃO SOCIAL Os problemas que nós, assistentes sociais, enfrentamos hoje são os mesmos que os profissionais enfrentavam há cerca de 20 anos? Obviamente que não O que temos, portanto, não é uma nova questão social, mas mutações e aprofundamentos nos problemas sociais. DESENVOLVIMENTO CAPITALISTA NO BRASIL Conforme Iamamoto (2011), entender as atuais configurações postas à questão social, considerando a realidade brasileira, requer a compreensão sobre as bases do desenvolvimento do capitalismo brasileiro. O desenvolvimento capitalista no Brasil sempre foi “periférico”, termo pelo qual designa um “tipo” de capitalismo em que as taxas de extração de lucro sempre são baixas se comparadas com o lucro de empresas europeias, por exemplo. DESENVOLVIMENTO CAPITALISTA À BRASILEIRA Um dos fatores que poderiam explicar esse tipo peculiar e específico de desenvolvimento capitalista à brasileira seria o fato de que, aqui, o capital se consolidou por meio da junção de formas atrasadas e modernas para gerar a acumulação. DESCOMPASSO ENTRE MEIOS DE PRODUÇÃO E MÃO DE OBRA Isso resulta na utilização de dispositivos antiquados para reger o processo produtivo, resultando descompasso entre meios de produção e mão de obra, ampliando o número de desempregos e subempregos, aumentando o número de trabalhadores que afluem ao exército industrial de reserva. Iamamoto (2011), ancorada nessa compreensão, ainda enfatiza que vinculado a esse processo temos outro bastante similar – descompasso entre o desenvolvimento econômico e o desenvolvimento social. COMPARTILHAMENTO DA RIQUEZA PRODUZIDA A riqueza produzida não é socializada com a população brasileira como um todo, alguns grupos e frações sociais, os que detêm os meios de produção, acabam detendo a riqueza social produzida, sim, porque há lucro e há riqueza, ao contingente mais pobre cabe, no entanto, vender a força de trabalho e partilhar apenas a precarização da vida como um todo. DEMOCRACIA RESTRITA Lamamoto (2011) designa o termo “democracia restrita”, uma vez que as decisões políticas são controladas pela burguesia pelo subjulgamento dos aparatos estatais. A democracia brasileira é coordenada de forma a atender as necessidades do grande capital ou, então, de forma a controlar as massas para que não exista o embate ao Estado e aos modos de produção. COOPTAÇÃO DO ESTADO Quanto ao Estado, no momento de consolidação do capital no Brasil, Iamamoto (2011) usa o termo “cooptação”, ou seja, há uma associação do Estado brasileiro às classes burguesas e, por outro lado, podemos inferir que há separação/afastamento do Estado em relação aos interesses das classes pobres. AMPLIAÇÃO DA QUESTÃO SOCIAL A questão social está presente desde a nossa colonização, porém, a partir dos anos 1970, é que temos sua ampliação, uma vez que a classe pobre sequer consegue vender sua força de trabalho e, por conta disso, já consegue atender suas necessidades básicas, suas demandas. Por conta disso, a ampliação das expressões da questão social demandaria maior ação estatal: Os anos precedentes, sobre tudo na Europa, demarcaram o surgimento do Welfare State, o Estado de Bem-Estar Social – buscava intervir junto aos problemas sociais. Os anos 1970 se caracterizam também pela mudança no formato de Estado, que agora deixa de intervir junto aos problema sociais – marcando o avanço da doutrina neoliberal. QUESTÃO SOCIAL E SERVIÇO SOCIAL Precarização generalizada da vida da classe pobre – é com essa questão que nós iremos trabalhar, ela é nossa matéria-prima, nosso objeto de trabalho. Está inserida em nossos processos de trabalho, em nosso cotidiano profissional, não é algo abstrato, mas algo com o qual nos depararemos em nosso processo de trabalho. O PROCESSO DE TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL Lamamoto (2001) destaca que entender a noção trabalhista de processo de trabalho que está presente em Marx significa entender que um processo de trabalho é composto de categorias: • O trabalho; • A matéria-prima; • Os instrumentos de trabalho; • O produto ou o resultado dessa ação. ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NA QUESTÃO SOCIAL Nós assistentes sociais, participantes desse processo de trabalho? E como podemos em nosso cotidiano aplicar a noção marxista de processo de trabalho? O trabalho é o fazer, a práxis cotidiana do assistente social. O PROCESSO DE TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL O trabalho – é a ação social do assistente social a matéria-prima ou objeto – é e sempre será a questão social os instrumentos de trabalho – não podem ser resumidos ao chamado “arsenal de técnicas”, além das técnicas é basal o conhecimento (bases teóricometodológicas). Produto ou resultado dessa ação – um efeito nas condições materiais e sociais. MEIOS E TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL Ainda na definição dos meios de trabalho – a autora chama nossa atenção para o fato de que o assistente social não detém todos os meios de seu trabalho. Nossa Lei de Regulamentação indica que somos uma categoria de profissionais liberais, considerando que o profissional liberal é aquele que detém todos os meios para o seu trabalho, não podemos ser considerados profissionais liberais. O assistente social depende da instituição empregadora e dos recursos que a entidade disponibiliza para que aconteça o seu exercício profissional, por isso ele goza de relativa autonomia em sua prática cotidiana, já que não está totalmente livre do que é posto pela instituição empregadora. ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NA QUESTÃO SOCIAL “[...] o Serviço Social é socialmente necessário porque ele atua sobre questões que dizem respeito à sobrevivência social e material dos setores majoritários da população trabalhadora” (IAMAMOTO, 2011, p. 67). VIABILIZAÇÃO AO ACESSO DE BENEFÍCIOS E SERVIÇOS Ao viabilizar o acesso a benefícios e serviços, a atuação não se restringe à concessão de bens materiais, mas à construção de conceitos, de consensos, ou seja, na concessão de elementos destinados à reprodução material, o assistente social também produz consensos. AS DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS Por que as Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Serviço Social são tão importantes? Porque nelas são traçados os parâmetros mínimos que devem ser observados na organização curricular dos curso de graduação em Serviço Social. AS DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA O CURSO DE SERVIÇO SOCIAL E A QUESTÃO SOCIAL Qual a relação das DCNs com a questão social? Em ambos temos a predominância do aporte à teoria marxista e o privilégio da questão social como referência para a formação do assistentesocial. COMPETÊNCIAS E HABILIDADES NECESSÁRIAS AOS ASSISTENTES SOCIAIS A referência à questão social é mais uma vez ressaltada no referido documento no momento em que são apresentadas as competências e as habilidades necessárias aos assistentes sociais, ou seja, o profissional competente e que consegue desenvolver suas habilidades é aquele que encontra as respostas para o enfrentamento da questão social. O QUE É ESPERADO DO PERFIL DO EGRESSO Afinal que profissional estamos formando? Novamente temos a menção à necessidade de que o profissional graduado seja suficiente em atuar nas múltiplas expressões da questão social. “[...] atua nas expressões da questão social, formulando e implementando propostas de intervenção para seu enfrentamento, com capacidade de promover o exercício pleno da cidadania e a inserção criativa e propositiva dos usuários dos serviços no conjunto das relações sociais e no mercado de trabalho” (CFESS, 2002).
Compartilhar