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Serviço Social e a Questão Social

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Serviço Social e a Questão Social 
UNIDADE I 
APRESENTAÇÃO 
SERVIÇO SOCIAL E QUESTÃO SOCIAL COMPÕEM: 
Núcleo de Fundamentos Teórico-Metodológicos 
da Vida Social. 
TÊM POR OBJETIVO CONTRIBUIR PARA: 
A construção do conhecimento sobre as 
dimensões do ser social nesse cenário territorial 
globalizado. Identificar com maior clareza a questão social 
e as possibilidades de intervenções concretas. 
TÓPICOS ABORDADOS 
1. Momento: Mundialização financeira, acumulação 
capitalista e suas influências na questão social. 
2. Momento: As transformações político-econômicas e 
sociais e a questão social. 
3. Momento: Questão social e políticas sociais na 
perspectiva neoliberal. 
4. Momento: A contextualização do Serviço Social e a 
questão social. 
INQUIETUDE 
Questão social é uma categoria explicativa da 
totalidade social da forma como os homens vivenciam a 
contradição capital X trabalho. 
PERÍODOS HISTÓRICOS DE DESENVOLVIMENTO DO 
CAPITALISMO 
FASES DO CAPITALISMO: 
• Capitalismo comercial ou mercantil (pré-capitalismo 
do século XV ao XVIII) – o controle estatal da 
economia se tornou a base do mercantilismo, o qual 
esteve baseado nas trocas comerciais com a 
finalidade de enriquecimento. 
• Capitalismo industrial ou industrialismo (do século XVIII 
ao XIX) – com a Revolução Industrial do século XVIII, 
o surgimento da máquina movida a vapor e a 
expansão das indústrias, o capitalismo atinge uma 
nova fase, chamada de capitalismo industrial ou 
industrialismo. 
• Capitalismo financeiro ou monopolista (a partir do 
século XX) – já a terceira fase do capitalismo surge 
no século XX, mais precisamente após a Segunda 
Guerra Mundial (1939-1945), com a expansão da 
globalização e o advento da Segunda Revolução 
Industrial. 
• Além das indústrias que dominaram o cenário do 
capitalismo industrial, nesse momento, o sistema está 
fundamentado nas leis dos bancos, das empresas 
multinacionais e das grandes corporações por meio 
do monopólio financeiro. 
MOVIMENTO DE ACUMULAÇÃO CAPITALISTA 
Na trama desse movimento de acumulação 
capitalista, ocorrem transformações no processo 
produtivo, o que conduz os trabalhadores e a sociedade 
a um aprofundamento do individualismo e do 
estranhamento das relações originadas no mundo do 
trabalho. Relações mais reificadas (coisificadas) e 
fetichizadas. 
FLEXIBILIZAÇÃO E DESREGULAMENTAÇÃO DAS 
RELAÇÕES DE TRABALHO 
Com a flexibilização e a desregulamentação das 
relações de trabalho, as pessoas permanecem pouco 
tempo na empresa e têm trabalhos especializados, 
embora considerados generalistas. Nesses casos não raro 
o próprio trabalhador investe em sua formação 
provocando no sistema produtivo, uma competição que 
induz os trabalhadores a se eliminarem. 
• ALIENAÇÃO 
Essas atividades, simplificadas também por 
maquinário cada vez mais autônomo e interativo, inovado 
pelo avanço tecnológico dos computadores, são 
realizadas por funcionários que trabalham para sobreviver 
e que, apesar da ideologia capitalista, não encontram 
sentido no trabalho nem se percebem, coletivamente, 
como trabalhadores em equipe. Assim, quanto menos se 
reconhecem como classe trabalhadora, como gênero 
humano, mais se degradam, perdem sua autonomia e se 
destituem de sua sociabilidade ou de suas razões cidadãs. 
CRISE ESTRUTURAL NO CAPITALISMO 
Desde a década de 1970 – o capitalismo vem 
sofrendo uma crise estrutural. Após os chamados “anos 
dourados” Pós-segunda Guerra Mundial, em que houve 
um grande aumento da produção, com ganhos 
crescentes na economia, vieram também o 
esgotamento do consumo e o crescimento da taxa de 
lucro. 
TENTATIVAS DE RESPOSTAS À CRISE 
As já citadas transformações no mundo do 
trabalho foram tentativas de respostas a essa crise. O 
Estado, a partir de 1970, adquire uma nova função, no 
contexto do neoliberalismo, assumindo a responsabilidade 
de regular as atividades do capital corporativo e, ao 
mesmo tempo, responder aos interesses nacionais, de 
forma que atraia o capital financeiro transnacional e 
contenha a fuga de recursos para regiões mais lucrativas. 
ACUMULAÇÃO FINANCEIRA DO CAPITAL 
Nesse processo de acumulação financeira do 
capital, o capitalismo globaliza a produção, a distribuição, 
a troca, o consumo, as coisas, as pessoas, as ideias, a 
cultura, o Estado, as instituições, descaracterizando suas 
redes territoriais em nome das metas da mundialização 
do capital. 
QUESTÃO SOCIAL 
Nesse contexto, a questão social adquire novos 
significados e características, com dimensões globais, 
expressando-se, por exemplo: Desemprego, 
desregulamentação generalizada do trabalho e desmonte 
das garantias de proteção social. 
• O ESTADO 
O Estado assume funções mínimas, com 
diminuição dos gastos sociais e desconsideração dos 
direitos sociais historicamente conquistados. Alia-se aos 
interesses da mundialização do capital e apoia a 
flexibilização do trabalho e sua precarização, o que, por 
consequência, acentua as desigualdades sociais. 
• DÉCADA DE 1980 
Na década de 1980, os brasileiros, em suas lutas 
sociais, consolidam uma cultura política combativa e 
reivindicadora de direitos sociais e estruturas políticas 
para acriação de mecanismos de seguridade social. 
• DÉCADA DE 1990 
No Brasil na década de 1990, o Estado passa por 
um processo de reconstrução. Pautado pelos 
mecanismos de controle das regras de mercado, 
transfere o processo de regulação social para sociedade 
e a torna corresponsável, em uma pretensa lógica de 
emancipação cidadã, para que ela se organize e crie, por 
si, os processos para enfrentamento da questão social. 
Filantropia, caridade, benevolência, doação, assistência, 
compaixão, esmola... 
AS TRANSFORMAÇÕES POLÍTICO-ECONÔMICAS E 
SOCIAIS E A QUESTÃO SOCIAL 
Os países em desenvolvimento, como o Brasil, 
são prejudicados devido às armadilhas do sistema 
econômico, as questões sociais são materializadas: 
Desigualdades sociais, esemprego, baixos salários, 
dependência de capital internacional e crises econômicas, 
entre outras. 
CONTRIBUIÇÃO DO CAPITALISMO GLOBALIZADO 
O capitalismo globalizado, ou o chamado 
neoliberalismo, deixa como contribuição sério impacto na 
sociedade, apontando desigualdades no campo social, 
restringindo a prática da cidadania. A justiça social 
permanece longe de alcançar importância diante das 
desigualdades sociais e o espírito da cidadania é lembrado 
apenas em época eleitoral. 
CAPITALISMO E QUESTÃO SOCIAL 
A partir dessa realidade capitalista, configura-se a 
questão social, segundo Iamamoto e Carvalho (1983). 
[...] é a expressão do processo de formação da classe 
operária e de sua entrada no cenário político, da 
necessidade de seu conhecimento pelo Estado, e, 
portanto, da implementação de políticas que levem em 
consideração seus interesses. O que deixa de ser 
apenas contraditório entre pobres e ricos para 
constituir-se na contradição antagônica entre burguesia 
e proletariado. (IAMAMOTO E CARVALHO, 1983, p. 77) 
SERVIÇO SOCIAL E QUESTÃO SOCIAL 
O Serviço Social no Brasil se insere, desde 1930, 
como uma especialização da divisão social e técnica do 
trabalho, para atuar no enfrentamento da questão social. 
Originada das contradições e da expressão dos 
antagonismos e das desigualdades da sociedade capitalista 
brasileira, assume, historicamente, como uma questão 
política, o combate às condições de vida indignas e 
desumanas da maioria da população, procurando afastar-
se de posições conservadoras e tradicionais. Os 
profissionais de Serviço Social passaram a trabalhar com 
a questão social nas suas mais variadas expressões 
cotidianas, em diversas áreas de atuação. É necessário 
desenvolver estratégias para o fortalecimento dos 
indivíduos sociais e coletivos, especialmente com vistas à 
democracia e ao exercício da cidadania. Saber 
reconhecer fatores de opressão, desigualdades sociais, 
políticas e excludentes é essencial.• EXPECTATIVA DE ATUAÇÃO 
A SOCIEDADE ESPERA E EXIGE DO PROFISSIONAL DE SERVIÇO 
SOCIAL: 
Que ultrapasse as ações interventivas e seja 
capaz de conhecer, investigar, antecipar, propor e 
executar alternativas para o enfrentamento da questão 
social que tenha capacidade de atuar no fomento à 
coletividade e em defesa da maioria das populações sob 
opressões diversas, discriminadas. 
DEFESA DOS DIREITOS SOCIAIS 
A defesa dos direitos sociais, para o Serviço 
Social contemporâneo, articula-se com a criação de 
políticas públicas descentralizadas, desburocratizadas, 
transparentes, democratizadas e universalizadas com 
qualidade e controle da sociedade, para fins públicos, 
como dever e responsabilidade do Estado. 
CÓDIGO DE ÉTICA DE SERVIÇO SOCIAL 
O Código de Ética Profissional do Assistente 
Social de 1993 (CFESS, 1993) é resultado dessas reflexões 
da categoria, ao longo das últimas décadas, em um 
processo de ruptura com o conservadorismo e as bases 
tradicionais da profissão. Tem por objetivo conduzir a 
profusão pelos caminhos da justiça social, da equidade e 
da democracia; posicionando-se contra todas as formas 
de exclusão, exploração, dominação e alienação. 
• COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS 
É exigido que o assistente social desenvolva 
saberes teóricos e técnicos para exercer múltipla 
atividades. É importante também aprimorar esses 
saberes para contribuir com propostas capazes de 
preservar e efetivar direitos, transformando o mundo 
cotidiano (SERRA, 2000). 
POLÍTICAS SOCIAIS 
Explicadas pelo Estado e pelas classes dominantes – 
desvinculando-as da estrutura produtiva e vinculando-as 
a situações conjunturais e individuais específicas. 
ANÁLISE DA POLÍTICA SOCIAL 
Determinadas conjunturas históricas colocam a 
política social como um direito que responde a 
necessidades objetivas, concretas, reais. Em outras, ela é 
chamada a responder a necessidades subjetivas, parece, 
desvincular-se do real, tornando-se a-histórica. Nessa 
condição, a política social propõe soluções que buscam 
clamar os homens para voltarem às suas supostas 
origens naturais de solidariedade e fraternidade. 
• CRITÉRIOS DE ACESSO 
Os critérios de acesso da política social, no Brasil, 
quando se trata de programas sociais governamentais 
que atingem a parcela da população que se encontra no 
limite da sobrevivência, impõem condições para as 
pessoas atendidas, além de exigirem comprovações da 
situação de miserabilidade. 
QUESTÃO SOCIAL E POLÍTICAS SOCIAIS NA 
PERSPECTIVA NEOLIBERAL 
Na perspectiva neoliberal – pensar em um novo 
desenho para as políticas sociais, visando a alcançar a 
garantia de maior alcance das ações e, 
consequentemente, resultado mais efetivo. A assistência 
assume uma função estratégica, contribuindo para um 
sistema mais amplo de proteção social, resgatando a 
perspectiva da seguridade social. 
POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL 
A Política de Assistência Social no Brasil ganha 
destaque com a Constituição Federal de 1988 e passa a 
ser considerada política pública, compondo o tripé de 
seguridade social, responsabilidade do Estado e direito do 
cidadão, com caráter democrático e previsão de gestão 
descentralizada e participativa.. 
ASSISTÊNCIA SOCIAL 
 
 
 
 
 SAÚDE PREVIDÊNCIA 
 A Política de Assistência Social no Brasil, como 
política pública, foi assegurada na Constituição Federal de 
1988, em seus artigos 203 e 204 e com a 
regulamentação por meio da LOAS (Lei nº 8.742, de 07 
de dezembro de 1993). Sua gestão se efetiva por meio 
de um sistema descentralizado e participativo, cabendo 
aos municípios uma parcela significativa de 
responsabilidade na sua formulação e execução. 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 
 A participação popular, na forma de controle 
social, também figura de forma contundente nessa 
Constituição, com propostas para a criação de conselhos 
vinculados praticamente em todo o conjunto de políticas 
sociais no país, como uma nova forma de expressão de 
interesses e de representação de demandas e atores 
junto ao Estado. 
PARTICIPAÇÃO DA SOCIEDADE 
Historicamente, a participação da sociedade na 
execução das políticas sociais consolida-se no campo da 
atuação privada, dominada pelas entidades de cunho 
filantrópico. Esse caráter de subordinação às forças 
sociais dominantes e capitalistas sofreu uma grande 
alteração a partir dos anos 1980, na conjuntura da luta 
pela democratização do país, formando um novo elenco 
de atores sociais voltados à promoção da sociedade 
como protagonista de sua própria transformação. 
• AUTOFINANCIAMENTO 
No Estado liberal, existe uma forte tendência a 
fazer as pessoas e as comunidades autofinanciarem o 
próprio desenvolvimento e a superação das 
desigualdades sociais, em uma lógica de 
corresponsabilização e transferência de responsabilidades 
para área privada. 
PARTICIPAÇÃO DA POPULAÇÃO – CONTROLE SOCIAL 
Na participação da população, como forma de 
controle social (CF, 1988) – são criadas propostas para a 
instituição de conselhos vinculados praticamente em todo 
o conjunto de políticas sociais do país, representando 
uma nova forma de expressão de interesses e de 
representação de demandas e atores junto ao Estado. 
PARTICIPAÇÃO SOCIAL 
A partir da Constituição de 1988, a participação 
social passa a ser valorizada não apenas quanto ao 
controle sobre as iniciativas do Estado no que se refere 
às políticas públicas e sociais, mas também quanto ao 
processo de tomada de decisão e à implementação, em 
caráter complementar à ação estatal. 
• CIDADANIA 
A reconstrução da cidadania pressupõe afirmar 
a igualdade de todos os cidadãos no que se refere à 
participação política diante da própria legitimidade do 
Estado e dos ideais universalistas da ação pública com 
esfera de proteção do cidadão, seja no âmbito dos 
direitos civis, seja no dos direitos sociais. 
• PARTICIPAÇÃO 
No momento em que a sociedade civil entender 
que é fundamental sua participação em conselhos, 
congressos, fóruns, conferências, seminários, entre 
outros, exercendo os direitos constitucionais de cidadania, 
será possível concretizar processos para a construção 
de esferas sociais mais democráticas, cidadãs e com 
chances de combate às desigualdades. 
ESTADO DE BEM-ESTAR SOCIAL NO BRASIL 
O Estado brasileiro não estrutura o bem-estar 
social, que, apesar de colocado no centro dos discursos 
políticos, não chega às esferas sociais mais marcadas por 
desigualdades. 
CONTEXTUALIZANDO O SERVIÇO SOCIAL E A 
QUESTÃO SOCIAL 
Na conjuntura em que a sociedade se encontra, 
o Serviço Social tem como objeto de intervenção a 
questão social, sendo necessário um processo de 
construção e de atuação profissional, com sólidos 
conhecimentos sobre a realidade na qual intervém. Nesse 
processo de agravamento social, surgiu o Serviço Social, 
em decorrência da expansão capitalista e como uma 
divisão social e técnica do trabalho. No caso brasileiro, o 
país vinha de uma conjuntura econômica voltada para o 
sistema agrário. O processo de industrialização emergiu 
na década de 1930, com a política de Getúlio Vargas e foi 
nesse cenário que surgiu o Serviço Social. 
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 
A Revolução Industrial provocou profundas 
transformações nas relações do mundo do trabalho. O 
processo de industrialização, ao se expandir, intensificou 
com igual proporção os mecanismo de produção das 
desigualdades sociais. Os níveis de desigualdades sociais 
passaram a caracterizar a questão social. 
ORIGEM DO SERVIÇO SOCIAL 
No Brasil, a área de Serviço Social se origina da 
articulação entre a Igreja, a sociedade e o Estado, em 
busca do enfrentamento da questão social, que era vista 
como uma “questão moral”, religiosa. No entenderdas 
classes dominantes, era necessário ajustar o trabalhador 
e sua família aos processos de industrialização e 
urbanização. 
AVANÇO DO SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL 
O Serviço Social avançou como profissão, com 
uma expansão significativa a partir da criação das grandes 
instituições de assistência social, que foram 
implementadas pelas forças dominantes dos capitalistas, 
da Igreja e do Estado, em resposta ao aprofundamento 
da questão social. 
OBJETO DO SERVIÇO SOCIAL 
Consta que tem sido historicamente um dilema 
chegar a essa definição. Tal objeto se concretiza e se 
transforma à medida que a profissão se desenvolve em 
um dado contexto histórico social e segundo as 
demandas sociais que lhe apresentam, ética e 
politicamente. Em 1937, esse objeto foi definido como 
sendo o homem (especificamente) em seguida, passou 
a ser a situação-problema por ele vivenciada depois, foi 
redefinido como a transformação social e mais adiante, o 
objeto passou a corresponder à questão social ou as 
expressões dela. 
MOVIMENTO DE RECONCEITUAÇÃO 
O Serviço Social, a partir da década de 1960, foi 
influenciado pelo movimento de reconceituação na 
América Latina e também buscou maior embasamento 
técnico e científico para a profissão. O movimento de 
reconceituação e as mudanças que ocorrem no mundo 
conduzem a profissão a se abrir para novos horizontes 
e modos de conceber a questão social e atuar sobre ela. 
UNIDADE II 
A QUESTÃO SOCIAL CONTEMPORÂNEA E OS 
DESAFIOS PARA O SERVIÇO SOCIAL 
IDENTIDADE DO SERVIÇO SOCIAL: 
Para Martinelli (2007) a formação da identidade 
iniciou-se por meio do movimento dos profissionais de 
Serviço Social, para expressar as praticas sociais 
repressoras e controladoras que visavam a garantir a 
consolidação do sistema capitalista. O Serviço Social, 
transforma-se continuamente, porque sua existência é 
atrelada ao processo de transformação da sociedade. 
A INTERVENÇÃO DO(A) ASSISTENTE SOCIAL 
A intervenção do(a) assistente social, no 
contexto do sistema de acumulação financeirizada do 
capital, exige que o profissional mantenha, como 
instrumentalidade importante para sua atuação, o 
conhecimento e a pesquisa, a fim de proceder a análises 
contextuais críticas, éticas e propositivas, além de ser 
capaz de realizar ações de efeito para o enfrentamento 
da Questão Social em suas múltiplas expressões. 
NOVAS CONFIGURAÇÕES DE ESPAÇO 
PROFISSIONAL 
As novas configurações de espaço profissional 
exigem do(a) assistente social um direcionamento ético-
político, com competências para a construção de 
espaços que assegurem direitos, democracia participativa 
e fortalecimento do potencial para as lutas sociais 
reivindicativas e direcionadas para as conquistas de uma 
sociedade mais justa e democrática. 
ESTUDO DA QUESTÃO SOCIAL 
Estudar a Questão Social é ressaltar as 
diferenças, entre trabalhadores e capitalistas, no acesso a 
direitos e nas condições de vida, destacar os processos 
de estruturação das desigualdades sociais e pesquisar 
mecanismos para a superação das manifestações dessas 
desigualdades, partindo do entendimento de como são 
produzidas, na sociedade e na subjetividade dos homens. 
CARACTERIZAÇÃO DAS EXPRESSÕES DA QUESTÃO 
SOCIAL 
Algumas das expressões da Questão Social na 
cena contemporânea são caracterizadas, dentro outras, 
por: 
 
VIOLÊNCIA ESTRUTURAL 
A violência estrutural existe no cerne da 
sociedade capitalista e, não somente mantém relação 
com a Questão Social e suas expressões, mas também 
é responsável pela sua existência. O agravamento da 
Questão Social e o adensamento da violência estrutural 
são legitimados na sociedade e, muitas vezes, tornam-se 
naturalizados e camuflados, para que sejam aceitos pela 
população. 
VIOLÊNCIA ESTRUTURAL E O ESTADO 
Ao falarmos de violência, remetemo-nos ao 
Estado, uma vez que este tem o papel de criar respostas 
de enfrentamento das situações de violência, visando à 
qualidade de vida da população. 
• O Estado – Tem o monopólio dos instrumentos de 
violência legítima, como forma de manter ou 
restaurar a ordem e a paz da sociedade. 
 
 
CIDADANIA E A OPRESSÃO DO ESTADO 
CIDADANIA EM NOVA DIMENSÕES - IMAGINAMOS QUE OS 
CIDADÃOS SEJAM: 
Sujeitos ativos identificados com seu grupo social 
cientes dos valores democráticos, capazes de aprender 
com a convivência e a organização social, resistindo às 
formas de opressão e combatendo as conformações 
conservadoras dos lugares numa dada classe social. 
QUESTÃO DE PARTICIPAÇÃO 
Participação significa acolhimento dos ideais 
plurais da sociedade, com profundas melhorias nas 
formas democráticas, a fim de promover debates e 
gerar decisões baseadas em consensos. Esse modelo 
prevê que as representações sejam pautadas por uma 
expressão de poderes legitimados, como fruto da 
autonomia dos grupos sociais e de suas formas de 
organização política e social. 
MUNDIALIZAÇÃO DO CAPITAL E A 
RECONFIGURAÇÃO DOS ESPAÇOS URBANOS 
O processo de mundialização do capital altera de 
forma substancial as relações trabalhistas e econômicas, 
até mesmo o modo como a sociedade se organiza, 
política, cultural e socialmente. Os territórios ocupados 
pelas populações também são reconfigurados, de tal 
forma que as cidades e os espaços urbanos passam a 
expressar o agravamento da Questão Social. 
MODELO DE GESTÃO PÚBLICA NO BRASIL 
No Brasil, o modelo de gestão pública foi baseado 
numa forma de tomada de decisões centralizada, 
competindo as execuções ao âmbito federal até a 
década de 1970. Com a mobilização popular na luta por 
democracia e atendimento dos direitos sociais, ocorreu a 
transição para um contexto de gestão democrática que 
valorizava a participação e o controle populares em todas 
as esferas de poder. 
PARTICIPAÇÃO DOS CIDADÃOS 
A participação dos cidadãos passa a ser uma 
referência na qualidade da gestão pública e ganha 
visibilidade social, com o reconhecimento de sua 
capacidade para romper e enfrentar as tensões geradas 
pelas forças da desigualdade. 
CONCENTRAÇÃO URBANA 
A concentração nos centros urbanos e suas 
transformações mais recentes vem gerando espaços 
cada vez mais próximos uns dos outros, nos quais as 
pessoas se organizam nos mais diferentes grupos sociais. 
ISOLAMENTO SOCIAL URBANO 
• Isolamento Social Urbano – É justificada pelo medo 
de crimes violentos. 
• Essa apartação social – Transforma radicalmente os 
meios de comunicação entre as classes, o acesso à 
informação por parte daquelas com menor poder 
aquisitivo e as regras de convivência e de interação 
social 
ENFRENTAMENTO DA QUESTÃO SOCIAL 
O enfrentamento da Questão Social possibilita 
observar que suas expressões são objeto de resistências 
por parte dos segmentos mais desiguais nas sociedades 
do capital. Os trabalhadores, em suas lutas históricas, 
reivindicam direitos econômicos, sociais, políticos e 
culturais, evidenciando que as expressões da Questão 
Social privam tais indivíduos desse contexto de 
desenvolvimento. 
PERSPECTIVA NEOLIBERAL E A TRANSFERÊNCIA 
DE RESPONSABILIDADES 
Na perspectiva neoliberal, essa participação da 
sociedade tem sido marcada por um espaço político de 
transferência de responsabilidades. 
 
 
 
 
 
 
ESTADO E TERCEIRO SETOR 
A proposta da terceira via e as ações do terceiro 
setor apresentam uma contradição no seu projeto 
político. Temos movimentos de criação de demandas 
excluídas, carentes de políticas sociais, e a promoção da 
desresponsabilização do Estado, que, além de 
responsabilizar essa mesma sociedade civil carente, 
precariza os serviços oferecidos a ela. 
• TERCEIRO SETOR 
Terceiro setor pode parecer um espaço de 
participação social, mas na verdade ocorre uma 
fragilização e um processo intenso de desmobilização 
das forças organizadas e reivindicativas da sociedade, no 
qual o Estado terceiriza seus compromissos, 
promovendo a fragmentação das políticas sociais e, porconseguinte, das lutas dos movimentos sociais. 
ONGs E OS MOVIMENTO SOCIAIS 
Essas ONGs mudaram de lugar nos anos 1990: 
passaram a ocupar paulatinamente o lugar dos 
movimentos sociais, sem que a população desenvolvesse 
uma crítica e soubesse contrapor-se à estruturação 
crescente desses serviços. Assim, vai se deslocando o 
foco de suas lutas e da coesão popular em torno de 
reinvindicações por direitos sociais. 
ASSISTENTE SOCIAL NOS ESPAÇOS DE GESTÃO E 
SEUS DILEMAS 
Os(as) assistentes sociais, ao se inserirem nos 
espaços de gestão, execução e monitoramento – 
enfrentam outros dilemas, com a concepção de direitos 
quem vêm ao encontro do compromisso ético-político 
profissional, fundamentado nos princípios de justiça social, 
equidade, democracia e cidadania. 
DESAFIO DO SERVIÇO SOCIAL 
A questão social e suas expressões refletem a 
prioridade do capital sobre o trabalho e sobre a qualidade 
da vida social. Torna-se um desafio para o Serviço Social. 
Desenvolver conhecimentos capazes de deslindar as 
complexidades desses processos históricos sem 
submeter-se igualmente aos mesmos processos de 
crítica e de transformação. 
ATUAÇÃO DO(A) ASSISTENTE SOCIAL 
Para o desenvolvimento de suas atividades, os(as) 
assistentes sociais utilizam-se de meios teóricos - sociais 
e urbanos – legais e institucionais, tomando parte no 
planejamento das políticas públicas sociais, na elaboração 
de diagnósticos, pesquisas e projetos de intervenção etc. 
É relevante que o(a) assistente social, ao atuar 
profissionalmente, não apenas incentive a sociedade civil 
a tomar parte nos conselhos e contribua para tal, mas 
também participe dessas reuniões. 
SERVIÇO SOCIAL E DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS DE 
PESQUISA 
A busca de conhecimento para aprofundar os 
saberes profissionais e superar as fragilidades de 
formação das origens conservadoras conduz a categoria 
a embrenhar-se nas áreas das Ciências Sociais e a 
empreender pesquisas. 
FORMAÇÃO PROFISSIONAL 
Um olhar mais detido sobre os rumos 
contemporâneos para o Serviço Social indica exigências 
para que a formação contemple: Os movimentos 
investigativos da pesquisa, criando oportunidades a fim de 
que os(as) futuros(as) assistentes sociais desenvolvam 
competências em suas intervenções, para melhores 
análises da realidade e proposições mais combativas da 
questão social. 
PESQUISA CIENTÍFICA 
O caráter investigativo da pesquisa científica 
sofre influências do movimento da pós-modernidade, 
estimulando a percepção dos sujeitos de pesquisa, da 
subjetividade e das formas possíveis de mensurar os 
processos qualitativos da vida social. A realidade social e a 
questão social constituem eixo desafiador para a 
sociedade pós-moderna. 
• A DÉCADA DE 1960 
A década de 1960 é mundialmente conhecida por 
impulsionar a crítica social e política, é responsável pelo 
desenvolvimento tecnológico e pelas mudanças 
socioculturais que atingem a família, os valores e os 
costumes tradicionais em geral, desencadeadoras de lutas 
por direitos civis e políticos, como as dos movimentos de 
mulheres e negros (MINAYO, 1994, p. 209). 
PESQUISA SOCIAL E QUESTÃO SOCIAL 
A pesquisa social volta-se para a sociedade e 
seus interesses, traduzidos em produtos históricos de 
determinadas circunstâncias sociais, procurando viabilizar 
respostas mediadoras e resolutivas quanto à questão 
social, bem como iniciativas vanguardistas para o 
desenvolvimento humano e social. 
PESQUISA SOCIAL E O PROFISSIONAL DE SERVIÇO 
SOCIAL 
Com o objetivo de desenvolver pesquisa, a 
categoria necessita conhecer as dimensões sociais, 
econômicas e políticas que afetam direta e indiretamente 
os sujeitos pesquisados. Precisa saber como se dá o 
processo de participação das comunidades e o exercício 
cidadão, na criação das políticas públicas e no controle da 
gestão e da execução dos serviços essenciais, para 
eliminar as desigualdades sociais e criar mecanismos de 
desenvolvimento das capacidades. É fundamental 
conhecer a realidade social em que será realizada a 
atuação, sua historicidade, seus mecanismos de opressão 
e autonomia e as formas de organização social, levando 
em conta referências locais e também as dimensões da 
globalização e da financeirização do capital, que 
certamente afetam as estruturas de distribuição de renda 
e o agravamento da Questão Social. 
PARÂMETROS ÉTICO-POLÍTICOS 
A prática cotidiana: O envolvimento dos 
profissionais com outros processos que não a mera ação 
burocrática, imediatista e rotineira. A superação de suas 
origens conservadoras moveu os(as) assistentes sociais 
para a pesquisa e os cursos de formação especializada, 
pós-graduação, mestrado e doutorado, o que foi 
relevante para a qualificação dos futuros profissionais e a 
busca por maior competência. 
PRESSUPOSTOS NORTEADORES 
CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL (1993), PRINCÍPIOS 
FUNDAMENTAIS: 
• Liberdade, valor ético central, as demandas políticas 
a ela inerentes; 
• Autonomia, emancipação e plena expansão dos 
indivíduos sociais; 
• A defesa intransigente dos direitos humanos e a 
recusa do arbítrio e do autoritarismo; 
• Adefesa e o aprofundamento da democracia; 
• O posicionamento em favor da equidade e da 
justiça social. 
COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS 
Para o Serviço Social, na atualidade, o fomento à 
participação popular nas instâncias que podem gerar 
recursos, serviços e políticas públicas capazes de mudar 
os processos de desigualdade é crucial nos debates para 
compor competências profissionais e definir parâmetros 
para a formação. É necessário conhecer o ser social e 
saber como analisá-lo, em suas condições, econômicas e 
culturais. 
INSTRUMENTALIZAÇÃO PROFISSIONAL 
A efetividade profissional não está apenas 
relacionada ao êxito da intervenção em políticas e 
programas sociais, mas também depende: Da 
instrumentalização do(a) assistente social para o 
compromisso com a proteção e a vigilância dos direitos 
de cidadania, valorizando as dimensões intelectuais e 
investigativas de seu processo de trabalho. 
INTENÇÃO DE RUPTURA 
A perspectiva de intenção de ruptura, de 
inspiração marxista, na sua primeira fase, materializada no 
chamado Método Belo Horizonte, ocorre na década de 
1970, no interior da academia: crítica rigorosa à 
intervenção profissional teórico-prática tradicional, buscou 
romper com antigas práticas conservadoras. 
APROXIMAÇÃO COM A TRADIÇÃO MARXISTA 
Essa primeira aproximação com a tradição 
marxista: foi realizada de forma enviesada, a partir de 
vulgarizações e interpretações equivocadas do 
pensamento de Marx. Somente a partir dos anos 1980 
identificamos a primeira incorporação bem-sucedida. 
PERSPECTIVA CRÍTICA 
PERSPECTIVA CRÍTICA DAS CONSTRUÇÕES E INTERVENÇÕES 
PROFISSIONAIS, TAIS COMO: 
• A relação entre teoria e prática no seio do Serviço 
Social; 
• A concepção de prática social e prática profissional; 
• A discussão sobre concepção de teoria e 
metodologia; 
• A existência de teoria ou teorias do Serviço Social; 
• Questões relacionadas à particularidade da área.. 
SERVIÇO SOCIAL DÉCADA DE 1980 
O Serviço Social emerge no contexto do final 
dos anos 1980 e início da década de 1990, com uma nova 
proposta que já vinha sendo amadurecida com o 
movimento de Reconceituação, sobretudo na década de 
1980, com acúmulo substancial de conquistas nos campos 
da produção acadêmica, da prática e das organizações 
profissionais. Todo esse processo resultou na construção 
de uma nova proposta, expressa pelo projeto ético-
político. 
COTIDIANO PROFISSIONAL 
É no cotidiano que o assistente social exerce sua 
instrumentalidade, no espaço ocupacional em que 
imperam as demandas de curto prazo e 
consequentemente, tanto produz respostas aos 
aspectos imediatos, referentes à singularidade do eu, à 
repetição e à padronização, quanto tem a possibilidade 
de ultrapassar essa esfera aparente para aprofundar-se 
nas forças que intensificama questão social. 
COMPROMISSO PROFISSIONAL 
Os profissionais de Serviço Social, em sua 
formação e consolidação profissional, devem: Valorizar o 
compromisso com uma capacitação contínua, visto que 
a sociedade está em constante transformação e que, em 
sua instrumentalidade, compete ao assistente social 
trazer à luz a importância do conhecimento, tanto para 
si, como parte da categoria, quanto operativamente, em 
suas intervenções e inserções no cotidiano social. 
• CÓDIGO DE ÉTICA 
A categoria firmou patamares que lhe permite, 
atualmente, uma prática competente e articulada com os 
interesses populares, a fim de viabilizar e ampliar os 
direitos sociais para a conquista e a consolidação da 
cidadania e da democracia, por meio dos valores 
fundamentados no Código de ética do serviço social de 
1993. 
ENFRENTAMENTO PROFISSIONAL DA QUESTÃO 
SOCIAL 
O(a) assistente social precisa usar seus 
conhecimentos para, associado a outras áreas e 
profissões correlatas, desenvolver tecnologias a fim de 
priorizar a avaliação das políticas sociais, dentro e fora 
dos âmbitos do Estado, objetivando apreender seu 
impacto social e político, em especial o da nova Política 
Nacional de Assistência Social/Suas. 
UNIDADE III 
OBJETIVOS 
Recapitular os assuntos acerca da questão social 
abordado nas aulas anteriores, complementar os 
conhecimentos até aqui passados ampliar seus horizontes 
a respeito da questão social pontuar as principais 
questões a respeito desse assunto. 
O TERMO QUESTÃO SOCIAL 
De acordo com Netto (2001), o termo questão 
social surgiu na terceira década do século XIX, na Europa 
Ocidental, utilizado inicialmente para designar o 
pauperismo que se tornava latente durante a 
organização do capitalismo industrial. O termo “questão 
social” existiu para não nomear os problemas sociais 
como produtos inerentes da sociedade capitalista. No 
século XIX, o termo “questão social” era usado para 
nomear a pobreza, que era considerada natural, algo que 
dependia da vontade do ser humano, deflagrando, assim, 
a característica fortemente liberal e positivista. 
CUIDADO COM AS EXPRESSÕES DA QUESTÃO SOCIAL 
Para sanar as expressões da questão social, 
segundo Netto (2001), o discurso conservador defende 
que são necessárias intervenções pontuais junto às 
expressões. Não há um aprofundamento da discussão 
dos fatores que deram origem à questão social. 
QUESTÃO SOCIAL E MARX 
Quando foi que a questão social passou a 
receber novas interpretações, novos entendimentos, 
mais críticos e relacionando-a à estrutura econômica? O 
entendimento diferenciado do conceito teria surgido, 
conforme Netto (2001), após Marx publicar o primeiro 
volume de O Capital, em 1867. Na obra, Marx indica que 
a questão social não é um fenômeno natural comum, 
mas um evento que acontece tipicamente na sociedade 
capitalista. 
QUESTÃO SOCIAL E CAPITALISMO 
Para Marx, a questão social é inerente ao 
capitalismo. Então, ela pode ser suprimida? De acordo 
com a perspectiva de Marx, não há como a questão 
social ser suprimida se os meios de produção forem 
capitalistas. 
QUESTÃO SOCIAL E CAPITALISMO 
O sistema capitalista produz, compulsoriamente, 
questão social; diferentes estágios capitalistas produzem 
diferentes manifestações da “questão social”. A “questão 
social” está intrínseca no desenvolvimento do capitalismo, 
não há como suprimir a primeira conversando com o 
segundo. 
DEFINIÇÃO DO TERMO QUESTÃO SOCIAL NOS DIAS 
ATUAIS 
De acordo com Iamamoto (2001, p. 27), a 
questão social poder ser assim descrita: Questão social 
apreendida como o conjunto das expressões das 
desigualdades da sociedade capitalista madura, que tem 
uma raiz comum: a produção social é cada vez mais 
coletiva, o trabalho se torna mais amplamente social, 
enquanto a apropriação dos seus frutos se mantém 
privada, monopolizada por uma parte da sociedade. 
• O TERMO QUESTÃO SOCIAL E SERVIÇO SOCIAL 
Apesar de o termo ter recebido uma conotação 
crítica a partir dos estudos de Marx, como vimos, no 
Serviço Social, somente a partir do Movimento de 
Reconceituação, com o aporte ao marxismo, é que o 
termo questão social se consolidou, buscando designar 
os problemas gerados pelo capitalismo. 
QUESTÃO SOCIAL: UM EVENTO CONCRETO E NÃO UM 
CONCEITO FILOSÓFICO 
Para Iamamoto (2001), a questão social está 
presente no cotidiano das pessoas, por isso não 
podemos compreendê-la como um conceito filosófico, 
mas com um evento constante e concreto que influencia 
a vivência cotidiana dos segmentos vulneráveis. 
QUESTÃO SOCIAL E SUAS VÁRIAS EXPRESSÕES 
COTIDIANAS 
Os assistentes sociais trabalham com a questão 
social nas suas mais variadas expressões cotidianas, tais 
como os indivíduos as experimentam, ou seja, ela é real, 
concreta, implica privações nas questões trabalhistas, nas 
relações familiares, na diminuição do acesso aos serviços 
públicos de saúde e na assistência social. 
QUESTÃO SOCIAL COMO REBELDIA 
Questão social também é rebeldia, ou seja, é 
oposição daqueles segmentos que vivenciam as 
situações de desigualdades sociais e que se opõem a ela. 
E nós, assistentes sociais, atuamos na mediação dessas 
tensões, de forma que precisamos compreender as 
formas de embate que estão presentes na sociedade. 
• DEFESA DAS FORMAS DE RESISTÊNCIA 
 É necessário para nós, assistentes sociais, 
conhecermos as várias mutações assumidas pela 
questão social na realidade contemporânea. De posse 
desse conhecimento, defender formas de resistência, 
luta, embate e defesa da vida, são necessários meios que 
permitam a minimização das desigualdades sociais. 
OUTRAS FORMAS DE ENTENDER A QUESTÃO SOCIAL 
É necessário compreender e conhecer outras 
formas de entender a questão social. 
• José Paulo Netto; 
• Marilda Vilela Iamamoto; 
• Hannah Arendt. 
 
QUESTÃO SOCIAL DE HANNAH ARENDT 
Hannah Arendt (1990) elaborou um conceito 
muito específico de questão social, compreendendo que 
o surgimento das revoluções e dos embates entre as 
classes sociais teria grande relevância em dispor sobre o 
que pode ser considerado como questão social. 
• REFLEXÃO SOBRE O TERMO SOCIAL 
ARENDT (1990) NOS ORIENTA A REFLETIR SOBRE O TERMO 
SOCIAL: 
• Social – Pode ser compreendido como tudo aquilo 
que é comum, que é partilhado entre os pares, ou 
seja, os interesses individuais convergem para o 
espaço social, para o espaço público. 
• O termo social – Não está inicialmente vinculado à 
noção política, Para a autora, no social, perdemos a 
autonomia e tudo passa a ser coletivo, partilhado. 
 
• REVOLUÇÃO E O TERMO QUESTÃO SOCIAL 
 Arendt (1990) pressupõe que o termo “questão 
social” surge a partir da Revolução para ela, as primeiras 
revoluções surgiram visando à reivindicação de poder 
político e, com o tempo, essas revoluções passaram a 
incorporar requisições sociais. Assim, os problemas sociais 
entram na pauta das revoluções e isso daria origem ao 
termo questão social. 
• SOLIDARIEDADE SOCIAL 
Arendt diz que a questão social despertou o 
interesse dos grupos revolucionários e fez surgir o que 
ela denomina como solidariedade social, ou seja, os 
problemas de vários indivíduos passaram a ser problemas 
sociais, comuns, partilhados. Assim, a expressão das 
demandas sociais por meio das revoluções é 
compreendida pela autora como dispositivo que permite 
a expressão da solidariedade, da fraternidade. 
• REVOLUÇÃO EFETIVA 
As revoluções só alcançam a sua finalidade se 
conseguirem instituir a liberdade, que está relacionada à 
capacidade de decisão política e de manutenção das 
próprias necessidades. Uma revolução só cumpre seus 
objetivos à medida que consegue garantir a manutenção 
da participação política e também uma sociedade 
igualitária e mais justa socialmente. 
• QUESTÃO SOCIAL E A CONOTAÇÃO POLÍTICA 
Arendt (1990) enfatiza ainda que conforme a 
questão social é assumida pelas revoluções, ela passa a 
adquiriruma conotação política, ou seja, passa a 
expressar demandas políticas dos movimentos de 
reivindicação e também a requerer intervenção política 
do Estado para minimizar os efeitos de sua expressão. 
QUESTÃO SOCIAL NA SOCIEDADE CAPITALISTA 
MONOPOLISTA 
Compreender a questão social tem como raiz a 
fundamentação e o desenvolvimento capitalista. Dessa 
forma, qualquer ação em prol das mazelas do capitalismo 
seria incapaz de dar conta da questão social e sua 
superação só é possível quando temos a superação do 
capitalismo. 
DIVERSOS PONTOS TEÓRICOS SOBRE A QUESTÃO 
SOCIAL 
O que podemos compreender com essas 
provocações iniciais aqui empreendidas? Conhecer os 
diversos e os variados posicionamentos é condição 
essencial. É importante compreender que há várias 
interpretações, de diversos pontos teóricos sobre a 
questão social, para que seja possível colaborar com a 
consolidação de um perfil crítico, propositivo e que 
consiga discutir com diversas posições. 
A NOVA QUESTÃO SOCIAL 
Essa provocação é clássica, antiga e carece 
reflexão. Netto (2001) e Iamamoto (2001) entendem que 
não há nova questão social. Questão social é e sempre 
será resultado do processo produtivo que é o capitalismo. 
REFLEXÃO SOBRE A NOVA QUESTÃO SOCIAL 
Os problemas que nós, assistentes sociais, 
enfrentamos hoje são os mesmos que os profissionais 
enfrentavam há cerca de 20 anos? Obviamente que não 
O que temos, portanto, não é uma nova questão social, 
mas mutações e aprofundamentos nos problemas sociais. 
DESENVOLVIMENTO CAPITALISTA NO BRASIL 
Conforme Iamamoto (2011), entender as atuais 
configurações postas à questão social, considerando a 
realidade brasileira, requer a compreensão sobre as 
bases do desenvolvimento do capitalismo brasileiro. O 
desenvolvimento capitalista no Brasil sempre foi 
“periférico”, termo pelo qual designa um “tipo” de 
capitalismo em que as taxas de extração de lucro 
sempre são baixas se comparadas com o lucro de 
empresas europeias, por exemplo. 
DESENVOLVIMENTO CAPITALISTA À BRASILEIRA 
Um dos fatores que poderiam explicar esse tipo 
peculiar e específico de desenvolvimento capitalista à 
brasileira seria o fato de que, aqui, o capital se consolidou 
por meio da junção de formas atrasadas e modernas 
para gerar a acumulação. 
DESCOMPASSO ENTRE MEIOS DE PRODUÇÃO E MÃO 
DE OBRA 
Isso resulta na utilização de dispositivos 
antiquados para reger o processo produtivo, resultando 
descompasso entre meios de produção e mão de obra, 
ampliando o número de desempregos e subempregos, 
aumentando o número de trabalhadores que afluem ao 
exército industrial de reserva. Iamamoto (2011), ancorada 
nessa compreensão, ainda enfatiza que vinculado a esse 
processo temos outro bastante similar – descompasso 
entre o desenvolvimento econômico e o 
desenvolvimento social. 
COMPARTILHAMENTO DA RIQUEZA PRODUZIDA 
A riqueza produzida não é socializada com a 
população brasileira como um todo, alguns grupos e 
frações sociais, os que detêm os meios de produção, 
acabam detendo a riqueza social produzida, sim, porque 
há lucro e há riqueza, ao contingente mais pobre cabe, 
no entanto, vender a força de trabalho e partilhar apenas 
a precarização da vida como um todo. 
DEMOCRACIA RESTRITA 
Lamamoto (2011) designa o termo “democracia 
restrita”, uma vez que as decisões políticas são 
controladas pela burguesia pelo subjulgamento dos 
aparatos estatais. A democracia brasileira é coordenada 
de forma a atender as necessidades do grande capital 
ou, então, de forma a controlar as massas para que não 
exista o embate ao Estado e aos modos de produção. 
COOPTAÇÃO DO ESTADO 
Quanto ao Estado, no momento de consolidação 
do capital no Brasil, Iamamoto (2011) usa o termo 
“cooptação”, ou seja, há uma associação do Estado 
brasileiro às classes burguesas e, por outro lado, 
podemos inferir que há separação/afastamento do 
Estado em relação aos interesses das classes pobres. 
AMPLIAÇÃO DA QUESTÃO SOCIAL 
A questão social está presente desde a nossa 
colonização, porém, a partir dos anos 1970, é que temos 
sua ampliação, uma vez que a classe pobre sequer 
consegue vender sua força de trabalho e, por conta 
disso, já consegue atender suas necessidades básicas, 
suas demandas. Por conta disso, a ampliação das 
expressões da questão social demandaria maior ação 
estatal: Os anos precedentes, sobre tudo na Europa, 
demarcaram o surgimento do Welfare State, o Estado 
de Bem-Estar Social – buscava intervir junto aos 
problemas sociais. Os anos 1970 se caracterizam também 
pela mudança no formato de Estado, que agora deixa de 
intervir junto aos problema sociais – marcando o avanço 
da doutrina neoliberal. 
QUESTÃO SOCIAL E SERVIÇO SOCIAL 
Precarização generalizada da vida da classe 
pobre – é com essa questão que nós iremos trabalhar, 
ela é nossa matéria-prima, nosso objeto de trabalho. Está 
inserida em nossos processos de trabalho, em nosso 
cotidiano profissional, não é algo abstrato, mas algo com 
o qual nos depararemos em nosso processo de trabalho. 
O PROCESSO DE TRABALHO DO ASSISTENTE 
SOCIAL 
 Lamamoto (2001) destaca que entender a noção 
trabalhista de processo de trabalho que está presente 
em Marx significa entender que um processo de trabalho 
é composto de categorias: 
• O trabalho; 
• A matéria-prima; 
• Os instrumentos de trabalho; 
• O produto ou o resultado dessa ação. 
ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NA QUESTÃO 
SOCIAL 
Nós assistentes sociais, participantes desse 
processo de trabalho? E como podemos em nosso 
cotidiano aplicar a noção marxista de processo de 
trabalho? O trabalho é o fazer, a práxis cotidiana do 
assistente social. 
O PROCESSO DE TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL 
O trabalho – é a ação social do assistente social 
a matéria-prima ou objeto – é e sempre será a 
questão social os instrumentos de trabalho – não 
podem ser resumidos ao chamado “arsenal de 
técnicas”, além das técnicas é basal o conhecimento 
(bases teóricometodológicas). Produto ou resultado 
dessa ação – um efeito nas condições materiais e 
sociais. 
MEIOS E TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL 
 Ainda na definição dos meios de trabalho – a 
autora chama nossa atenção para o fato de que o 
assistente social não detém todos os meios de seu 
trabalho. Nossa Lei de Regulamentação indica que 
somos uma categoria de profissionais liberais, 
considerando que o profissional liberal é aquele que 
detém todos os meios para o seu trabalho, não 
podemos ser considerados profissionais liberais. O 
assistente social depende da instituição empregadora e 
dos recursos que a entidade disponibiliza para que 
aconteça o seu exercício profissional, por isso ele goza 
de relativa autonomia em sua prática cotidiana, já que 
não está totalmente livre do que é posto pela instituição 
empregadora. 
ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NA QUESTÃO SOCIAL 
“[...] o Serviço Social é socialmente necessário porque ele atua sobre questões que dizem respeito à sobrevivência social 
e material dos setores majoritários da população trabalhadora” (IAMAMOTO, 2011, p. 67). 
VIABILIZAÇÃO AO ACESSO DE BENEFÍCIOS E SERVIÇOS 
Ao viabilizar o acesso a benefícios e serviços, a atuação não se restringe à concessão de bens materiais, mas à 
construção de conceitos, de consensos, ou seja, na concessão de elementos destinados à reprodução material, o 
assistente social também produz consensos. 
AS DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS 
Por que as Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Serviço Social são tão importantes? Porque nelas 
são traçados os parâmetros mínimos que devem ser observados na organização curricular dos curso de graduação em 
Serviço Social. 
AS DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA O CURSO DE SERVIÇO SOCIAL E A QUESTÃO SOCIAL 
Qual a relação das DCNs com a questão social? Em ambos temos a predominância do aporte à teoria marxista 
e o privilégio da questão social como referência para a formação do assistentesocial. 
COMPETÊNCIAS E HABILIDADES NECESSÁRIAS AOS ASSISTENTES SOCIAIS 
A referência à questão social é mais uma vez ressaltada no referido documento no momento em que são 
apresentadas as competências e as habilidades necessárias aos assistentes sociais, ou seja, o profissional competente e 
que consegue desenvolver suas habilidades é aquele que encontra as respostas para o enfrentamento da questão social. 
O QUE É ESPERADO DO PERFIL DO EGRESSO 
Afinal que profissional estamos formando? Novamente temos a menção à necessidade de que o profissional 
graduado seja suficiente em atuar nas múltiplas expressões da questão social. 
“[...] atua nas expressões da questão social, formulando e implementando propostas de intervenção para seu 
enfrentamento, com capacidade de promover o exercício pleno da cidadania e a inserção criativa e propositiva dos 
usuários dos serviços no conjunto das relações sociais e no mercado de trabalho” (CFESS, 2002).

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