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Maria Elaynne, 3º período-2020 Teoria Política UNIDADE 1 Apresentação da disciplina Vamos analisar as formas de governo mais conhecidas entre os grupamentos sociais ao longo da História: a Monarquia, a Aristocracia e a Democracia. Estudaremos o sentido de República em suas diversas formas históricas. Também trataremos dos principais aspectos da história do poder na Idade Média, período marcado pela subordinação da política à religião, pela ausência de um Estado soberano e pela preponderância de poderes locais. Estudaremos o Pensamento Político Moderno e o Estado Moderno, a partir das ideias de Maquiavel sobre a autonomia política e sobre a moral própria daqueles que ocupam o poder. E refletiremos sobre a contribuição do pensamento de Thomas Hobbes e o papel do Estado, que ele chamou de Leviatã. Introdução dos estudos O profissional de Serviço Social, ao longo de sua carreira, estabelece diálogo permanente com a sociedade e com os gestores públicos. Assim, o conhecimento sobre política ajuda o profissional de Serviço Social a compreender, analisar e tomar decisões corretas. Dessa forma, é fundamental estar preparado para o exercício da cidadania ativa, aquela que não se esgota no voto obrigatório para escolha de cargos eletivos. Nesse sentido, é necessário a obtenção de visão crítica. Visão crítica é aquela que se pode obter a partir da análise de conceitos, de fatos históricos, de impactos sociais de decisões adotadas por lideranças políticas em diversos momentos da história, de ideias e teorias que formam a herança política da Humanidade. A sociedade humana e o exercício do poder O Homem sempre viveu em grupos mais ou menos organizados e isso se deu por uma razão de grande importância: a sobrevivência. Só em grupo o Homem conseguia dar conta de todos os muitos tipos de ameaças naturais. Ocorre que a organização de poder nesses grupos é um problema nas diversas sociedades organizadas que temos em todo o planeta, pois não existe uma forma de sistematização de poder que agrade a todos e que não suscite críticas. Vários estudiosos de política se dedicaram a tentar sistematizar as diversas formas de governo que o mundo já vivenciou e aprofundar o conhecimento sobre como elas se desenvolveram. Por esse motivo, vamos estudar a classificação de governo construída por três célebres estudiosos: Aristóteles, Maquiavel e Montesquieu. A sociedade segundo o pensamento de Aristóteles Aristóteles nasceu na Grécia. Foi discípulo de Platão, tutor de Alexandre, o Grande, e é considerado o pai da Ciência Política Ocidental. Também foi o fundador, em Atenas, de uma escola que desenvolveu pesquisas em várias áreas do conhecimento. Contudo, o grande destaque de Aristóteles foram os estudos de política e de filosofia. Para Aristóteles, a sociedade é o eixo do indivíduo e o Homem só desenvolverá plenamente seu potencial se inserido em uma sociedade. Como Platão, Aristóteles acreditava que todas as coisas tinham uma finalidade, e que a do ser humano era ser bom. Assim, pretendia organizar a sociedade de maneira que as pessoas fossem capazes de realizar com sucesso seu pleno potencial. As formas de governo segundo Aristóteles Em sua obra “Política”, Aristóteles distingue regimes políticos e formas ou modos de governo. O primeiro termo refere-se ao critério que separa quem governa e o número de governantes, no qual teremos três regimes políticos: a monarquia (poder de um só), a oligarquia (poder de alguns poucos) e a democracia (poder de todos). O segundo termo trata das formas de governo, ou seja, refere-se a em vista de que eles governam, ou seja, com qual finalidade. Para ele, a tirania era a monarquia voltada para a utilidade do monarca, a oligarquia para a utilidade dos ricos e a democracia para a utilidade dos pobres. E nenhuma delas agradava o filósofo, porque a finalidade essencial deveria ser o interesse público. As finalidades dos governos segundo Aristóteles Para o filósofo, os governos devem governar em vista do que é justo, de interesse geral, o bem comum. Sendo assim, são classificadas seis formas de governo: aquele que é um só para todos (realeza), de alguns para todos (aristocracia) e de todos para todos (regime constitucional). Os outros três modos (tirania, oligarquia e Maria Elaynne, 3º período-2020 democracia) são, para Aristóteles, deturpações, degenerações dos anteriores, ou seja, não governam em vista do bem comum. Para Aristóteles, o governo somente será considerado soberano quando tiver em vista exclusivamente o interesse comum. O contrário disso é considerado governo impuro, no qual prevalece o interesse pessoal contra o interesse geral da coletividade. As ideias de Aristóteles sobre a escravidão As ideias de Aristóteles devem ser compreendidas no contexto da realidade de sua época. Ele entendia que a relação entre senhor e escravo era uma relação privada, o que permitia ao senhor o exercício despótico do poder. Tinha a convicção de que a justiça devia ser realizada entre os cidadãos e, como os escravos não eram cidadãos e não participavam da política, então para eles não valeriam as mesmas regras. Ele considerava natural que o escravo que nascera nessa condição assim se mantivesse, o que impediria qualquer reflexão sobre a transformação dessa condição. Além de não inserir escravos e mulheres entre aqueles que podiam participar da política, também não deveriam ser incluídos os artesãos, ou seja, aqueles que vivessem do seu trabalho. A noção de interesse político para Aristóteles A noção de interesse público no pensamento aristotélico é infinitamente menor do que aquela que temos na atualidade. Contudo, é possível reconhecer que muitas das preocupações do filósofo sobre as práticas políticas nas formas de governo são preocupações que temos até os dias de hoje, como governos demagógicos que parecem querer agradar a todos quando, na verdade, visam exclusivamente ao interesse pessoal do próprio governante. Ou, ainda, governos tirânicos que fazem aprovar apenas leis que interessam aos objetivos dos próprios governantes. Dessa forma, conhecer o pensamento de Aristóteles nos auxilia na formação do conhecimento crítico, capaz de pensar em ideias para mudanças na sociedade em que vivemos. A definição de aristocracia É importante destacar que temos três ideias fundamentais quando se trata de entender formas de governo: monarquia, aristocracia e democracia. Aristocracia significa nobreza. É a classe social superior. O termo aristocracia tem origem no grego “aristokrateia”, que significa “governo dos melhores”. Aristocracia é uma forma de organização social e política em que o governo é monopolizado por uma classe privilegiada. Para Aristóteles, a aristocracia era o governo de poucos, dos melhores cidadãos no sentido de possuírem melhor formação moral e intelectual para atender aos interesses do povo. A definição de monarquia Entende-se comumente por monarquia aquele sistema de dirigir a res publica, que se centraliza estavelmente numa só pessoa investida de poderes especialíssimos, exatamente monárquicos, que a colocam claramente em todo o conjunto dos governados. É um sistema político que tem um monarca como líder do Estado. A monarquia hereditária é o sistema mais comum de escolha de um monarca. Segundo a tradição aristotélica, monarquia é a forma política em que o poder supremo do estado se concentra na vontade de uma só pessoa. Quando a legitimidade era considerada como provinda de um direito divino sobrenatural, a soberania era exercida como um direito próprio. Características da Monarquia A monarquia quase sempre possui três características fundamentais: • Vitaliciedade: O monarca não governa por um tempo certo e limitado, podendo governar enquanto viver ou enquanto tiver condições para continuar governando. • Hereditariedade:A escolha do monarca se faz pela simples verificação da linha de sucessão. • Irresponsabilidade: O monarca não tem responsabilidade política, isto é, não deve explicações ao povo ou a qualquer órgão sobre os motivos pelos quais adotou certa posição política. A definição de democracia Democracia é a forma de governo em que a soberania é exercida pelo povo. Neste sistema político, o poder é exercido pelo povo através do sufrágio universal. É um regime de governo que pode existir no sistema presidencialista, no qual o presidente é o maior representante do povo, ou no sistema parlamentarista, no qual existe o presidente eleito pelo povo e o primeiro ministro que toma as principais decisões políticas. A democracia é invenção porque, longe de ser mera conservação de direitos, é a criação ininterrupta de novos direitos, a subversão contínua dos estabelecidos, a Maria Elaynne, 3º período-2020 reinstituição permanente do social e do político. Assim, uma sociedade justa não é uma sociedade que adotou, de uma vez para sempre, as leis justas. Uma sociedade justa é uma sociedade na qual a questão da justiça permanece constantemente aberta. Democracia, um conceito em construção Existe a ideia de que democracia é um conceito em construção, que não está pronta e acabada e que deve ser sistematicamente repensada e pesquisada, de forma que possamos ter a melhor democracia possível em cada diferente época da história de uma nação. Assim, os autores nos convidam a pensar de que forma podemos contribuir para que a democracia não se torne ultrapassada para os valores e objetivos de uma determinada sociedade. Nas sociedades democráticas, indivíduos e grupos organizam-se criando um contrapoder social que, direta ou indiretamente, limita o poder do Estado. Dessa forma, a democracia é a sociedade verdadeiramente histórica, isto é, aberta ao tempo, ao possível, às transformações e ao novo. Estado democrático de direito Democracia, portanto, não é uma forma de governo em que todos pensam da mesma maneira, mas em que os conflitos são tratados de maneira organizada, em locais próprios, como o Poder Judiciário e o Poder Legislativo, ou seja, e uma forma de governo na qual a sociedade tem amplo direito de se manifestar. Assim, na democracia, o conflito não apenas é bem-vindo, como também é parte integrante do sistema, porque, depois de certo tempo, pode transformar-se em direito; e a democracia agrega o novo e as transformações como essenciais, ou seja, não pode recusar as novas ideias e propostas sob alegação de que causariam instabilidade. Porém, na atualidade, o conceito de democracia está mais próximo da ideia de liberdade para escolher os representantes que vão decidir o que é bom para a sociedade. A democracia direta Para os gregos, democracia era a participação direta dos cidadãos, que opinavam sobre os problemas e destinos da sociedade. Na atualidade a democracia é classificada em democracia direta, semidireta e representativa. A democracia direta é aquela exercida pelos cidadãos por meio de manifestações diretas em uma assembleia. Evidentemente, isso só seria possível em lugares com pequeno número de habitantes, o que na atualidade é inviável, em especial em países como o Brasil. No futuro, contudo, podemos pensar que a participação política dos cidadãos poderá ser ampliada em razão dos recursos tecnológicos existentes. A democracia semidireta A democracia semidireta tem características semelhantes à democracia que vivemos no Brasil na atualidade. Nela, o povo se manifesta pelo voto direto para todos os cargos do Legislativo, do Executivo e também por instrumentos criados pela lei para opinar em situações específicas. Nesse tipo de democracia o povo participa diretamente, propondo, aprovando ou autorizando a elaboração de uma lei ou a tomada de uma decisão relevante pelo Estado. A atuação do povo não é exclusiva, pois age em conjunto com os representantes eleitos, que vão discutir, elaborar ou aprovar a lei. É utilizada atualmente em combinação com a democracia representativa, que ainda prevalece. Instrumentos da democracia semidireta • Plebiscito: É um instituto que tem suas raízes na Roma Antiga. É uma consulta ao povo pelo qual este aprova ou não a elaboração de uma lei, uma emenda constitucional ou uma decisão governamental. Se houver aprovação, cabe ao poder competente a elaboração da medida. Portanto, é anterior à decisão governamental. • Referendo: É uma consulta feita ao povo sobre uma lei, emenda constitucional ou decisão governamental já elaborada pelo poder competente, mas ainda não vigente. Se houver aprovação, a medida entra em vigor. Dessa forma, é posterior à elaboração da medida. Iniciativa popular, veto popular e recall são outros instrumentos que a Constituição dos países inclui para permitir a participação semidireta do povo. • Iniciativa popular: É a possibilidade dos cidadãos de apresentarem propostas legislativas para serem votadas no Congresso Nacional. • Veto popular: É uma consulta à população sobre um texto de lei já aprovado no Legislativo para saber se os cidadãos aprovam a lei que não entrará em vigor antes da consulta. • Recall: É uma criação norte-americana que permite revogar a eleição de um legislador ou funcionário eletivo ou reformar a decisão judicial sobre a constitucionalidade de uma lei. Em todos esses casos, Maria Elaynne, 3º período-2020 a democracia será classificada como semidireta porque situações específicas são levadas ao cidadão para que ele manifeste sua aprovação ou discordância. A democracia representativa Na democracia representativa, o povo vota para escolher representantes que governarão durante um determinado período de tempo obedecendo a regras prefixadas pela lei. Assim, o povo concede um mandato a alguns cidadãos, para, na condição de representantes, externarem a vontade popular e tomarem decisões em seu nome, como se o próprio povo estivesse governando. Porém, o representante do povo não faz o que deseja, mas apenas aquilo que a lei permite que ele faça e também não fica no poder durante o tempo que desejar, mas somente durante um intervalo de tempo. No Brasil, a democracia tem sido muito mais representativa do que direta, até porque a ausência de maior interesse da população por política contribui para que não haja pressão popular no sentido de que sejam criadas situações de maior participação. A Democracia participativa na Constituição Federal do Brasil Todo cidadão possui direitos políticos garantidos na CF/88. O principal direito político e o mais exercido por todos é o direito de votar e ser votado. Mas a participação da população não se limita ao voto para a escolha de seus representantes no Poder Executivo e no Poder Legislativo. Estão previstos no artigo 14 da Constituição Federal o plebiscito, o referendo e a iniciativa popular, também como direitos políticos. Dessa forma, a maturidade política brasileira poderá, no futuro, contribuir para que sejam utilizados com maior frequência os espaços de participação que já existem na legislação e que precisam apenas ser colocados em prática. A democracia na Constituição Federal de 1988 A CF/88 institui o Estado Democrático de Direito assegurando o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social. Estabelece a união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, declara seus princípios fundamentais, a soberania popular e a democracia participativa. Assim, com a premissa de que todo o poder emana do povo prevista na Constituição Federal de 1988, a nação brasileira enquadra-se na categoria de Estado Democrático de Direito. Suas principaiscaracterísticas são soberania popular; da democracia representativa e participativa; um Estado Constitucional, ou seja, que possui uma constituição que emanou da vontade do povo; e um sistema de garantia dos direitos humanos. República A palavra tem origem no latim e significa “aquilo que pertence ao povo”. Em sentido lato, significa exatamente “coisa(res)pública”. O sentido mais completo, portanto, é “tudo o que é próprio da sociedade, que interessa a ela”, ou ainda, “interesse público”. A república é a forma de governo típica da coletividade, em que o poder e o exercício da soberania são atribuídos não mais à uma pessoa física, mas ao povo. A palavra está presente no nome do Brasil, que é República Federativa do Brasil. Portanto, compreender o conceito e o sentido de República é fundamental. República e monarquia A república, que é a forma de governo que se opõe à monarquia, tem um sentido muito próximo do significado de democracia, uma vez que indica a possibilidade de participação do povo no governo. O desenvolvimento da ideia republicana se deu através das lutas contra a monarquia absoluta e pela afirmação da soberania popular. A república surge, portanto, como proposta de governo em contraposição à monarquia. Dessa forma, a república, no entendimento significa uma comunidade política, isto é, uma unidade coletiva de indivíduos que se autodetermina politicamente através da criação e da manutenção de instituições políticas próprias, legitimadas na tomada de decisões e na participação dos cidadãos no governo. A teoria republicana Segundo a teoria republicana, a política é uma dimensão constitutiva da formação da vontade democrática e por isso: • Assume a forma de um compromisso ético-político, referente a uma identidade coletiva no seio da comunidade; • Não existe espaço social fora do espaço político, ao traduzir-se a política numa forma de reflexão de interesse público; Maria Elaynne, 3º período-2020 • A democracia é, desta forma, a auto-organização política da comunidade no seu conjunto. Dessa forma, República é uma ideia que se sustenta na coletividade, na expressão da vontade do conjunto de pessoas que reside em um determinado território e possui objetivos comuns a serem alcançados. Características do modelo republicano de governo • Temporariedade: Os governantes são eleitos por um determinado período de tempo, denominado mandato. • Eletividade: O chefe do governo é eleito pelo povo, sem qualquer chance de hereditariedade ou alguma outra forma que suplante a escolha pelo povo. • Responsabilidade: O chefe de governo é responsável por seus atos, seja no âmbito político, seja no âmbito econômico. Ele deverá prestar contas de suas decisões e poderá ser fiscalizado sistematicamente. Essas características são essenciais para garantir que o governo republicano seja confiável no sentido de colocar sempre em primeiro lugar o interesse público. O poder na Idade Média A Idade Média teve início na Europa com o esfacelamento do Império Romano, após as invasões dos bárbaros, no século V. Esse período é comumente caracterizado pela ausência de um poder central, pela economia ruralizada, pela supremacia do pensamento da Igreja Católica e pelo enfraquecimento da atividade comercial. A expressão Idade Média foi usada pelos humanistas no século XV e XVI para designar o período compreendido entre a Antiguidade Clássica e a época de profundas modificações que foi o Renascimento. Nesse período histórico o poder político tinha uma ligação estreita com a religião e as organizações religiosas. E o Estado estava atrelado ao poder da Igreja, deixando de ser soberano, sendo exercido em prol dos interesses próprios dos governantes. O feudalismo na Idade Média O regime feudal era um sistema de suserania e vassalagem baseado na concessão e posse de feudos. Todo o poder político, jurídico, econômico e social se concentrava nos senhores feudais, que eram donos das propriedades de terra onde moravam os vassalos, terras onde eram produzidos os alimentos e produtos necessários à subsistência. O direito de governar era um privilégio pertencente a todo proprietário de um feudo. O feudo era um benefício que se tornava hereditário e que normalmente era materializado em terras, mas poderia se consubstanciar em algum outro benefício, por exemplo, o direito de cobrar tributos em uma ponte, de cunhar moedas, de criar um mercado de troca de mercadorias ou de obter algum outro tipo de forma de subsistência. As leis no período feudal As leis adotadas eram humanas e divinas e deveriam ser cumpridas com justiça e rigor. A igreja tinha enorme poder porque a ela cabia dizer o que era a vontade de Deus. O governo feudal tinha traços de um governo de lei e não de homens, ou seja, era uma soberania limitada que se opunha à autoridade absoluta. Nenhum governante podia impor sua vontade. A concessão de imunidades aos nobres também foi característica do feudalismo. O feudalismo não foi igual em todos os países da Europa ocidental. As características universais foram próprias da França; em países como a Itália e a Alemanha, foram outras as formas de feudalismo. O final do feudalismo Vários fatores contribuíram para o fim desse sistema, entre eles: • A volta do comércio com o Oriente próximo, o desenvolvimento das cidades pela procura de produtos agrícolas, a expansão do comércio e da indústria. • O surgimento de empregos, a abertura de novas terras para trabalho de cultivo (em troca do qual os camponeses teriam liberdade). • O surgimento de exércitos profissionais e o fortalecimento das monarquias nacionais. • Uma característica desse período histórico foi a ausência de um poder central, caracterizado como temos atualmente no Estado, a irradiar suas determinações para serem cumpridas por todos. O pensamento político de São Tomas de Aquino Era um dominicano italiano, nascido em 1225 e falecido em 1274. Escreveu a importante obra denominada Do Governo dos Príncipes, na qual defendia que a monarquia era a melhor forma de governo, desde que não fosse absolutista como a dos césares romanos e sim limitada pelo poder da Igreja, da corte dos nobres, Maria Elaynne, 3º período-2020 das universidades e também das corporações de ofícios dos artesãos. Defendia que as leis para limitar o poder do rei deveriam ser leis emanadas do poder legislativo do Estado, do poder natural, ou seja, da razão dos homens e também das leis divinas. Sua influência no pensamento ocidental é considerável e muito da filosofia moderna foi concebida como desenvolvimento ou oposição de suas ideias, particularmente na ética, lei natural, metafísica e teoria política. O pensamento político de John de Salisbury Nasceu na Inglaterra entre 1115 e 1120 e faleceu na França, em 1180. Este pensador ocupou importantes cargos na hierarquia da Igreja Católica ao longo de sua vida. Destacou-se pelo pensamento construído em sua obra Policraticus, na qual defendeu a limitação de poderes do rei, por meio de leis. Foram as ideias de John de Salisbury que serviram de inspiração para a elaboração do documento denominado Magna Carta, datado de 1215, que, até a atualidade, é considerado o precursor dos direitos humanos de primeira dimensão, aqueles direitos que restringem o poder do rei e o obrigam a respeitar a vida e a liberdade dos súditos. Causas da Revolução Comercial (1400) O final da Idade Média marcou o surgimento gradual dos estados dinásticos de governo absoluto. Para alguns historiadores, no entanto, o fator mais relevante foi a chamada Revolução Comercial. A Revolução Comercial ocorreu por volta de 1400 e teve várias causas. O monopólio comercial do Mediterrâneo pelas cidades italianas; O desenvolvimento de um comércio lucrativo entre as cidades italianas e Liga Hanseática do norte da Europa;A introdução de moedas de circulação geral e a acumulação de capitais excedentes, fruto de especulação comercial, marítima e de mineração; O estímulo dos novos monarcas ao comércio para criar mais riquezas tributáveis e as viagens ultramarinas. A revolução comercial e a expansão dos negócios Com o fim do sistema de corporações de ofício, a prática de atividades pelos artesãos passava a ser livre. As grandes casas comerciais italianas deram impulso ao surgimento dos bancos, que eram utilizados para empréstimo de dinheiro a juros. Foram criados os títulos de crédito, que viabilizaram o comércio entre cidades distantes porque não se corria mais o risco de assalto, já que os valores eram representados por papéis emitidos pelos bancos, como as letras de câmbio. As viagens marítimas também deram ao comércio proporções de empreendimento globalizado, porque o centro comercial do mundo se deslocou de Gênova, Pisa e Veneza para Lisboa, Liverpool, Bristol e Amsterdã. A Revolução Comercial e a necessidade de um Governo forte As consequências da Revolução Comercial foram: o afluxo de metais para a Europa; alta nos preços europeus; ascensão da burguesia; retomada da escravidão e a mudança do eixo comercial do Mediterrâneo para o Atlântico. A Revolução Comercial permitiu a expansão dos negócios de uma forma tão expressiva que, em consequência, passou a exigir um governo forte que apoiasse os mercadores, os banqueiros e os industriais em suas atividades. Só um governo forte teria condições de garantir a segurança dos comerciantes contra ataques de piratas e bandidos, que se avolumaram com o aumento das riquezas em circulação. Assim, seriam mais seguras as relações comerciais e, por isso, foi uma ideia apoiada pelo poder econômico da época. O absolutismo como fundamento do Governo forte O absolutismo utiliza a ideia de que o poder humano é derivado do poder divino. Essa teoria, que já tinha servido de fundamento para o poder feudal, é retomada para servir de base para o poder dos reis. Dessa forma, a autoridade do monarca vem de Deus e a obrigação suprema do povo é obedecer de forma passiva. O soberano tem autoridade perpétua e ilimitada para fazer leis e impô-las aos seus súditos. Nesse sentido, qualquer rebelião do povo deve ser evitada porque contraria a paz, que é fundamental para a estabilidade e o progresso social. O pensamento político de Nicolau Maquiavel Nicolau Maquiavel nasceu em Florença em 1469 e faleceu em 1527. Na obra “O príncipe” (1513), o pensamento político de Maquiavel teve como marco fundamental a separação entre a virtude política e a virtude moral. Ela é lida e estudada até os dias atuais e é obrigatória em cursos de Ciências Sociais e Direito. Ele é o principal responsável pela ruptura com as ideias da ação política orientada pelo sentido divino e, consequentemente, por trazer a política para o campo exclusivo da ação humana. Essa ruptura com o poder oriundo da Igreja custou caro para Maquiavel, porque foi Maria Elaynne, 3º período-2020 da Igreja o uso do termo maquiavélico associado a tudo que é ruim ou perverso. Ideias centrais no pensamento de Maquiavel Uma das ideias centrais no pensamento de Maquiavel é a virtú. A “virtú”, termo empregado para indicar um conjunto de qualidades e a coragem de desprender-se da moralidade vigente, se for necessário, e aptidão para se adaptar às diferentes situações. Esse conjunto de virtudes é que fariam de um homem um grande governante, com capacidade de se impor e realizar seus objetivos. A virtú está associada com a capacidade, qualidade e empreendimentos que determinam o encaminhamento da sociedade, ou seja, a ação política. Formas de conquistar o poder segundo Maquiavel • Pela virtú e com as próprias armas, quando o príncipe afirma suas qualidades pessoais e seu valor; • Pela fortuna (sorte) e com as armas alheias, quando o príncipe chega ao poder por acaso; • Pelo crime, quando o príncipe alcança o poder com o uso de grande violência, desrespeitando as leis humanas e divinas; e • Pelo consentimento, quando um cidadão se torna príncipe com o consentimento de seus conterrâneos. Para Maquiavel, quem possuir sorte ou proteção divina nem sempre estará habilitado para o exercício do poder, mas aquele que possuir virtú conseguirá dominar o indeterminado e construir um governo ancorado em suas qualidades. Maquiavel e as virtudes do príncipe Para Maquiavel, o conjunto de virtudes do príncipe que haviam sido respeitadas até aquele momento histórico, tais como honestidade, bondade e piedade, entre outras, não eram adequadas para o campo da ação política. Para ele a capacidade fundamental do príncipe é manter o poder. Assim, o príncipe deve ser um bom simulador, aparentando possuir as qualidades que seus súditos consideram adequadas e, ao mesmo tempo, disfarçar as práticas não adequadas. Dessa forma, as principais bases que os Estados têm são as boas leis e as boas armas. E para Maquiavel, a segurança do Estado depende da formação de um exército próprio, constituído de cidadãos que lutem por amor à pátria. O pensamento político de Thomas Hobbes Thomas Hobbes era inglês, nasceu em 1588 e faleceu em 1679. Sua principal obra é “Leviatã”, escrita em 1651. Hobbes contesta o pensamento de Aristóteles porque entende que é necessário rever o princípio político vigente até aquele momento histórico. Para ele, o Homem não nasce apto a viver em sociedade, mas pode tornar-se pela disciplina, ou seja, a vida social é uma forma de viver adquirida e não natural. A sociedade, então, é produto artificial da vontade humana, é fruto de uma escolha e não obra da natureza. Um conceito fundamental para compreender o pensamento de Hobbes é o de estado de natureza. Para Hobbes, no estado de natureza, todo homem tem direito a tudo. Hobbes e a instituição de um poder comum Para Hobbes o Estado é constituído para exercer poder coercitivo, para punir os que infringirem as leis. O Estado fará com que as leis da razão, aquelas que motivaram os homens a viver em sociedade para se protegerem, se tornem leis civis que deverão ser cumpridas por todos. Ele propõe um poder soberano como vontade única da sociedade. Hobbes é adepto do absolutismo que existia na sociedade de sua época. Mas inova quando afirma que a origem do poder absoluto não é divina, mas um contrato social. Os homens se submetem voluntariamente ao poder do Estado porque, sem ele, a vida seria de medo e conflito. UNIDADE 11 O pensamento político contemporâneo –John Locke John Locke, que nasceu em Bristol, Inglaterra, em 1632 e faleceu em 1704. Ele escreveu sobre política, religião e economia. Suas principais obras são: Cartas sobre a Intolerância, Ensaio sobre o Entendimento Humano e os Dois Tratados sobre o Governo Civil. Para Locke, assim como para Hobbes, o homem sai do estado de natureza para a vida em sociedade ancorado em um contrato social, ou seja, em um acordo não escrito, mas Maria Elaynne, 3º período-2020 que deve ser integralmente respeitado, em que todas as pessoas terão direitos e obrigações, sem privilégios. Diferenças entre Locke e Hobbes A diferença no pensamento dos dois é que, para Locke, o indivíduo existe antes do surgimento da sociedade e do Estado e vive em um estágio pré-social e pré-político, caracterizado pela mais perfeita liberdade e igualdade. O estado de natureza para Locke não era o espaço de conflitos e de medo de Hobbes; ao contrário, era uma situação de relativa paz, concórdia e harmonia. Locke define a propriedade como um direito amplo, que inclui a vida, a liberdade e os bens. Para eliminar o estado potencial de guerra que vigora no estado de natureza, os homens passam a viver em sociedade, organizam um poder central para governá-los e escolhem juízes para dirimir seus eventuais conflitos. Locke e o direto de propriedade Para Locke, o direito mais essencial e natural dohomem é o direito de propriedade. Para ele, a propriedade vem antes do Estado e é um direito natural do indivíduo. Contra a propriedade o Estado não tem poder algum e deve respeitá-la. Locke acredita que não é a sociedade que cria a propriedade privada, ela já e um direito que os homens possuem pelo simples fato de existirem. E esse direito deve ser respeitado, na medida em que cada um possui por natureza. Para Locke, a vida política após o contrato social tem por meta principal resguardar o direito natural que é, fundamentalmente, o direito de propriedade. Essas ideias agradaram muito à burguesia, que tinha o desejo de que sua propriedade fosse respeitada por todos, inclusive pelo Estado. Jean Jacques Rousseau Ele nasceu em Genebra, uma república protestante, em 1712 e faleceu em 1778 em Paris. Suas obras mais importantes são: Emílioe Do Contrato Social. O século XVIII, no qual Rousseau nasceu e viveu, ficou conhecido como “século das luzes” por ter sido o período em que ocorreu um movimento intelectual caracterizado pelo profundo otimismo sobre a capacidade do ser humano de se orientar pelo uso da razão e, com isso, a humanidade conseguiria alcançar o progresso. Rousseau constrói suas reflexões a partir da crítica a esse movimento. Os filósofos do chamado “século das luzes” defendiam que a difusão do saber era o meio mais eficaz para colocar fim às superstições e à ignorância. A visão de Rousseau sobre o homem na natureza Rousseau entende que o homem na natureza tem liberdade para se aperfeiçoar, tanto quanto a tem para se conduzir por seus instintos e, desse modo, rebaixar-se a ponto de se parecer com os animais. No entanto, ele também luta para sua conservação e se identifica com o sofrimento de outros homens. O Homem natural de Rousseau é o bom selvagem, enquanto o Homem natural de Hobbes é o lobo do próprio homem. Ele defende a ideia de que o Homem no estado de natureza não utiliza meios artificiais para sobreviver, o que é contrário ao que se vê na vida em sociedade. Rousseau e a obra O Contrato Social Na obra ele reflete sobre a possibilidade de construção de outra ordem jurídica, política e social. Dedica-se à ideia de transformação da sociedade existente naquela época. Essa sociedade que Rousseau idealiza é radicalmente democrática, ou seja, ele propõe a cidadania ativa. O elemento fundamental da teoria do contrato social é a vontade geral, que é a única vontade legítima. As vontades individuais não são legítimas. A função da sociedade é a consecução do bem comum. Rousseau e a educação Rousseau já apontava a educação como o caminho capaz para que os indivíduos abandonassem seus interesses individuais em favor dos interesses gerais. Ele apresenta essa ideia na obra Emílio, que é dedicada a reflexões sobre educação. Ele também acredita que as leis deverão ser impessoais, gerais e universais e terão de ter dois objetivos fundamentais: a liberdade e a igualdade. Com essas ideias, ele influenciou todos aqueles que mais tarde seriam os pensadores da Revolução Francesa. Para Rousseau, o Estado é resultado de uma associação de membros que conservam sua participação ativa e que obedecem somente às leis que a própria sociedade criou. Montesquieu e a teoria da separação de poderes Era um nobre francês nascido em 1689 e falecido em 1755. Do Espírito das Leis, sua principal obra, foi publicada em 1748. Montesquieu propõe a separação dos poderes, ou seja, que exista um Poder Legislativo para elaborar leis para toda a sociedade e para serem cumpridas, em especial, pelos governantes. Um Poder Executivo para representar o Estado e fazer cumprir as leis em benefício de todos; e, finalmente, o Poder Maria Elaynne, 3º período-2020 Judiciário, que dá ao governante o poder de punir os crimes ou julgar os conflitos de ordem civil. A separação dos poderes proposta por Montesquieu é bastante conhecida porque, com algumas modificações determinadas pelo tempo, permanece semelhante até hoje em muitos países do mundo. Montesquieu e a liberdade política A teoria da separação de poderes foi concebida como um sistema em que se conjugam um Legislativo, um Executivo e um Judiciário, harmônicos e independentes entre si, tomando, praticamente, a configuração que iria aparecer na maioria das Constituições. Assim, a liberdade política exprimirá sempre o sentimento de segurança, de garantia e de certeza que o ordenamento jurídico proporcione às relações de indivíduo para indivíduo, sob a égide da autoridade corporativa. Liberdade de pensamento, expressão e associação, além da eliminação da escravidão, seriam os elementos fundamentais deste conjunto. Montesquieu incluía, ainda, o direito a um julgamento justo, a presunção da inocência e a proporcionalidade na severidade das penas. A separação dos poderes na CF/88 O Princípio da separação ou divisão dos poderes ou funções foi sempre um Princípio fundamental do ordenamento constitucional brasileiro. A CF/88, entre muitas outras em todo o mundo, estabelece no artigo 2º, que: “São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Além de independentes e harmônicos, os poderes da União são dinâmicos, o que permite que, por vezes, eles entrem em conflito sobre a realização de determinadas funções. No entanto, esses conflitos eventuais não subtraem do sistema de tripartição de poderes proposto por Montesquieu. A 1ª Revolução Liberal ou Revolução Burguesa A primeira foi a revolução ocorrida na Inglaterra entre 1640 e 1688. Ela marcou o momento em que o poder estatal passou para as mãos de uma nova classe social, que se enxergava como sujeito de sua própria história, a burguesia. A luta foi pela construção de uma nova sociedade, tanto nos aspectos socioeconômicos como também nos político-culturais. Os setores liberais e burgueses impuseram seus valores: valorização do trabalho e da vida econômica racional sem desperdício. Foi considerada a primeira das grandes revoluções burguesas, isto é, as revoluções encabeçadas por lideranças da burguesia europeia, que havia se tornado expressivamente forte, do ponto de vista econômico, ao longo dos séculos XVI e XVII, e que precisava alcançar legitimidade política. A 2ª Revolução Liberal ou Revolução Burguesa A segunda importante revolução liberal é a de Independência dos Estados Unidos, que aconteceu entre 1775 e 1783. Em 1776, os colonos se reuniram em um congresso com o objetivo de declarar as razões que os levavam à independência. Durante o congresso, Thomas Jefferson redigiu a Declaração de Independência dos Estados Unidos da América. A Guerra de Independência, que ocorreu entre 1776 e 1783, foi vencida pelos Estados Unidos com forte apoio da França. A liberdade foi um fator não apenas de integração dos Estados Unidos da América do Norte, como também essencial para a criação do novo país. A Constituição Norte-Americana de 1787 A primeira Constituição dos EUA adotou o sistema de república federativa, garantiu a propriedade privada, mas principalmente estabeleceu como linha mestra do país a defesa dos direitos individuais dos cidadãos, em especial a liberdade de manifestação do pensamento, a liberdade de ir e vir e a de escolha de governantes. O governo criado pelos norte-americanos após a Independência caracteriza-se pelo limite do poder político interno, ou seja, o fiel cumprimento das leis em vigor. A influência protestante era muito forte nessa época nos Estados Unidos e enfatizava, principalmente, a participação dos indivíduos na vida da sociedade e a relação individual com Deus, sem que fosse preciso intermediários como na Igreja Católica. A última grande Revolução Liberal A Revolução Francesa (1789) começa com a Queda da Bastilha (uma prisão). O desejo de mudança que resultou na Revolução Francesa foi o pouco caso com oqual os reis governavam, tornando a França um país desorganizado, excessivamente burocrático e profundamente injusto. A burguesia francesa que controlava o comércio, a indústria e a atividade bancária desejavam um governo organizado, justo, que permitisse que seus negócios se desenvolvessem em paz. O Homem toma consciência de sua situação de fruto da história e, ao mesmo tempo, as classes sociais dedicadas à produção começam a se aperceber de sua Maria Elaynne, 3º período-2020 importância, não apenas econômica, mas também política e social. A Revolução Francesa–Liberdade, Igualdade e Fraternidade A Revolução Francesa, a exemplo da Independência Norte-Americana, é marcada por uma declaração de direitos que começa afirmando que os homens nascem e permanecem livres e iguais em direitos, e que esses direitos são naturais e imprescritíveis (não deixam de existir com o tempo). Os principais valores dessa declaração de direitos são: liberdade e o direito de fazer tudo o que não prejudique os outros; todos têm direito à propriedade, à segurança e à resistência contra a opressão. Os grandes intelectuais que inspiraram o movimento conhecido como Revolução Francesa foram John Locke, Rousseau, Voltaire e Montesquieu. Eles condenavam o absolutismo e acreditavam que, para viver em sociedade, era preciso estabelecer um pacto (contrato social) para abrir mão de direitos absolutos, mas garantir que todos tivessem os mesmos direitos. Karl Marx e O Capital Karl Marx nasceu em Treves, na Alemanha, em 1818 e morreu na Inglaterra, em 1883. Friedrich Engels e Karl Marx, juntos, refletiram sobre a apreensão coletiva dos meios de produção e, com isso, criaram o famoso Manifesto do Partido Comunista, escrito em 1848. Marx escreveu muitos textos de economia e política, mas O Capital foi sua obra mais famosa. Marx publicou apenas o primeiro volume. Os outros dois volumes foram publicados por Engels, após a sua morte, a partir das anotações de Marx. Para Marx, o modo de produção econômica condiciona as demais relações sociais dos homens. Marx e o materialismo histórico O pensamento de Marx substitui a reflexão subjetiva pela concretude, ou seja, o homem agora é pensado a partir de suas relações de trabalho e, consequentemente, de suas relações sociais. Nessa forma de pensar estão as bases do que foi chamado de materialismo histórico, que está fundado nas relações sociais, pois, para Marx, o homem só pode ser compreendido nessas relações, e também nas relações históricas e produtivas em que ele vive. Para Marx, o modo de produção da vida material condiciona o processo da vida social, política e espiritual em geral. Não é a consciência do homem que determina o seu ser, mas, pelo contrário, o seu ser social é que determina a sua consciência. Marx e o capitalismo Para Marx, o capitalismo, por meio da circulação mercantil, do trabalho, das forças produtivas e das relações de produção, domina tudo. Por isso, ele se dedica à reflexão sobre a exploração da força de trabalho e as consequências para toda a sociedade. Marx argumenta que o capitalista reúne em seu benefício vários saberes e com isso produz e acumula riquezas. Parte da riqueza produzida é paga para o trabalhador e a outra parte é acumulada pelo capitalista. A diferença entre o excedente acumulado e aquilo que é pago ao trabalhador é a mais-valia. O conceito de mais-valia Para Marx os capitalistas compram a força de trabalho dos homens para tentar obter sempre a maior quantidade possível de excedente. Por isso, ele entende que a lógica do capital é a da exploração do trabalho assalariado que, ao mesmo tempo, permite a circulação de pessoas como mercadorias. A vida em sociedade é marcada pela luta de classes, que se dá nas relações de produção e da mais-valia. Marx modificou o pensamento da sua época por ter ligado a política às condições materiais concretas, ao econômico, e por ter denunciado a exploração do capital pelo trabalho, que até então era considerada quase normal, ou ainda necessária para garantir a produção. Karl Marx e o Direito Marx conclui que o Direito é apenas um instrumento para revestir a força de legalidade e, nessa medida, dar suporte para a exploração do homem pelo homem. A igualdade das leis é meramente formal porque, na prática social, o que se percebe são homens detentores de meios de produção que utilizam a força de trabalho de outros e a remuneram de forma injusta. Ele conclui que as relações jurídicas são um meio de oficializar a exploração e fazê-la parecer justa. Por isso é que Marx defende uma revolução que supere as formas políticas e jurídicas do capitalismo e dê às classes trabalhadoras o direito de organizar a sociedade. A Revolução Russa A Rússia, antes de 1917, vivia o regime dos czares e enfrentava um momento de crise econômica com Maria Elaynne, 3º período-2020 forte repercussão social. Os principais protagonistas da Revolução Russa de 1917 foram: Vladimir Lênin e Leon Trotsky. A Revolução Russa exigiu do povo o devotamento ao trabalho, respeito pela autoridade pública, disposição para o sacrifício pessoal no interesse da sociedade e lealdade à pátria soviética e ao regime socialista. Essas eram as premissas fundamentais do cidadão russo. O lema que motivou os revolucionários foi bastante significativo: paz, terra e pão. Mikhail Gorbatchev e o fim da União Soviética Gorbatchev, entre suas maiores metas governamentais, empreendeu duas medidas: A perestroika(reestruturação) visava modernizar a economia russa com a adoção de medidas que diminuíam a participação do Estado na economia. A glasnost(transparência) tinha como objetivo abrandar o poder de intromissão do governo nas questões civis. No dia 29 de agosto de 1991, o Partido Comunista Soviético foi colocado na ilegalidade. O Estado Nacional-Socialista O Estado Nacional-Socialista aconteceu na Alemanha pós-Primeira Guerra Mundial, tendo o nacionalismo como componente essencial. Nessa concepção de organização política, o Estado é um meio e não um fim, ou seja, um meio para garantir o aprimoramento da comunidade. O nazifascismo adotou a lógica totalitária da mobilização de todos os recursos para, de forma hierarquizada, expandir a produção, favorecer a concentração produtiva e manter o controle de tudo nas mãos do Estado. A doutrina nacional-socialista adotada na Alemanha e com variação no fascismo italiano é contrária aos pressupostos da democracia liberal. A origem de todo o direito é o povo e o Estado é considerado uma emanação direta dele. A Alemanha do período da Segunda Guerra Mundial O povo é conduzido e guiado pelo governo, e este se encontra a serviço da comunidade. O indivíduo não tem esfera de liberdade individual que deva ser respeitada pelo Estado porque seus direitos são como membros de uma comunidade. Acrescentou a essa situação a doutrina nazista, que exigia a raça pura e negava totalmente os direitos daqueles que não fossem arianos. O Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães foi o principal responsável por constituir na Alemanha o III Reich, comandado pelo austríaco Adolf Hitler, que protagonizou enorme violência em toda a Alemanha e, mais tarde, na Europa durante a Segunda Guerra Mundial. A situação da Europa após a Segunda Guerra Mundial O final da Segunda Guerra Mundial deixou a Europa destruída. As ideias liberais não davam mais conta de organizar o Estado para um cidadão que, naquele momento, precisava de maior proteção. A experiência histórica mostrou que a concepção liberal do Estado Mínimo era incapaz de assegurar vida digna à maioria das pessoas. O Estado Liberal havia abdicado da intervenção no sistema econômico, de forma que a liberdade dos agentes econômicos era garantida para que pudessem agir como entendessem. A experiência histórica mostrou que a concepção liberaldo Estado Mínimo era incapaz de assegurar vida digna à maioria das pessoas. O Estado do Bem-estar Social Surge então a ideia de que o Estado é quem tem o papel de garantir acesso da população a um mínimo de segurança social, assegurado ao cidadão, não como uma forma de caridade, mas como direito político, previsto na Constituição Federal. A ideia fundamental é que todo cidadão tem direito de ser protegido tanto contra situações de curta duração, como de longa duração, que o impeçam de, por sua própria conta, garantir seu bem-estar. Assim, o Estado atuará nesses momentos de vulnerabilidade do cidadão para ajudá-lo a ter uma vida digna. A Doutrina social da Igreja Em 1891, a encíclica Rerum Novarum, do papa Leão XIII, retomou o pensamento de Santo Tomás de Aquino no sentido da justiça social. No documento o papa apelou para os empregadores, que respeitassem a dignidade de seus trabalhadores e não os tratassem como instrumentos de fazer dinheiro. Recomendou a formação de uniões de trabalhadores, o aumento do número de pequenos proprietários agrários e a limitação de horas de trabalho. Condenou o individualismo da sociedade liberal burguesa e defendeu a intervenção do Estado, quando exigida pelo bem comum, para salvaguardar os direitos da pessoa humana. Em 15 de maio 1961, ao completar 70 anos da encíclica Rerum Novarum, o papa João XXIII escreveu a encíclica Mater et Magistra, que determinou a prioridade do trabalho sobre o capital. O Estado do bem-estar social no Brasil Maria Elaynne, 3º período-2020 Os estudiosos são firmes em apontar que ainda não construímos um modelo de estado social que garantisse aos cidadãos acesso a seus direitos sociais. Porém, uma importante reflexão pode ser realizada sobre o Estado brasileiro pós-regime militar e a perspectiva de construção de um Estado do bem-estar a partir das normativas da CF/88. Os direitos estão garantidos pela lei, mas, na prática, o cidadão brasileiro comum ainda enfrenta enormes dificuldades para ter acesso aos direitos sociais com qualidade. Dessa forma, o Estado do Bem-estar Social no Brasil não chegou a ser uma realidade. O Estado do bem-estar social no Brasil Os estudiosos são firmes em apontar que ainda não construímos um modelo de estado social que garantisse aos cidadãos acesso a seus direitos sociais. Porém, uma importante reflexão pode ser realizada sobre o Estado brasileiro pós-regime militar e a perspectiva de construção de um Estado do bem-estar a partir das normativas da CF/88. Os direitos estão garantidos pela lei, mas, na prática, o cidadão brasileiro comum ainda enfrenta enormes dificuldades para ter acesso aos direitos sociais com qualidade. Dessa forma, o Estado do Bem-estar Social no Brasil não chegou a ser uma realidade. A promessa do Estado de bem-estar social na CF/88 Na medida em que a CF/88 retoma as promessas não cumpridas do Estado de bem-estar social, torna-se necessário empreender os esforços na consecução de tal ideal. A exigência de políticas públicas e prestações sociais efetivas determina ao Estado, além de planejamento, a intervenção em setores específicos da sociedade. Porém, existe um descompasso entre o texto e a realidade, tornando-se premente a necessidade de identificar o que obsta a implementação de tal modelo estatal no Brasil. Por isso, é preciso reconhecer que a implantação desse projeto político e social ainda não se completou no Brasil e que, nesse sentido, há muito a ser feito, em especial no tocante à maior participação da população brasileira na construção da chamada cidadania ativa. Concepções de Estado no mundo contemporâneo A partir da década de 1980 o liberalismo econômico ganha nova vitalidade e ressurge como neoliberalismo, trazendo com ele um outro fenômeno, a globalização. As ideias originalmente expostas por Friedrich Hayek, logo após a Segunda Guerra Mundial, ressurgiram na Universidade de Chicago, em torno de Milton Friedman, cunhando-se, para caracterizá-las, a denominação neoliberalismo. A nova ideologia passou a contar, desde logo, com o apoio político dos Estados Unidos e do Reino Unido. Em 1979, Margareth Thatcher inicia o desmonte do Estado de Bem-estar Social, sob alegação de que o Estado não possuía mais recursos para garantir tantos direitos sociais para os cidadãos. Assim, ela dá início a um movimento que se alastra por outros países e que, a bem da verdade, ainda não se encerrou totalmente. As recomendações principais da doutrina neoliberal Redução acentuada dos poderes do Estado na regulação da vida econômica e também dos direitos sociais, a fim de assegurar, segundo se garantia, maior eficiência na atividade empresarial. Privatizações em massa de empresas, mesmo nos setores de infraestrutura, bem como no setor de serviços públicos. Generalizada abolição dos regulamentos administrativos em matéria econômica, mesmo nos setores em que tradicionalmente tais regulamentos sempre existiram. Assim, o liberalismo econômico ganha nova vitalidade e ressurge como neoliberalismo, trazendo com ele um outro fenômeno ainda hoje muito estudado, a globalização. Mudanças na política financeira estatal, com a eliminação dos déficits públicos, a redução da carga tributária (substituída em grande parte pela emissão de empréstimos públicos) e a supressão de subsídios estatais a certas atividades econômicas. A mais grave consequência da política neoliberal, estendida em pouco tempo ao mundo inteiro foi, sem dúvida, a precarização do conjunto de direitos da classe trabalhadora. Desse modo, embora a Constituição Federal brasileira tenha um extenso rol de direitos sociais previstos para serem disponibilizados pelo Estado para os cidadãos, a realidade social brasileira ainda é bastante precária na efetividade desses direitos. Friedrich Hayek Economista, ganhador do Prêmio Nobel de Economia em 1974. Para Hayek, a economia pode ser considerada como um sistema muito complexo para ser planejada apenas por uma instituição central, a economia deve ser evoluída espontaneamente, a partir do livre- mercado, não havendo nenhuma intervenção do Estado. As economias de planejamento central impõem a visão de uma pessoa, restringindo sua liberdade individual de se Maria Elaynne, 3º período-2020 comunicar e também a capacidade das empresas de fazer comércio. O papel central do governo, disse Hayek, deveria ser a manutenção do “Estado de direito”, com o mínimo possível de intervenção na vida das pessoas. Neoliberalismo no Brasil O “neoliberalismo” foi introduzido associado ao discurso da necessidade de modernização do país, com o governo Collor, em 1989, e se aprofundou nas décadas de 1990 e 2000. Inicialmente com ênfase nas reformas econômicas, na privatização e nas políticas sociais. Em seguida, modificando substancialmente a estrutura do Estado por meio de ampla reforma, consubstanciada em documento denominado Plano Diretor de Reforma do Aparelho do Estado (1995). No referido documento foram definidas as diretrizes da reforma e a nova configuração que o Estado brasileiro deveria assumir a partir de então. Funções do Estado neoliberal O novo Estado, denominado “social liberal”, teria como principal função a regulação, a representatividade política, a justiça e a solidariedade, devendo-se afastar do campo da produção e se concentrar na função reguladora e na oferta de alguns serviços básicos, não realizados pelo mercado. A implementação de reformas administrativas e gerenciais permitiria a focalização da ação estatal no atendimento das necessidades sociais básicas, reduzindo a área de atuação do Estado. Para proceder às mudanças apregoadas no âmbito do projeto neoliberal, deveriam ser removidos os constrangimentos jurídico-legais, notadamente de ordem constitucional, que impediam a adoção de uma administração ágil, com maior grau de autonomia, capazde enfrentar os desafios do Estado moderno. Mecanismo de redução do Estado neoliberal • A privatização: Venda de empresas públicas. • A publicização: Transferência da gestão de serviços e atividades para o setor público não estatal. • A terceirização: Compra de serviços de terceiros. As políticas sociais, para o pensamento neoliberal, não são compreendidas como direitos, mas como forma de assistir aos mais necessitados. Assim, as ONGs e o voluntariado devem ser estimulados a assumir responsabilidades. Todos esses elementos permitem afirmar que vivemos em um mundo globalizado, sob influência desse fenômeno altamente complexo. A globalização A globalização é associada a processos econômicos como a circulação de capitais, a ampliação dos mercados ou a integração produtiva em escala mundial. Mas descreve também fenômenos da esfera social, como a criação e expansão de instituições supranacionais, a universalização de padrões culturais e o equacionamento de questões concernentes à totalidade do planeta. O termo tem designado a crescente transnacionalização das relações econômicas, sociais, políticas e culturais que ocorrem no mundo. A globalização implica uma nova configuração espacial da economia mundial como resultado geral de velhos e novos elementos de internacionalização e integração. Aspectos positivos da globalização Aspectos econômicos: numa economia globalizada as empresas podem diminuir os custos de produção de seus produtos. Geração de empregos em países em desenvolvimento. • Aspectos científicos: A globalização faz circular de forma mais rápida e eficiente conhecimentos científicos e troca de experiências. • Aspectos culturais: Com a globalização ocorreu um aumento do intercâmbio cultural entre pessoas de diversos países do mundo. As principais transformações acarretadas pela globalização situam-se no âmbito da organização econômica, das relações sociais, dos padrões de vida e cultura, das transformações do Estado e da política. Em linhas gerais, é possível afirmar que a globalização tem aspectos positivos e negativos e que ambos devem ser analisados com cuidado e com muita profundidade teórico-metodológica. A forte contaminação de vários países em caso de crise econômica em um país ou bloco econômico de grande importância. A globalização favorece a transferência de empresas e empregos. A globalização pode provocar distorções cambiais, principalmente alta valorização de moedas locais de países em desenvolvimento. Facilidade de especulações financeiras, causando problemas para as finanças, principalmente dos países em desenvolvimento.
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