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DIREITO PROCESSUAL PENAL I - JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA

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1 
Arrazoados de Direito Processual Penal –I 
PROFESSOR: ADRIANO CONCEIÇÃO ABÍLIO 
 
 
 
JURISDIÇÃO 
 
 
Etimologia 
 
 Etimologicamente, a palavra “jurisdição” vem de jurisdictio, formada de jus, juris (direito) e 
de dictio, dictionis (ação de dizer, pronúncia, expressão), traduzindo, assim, a ideia de ação de 
dizer o direito. 
 
 
Conceito 
 
 Em sentido amplo, Jurisdição é o poder de conhecer e decidir, com autoridade, dos 
negócios e contendas que surgem dentro dos diversos círculos de relações da vida social, 
falando-se assim em jurisdição policial, administrativa, militar, eclesiástica etc. (Vicente de 
Azevedo). 
 
 
* Talvez por isso a antiga redação do caput do art. 4º do CPP empregava o termo “jurisdição” 
quando se referia à atividade policial. Com o advento da Lei nº 9.043/95, essa expressão foi 
substituída por “circunscrição” (melhor seria “atribuição”). 
 
 
 Em sentido restrito, Jurisdição é o poder das autoridades judiciárias, regularmente 
investidas no cargo, de dizer o direito no caso concreto (Paulo Lúcio Nogueira). 
 
 
 Hélio Tornaghi salienta que “o conceito de Jurisdição é ontológico, diz respeito ao poder 
em si, ao poder de julgar. O de Competência é metodológico. Jurisdição é força, é virtude, é 
princípio criador, algo positivo. Competência é simples possibilidade, qualidade daquilo que não 
contradiz, que não ultrapassa os limites impostos por Lei.” 
 
 
Elementos da Jurisdição 
 
 A Jurisdição é composta de certos elementos, isto é, atos processuais que devem ser 
praticados para que se chegue à decisão ou sentença. São cinco os elementos da jurisdição: 
 
1º) notio ou cognitio (conhecimento) – é o poder de conhecer uma causa e decidi-la; 
 
 
2º) vocatio (chamamento) – é o poder de fazer comparecer em juízo todo aquele cuja presença 
for necessária ao esclarecimento do caso sub judice, e de regular o andamento do processo; 
 
 
3º) coertio ou coertitio (coerção) – consiste na possibilidade de aplicar medidas de coação 
processual para que haja respeito e garantia da função jurisdicional; 
 
 
 2 
4º) judicio ou juditium (julgamento) – é o poder de julgar e pronunciar o direito ao caso concreto; 
 
 
 5º) executio (execução) – consiste no cumprimento da sentença, tornando obrigatória ou 
cumprida a decisão o que, no direito penal, é, em regra, automático. 
 
 
Divisão da Jurisdição 
 
 A doutrina processual costuma apresentar divisões e formas da jurisdição, conforme o 
aspecto em que esta é examinada, a saber: 
 
 
1) Quanto à categoria ou graduação, a jurisdição pode ser inferior, que corresponde à 1ª 
instância, integradas por comarcas, conforme a organização judiciária de cada Estado; e 
superior, integrada pelos tribunais. Daí a distinção entre instância e entrância, sendo esta a 
categoria da comarca, e aquela o grau de jurisdição; 
 
 
2) Quanto à matéria a ser tratada, a jurisdição pode ser penal, civil, eleitoral ou militar, 
dependendo da natureza da causa; 
 
 
3) Quanto ao organismo, pode ser estadual, se exercida pelos juízes estaduais (Justiça 
Comum), destinada a julgar a maioria das ações; ou federal, quando julga as causas de 
interesse da União (Justiça Federal). 
 
 
4) Quanto ao objeto, a jurisdição pode ser contenciosa, em que há litígio, constituindo a 
maioria das causas; e graciosa ou voluntária, quando há consenso das partes (ex. 
separação consensual), chegando alguns a dizer que neste tipo não haveria jurisdição 
propriamente dita, já que não existe julgamento. No processo penal não existe jurisdição 
voluntária; 
 
 
5) Quanto à função, pode ser ordinária ou comum, concernente aos órgãos da justiça comum; 
especial ou extraordinária, quando, por exceção, outro órgão está investido do poder de 
julgar, como o Senado, nos crimes de responsabilidade dos presidentes e dos ministros (Lei. 
nº 7.079/50); 
 
 
6) Quanto à competência, a jurisdição é determinada pelas leis de organização judiciária 
estadual, que disciplinam os órgãos julgadores, podendo ser plena, quando o juiz tem 
competência para julgar todos os casos ou ações, ou limitada, quando sua competência é 
restrita a certos casos, como ocorre nas cidades onde há diversas varas. 
 
 
 Fala-se, ainda, em jurisdição exclusiva, quando o órgão jurisdicional tem competência 
apenas para determinados crimes, como é o caso do Júri, e cumulativa, quando não há essa 
delimitação. 
 
 
 
 
 3 
Princípios da Jurisdição 
 
 As garantias para aplicação da Lei dão origem a certos princípios que são fundamentais na 
atividade jurisdicional, alguns de natureza constitucional, e, para garantir que o indivíduo tenha a 
possibilidade de se posicionar dentro do processo, buscando preservar seu jus libertatis, a 
Jurisdição está adstrita a alguns princípios : 
 
 
1) Princípio do Juiz Natural ou Constitucional – consagrado pelo artigo 5º, LIII da Constituição 
Federal, dispondo expressamente que “ninguém será processado nem sentenciado senão 
pela autoridade competente”, reforçando tal garantia com a disposição de que “não haverá 
juízo ou tribunal de exceção” (art. 5º, XXXVII da CF). Corolário da regra deste princípio é o do 
nulla poena sine judicio, ou seja, o princípio do devido processo legal (art. 5º, LIV da CF), ( tb. 
princípio da processualidade); 
 
 
2) Princípio da investidura – a Jurisdição só pode ser exercida por quem tenha sido 
regularmente investido no cargo e esteja em exercício. A falta de jurisdição importa nulidade 
do processo e da sentença e dá lugar ao excesso do poder jurisdicional. A usurpação de 
função pública, como a jurisdicional, constitui crime (art. 328 do CP); 
 
 
3) Princípio da imparcialidade do Juiz – é um dos mais importantes, pois o juiz deve colocar-
se acima das demais partes. Não pode haver relação processual válida se não houver juiz 
imparcial; 
 
 
4) Princípio da iniciativa das partes ou titularidade ou da inércia (“ne procedat judex ex 
officio”) – o juiz não pode agir sem ser provocado, mesmo na esfera penal, em que há 
interesse público. Não sofre agora mais exceção, pois a Constituição concede exclusivamente 
ao Ministério Público a acusação pública (art. 129, I), e é privativa da vítima ou seu 
representante legal a ação de iniciativa privada (art. 30 do CPP). 
 
 
5) Princípio da indeclinabilidade (ou inafastabilidade ou controle jurisdicional) – nenhum juiz 
pode subtrair-se ao exercício de sua função jurisdicional ( art. 5º, XXXV da CF); Conseqüência 
disso, há também o princípio da indelegabilidade, proibindo-se a delegação, exceto nos casos 
taxativamente permitidos, como nas precatórias; 
 
 
6) Princípio da improrrogabilidade – como o juiz não pode invadir a jurisdição alheia, também 
não pode o crime da competência de um juiz ser julgado por outro, mesmo que haja 
concordância das partes. O que pode ocorrer, por vezes, é a prorrogação da “competência” 
(arts. 73,76-83 do CPP); 
 
 
7) Princípio da inevitabilidade (ou da irrecusabilidade) – as partes estão sujeitas o juiz que o 
Estado lhes deu e que não pode ser recusado, a não ser nos casos de suspeição, 
impedimento, incompetência ( art. 95 e s.); 
 
 
8) Princípio da relatividade (ou da correlação) – deve haver correspondência entre a sentença 
e o pedido, como garantia da ampla defesa, pois não pode haver julgamento extra ou ultra 
 4 
petita, isto é, fora ou além do pedido; Os fatos descritos na denúncia ou queixa delimitam o 
campo de atuação do poder jurisdicional; 
 
 
9) Princípio da Motivação das Decisões – é o princípio que traz ao juiz a obrigação de 
justificar, fundamentando, as suas decisões. 
 
 
* Verifica-se, assim, que tais princípios são imprescindíveis à regularidade processual, sob 
pena de nulidade. 
 
 Características da Jurisdição 
 
 
 Para que haja atividade jurisdicional, esclarece Giovani Leone, é preciso se observem três 
condições, que Alfredo Rocco denomina formas externas da atividade jurisdicional, ou seja, 
características formais indeclináveis, a saber: 
 
 
a) um Órgão Adequado (juiz),distinto das partes, e, diverso dos órgãos que exercem as demais 
funções estatais de legislar e administrar, colocado em posição de independência para 
exercer sua função serena e imparcialmente; 
 
b) respeito ao Princípio do Contraditório (audiatur et altera par), o que permite às partes 
propugnar por seus interesses, fazendo valer s suas razões em pé de igualdade, a fim de que 
a autoridade judiciária aplique o direito; 
 
c) necessidade de um Procedimento seguro, ou seja, a observância das regras estabelecidas 
para garantir o livre desenvolvimento do direito e das faculdades das partes e, ao mesmo 
tempo, assegurar justa solução do caso; 
 
d) Substitutividade – o Órgão jurisdicional declara o Direito ao caso concreto, substituindo à 
vontade das “partes”; 
 
e) Definitividade – ao encerrar o processo, a manifestação do juiz torna-se imutável. 
 
 
COMPETÊNCIA 
 
Conceito 
 
 O poder de julgar, ou jurisdição, é distribuído entre os vários órgãos do Poder Judiciário, 
por meio da Competência, que é a medida e o limite da Jurisdição (JFM). 
 
 
 Assinalou Piero Calamandrei que a fixação da competência se dá por meio da paulatina 
concretização do poder jurisdicional. Jurisdição é a função que tem todo órgão judiciário. Juiz é 
aquele que julga, é o órgão estatal investido do poder de julgar. Todavia, as limitações 
estabelecidas pela competência especificam o âmbito desse poder: o juiz de determinada vara de 
uma certa comarca somente exerce o poder jurisdicional em relação a alguns casos criminais e 
durante determinadas fases dos processos em que esses casos são apreciados e focalizados. 
 
 
 
 5 
Divisão Clássica 
 
A limitação da jurisdição é feita em vários planos, levando-se em conta o território, matéria 
e a função. Daí a clássica distinção da competência, a saber: 
 
 
1) Em razão do Lugar (ratione loci) – é o critério mais indicado para o processo, por vários 
motivos, dentre os quais se sobressaem dois: a prevenção geral e a economia processual; 
 
 
2) Em razão da matéria (ratione materiae) – a competência será determinada pelas leis de 
organização judiciária dos Estados, salvo quanto à competência do Júri Popular para os 
crimes dolosos contra a vida, que é preceito constitucional e processual; 
 
 
3) Em razão da pessoa (ratione personae) – é a ditada pela função que a pessoa exerce, o que 
lhe dá direito a foro especial. 
 
 
Critérios adotados pelo nosso processo 
 
 O nosso processo penal adotou, no artigo 69, vários critérios para a fixação da 
Competência, tendo em vista as regras clássicas em razão do lugar (como regra geral), em razão 
da matéria (natureza da infração), e em razão da pessoa (prerrogativa da função). Os demais 
critérios não se prendem às regras clássicas, mas às conveniências da apuração dos fatos, que 
não podem ser prejudicados por rígidos formalismos. (PLN) 
 
 
 O artigo 69 do CPP fixa a competência do foro nos incisos I e II; indica, em seguida, nos 
incisos III e IV, a do juízo; nos três restantes, isto é, V, VI e VII, aponta três causas da deslocação 
da competência. 
 
 
 O art. 69 e seguintes do Código de Processo Penal Pátrio não exaurem o assunto, havendo 
outras regras especiais. 
 
 
Lembra o Prof. Hélio Tornaghi, por exemplo, o caso de Desaforamento de crime do Tribunal 
do Júri Popular de uma cidade para outra (art. 424), se o reclamar o interesse da ordem pública, 
se houver dúvida sobre a imparcialidade do Júri ou sobre a segurança pessoal do Réu, ou se o 
julgamento não se realizar no período de um ano, contado do recebimento do Libelo. 
 
 
 Para se saber qual o Juízo Competente, deve-se observar algumas regras, qual sejam: 
 
 
 1) Em primeiro lugar, cumpre-se determinar qual o Juízo Competente em razão da 
Matéria, isto é, em razão da natureza da infração penal. 
 
 
 Para a fixação dessa Competência racione materiae importa verificar se o julgamento 
compete à Jurisdição comum ou especial (subdividida em eleitoral, militar e política). 
 
 
 6 
 A Constituição Federal estabelece as seguintes jurisdições especializadas: 
 
 
a) Justiça Eleitoral: para o julgamento de infrações penais dessa natureza (arts. 118 a 121). 
 
 
b) Justiça Militar: para processar e julgar os crimes militares definidos em Lei (art. 124). 
 
 
c) Competência Política do Senado Federal (atividade jurisdicional atípica): para processar e 
julgar o Presidente da República, o vice, o Procurador-geral da República, os Ministros do STF 
e o Advogado-geral da União, nos crimes de responsabilidade (art. 85, I a VII), e os Ministros 
de Estado nestes mesmos crimes, desde que conexos aos do Presidente ou do vice (art. 52, I 
e II). 
 
 
* Ao lado dessas Jurisdições especiais (típicas ou não), a Constituição prevê a Jurisdição 
Comum Estadual ou Federal. À Justiça Comum Federal ver artigo 109, IV; à Justiça Comum 
Estadual compete tudo o que não for de competência das Jurisdições Especiais e Federal 
(Competência Residual). 
 
 
 2) Fixada a competência em razão da Matéria, cumpre verificar o grau do órgão 
jurisdicional competente, ou seja, se o órgão incumbido do julgamento é Juiz, Tribunal ou Tribunal 
Superior. 
 
 
 Essa delimitação de Competência é feita pela Constituição Federal, de acordo com a 
prerrogativa de função, que é a chamada Competência ratione personae. 
 
 
 De fato, confere-se a algumas pessoas, devido à relevância da função exercida , o direito 
de serem julgadas em Foro Privilegiado. Não há que se falar em ofensa ao Princípio da 
Isonomia, já que não se estabelece a preferência em razão da pessoa, mas da função. 
 
 
 A Competência ratione personae está assim, resumidamente, distribuída: 
 
 
a) Supremo Tribunal Federal (art. 102, I, a e c); 
 
b) Superior Tribunal de Justiça (art. 105, I, a); 
 
c) Tribunais Regionais Federais (art. 108, I, a); 
 
d) Tribunal de Justiça de São Paulo (art. 74, I e II, da CE)- ver art. 125 CF. 
 
 
 7 
3) Verificada a Competência racione materiae e personae, cabe, agora, fixar a Competência 
em razão do lugar, porque é necessário saber qual será o Juízo Eleitoral, Militar, Federal ou 
Estadual dotado de Competência em razão do Territorial. 
 
 
A Competência de Foro é estabelecida de modo geral, racione loci, em atenção ao lugar onde 
ocorreu o delito (art. 70 CPP). Essa Competência é firmada subsidiariamente pelo domicílio ou 
residência do réu, quando desconhecido o lugar da infração (art. 72 CPP). 
 
 
* “Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá preferir o foro de domicílio ou da 
residência do réu, ainda quando conhecido o lugar da infração” (art. 73 CPP). 
 
 
4) Estabelecida a Competência de Foro, pelo lugar da infração ou pelo domicílio ou residência 
do réu, é por Distribuição entre os Juízes da Jurisdição que se fixa a Competência concreta 
daquele perante o qual se movimentará a ação penal (art. 75 CPP). 
 
 
 
* Não se procede à distribuição, quando verificarmos as hipóteses descritas nos artigos 70, § 
3º e 71; 72, §§ 1º e 2º; 74, § 1º; 76 a 78; 83, todos do Código de Processo Penal Pátrio. 
 
 
 * Os autores Ada Pellegrini Grinover, Antonio Scarance Fernandes e Antonio Magalhães 
Gomes Filho, apontam o seguinte caminho para se detectar a Competência, ou seja, em primeiro 
lugar, deve-se procurar saber se o crime deve ser julgado pela Jurisdição comum ou 
especializada; depois, se o agente goza ou não da garantia de foro privilegiado; em seguida, qual 
o Juízo dotado de Competência territorial; por último, dentro do Juízo territorialmente 
Competente, indaga-se qual o Juiz competente, de acordo com a natureza da infração penal e 
com o critério interno de distribuição. 
 
Competência Material e Competência Funcional 
 
 
A Competência Material é delimitação de Competência ditada por três aspectos: 
 
 
a) ratione materiae (art. 69, III, CPP): em razão da relação de direito, isto é, em razão da 
natureza da infração penal; por exemplo, o Júri popular tem Competência para julgar os 
crimes dolososcontra a vida (CF, art. 5º, XXXVIII) e a Justiça Eleitoral, para o julgamento dos 
crimes e contravenções eleitorais; 
 
 
b) racione personae (art. 69, VII, CPP): em razão da qualidade da pessoa do réu, como nos 
casos de Foro especial por prerrogativa de função; 
 
 
c) racione loci (art. 69, I e II): em razão do território, levando-se em conta o lugar da infração ou 
da residência ou domicílio do réu. 
 
 
 
 8 
A Competência Funcional é ditada por outros três aspectos: 
 
 
a) Fase do Processo: pode haver Juiz do Processo, Juiz da Execução, Juiz do Sumário da Culpa 
do Júri etc.; 
 
 
b) Objeto do Juízo: no Júri, ao Juiz togado incumbe resolver as questões de Direito que se 
apresentarem durante os debates (art. 497, X), lavrando a sentença condenatória ou 
absolutória (art. 492) e fixando a pena, enquanto aos jurados compete responder aos quesitos 
que lhes forem formulados (art. 481); 
 
 
c) Grau de Jurisdição (Competência Funcional Vertical): a Competência pode ser originária 
(como no Foro por Prerrogativa de Função) ou em razão do Recurso (Princípio do Duplo grau 
de Jurisdição). 
 
 
Competência por Conexão e Continência 
 
 
 As doutrinas Pátria e Alienígenas não são, ainda hoje, concordes quanto à distinção entre 
Conexão e Continência. 
 
 
 Borges da Rosa chega a afirmar que a diferença entre Conexão e Continência “não 
constitui um critério verdadeiramente científico, mas apenas uma diferenciação bizantina”. Isto 
porque “a expressão Continência, portanto, além de na espécie jurídica não se diferenciar 
cientificamente da Conexão ou Conexidade, é imprópria. Assim, usamos somente a expressão 
Conexão” 
 
 Fernando da Costa Tourinho Filho critica a distinção entre continência e Conexão, sob a 
alegação de que não existe interesse prático em extremá-las. Se ambas têm os mesmos efeitos, 
por que distingui-las? 
 
 Hélio Tornaghi discorda de muitas legislações que consideram a Continência como 
espécie do gênero Conexão. Em sua opinião “andou bem a Lei Brasileira distinguindo”. 
 
 José Frederico Marques comunga com o mesmo pensamento ao externar: “Esta 
distinção, que alguns acoimam de bizantina e outros de errônea, está hoje aceita pela ciência 
penal”. 
 
Competência por Conexão (art. 76 CPP) 
 
 
Conexão é o nexo, a dependência recíproca que os fatos guardam entre si. Há conexão 
quando duas ou mais infrações estiverem entrelaçadas por um vínculo, um nexo, um liame que 
aconselha a junção dos processos, propiciando, assim, ao julgador perfeita visão do quadro 
probatório. 
 
 
São efeitos da Conexão a reunião das ações penais em um mesmo Processo e a 
prorrogação de Competência. 
 
 9 
* Ressalte-se que não ocorre a modificação da Competência e sim a prorrogação, pois o Juízo 
que exerceu a força de atração era também competente. 
 
 
Hipóteses de Conexão 
 
 
1) Intersubjetiva, Subjetiva ou Moral, Subjetiva-objetiva ou meramente Ocasional: (art. 76, I) 
 
 
a) por simultaneidade – duas ou mais infrações praticadas ao mesmo tempo, por diversas 
pessoas reunidas. * A causa comum é, sem dúvida, a reunião ocasional de várias pessoas. Não 
existe assentimento prévio entre elas, pois, se assim fosse, haveria concurso de pessoas (art. 29 
do CPB). 
Por exemplo: Na hipótese de em decorrência de um crime culposo de Trânsito, uma carreta 
carregada de cerveja tombar e diversas pessoas, reunidas ocasionalmente, praticarem a 
subtração de mercadorias e, ainda, recusarem-se a prestar socorro às vítimas, depredando, em 
seguida, o caminhão, teremos diversas infrações penais ( crime culposo de Trânsito, furto, dano e 
omissão de socorro), por diversas pessoas, unidas ocasionalmente. (Nexo objetivo, material – 
praticadas ao mesmo tempo / Nexo subjetivo – vários sujeitos ativos); 
 
 
b) por concurso, concursal – a infração penal praticada por várias pessoas em concurso (duas ou 
mais infrações penais), ainda que em circunstâncias diversas de tempo e lugar. Por exemplo: 
membros de uma quadrilha que comete delitos em diversas localidades. (Nexo aqui é subjetivo - 
entre pessoas - e não ocasional), ou seja, nessa hipótese há prévio ajuste entre os autores para 
praticarem, cada um, infrações diferentes, em lugar ou tempo diferentes; 
 
 
d) por reciprocidade – a infração praticada por diversas pessoas, umas contra as outras. Por 
exemplo no caso da Rixa, ou dos integrantes de duas turmas de rua que praticam, uns contra 
os outros, injúrias, ameaças, lesões corporais etc. 
 
2) Objetiva, Lógica ou Material*: (art. 76, II) 
 
 
a) teleológica – quando uma infração tiver sido cometida para facilitar a execução de outra. Por 
exemplo a agressão contra o pai para raptar a filha; 
 
 
b) conseqüencial – quando uma infração tiver sido cometida para ocultar, garantir vantagem ou 
impunidade de outra. Por exemplo: 
 
 
- Ocultar – é o que se verifica se o agente subtrai diversos objetos do interior de uma casa e, 
para ocultar o furto, ateia fogo nesse imóvel; 
 
- consecução da impunidade – é o que se verifica se ocorrer por parte do agente, o 
espancamento da única testemunha de um crime; 
 
- consecução da vantagem – é o que se verifica na agressão do co-autor do furto para ficar com 
a res furtiva. 
 
 
 10 
3) Instrumental, probatória ou processual: (art. 76, III) 
 
Quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias elementares influir na 
prova da outra infração. Por exemplo: 
 
- quando a prova de uma infração influir na prova da outra – a do crime de Furto e Receptação, 
do mesmo objeto. Há duas infrações. Como a prova produzida para a apuração do furto deve 
influenciar a da receptação (o receptador sabia ou não da procedência ilícita da res), 
recomenda-se a instauração de um único processo; 
 
- quando as circunstâncias elementares de uma infração influir na prova da outra - o de 
destruição de cadáver em que o de cujus foi vítima de homicídio, em que é preciso comprovar-
se a ocorrência da morte da vítima, ou seja, de que foi destruído um “cadáver”. 
 
Em outras palavras, para que se reconheça a existência da Conexão Instrumental, é 
imprescindível não só que a prova de uma infração ou de suas circunstâncias influa na outra, 
como também – e principalmente – que haja relação de prejudicialidade entre as infrações 
apuradas. 
 
Competência por Continência (art. 77 CPP) 
 
 
 A Continência determinará a Competência do caso penal nas hipóteses do artigo 77 do 
Código de Processo Penal Pátrio, ou seja, diz-se que há Continência quando uma causa penal 
está contida em outra, não sendo possível a separação, a cisão. 
 
 
* É costume dizer-se que a Conexão e a Continência modificam a Competência. Essa afirmação, 
porém, somente é válida no que concerne à Competência em abstrato, ou seja, no caminho que 
se desenvolve antes da fixação definitiva, em concreto. O Desaforamento, sim, modifica a 
Competência em concreto, depois de definitiva. A Conexão e a Continência atuam antes dessa 
definição (Vicente Greco Filho). 
 
 
 Ensina José Frederico Marques que a Conexão e a Continência não são causas 
determinantes da Competência (de fixação de Competência), como o lugar da infração, o 
domicílio do réu etc., mas motivos que determinam sua alteração, pois, o Juízo que exerceu a 
força de atração era também competente. 
 
 
Hipóteses de Continência 
 
 
 
1) Continência por Cumulação Subjetiva: (art. 77, I) 
 
 
Quando duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração; é a hipótese do 
concurso de agentes (art. 29 do CP), isto é, quando houver pluralidade de agentes e unidade de 
infração. 
 
 
 
 
 11 
2) Continência por Cumulação objetiva: (art. 77, II) 
 
Ocorre quando uma única conduta delituosa gerar pluralidade de eventos típicos. Pode 
ocorrer em três casos: 
 
 
a) Concurso Formal (art. 70 do CP) 
 
b) Erro na Execução (aberratio ictus) (art. 73 do CP) 
 
c) ao resultado diverso do pretendido (Aberratio delicti) (art. 74 do CP). 
 
 
* Tanto a Conexãoquanto a Continência visam à unidade e à economia processual, bem como 
estabelecem decisão única, evitando, assim, sentenças conflitantes que representam situação 
única. 
 
 
 Na Conexão, ocorre a união entre dois ou mais fatos juridicamente relevantes, de modo que 
todos eles devem ser processados e julgados através de ação única. 
 
 
 Na Continência, duas ou mais pessoas são acusadas da mesma infração, ou o 
comportamento do sujeito representa concurso formal, aberratio ictus ou aberratio delicti. 
 
 
Regras para se fixar o “Forum Attractionis” 
Foro Prevalente 
 
 
 Evidente que, nas hipóteses de Conexão e Continência , como deve haver um simultaneus 
processus, é preciso que uma infração exerça uma vis attractiva sobre as demais, prorrogando, 
assim, a Competência do Juízo de atração. O artigo 78 do Código de Processo Penal Pátrio 
estabelece estas regras. 
 
 
Exceções à regra 
(Separação dos processos) 
 
 
 Estão previstas nos incisos I e II e §§ 1º e 2º do artigo 79 (Separação Obrigatória), bem 
como no artigo 80 (Separação Facultativa /a enumeração não é taxativa ), todos do Código de 
Processo Penal Pátrio. 
 
 
“Perpetuatio jurisdictionis” 
 
 O artigo 81 do Código de Processo Penal cuida da chamada perpetuatio jurisdictionis, 
quando se dá o desaparecimento do motivo (a vis attractiva) que determinou a reunião dos 
processos por Conexão ou Continência. Exemplo: Se um Juiz de direito e seu funcionário 
cometerem determinado delito em concurso (Continência por cumulação subjetiva – art. 77, I, 
CPP) e vierem a ser processados perante o Tribunal de Justiça, caso o Juiz venha a ser 
absolvido, continuará o Tribunal competente para o julgamento do servidor. 
 
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Exceção ao Princípio da “perpetuatio jurisdictionis” 
 
 
 O artigo 81, parágrafo único do Código de Processo Penal refere-se à competência do Júri, 
que, por suas peculiaridades, levou o legislador a criar uma exceção ao princípio da perpetuatio 
jurisdictionis. Assim, quando reconhecida inicialmente a Competência do Júri, por Conexão ou 
Continência, e o Juiz vier a desclassificar a infração ou impronunciar ou absolver o Acusado, de 
maneira que exclua a Competência desse Órgão, remeterá o processo ao Juiz Competente. 
Se não há crime doloso contra a vida a ser apreciado pelo Tribunal do Júri, desaparece o motivo 
da reunião dos processos e, logicamente, as demais infrações penais não serão julgadas 
também por esse Órgão Judiciário. 
 
* Essa regra somente tem aplicação na primeira fase de julgamento pelo Júri (judicium 
acusationis), que se encerra com a Sentença/Decisão de Pronúncia, impronúncia, 
desclassificação ou absolvição sumária do Acusado. Por outro lado, se a absolvição ou 
desclassificação ocorreram já na segunda fase (judicium causae), que termina com o julgamento 
pelo Tribunal do Júri, a seu Juiz Presidente competirá proferir sentença em relação ao crime 
conexo (art. 74, § 3º, e art. 492, § 2º, CPP). 
 
 
Reunião dos Processos 
 
 
 Se, não obstante a Conexão ou a Continência, forem instaurados processos diferentes, o 
artigo 82 do Código de Processo Penal permite à autoridade de Jurisdição Prevalente avocar os 
processos que corram perante os outros Juízes, salvo se já estiverem com sentença definitiva. 
Nesse caso, a unidade dos processos só se dará, ulteriormente, para efeito de soma ou 
unificação de pena. 
 
 
 Exemplo: Se o agente cometer dois furtos na forma continuada e, contudo, forem instaurados 
dois inquéritos policiais que resultaram em ações penais, distribuídas em varas criminais distintas, 
o primeiro Juiz de direito a despachar em relação à investigação policial terá sua Competência 
Prorrogada e deverá julgar ambos os processos. Para garantir essa regra, de acordo com o artigo 
82 do CPP, esse Magistrado deverá avocar o processo instaurado perante a outra Vara da 
Comarca.

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