Maria da Conceição Tavares 1972 Fichamento Desenvolvimento e igualdade - PARTE 1

@import url(https://fonts.googleapis.com/css?family=Source+Sans+Pro:300,400,600,700); Maria da Conceição Tavares 1972 \u2013 Fichamento \u2013 Desenvolvimento e igualdade - PARTE 1

Durante o século XIX, a economia brasileira era uma economia exportadora de bens primários, e uma economia expressamente periférica e dependente. Era por isso impactada diretamente por flutuações dos preços dos artigos estrangeiros.

A 2GM fez com que o Brasil voltasse sua atenção para o mercado interno na busca para desenvolver novas atividades produtivas que substituíssem as importações. O período pós depressão revelou que o Brasil possuía certo poder sobre a região da América Latina e do Sul no que diz respeito a forte exportação de produtos agrícolas e importação de bens primários em grande volume, dessa forma, era interessante pensar formas para desenvolver industrialmente e urbanizar o país.

O desequilíbrio externo causado pela 2GM foi freado com o fortalecimento da demanda interna por meio da expansão da capacidade produtiva estimulando a diversificação da produção a fim de substituir as importações pelo mercado interno.

Os latifundiários não perderam lucro ou rentabilidade com o deslocamento produtivo, o que houve foi justamente a inserção dos latifundiários no setor industrial. Os centros produtivos se tornaram mais dinâmicos conforme ocorre nos modelos de desenvolvimento, mas foi pura coincidência. O território Rio \u2013 São Paulo foi destaque na industrialização e se tornou o centro dinâmico do país. Além disso, por meio do mecanismo cumulativo (efeito multiplicador de expansão da demanda) que o processo de substituição de importação se tornou efetivo (lembrança: algumas regiões sofreram por causa da elevação drástica dos desequilíbrios entre as regiões).

Após o término da guerra, o Brasil se encontrou economicamente melhor do que as demais regiões da América Latina, o Brasil recuperou sua capacidade de exportação do período pré guerra. Até 1954 o preço do café registrou elevação e as condições externas passaram a ser desfavoráveis para o país. O processo de substituição de importações não era mais tão eficaz, sendo assim, eram necessárias novas vias para o desenvolvimento industrial continuar.

Para defender a economia e sua industrialização, o Governo adotou o mecanismo de orientar e dar capacidade produtiva ao setor privado. Beneficiados, os empresários passam a importar grande volume de equipamentos e diversificação da produção. Essa manutenção industrial foi o que permitiu a continuidade do desenvolvimento nos períodos seguintes e gerou emprego renda por meio do efeito multiplicador, além de possibilitar o alcance de novas fases da industrialização.

Política Econômica Governamental:

Política de comércio exterior: controle quantitativa da taxa de câmbio e limitação e escolha dos produtos importados; utilização dos lucros de câmbio obtidos com a venda de divisas (ativos) como forma de captar recursos e financiar serviços do setor público.

Política de investimento: investimento na Petrobrás e Volta Redonda, fortalecimento do setor de infraestrutura e criação do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico. As políticas de investimento se inseriam no programa d metas, que era uma tentativa d alcançar o planejamento econômico, social e urbano a nível nacional e integrar a economia nacional.

O desenvolvimento do Brasil tem como base pressões inflacionárias, desequilíbrio externo e a forte desigualdade regional. O processo de substituição de importação garantiu o crescimento econômico brasileiro frente aos países da américa latina, apesar de sua estrutura industrial precária.

B- Resposta ao estrangulamento externo

O desenvolvimento do Brasil é caracterizado pelas limitações do setor externo. Em primeiro lugar, tem-se as limitações no setor de importação, estas forçam a economia nacional a produzirem o que não conseguem importar.

1- os aspectos do estrangulamento externo brasileiro

Durante os anos da Grand Depressão e IIGM o brasil reduziu 50% da sua capacidade de importação. Após a guerra, o Brasil registrou um cenário favorável ao crescimento, a partir de 1945 as condições de crescimento e desenvolvimento eram melhores do que as condições do período pré guerra. Foi somente após a guerra findar que o Brasil recupera sua capacidade de importação e registra melhorias em suas relações de troca exteriores.

Em 1954, o brasil passa a registrar pioras em seu setor externo. Há queda no preço do café e a elasticidade era baixa, assim novamente o setor de importação brasileiro teve redução em sua capacidade de importação e sobreviveu devido ao financiamento externo.

Se confrontarmos a situação externa atrás descrita com os dados anuais do Balanço de Pagamentos, a correlação não é muito evidente pelos motivos já apontados. Assim embora os deficits de transações em conta corrente tenham adquirido uma maior constância e tendência ao agravamento nos últimos anos, a situação do Balanço de Pagamentos foi, em todo o período, de um modo geral deficitária e, paradoxalmente, nos anos 1951/52, em que ocorreu uma melhoria acentuada do poder de compra das exportações, o desequilíbrio apresentou-se relativamente

mais violento. Este último se deveu, evidentemente, a um aumento intenso das importações (sobretudo de bens de capital) feitas em caráter acautelatório em face das antecipações geradas pela eclosão da guerra da Coreia, e cujo montante ultrapassou de muito a expansão da capacidade para importar decorrente da melhoria das relações de intercâmbio.\u2019\u2019

As restrições das importações nascem por causa dos desequilíbrios do balanço de pagamentos e da capacidade de importação da economia nacional. Não houve, de fato, uma relação direta entre esses dois aspectos, mas percebe-se que a redução e a estagnação na capacidade de importação implicam déficit do balanço de pagamentos. Os déficits do balanço de pagamentos podem ocorrer por conta de fatores endógenos e exógenos.

Após a guerra o Brasil consegue alcançar um nível de exportação melhor do que no período pré guerra. O poder de compra das exportações em nível total quase triplicou de se comparado ao período pré guerra em 1940 e ao período pós guerra 1950. A melhora foi tão significativa que possibilitou recuperação nos termos per capitas da economia.

Pós Guerra \u2013 \u2018\u2019euforia cambial\u2019\u2019 fez as divisas (moedas) acumuladas durante o período da guerra e conturbação econômica e social mundial acabar, isto pressionou as importações fazendo-se necessário políticas cambiais para seu controle.

No pós guerra, na primeira fase do déficit poderia ter como motivo fatores exógenos associados a guerra, todavia nos anos posteriores a guerra o que causava desequilíbrio eram fatores estruturais como as mudanças no balanço de pagamento onde constava uma redução da participação das exportações brasileiras no setor externo, as exportações caíram de 92% no período 1948-1952 na receita do balanço de pagamentos para 66% em 1960. A redução das exportações fez com que a dívida externa brasileira se agravasse restando como única opção reduzir as importações, foi somente a entrada líquida de capitais que possibilitou que uma parcela das importações continuasse.

A substituição de importações como resposta ao estrangulamento externo

A partir da grande depressão e das mudanças que as economias foram forçadas a realizar, a substituição de importação permitiu que a economia brasileira se rearranjasse. Esse processo ISI ampliou a produção industrial e fortaleceu o seu desenvolvimento, permitiu que novos investimentos ocorressem e acelerou o crescimento econômico, além de significativo crescimento do PIB. Os bens de capital importados, embora fossem de segunda mão, foram estratégicos na construção do parque industrial brasileiro. O brasil possuía grande capacidade produtiva ociosa, o aproveitamento desta permitiu a redução de importações e crescimento da produção nacional. Com a segunda guerra mundial e os impasses postos ao setor industrial com as importações de bens de capital o governo brasileiro decidiu que a melhor saída seria investir em industrial de siderurgia. A segunda guerra, para o cenário brasileiro, configurou-se como um período de mudanças na indústria brasileira e em seu desenvolvimento. Entre 1945 a 1947 observa-se uma expansão no setor de exportação maior do que a expansão do processo de substituição de importação.

Mesmo com toda expansão e aumento da renda nacional, os níveis per capitas registradas em 1929 não foram alcançados em no período pós guerra. A política de liberalização das importações pós IIGM estabeleceu uma taxa cambial fixa, em consequência verificou-se pressões sobre o balanço de pagamentos. Já em 1948, as reservas de divisas acumuladas no período da guerra se findaram e os déficits foram aparecendo. Dessa forma, estabeleceu-se o Regime de Controle Cambial, tratava-se de uma manutenção e ajuste da taxa de câmbio vigente e controle vigoroso de importações não essenciais, os produtos de bens de capital e intermediários eram importados a um custo relativamente baixo, tudo isso estimulou o surgimento de industrias que substituíssem os bens que não eram produzidos no Brasil, como os bens duráveis, assim o brasil passa a produzir também eletrodomésticos.

1953: reforma cambial, sistema de leilão de divisas estabeleceu a classificação de importações por grau de importância, tal sistema fomentou a produção interna.

1954- Término da segunda fase do desenvolvimento industrial interno. O país contava com melhr poder de compra das exportações e expansão industrial.

1955 \u2013 1956: mudanças políticas e econômicas fazem com que a taxa de crescimento do PIB per capita se torne negativa.

1956 \u2013 1961: terceira fase de desenvolvimento do pós guerra, registrou-se maior participação do governo nos investimentos, entrada de capital estrangeiro para financiar uma parte dos investimentos em alguns setores estratégicos para o desenvolvimento e modernização do parque industrial brasileiro, como foi o caso da entrada das multinacionais.

O programa de metas setoriais expandiu a indústria nacional, e a entrada de capital estrangeiro oficial e autônomo cobriu parte dos déficits do balanço de pagamentos. Já os capitais estrangeiros privados destinaram-se ao fomento à indústria, expandindo a indústria siderúrgica, petrolífera, celulose, e criação d industrias automobilísticas. Esta expansão ocorreu por causa de incentivos governamentais e por causa das taxas de cambio e tarifas favoráveis. Neste momento, a economia já estava profundamente inserida aos moldes da substituição de importação.

O agravamento da inflação teve início com a substituição de importação que desenvolveu industrialmente algumas regiões causando desequilíbrios regionais, a ausência de um mecanismo de financiamento concreto e o estrangulamento do setor externo pioraram a inflação do país;

As modificações na estrutura de importações no período 1946-1961

Para que o processo de importação seja eficaz é necessário que haja equilíbrio entre o que o país produz e o que ele não tem capacidade para produzir e precisa importar. Para que novos produtos sejam produzidos é preciso reduzir algumas importações.

Variações quantitativas

o nível de importações de 1929 (antes da crise) foi ultrapassado somente em 1948. Nos anos de recuperação da crise a capacidade de importar ainda estava reduzida, só após o término da IIGM que a capacidade para importar chegou ao nível de 1929.

Com a crise, as importações de bens de consumo se reduziram drasticamente. Os bens duráveis que são elásticos as variações dos preços também tiveram queda, estes não foram supridos pela substituição d importação, os eletrodomésticos eram importados já que no Brasil não existia capacidade industrial para produzir estes. Já as importações dos bens de consumo não duráveis se mantiveram durante toda década 1930 em níveis abaixo de 1929, estes passaram a ser produzidos no processo de substituição de importação.

os níveis de importações de combustíveis embora tenham sido reduzidos durante a crise, foram os que menos registraram queda nas importações. Em 1948 as importações de combustíveis dobraram os níveis registrados m 1929.

Os bens intermediários fizeram parte do processo d substituição, como parte da estratégia de desenvolvimento da indústria nacional, o então governo Vargas estimula a produção de tais produtos em solo brasileiro.

Os bens de capital possuíram comportamento elástico sendo um dos grupos que mais sofreram com a crise. Com o processo de substituição registrou-se queda nos níveis de importações.

variações na composição da amostra

o processo de industrialização modificou a estrutura das importações entre 1929 e 1948.

As matérias-primas e os produtos intermediários com a redução do nível geral de importações tinham passado a representar nos anos trinta mais de metade das importações correntes. Tornava-se, pois, urgente iniciar o processo de substituição, sobretudo na faixa de materiais de construção.

O comportamento dos agregados de importações no período 1948-1961

a- Variações quantitativas

As importações dos bens de consumo duráveis caíram significativamente com a substituição. Os de consumo não duráveis tiveram queda, mas foi baixa visto que a substituição nesse grupo também foi baixa.

Como é natural, e já foi apontado anteriormente, os bens de capital reagem aos movimentos do nível geral de importações por uma forma mais elástica que os demais produtos. Isto, embora tenha reflexos importantes sobre a taxa de investimento da economia, é bastante explicável por serem os equipamentos novos os itens mais compressíveis da pauta, uma vez que as importações de bens de consumo terminados já se encontram reduzidas a níveis muito baixos.

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