Buscar

Psico Emergência V

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Psicologia das 
Emergências e 
Desastres
Responsável pelo Conteúdo:
Prof.ª Me. Ksdy Maiara Moura Sousa 
Prof.ª Dr.ª Larisse Helena Gomes Macêdo Barbosa
Revisão Técnica:
Prof.ª Me. Cássia Souza 
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Luciene Oliveira da Costa Granadeiro 
Intervenções Psicológicas em Emergências: Análise da Prática
Intervenções Psicológicas em 
Emergências: Análise da Prática
 
 
• Apresentar as intervenções realizadas por profissionais da saúde, nos casos da barragem de
Brumadinho, no massacre na escola em Suzano, no atendimento às vítimas do acidente com 
o voo da Chapecoense e o incêndio da boate Kiss. A escolha por esses eventos se deu pelo
fato de cada um apresentar causas diferentes em suas ocorrências, como desastres naturais, 
acidentes aéreos, entre outros.
OBJETIVO DE APRENDIZADO 
• Introdução;
• O Caso da Barragem em Brumadinho e Mariana;
• Massacre na Escola em Suzano;
• Incêndio na Boate Kiss;
• Acidente com o Voo da Chapecoense.
UNIDADE Intervenções Psicológicas em Emergências: Análise da Prática
Introdução
Os casos apresentados serão baseados em estudos e intervenções que foram rea-
lizados com essa população, considerando as várias fases para esse processo.
A apresentação dos casos se dará da seguinte maneira: contextualização do evento, 
problemática e intervenções. 
O Caso da Barragem 
em Brumadinho e Mariana
O Brasil, em um intervalo de menos de 5 anos, protagonizou dois desastres de 
enormes consequências e proporções. Os efeitos catastróficos na área ambiental, 
social e econômica dos frequentes rompimentos de barragens de rejeitos dão impor-
tância à discussão sobre a psicologia das emergências e desastres na área ambiental. 
Os impactos dos desastres ocorridos em Brumadinho e Mariana geraram enorme 
indignação por causa da quantidade de morte de trabalhadores das mineradoras e 
pessoas que moravam ou estavam por perto na hora em que aconteceu a ruptura 
(PEREIRA et al., 2019). 
Importante!
A atividade de extração de minério de ferro é feita através da separação do material 
que tem valor comercial do que não é valioso (nãos e vende). Durante esse processo de 
separação, todo o material que não será aproveitado, denominado de rejeito, de acordo 
com as leis ambientais precisa ser guardado em reservatório para evitar danos. Essas 
estruturas que têm a função de reservatórios são feitas de terra compactada e são cha-
madas de barragem.
Em 25 de janeiro de 2019, ocorreu um desastre: o rompimento da barragem 
 localizada na região do Córrego do Feijão, no município de Brumadinho, cerca de 
65 km de Belo Horizonte em Minas gerais (PEREIRA, 2019).
Por falta de precaução e prevenção, apesar de indicativos de risco em lau-
dos, a mineradora Vale S.A foi responsável pelo maior desastre do trabalho 
do Brasil, segundo a Organização Internacional do Trabalho-OIT[1], com 
mais de 320 vítimas fatais, entre mortos e desaparecidos, somando 138 
desabrigados. (PEREIRA, 2019, p. 2)
Segundo o Felix (2020), esse desastre não se trata de desastre ambiental, mas sim 
de acontecimento social. Ao não se preocupar com o estado da barragem, focando 
muito mais na redução das responsabilidades civis e criminais e garantir seus ganhos 
8
9
pela valorização no mercado global, a empresa responsável levou a inúmeros impactos 
ambientais e danos à saúde da população.
Com o rompimento da barragem, foram formadas ondas gigantescas de rejeitos, 
que avançaram com uma velocidade inicial de 80 km por hora, em direção a carros, 
árvores, animais, casa e pessoas. As sirenes de segurança que deveriam tocar para 
fazer o alerta aos residentes das proximidades da barragem e os trabalhadores não 
foram acionadas. O Corpo de Bombeiro realizou as buscas pelas vítimas, foram 
utilizados helicópteros na realização das buscas nas margens. Equipes de apoio e 
humanização foram acionadas para trabalhar com os sobreviventes e familiares das 
vítimas (FELIX, 2020).
É importante salientar que esse desastre poderia ser sido evitado, pois a empresa 
responsável pela barragem em Brumadinho-MG teve um alerta alguns anos antes: 
um desastre semelhante ocorrido em 2015, no município de Mariana-MG, mais pre-
cisamente no dia 5 de novembro de 2015. No distrito de Bento Rodrigues, na cidade 
de Mariana, em Minas Gerais, teve início um grande desastre que mudou a vida e o 
destino de milhares de pessoas em uma extensão de 663 quilômetros, desde o dis-
trito de Bento Rodrigues, em Mariana -MG, passando pelo Estado do Espírito Santo, 
até atingir o mar territorial brasileiro (MPF, 2015).
A barragem de Fundão veio abaixo ocasionando o um dos maiores desastres 
ambiental, social e econômico do mundo e o maior já vivenciado no Brasil. Como 
consequência do rompimento da barragem, foram alastrados mais de 40 milhões de 
metros cúbicos de rejeitos de minério na bacia do rio Doce. O potencial destrutivo 
da lama foi enorme, destruindo tudo que estava no seu caminho (MPF, 2015).
Figura 1
Fonte: observatoriosocioambiental.org
9
UNIDADE Intervenções Psicológicas em Emergências: Análise da Prática
Em 2018, foi realizada uma pesquisa com os sobreviventes da tragédia em Mariana-
-MG, que evidenciou que 23% dos participantes desenvolveram algum transtorno, 
como o transtorno de ansiedade, estresse e depressão (VORMITTAG; OLIVEIRA; 
GLERIANO, 2018). Foi verificado, ainda, em outro estudo, que no município vizi-
nho, Barra Longa, foi detectado pelos pesquisadores o risco de suicídio em 16,4% 
dos participantes (GLOBO, 2019). 
Sobre a repercussão psicossocial da tragédia da Vale na população de Brumadinho -
-MG, Felix et al. (2020) desenvolveram uma pesquisa com objetivo de analisar as 
 notificações de transtornos psicossociais na população de Brumadinho-MG no perí-
odo de 2018-2019. Como resultados, os autores encontraram um registro em 2018 
de 529 casos de transtornos psicossociais, enquanto, em 2019, esse número aumen-
tou 7X, chegando a 3967 notificações. 
No que se refere ao transtorno do estresse pós-traumático (TEPT), foram 
 observados em 68 casos notificados em 2018, ao passo que, em 2019, tiveram 933 
casos. Além disso, os autores identificaram seis transtornos psicossociais que, no 
ano de 2018, não tinham nenhum caso registrado e que, no ano de 2019, passa-
ram a apresentar números significativos. Diante disso, salienta-se a necessidade de 
desenvolvimento de estratégias governamentais voltadas ao fornecimento de suporte 
psicológico à população atingida (FELIX et al., 2020).
Diante disso, podemos observar que os desastres impactam de forma imensurável 
nas comunidades e nas pessoas afetadas. Tendo consequências tanto no plano imediato 
como em longo prazo, como o sofrimento psíquico e emocional, que persistem muitas 
vezes mesmo com o passar do tempo. Assim, além das respostas rápidas na prestação 
de socorro e no restabelecimento da ordem, é de suma importância um aparo à saúde 
mental das pessoas envolvidas e de algum modo afetadas (FELIX et al., 2019).
Por que uma barragem se rompe?
Existem duas principais razões para uma barragem de rejeitos se romper. A primeira 
 delas diz respeito a fenômenos ambientais e que, em teoria, não temos controle sobre. 
Um exemplo de fenômeno ambiental que poderia gerar esse desastre seria um tsunami ou 
mesmo uma grande tempestade. Quando isso acontece, chamamos de desastre misto (por 
ser a junção de erros humanos + força da natureza).
A segunda razão é a falha humana durante seu planejamento, que chamamos de desastre 
tecnológico. Essa é a principal causa de rompimentos de barragens ao redor do mundo, 
incluindo o Brasil.
Dessa forma, medidas como relatórios de segurança, planos de ações emergenciais, re-
gistro de dados e constantes revisões na segurança dessas barragens são fundamentais 
para garantir a segurança do meio ambiente e de quem vive e trabalha no entorno dessas 
grandes estruturas.
10
11
Estratégias de Saúde Mental e
Atenção Psicossocial: Relatos e Experiências
Assim, em desastres como o de Marianae Brumadinho, as pessoas sofrem gran-
des perdas (casa, trabalho, animais, dentre outros) que provocam uma mudança em 
suas vidas, mudando sua forma existir. Dessa forma, um dos aspectos mais valoriza-
dos em relação à psicologia é a sua contribuição nesses cenários de emergências e 
desastres, atuando sempre de forma protagonista na orientação de ações de mudança 
(ANTUNES, 2019). 
Um dos agravantes à saúde mental dos afetados de acordo com Noel et al. (2019) 
foi devido à maioria dos óbitos ter sido de trabalhadores da mineradora onde a bar-
ragem rompeu, fazendo com que os sobreviventes tivessem que lidar com perda de 
vários amigos, colegas de trabalho e do trabalho. Essas questões são importantes 
por causar alterações nas relações socioafetivas da comunidade, acarretando grande 
possibilidade para o desenvolvimento de transtornos psicopatológicos em médio e 
longo prazos. No que se refere às reações imediatas, a Figura 2 mostra as reações 
mais esperadas. 
REAÇÕES
PRIMEIRO ACOLHIMENTO PÓS-DESASTRES
IMEDIATA
Aguda
PÓS-IMEDIATA
Assimilação
CRÔNICA
Potencial traumático
72h Até 3 meses Mais de 3 meses
Estresse normal
• Reação imediata de alarme;
• Reações �siológicas, motoras
e cognitivas: taquicardia, sudorese,
hiperatividade, a�ição, agressividade;
• Agitação desordenada;
• Fuga;
• Pânico; 
• Crise emocional;
• Incapacidade de reagir, paralisia.
Estresse agudo
• Reviver;
• Evitar;
• Reação ansiosa;
• Sintoma de dissociação;
• Paralisia.
Estresse pós-traumático
• Reviver;
• Evitar;
• Atividade neurovegetativa.
Problemas associados
• Ansiedade e depressão;
• Transtorno de comportamento;
• Transtornos somáticos;
• Transtorno psicótico;
• Estresse pós-traumático.
Figura 2
Fonte: Adaptado de NOAL et al. , 2019
Já em relação ao impacto psicossocial e de saúde mental nos trabalhadores de 
saúde, vale salientar que grande parcela desses trabalhadores da rede municipal de 
saúde perdeu pessoas próximas ou mantinha relações socioafetivas com pessoas 
que tiveram perdas diretas. Assim, mesmo vivendo o luto, ocasionado pelas perdas 
humanas e materiais, esses trabalhadores se depararam com uma carga horária 
maior, o que desencadeou reações de estresse agudo, irritabilidade, humor depressi-
vo, envolvimento excessivo ou comportamento improdutivo, ou, ainda, manifestan-
do reações cognitivas como: dificuldade de concentração e na tomada de decisões 
mais estressante que o normal, longos períodos de trabalho e ausência prolongada 
(NOAL et al., 2019).
11
UNIDADE Intervenções Psicológicas em Emergências: Análise da Prática
Diante disso, aos psicólogos cabe oportunizar às vítimas o apoio da família e da 
comunidade, prestar esclarecimento sobre perspectivas futuras e proporcionar um 
alicerce, com intuito de se organizarem psiquicamente perante o evento. Dessa forma, 
as intervenções psicológicas objetivam a diminuição do estresse agudo dando pos-
sibilidade de as pessoas aprenderem a dominar suas reações emocionais e também 
proporcionar o reconhecimento racional do evento ocorrido. Cabe, também, uma 
atuação junto à equipe (de saúde ou segurança) em virtude das possíveis reações ne-
gativas, assim como o próprio profissional da psicologia. Assim, é importante que o 
psicólogo tenha um preparo específico para lidar com situações de extrema tensão, 
da melhor forma possível (ANTUNES, 2019).
Com intuito de aderir a uma estratégia de saúde mental e atenção psicossocial 
pós-desastre, foi utilizado como público-alvo dessa estratégia o treinamento das equi-
pes de saúde do SUS, focando em uma sensibilização sobre como elaborar estra-
tégias psicossociais e de saúde mental para atender à população de Brumadinho. 
Capacitaram-se também socorristas, voluntários e trabalhadores que estiveram em 
contato direto com a lama (NOAL et al., 2019).
Posteriormente, mapearam-se todos os dispositivos de saúde pública do mu-
nicípio. Após esse mapeamento, uma das primeiras estratégias na atuação do psicó-
logo foi incialmente organizada pelo Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais 
(CRP-MG) – passando posteriormente a ser autogerida por psicólogos voluntários. 
Os psicólogos atuavam no auxílio à Secretaria de Impacto Social no levantamento das 
demandas urgentes das famílias e da comunidade através de entrevista para o preen-
chimento de formulário inicial de demandas das famílias atingidas (CRP-MG, 2019).
A partir desse preenchimento, foi possível mapear as demandas e as urgências da 
população com um maior grau de precisão e individualização. Como a população 
se apresentava extremamente fragilizada e muitas vezes começando a assimilar o 
ocorrido, a presença do profissional de psicologia foi fundamental no processo de 
amenizar, através de uma escuta empática e qualificada, possíveis efeitos colaterais 
dessa coleta, os psicólogos atuaram de forma não invasiva e buscando ao máximo 
a não revitimização da população. A escuta qualificada permitiu identificar outras 
demandas que não se apresentavam de forma tão óbvia (CRP-MG, 2019).
Ação em Brumadinho realça a atuação plural da Psicologia: https://bit.ly/33CMPMs
Como estratégia de cuidado à saúde mental em Brumadinho, a prefeitura orga-
nizou um centro de operações de emergência em saúde (COES) para uma atuação 
junto à população, tendo a função de atender às demandas psicossociais da popula-
ção, por meio da disponibilização de psicólogos e psiquiatras que ficaram de plantão 
nas unidades de atendimento da região (ROSA, 2019).
Foram disponibilizados para o atendimento de vítimas em torno de 400 profissio-
nais, dentre eles, médicos, enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais. Esses pro-
fissionais locais atuaram junto a voluntários do grupo  Médicos Sem Fronteiras 
12
13
 compostas de psicólogos e psiquiatras na realização de uma ação emergencial de 
ajuda psicossocial (ROSA, 2019). 
As equipes foram orientadas a prestar a auxílio no processo de luto e ritos de 
passagem (reconhecimento de corpos, funerais e enterros), realizar psicoedicação 
coletiva sobre as reações psíquicas mais frequentes, realizar divulgação sobre locais e 
horários de atendimento, identificação, ferramentas socioculturais de enfrentamento 
possíveis e disponíveis ao evento, e realizar o cuidado tendo em conta as redes 
 socioafetivas tradicionais de solidariedade (NOEL, el al., 2020).
Foram realizadas algumas intervenções que objetivaram construir ações de pro-
moção e prevenção de saúde, evitando a cronificação e patologização em médio e 
longo prazos do sofrimento psíquico dos trabalhadores. Nesse âmbito, foram realiza-
das capacitações específicas sobre saúde mental e atenção psicossocial pós-desastres, 
abarcando temáticas como o fortalecimento das redes de apoio com proposta de 
construção de estratégias comunitárias para lidar com o sofrimento psicológico apre-
sentado pela comunidade. Realizaram-se ainda atividades de capacitação e supervi-
são de equipes, e foi proporcionado a espaços coletivos para troca de experiências 
e análise das atividades realizadas para auxiliar na ressignificação do processo de 
trabalho após o desastre. Foi realizado um suporte ofertado pelo NUPIC (Núcleo de 
Práticas Integrativas e Complementares em Saúde) nos locais de trabalho das equipes 
do SUS e o acompanhamento do Centro de Referência de Saúde do Trabalhador. 
Massacre na Escola em Suzano
No dia 13 de março de 2019, o Brasil se deparava com notícias chocantes sobre 
um ataque terrorista. De acordo com o Governo do Estado, dois antigos alunos (um 
adolescente e um homem encapuzado) entraram em uma escola estadual em Suzano-
-SP – Escola Estadual Raul Brasil – mataram oito pessoas e feriram pelo menos 
onze. Em seguida, um dos assassinos atirou no comparsa e, depois, cometeu suicídio 
(G1, 2019; R7, 2019). 
O trauma ocasionado por esse massacre deixou sequelas emocionais, no entanto, 
é possível lidar através da ajuda de especialistas, familiares e a comunidade escolar. 
Em situações como essa, o estresse pós-traumático é a reação mais comum, podendo 
desencadearuma série de outros problemas como ansiedade, síndrome do pânico e 
crises de angústia.
Dentre os principais pontos para atuar para superação do trauma, segundo espe-
cialistas que deram entrevista ao G1 (2019), são: 
• Trabalho coletivo: é importante que a comunidade escolar faça um trabalho 
coletivo com os estudantes  oportunizando a eles a possibilidade de falarem 
 sobre o que estão sentindo;
• Psicoeducação com os familiares: para que fiquem atentos a sinais como 
 mudança de comportamento, insônia, crises de angústia;
13
UNIDADE Intervenções Psicológicas em Emergências: Análise da Prática
• Escuta psicológica: não se deve forçar ninguém a falar, mas estar aberto para 
escutar, caso seja necessário.
No dia 18 de março, professores e funcionários voltam à Escola Professor Raul 
para planejamento de atividades de apoio, preparação psicológica da comunidade 
e retomada das aulas. O planejamento contou com apoio de uma força-tarefa do 
 Governo Estadual e também da Prefeitura de Suzano, além de profissionais do 
 Instituto de Psicologia da USP, Unicamp e Centros de Atenção Psicossocial (Capes) 
da Prefeitura, entre outras instituições. 
Foi formada uma rede de apoio, por instituições públicas e privadas, que atuou no 
fim de semana logo após o massacre, prestando atendimento psicológico e especia-
lizado na Diretoria Regional de Ensino de Suzano e no Capes do município, além de 
visitas domiciliares às famílias das vítimas (IG, 2019).
A escola foi aberta para os alunos no dia 26 de março. No primeiro momento, os 
estudantes foram chamados para participar de atividades de acolhimento, com apoio 
psicológico, oficinas, terapia em grupo, rodas de conversa, depoimentos e compar-
tilhamento de boas práticas (IG, 2019).
Os atendimentos individuais e coletivos foram realizados por técnicos do Centro 
de Referência e Apoio à Vítima (Cravi), da Secretaria Estadual de Justiça. Os acolhi-
mentos de saúde mental foram feitos em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBS) 
e em quatro Centros de Apoio Psicossocial da prefeitura de Suzano, bem como 
por diversas instituições que se disponibilizaram para colaborar tanto no âmbito 
pedagógico quanto no suporte psicológico de alunos e funcionário, dentre elas a 
Universidade Cruzeiro do Sul (JORNAL CRUZEIRO DO SUL, 2019). 
Apesar dessa mobilização inicial, segundo reportagem do G1 (2019), mais de 
1,3 mil pacientes ligados ao massacre em Suzano esperam atendimento psicológico. 
Nesse grupo, estão os núcleos familiares das vítimas que morreram e dos sobrevi-
ventes Os Centros de Atenção Psicossocial (Caps) têm recebido entre 10 e 20 novos 
pedidos de acompanhamento psicológico por dia, de pacientes ligados de alguma 
forma ao massacre.
Nos 39 dias que se sucederam o massacre, 185 pessoas atingidas diretamente 
pelo atentado foram atendidas. No entanto, muitas outras esperam para fazer agen-
damento da triagem, primeira fase do atendimento que seleciona os casos mais graves. 
A cidade contava apenas com 14 psicólogos que se desdobravam para dar conta da 
nova demanda, bem como de 1090 pacientes que já estavam em tratamento por 
outros transtornos (FOLHAPRESS, 2019). 
Como estão as vítimas do massacre de Suzano, um ano após o ataque?
Disponível em: https://bit.ly/2FLkCe6
14
15
Vamos exercitar?
Pensando nas faltas de estratégias publicadas por profissionais psicólogos em relação às 
intervenções nesse caso, propomos, nesta unidade, que você realize em duplas, um modelo 
de intervenção possível, levando em consideração todo embasamento apresentado até o 
momento. Seja criativo(a): o que você precisaria considerar para implementação de um pla-
no de ação psicossocial?
Incêndio na Boate Kiss
O incêndio da boate Kiss ocorreu em 27 de Janeiro de 2013, na cidade Santa 
Maria-RS, no qual deixou 242 pessoas mortas por asfixia devido à inalação de uma 
fumaça tóxica. As vítimas do acidente tinham entre 18 e 21 anos de idade e eram 
estudantes universitários. 
O acidente foi causado por um incêndio provocado por fogos de artifícios e pirotéc-
nicos durante a apresentação de uma banda que se apresentava no local. Esses fogos 
utilizados durante o evento não eram adequados ou propícios de serem utilizados em 
 locais fechados, apenas em locais abertos. “O teto da boate pegou fogo e, em decorrên-
cia do mau funcionamento do extintor de incêndios, as chamas rapidamente se espalha-
ram por toda a boate lotada, liberando uma fumaça espessa e tóxica” (ATIYEH, 2013).
Além disso, o forro do teto da boate tinha em sua composição material inflamável, 
e outro agravante era que a boate não contava com sistema de segurança contra 
incêndios, como alarme ou sistema de aspersão adequados. Além disso, o local de 
entrada e saída da boate era estreito e estava bloqueado para saídas, por esse motivo, 
o fluxo de saída e escapes das pessoas foi dificultado, tendo os bombeiros que abrir 
uma parede externa para permitir a saída das pessoas. 
Esse acidente também deixou cerca de mil pessoas feridas, com queimaduras 
graves e problemas respiratórios importantes, algumas em estado crítico até hoje. 
Figura 3
Fonte: Wikimedia Commons 
15
UNIDADE Intervenções Psicológicas em Emergências: Análise da Prática
Segundo o Sistema Nacional de proteção e defesa civil, o acidente na Boate Kiss 
foi classificado como um desastre, no qual foi decretado situação de emergência no 
Estado (Brasil, 2013a; Prefeitura de Santa Maria, 2013 apud NOAL et al., 2016).
Estratégias de Saúde Mental e 
Atenção Psicossocial: Relatos e Experiências 
As intervenções e estratégias utilizadas em eventos como esses, considerados 
eventos críticos, são de extrarrelevância para a comunidade e familiares das vítimas. 
Abaixo, apresentaremos os relatos de experiências de psicólogos voluntários que atu-
aram diretamente com essa população, foram selecionados 3 artigos para compor 
essa análise.
O primeiro relato de experiência é baseado no artigo de Débora da Silva Noal et al. 
Estratégia de Saúde Mental e Atenção Psicossocial para Afetados da Boate Kiss, 
 publicado na revista Psicologia Ciência e profissional no ano de 2016. O objetivo 
desse estudo foi analisar os primeiros três meses da estratégia de Atenção Psicosso-
cial (AP) e Saúde Mental (SM) criada em resposta ao incêndio ocorrido na Boate Kiss.
Essa análise é baseada na experiência de seis psicólogas voluntárias (autoras desse 
artigo), membros da equipe que conformou a primeira resposta ao evento na estra-
tégia de Saúde Mental. Para melhor compreensão do processo de intervenção, as 
autoras dividiram a intervenção em três momentos:
• Pré-evento crítico: onde foram contextualizadas informações importantes sobre 
o local pertinentes sobre o local onde aconteceu o evento crítico, na cidade de 
Santa Maria e sua rede de atenção psicossocial antes do evento;
• Durante o evento: contextualizando o momento do incêndio até o primeiro 
mês após; 
• Pós-evento: descrevendo a conjuntura e intervenções nos meses subsequentes 
ao evento em questão.
As estratégias serão descritas abaixo:
Pré-Evento
• Levantamento do panorama geral da cidade antes do incêndio, como dados 
sociodemográficos;
• Durante o período do evento, a cidade passava por uma transição em relação à 
equipe de gestão em saúde, bem como quanto ao planejamento, preparação e 
prontidão das políticas públicas para atuar nas situações de desastres;
• Município também contava com um ambulatório de saúde mental que não man-
tinham articulação em rede com os demais serviços, sem oferta de dispositivos 
terapêuticos para além do atendimento individual e sem um trabalho georrefe-
renciado do território;
16
17
• Apresentava um sistema de saúde frágil quanto à composição da rede de aten-
ção básica, da gestão das políticas e de articulação intra e interinstitucional, mas 
tal fragilidade não impediu com que processo de construção e implantação de 
uma estratégia de oferta de cuidado psicossocial e de saúde mental para os 
sobreviventes e familiares fosse realizado.
Durante o Evento• Foi realizada uma reunião na manhã seguinte ao evento, que contava com a 
presença dos membros da gestão municipal, estadual e federal de saúde, onde o 
objetivo foi compartilhar o quadro específico de cada uma das áreas prioritárias 
para a saúde;
• Foram mapeadas as estruturas e serviços que poderiam ser acionadas como 
apoio. Esse mapeamento teve como intuito contemplar os primeiros cuidados 
psicossociais;
• Estruturar rede de apoio com a presença tanto de intuições governamentais e 
não governamentais, bem como voluntários e diversos profissionais, para aten-
dimento às pessoas afetadas (in)diretamente pelo evento;
• Foram definidos e pactuados eixos de cuidado e equipes de trabalho para con-
formação dessa rede, os quais deveriam funcionar de acordo com os princípios 
estruturantes do SUS;
• Definição dos eixos de atuação: núcleo de gestão da estratégia de saúde mental; 
educação permanente; regulação de saúde mental; seis eixos de apoio psicossocial:
» Núcleo de Gestão: esse eixo foi responsável por definir as ações na elabora-
ção de boletins informativos para o Gabinete de Crise. Também contava como 
atribuição desse eixo, o alinhamento dos fluxos de trabalho, bem como a reali-
zação de reuniões diárias com o integrante responsável de cada eixo, no intuito 
de melhor compreensão das reais demandas e necessárias diárias da emergên-
cia. Esse eixo tinha também como função, auxiliar na produção de indicadores 
e dados que possibilitassem ao Gabinete de Crise compreender a problemática 
da demanda psicossocial e dos possíveis encaminhamentos institucionais ;
» Educação Permanente: esta etapa teve como objetivo contribuir para a for-
mação básica dos profissionais e voluntários que estavam atuando na resposta 
direta ao evento. Essa formação no primeiro momento contemplava as estra-
tégias utilizadas em cada eixo, bem como realização de diagnostico situacional 
das estruturas, das demandas apresentadas, considerando a importância da 
articulação em rede. Nesta etapa, também foram organizados grupos de su-
pervisão presencial, apoio institucional e matricial, por meio de discussões de 
casos realizados por mídias e telefone. Tais supervisões visavam o alinhamento 
das estratégias de suporte as vítimas (sobreviventes e familiares) ;
» Regulação de Saúde Mental: esse eixo contava com uma equipe de profissio-
nais do município e profissionais que foram contratados para atuarem no fluxo de 
encaminhamentos e auxílio das pessoas que buscavam informações e cuidados ; 
17
UNIDADE Intervenções Psicológicas em Emergências: Análise da Prática
Segundo as autoras, este eixo funcionou a partir de princípios similares aos da 
regulação em saúde pública, no qual a equipe buscava garantir o acesso dos usu-
ários aos serviços de saúde de acordo com as necessidades singulares;
 » Apoio Psicossocial: de acordo com as autoras, este eixo foi dividido em 
seis subeixos: 
 » Nos territórios dos ritos de despedida: onde foi oferecido suporte psicos-
social aos familiares e amigos das vítimas no decurso dos velórios, missas e 
atos públicos; 
 » Nas UPAS e SAMU: onde grupos de psicólogos e outros profissionais de 
saúde voluntários estavam responsáveis por prestarem apoio qualificado aos 
profissionais das unidades de atendimentos emergenciais, bem como aos fami-
liares e afetados, amigos e outras pessoas demandantes de apoio nestes locais; 
 » Nos hospitais: onde havia uma equipe de psicólogas(os) voluntárias (os) com 
o objetivo de prover um suporte aos cuidadores e familiares dos pacientes 
 internados, visto que a maior parte desses pacientes encontrava-se em 
 estado grave. Neste eixo, os psicólogos também ficaram responsáveis por 
dar suporte aos profissionais de saúde que apresentasse alguma demanda de 
apoio relacionada a este tipo de atendimento; 
 » Serviço de acolhimento 24 horas: este eixo foi criado pela necessidade de 
acolher e atender especificamente os casos que apresentassem “queixas de 
sofrimento agudo relacionado ao evento, por meio de uma equipe multipro-
fissional, inicialmente formada por alguns profissionais”;
 » Apoio às equipes de resposta ao evento: este eixo foi elaborado para dar 
suporte aos profissionais e voluntários que nunca haviam atuado em situa-
ções como esta. Dessa forma, foram promovidas ações de sensibilização e 
informação específica para essas pessoas, acerca do cuidado em situação de 
crise. Neste grupo também foi realizado acolhimento às equipes (bombeiros, 
policiais, motoristas, maqueiros, equipes de saúde...) envolvidas nos atendi-
mentos aos afetados.
Pós-Evento Crítico: Acompanhamento e Reestruturação
Essa etapa ocorreu dois meses após a ocorrência do evento apresentado. Durante 
esse período, foram realizados levantamentos referentes ao número de municípios 
com casos registrados de vítimas e sobreviventes. Também foram elaboradas dire-
trizes técnicas para o acompanhamento psicossocial às vítimas e aos familiares do 
evento e gestão de casos específicos.
Nessa etapa de intervenção, também foi realizada uma análise dos prontuários de 
atendimento realizados aos pacientes durante o período de intervenção inicial, com 
o objetivo de compreender quais as principais reações e dificuldades encontradas. 
 Outro ponto avaliado nessa etapa foi mapear a necessidade dos pacientes que precisa-
vam ser recontatados para dar seguimento aos processos iniciais, caso fosse necessário.
18
19
Durante essa fase da intervenção, várias medidas foram realizadas, dentre elas, a 
contratação de profissionais da saúde como médicos, psicólogos, enfermeiros, entre 
outros, bem como formação de uma nova equipe de profissionais, no qual foi neces-
sária a realização de um nivelamento da equipe atual, pois ela não acompanhou o 
processo de resposta desde o início.
Por fim, durante esse período, aumentaram os acolhimentos realizados por telefone 
(de 345 em março para 446 em abril), diminuindo os atendimentos domiciliares, 
bem como houve redução importante quanto aos atendimentos emergências em 
saúde mental. 
Conclusão
Nota-se que esse relato de experiência em atendimento psicossocial a vítimas 
e familiares do acidente na Boate Kiss apresentou uma estrutura de atendimento 
pautada nas diretrizes referentes às intervenções em situações de emergências, bem 
como estabeleceu protocolos próprios, mas com rigor e sistematização muito coe-
rentes e eficazes.
Como já mencionado, as intervenções psicossociais não só atuam nas consequên-
cias emocionais das vítimas, mas articula de forma direta ou indireta suporte social 
importante e fundamental. Nota-se que o trabalho em rede e em equipe é imprescin-
dível para que o fluxo programado seja realizado com êxito. 
Acidente com o Voo da Chapecoense
Acidentes aéreos são sempre motivos de muita comoção social, pelo fato de ocor-
rerem de forma inesperada, provocando a morte de centenas de pessoas ao mes-
mo tempo, com pouquíssima possibilidade de sobreviventes. Segundo Pereira (2012 
apud ROOS, 2015), “os acidentes aeronáuticos são produtos de uma combinação 
particular entre várias ameaças riscos e vulnerabilidades, levando a grandes conse-
quências psicológicas”. No Brasil, houve a ocorrência de diversos acidentes nesse 
contexto, no entanto, alguns tiveram grande repercussão nacional pela mídia, provo-
cando imensa dor e sofrimento social. Um desses eventos foi o acidente com o voo 
do time de futebol da Chapecoense.
O Contexto do Acidente
O acidente ocorreu em 29 de novembro de 2016 em Medelin, na Colombia, o 
qual deixou 71 pessoas mortas e 6 feridos. O avião contava com a delegação do time 
de futebol da Chapecoence, que iria realizar um jogo na cidade colombiana.
19
UNIDADE Intervenções Psicológicas em Emergências: Análise da Prática
Figura 4
Fonte: elderhsquill.org
De acordo com a Aeronáutica Civil, o acidente foi causado pela falta de combustí-
vel da aeronave. Foi acionado o sistema de emergência cerca de 40 minutos antes da 
queda, naquele momento, o controle de tráfego aéreo desconhecia a situaçãodo voo. 
A empresa Lamia foi a responsável pela causa do acidente (nsctotal.com.br, 2019).
Avião com equipe da Chapecoense cai na Colômbia e deixa mortos: https://glo.bo/3iJp3oe
Em relação aos sobreviventes, é interessante comentar que, geralmente, em um 
acidente como esse, as vítimas são fatais, mas, nesse caso, foram 6 pessoas que 
 sobreviveram ao evento; dentre eles, tivemos 3 jogadores do time da Chapecoence, um 
profissional da imprensa e dois tripulantes da aeronave um técnico e uma tripulante. 
No caso de intervenções nesse acidente, houve raríssimas publicações científicas. 
Abaixo, apresentaremos algumas ações realizadas por voluntários, pela cruz verme-
lha e por profissionais e estudantes do curso de psicologia da Universidade Estadual 
de Santa Catarina (UNESC), juntamente com a Socape (Sociedade Catarinense de 
Psicologia do Esporte).
Segundo informações do portal Veneza, o grupo de voluntários da Unesc reali-
zou a intervenção baseado em três etapas, em que foram realizados: grupo de estu-
dos em intervenção psicológica em situação de desastre, grupos para atendimento 
 on-line aos familiares e outro grupo de apoio para o clube da Chapecoence.
Segundo a psicóloga Francielli Galli, professora de Psicologia das Emergências e 
Desastres da UniRitter, universidade em Porto Alegre que integra a Rede Internacio-
nal de Universidades Laureate, em entrevista à revista Istoé, há algumas estratégias 
importantes a serem consideradas em situações de emergências por desastres aéreos. 
Segundo a psicóloga que atuou na equipe de apoio as vítimas desse acidente, é 
 importante considerar que tragédias como essas atingem pelo menos quadro grupo, 
tais como: sobrevivente, familiares e amigos próximos, comunidade, profissionais de 
20
21
saúde/assistência social, sendo a abordagem psicológica realizada de forma distinta 
em cada grupo, levando em consideração a demanda e o perfil de cada um, como 
apresentado abaixo no quadro abaixo:
Quadro 1 – Abordagem psicológica realizada em cada grupo
Sobreviventes 
• O psicólogo contextualiza o sobrevivente sobre:
• o local onde está e por que; 
• seu estado de saúde;
• sobre sua família.
• Responde às perguntas dos pacientes;
• O acompanhamento dever ser de longo prazo. 
Familiares e 
amigos próximos
• Apresentação do profissional e rapport;
• Respeito ao momento de cada um, acolhimento e orientações; 
• Apoio para articular auxílio na solução de questões práticas, como a organização 
do velório.
Comunidade
• Instalação de rede de apoio emergencial que atenda demanda espontânea; 
• Acolhimento à comunidade, principalmente às pessoas que apresentarem 
sintomas de ansiedade (medo constante) ou de luto complicado;
• Estabelecer apoio social de longo prazo.
Equipe de saúde/
assistência social
• Suporte psicológico aos profissionais de saúde e de linha de frente, com o objetivo 
em estabelecer um atendimento de qualidade, eficiência e necessário às vítimas.
Outras equipes também se envolveram nas intervenções com as vítimas do aci-
dente com o avião da Chapecoense, dentre elas, a instituição de ajuda humanitária 
brasileira, que, desde os primeiros momentos após o acidente, manteve contato com 
a Cruz Vermelha Colombiana, buscando atualizar as informações. Voluntários da 
Filial de Chapecó atuaram no acolhimento das famílias das vítimas. Todo o trabalho 
foi realizado em conjunto com as secretarias de Saúde do Estado de Santa Catarina 
e do Município de Chapecó, e órgãos competentes (VELOSO 2016).
Vamos exercitar?
Pens ando nas faltas de estratégias publicadas por profissionais psicólogos em relação às 
intervenções nesse caso, propomos nesta unidade que você realize em duplas, um modelo 
de intervenção possível, levando em consideração todo embasamento apresentado até o 
momento. Seja criativo, o que você precisaria considerar para implementação de um plano 
de ação psicossocial?
21
UNIDADE Intervenções Psicológicas em Emergências: Análise da Prática
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Leitura
Desastres naturais: contribuições para atuação do psicólogo nos desastres hidrológicos
DÁRIO, P. P.; MALAGUTTI, W. Desastres naturais: contribuições para atuação 
do psicólogo nos desastres hidrológicos. JMPHC | Journal of Management & 
Primary Health Care | ISSN 2179-6750, v 10, 2019. 
https://bit.ly/3iWueBv
O impacto na saúde mental dos afetados após o rompimento da barragem da Vale
NOAL, D. da S.; RABELO, I. V. M.; CHACHAMOVICH, E. O impacto na saúde 
mental dos afetados após o rompimento da barragem da Vale. Cadernos de Saúde 
Pública, v. 35, n. 5, p. e00048419, 2019. 
https://bit.ly/2FOBuRa
Primeiros Socorros Psicológicos: relato de intervenção em crise em Santa Maria
SILVA, T. L. G; MELLO, P. G.; SILVEIRA, K. A. L. et al. Primeiros Socorros 
Psicológicos: relato de intervenção em crise em Santa Maria. Rev. bras. psicoter. 
2013;15(1):93-104
https://bit.ly/3hM7J0q
Nota da Cruz Vermelha Brasileira sobre acidente aéreo na Colômbia
VELOSO. J. Nota da Cruz Vermelha Brasileira sobre acidente aéreo na 
Colômbia. 2016.
https://bit.ly/33JuXj3
22
23
Referências
ATIYEH, B. Desastre na boate kiss, Brasil. Revista Brasileira de Cirurgia Plástica, 
v. 27, n. 4, p. 502-502, 2013.
BRUNA, A. Psicologia presente em Brumadinho, 2019. Disponível em: <https://
www.oesteemfoco.com.br/noticia/2752/brumadinho>. Acesso em 07/09/2020.
FELIX, E. B. G. et al. O Dano Interior: Repercussão Psicossocial da Tragédia da Vale 
na População de Brumadinho-MG. Revista Interfaces: Saúde, Humanas e Tecnolo-
gia, v. 8, n. 2, p. 546–553, 31 jul. 2020. 
NOAL, D. da S.; RABELO, I. V. M.; CHACHAMOVICH, E. O impacto na saúde 
mental dos afetados após o rompimento da barragem da Vale. Cadernos de Saúde 
Pública, v. 35, n. 5, p. e00048419, 2019. 
NOAL, D. da S. et al. Estratégia de Saúde Mental e Atenção Psicossocial para Afeta-
dos da Boate Kiss. Psicol. cienc. prof., Brasília, v. 36, n. 4, p. 932-945, Dec. 2016 .
TENENTE L.; COELHO T.; OLIVEIRA, E. Apoio psicológico pode ajudar vítimas 
de traumas como o do massacre em Suzano. Disponível em: <https://g1.globo.
com/ciencia-e-saude/noticia/2019/03/14/como-o-apoio-psicologico-pode-ajudar-
-vitimas-de-traumas-como-do-massacre-em-suzano.ghtml>. Março de 2019.
LIRA. N. Mais de 1,3 mil pacientes ligados ao massacre em Suzano esperam atendi-
mento psicológico: disponível em: <https://g1.globo.com/sp/mogi-das-cruzes-suzano/
noticia/2019/04/25/mais-de-13-mil-pacientes-ligados-ao-massacre-em-suzano-es-
peram-atendimento-psicologico-profissionais-estao-exauridos-diz-secretario.ghtml>. 
PEREIRA, D. M. et al. Brumadinho: muito mais do que um desastre tecnológico. 2019. 
VELOSO. J. Nota da Cruz Vermelha Brasileira sobre acidente aéreo na 
 Colômbia. 2016. Disponível em: <http://www.cruzvermelha.org.br/pb/nota-da-
-cruz-vermelha-brasileira-sobre-acidente-aereo-na-colombia/>.
LIMA. M . Psicologia da Unesc auxilia familiares da delegação da Chapecoense.
Sites Visitados
CRP-MG. Ação em Brumadinho realça a atuação plural da Psicologia. CRP_
MG, 2019 Disponível em: <https://crp04.org.br/acao-em-brumadinho-realca-a-atu-
acao-plural-da-psicologia/>. Acesso em: 07/09/2020.
https://g1.globo.com/sp/mogi-das-cruzes-suzano/noticia/2019/03/13/tiros-dei-
xam-feridos-em-escola-de-suzano.ghtml
https://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2019-03-17/suzano-escola-reabertura.html
https://direcionalescolas.com.br/caso-suzano-impactos-psicologicos-saude-socioe-
mocional-e-estrategias-de-seguranca/
23
UNIDADE Intervenções Psicológicas em Emergências: Análise da Prática
https://www.portalveneza.com.br/psicologia-unesc-auxilia-familiares-delegacao-cha-
pecoense/. Novembro 2016
REDAÇÃO DC. Tudo que se sabe até agora sobre o acidente com o time da 
Chapecoense. Disponível em: <https://www.nsctotal.com.br/noticias/tudo-que-se-
-sabe-ate-agora-sobre-o-acidente-com-o-time-da-chapecoense>. Novembro 2019.
24

Continue navegando

Outros materiais