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FISIOLOGIA VETERINÁRIA FISIOLOGIA RENAL O organismo do animal é uma máquina bem calibrada que depende de várias reações metabólicas para se manter vivo e saudável. Estas reações químicas oferecem vários benefícios ao organismo, mas também geram muitos subprodutos, sendo alguns destes úteis e, por isso, reciclados. Outros subprodutos não têm mais utilidade e podem ser nocivos se acumulados. Estas substâncias potencialmente nocivas são denominadas resíduos e devem ser eliminadas do organismo. Alguns exemplos de resíduos metabólicos são: • Gás carbônico e água do metabolismo de carboidratos e de gordura; • Resíduos nitrogenados, principalmente a ureia, do metabolismo da proteína; • Sais biliares e pigmentos provenientes da decomposição das hemácias; • Diversos sais provenientes da decomposição de tecidos e da ingestão excessiva; O organismo tem várias vias para eliminação de resíduos: • O sistema respiratório remove o dióxido de carbono e o vapor de água. • As glândulas sudoríparas eliminam água, sais e uma pequena quantidade de ureia. • O sistema digestivo elimina sais biliares e pigmentos. • O sistema urinário elimina ureia, sais, água e outros resíduos solúveis. O sistema urinário é a única via mais importante no organismo de eliminação dos resíduos. Ele remove quase todos os resíduos do sangue e transporta-os para fora do organismo. O sistema urinário também é a via principal de eliminação do excesso de água do organismo O sistema urinário é composto de: • Dois rins que produzem urina por meio de filtração, secreção, reabsorção e concentração; • Dois ureteres que transportam a urina à vesícula urinária; • Uma vesícula urinária que coleta, armazena e libera a urina; • Uma uretra que conduz a urina para fora do organismo. Anatomia Básica Os rins estão localizados retroperitonealmente na região sublombar, na parte dorsal do abdome, ventral às primeiras vértebras lombares, em ambos os lados. Em animais domésticos, com exceção do suíno, o rim direito situa-se mais cranialmente que o esquerdo. A forma varia de acordo com o espécie. O rim possui uma margem lateral convexa e uma margem medial côncava. A margem medial possui o hilo renal, onde entram e saem vasos sanguíneos, linfáticos, nervos e ureteres. Carnívoros, equinos e pequenos ruminantes apresentam pelve renal, sendo o espaço que vai coletar urina antes de sair pelo ureter, envolvida por uma crista renal, que delimita os recessos da pelve. A pelve renal do equino apresenta dois recessos terminais que vai aos polos. Possuem forma de feijão, mas o rim direito do equino tem forma de coração. Não possuem cálices e papilas renais. Bovinos apresentam diversos cálices e papilas renais, sendo projeções da medula que ficam próximas aos cálices que formam as pirâmides renais. Possuem rins irregularmente ovais com ductos coletores. Não tem pelve e nem crista renal. O rim é envolvido por uma cápsula renal de tecido conjuntivo propriamente dito denso, sendo fibrosa. O parênquima é dividido em córtex renal (mais externo) e medula renal (mais interno). Possui uma estrutura de lobos e lóbulos. Cada lobo renal é formado por uma pirâmide renal, que fica na medula. Um lóbulo renal é constituído por um raio medular e pelo tecido cortical que fica ao seu redor, sendo delimitado pelas artérias interlobulares. Constituição: • Unilobares: carnívoros, pequenos ruminantes e equinos. Além disso, são unipiramidais. • Multilobares: bovinos. Além disso, são multipiramidais. • Os suínos são unilobares e multipiramidais. Além disso, possuem cálices renais, papilas renais, pirâmides renais e pelve renal. Função Renal Os rins possuem diversos papéis na manutenção da homeostase. Os rins filtram sangue e, portanto, excretam os dejetos metabólicos e, ao mesmo tempo, retêm as substâncias filtradas necessárias ao organismo, incluindo água, glicose, eletrólitos e proteínas de baixo peso molecular. Os rins respondem a distúrbios hídricos, eletrolíticos e acidobásicos, alterando especificamente a taxa de reabsorção ou secreção destas substâncias. Os rins também produzem hormônios que regulam a pressão arterial sistêmica e a produção de eritrócitos. Os rins secretam hormônios, como a renina, que participa da regulação da pressão sanguínea; e, a eritropoetina que estimula a eritropoiese, ou seja, produção de hemácias. Funções: • Filtrar o sangue; • Produção da urina; • Excreção de metabólitos; • Regulação de fluidos e eletrólitos; • Equilíbrio ácido-básico; • Atuação na eritropoiese; • Regulação da pressão sanguínea. O néfron é a unidade funcional do rim e a menor parte do rim que realiza suas funções básicas. O número de néfrons por rim varia com o tamanho do animal. Por exemplo, um gato de tamanho médio terá cerca de 200.000 néfrons por rim e um cão de tamanho médio terá cerca de 700.000. Ovelhas, porcos e humanos têm cerca de 1.000.000 de néfrons por rim e o boi cerca de 4.000.000. Cada néfron é formado pelo corpúsculo renal, um túbulo contorcido proximal, uma alça de Henle e um túbulo contorcido distal. ✓ A arteríola aferente transporta sangue para o glomérulo, enquanto a arteríola eferente leva o sangue do glomérulo. O sangue que deixa o glomérulo pelas arteríolas eferentes é redistribuído em outro leito de capilares, conhecidos como capilares peritubulares, que perfundem os túbulos do néfron. O corpúsculo renal situa-se no córtex do rim, sendo formado pelo glomérulo e pela cápsula de Bowman. O glomérulo é um tufo de capilares através dos quais ocorre a filtração do sangue. Esses capilares estão cobertos pela cápsula de Bowman, que coleta o filtrado glomerular para o seu transporte através dos túbulos e ductos do néfron. Nos mamíferos, o sangue da artéria renal flui para a arteríola aferente, que se divide em inúmeros capilares glomerulares. Os capilares se anastomosam, formando a arteríola eferente, que conduz o sangue filtrado para fora do glomérulo. Esse sangue que deixa o glomérulo é redistribuído nos capilares peritubulares, que perfunde os túbulos do néfron. Após a perfusão dos rins, o sangue retorna à veia cava caudal pelas veias renais. O filtrado do glomérulo é coletado pela cápsula de Bowman e, subsequentemente, direcionado através dos túbulos contorcidos proximais, situados no córtex do rim. O túbulo proximal prossegue pela alça de Henle, que mergulha na medula, faz uma volta em “U” e sobe novamente para o córtex. Assim, a alça de Henle consiste em um ramo descendente e um ramo ascendente. O ramo ascendente retorna ao seu glomérulo de origem no córtex. O túbulo contorcido distal é a continuação da parte ascendente da alça de Henle. O túbulo distal segue uma via de giros e voltas através do córtex. Mesmo sendo denominado túbulo contorcido, ele não é tão contorcido quanto o túbulo contorcido proximal. Os túbulos contorcidos distais desembocam nos túbulos coletores, que vão para os ductos coletores. Os ductos coletores transportam o filtrado tubular através da medula, sendo depois conduzido à pelve renal (no caso do bovino vai direto para o ureter). Percurso da urina: Termos Importantes Fluxo Sanguíneo Renal (FSR): refere-se a taxa de fluxo de sangue para os rins. Fluxo Plasmático Renal (FPR): tendo em vista que o plasma é a parte líquida do sangue, a partir do qual se forma o filtrado glomerular, o FPR refere- se à parte do FSR que consiste em plasma. Taxa de Filtração Glomerular (TFG): velocidade em que o filtrado glomerular é formado, medida em milímetros por minuto. Fração deFiltração (FF): é a fração (ou porcentagem) do plasma, que flui pelo glomérulo, que se transforma em filtrado glomerular. É a razão entre TFG e o FPR. O sangue que continua nas arteríolas eferentes apresenta um valor globular e uma concentração de proteína de valor elevado, visto que houve filtração de uma fração do plasma, que entrou nos túbulos. A concentração de proteína é mais alta, visto que praticamente não consegue ser filtrada com os outros componentes do plasma. Considerações Gerais sobre a Formação da Urina Os três processos que envolvem os néfrons, os ductos coletores e o seu suprimento sanguíneo na formação da urina são a filtração glomerular, a reabsorção tubular e a secreção tubular. Como resultado da filtração glomerular, há na cápsula de Bowman um ultrafiltrado de plasma, conhecido como filtrado glomerular. O filtrado glomerular passa a constituir o líquido tubular quando entra nos túbulos do néfron, devido às mudanças de composição que começam a ocorrer , em consequência da reabsorção a partir do lúmen tubular e secreção dentro do lúmen tubular. Reabsorção e secreção tubulares prosseguem em toda a extensão dos néfrons e dos ductos coletores, de modo que o líquido tubular só se transforma em urina quando entra na pelve renal. Com a possível exceção da adição de muco no cavalo, não ocorrem mudanças na composição da urina depois de sua passagem pelos ductos coletores. Filtração Glomerular ✓ O plasma é filtrado pelo glomérulo formando o filtrado glomerular. O filtrado glomerular é o conteúdo plasmático sem as proteínas. A filtração ocorre no glomérulo. Normalmente, os capilares estão localizados entre as arteríolas e as vênulas e têm pressão sanguínea muito baixa. Nessa questão, os capilares são diferentes, pois estão localizados entre duas arteríolas e possuem alta pressão sanguínea. Essa alta pressão sanguínea nos capilares glomerulares força a saída de plasma para o espaço glomerular na cápsula de Bowman. A saída do plasma dos capilares é facilitada pela presença de fenestrações, ou seja, poros, no endotélio capilar. Essas fenestrações permitem a saída de grande quantidade de fluidos da corrente sanguíneo, onde esses fluidos constituem o filtrado glomerular, e são similares ao plasma, porém sem as proteínas. A maioria das moléculas de proteína do plasma é muito grande para atravessar as fenestrações dos capilares glomerulares. Recapitulando: Temos dois leitos capilares: glomérulos e os capilares peritubulares. Os glomérulos são considerados como um sistema de alta pressão, enquanto os capilares peritubulares são de baixa pressão. A formação da urina começa quando um ultrafiltrado de plasma passa através do endotélio capilar fenestrado para dentro do espaço glomerular da cápsula de Bowman. O filtrado glomerular é denominado ultrafiltrado do plasma, visto que os maiores componentes não são filtrados. Em termos práticos, assemelha-se ao plasma e ao líquido intersticial, exceto que possui uma concentração de proteínas menor que a de ambos. Em virtude de suas fenestrações, o endotélio capilar do glomérulo é mais poroso do que o endotélio capilar dos músculos, e as moléculas maiores são mais facilmente filtradas. ✓ Endotélio é a camada celular que reveste internamente os vasos sanguíneos. ✓ Pressão hidrostática alta favorece filtração. Pressão hidrostática baixa favorece a reabsorção. ✓ Alta pressão hidrostática e o endotélio capilar fenestrado garantem uma alta taxa de filtração. ✓ São filtrados: Água, glicose, aminoácidos, Ptn de baixo peso molecular, Na+, Cl-, H+. K+ e amônia. A taxa de filtração glomerular (TFG) é a expressão utilizada para descrever a velocidade de filtração do plasma ao passar pelo glomérulo. A TFG depende da velocidade do fluxo sanguíneo (e, portanto, da velocidade de fluxo do plasma) para o rim e é expressa em mililitros por minuto. Em um cão de aproximadamente 11 kg, cerca de 180 mL de plasma (que representa cerca de 300 mL de sangue, levando-se em conta as células sanguíneas associadas ao plasma) chegam aos rins a cada minuto. À medida que o sangue passa pelos rins, cerca de 45 mL de filtrado glomerular é formado a cada minuto. Em outras palavras, cerca de 25% do plasma (45 mL/180 mL) são removidos da circulação a cada minuto. Ao final de um período de 24 horas, há um total de 64 L de filtrado glomerular formado. Se todo este filtrado glomerular se transformar em urina que precise ser eliminada do organismo, imagine quanto tempo este pobre cão passaria urinando! Felizmente, há outro mecanismo (reabsorção) utilizado pelo rim para reduzir o volume de filtrado glomerular para cerca de 680 mL de urina produzida em um período de 24 horas. Reabsorção Tubular O filtrado glomerular contém os resíduos que precisam ser removidos do organismo, e isso é considerado um vantagem. Infelizmente, o filtrado glomerular contém substâncias do plasma que o corpo não deseja perder, uma vez que são necessárias para a manutenção da homeostase. Algumas destas substâncias importantes são: sódio, potássio, cálcio, magnésio, glicose, aminoácidos, cloreto, bicarbonato e água. Logo, faz-se necessário um mecanismo para que essas substâncias retornem ao organismo, de maneira fisiológica. Esse mecanismo é a reabsorção das substâncias úteis dos túbulos do néfron para os capilares peritubulares. ✓ A reabsorção ocorre os túbulos contorcidos proximal e distal, alça de Henle e ducto coletor. ✓ Ocorre uma constante transição entre túbulos e capilares peritubulares. Inicialmente, o filtrado glomerular entra no túbulo proximal e transforma-se em filtrado tubular. Para qualquer substância ser reabsorvida no organismo, ela deve sair do lúmen tubular, através e entre as células tubulares, entrar no fluido intersticial e atravessar os capilares peritubulares. Algumas substâncias movimentam-se passivamente por osmose ou difusão. Outras necessitam ser ativamente transportadas pelas membranas celulares. À medida que o filtrado glomerar entra na luz do túbulo proximal, o sódio é ativamente bombeado para fora do fluido e retorna à corrente sanguínea. No filtrado tubular, o sódio acopla-se a uma proteína transportadora, para sair da luz tubular para ir para a célula epitelial do túbulo contorcido proximal, com gasto de energia. Nesse mesmo tempo, a glicose e os aminoácidos acoplam-se a mesma proteína que o sódio e seguem-no pelo transporte passivo. Este processo em geral é denominado cotransporte de sódio. Nenhuma energia adicional é gasta, pois a glicose e os aminoácidos estão pegando carona com o sódio ao se acoplarem à mesma proteína. Quando o sódio estiver na célula epitelial do túbulo proximal, ele deve ser bombeado ativamente para fora da célula e para dentro do fluido intersticial, onde irá para os capilares peritubulares. A glicose e os aminoácidos irão se difundir passivamente para fora da célula epitelial tubular e para dentro do fluido intersticial e, em seguida, para os capilares peritubulares. Os íons de sódio também são reabsorvidos na parte ascendente da alça de Henle e do TCD, onde são geralmente trocados por hidrogênio, amônia ou íons de potássio que são secretados no filtrado tubular. Esta troca é influenciada pela aldosterona – o hormônio mineralocorticoide produzido no córtex da glândula adrenal. O potássio difunde-se para fora do filtrado tubular ao se mover entre as células epiteliais para o fluido intersticial, e em seguida, para os capilares peritubulares. A reabsorção de potássio é realizada no túbulo contorcido proximal, na parte ascendente de alça de Henle e no túbulo contorcido distal. Quando o sódio (Na+) tiver sido bombeado da célula epitelial para o fluidointersticial, será criado um desequilíbrio elétrico entre o lúmen tubular, que se torna carregado negativamente, e o espaço intersticial, que se torna carregado positivamente. O cloreto, que é prontamente difundido pelas membranas celulares, move-se do filtrado tubular para as células epiteliais e o espaço intersticial com o objetivo de restaurar a neutralidade elétrica. Quando sódio, glicose, aminoácidos e cloreto deixam o filtrado tubular, uma parte da água remanescente no filtrado é transferida por osmose para o espaço intersticial e os capilares peritubulares. Quando isto acontece, a concentração de outras substâncias no filtrado aumenta além da concentração no sangue dos capilares peritubulares. Isto resulta na difusão passiva destas substâncias através das membranas celulares, movendo-se através das células epiteliais para o fluido intersticial e passando para os capilares peritubulares. Uma das substâncias passivamente reabsorvidas é a ureia. Mesmo sendo um resíduo que o organismo deseja expelir, nem toda a ureia filtrada pelo glomérulo é eliminada pela urina. O organismo mantém um nível normal de ureia no sangue que pode ser mensurado como nitrogênio-ureia no sangue ou BUN. ✓ Para que o Na+, a glicose e os aminoácidos do líquido tubular possam retornar ao sangue, a energia necessária é suprida pela bomba de Na+/K+-ATPase (bomba de sódio e potássio) nas superfícies basal e lateral das células epiteliais tubulares. O transporte simultâneo de dois ou mais compostos pelo mesmo carreador na mesma direção (p. ex., Na+ mais glicose, ou Na+ mais aminoácido) é conhecido como cotransporte. ✓ Glicose é absorvida por completo em co- transporte com sódio (Na-K ATPase) ✓ Água segue o gradiente osmótico e é reabsorvida; ✓ Ureia é reabsorvida devido o gradiente de concentração ✓ Aproximadamente 65% de toda a reabsorção tubular é realizada no TCP, onde 80% de água,sódio, cloreto e bicarbonato e 100% de glicose e aminoácidos no filtrado tubular são reabsorvidos. A reabsorção adicional também é realizada na alça de Henle, TCD e ductos coletores. ✓ Diurese osmótica ocorre quando o soluto permanece no líquido tubular, aumentando assim a osmolaridade e diminuindo a reabsorção de água. Secreção Tubular Muitos resíduos e substâncias estranhas não são removidos do sangue em quantidade suficiente pelos capilares glomerulares. Fisiologicamente, o organismo precisa remover essas substâncias e, dessa forma, elas são transferidas dos capilares peritubulares para o fluido intersticial e as células epiteliais tubulares até chegar ao filtrado tubular nos túbulos. Esse processo é denominado secreção tubular. A maioria das secreções tubulares acontece no túbulo contorcido distal. Hidrogênio, potássio e amônia são algumas das substâncias importantes eliminadas pela secreção. Os medicamentos, como penicilina e algumas sulfonamidas, também são eliminados do organismo pela secreção. Esse processo pode ser útil se o animal apresentar infecção do trato urinário com microrganismos sensíveis a um desses medicamentos. ✓ Secreção de H+, K- e amônia; ✓ Secreção de metabólitos de drogas; ✓ Ureia estabelece um papel fundamental na concentração da urina Controle do Volume Urinário O volume urinário é determinado pela quantidade de água contida quando o filtrado tubular alcançar a pelve renal. Dois hormônios, o hormônio antidiurético (ADH), liberado pela hipófise posterior, e a aldosterona, secretada pelo córtex da adrenal, são responsáveis pela maior parte do controle do volume urinário. ADH tem a função mais importante nesse processo, pois ele vai agir no túbulo contorcido distal e nos ductos coletores para promover a reabsorção de água e, portanto, evitar a perda de água do organismo. Se houver alguma falha no controle do ADH, a água não será reabsorvida e será eliminada pela urina. Isso resulta no aumento do volume e da urina (poliúria). Aldosterona aumenta, em contrapartida, a reabsorção de sódio para a corrente sanguínea no túbulo contorcido distal e no ducto coletor. Isso provoca um desequilíbrio osmótico que estimula a água a seguir o sódio para fora do filtrado tubular e chegar no sódio. O problema é que a água não pode sair do túbulo contorcido distal e do ducto coletor, a menos que haja controle suficiente de ADH. Esta é uma das situações no organismo em que vários fatores devem estar presentes na ordem correta para a manutenção das funções normais (e, consequentemente, da saúde). O filtrado glomerular tubular move-se pelos túbulos e, eventualmente, entra na pelve renal devido à diferença de pressão entre o fluido na cápsula de Bowman e o fluido na pelve renal. A pressão na cápsula de Bowman é maior do que a pressão quase inexistente na pelve renal. Como na diferença de pressão que força a saída do plasma do capilar aferente e a sua entrada no espaço capsular, a diferença na pressão entre a cápsula de Bowman e a pelve renal força a movimentação do fluido pelos túbulos do néfron. Revisão da produção urinária A urina é constantemente produzida pelos rins e enviada para a vesícula urinária com o objetivo de ser armazenada até a eliminação. Enquanto o plasma contendo resíduos metabólicos passa pelo néfron, o rim converte-o em urina que pode ser eliminada do organismo. A produção de urina é dividida em seis etapas básicas: 1. O sangue entra no glomérulo pela arteríola glomerular aferente. 2. A alta pressão sanguínea nos capilares glomerulares força a saída de uma parte do plasma (exceto grandes proteínas e células sanguíneas) dos capilares em direção ao espaço capsular da cápsula de Bowman. O fluido é conhecido como filtrado glomerular. Deste ponto, ele move-se para o túbulo contorcido proximal e, então, recebe o nome de filtrado tubular. 3. O plasma, que não sai dos capilares glomerulares, deixa o glomérulo através dos capilares glomerulares eferentes e entra na rede capilar peritubular ao redor do restante do néfron. 4. Enquanto o filtrado tubular percorre os túbulos do néfron, alguns dos seus constituintes, ou substâncias úteis, são reabsorvidos de volta aos capilares peritubulares (A). 5. Os resíduos são secretados dos capilares peritubulares para o filtrado tubular, enquanto percorrem os túbulos (B). 6. Ao alcançar os ductos coletores, o volume do filtrado tubular é menor, houve muitas alterações na composição química, e ele está pronto para deixar o rim e ser eliminado. Quando o filtrado tubular entrar na pelve renal, é denominado urina, e nada mais será feito para alterar a sua composição. (Uma exceção seria o muco que poderia ser adicionado à urina do cavalo, após ela chegar à pelve renal.) A, Substâncias que são recuperadas do filtrado tubular através da reabsorção em capilares peritubulares. B, Substâncias que são eliminadas do organismo, conforme a necessidade, através da secreção dos capilares peritubulares para o filtrado tubular. Mecanismos de Regulação • Hormônio Antidiurético (ADH); • Sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona; • Aparelho Justaglomerular. ADH Também denominado vasopressina, é um hormônio produzido no hipotálamo, secretado pela hipófise posterior, ou neuro-hipófise, que atua em resposta à desidratação ou ao aumento da osmolaridade plasmática. ✓ Em caso de aumento na concentração plasmática (pouca água), ADH irá atuar nos túbulos distais e coletores, tornando-os permeáveis à água, estimulando assim a sua reabsorção. ✓ O ADH desempenha duas funções principais, que são importantes para a regulação do volume sanguíneo e da pressãoarterial: antidiurese e vasoconstrição. Entretanto, quando há uma hemorragia, a vasopressina pode ser secretada em grandes quantidades e suas ações vasoconstritoras e retentoras de líquidos contribuem expressivamente para a recuperação da pressão arterial aos níveis normais. O ADH ajuda na prevenção da diurese ( perda de grande quantidade de água pela urina); ou seja, atua sobre os rins auxiliando o organismo a conservar água em épocas de baixo fornecimento. Dessa forma, a vasopressina estimula os rins a reabsorverem maiores quantidades de água para a circulação a partir do filtrado urinário que estiver sendo produzido. Assim, faz com que a urina fique mais concentrada do que o normal, com uma coloração acentuada e forte odor. Quando a concentração de ADH está baixa, não ocorre reabsorção de água, e a urina ficará diluída. • Percebe-se mecanismo de feedback negativo. O ADH é liberado quando o hipotálamo detecta uma escassez de água (desidratação) no organismo. Quando o animal fica desidratado, a pressão osmótica do sangue aumenta, tornando-o mais concentrado, contemplando uma condição chamada hemoconcentração. Assim, receptores do hipotálamo percebem essa alteração, então desencadeiam impulsos nervosos para a neuro- hipófise, estimulando assim a liberação de ADH. Pela corrente sanguínea, o ADH é transportado para os rins (seu órgão-alvo), onde induz a economia de água e a consequente produção de uma urina mais concentrada. Vale a pena ressaltar que a liberação do ADH é inibida pelo consumo de álcool e cafeína, de modo que a tentativa de aliviar a sede por meio destes deve ser evitada. Por quê? Porque ao bloquear a liberação do efeito do ADH, essas substâncias permitem que a água flua para fora do organismo por meio da urina, o que piora a hemoconcentração, fazendo com que a sensação de sede piore a longo prazo. “A melhor coisa para se beber na ocorrência de sede é água! As mães são muito espertas.” by Colville. Ainda, a deficiência de ADH no organismo provoca uma doença denominada diabetes insipidus. Animais afetados produzem grande quantidade de urina muito diluída (poliúria) e bebem grande quantidade de água (polidpsia). Outras doenças também podem produzir poliúria e polidipsia, portanto uma investigação diagnóstica completa é necessária para confirmar a ocorrência de diabetes insipidus. A condição é tratada com a administração de fármacos com atividade ADH mimética para o resto da vida do animal. Sistema renina-angiotensina-aldosterona O sistema renina-angiotensina-aldosterona funciona como um mecanismo de regulação neuro-humoral no controle do volume sanguíneo e da pressão arterial e está envolvido fundamentalmente na fisiopatologia de alguns distúrbios clínicos como hipertensão arterial e insuficiência cardíaca congestiva. O sistema renina-angiotensina-aldosterona é um importante regulador da taxa de filtração glomerular e do fluxo sanguíneo renal. A renina é um hormônio produzido por células do aparelho glomerular, sendo estas células localizadas na parede da arteríola aferente, as células mesangiais extraglomerulares granulares. A liberação da renina é estimulada pela redução na pressão de perfusão renal. Vamos começar: com a pressão sanguínea baixa, há também uma baixa filtração de sódio. Assim, a mácula densa dos túbulos distais percebe a diminuição do teor de sódio. Dessa forma, os rins vão liberar a renina, que vai pela corrente sanguínea para o fígado. A renina catalisa a transformação do angiotensinogênio, que é produzido pelo fígado, em angiotensina I. Em seguida, a angiotensina I é convertida em angiotensina II, que é mais ativa, pela ECA (enzima conversora de angiotensina), que se localiza no endotélio vascular dos pulmões. A conversão de angiotensina I em angiotensina II nos rins pode regular o fluxo sanguíneo renal e transportar processos independentemente dos efeitos sistêmicos. Depois da vasopressina, a angiotensina II é o segundo composto vasoconstritor mais potente produzido no corpo. • Note que o aparelho glomerular é sensível ao sódio, por isso é a mácula quem percebe a diminuição do teor de sódio. Seguindo esse raciocínio, se a pressão sanguínea diminui, a arteríola aferente vai ter menos quantidade de sódio, logo a mácula densa dos túbulos distais vai acionar a renina para o início do sistema renina- angiotensina-aldosterona. • ECA está localizada nas células endoteliais vasculares. O pulmão é o principal órgão que contribui para a conversão, em virtude de sua vascularidade. A angiotensina II vai atuar na compressão dos vasos sanguíneos, atuando efetivamente na constrição da arteríola aferente, a nível de glomérulo, evitando que mais sangue entre no glomérulo, diminuindo assim a taxa de filtração glomerular. • Logo, vai favorecer a reabsorção de sódio. Mas como isso vai funcionar? Angiotensina II desempenha um papel fundamental no balanço hídrico, uma vez que estimula a liberação de aldosterona pelo córtex da glândula adrenal, que por sua vez aumenta a reabsorção de sódio e a retenção de água nos túbulos renais. Ainda, aldosterona é responsável pela excreção de potássio. Logo, aldosterona estimula as células dos túbulos distais a fazerem a bomba de sódio e potássio, uma vez que se expulsa os íons potássio enquanto aumenta a reabsorção de sódio. Em nível sistêmico, a angiotensina II provoca vasoconstrição arteriolar, o que aumenta a resistência vascular e eleva a pressão arterial sistêmica. Portanto, a angiotensina II aumenta a retenção de sais e água, o volume intravascular e a resistência vascular, fatores que contribuem para a elevação da pressão arterial sistêmica e da pressão de perfusão renal. A liberação de renina é suprimida pela melhora da perfusão renal e também pela elevação da angiotensina II plasmática, criando um sistema de feedback negativo que mantém a perfusão renal e a taxa de filtração glomerular dentro da variação fisiológica. Para Patologia: Insuficiência Cardíaca. Aparelho Justaglomerular Delimita a junção do túbulo contorcido distal com o glomérulo. Especificamente, deve-se ter em mente que o néfron distal está intimamente associado ao glomérulo do mesmo néfron. A mácula densa marca o início do túbulo distal e situa-se entre as arteríolas aferente e eferente, adjacente à região mesangial extraglomerular. Essas quatros estruturas contemplam o aparelho justaglomerular. As células localizadas entre a mácula densa e as arteríolas são conhecidas mais especificamente como células mesangiais extraglomerulares ou células lacis. Elas secretam renina, uma enzima que converte o angiotensinogênio (proveniente do fígado) em angiotensina I. O aparelho JG está envolvido em mecanismos de retroalimentação, que ajudam na regulação do fluxo sanguíneo renal e taxa de filtração glomerular. ✓ Perfusão renal aumentada; ✓ Na+ e Cl- regulam esse processo; ✓ Constrição da arteríola aferente (atua nelas) Equilíbrio Ácido-Básico Consiste basicamente em um controle de excreção e absorção, onde é excretado íons de hidrogênio e amônia, enquanto o bicarbonato é absorvido. • H+ é secretado nos túbulos proximais e distais assim como no ramo descendente da alça de Henle; • Bicabornato é absorvido na forma de CO2 e H2O. Outras Funções do Sistema Renal Eritropoetina: Em casos de hipóxia, ou seja diminuição do aporte de oxigênio, é desencadeada a produção de eritropoietina pelo rim, que vai estimular a eritropoiese na medula óssea vermelha, aumentando assim o número de hemácias e o transporte de oxigênio. Uma vezque há o aumento de oxigênio, vai ocorrer, por feedback negativo, um efeito inibitório para cessar a produção de eritropoietina pelo rim. O hormônio paratireoide, ou paratormônio, atua nos túbulos renais. Ele auxilia na manutenção da homeostase sanguínea do cálcio, exercendo um efeito oposto da calcitonina. O paratormônio ajuda a prevenir a hipocalcemia (nível baixo de cálcio) por meio da reabsorção de cálcio, aumentando assim seu nível sanguíneo. Isso se dá pelos seus efeitos nos rins, intestino e ossos. Dessa forma, o paratormônio estimula os rins a reterem cálcio, estimula o intestino a absorver o cálcio dos alimentos e, por fim, estimula a retirada de cálcio dos ossos.
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