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A PERSECUÇÃO CRIMINAL (“PERSECUTIO CRIMINIS”) 1 - COMUNICAÇÃO DO FATO POSSIVELMENTE CRIMINOSO À POLÍCIA JUDICIÁRIA (B.O.; “comunicação de fato criminoso”; “requerimento de abertura de inquérito”; “notitia criminis”; “delatio criminis”; “relato de fato”; etc...) – não utilizar os termos “denúncia”, “queixa” ou “representação”. 2 – INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL - Diligências investigatórias pela polícia judiciária (artigos 6.º e 7.º do CPP – rol exemplificativo). O delegado de polícia possui discricionariedade relativamente a quais diligências devem ser realizadas e em quem momento elas serão realizadas. - O inquérito policial não é um procedimento judicial. Trata-se de procedimento administrativo, presidido por autoridade policial, órgão vinculado ao Poder Executivo. O princípio da ampla defesa e do contraditório é, inclusive, consideravelmente limitado durante o inquérito policial. - O juiz só é chamado a atuar, no âmbito das investigações policiais, quando alguma diligência investigatória a ser adotada incide sobre direito constitucionalmente protegido do investigado (por exemplo, interceptação telefônica ou prisão cautelar). Nestes casos, deve haver prévio pedido (da própria polícia ou do Ministério Público) e autorização judicial neste sentido. - Durante as investigações, o delegado de polícia promove o “indiciamento” do investigado. Ato formal que oficializa a “suspeita” de que aquela pessoa pode ter sido autor ou partícipe do fato investigado. Portanto, no inquérito não existe “réu”; existe “indiciado”. - O inquérito policial é SEMPRE encerrado com o relatório final elaborado pelo delegado de polícia, uma síntese das diligências empreendidas nos autos do inquérito. 3 – ENCAMINHAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL AO MINISTÉRIO PÚBLICO - Feito o relatório, a polícia encaminha os autos do Inquérito para o Ministério Público. Recebendo os autos, o Promotor de Justiça (ou Procurador da República, conforme o caso), pode fazer quatro coisas: a) pedir o retorno do inquérito à polícia para mais diligências; b) opinar pelo arquivamento da investigação (nos casos em que não estiverem presentes as “condições gerais para o exercício da ação penal”, extraídas a contrario sensu, do artigo 395, do CPP); c) propor “acordo de não persecução penal”, em conformidade com o artigo 28- A, do CPP; d) ajuizar a ação penal, oferecendo denúncia em juízo. 4 – AUTOS COM DENÚNCIA NAS MÃOS DO JUIZ - O juiz possui dois caminhos: a) rejeitar a denúncia nas hipóteses do artigo 395, do Código de Processo Penal. Desta decisão. O Ministério Público pode interpor Recurso em Sentido Estrito (artigo 581, I, do CPP). b) receber a denúncia, quando não se verificarem as hipóteses de rejeição do artigo 395, do CPP (ou seja, quando estiverem presentes as “condições gerais para a ação penal”). Esta decisão inaugura a fase judicial da persecução penal. Antes, tínhamos apenas a investigação policial, fase administrativa. - Obs. Diferentemente de uma eventual rejeição equivocada da denúncia, que como visto pode ser desafiada por Recurso em Sentido Estrito, o recebimento equivocado de uma denúncia não pode ser atacado por nenhum recurso (princípio da taxatividade recursal). 5 – SEQUÊNCIA DE ATOS APÓS RECEBIMENTO DA DENÚNCIA (na hipótese de crime com pena máxima igual ou superior a 4 anos – procedimento comum sumário: art. 394, do CPP) Art. 394. O procedimento será comum ou especial. § 1o O procedimento comum será ordinário, sumário ou sumaríssimo: I - Ordinário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada for igual ou superior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade - (artigos 394 a 405 do CPP) II - Sumário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada seja inferior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade - (artigos 531 a 538, do CPP) III - Sumaríssimo, para as infrações penais de menor potencial ofensivo, na forma da lei – (Lei 9.099/95, a partir do artigo 69 – Juizados Especiais Criminais. De acordo com o artigo 61, “consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa”. ATOS DO PROCEDIMENTO COMUM ORDINÁRIO (mais completo) - Recebimento da denúncia; - Citação do réu; - Resposta à acusação por intermédio de advogado; - Absolvição sumária se presentes os requisitos do art. 397, do CPP, ou, se não presentes tais requisitos, designação de audiência de instrução e julgamento - Ordem dos atos na audiência: testemunhas arroladas pela acusação; testemunhas arroladas pela defesa; interrogatório do réu; oportunidade para requerimento oral de diligências complementares; debates orais, com alegações finais primeiro pela acusação e depois pela defesa, ambos com 20 minutos; sentença oral no final da audiência. 6 – SENTENÇA CONDENATÓRIA OU ABSOLUTÓRIA. - Pode ser desafiada por recurso de Apelação (art. 593, I, do CPP), a ser julgado, no mérito, pelo respectivo Tribunal de Segundo Grau de Jurisdição (Tribunais de Justiça dos Estados ou Tribunais Regionais Federais). 7 – ACÓRDÃO CONFIRMATÓRIO DA CONDENAÇÃO OU DA ABSOLVIÇÃO - Pode ser desafiado por dois recursos simultâneos com previsão na Constituição Federal (artigos 102 e 105) e regulamentação no Código de Processo Civil. a) Recurso Especial para o STJ, na hipótese em que o acórdão viola algum dispositivo de Lei Federal; b) Recurso Extraordinário para o STF, na hipótese em que o acórdão viola algum dispositivo da Constituição Federal. 8 – JULGAMENTO DOS RECURSOS NOS TRIBUNAIS SUPERIORES E TRÂNSITO EM JULGADO. - Primeiro ocorre o julgamento do Recurso Especial pelo STJ. Depois o STF julga o Recurso Extraordinário. Julgado o Recurso Extraordinário, não existindo mais órgão jurisdicional ao qual se possa reclamar, ocorre o trânsito em julgado da decisão judicial daquele caso penal. - Se a sentença for condenatória, o réu, que agora não é mais presumidamente inocente, e sim culpado, deve cumprir a pena estipulada na sentença. Daí em diante, tem-se insaturado o processo de execução penal, destinado a fiscalizar o cumprimento da reprimenda pelo condenado. - Esta condenação transitada em julgado ainda pode, excepcionalmente, ser atacada por Revisão Criminal (nas hipóteses do artigo 621, do CPP). Diversamente, se a sentença for absolutória, nem excepcionalmente pode ser revista. Ocorre, neste caso, a chamada coisa soberanamente julgada.
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