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Aula 01 - Sucessão
Sucessão. Conceito e Espécies. Sucessão mortis causa. Fundamentos, princípios, características e objeto.
• Conceito e Espécies:
→ Sucessão = modificação subjetiva
- relação jurídica (a título singular) 
- na titularidade de um patrimônio (a título universal)
→ Inter vivos → casamento pelo regime de comunhão universal, incorporação∕fusão de sociedades
→ Mortis Causa → patrimônio de uma pessoa (herança)
• Sucessão Mortis Causa
→ CF, art. 5º, XXX - direito fundamental 
• Direito Fundamental
• Sucessão Mortis Causa ocorre:
- Na forma da lei = legítima
- Em decorrência de declaração de última vontade (= testamento) = testamentária (art. 1786, art. 1788)
Art. 1.786. A sucessão da‑se por lei ou por disposição de última vontade.
	Há diversos sistemas de disposição do patrimônio pos mortem, mas o Brasil não adotou o da livre disposição. Isso porque o fundamento da proteção à herança é a proteção à família, para que o patrimônio familiar nela permaneça. 
	Nesse viés, a CF assinala que o patrimônio deverá ser garantido a pessoas determinadas em lei, pois a herança é um direito fundamental. O Código Civil é, então, a lei que regulará a sucessão mortis causa de pessoas físicas. 
	A sucessão por mortem ocorrerá na forma da lei, pela legítima, herança, ou pela declaração de última vontade, o testamento, que só terá efeitos após a morte. Na sucessão legítima, é a lei que diz quem herda e as formas; a sucessão testamentária também é regida pelo CC, produzindo a vontade efeitos após a morte, desde que realizada e executada na forma da lei.
• Direito das Sucessões
- Direito das Sucessões = parte do direito civil que regulamenta a sucessão mortis causa; conjunto de normas jurídicas que orientam a destinação do patrimônio de uma pessoa física após sua morte.
- Patrimônio = universalidade de bens (art. 91) = herança, espólio
- Direitos Personalíssimos só se transmitem mediante previsão expressa (L. 9610, de 29.02.98, art. 24, §1º).
	
	Embora detenha capacidade negocial, o espólio é uma massa de bens que não tem personalidade jurídica, ocorrendo o mesmo com o condomínio. Quem representa o espólio é o inventariante.
	Regra geral, os direitos da personalidade são instransmissíveis, desaparecendo com a morte de seu titular. Porém, a lei traz exceções de direitos da personalidade, como os direitos do autor, para sua própria proteção, podendo os herdeiros postulá-los em juízo, em nome do sucedido.
• Sucessão Mortis Causa: objeto
- patrimônio ou quota parte ideal (sucessão a título universal) = herança
	Cota ou quota são sinônimos, mas a lei utiliza quota, como sinônimo de fração ideal. É fração mas não é determinado, pois há fração ideal.
- bem ou bens determinados (sucessão a título singular) = legado
	Na sucessão a título singular já são determinados os bens que cada sucessor irá receber, ou seja, há um legado. Herança e legado não são sinônimos, pois legado trata de bens determinados e a herança é um conjunto de bens, a ser dividido em frações ideais por seus herdeiros. 
	Regra geral, o patrimônio será levantado na herança, para saber seu todo, e depois dividido entre os herdeiros. Não se sabe na herança, de antemão, o que será recebido. Ademais, as dívidas serão pagas na medida da herança.
- regra: sucessão inter vivos = a título singular
	 Sucessão mortis causa: 
		- a título singular (legatário) = sempre testamentária
		- a tíulo universal (herdeiro) = legítima ou testamentária (legitimária)
- herdeiro legítimo e∕ou testamentário
- herdeiro ≠ legatário	
	A sucessão mortis causa pode ocorrer por legado, mediante sucessão singular, legítma ou testamentária, mediante herança. Assim, pode-se falar em herdeiro por força de lei e em herdeiro testamentário. 
	Uma mesma pessoa, porém, pode ser herdeiro legítimo e testamentário, recebendo a legítima vinculada por lei, além de algo da parte que o sucedido pode dispor.
	Quando estranho recebe totalidade da herança isso terá que ser por meio de testamento, pois não há herdeiros.
• Sistemas de Disposição da Herança:
→ Concentração = morgado (bens atribuídos ao varão primogênito)
→ Divisão Necessária = divide sempre por todos
→ Liberdade Testamentária = autor da herança dispõe livremente
→ Direito Brasileiro = liberdade testamentária limitada (CF, art. 5º, XXX e art. 1789, CC)
→ Pactos Sucessórios = contratos que têm por objeto a herança de pessoa viva (art. 426); são vedados, não se podendo contratar para depois ou antes da morte, portanto, é proibida a renúncia antecipada à herança.
	No direito brasileiro, a liberdade testamentária é limitada porque, além de só se poder dispor de metade da herança, algumas pessoas não podem receber herança, ainda que por testamento. 
	Há causas também que afastam herdeiros necessários da sucessão necessária, como homicídio dos pais. 
	
Atenção: Pactos Sucessórios
Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva.
- Relações Patrimoniais entre cônjuges e companheiros
- Pacto Antenupcial
- Regime de Bens
	Não pode ser objeto de contrato herança de pessoa viva, não importando que tipo de contrato, seja pacto nupcial, regime de bens. É comum tentar excluir da herança cônjuge por pacto antenupcial determinando regime de bens. Contudo, isso é inválido. O cônjuge é herdeiro necessário e não há herança antes da morte, mas apenas expectativa de direito, não se podendo renunciar ao que não se tem. 
• Pressupostos da Sucessão Mortis Causa
→ 1º - morte do autor da herança
- morte = é o fim da existência da pessoa natural (art. 6º), visto que não há morte civil
	E a morte declarada pelo médico.
- registro do óbito: Lei 6015∕73, arts. 77-87
	O atestado de óbito emitido é levado ao Registro civil, para que seja feito registro do óbito.
- Presunção de Morte = art. 6º (ausência, LRP, art. 94) e 7º, CC (sem ausência, LRP, art. 89)
	O direito brasileiro admite presunção de morte no caso de ausência e a LRP trata do registro, no art. 94. 
	O art. 7º, porém, trata da presunção de morte sem ausência, exigindo-se justificação e seu posterior registro. A justificação será de que a pessoa morreu mas não há atestado de óbito, como nos casos em que corpo não é encontrado. Deve haver, porém, fatos conhecidos que gerem a presunção do resultado, pois isso será levado a juízo e o juiz irá proferir sentença de óbito, para ser levada a registro. Ex: queda de avião, enxurrada levando pessoas. 
	Isso, hoje, é procedimento de jurisdição voluntária. PROCURAR NO NOVO CPC OS DISPOSITIVOS.
Art. 7º, CC. Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência:
I – se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;
II – se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra.
→ Comoriência = art. 8º
	A comoriência tem uma enorme importância na prática, pois dependendo da pessoa que morreu primeiro, ainda que por 1 min, serão retirados direitos de outras. Pela comoriência há presunção de morte ao mesmo tempo, nos casos em que a determinação não é possível.
→ art. 1787, CC: estabelece a lei que rege a sucessão
Art. 1.787. Regula a sucessão e a legitimação para suceder a lei vigente ao tempo da abertura daquela.
	O dia da morte é a referência para sucessão, comprovado através da certidão de óbito. Ademais, a lei vigente no dia da sucessão é a que regula a legitimação para suceder. Em 2002, quem morreu teve aplicado o CC∕16, e não o de 2002. Isso fez muita diferença, pois a sucessão de cônjuges era muito diferente. Hoje, é herdeiro necessário e concorre com os filhos, mas no CC∕16 não era herdeiro necessário e só herdaria em não havendo ascendentes ou descendentes.
	Em 2002, havia também muitas discussões sobre a legitmação para suceder de companheiros; hoje, porém, o CC a regula, ainda que de forma ruim, garantiando-a.
→ 2º: Sobrevivência de herdeiro sucessível
	Para recebimento da herança deve haver herdeiro sucessível, ou seja, vivo e apto a receber. O maior exemplo de não legitimados são filhos, herdeiros necessários, que matam os pais. Outro exemplo é deherdeiros que são aptos, mas não querem receber herança. 
Aula 02 (Sucessão – cont.)
• Momentos do Fenômeno Sucessório
	Verificados os pressupostos, verifica-se que há momentos que a doutrina tradicionalmente menciona.
1º → Abertura da sucessão: art. 6º c∕c art. 1784
	É a partir desse momento que se saberá a lei regente da sucessão.
- A transmissão se verifica pelo direito de saisine (le mort saisit le vif)
	O momento da morte é datado, com dia, hora e local. Com a morte, automaticamente, conforme art. 1784, transmite-se a herança (posse e propriedade dos bens) a seus sucessores. Isso porque é o fato jurídico morte que opera a sucessão, ou seja, o fato opera a transmissão, não registro ou posse do bem. Pode-se não saber que bens compõem a herança, devendo-se fazer um levantamento, o inventário.
	Inventariar é relacionar o patrimônio do falecido, sendo essa a única finalidade do inventário. O patrimônio, aqui, abarca ativo e passivo. Não é o inventário que transmite a propriedade, mas o fato morte, pois desde a sucessão o patrimônio passa aos herdeiros, ainda que não saibam o que irão receber ou ainda que não recebam nada, em razão de dívidas do falecido. Até a partilha, a herança não é individualizada, todos são donos de tudo.
	O P. Continuidade dos Registros é porque a Fazenda tem registrado imóveis no nome do falecido e deverá atualizar a propriedade após o fato jurídico morte após a individualização da herança. 
	Antes da partilha é possível que os herdeiros alienem a herança? Será verificado se o falecido nada deve ao fisco, se foi pago o Imposto de Transmissão de Bens Imóveis (ITBI), pois só se poderá dispor do que apurado. Antes da partilha, não se sabe o que se poderá dispor. Por isso não se fala em venda de direito hereditário, mas cessão, pois não se aliena bens, mas o direito (venda de direitos chama-se cessão). Isso é possível, mas quem os adquire deverá ter um bom advogado para analisar a situação do inventário, se o espólio tem dívidas, quantas, pois ao se comprar direito à sucessão é possível se deparar com nada em razão disso.
	HH destaca que há inventário judicial e extrajudicial, mas aqui se trabalha com o inventário judicial. Assim, para cessão de direitos será preciso autorização judicial e concordância de todos os herdeiros, pois o espólio é uma universalidade juridicamente indivisível. 
	A transmissão se verifica pelo direito de saisine, que vem da idade média, pelo qual a morte investe os vivos. A ideia da saisine é imitir na posse. É pelo direito de saisine que com o fato morte, automaticamente, transmite-se a posse. Os herdeiros se tornarão proprietários e possuidores indiretos, ao menos, para eventuais discussões. 
- Local da Sucessão: art. 1785, CC c∕c arts. 96 e p.u, e 89, II, CPC
	Conforme art. 1785, sucessão abre-se no local do último domicílio do falecido, sendo domicílio definido pelo Código. Isso tem diferença nos custos, p.e, se o domicílio é em SP os herdeiros do RJ para lá terão que ir.
2º → Vocação Hereditária (delação da herança ou devolução sucessória, CC art. 1784) = há a designação concreta dos herdeiros (chamados pela lei ou por testamento) e o oferecimento da herança que fica à disposição de quem possa adquiri-la, já que o herdeiro (sucessível), além de estar vivo, tem que ser capaz de recebê-la e precisa aceitá-la: é o momento do deferimento da herança.
	Devolver é entregar aqui; a ideia é chamar os herdeiros legítimos e testamentários para oferecer a herança, que fica à disposição de quem a quiser e possa adquirir. É nesse momento que se irá observar se o herdeiro é capaz, legitimado a receber a herança e se irá aceitá-la. Isso traduz uma transmissão gratuita, ocorrendo à semelhança da doação, que precisa ser aceita. 
São chamados: herdeiros (legítimos e testamentários) e legatários
• Coexistem os chamamentos: art. 1788
→ Morrendo a pessoa sem testamento (= ab intestato):
- transmite-se a herança aos herdeiros legítimos
- o mesmo ocorrerá quanto aos bens que não forem compreendidos no testamento
- subsiste a sucessão legítima se o testamento caducar, ou for julgado nulo
	A importância de saber se está em uma sucessão legítima ou testamentária é a diferença de regras que regem cada uma. Deserdação é um ato que só pode acontecer na sucessão testamentária, embora diga respeito a herdeiro necessário. Quando se diz que coexiste chamamento é porque na sucessão serão chamados os dois, herdeiros legítimos e testamentários, tratando o art. 1788 da forma como será feito o chamamento e o que pode ocorrer.
	O sistema de disposição da herança no direito brasileiro é o de liberdade restrita. A maioria dos artigos de sucessão trata de sucessão testamentária, porém. O testamento é um ato formalíssimo, por isso faltando qualquer requisito ele é nulo. Morrendo a pessoa sem testamento, transmite-se a herança a seus herdeiros legítimos, bem como se o testamento caducar ou for julgado nulo.
	Caducar é diferente de ser julgado nulo. O julgamento nulo é determinado por sentença. Quando o testamento caduca, envelhece, perce a eficácia, pois não haverá como ser cumprido, p.e, se foi alienado bem antes da morte pelo testador. O fato de realizar testamento não afeta possibilidade de o testador dispor dos bens, pois é proprietário e os herdeiros têm apenas expectativa de direito, não se podendo discutir herança de pessoa viva. 	Além disso, pode acontecer de os herdeiros designados terem morrido e não serem designados substitutos. O testador pode prever a morte e nomear substitutos ou não.
3º → Aquisição ou adição da herança = é a investidura do herdeiro na sucessão; a herança entra no seu patrimônio; verifica-se, normalmente, com a delação (art. 1784), mas pode não haver coincidência dos momentos, como nos casos de normeação do herdeiro sob condição ou de fideicomisso (art. 1897, 1898): houve a vocação, a herança está deferida ao herdeiro ou ao fideicomissário, mas este só a adquirirá quando verificada a condição suspensiva a que está submetido seu direito. 
	Os herdeiros devem aceitar a herança. Não aparecendo herdeiros, a herança fica para o Município. 
	Havendo condição suspensiva a herdeiro, mas enquanto não se verificar ele não se tornará herdeiro. O fideicomisso, por sua vez, é uma situação típica da sucessão testamentária. Esse é um instituto muito reduzido no CC∕02, sendo a ideia de sucessão da sucessão, ou seja, sucessão sucessiva. Ex: testador deixa bem para A, a fim de que ele o adquira pela propriedade, mas submetida a uma condição resolutiva, p.e., vida. Assim, no dia que morrer, o bem será entregue a outrem. De certa forma, interfere-se na sucessão de A. 
	É importante entender todos os momentos, pois da partilha à sucessão definitiva muito pode acontecer. Ex: propriedade está sendo usucapida quando da sucessão. Pode haver usucapião, já que a propriedade se transfere? Eventual sucessor ou Municipio terão interesse em impedir tal situação.
• Herança e sua Administração
→ Estado de Indivisibilidade: art. 1791; 1793
	Conforme art. 1791, a herança defere-se como um todo unitário, ainda que vários sejam os herdeiros. Até a partilha, o direito dos co-herdeiros, quanto à posse e propriedade, será indivisível e regulado pelas regras do condomínio. É por isso que poderão ceder direito à sucessão, e não bens. O art. 1793 ratifica isso (caput, §§2º e 3º). A melhor forma de observar o que se está adquirindo é pelo inventário. 
	A situação do legatário nem entra aqui, pois seu bem é especificado. O legado é uma figura da sucessão testamentária, sendo a diferença que, embora o bem esteja destinado, deverá pedir aos herdeiros, pois o bem não se transmite pelo direito de saisine. O legado é uma forma de doação por mortem, por isso, é preciso saber se o testador não ultrapassou o deixado. 
	O §1º do art. 1793 diz respeito à sucessão testamentária, sendo o substituto aqui o do herdeiro testamentário faltante. Não havendo substituto, a parte do herdeiro que não pode receber volta para a sucessão legítima, pois em relação a ele o testamento será nulo. 
Aula 03 (Sucessão – cont.)• Herança e sua Administração
• Responsabilidade do Herdeiro: art. 1.792
• Inventário – Administração:
- Art. 1.796 
	O herdeiro responde dentro das forças da herança, exceto no caso de alimentos. A finalidade do inventário é levantar tudo o que compõe o patrimônio do autor da herança, ativo ou passivo, além de chamar os herdeiros que não se apresentarem espontaneamente. 
Prazo Abertura Inventário: CC X CPC – CPC∕2015
→ Atenção ao prazo:
- art. 983, CPC: 60 dias
- art. 1796, CC = 30 dias
- art. 611, L. 13.105∕2015 = 2 meses
	O prazo atual para abertura de inventário é de 30 dias, pois o novo CPC irá entrar em vigor em 2016, já que está em vacatio de um ano. Não abrindo o inventário no prazo legal, os códigos tributários estaduais preveem multa. 
	Abrir o inventário é simples, realizando-se uma petição com atestado de óbito. 
Competência: CPC, art. 96
	Cumprimento de disposições de última vontade é o testamento, pois neste há um procedimento próprio de cumprimento. O local do domicílio do falecido é fundamental para determinar providências práticas, uma delas diferenciar local da morte do local do domicílio.
	No CPC∕2015, o art. 48 vai na mesma linha do art. 96 do atual. 
	O art. 1797,CC trata do ato de compromisso do inventariante, destacando que até sua realização haverá legitimados para administração da herança. No curso do procedimento, após abertura do inventário, o administrador da herança será nomeado pelo juiz e assinará o ato de compromisso do inventariante. É ele que irá representar o espólio e o documento fará prova dessa representação. Porém, até que assine o termo de inventariança, a Administração da herança caberá, sucessivamente, às pessoas determinadas no artigo.
	Para fins de direito sucessório, deve haver convivência quando da abertura da sucessão, na hora da morte. O testamenteiro é a pessoa nomeada pelo testador para cumprir o testamento, não necessitando ser herdeiro, podendo ser amigo etc. Geralmente, é uma dessas pessoas que é legitimada para abertura do inventário.
Administrador: CPC, arts. 985 e 986 – CPC∕2015, art. 613
	O CPC privilegia quem está zelando pela herança na qualidade de administrador provisório, pois geralmente é ele quem será o inventariante. Porém, às vezes, há brigas pela herança e pela administração.
	O administrador provisório é legítimo possuidor, possuindo todas as prerrogativas de tal qualidade. Porém, a legitimidade de postular não é individual, mas coletiva, em nome de todos os herdeiros, do espólio.
Julgados STJ sobre o tema: 
- RESP 1.072.511∕RS - princípio da indivisibilidade da herança, inserto no art. 1.580 do Código Civil de 1916, veda a alienação, por herdeiro, de coisa singularmente considerada do patrimônio a ser inventariado. Aberta a sucessão, a herança é considerada universitas juris, pois é deferida como um todo unitário, de modo que todos os herdeiros podem exercer sobre o acervo hereditário os direitos relativos à posse e à propriedade.
- AgRg no Rcl 5326∕DF - A expressão "jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça" constante no art. 1º da Resolução nº 12, deve ser interpretada em sentido estrito, abrangendo apenas temas de direito material, excluindo questões processuais, como no caso, em que se discute a legitimidade dos herdeiros para demandar, em nome próprio, a universalidade da herança, fazendo-se, necessário, ainda, que a decisão do Juizado Especial Cível tenha contrariado: a) Súmula do STJ; b) decisão proferida em sede de recursos repetitivos ou; c) jurisprudência consolidada desta Corte. II - Ressalte-se que a referência a dois ou três precedentes no âmbito desta Corte não configura a existência de jurisprudência pacífica para efeito do cabimento da Reclamação, requisito que só se satisfaz em relação a temas recorrentes, cuja reiteração de julgados em um mesmo sentido ocorra independentemente de circunstâncias fáticas da causa, tornando possível o seu enfrentamento, inclusive, por decisão unipessoal do relator.
- RESP 1.386.220∕PB - Pelo princípio da saisine, previsto no art. 1.784 do CC-02, a morte do de cujus implica a imediata transferência do seu patrimônio aos sucessores, como um todo unitário, que permanece em situação de indivisibilidade até a partilha. 4. Enquanto não realizada a partilha, o acervo hereditário – espólio - responde pelas dívidas do falecido (art. 597 do CPC) e, para tanto, a lei lhe confere capacidade para ser parte (art. 12, V, do CPC). 5. Acerca da capacidade para estar em juízo, de acordo com o art. 12, V, do CPC, o espólio é representado, ativa e passivamente, pelo inventariante. No entanto, até que o inventariante preste o devido compromisso, tal representação far-se-á pelo administrador provisório, consoante determinam os arts. 985 e 986 do CPC.
- RESP 1.080.614 – O art. 12 do CPC atribui ao espólio capacidade processual, tanto ativa, como passiva, de modo é em face dele que devem ser propostas as ações que originariamente se dirigiriam contra o "de cujus". - O princípio da "saisine", segundo o qual a herança se transfere imediatamente aos herdeiros com o falecimento do titular do patrimônio, destina-se a evitar que a herança permaneça em estado de jacência até sua distribuição aos herdeiros, não influindo na capacidade processual do espólio. Antes da partilha, todo o patrimônio permanece em situação de indivisibilidade, a que a lei atribui natureza de bem imóvel (art. 79, II, do CC/16). Esse condomínio, consubstanciado no espólio, é representado pelo inventariante.
- RESP 550.940∕MG - Os co-herdeiros, antes de ultimada a partilha, exercem a com propriedade sobre os bens que integram o acervo hereditário 'pro-indiviso', sendo exigível, daquele que pretenda ceder ou alhear seu(s) quinhão(ões), conferir aos demais oportunidade para o exercício de preferência na aquisição, nos moldes do que preceitua o art. 1139, CC" (REsp n. 50.226/BA). 2. O art. 1.139 do Código Civil de 1916 (art. 504 do CC em vigor) não faz nenhuma distinção entre indivisibilidade real e jurídica para efeito de assegurar o direito de preferência ali especificado. Interpretação em sintonia com a norma do art. 633 do mesmo diploma legal, segundo a qual "nenhum condômino pode, sem prévio consenso dos outros, dar posse, uso, ou gozo da propriedade a estranhos" (art. 633).
- RESP 124.4118∕SC - 3. Aberta a sucessão, a transmissão do patrimônio faz-se como um todo unitário (condomínio hereditário), e assim permanece, até a partilha, em situação de indivisibilidade (art. 1.580 do CC/16), a que a lei atribui natureza imóvel (art. 44, III, do CC/16), independentemente dos bens que o compõem. 4. Adquirem os sucessores, em consequência, a composse pro indiviso do acervo hereditário, que confere a cada um deles a legitimidade para, em relação a terceiros, se valer dos interditos possessórios em defesa da herança como um todo, em favor de todos, ainda que titular de apenas uma fração ideal. De igual modo, entre eles, quando um ou alguns compossuidores excluem o outro ou os demais do exercício de sua posse sobre determinada área, admite-se o manejo dos interditos possessórios. 5. Essa imissão ipso jure se dá na posse da universalidade e não de um ou outro bem individuado e, por isso, não confere aos coerdeiros o direito à imediata apreensão material dos bens em si que compõem o acervo, o que só ocorrerá com a partilha. 6. No particular, o reconhecimento do direito sucessório da recorrente não lhe autoriza, automaticamente, agir como em desforço imediato contra os recorridos que, até então, exerciam a posse direta e legítima do imóvel.
- RESP 1.185.122∕RJ - Para fins de fixação de tese jurídica, deve-se compreender que o mero exercício do direito de ação mediante o ajuizamento de ação de interdição do testador, bem como a instauração do incidente tendente a removê-lo (testador sucedido) do cargo de inventariante, não é, por si, fato hábil a induzir a pena deserdação do herdeiro nos moldes do artigo 1744, II, do Código Civil e 1916 ("injúria grave"), o que poderia, ocorrer, ao menos em tese, se restasse devidamente caracterizadoo abuso de tal direito, circunstância não verificada na espécie. (...)Ausente a comprovação de que as manifestações do herdeiro recorrido tenham ensejado "investigação policial, processo judicial, instauração de investigação administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa" (artigo 339 do Código Penal) em desfavor do testador, a improcedência da ação de deserdação é medida que se impõe.
	Os acórdãos reafirmam o princípio da indivisibilidade da herança, da legitimidade de postular a posse, do direito de preferência, sendo importante ler o inteiro teor, não apenas a ementa. 
	Cuidado para não tratar como jurisprudência ou entendimento consolidado um acórdão isolado.	
	
Vocação Hereditária. Herança: aceitação e renúncia. Excluídos da Sucessão. Herança jacente e vacante.
Vocação Hereditária
Art. 1798 – sucessão legítima
Art. 1799 – sucessão testamentária
	Quem pode receber e se habilitar a receber? Quem são os legitimados a receber e aceitar a herança? Os pressupostos da herança são a morte do sucedido e a legitimidade dos herdeiros. Porém, o art. 1798 traz uma dúvida, a respeito de inseminação artificial. Embriões congelados, pela letra do artigo, são herdeiros. Porém, a finalidade do artigo era proteger o nascituro, sendo condição para herdar o nascimento com vida, ou seja, aquisição de personalidade.
	Anencéfalo é nascido vivo ou não? O cérebro incompleto é caso de morte cerebral desde o nascimento? Resolução considerava que o anencéfalo é natimorto, mas sofreu modificação, sendo sua situação um caso pendente. Dizer que não nasce vivo, embora tenha atividade biológica, é complicado. 
	No caso de embriões congelados, o artigo foi imaginado para condições ordinárias de concepção, ou seja, nascituros. Porém, há quem defenda que nascituro abrange embriões congelados, sendo o problema disso que embriões criocongelados podem nunca nascer, pois o que geralmente resta congelado é a sobra. Há possibilidade de reserva de bens? E se não houver embriões, mas gametas congelados? Deve-se reservar bens? No embrião há um projeto rudimentar de pessoa, mas semen é coisa, pois células humanas. 
	O art. 1799 trata da sucessão testamentária, sendo as regras diferentes. Podem ser chamados a suceder filhos, ainda não concebidos, de pessoas indicadas pelo testador (desde que essas estejas vivas). Isso é chamado de prole futura. Ex: pai deixa bens para filhos da filha de cinco anos. Pessoa jurídica só recebe herança por meio de sucessão testamentária. 
Art. 1800
	No caso de prole futura, os bens da herança, após liquidação e partilha, serão confiados a curador nomeado pelo juiz. 
	A cláusula testamentária pode ser chamada de cláusula, deixa (§3º). Há um prazo para a prole nascer, dois anos da abertura da sucessão, cabendo os bens aos herdeiros legítimos se não nascendo nesse prazo (§4º). 
	Isso cabe a embriões congelados? HH entende que não, pois essa regra é para sucessão testamentária e os embriões congelados farão parte da sucessão legítima. E se a viúva resolve usar os embriões 3 ou 4 anos depois? Essa é uma regra restritiva, não cabendo para HH sua aplicação, pois será filho legítimo. 
Aceitação da Herança: ato unilateral pelo qual o herdeiro manifesta sua vontade de receber a herança que lhe é devolvida, entregue (porque já adquiriu, só manifesta sua anuência em receber). A aceitação torna definitiva a transmissão (art. 1804).
Art. 1804. Aceita a herança, torna‑se definitiva a sua transmissão ao herdeiro, desde a abertura da sucessão.
Parágrafo único. A transmissão tem‑se por não verificada quando o herdeiro renuncia à herança.
• A aceitação é sempre a bem do inventário (art. 1792) – sempre intra vires. 
	A herança não pressupõe apenas que o herdeiro esteja vivo. A pessoa pode não querer aceitar herança. Assim, é necessário que o chamado a suceder aceite a herança. O herdeiro deve manifestar sua vontade de receber a herança que lhe é devolvida (porque há aquisição no momento da morte, pela teoria da saisine), pois só falta ser operada a tradição. Com a aceitação, torna-se a herança definitiva, retroagindo à data de abertura da sucessão.
	Sendo o herdeiro incapaz, o representante pode dispor da herança? Da forma como poderia dispor de qualquer bem. O representante deve agir conforme as regras pertinentes à representação, devendo-se observar no rol de poderes se poderá dispor com ou independente de autorização judicial, ou se há classe de bens que nem com autorização judicial poderia dispor.
	A aceitação é a bem do inventário, ou seja, dentro dos limites da herança. Não aceitando o herdeiro a herança, a transmissão não se opera. E o que será feito com a parte do renunciante? 
	
Aula 04 (Sucessão – cont.)
Aceitação da Herança
Art. 1807
Art. 1809
	A aceitação é a bem do inventário, ou seja, dentro dos limites da herança. Não aceitando o herdeiro a herança, a transmissão não se opera. E o que será feito com a parte do renunciante? Art. 1810.	
	Renunciando o herdeiro à herança, a transmissão não se opera. Assim, sua parte irá para outrem, se no testamento, ou para a sucessão legítima. Ele pode, contudo, se arrepender? São irrevogáveis atos de aceitação e renúncia da herança (art. 1812).
	A herança só pode ser totalmente renunciada, não cabendo renúncia parcial (art. 1808). Há duas formas de aceitação, conforme art. 1805, expressa ou tácita. Ademais, há também aceitação presumida (no silêncio do herdeiro).
	O legado não é aceito. O legatário deve pedir, portanto, podendo simplesmente não fazê-lo.
	O art. 1809 diz que se o herdeiro falecer antes de aceitar, isso deverá ser feito por seus herdeiros.
Renúncia à Herança
→ Ato solene pelo qual aquele que é chamado à sucessão não a aceita (art. 1806, 1808 e 1812). Se não for pura e simples (ex: feita sob condição, termo ou indicando favorecido) é transmissão que implica em aceitação.
• Restrições: casado – art. 80, II c∕c art. 1647, I; art 1813 (exceto pelo regime da separação total de bens)
- Art. 1806: A renúncia é formal e deve ser expressa, escrita, constante em instrumento público ou termo nos autos.
	Praticando ato que implique em aceitação haverá tributação, pois ocorre transmissão. Ademais, aceitação e renúncia são irrevogáveis. 
	É preciso, para dispor de bem, a concordância do cônjuge. Não havendo concordância, deve-se levar a recusa injustificada a juízo, pedindo-se suprimento da outorga conjugal. 
	Aqui, o cartório é de notas, não é registro público. Os registros públicos da lei 6015 são registradores, para criar∕constituir∕desconstituir direito ou prova preconstituída. Por isso, a venda de imóveis é feita em cartório de notas e a transmissão da propriedade opera-se no registro de imóveis. Procuração é feita no cartório de notas (sempre de anotação, sem força probante e de transmissão que tem o registro público). A finalidade de registrar no cartório de notas é dar publicidade e oponibilidade (RTD). É muito importante ler a lei 6015∕73, a lei de registros públicos, a qual diz os cartórios de registro e a finalidade de cada um, além dos atos que praticam. A constituição de direitos reais só se opera no registro de imóveis. O P. Continuidade de Registros rege o tema do direito imobiliário, permitindo saber a regularidade dos imóveis. 
	O art. 1813 diz que se o herdeiro renunciar, prejudicando seus credores, estes podem aceitá-la em seu nome, com autorização judicial. Receberão o que cabe ao herdeiro, mas sem prerrogativa de receber primeiro. No caso, os credores, cientes da renúncia, deverão se habilitar. Porém, receberão apenas o suficiente para quitar o crédito, operando-se a renúncia quanto ao restante. Só receberão, contudo, os credores que se habilitarem; se os demais não o fizerem haverá perdão da dívida. Há apenas uma hipótese em que se um credor se habilitar beneficia os demais, na hipótese de solidariedade.
Efeitos da Renúncia
• Afastar o herdeiro da sucessão → retroage à data da abertura da sucessão, por isso é como se jamais tivesse herdado (art. 1804, p.u).
→ Sucessão testamentária: a regra é que caduca a disposição (perde efeito)Nesse caso, a parte que caduca volta à legítima
→ Sucessão Legítima:
- Regra: a parte do renunciante acresce a dos outros da mesma classe (art. 1810)
- os filhos do renunciante: não herdam, salvo se o renunciante for o único da classe ou se todos da mesma classe renunciarem (1811 ≠ 1815)
Ex:		Falecido (A)
Filhos:		B	C	D
Netos:				E e F
	Na linha sucessória estão: descendentes, ascendentes, cônjuge e colaterais. Falecendo A, seus filhos recebem, B, C e D. Se D renunciar, E e F nada recebem, pois a herança vai para os irmãos. Para E e F receberem, nesse caso (D renunciou), B e C teriam que renunciar também (art. 1811). Se os netos renunciassem, chamar-se ia ascendentes.
	Se apenas D renunciar, nada recebe seu cônjuge e nem os filhos, pois sua parte volta para a legítima, sendo os herdeiros os irmãos (art. 1810). Porém, se D nada falar, seus filhos, E e F, poderão recolher sua parte. A estirpe é o conjunto de herdeiros e o terço que caberia a D passará a E e F, que receberão cada um 1∕6. Isso é o que se chama de direito de representação.
	Se D fosse filho único e renunciasse, E e F seriam os próximos sucessores (art. 1811). Se B, C e D renunciassem, E e F receberiam 100%, 50% para cada um. 
	Havendo renúncia penas de D, este não pagará de imposto de transmissão, pois sua parte passará a B e C, que pagarão mais. No caso de os três renunciarem, E e F não pagarão imposto de transmissão duplo, mas apenas um. Se D falece depois de aberta a sucessão, E e F, seus herdeiros, pagarão imposto duplo, pois D recebeu herança e depois a transmitiu.
Art. 1851. Direito de representação: exclusivo da sucessão legítima, para quando os parentes do legitimado a suceder o representem. Ex: E e F representarão D em sua parte da herança, se este falecer durante a sucessão.
Pessoas não legitimadas a receber:
Legitimados a receber: art. 1798, 1799 c∕c 1800; 1803
Não Legitimados: art. 1801; 1802
	Os descendentes são herdeiros junto aos cônjuges, conforme o regime de bens. O artigo, porém, tem uma redação ruim, sendo necessário estudar regime de bens para entender sucessão.
Aula 05 (Sucessão – cont.)
Pessoas não legitimadas a receber:
Art. 1.801. Não podem ser nomeados herdeiros nem legatários:
I – a pessoa que, a rogo, escreveu o testamento, nem o seu cônjuge ou companheiro, ou os seus ascendentes e irmãos;
II – as testemunhas do testamento;
III – o concubino do testador casado, salvo se este, sem culpa sua, estiver separado de fato do cônjuge há mais de cinco anos;
IV – o tabelião, civil ou militar, ou o comandante ou escrivão, perante quem se fizer, assim como o que fizer ou aprovar o testamento.
Art. 1.802. São nulas as disposições testamentárias em favor de pessoas não legitimadas a suceder, ainda quando simuladas sob a forma de contrato oneroso, ou feitas mediante interposta pessoa.
Parágrafo único. Presumem‑se pessoas interpostas os ascendentes, os descendentes, os irmãos e o cônjuge ou companheiro do não legitimado a suceder.
Art. 1.803. É lícita a deixa ao filho do concubino, quando também o for do testador.
	A socioafetividade é uma situação de fato, necessitando reconhecimento, que pode ser pos mortem. A lei de registros públicos previa a possibilildade de companheira poder acrescentar apelido do marido.
Excluídos da Sucessão
	Há duas causas para um herdeiro, em princípio legitimado, ser excluído da sucessão:
• Indignidade (legítima e testamentária)
• Deserdação (testamentária)
	A deserdação é mais complicada, sendo indispensável para deserdação o testamento. A indignidade, por sua vez, pode ocorrer na sucessão legítima e na testamentária.
Indignidade
• Indigno = o herdeiro (qualquer) ou legatário que cometeu atos ofensivos à pessoa ou à honra do de cujus ou atentou contra sua liberdade de testar, assim reconhecido por sentença (declaratória) – art. 1815. Morte do indigno extingue a ação. 
	O caso clássico de indignidade é o de Suzane Von, que foi mandante do homicídio dos pais.
• Prazo = 4 anos, a contar da abertura da sucessão (art. 1815, p.u)
• Legitimação para requerer a declaração de indignidade: qualquer pessoa que prove interesse legítimo. MP?
	No caso de Suzane, o irmão disse que nada faria para torná-la indigna, discutindo-se se o MP era parte legítima para propor a ação. Ademais, o MP, na defesa do incapaz, poderia pedir nomeação de curador para representá-lo na lide. 
• Enunciado 116, CJF - Art. 1.815: O Ministério Público, por força do art. 1.815 do novo Código Civil, desde que presente o interesse público, tem legitimidade para promover ação visando à declaração da indignidade de herdeiro ou legatário.
Causas da Indignidade
• Art. 1814
I – não se exige condenação penal, mas sentença criminal faz coisa julgada no cível (art. 935);
• Inimputabilidade, excludentes,crime culposo = não há indignidade; nao se exige nexo de causalidade entre o crime e o direito hereditário
	Pergunta: filho mata∕tenta matar madrasta para receber herança. Pai pode deserdá-lo? Depende, se for uma das pessoas do art. 1814, I (cônjuge∕companheiro). Ademais, não é preciso que o crime seja feito para recber herança, apenas atentar seriamente contra algum bem jurídico tutelado no dispositivo.
II- acusação = denunciação caluniosa, crimes contra a honra compreendem ofensas à memória, preciso que tenha havido condenação
III – só se considera o ato relativo ao testamento que beneficiar o ofensor
	
→ Os efeitos da exclusão retroagem à data da abertura da sucessão, destruindo a delação, sendo considerado premorto (art. 1816, parte final do caput)
Art. 1.816. São pessoais os efeitos da exclusão; os descendentes do herdeiro excluído sucedem, como se ele morto fosse antes da abertura da sucessão.
Parágrafo único. O excluído da sucessão não terá direito ao usufruto ou à administração dos bens que a seus sucessores couberem na herança, nem à sucessão eventual desses bens.
	A sanção aqui é pessoal e não passa do indigno. Se o filho é indigno o neto pode herdar. Ex: A (pai) → B (pai) → C. Se C for menor, B não terá usufruto dos bens herdados; Se C morrer antes de B, este não sucederá o filho no tocante aos bens de A. É preciso, porém, observar se a sucessão é legítima ou testamentária, para saber se o neto poderá suceder; o direito de representação é exclusivo da sucessão legítima.
• Sendo o indgno considerado como morto antes da abertura da sucessão, chamam-se seus herdeiros por direito de representação.
• A indignidade independe de manifestação do autor da herança. 
Fundamento da Indignidade
• Vontade presumia do de cujus ou sanção civil
- STJ, RESP 1102360∕RJ → “A indignidade tem como finalidade impedir que aquele que atente contra os princípios basilares da justiça e da moral, nas hipóteses taxativamente previstas em lei, venha a receber determinado acervo patrimonial, circunstâncias não verificadas na espécie”.
Atos do Herdeiro Indigno
•Aplicam-se os princípios da propriedade aparente (art. 1360), embora o indigno não seja herdeiro aparente, porque foi chamado à herança, é herdeiro excluído (art. 1817)
Art. 1.817. São válidas as alienações onerosas de bens hereditários a terceiros de boa‑fe, e os atos de administração legalmente praticados pelo herdeiro, antes da sentença de exclusão; mas aos herdeiros subsiste, quando prejudicados, o direito de demandar‑lhe perdas e danos.
Parágrafo único. O excluído da sucessão é obrigado a restituir os frutos e rendimentos que dos bens da herança houver percebido, mas tem direito a ser indenizado das despesas com a conservação deles.	
	O herdeiro aparente é o caso típico de testamento deixando bens para “José”, mas o que se apresentou não era o verdadeiro herdeiro, não era legitimado. Aos demais herdeiros, quando prejudicados, há direito de demandar perdas e danos.
	O p.u vem do instituto da posse, pois mesmo o possuidor de má-fé tem direito de restituição das despesas realizadas com o bem.
Reabilitação
• É o perdão expresso (art. 1818) ou tácito (art. 1818, p.u); é sempre total, se beneficiado em testamento receberá também a legítima se tiver direito; é irretratável, mesmo que anulado ouinexequível o testamento, permanece o perdão
Art. 1.818. Aquele que incorreu em atos que determinem a exclusão da herança será admitido a suceder, se o ofendido o tiver expressamente reabilitado em testamento, ou em outro ato autêntico.
Parágrafo único. Não havendo reabilitação expressa, o indigno, contemplado em testamento do ofendido, quando o testador, ao testar, já conhecia a causa da indignidade, pode suceder no limite da disposição testamentária.	
	Para perdoar, deve-se fazer documento autêntico, público, pois isso impediria futura declaração de indignidade. O testador deve conhecer a causa da indignidade, ou seja, ele deve ter ocorrido e ainda em vida resolve perdoá-lo.
Deserdação
→ é a privação da legítima; depende de manifestação da vontade do autor da herança, que, julgando-se ofendido pelo herdeiro o exclui por testamento.
• Só se deserda herdeiro necessário (art. 1961-1965)
• Causas: arts. 1814 + 1962 ou 1963
→ art. 1962: causas que autorizam deserdação de descendentes por seus ascendentes
	= (mesmas causas)
→ art. 1963: causas que autorizam deserdação de ascendentes por seus descendentes
	A deserdação é a retirada da legítima do herdeiro necessário, por força de testamento. Isso porque só se deserda herdeiro necessário (art. 1845). Há mais motivos para deserdar do que para indignidade (1814, apenas). O art. 1814 vale para deserdação e indignidade.
• Causa há que ser expressa, fundamentada nos termos da lei e ordenada em testamento = art. 1964
• Depende de sentença e prova a ser feita pelo herdeiro que se beneficie, no prazo de 4 anos da abertura do testamento = art. 1965 e p.u
- RESP 1185122∕RJ → ação de interdição (ação de interdição é um direito do filho para proteção dos pais, não sendo causa isolada para deserdação)
	A deserdação não produz efeitos imediatamente, devendo-se provar que o testador explicou o motivo da deserdação.
- RESP 124313∕SP – “acertada a interpretação do tribunal de origem quanto ao mencionado art. 1744 do CC∕16 (art. 1962), ao estabelecer que a causa invocada para justificar a deserdação constante de testamento deve preexistir ao momento de sua celebração, não podendo contemplar situaações futuras e incertas”
- RE 16845∕SP – efeitos pessoais da deserdação
- RE 65550∕MG – possibilidade de não apenas o interessado na exclusão, mas também o excluído poder impugnar o testamento (pode alegar que nada fez e provar)
	
Herança Jacente e Vacante
• Herança Jacente: é aquela cujos herdeiros não são conhecidos, porque pode haver herdeiro que não se apresenta ou se ignora a existência
• É a hipótese dos arts. 1819 e 1823
- Não tem personalidade jurídica
	Essa matéria é muito importante para procuradorias, principalmente do Município. A herança jacente se verifica quando alguém morre e não se sabe quem são os herdeiros e ninguém de apresenta.
Art. 1.819. Falecendo alguém sem deixar testamento nem herdeiro legítimo notoriamente conhecido, os bens da herança, depois de arrecadados, ficarão sob a guarda e administração de um curador, até a sua entrega ao sucessor devidamente habilitado ou à declaração de sua vacância.
• Notoriamente conhecido = presente no lugar em que se abre a sucessão
Art. 1.823. Quando todos os chamados a suceder renunciarem à herança, será esta desde logo declarada vacante.
	Não havendo herdeiros conhecidos, a herança entrará em estado de jacência, sendo cuidada por curadores, por um período, até que se apresentem herdeiros. Após esse tempo será declarada a vacância (bens vagos) e a herança passará, por força de lei, ao domínio do Município (ou Estado, conforme a lei). A UERJ até hoje tem acervo oriundo de herança vacante; hoje, os bens passam ao Município.
	Não há facilidade de disposição dos bens, pois passaram a ser públicos. Os apartamentos, p.e, eram alugados e revertidos os alugueis para a universidade. O difícil é que locação residencial gera um dever de administração porque se fica preso às regras do inquilinato.
	O Município mandará arrecadar bens, que ficarão sob cuidado de curador, até que se emitam editais para chamar possíveis sucessores. Passado 1 ano da publicação inicial dos editais sem ninguém aparecer, ocorrerá declaração de vacância e, após o decurso do prazo legal para habilitação dos herdeiros (5 anos da abertura da sucessão), passarão os bens ao Município. Há tempos sucessivos, ocorredo primeiro a jacência e depois a vacância, exigindo-se, para esta, a passagem de um prazo.
	O processo corre no último domicílio do falecido, então, filhos de pai que veio do NE para RJ terão que vir para cá receber a herança. 
	Em que momento os bens passam à propriedade do Município? No terceiro momento, após a declaração de jacência e depois da de vacância, além de esgotado o prazo de 5 anos para habilitação. Pode ocorrer de os cinco anos terem corrido antes da declaração de vacância, que é uma sentença, a qual pode demorar mais. No caso de vacância não ocorre saisine, ou o momento de aquisição dos bens pelo município seria no início, e não após o prazo de habilitação de herdeiros. 
	É passível usucapião dos bens da herança? Sim, enquanto não forem propriedade do Município, pois a partir daí serão bens públicos. Cuidado com a lei “minha casa minha vida”. ESSA LEI É MUITO IMPORTANTE, pois cheia de exceções ao regime de posse e propriedade. 
	 
Aula 06 (Sucessão – cont.)
Herança Jacente → Vacante
• “A jacência é apenas uma fase no processo visante à declaração de vacância” (Silvio Rodrigues)
• “Jacente é a herança quando não há herdeiro certo e determinado, ou quando se não sabe da existência dele, ou, ainda, quando é renunciada”. (Itabaiana de Oliveira)
• “Vacante – quando é devolvida à Fazenda Pública por se ter verificado não haver herdeiros que se habilitassem no período de jacência” (Idem)
	As três conceituações completam o entendimento do que é herança jacente e do que é herança vacante. 
Declaração de Vacância
Art. 1.821. É assegurado aos credores o direito de pedir o pagamento das dívidas reconhecidas, nos limites das forças da herança.
Art. 1.822. A declaração de vacância da herança não prejudicará os herdeiros que legalmente se habilitarem; mas, decorridos cinco anos da abertura da sucessão, os bens arrecadados passarão ao domínio do Município ou do Distrito Federal, se localizados nas respectivas circunscrições, incorporando‑se ao domínio da União quando situados em território federal.
Parágrafo único. Não se habilitando até a declaração de vacância, os colaterais ficarão excluídos da sucessão.
	A partir da abertura da sucessão instaura-se o procedimento de herança jacente, são expedidos editais e um ano depois da publicação será declarada vacância. Aos credores é assegurado o direito de pedir pagamento das dívidas, nos limites da herança. 
Procedimento = arts. 1142 a 1158, CPC → CPC∕2015: arts. 738-743
• Jacência: arrecadação dos bens, nomeação do curador, deveres do curador = art. 1142-1151, CPC
• Editais = art. 1820 → art. 1153-1157, CPC c∕c art. 1820
• Credores = art. 1154, CPC c∕c art. 1821
• Alienações = art. 1155 e 1156, CPC
	O art. 1822 consigna que, instaurado o procedimento de herança jacente, pode ser que antes ou depois da publicação do edital para chamamento dos herdeiros alguém se habilite no próprio procedimento. Assim, mesmo que no curso haja declaração de vacância, a simples sentença não afasta ou impede herdeiro de se habilitar. Não se habilitando até a declaração de vacância, porém, os colaterais serão excluídos da sucessão.
	Qualquer herdeiro pode se habilitar até a declaração de vacância, mas a partir desta os colaterais perdem legitimidade para suceder. Os demais herdeiros, porém, aparecendo 5 anos após a abertura da sucessão, podem receber, ainda que haja sentença de vacância. Se não basta declaração de vacância, mas também transcurso de 5 anos (última chance de habilitação), a propriedade é ainda instável, sendo uma propriedade resolúvel. Findo o prazo, a propriedade do Município se consolida.
	
• Vacância: declarada por sentença após 1 ano do primeiro edital = art. 1820 c∕c art. 1157, CPC; pode ser declaradana mesma sentença que decidir as habilitações pendentes = p.u do art. 1157, CPC
• Efeitos da sentença de vacância: art. 1822, p.u:
- impedir a habilitação direta do conjuge, herdeiros e credores, que só poderão reclamar seu direito por ação própria, em até 5 anos = art. 1822 c∕c art. 1158, CPC
- Excluir os colaterais que não se habilitarem até a declaração de vacância = art. 1822, p.u
Art. 1822: cinco anos da abertura da sucessão + declaração de vacância
- Fazenda = Município, DF ou União
Exemplos:
a) morreu em 2009, arrecadação e editais em 2011, vacância em 2012: aparece herdeiro em 2013 → Há direito à herança? Como deverá proceder para se habilitar?Até que ano seria possível admitir usucapião do bem imóvel?
b) morreu em 2009, arrecadação e editais em 2011, vacância em 2012: aparece herdeiro em 2015 → ?
→ Atenção às questões possessórias (usucapião): Consultar jurisprudência
	A sucessão é aberta na data da morte, e não na data do inventário. A morte serve como termo inicial para contagem de vários prazos, inclusive aqui.
	Aqui, há um prazo relativamente longo, de 5 anos, para passagem definitiva da propriedade ao Município. E se alguém estiver exercendo posse sobre propriedade imóvel? Até que momento é possível a aquisição da propriedade pela usucapião? Até esses 5 anos os Município não é proprietario, mas proprietário resolúvel. 
	Entendia-se que havia saisine a favor do Estado porque a transmissão se operaria na data da abertura de sucessão, e não 5 anos depois. Assim, houve inúmeras discussões. Hoje, a discussão passou à época da declaração de vacância, que pode não efetivar a propriedade, mas gerar propriedade resolúvel. Por isso a questão de até que momento é possível usucapir.
Na herança Jacente:
1. houve abertura da sucessão
2. vocação hereditária: a herança foi oferecida aos herdeiros chamados, e fica à disposição desses durante 5 anos (mesmo se já houver a declaração de vacância)
3. a propriedade da Fazenda nos 5 anos a partir da abertura e após a vacância é resolúvel
4. não houve a aquisição ou adição da herança que depende da aceitação; no caso, pode ocorrer até a propriedade definitiva da Fazenda, retroagindo	
	O herdeiro, além de aparecer, deve estar legitimado a receber e aceitar a herança. A propriedade da Fazenda pode retroagir se aparecerem todos os herdeiros e estes renunciarem, pois ela se tornará proprietária desde que operada a vacância. A doutrina entende que, ao se tornar estável a propriedade, a Fazenda torna-se proprietária desde a abertura, para evitar lacuna em período no qual os bens ficariam sem proprietário.
Herança Jacente: Jurisprudência
→ STJ
- AgRg no AREsp 126.047 e AgRg no Ag 1212745∕RJ - O bem integrante de herança jacente só é devolvido ao Estado com a sentença de declaração da vacância, podendo, até ali, ser possuído ad usucapionem. 
	Enquanto não passada a propriedade definitiva é possível usucapir, exercendo posse animus domini.
- AgRg no Resp 1099256∕RJ - 	Não se aplica a saisine ao ente público para a sucessão do bem jacente, pois o momento da vacância não se confunde com o da abertura da sucessão ou da morte do de cujus. O Município é o sucessor dos bens jacentes, pois a declaração judicial da vacância ocorreu após a vigência da lei 8049∕90.
Sucessão Legal. Vocação Hereditária. Herdeiros Legítimos e herdeiros necessários. A legítima
	Esse é o ponto mais importante do programa porque 90% das sucessões brasileiras são regidas por essas normas, já que o hábito de testamento é incomum.
• A sucessão legítima ocorre quando o de cujus falece ab intestato. A herança é devolvida às pessoas que a lei determina, pela ordem de vocação hereditária. O mesmo se verifica se o testamento caduca ou é inválido e quanto aos bens não abrangidos pelo testamento (art. 1788). As disposições são de ordem pública.
• Regras especiais para estrangeiros (LINDS, art. 10), seguros, pensões
→ de cujus – “de cujus sucessione agitur” (de cuja sucessão se trata): é o falecido
	Como as disposições relativas á sucessão legítima são de ordem pública, as partes não podem se recusar a cumprir ou pactuar de forma diferente. As regras para estrangeiros, para seguro e para pensões são especiais, regidas por normas específicas. 
	A regra central da sucessão legítima está no art. 1829, onde estão as classes de sucessores chamados a receber, por força da lei. Fala-se “chamados a receber” porque a herança deve ser aceita.
Vocação Hereditária
• Ordem de vocação hereditária: art. 1829 – há quatro classes chamadas (sucessores legítimos)
• Classe: cada categoria dos chamados (descendentes, ascendentes, colaterais e por extensão também o cônjuge e o companheiro, que não são parentes). Uma classe exclui a outra.
• A vocação independe de grau: a ordem é preferencial; na mesma classe, os mais próximos excluem os mais remotos (salvo direito de representação)
• Não herdam na sucessão legítima: os afins, pessoa jurídica
 B1 e B2 C1 e C2	
Pais: B e C
	A (autor da herança)
Filhos: D D’
Netos: E F → d. representação
	O grau de parentesco entre A e os pais é de 1º grau. Entre A e E + F, de 2º grau. Se D e D’ morrem, quem recebe a herança de é E e E’. Porém, como os pais não estão na classe de suceder não serão chamados, pois a vocação independe do grau, é feita pela classe, e uma classe exclui a outra. 
	Há uma exceção à regra de que os mais próximos excluem os mais remotos, o direito de representação. Se A morrer, mas D já morreu, D’ receberá sua parte e E e F irão representar D, recebendo sua parte. 
	Os afins não recebem porque não são parentes; PJ não recebe porque a única forma de suceder é por meio de testamento.
Modos de Suceder
→ é a forma como a pessoa é chamada a suceder
• Por direito próprio = se a pessoa pertence à classe chamada à sucessão; a delação se opera em favor do chamado
• Por direito de representação = se a pessoa toma o lugar do herdeiro pertencente à classe chamada à sucessão, no momento de sua abertura → só se verifica nos casos e na forma expressamente prevista em lei (art. 1851 e ss)
	No exemplo, quem recebe por direito prórpio é D’; quem recebe por direito de representação é E e F. Estes dividirão entre si o quinhão que caberia a D, o qual é premorto. No direito de representação o chamamento é indireto, a pessoas que não receberiam conforme as regras gerais da sucessão legítima.
	
Modos de Partilhar
• Por cabeça = a partilha faz-se em partes iguais entre os herdeiros da mesma classe
	Ex: é a partilha entre D e D’, dos bens de A.
• Por estirpe = a partilha é feita atribuindo-se (por transmissão ou por direito de representação) aos sucessores (em conjunto) de um herdeiro da parte que lhe caberia
	Ex: E e F tem duas chances de receber bens deixados pelo avô: recolhendo a parte que caberia ao pai morto, ou havendo a transmissão dos bens do pai, que morreria após a abertura da sucessão (aqui é por transmissão, naquela, por direito de representação). Isso é uma forma de receber, por estirpe, ainda que tramitando o inventário. Obs: Entre E e F, na sucessão de D, a partilha é por cabeça. 
• Por Linhas = só se aplica os ascendentes; partilha-se entre herdeiros de mesma classe, considerando a ascendência materna e paterna
	Ex: B1 e B2 e C1 e C2 são avós de A. A forma de partilhar na linha ascendência considera a linha materna e a paterna, o que influencia o quanto receber, pois cada um receberá 50%, independente de quantos avós.
Art. 1.829. A sucessão legítima defere‑se na ordem seguinte:
I – aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares;
II – aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;
III – ao cônjuge sobrevivente;
IV – aos colaterais.	
	O art. 1829 tem causado enorme polêmica porque a redação do inciso I é muito ruim e não há consenso no STJ. O que interessa aqui é que a primeira classe a ser chamada é a dos descendentes, maso CC∕2002 criou uma novidade, a concorrência do cônjuge com os herdeiros descendentes. A morte é uma das causas de dissolução do casamento e do regime de bens, indo para a herança a metade, 50% do que há no patrimônio comum.
	Ex: se A e casado com B e eles têm dois filhos, C e D, morrendo A, vai para sucessão a metade, 50% do patrimônio comum, pois os outros 50% são de B. Na hora de dividir o patrimônio comum é preciso observar se há bens particulares, pois estes não entrarão na meação, indo para a herança com os 50% do patrimônio comum.
	Sendo casado, o cônjuge terá direito à meação, que não é direito sucessório. Além disso, o Código consigna que concorre com os descendentes na sucessão do cônjuge, ou seja, passa a ter direito de 1∕3 sobre o restante do patrimônio. A intenção do legislador foi proteger o cônjuge viúvo.
	Isso, porém, não ocorre sempre, dependendo do regime de bens, devendo-se observar em que hipóteses o cônjuge recebe juntos aos herdeiros, além da meação. Na separação total de bens não há meação, mas o cônjuge herda junto aos herdeiros.
	No rol do art. 1829 não se fala do companheiro, contudo. A sucessão do companheiro é tradada pelo art. 1790, nas disposições gerais.
	A segunda classe a ser chamada é a dos ascendentes, em concorrência com o cônjuge também. Aqui a concorrência é com herança, não meação, pois meação não é herança, resulta do regime de bens. Pelo CC, o cônjuge tem direito a concorrer com duas classes, os ascendentes e descendentes. Se A morre sem deixar descendentes, os pais receberão, em concorrência ao cônjuge. 
	Não havendo descendente ou ascendente, o cônjuge sobrevivente receberá o patrimônio deixado pelo falecido, além da meação. Não havendo ascendente, descendente ou cônjuge, receberão os parentes colaterais a herança. 
	O cônjuge não recebe a herança se (i) casado pelo regime da comunhão universal ou (ii) casado pelo regime da separação OBRIGATÓRIA (≠ total) de bens, ou (iii) se no regime de comunhão parcial, os bens anteriores ao casamento não forem considerados particulares. 
	CUIDADO: O Cônjuge só tem direito se houver bens particulares, ainda que não faça sentido. No regime da comunhão universal o cônjuge só recebe a meação; no da separação obrigatória não recebe para não haver burla ao regime. 
Aula 07 (Sucessão – cont.)
Sucessão Legal. Vocação Hereditária. Herdeiros Legítimos e herdeiros necessários. A legítima	
		Patrimônio comum
Bens 
Part. A
	A – G
	F1 F2
	N1 N2
	
	Se A e G estiverem casados em comunhão parcial, o patrimônio de A é o que trouxe para o casamento, além do patrimônio comum com G. O casamento válido, porém, dissolve-se pela morte ou pelo divórcio. Com a morte, finda o regime de bens, apurando-se o que é patrimônio de cada cônjuge. A terá direito ao patrimônio anterior ao casamento, mais a meação, por força do regime de bens, e não de herança.
	Fossem casados no regime da separação total ou legal não haveria direito à meação. O artigo diz que o cônjuge concorre com os herdeiros, mas estabeleceu ressalvas, sendo a melhor interpretação a de que nessas exceções ele não concorre, sendo chamados apenas os descendentes. Com a ressalva, isso significa que em todos os outros regimes em que o cônjuge não é excluído, ele herdará. Ex: Se A e G fossem casados na comunhão universal, p.e, só receberia sua meação. 
	O art. 1.640, p.u, não trata da separação legal, não sendo coerente falar em separação convencional em caso de separação obrigatória, que é o contexto do artigo. Não se permite em separação obrigatória a escolha de bens, sendo a única interpretação factível dizer que a remissão está errada, ratificando-se a intenção de que na separação obrigatória não ocorre patrimônio comum. Após a aprovação do CC, o relator propôs projeto de lei cuja proposta era alterar o CC recém aprovado, pois constatadas incorreções, necessidades de melhora, sendo uma delas a remissão equivocada ao art. 1.640, p.u no art. 1829. 
	Não havendo deixado bens particulares um dos cônjuges, o outro não herda. A discussão é se o cônjuge sobrevivente irá concorrer com os descendentes em todo o patrimônio (bens particulares e meação) ou apenas nos bens particulares se houver bens particulares. HH defende que o cônjuge concorre à herança, cujo conceito é o patrimônio do falecido, abarcando bens comuns e particulares. Isso gera perda do propósito do regime? O regime acaba com a morte, já tendo havido meação dos bens comuns. A intenção do legislador é que se o cônjuge deixa bens particulares, no silêncio, quem sucede o faz em tudo. 
	Há, contudo, outra corrente que entende que o cônjuge apenas concorre nos bens particulares, o que é pior considerando o regime de bens. Um dos argumentos é que não faz sentido a outra interpretação, pois em não havendo bens particulares, o cônjuge já teria tido meação e nada herdaria. Para HH, porém, o patrimônio é um todo, ou seja, o cônjuge herdaria com os descendentes o restante da meação. A jurisprudência não é pacífica. 
	Só haverá participação dos cônjuges em caso de comunhão parcial, se o autor tiver deixado bens particulares, em caso de separação convencional e em caso de participação final nos aquestos, estes dois a contrario sensu. 
	Há pessoas com testamentos referentes a decisões do STJ, ou seja, em caso de prevalência de uma posição ou outra no Tribunal. Isso por conta da insegurança gerada pela má redação do artigo.
	O cônjuge, em qualquer situação dos três incisos, tem regra condicionante do art. 1.830:
Art. 1.830. Somente é reconhecido direito sucessório ao cônjuge sobrevivente se, ao tempo da morte do outro, não estavam separados judicialmente, nem separados de fato há mais de dois anos, salvo prova, neste caso, de que essa convivência se tornara impossível sem culpa do sobrevivente.
	Para HH, não mais cabe culpa. O que o legislador buscou foi apenas conferir legitimidade para o cônjuge suceder se convivendo com o autor da herança quando da abertura da sucessão. Se a ratio do dispositivo era a convivência do casal, não cabe culpa, apenas comprovação da separação de fato.
	No regime de comunhão parcial, os bens doados para um dos cônjuges, com cláusula de incomunicabilidade, é bem particular. Nesse caso, é razoável permitir que o cônjuge concorra com os bens, junto aos herdeiros? A lei não fala, dando margem a interpretações distintas. O sentido de chamar o cônjuge para herdar tudo é a solidariedade familiar e não permitir que receba a herança parente distante ou o Município. 
	 Mais um fator que deve ser considerado na interpretação da concorrência do cônjuge é que este é considerado herdeiro necessário, com os ascendentes e descendentes. 
Descendentes
• Herdam em concorrência com o cônjuge sobrevivente, que atenta o art. 1830, como regra geral:
- art. 1829, I – “salvo” = o cônjuge não herda
→ regras: art. 1.833-1.835 (para interpretação do art. 1829)
Art. 1.833. Entre os descendentes, os em grau mais próximo excluem os mais remotos, salvo o direito de representação. Se A e G deixam filhos e netos, herdam os filhos, descendentes em grau mais próximo, excluindo os mais remotos.
Art. 1.834. Os descendentes da mesma classe têm os mesmos direitos à sucessão de seus ascendentes. (!!!!!!!) Os filhos herdam por igual. 
Art. 1.835. Na linha descendente, os filhos sucedem por cabeça, e os outros descendentes, por cabeça ou por estirpe, conforme se achem ou não no mesmo grau. Há uma hipótese em que N1 e N2 participam diretamente, no caso de F1 morrer antes de A, representando-o. A partilha é por cabeça entre F1 e F2 e os netos, por estirpe, pois em grau diferente. Se F1 e F2 fossem mortos, F1 com N1 e N2 e F2 com N3 e N4, os netos herdariam por direito próprio, herdando por cabeça. Eles só herdariam por estirpe se houvesse F3 vivo, pois herdariam por direito de representação. 
Não há Concorrência com o Cônjuge:
• Os descendentes herdam sozinhos:
a) se não houver cônjuge sobrevivente;
b) se há cônjuge sobrevivente, mas este não atende o art. 1830;
c) se o cônjuge sobrevivente era casado pelo regime:
- da comunhão universal de bens
- daseparação obrigatória de bens (art. 1640, p.u)
- da comunhão parcial, se o autor da herança não houver deixado bens particulares
Descendentes Concorrem com o Cônjgue (art. 1829, I)
• O cônjuge sobrevivente (que atenda o art. 1830) herda em concorrência com os descendentes se casado pelo regime:
- da separação de bens
- de participação final nos aquestos
- de comunhão parcial de bens, se o autor da herança houver deixado bens particulares
	Aqui houve uma interpretação a contrario sensu, pelo que os regimes não excludentes do cônjuge permitem sua inclusão. É possível, mediante justificação, mudar de regime durante a vida. 
	 
Ascendentes
	Se na vocação herediária não são encontrados descendentes, chama-se os ascendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, independente do regime de bens.
Art. 1.836. Na falta de descendentes, são chamados à sucessão os ascendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente.
§1º Na classe dos ascendentes, o grau mais próximo exclui o mais remoto, sem distinção de linhas.
§2º Havendo igualdade em grau e diversidade em linha, os ascendentes da linha paterna herdam a metade, cabendo a outra aos da linha materna.
	
	Considera-se a ascendência pela linha materna e pela linha paterna, ou seja, o grau mais próximo exclui o mais remoto sem distinção de linhas. Na linha ascendente não há direito de representação.
P1 P2	M1 M2
P	M
 F
	Se M morre, a herança de F fica com o pai, pois na linha ascendente não há direito de representação. Se os ambos pais de F morrem, os avós herdam, 50% em cada linha. O parente mais próximo exclui o mais remoto, ou seja, se P e M herdam, P1P2 e M1M2 não herdam.
• Herdam sempre em concorrência (art. 1.836) com o cônjuge sobrevivente que atenda o art. 1830;
• Não há exigência quanto ao regime de bens, o cônjuge herda sempre neste caso.
• Regra: art. 1836, §§1º e 2º
	
Art. 1.831. Ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens, será assegurado, sem prejuízo da participação que lhe caiba na herança, o direito real de habitação relativamente ao imóvel destinado à residência da família, desde que seja o único daquela natureza a inventariar.
	Na casa em que mora a família, não havendo outro bem imóvel, é assegurado ao cônjuge direito real de habitação. Havia uma discussão quanto à natureza jurídica desse direito de habitação, se seria direito real ou direito sucessório. Para HH, é direito real.
	Antes do CC atual, o cônjuge viúvo tinha direito a usufruto de parte da herança, mesmo sobre bens que não lhe cabiam na sucessão. Aqui, porém, ele é herdeiro necessário. 
Art. 1.838. Em falta de descendentes e ascendentes, será deferida a sucessão por inteiro ao cônjuge sobrevivente.
	Independente do regime de bens, pois é herdeiro necessário.
Cônjuge (art. 1829, I, II e III c∕c art. 1.830):
- direito real de habitação = art. 1831
- herda sozinho: art. 1838
- herda em concorrência com os descendentes: art. 1829, I c∕c 1832 e 1834
- herda em concorrência com os ascendentes: art. 1829, II c∕c 1837
Aula 08 (Sucessão – cont.)
Sucessão dos Colaterais (art. 1829, IV): Art. 1839 – 1843
	Não deixando o falecido ascendente, descendente ou cônjuge, a regra é a sucessão por parentes colaterais.
P – M – Tio
			Primo
Irm.3	A 	Irmão1 	Irmão 2	 
 
		Sobrinho1 e S2	S3
	
	Havendo irmãos, os parentes colaterais de grau mais remoto (tios e primos) são afastados.
	Pelo art. 1841, cada irmão unilateral herdará metade do que o que cada irmão bilateral herdar. Ex: I1 e I2 são irmãos bilaterais e I3, unilateral → I3 recebe X e I1 e I2, 2x, ou seja, I3 herdará 1∕5 e os outros, 2∕5. 
	Pelo art. 1842, não concorrendo à herança irmãos unilaterais, cada um herdará na mesma proporção. 
	Pela regra geral do art. 1843, na falta de irmão herdarão os filhos destes, e não os havendo, os tios. O sobrinho, embora parente de mesmo grau que tio, na concorrência o exclui. Essas regras são imperativas, sendo a única forma de exclusão dos unilaterais a feitura de testamento. 
Herdeiros Necessários
Art. 1.845. São herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o cônjuge.
Os herdeiros necessários ou legitimados são os que têm direito à metade da herança, que constitui a legítima ou reserva (art. 1846). 
	Daí se comunica a regra de que só se pode dispor de metade da herança. No artigo, porém, falta o companheiro.
Cálculo da Legítima: art. 1847 = separada a meação (considera-se para esse fim o acervo líquido = patrimônio do casal menos as dívidas comuns), da parte do autor da herança (monte partível = meação + bens particulares) subtraem-se as dívidas do falecido e adiciona-se o valor dos bens sujeitos à colação (= art. 2002∕2012).
	O monte partível é o que será dividido pelos herdeiros, pois resultado da meação e dos bens particulares do falecido. Para o cálculo, será apurado o patrimônio líquido, subtraídas as dívidas comuns; feita a meação, será apurado o monte partível, subtraídas as dívidas particulares do falecido, quando enfim será visto o quanto para partilhar. É preciso verificar o estado do espólio. 
	Os bens sujeitos à colação são os bens que o falecido dispôs em vida, p.e., doação para um dos filhos. No cálculo da legítima, porém, o bem terá que ser somado para partilha. Assim, ao monte partível podem ser acrescidos bens dispostos em vida, sob adiantamento de legítima, para que haja igualdade. 
	Ex: Se F1 recebeu 20 de doação, ao ser feito o levantamento do patrimônio para reparti-lo entre F1, F2 e F3, os 20 voltarão. Supondo que cada um tenha direito a 33,5, F1 terá já terá recebido 20, pois recebeu adiantado, recebendo 13,5 agora. E se não houvesse nada? Teria que devolver o bem para reparti-lo? Art. 2003.
	Protege-se a legítima não só das liberalidades testamentárias, como das que se efetuaram por ato inter vivos (doações). A proteção não consitui limitação ao poder de disposição, porque se assim fosse os atos que prejudicassem a legítima seriam nulos e não redutíveis.
Não se pode diminuir a legítima: as disposições que a atinjam serão ineficazes, mesmo sendo reduzidas até o possível.
• Art. 1857, §1º; art. 1848, §§1º e 2º 
• Art. 1849 e 1850	
Aula 09 (Sucessão – cont.)
Herdeiros Necessários → são aqueles que não podem ser privados da herança (descendentes, ascendentes e cônjuges)
• Legítima ou reserva legal: é a metade do patrimônio do de cujus que é assegurada aos herdeiros necessários.		
· Não se pode diminuir a legítima: as disposições que a atinjam serão ineficazes, sendo reduzidas até o possível.
· Protege-se a legítima não só das liberalidades testamentárias, como das que se efetuaram por ato inter vivos (doações). Contudo, a proteção não constitui limitação ao poder de disposição, pois se assim fosse os atos que prejudicassem a legítima seriam nulos, e não redutíveis.
	Para evitar que a legítima se esvaziasse por atos entre vivos ou através do testamento, a lei estabeleceu um sistema em que se recompõe a metade desfalcada. Ex: autor da herança que quer beneficiar um filho e, durante a vida, vai doando bens para ele. A lei entende que essas doações são formas de adiantar a legítima, a qual, uma vez desfalcada, deverá ser recalculada. Será considerado o valor desse adiantamento para abater o que cabe ao herdeiro. É considerado o valor da época da doação ou da época da abertura da sucessão?
	Enunciado 119, CJF: Art. 2.004: Para evitar o enriquecimento sem causa, a colação será efetuada com base no valor da época da doação, nos termos do caput do art. 2.004, exclusivamente na hipótese em que o bem doado não mais pertença ao patrimônio do donatário. Se, ao contrário, o bem ainda integrar seu patrimônio, a colação se fará com base no valor do bem na época da abertura da sucessão, nos termos do art. 1.014 do CPC, de modo a preservar a quantia que efetivamente integrará a legítima quando esta se constituiu, ou seja, na data do óbito (resultado da interpretação sistemática do art. 2.004 e seus parágrafos, juntamente com os arts. 1.832 e 884 do Código Civil).
Direitos sucessórios dos companheiros (art. 1.790)
Art. 1.790. A companheira ou o companheiroparticipará da sucessão do outro, quanto aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável, nas condições seguintes:
I - se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma quota equivalente à que por lei for atribuída ao filho;
II - se concorrer com descendentes só do autor da herança, tocar-lhe-á a metade do que couber a cada um daqueles;
III - se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito a um terço da herança;
IV - não havendo parentes sucessíveis, terá direito à totalidade da herança.
	O art. 1.790 traz um tratamento distinto ao companheiro, em relação ao dado ao cônjuge, considerado herdeiro necessário (art. 1.845). Nesse viés, o companheiro não herda igual ao cônjuge, participa da sucessão quanto aos bens adquiridos onerosamente, na vigência da união estável. O tema, contudo, é controvertido e o STF está prestes a julgar a constitucionalidade dessas diferenças. HH defende que os companheiros são herdeiros necessários, embora a lei assim não afirme. 
	No tocante aos herdeiros colaterais, como não são integrantes da classe dos herdeiros necessários, basta que o testador faça um testamento que não os contenha, a fim de afastar evetual recebimento da herança. 
	Cuidado: O falecido tem plena disposição do testamento quando não tem herdeiros necessários, podendo afastar o recebimento da herança nesse caso, uma vez que eles não são necessários.
	HH entende que o de cujus não pode fazer isso (afastar herança), contudo, com os companheiros. Isso seria totalmente desproporcional, até porque o cônjuge herda quase todas as vezes, e a função do companheiro é a mesma do cônjuge dentro do âmbito familiar.
	Na união estável, a regra é que se tenha comunhão parcial de bens, mas isso pode ser diferente. Se os companheiros fizeram pacto de convivência, eles podem mudar isso. Na comunhão parcial, o companheiro sobrevivente terá 50% do patrimônio comum adquirido onerosamente (não entram, por ex., bens doados), isto é, a meação. 
• Companheiro herda em concorrência com os descendentes = art. 1.790 x art.1829, I
- Art. 1.790, I: filhos comuns → O companheiro irá concorrer com os filhos comuns em relação a 50% dos bens adquiridos após a união estável, isto é, a meação pertencente ao de cujus. 
 
- Art. 1.790, II: filhos apenas do falecido → o companheiro recebe metade do que cabe a cada um dos filhos que são apenas do falecido.
• O de cujus tem filhos só dele, a companheira tem filhos só dela e ambos têm filhos juntos → o filho só da companheira não herda, porque ele não é filho do autor da herança - mas ele poderá pleitear herança no caso da paternidade socioafetiva. Em relação aos outros filhos, somente do de cujus e de ambos, como são todos filhos do de cujus, sendo da companheira sobrevivente ou não, eles deverão herdar de forma igual, por cabeça (opinião HH, em interpretação do art. 1834[footnoteRef:1]). HH defende que o companheiro deva receber a metade do que cabe aos seus filhos, que é o mesmo que cabe aos filhos apenas do de cujus. [1: Art. 1.834. Os descendentes da mesma classe têm os mesmos direitos à sucessão de seus ascendentes.
] 
- Art. 1.790, III: o que seria herança? Seria a meação do de cujus e seus bens particulares. No entanto, há divergência: muitos defendem que o companheiro só concorreria em relação aos bens adquiridos na constância da união estável, que é o que consta no caput. Não esquecer: o companheiro tem direito real de habitação.
→ art. 226, §3º, CF - União Estável
→ art. 1790 – herdeiro legítimo (art. 1844)
→ Herdeiro necessário? Art. 1845 e 1846
	Entendendo que o caput do art. 1.790 vincula a interpretação dos 4 incisos, se o de cujus falecer e não houver bens comuns (adquiridos a partir da constância da união estável), o companheiro não receberia nada. É por isso que HH defende que, nos incisos III e IV, deve-se ler "herança".
	 Não há dúvidas de que o companheiro é herdeiro legítimo (art. 1.844), mas há divergência quanto ao seu status de herdeiro necessário (art. 1.845 e 1.846).
- Art. 1.790, IV: o que seriam os parentes sucessíveis? Pela regra, são os parentes até quarto grau. Não havendo parentes sucessíveis, o companheiro sobrevivente receberá a totalidade da herança, isto é, a meação correspondente ao de cujus + os bens particulares anteriores.
Obs: Direito Real de Habitação: art. 1.831 x art. 7º, p.u da L. 9.278∕96
	O art. 1.831 não menciona o companheiro. Antes do CC/2002, contudo, haviam leis que regulamentavam a união estável, que previam o direito real de habitação ao companheiro. Dessa forma, pela vedação ao retrocesso, e com a finalidade de assegurar a moradia à família, o STJ ratificou esse entendimento, isto é, a existência do direito real de habitação à família com o companheiro sobrevivente, mesmo após a vigência do CC/2002. STJ, REsp 1203144/RS. 
• Companheiro herda sozinho: art. 1790, IV x art. 1838
	Há uma hipótese em que o companheiro herda sozinho: se não houver descendentes, ascendentes e colaterais (art. 1.790, IV). Nesse caso, fica pendente apenas a questão sobre a totalidade da herança. 
Herança = todo o patrimônio, além da meação (HH); há quem entenda que há vinculação ao caput e o companheiro só recebe a meação. 
	HH defende que é a totalidade do autor da herança, além da meação. Caso se entendesse o contrário, os bens iriam para o Município. 
• Art. 1838 – cônjuge ≠ companheiro?
• Art. 1850
Aula 10 (Sucessão – cont.)
• A Questão do que se entende por Herança para Sucessão de Companheiros
	• RE 646.721 RG – Repercussão geral para decidir sobre o alcance do art. 226, CF, nas hipóteses de sucessão em união estável homoafetiva.
	Para HH, a herança do companheiro falecido é a totalidade do patrimônio, participando dos bens do outro companheiro o sobrevivente.
• Concorrência do Companheiro com os Descendentes 
→ Bens adquiridos onerosamente na vigência da União Estável
→ Art. 1725: bens sub-rogados
	No regime da comunhão parcial, bens adquiridos por um e por ambos ficam delineados, mas e os sub-rogados?
Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens.
→ Se houve contrato (art. 1.725 c∕c art. 426): separação total ou comunhão universal ≠ art 1829, I: herda nos dois
	Para os companheiros, em ambas as situações há herança quanto aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união. Não se aplica o regime de não herdar nada, como ocorre com os cônjuges, pois não houve expressa restrição na lei.
→ O art. 1.790, I e II, refere-se a determinados bens; nos incisos III e IV, refere-se expressamente à herança. A palavra “herança”, nos incisos III e IV, tem dupla interpretação. Prevalece a interpretação pelo que herança é o contido no caput, ou seja, bens adquiridos na constância da união estável. Porém, a posição dos Tribunais é diferente da de HH, para a qual herança é todo o patrimônio.
Obs: HH destaca que, para ela, em interpretação do art. 1834, filhos apenas do autor e filhos comuns herdam em partilha por cabeça.
	
• Concorrência entre Companheiro e Cônjuge (separado de fato, nos termos do art. 1.830)
- possível união estável desde que haja uma separação de fato dos cônjuges
- contrato de união estável deve respeitar o regime e o patrimônio do casamento
	O CJF tem enunciado (525) no sentido de que “Os arts. 1.723, § 1º, 1.790, 1.829 e 1.830 do Código Civil admitem a concorrência sucessória entre cônjuge e companheiro sobreviventes na sucessão legítima, quanto aos bens adquiridos onerosamente na união estável”. 
Ex:	A – companheiro e cônjuge		
	
	F1 F2
1) F1 e F2 = A + Cônj (separado de fato há menos de 2 anos – art. 1830[footnoteRef:2]) [2: Art. 1.830. Somente é reconhecido direito sucessório ao cônjuge sobrevivente se, ao tempo da morte do outro, não estavam separados judicialmente, nem separados de fato há mais de dois anos, salvo prova, neste caso, de que essa convivência se tornara impossível sem culpa do sobrevivente.] 
Cônj, F1 e F2 = cota igual
Comp = cota 1∕2 de Cônj, F1 e F2 = metade do que cabe a

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