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[QUESTÕES ANTROPOLÓGICAS] Unidade 1: Interfaces entre Psicologia com a Antropologia a) A antropologia, o método etnográfico e suas implicações epistemológicas para a psicologia; b) Relativismo, etnocentrismo e alteridade. Unidade 2: Indivíduo, cultura e sociedade a) A dimensão cultural do sujeito; b) Cultura e identidades sociais contemporâneas. Unidade 3: Temáticas contemporâneas relevantes nas interfaces entre Antropologia e Psicologia a) Corporalidades e comunicação no mundo digital/virtual; b) Raça, racismo e cultura no mundo contemporâneo; c) Corpo, gênero e sexualidade no mundo contemporâneo; d) Terapêuticas religiosas e alternativas na atualidade e saúde mental. Primeira prova: unidades 1 e 2 (prevista para 6/05) Segunda prova: unidade 3 (prevista para 24/06) UAs (prevista para 13 a 18 de junho) Obs: Chamada no final da primeira aula ou no início da segunda aula (retorno do intervalo) Bibliografia Básica BAUMAN, Zygmunt A cultura no mundo líquido moderno Zahar 2013. ( link) GEERTZ, Clifford O Saber Local: Novos Ensaios em Antropologia Interpretativa Vozes 2004. (link) HALL, Stuart A identidade cultural na pós-modernidade Rio de Janeiro: Lamparina 2014. ( link) Unidades de Aprendizagem UA 1 Etnografia (2448) https://labvirtual.uniceub.br/mod/lti/view.php?id=751 UA 2 O relativismo cultural (24298) https://labvirtual.uniceub.br/mod/lti/view.php?id=752 UA 3 Cultura (2449) https://labvirtual.uniceub.br/mod/lti/view.php?id=753 UA 4 Promoção da igualdade de gênero e de orientação sexual (19873) https://labvirtual.uniceub.br/mod/lti/view.php?id=754 Biografia Complementar ARANTES, Antonio Augusto (org.) O Espaço Da Diferença Papirus 2000. AUGE, Marc Não-lugares: Introdução a Uma Antropologia Da Supermodernidade Papirus 2007. BAUMAN, Zygmunt Vidas Desperdiçadas Zahar 2005. LE BRETON, David Adeus Ao Corpo: Antropologia E Sociedade Papirus 2011. MAUSS, MARCEL Sociologia e Antropologia COSAC & NAIFY 2003. https://www.google.com.br/books/edition/A_cultura_no_mundo_l%C3%ADquido_moderno/C3PTDwAAQBAJ?hl=pt-BR&gbpv=1&printsec=frontcover http://arquivos.eadadm.ufsc.br/videos/modulo4/Antropologia/material/O%20Saber%20Local.pdf https://leiaarqueologia.files.wordpress.com/2018/02/kupdf-com_identidade-cultural-na-pos-modernidade-stuart-hallpdf.pdf https://labvirtual.uniceub.br/mod/lti/view.php?id=753 [03/03/2022] Psicologia: ciência que trata dos estados e processos mentais, do comportamento do ser humano e de suas interações com um ambiente físico e social. Psique Comportamento Relações "Bio - Psico - Sócio - cultural" >> saúde mental. Antropologia: estudo do ser humano como ser biológico, social e cultural. Indivíduo - Sociedade - Cultura [10/03/2022] Comentários do texto 1: O trabalho do Antropólogo: olhar, ouvir, escrever, Roberto de Oliveira (link) Etnografia: na prática, é um dos métodos utilizados na antropologia para coletar dados e realizar o estudo de um determinado grupo social. A metodologia pode ser utilizada para compreender tradições, crenças, costumes e até mesmo nações. OLHAR É a primeira ordem para realizar a investigação do objeto de campo. Deve-se treinar o olhar, deve haver uma "domesticação teórica" do olhar. Utilizamos o olhar para carregar as informações necessárias do ambiente que iremos estudar ou analisar, podendo a realidade sofrer um processo de refração (imagem óptica). O olhar disciplinado é enquadrar a realidade a partir da lógica do outro. Um prisma por meio do qual a realidade é observada - 1a refração. OUVIR É a segunda ordem na investigação. Serve também como um delimitador ou diferenciador entre "idiomas culturais" (diferenças culturais, comportamentais, de ambiente, linguagem, costumes entre outros aspectos que podem diferenciar o pesquisador do indivíduo a ser estudado). Deve existir uma limitação entre o pesquisador-informante e a exposição não dialógica (entrevista - sem discussão, sem debates). O pesquisador e o informante devem ter diálogos iguais para não contaminar o discurso de um com os elementos do outro. O pesquisador precisa ser o mais neutro possível. O ouvir disciplinado é eliminar ruídos que lhe pareçam insignificantes e ir direto ao ponto. https://www.revistas.usp.br/ra/article/view/111579/109656 O ouvir nos ajuda a entender os sentidos e as significações dos fenômenos. Buscamos explicações, dadas pelos próprios membros da comunidade investigada. Entrevista: "Um ouvir todo especial". Busca do modelo nativo. A obtenção de explicações, dada pelos próprios membros da comunidade investigada, permitia se chegar àquilo que os antropólogos chamam de "modelo nativo", matéria-prima para o entendimento antropológico. Tais explicações nativas só poderiam ser obtidas por meio da "entrevisa", portanto, de um Ouvir todo especial. "A maior dificuldade está na diferença entre idiomas culturais, entre o mundo do pesquisador e o nativo". Ouvir transformado em interação: há uma fusão de horizontes, desde que o pesquisador tenha a habilidade de ouvir o nativo e por ele ser igualmente ouvido, encetando um diálogo teoricamente de iguais. Transformar o “informante” em “interlocutor”; o“objeto”em “sujeito”. - Estabelece-se uma relação dialógica. "No ato de ouvir "o informante", o etnólogo exerce um "poder" extraordinário sobre o mesmo, ainda que ele pretenda se posicionar como sendo o observador mais neutro possível, como quer o objetivismo mais radial. Esse poder, vai desempenhar uma função empobrecedora do cognitivo: as perguntas feitas em busca de respostas pontuais lado a lado da autoridade de quem as faz (com ou sem autoritarismo), criam um campo ilusório de interação. A rigor, não há verdadeira interação entre nativo e pesquisador, porquanto na utilização daquele como informante o etnólogo não cria condições de efetivo diálogo. A relação não é dialógica. Ao passo que, transformando esse informante em "interlocutor", uma nova modalidade de relacionamento pode (e deve) ter lugar." "Encontro etnográfico: cria um espaço semântico partilhado por ambos os interlocutores, graças ao qual pode ocorrer aquela "fusão de horizontes", desde que o pesquisador tenha a habilidade de ouvir o nativo e por ele ser igualmente ouvido, encetando um diálogo de "iguais", sem receio de estar, assim, contaminando o discurso do nativo com elementos do seu próprio discurso. Mesmo porque acreditar ser possível a neutralidade idealizada pelos defensores da objetividade absoluta é apenas viver uma ilusão. Trocando ideias e informações entre si, etnólogo e nativo, ambos igualmente guinados à interlocutores, abrem-se um diálogo em tudo e por tudo superior à antiga relação pesquisador/informante." "Essa interação se chama de "observação participante" = o pesquisador assume um papel perfeitamente digerível pela sociedade observada, a ponto de viabilizar uma aceitação senão ótima pelos membros daquela sociedade, de modo a não impedir a necessária interação." ESCREVER Nesta fase, o trabalho adquire o aspecto crítico e cognitivo. É o momento em que juntamos o "olhar" e o "ouvir" para textualizar os fatos, argumentar e comunicar. É através da escrita que ocorre a interpretação do que foi analisado. 2a refração: escrever faz com que os dados sofram uma nova refração. O processo de escrever as observações no discurso da disciplina está contaminado pelo contexto de "estar aqui" (pelos congressos, pelas pesquisas..) É no processo de redação de um texto que o nosso pensamento caminha, encontrando soluções que dificilmente apareceriam antes da textualização dos dados provenientes da observação sistemática. OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE PERCEPÇÃO: ESTAR LÁ Olhar e ouvir disciplinados; Entrevistas; (observação participante) Interação; Observação; Participação; Notas de campo; 1a refração (imagem óptica) (deslocamento geográfico ou subjetivo - ex. me deslocar para a papuda para entender mais sobre os presidiários) PENSAMENTO: ESTAR AQUI - onde a escrita entra Escrever orientado pelo olhar e ouvir e pelo contato intersubjetivo com os pares. Faculdades do pensamento (cognição) Diálogocom pares Novas leituras, pesquisas e análises Já em seu gabinete urbano 2a Refração (imagem óptica) Notas em sala: Antropologia é o exercício do método etnográfico ou de observação participante, que envolve um disciplinamento, um preparo prévio, para que haja um deslocamento geográfico ou subjetivo entre o estar lá e o estar aqui. Na antropologia, não há imposição de ideias. Funda-se em entender o outro a partir do ponto de vista dele e não do antropólogo. Deve-se usar "o olhar e o ouvir" disciplinados e praticar entrevistas, interações, participações (estar lá) para, em seguida, haver a segunda refração, uma síntese e interpretação de tudo aquilo que foi visto e ouvido, para se gerar o texto etnográfico. Eu x Nós: "Com o crescente reconhecimento da pluralidade de vozes que compõe a cena de investigação etnográfica, essas vozes têm de ser distinguidas e jamais caladas pelo tom imperial e muitas vezes autoritário de um autor esquivo, escondido no interior dessa primeira pessoa do plural (nós)". Limites (seja para o antropólogo ou para o profissional da psicologia): - Limite pessoal - Limite ético - Relacionamentos sexuais-afetivos - O perigo da conversão ou encantamento. [17/03/2022] e [24/03/2022] Comentários do texto 2: O vínculo etnográfico: intersubjetividade e coautoria na pesquisa qualitativa (link) José Bizerril RESUMO -Como principal método de pesquisa antropológica, a etnografia é entendida em termos de modalidade intersubjetiva de conhecimento, caracterizada pela co-autoria, partilhada entre etnógrafo e nativo. "O termo etnografia designa a experiência de pesquisa definida pelo trabalho de campo bem como seu registro sob a forma de texto etnográfico que tem o propósito de ser uma descrição cultural." ANTROPOLOGIA REALISTA: Malinowski; E. Pritchard. - Modelo Hegemônico até anos 1960 e 1970; - Proposta de Malinowski: permanência longa no campo, em contato estreito e cotidiano com a comunidade pesquisada, registrando, no diário de campo, todas as informações derivadas de observação, participação na vida dos nativos, conversação ou insight do pesquisador; - Eficácia experiência pessoal + elaboração teórica com base em formação científica; - Crença na neutralidade; - Observação em detrimento da interpretação; - Escrita realista: a escrita etnográfica clássica investe na construção da posição do etnógrafo como observador privilegiado. - Apelo às capacidades empáticas do antropólogo, embora, na prática, havia limites não relevados. "Da perspectiva de autores clássicos, como Malinowski (1978) ou Evans-Pritchard (1957), o método etnográfico definir-se-ia por permanência longa no campo, em contato estreito e cotidiano com a comunidade pesquisada, registrando, no diário de campo, todas as informações derivadas de observação, participação na vida dos nativos, conversação ou insight do pesquisador. O pressuposto da eficácia dessa metodologia estaria não só na experiência pessoal vivida pelo pesquisador mas também em sua elaboração teórica com base em formação científica que o capacitaria a produzir interpretação diferenciada das posições de senso comum." "Se não foi o primeiro a conduzir cientificamente uma experiência etnográfica, isto é, em primeiro lugar, a viver com as populações que estudava e a recolher seus materiais de seus idiomas, radicalizou essa compreensão por dentro, e para isso, procurou romper ao máximo os contatos com o mundo europeu. […] Ninguém antes dele tinha se esforçado em penetrar tanto, como ele fez no decorrer de duas estadias sucessivas nas ilhas Trobriand, na https://drive.google.com/file/d/1TJJQA2tK_rBGHjmyqaUVBThU39zd8PU5/view?usp=sharing mentalidade dos outros, e em compreender de dentro, por uma verdadeira busca de despersonalização, o que sentem os homens e as mulheres que pertencem a uma cultura que não é nossa. […] Malinowski considera que uma sociedade deve ser estudada enquanto uma totalidade, tal como funciona no momento mesmo onde a observamos."- UA. Notas em Sala: O modelo epistemológico de Malinowski era um modelo positivista/realista. Ele acreditava que ele podia se deslocar até uma sociedade para descrevê-la objetivamente. Mas qual era o problema? Ele achava que tudo isso podia ser feito com muita empatia. Assim, ele apelava para capacidades empáticas do antropólogo mas, na prática, havia limites não revelados. Aqui, o antropólogo tem um caráter de autoridade máxima e tende a generalizar o outro. "Eu aqui, você ali", despersonalizando a matéria de estudo. ANTROPOLOGIA PÓS-MODERNA: James Clifford e George Marcus - Após a década de 1980; - Etnografia com proposta dialética e polifônica; - Explicitação das condições contextuais em que as informações são obtidas. Registro das diferenças entre os pontos de vista dos nativos e etnógrafo; - Reflexão crítica acerca da textualidade etnográfica. - Identificação das convenções literárias e estratégias retóricas de autoridade científica do método tradicional. - Exploração de outros sentidos além da visão e uso de metáforas sensoriais. Fenomenologia e corpo. Reflexão sobre a experiência corpórea do antropólogo em campo. - O polo da "participação" no campo é mais valorizado. - Foco em "fazer com" e "vivenciar junto". Envolvimento corporal do etnógrafo com o mundo do nativo, um mergulho sensorial, motor, afetivo e cognitivo. - Alternância entre aproximação e distanciamento na prática etnográfica. Há momentos para observação, para reflexão solitária, para interação e para envolvimento, sem que haja fórmula preestabelecida de sua aplicação. A escolha dos momentos para enfatizar observação ou participação é constituída na prática de campo, ao mesmo tempo em que o predomínio de um dos dois pólos da observação participante, como estratégia de pesquisa, varia em função do posicionamento epistemológico do pesquisador. As etnografias dialógicas e polifônicas privilegiam a escuta, pondo em primeiro plano as falas dos nativos em contexto. A perspectiva da antropologia fenomenológica enfatiza o envolvimento corporal do etnógrafo no mundo do nativo, um mergulho a um só tempo sensorial, motor, afetivo e cognitivo. Desse modo, “fazer com”, “vivenciar junto”, aprender as técnicas da cultura estudada é a porta para entrar em contato com seu mundo da vida (Lebenswelt). "O movimento de repensar o sentido das experiências de campo e as formas de registrá-las como caução do saber antropológico relaciona-se a críticas da possibilidade de neutralidade científica e da prática etnográfica fundada na observação. Clifford (1998) menciona os projetos da etnografia dialógica e polifônica, como exemplos de estratégias para explicitar as condições contextuais em que as informações são obtidas e registrar, de forma orquestrada, as diferenças entre os pontos de vista dos nativos e do etnógrafo. A observação participante implica alternância entre diferentes graus de proximidade e distanciamento dos acontecimentos que são a matéria-prima da etnografia. Há momentos para observação, para reflexão solitária, para interação e para envolvimento, sem que haja fórmula preestabelecida de sua aplicação." Notas em Sala: Etnografia com proposta polifônica: diverso, múltiplo - buscar entender a diversidade dos grupos, não há mais a preocupação em definir em um único grupo. Exemplo: brasileiros e nordestinos - aqui, não se preocupa mais em definir características genéricas, mas em buscar padrões de comportamento que se repetem em diferentes grupos - compreender a heterogeneidade. Dialético: participativo, envolvimento ativo. Na etnografia pós-moderna, estabelecem estratégias de construção de textos e a preocupação em mostrar o audio-visual do sujeito, documentários etnográficos. Aqui, a proposta é vivenciar junto com o grupo e, não mais, ser uma pessoa distante em observação. ANTROPOLOGIA PÓS MODERNA INTERPRETATIVA OU SEMIÓTICA (Geertz) - Semiótica - O antropólogo é visto como um intérprete privilegiado. - Polêmica em torno da empatia. "Para Geertz, em função da influência da cultura sobre a constituição da identidade,não é possível ao antropólogo sentir-se como nativo. Logo, o "método da empatia", como o denomina, só pode falar do próprio pesquisador. (...) - Geertz (1198) define empatia como uma capacidade extraordinária, quase paranormal, de pensar e sentir-se como se fosse um nativo. - Experiências de campo citadas para validar estas posições em Java, em Bali e no Marrocos. - Sua estratégia interpretativa relega a segundo plano a relação entre qualidade da etnografia e a conjunção de circunstâncias fortuitas e incontroláveis, de vínculos interpessoais entre o antropólogo e seus nativos e minimiza o comprometimento existencial do antropólogo. O etnógrafo não apenas como um cientista em interação com seu “objeto” mas também como um ser humano em um universo intersubjetivo. É principalmente por meio de relações humanas que ele tem acesso ao mundo, ao ponto de vista e à experiência de outros sujeitos, os “seus” nativos. Isso tem dois desdobramentos: a importância das relações humanas como constitutivas da possibilidade de pesquisa qualitativa; a repercussão da experiência de campo sobre a subjetividade do pesquisador. A escrita etnográfica clássica investe na construção da posição do etnógrafo como observador privilegiado (Malinowski). Já a etnografia interpretativa de Geertz relativiza esta posição, até certo ponto, ao transformá-la no lugar do intérprete privilegiado. As etnografias diálogicas e polifônicas privilegiam a escuta, pondo em primeiro plano as falas dos nativos em contexto. A perspectiva da antropologia fenomenológica enfatiza o envolvimento corporal do etnógrafo no mundo do nativo, um mergulho a um só tempo sensorial, motor, afetivo e cognitivo. Desse modo, “fazer com”, “vivenciar junto”, aprender as técnicas da cultura estudada é a porta para entrar em contato com seu mundo da vida (James Clifford) Observador privilegiado: Malinowski Intérprete privilegiado: Geertz Sensorial, fazer com, vivenciar junto: Clifford DEBATENDO SOBRE A EMPATIA NA ETNOGRAFIA REALISTA E PÓS MODERNA Toda esta reflexão sobre as possibilidades de prática etnográfica conduz ao problema da empatia. Por um lado, as etnografias realistas apresentavam a experiência de campo sob a forma de discurso majoritariamente “objetivo”, pontuado de narrativas de situações de campo para confirmar a autoridade do etnógrafo como testemunha ocular. Por outro, apelavam às capacidades empáticas do etnógrafo na apresentação da etnografia como constituição bem-sucedida de um terreno intersubjetivo que permitiria a compreensão, a descrição do outro e a comunicação com ele. (modelo realista) Esse modelo foi duramente criticado por Geertz (1998). Assinalou que um antropólogo não precisava ser dotado de sensibilidade extraordinária. Como contraproposta, afirmou que uma estratégia de investigação centrada na análise dos sistemas simbólicos “garante” ao antropólogo o acesso ao ponto de vista do nativo. Geertz (1998) ainda acrescentou, no seu argumento em defesa de posição intelectual, que, em função da influência da cultura sobre a constituição da identidade, não é possível ao antropólogo sentir-se como nativo. Logo, o “método da empatia”, como o denomina, só pode falar do próprio pesquisador. (modelo pós moderno interpretativo) Geertz (1998) define empatia como uma capacidade extraordinária, quase paranormal, de pensar e sentir-se como se fosse um nativo. Além disso, suas experiências de campo citadas para validar estas posições, em Java, em Bali e no Marrocos, ilustram a relação problemática entre um pesquisador ocidental e os nativos pertencentes a culturas extremamente distantes, “exóticas”, cujas noções de pessoa estão fundadas em outras premissas. Se um sujeito que opera com concepção individualista moderna de pessoa tenta colocar-se no lugar de um nativo dessas culturas e “sentir-se como o nativo”, faz sentido que Geertz conclua que o resultado seja desastroso. (modelo pós moderno interpretativo) Notas em Sala: Geertz fala que essa empatia da antropologia realista, defendida por Malinowski, não existe. Ele interpreta empatia como se tornar o outro, se colocar no lugar do outro. Porém, "se tudo o que eu tenho são interpretações da minha própria realidade, o máximo que eu consigo é dialogar, mas não é possível entender como um próprio nativo". O equívoco é que Geertz acredita que empatia é se tornar o outro, pensamento pós colonial. Eu só posso entender que empatia não existe se eu entender que empatia = tornar-se o outro. (pensamento de Geertz). Para o autor, José Bizerril, empatia é = vínculo etnográfico = construção de uma relação de confiança e aliança, dentro da qual, se estabelece uma relação intersubjetiva entre a ponte e o sujeito. Empatia é eu estar disponível para te escutar, te levar a sério. - "eu não sei o que você está sofrendo, só você sabe, porém, eu posso me colocar disponível, ser empática, realmente te escutar. Se você não quer falar, eu vou me pôr disponível para estar do seu lado…". - Resgate do laço humano na relação antropológica. ANTROPOLOGIA PÓS-COLONIAL (Bizerril e Stuart Hall) - Emergência de tradições nacionais periféricas de antropologia - Debate em torno da impossibilidade de neutralidade; - Politização da produção científica, sobretudo em termos de uma posição pós-colonial, que aponta a interdependência entre poder e saber no contexto da relação entre colonizador e colonizado. - O antropólogo é um ser humano em um universo intersubjetivo. - A importância das relações humanas como constitutivas da possibilidade de pesquisa qualitativa; - Proposta: Vínculo etnográfico: "por analogia à terminologia utilizada na discussão da área clínica de psicologia, em que o estabelecimento de aliança, pacto ou relação de cooperação e confianças entre o etnográfico e seus colaboradores nativos é indispensável para que ocorra a pesquisa". - Limites éticos: 1. legitimidade dos laços emocionais; 2. o risco e a tentação de tornar-se nativo. - Postura epistemológica criar espaço para o subalterno falar = contribuição ao diálogo intercultural. - Experiência "iniciática": a prática etnográfica deve ser tanto um espaço para rever a pertinência da teoria e produzir novas teorias quanto um espaço em que o etnógrafo pode ter a oportunidade de revisão completa, como sujeito " (Bizerril) Entre os desafios para a minha geração: o fim do discurso monológico no interior da disciplina, do consenso teórico e da pluralização de lugares de fala antropológica, na medida em que as teorias se fragmentam e que outros sujeitos sociais, outrora ausentes do debate antropológico, passam a figurar como pesquisadores e como nativos. Uma contribuição importante da antropologia à abertura de um diálogo intercultural mais amplo é criar espaço em seu texto para que os subalternos possam falar, não como meras amostras de material etnográfico, mas como vozes autônomas e discordantes em um texto polifônico. "Gostaria de radicalizar a importância da dimensão humana da pesquisa ao examinar o caráter das relações entre o etnógrafo e seus interlocutores não apenas como fator imponderável mas também importante, uma característica crucial, sem a qual não ocorre etnografia. Defino essas relações como “vínculo etnográfico”, por analogia à terminologia utilizada na discussão da área clínica de psicologia, em que o estabelecimento de aliança, pacto ou relação de cooperação e confiança entre o etnógrafo e seus colaboradores nativos é indispensável para que ocorra a pesquisa. De um lado, o etnógrafo precisa de treinamento, de um tipo de escuta, de capacidade de observação altamente específicos, de familiarização com as teorias atualizadas e relevantes à pesquisa e de conhecimento do método etnográfico; de outro, depende do estabelecimento de ligações emocionais e relações de reciprocidade que lhe dão acesso ao universo de concepções, práticas e experiências dos nativos. Assim, compreendo essa relação como mais do que a perspectiva utilitária de “aliciar” o nativo para que se torne “informante”, pois viabiliza o uso de entrevistas, a participaçãoem eventos sociais, o estabelecimento de rede de contatos, a coleta de imagens fotográficas e filmes, o registro de informações restritas a quem pertence à comunidade e cuidadosamente escondidas de estranhos. Um desdobramento lógico que surge da afirmação da legitimidade dos laços emocionais com participantes de pesquisa é discutir os limites éticos do envolvimento, como, por exemplo, o problema clássico dos riscos de relação romântica ou sexual. Na clínica psicológica, esse tipo de situação é quase que unanimemente contrária ao código de conduta profissional e inviabiliza a relação terapêutica. No caso da etnografia, contudo, é um pouco mais complexo. …da obra acadêmica de Malinowski, não parece indicar que essas experiências tenham inviabilizado sua contribuição como etnógrafo, mesmo que, no paradigma vigente em sua época, não fosse pertinente discutir esse tipo de experiências nos textos científicos." Problemática "Torna-se nativo" Risco de "transformar-se no nativo" = distanciamento científico. O risco e a tentação de “tornar-se nativo”. Não importa se o etnógrafo ouve segredos, se se torna amigo ou parente afim, se, em função das experiências pessoais de campo, adere em algum aspecto à visão de mundo do nativo, etc., mas como o faz e quais as conseqüências dessas escolhas para o resultado final da pesquisa, tanto em termos de seu valor teórico e etnográfico quando de suas implicações na vida do pesquisador e dos nativos. A solução provisória que me parece mais rica é assumir a dimensão humana como integrante do processo de conhecimento constituído pela etnografia e dar-lhe tratamento teórico ao mesmo tempo em que se faz reflexão permanente sobre a divulgação que determinadas informações ou interpretações possam ter sobre aqueles que contribuíram na produção da etnografia, ou seja, considerar todo encontro etnográfico como produto de negociação e a escrita como trabalho de co-autoria, da qual o etnógrafo é talvez o editor, mas nunca o único criador. Isso se refere a uma negociação entre a necessária cientificidade do trabalho e a indispensável responsabilidade ética e política do etnógrafo. Por fim, sobre a subjetividade do pesquisador. Gostaria de recuperar a discussão de Carvalho (1993) a respeito da pesquisa de campo como “experiência iniciática”. A prática etnográfica deve ser tanto um espaço para rever a pertinência da teoria e produzir novas teorias quanto um espaço em que o etnógrafo pode ter a oportunidade de revisão completa, como sujeito. Por meio da experiência intersubjetiva de um mundo fundado em outras premissas, a pesquisa de campo deixa marcas na personalidade do pesquisador, pois não é possível abrir-se a outro mundo cultural e voltar totalmente incólume. Um elemento central desse tipo de experiência consiste no seu caráter dialógico, na medida em que, no encontro entre culturas, formulam-se perguntas que jamais poderiam ser formuladas sem o contexto do encontro. A antropologia não deve ser só para construir um monte de conhecimento, mas para a gente se transformar como pessoas. Relação com a psicologia: Capacidade de ver e ouvir disciplinados Processo dialógico Busca por narrativas individuais Limites éticos Relação de cooperação e confiança Método Indutivo: partimos do concreto para chegar no geral; UNIDADE DE APRENDIZADO: ETNOGRAFIA O CONCEITO DE ETNOGRAFIA A etnografia é a especialidade da antropologia, que tem por fim o estudo e a descrição dos povos, sua língua, raça, religião, e manifestações materiais de suas atividades, é parte ou disciplina integrante da etnologia é a forma de descrição da cultura material de um determinado povo. Então, podemos compreender a etnografia como o exercício de olhar sobre o outro que nos permite compreender de forma sistemática aspectos culturais intrínsecos que, numa observação rápida, seriam difíceis de apreender. A etnografia é muito mais que escrever sobre o outro, porque considera um estudo complexo, uma análise cuidadosa e uma interpretação dos dados que está baseada em teoria precedentes para chegar a uma conclusão que contribua com o conhecimento científico. Ao juntar as partes de um quebra-cabeça, o todo toma forma. Essa totalidade não deve pretender retratar a verdade única e absoluta, mas apenas apresentar uma versão interpretativa sobre o grupo estudado por quem realizou a pesquisa — podendo seus leitores concordarem ou não. Na composição desse material final, cabe lembrar que essa a escrita pode ser composta de outros materiais (organograma, desenhos, fotos, sons, vídeos) que ajudem o leitor a compreender a argumentação teórico-metodológica apresentada pelo etnógrafo. OBSERVAÇÃO DO PESQUISADOR A etnografia propriamente dita só começa a existir a partir do momento no qual se percebe que o pesquisador deve ele mesmo efetuar no campo sua própria pesquisa. Essa observação direta do pesquisador deve ser feita de forma ativa, personalizada e mais interpretativa sobre quem são, o que fazem e como pensam os membros de outras sociedades existentes. A observação do pesquisador não deve ser feita de forma passiva, apenas olhando para os membros de uma cultura, sem interagir com o que acontece; pelo contrário, ele vai participar, conversar, viver e também contar sobre si para esses nativos. Logo, realiza-se uma observação participante, na qual os membros da cultura observada precisam estar de acordo com a presença daquele que vai realizar a etnografia. […] aquilo que os antropólogos chamam de "observação participante" […] significa dizer que o pesquisador assume um papel perfeitamente digerível pela sociedade observada, a ponto de viabilizar uma aceitação senão ótima pelos membros daquela sociedade, pelo menos afável, de moda a não impedir a necessária interação. ETNOGRAFIA PARA A ANTROPOLOGIA Assim, a disciplina de antropologia compreende a etnografia como parte do processo de pesquisa que possibilita estudar o outro a partir de critérios científicos. [...] etnografia é a especialidade da antropologia, que tem por fim o estudo e a descrição dos povos, sua língua, raça, religião, e manifestações materiais de suas atividades, é parte ou disciplina integrante da etnologia é a forma de descrição da cultura material de um determinado povo [...]. Então, podemos compreender a etnografia como o exercício de olhar sobre o outro que nos permite compreender de forma sistemática aspectos culturais intrínsecos que, numa observação rápida, seriam difíceis de apreender. Desse modo, etnografia é muito mais que escrever sobre o outro, porque considera um estudo complexo, uma análise cuidadosa e uma interpretação dos dados que está baseada em teoria precedentes para chegar a uma conclusão que contribua com o conhecimento científico. Por isso, podemos imaginar que o produto final de análise da observação participante é a monografia. Essa totalidade não deve pretender retratar a verdade única e absoluta, mas apenas apresentar uma versão interpretativa sobre o grupo estudado por quem realizou a pesquisa — podendo seus leitores concordarem ou não. Na composição desse material final, cabe lembrar que essa a escrita pode ser composta de outros materiais (organograma, desenhos, fotos, sons, vídeos) que ajudem o leitor a compreender a argumentação teórico-metodológica apresentada pelo etnógrafo. ESTRATÉGIAS DA ETNOGRAFIA: A etnografia é um processo guiado preponderantemente pelo senso questionador do etnógrafo. Deste modo, a utilização de técnicas e procedimentos etnográficos, não segue padrões rígidos ou pré-determinados, mas sim, o senso que o etnógrafo desenvolve a partir do trabalho de campo no contexto social da pesquisa. [...] entrevistar informantes, observar rituais, deduzir os termos de parentesco, traçar as linhas de propriedade, fazer o censo doméstico... escrever seu diário. Para coletar dados que respondam às perguntas gerais e específicas da pesquisa, é preciso que o pesquisador utilize algumas técnicas e estratégias. Entretanto, sabe-se que não há fórmulas a serem seguidas, pois cada pesquisa tem suas particularidades.- Olhar e ouvir (atos cognitivos mais preliminares) disciplinados: é preciso lançar mão de lentes sociológicas a fim de poder ver aquilo que não veríamos com um olhar nama. - Aproximação de um informante-chave: trata-se de alguém que vai introduzir o pesquisador no cotidiano da outra cultura, explicar rapidamente o que ele não entende, apresentar pessoas importantes para o objetivo da pesquisa, entre outros motivos. - Diário: são essenciais e servem para descrever momentos, explicitar detalhes, apresentar aspectos culturais e refletir sobre tudo o que foi visto e falado durante a interação com os membros da sociedade pesquisada. - Construção do método genealógico: permite a compreensão das formações familiares de uma sociedade, evidenciando os povos ascendentes, quem é filho de quem, se a é cultura patrilinear ou matrilenar, e como se dão casamentos entre grupos sociais. - Entrevistas: a realização de uma boa entrevista exige: a) que o pesquisador tenha muito bem definidos os objetivos de sua pesquisa; b) que ele conheça, com alguma profundidade, o contexto em que pretende realizar sua investigação (a experiência pessoal, conversas com pessoas que participam daquele universo — egos focais/informantes privilegiados —, leitura de estudos precedentes e uma cuidadosa revisão bibliográfica são requisitos fundamentais para a entrada do pesquisador no campo); c) a introjeção, pelo entrevistador, do roteiro da entrevista (fazer uma entrevista “não-válida” com o roteiro é fundamental para evitar “engasgos” no momento da realização das entrevistas válidas); d) segurança e auto-confiança; e) algum nível de informalidade, sem jamais perder de vista os objetivos que levaram a buscar aquele sujeito específico como fonte de material empírico para sua investigação. Entretanto, é preciso ter cuidado com o discurso do pesquisado durante a entrevista semiestruturada. Este, geralmente num contexto mais formal de pesquisa, acaba dizendo o discurso oficial, o que é esperado, o que ele foi treinado para dizer, quando o que o pesquisador quer muitas vezes é justamente o que escapa desse discurso e revela a situação do cotidiano. Assim, também é preciso considerar as conversas informais como fonte preciosa de informações, pois é nesses momentos que podemos comparar o discurso oficial com o que acontece na prática. DESAFIO Neste desafio, você deverá redigir um texto que dialogue com os pontos positivos e os negativos do trabalho do etnógrafo. Ou seja, até que ponto a pesquisa contribui e em que medida pode deturpar e mesmo extinguir uma determinada cultura? Nesse caso, considere uma relação com uma tribo indígena. Ela seria positiva ou negativa? Para realizar esse desafio, você deverá atender aos seguintes itens: - Escrever acerca do trabalho dos etnógrafos. - Levantar pontos positivos e negativos do encontro entre as culturas. - Concluir se há mais pontos a favor ou contra esse trabalho. Padrão de resposta esperado: Discutiremos a questão do trabalho que os etnógrafos fazem quando empregam o método de observação participante, no qual o pesquisador adentra à cultura, tomando parte de seus hábitos e tornando sua a rotina cultural dos nativos. Nesse sentido, surgem as questões, ou seja, podemos perceber pontos positivos e negativos. Vamos a eles. Tomando como exemplo o Brasil e a atuação dos pesquisadores nas aldeias, não podemos afirmar ao certo se foram precisamente positivos ou negativos. O certo é que o encontro entre o homem branco e o índio pode ser interessante, por um lado, para a preservação da cultura indígena, assim como pode ser extremamente ofensivo, por outro. Ora, se não tivesse ocorrido esse choque de culturas, os índios estariam vivendo melhor que nos dias atuais? O que o homem branco leva para as aldeias, por exemplo, contribui, de fato, para uma melhora das condições dos indígenas? Se esse encontro não tivesse ocorrido, alguns problemas para os quais o homem branco tem a solução, talvez o índio sequer precisasse dela em sua cultura. Outro ponto importante a ser considerado é o de que o encontro traz a evolução da cultura, sendo este inevitável dadas as condições de relacionamento e interesses nos quais nossa sociedade está inserida. E ainda, os índios se beneficiam com as novidades trazidas pelo homem branco. Estes pontos são argumentos válidos, mas é preciso saber se algum indígena foi questionado acerca do contato, ou se apenas a vontade do homem branco seria o bastante para justificar essa relação. Ou ainda, qual o verdadeiro interesse em áreas nas quais os índios vivem? A pesquisa que se justifica cientificamente não é inconsistente na justificativa social? Ou seja, se quisermos conhecer nossos antepassados, não deveríamos antes deixá-los se mostrarem? Eles são obrigados a essa relação? O terreno considerado é extremamente complexo. Mas, é necessário considerar que o contato, por si só, já traz modificações de uma cultura para a outra. Assim, a questão é saber se há uma colonização, mesmo que mínima, de quem explora. Até onde os hábitos não se misturam? Não há aqui uma acusação em relação ao trabalho realizado, contudo, são questões importantes que se identificam com a questão da colonização, do respeito à cultura e das relações entre diferentes costumes. E saber até onde é benéfico para o pesquisado ser objeto de estudos. Há mais perguntas que respostas, mas a Etnografia deve respeitar o outro e ser cuidadosa. Este sempre foi o primeiro passo para um trabalho ético nessas circunstâncias. [31/03/2022] Comentários do texto 3: Como Opera a Cultura + UA Cultura - Roque de Barros Laraia ● Reconhecer o que é a cultura. ● Entender como uma cultura se desenvolve. ● Identificar o papel da cultura na Antropologia. INTRODUÇÃO À CULTURA O modo de ver o mundo, as apreciações de ordem moral e valorativa, os diferentes comportamentos sociais e mesmo as posturas corporais são produtos de uma herança cultural, ou seja, o resultado da operação de uma determinada cultura. Podemos entender o fato de que indivíduos de culturas diferentes podem ser facilmente identificados por uma série de características, tais como o modo de agir, vestir, caminhar, comer, sem mencionar a evidência das diferenças linguísticas, o fato de mais imediata observação empírica. Mesmo o exercício de atividades consideradas como parte da fisiologia humana podem refletir diferenças de cultura. Todo mundo tem cultura, porque a cultura é transmitida de geração a geração, de pessoa a pessoa, como herança social. É a partir da cultura que os seres humanos convivem e aprendem a habitar o mundo em que vivem. Assim, o homem não só passa por uma aprendizagem cultural, através do processo de socialização, como também pode transmitir aspectos culturais ao grupo social. Símbolos e linguagens são compartilhados e compreendidos como herança social – e não como herança biológica/ genética – pelos membros de uma mesma comunidade, de modo que esses elementos identificadores da cultura são considerados como normas e regras fundamentais para sobreviver em uma sociedade. De qualquer modo, podemos dizer que a cultura se “manifesta por meio de diversos sistemas” – como o sistema de valores, o de normas, o de ideologias, o de comportamentos, entre outros – dentro de um território específico, em determinada comunidade cultural, e influencia os indivíduos na concretização das suas ações sociais. É na interação entre os indivíduos e os grupos que são construídos e negociados os parâmetros culturais nos quais as ações sociais se realizam, constituindo, assim, uma identidade própria para cada cultura, como é o caso da cultura brasileira. Tudo o que é criado pelas sociedades humanas, para satisfazer as suas necessidades e viver em sociedade, seja tangível ou intangível, está englobado na cultura. A CULTURA CONDICIONA A VISÃO DO HOMEM: Os seres humanos são incentivados a agir de acordo com as regras e os padrões culturais que são estabelecidos pelos membros da cultura. Aqueles que destoam do proposto são considerados desviantes. Ser consideradoinfrator gera consequências discriminatórias nas sociedades. Por isso, de modo geral, o indivíduo é condicionado a agir de acordo com o padrão esperado naquela cultura. Ainda que os homens tenham uma configuração biológica comum, o modo como eles acionam esses mecanismos biológicos para habitar o mundo é distinto. Dentro das sociedades, cada um pode ocupar um papel social diferente, determinado pelo convívio entre os membros da comunidade. Por isso, a aprendizagem cultural não se dá como herança biológica e sim como herança social através da imitação e reprodução, consciente e inconsciente, dos aspectos culturais que permeiam o ambiente social no qual os indivíduos estão mergulhados. Variações de um mesmo padrão cultural: por isto é que acreditamos que todos os japoneses riem da mesma maneira. Temos a certeza de que os japoneses também estão convencidos que o riso varia de indivíduo para indivíduo dentro do Japão e que todos os ocidentais riem de modo igual. ETNOCENTRISMO A nossa herança cultural, desenvolvida através de inúmeras gerações, sempre nos condicionou a reagir depreciativamente em relação ao comportamento daqueles que agem fora dos padrões aceitos pela maioria da comunidade. Por isto, discriminamos o comportamento desviante. O fato de que o homem vê o mundo através de sua cultura tem como consequência a propensão em considerar o seu modo de vida como o mais correto e o mais natural. Tal tendência, denominada etnocentrismo, é responsável em seus casos extremos pela ocorrência de numerosos conflitos sociais. O etnocentrismo, de fato, é um fenômeno universal. É comum a crença de que a própria sociedade é o centro da humanidade, ou mesmo a sua única expressão. As auto denominações de diferentes grupos refletem este ponto de vista. Etnocentrismo: Tendência de explicar a realidade cultural a partir do próprio ponto de vista, considerando-se esta explicação a única ou a melhor Comportamentos etnocêntricos resultam também em apreciações negativas dos padrões culturais de povos diferentes. Práticas de outros sistemas culturais são catalogadas como absurdas, deprimentes e imorais. Tais crenças contêm o germe do racismo, da intolerância, e, frequentemente, são utilizadas para justificar a violência praticada contra os outros. A CULTURA INTERFERE NO PLANO BIOLÓGICO A forma como vivem os seres humanos pode afetar o organismo biológico de diferentes maneiras, gerando impactos nas necessidades fisiológicas básicas. Um estilo de vida baseado em uma alimentação saudável pode fazer com que os indivíduos vivam mais do que um estilo de vida de pouco sono, má alimentação, muito trabalho. Entretanto, não nos alimentamos apenas para satisfazer as necessidades, mas também por prazer. O que é considerado prazeroso é construído no âmbito da cultura. Ainda é preciso enfatizar que o que comemos não está condicionado apenas ao desejo, mas passa pelo o que temos de acesso a alimento em nossa cultura. O domínio da agricultura faz com que possamos ter alimentos nas diferentes estações, mas não é em todos os países do mundo que as frutas são frescas, acessíveis e baratas, por exemplo. Outros exemplos: a sensação de fome depende dos horários de alimentação que são estabelecidos diferentemente em cada cultura; ritual de cura para uma doença; doenças psicossomáicas; Reação oposta ao etnocentrismo, que é a apatia. Em lugar da superestima dos valores de sua própria sociedade, numa dada situação de crise os membros de uma cultura abandonam a crença nesses valores e, conseqüentemente, perdem a motivação que os mantém unidos e vivos. Exemplos: africanos que se suicidaram após serem removidos violentamente de seu continente; população Kaingang de Sp quando teve o seu território invadido abandonaram a tribo ou esperaram pela sua morte. OS INDIVÍDUOS PARTICIPAM DIFERENTEMENTE DE SUA CULTURA Ninguém consegue participar de tudo o que ocorre em sua cultura, justamente porque existem condicionantes que os limitam, como, por exemplo, gênero, idade, papel social, estilo de vida, entre outros. Conforme os indivíduos vão se desenvolvendo após o nascimento, acessam regras e normas na sociedade que lhes permitem participar de diferentes manifestações culturais. Assim, os indivíduos carregam e reproduzem aspectos culturais diferentes durante suas vivências, fazendo com que cada ser humano contenha em si camadas de cultura O interesse pelo futebol, a prática de ir à praia ou mesmo acompanhar as festas de carnaval são aspectos culturais que conformam a identidade brasileira. No entanto, não são todos os brasileiros que acessam, têm interesse ou participam do que oferece culturalmente o país. Ou seja, mesmo que estejamos imersos em uma cultura, temos uma participação relativa e parcial no que ela propõe. Embora nenhum indivíduo, repetimos, conheça totalmente o seu sistema cultural, é necessário ter um conhecimento mínimo para operar dentro do mesmo. Além disto, este conhecimento mínimo deve ser partilhado por todos os componentes da sociedade de forma a permitir a convivência dos mesmos. Um médico pode desconhecer qual a melhor época do ano para o plantio de feijão, um lavrador certamente desconhece as causas de certas anomalias celulares, mas ambos conhecem as regras que regulam a chamada etiqueta social no que se refere às formas de cumprimentos entre as pessoas de uma mesma sociedade. A CULTURA TEM UMA LÓGICA PRÓPRIA Cada cultura tem a sua lógica própria, que revela um encadeamento de sentidos, pensamentos e ações que conformam a especificidade das culturas em si, de acordo com sua origem histórica e o território habitado. O que faz sentido para os membros de uma comunidade pode não fazer sentido para outra sociedade. Assim, para compreendermos a lógica de outra pessoa, temos de nos afastar da nossa lógica, ou pelo menos estabelecer relações que permitam desvendar e acessar a explicação do outro indivíduo, sem as referências da nossa própria lógica. Todo sistema cultural tem a sua própria lógica e não passa de um ato primário de etnocentrismo tentar transferir a lógica de um sistema para outro. Infelizmente, a tendência mais comum é de considerar lógico apenas o próprio sistema e atribuir aos demais um alto grau de irracionalismo. A coerência de um hábito cultural somente pode ser analisada a partir do sistema a que pertence. Quando um etnólogo inicia o seu estudo de um povo estranho ele pode exatamente ser descrito como culturalmente cego. Cada cultura ordenou a seu modo o mundo que a circunscreve e que esta ordenação dá um sentido cultural à aparente confusão das coisas naturais. É este procedimento que consiste em um sistema de classificação. No norte de Goiás, uma dona de pensão nos afirmou que o "rato era um inseto impertinente". Constatamos, então, que como inseto eram classificados todos os seres vivos que perturbam o mundo doméstico. Finalmente, entender a lógica de um sistema cultural depende da compreensão das categorias constituídas pelo mesmo. A CULTURA É DINÂMICA A cultura não está parada. A todo momento, diversos elementos culturais são reavaliados, conscientemente e inconscientemente, sendo que alguns são descartados, outros reinventados. (Exemplos: vestimentas, músicas, gírias) Podemos dizer que as mudanças culturais ocorrem de modo endógeno ou exógeno. O modo endógeno pode ser decorrente do próprio sistema cultural, a partir dos membros que participam dessa sociedade. O modo exógeno se dá por meio de um contato cultural, com outros povos, que acaba interferindo em práticas culturais estabelecidas antes do contato. Podemos agora afirmar que existem dois tipos de mudança cultural: uma que é interna, resultante da dinâmica do próprio sistema cultural, e uma segunda que é o resultado do contato de um sistema cultural com o outro. No primeiro caso, a mudança pode ser lenta, quanta impercebível para o observador que não tenha suporte de bons dados. O ritmo, porém, pode ser alterado por eventos históricos tais como uma catástrofe, uma grande inovação tecnológica ou uma dramáticasituação de contato. O segundo caso, de contato com o outro sistema cultural, pode ser mais rápido e brusco, podendo ser drástico, como foi no caso dos índios, mas também onde a troca de padrões culturais ocorrem sem grandes traumas. (aculturação) O segundo tipo de mudança, além de ser o mais estudado, é o mais atuante na maior parte das sociedades humanas. É praticamente impossível imaginar a existência de um sistema cultural que só seja afetado pela mudança interna. Cada mudança, por menor que seja, representa o desenlace de numerosos conflitos. Isto porque em cada momento as sociedades humanas são palco do embate entre as tendências conservadoras e as inovadoras. As primeiras pretendem manter os hábitos inalterados, muitas vezes atribuindo aos mesmos uma legitimidade de ordem sobrenatural. As segundas contestam a sua permanência e pretendem substituí-los por novos procedimentos. - padrões ideias x padrões reais Concluindo, cada sistema cultural está sempre em mudança. E, entender esta dinâmica é importante para atenuar o choque entre as gerações e evitar comportamentos preconceituosos. Da mesma forma que é fundamental para a humanidade a compreensão das diferenças entre povos de culturas diferentes, é necessário saber entender as diferenças que ocorrem dentro do mesmo sistema. Estranhamento de gerações: pequenas mudanças que cavam o fosso entre as gerações, que faz com que os pais não se reconheçam nos filhos e estes se surpreendam com a "caretice" de seus progenitores, incapazes de reconhecer que a cultura está sempre mudando. O ESTUDO ANTROPOLÓGICO SOBRE A CULTURA Ao estarmos imersos em outra cultura, participamos e conhecemos o que faz sentido apenas ali, e não em outro contexto cultural, como o de origem do antropólogo. Assim, a antropologia não vai ser aquela que está do ponto de vista do observador ou do ponto de vista do observado, mas será uma “prática que surge em seu limite, ou melhor, em sua intersecção.” Logo, atentos a essa intersecção, vamos compreendendo as regras e normas da cultura de outro indivíduo, desvendando seus sentidos e suas motivações. “As culturas são sistemas humanos de comportamento e pensamento, obedecem a leis naturais, podendo, portanto, serem estudadas de modo científico” Nesse estudo, ter critério e método é crucial para acessar e perceber elementos da cultura a serem interpretados, que não são tão evidentes ao estrangeiro. “Não há cultura que não tenha significação para aqueles que nela se reconhecem. Os significados como os significantes devem ser examinados com a maior atenção”. Para entender outras culturas, é preciso aprofundar o entendimento da nossa própria cultura, e, por mais proximidade que tenhamos com ela, é necessário o esforço de avaliá-la pelo olhar do estrangeiro, que suspende seu julgamento, participa e se deixa vivenciar a cultura junto com outra pessoa. Notas em Sala: Sistema de significados que promovem ações inteligíveis, compreensíveis, compartilhadas. Conjunto de sistemas e ações que são padronizados Só se torna cultura quando um grupo aprende a ação ou hábito e passa para as próximas gerações. - Atos isolados não são considerados cultura. Multiculturalismo: não existe cultura homogênea. Haverá sempre polifonia, diversidade. O social/cultural incorpora em nossos desejos, personalidades, valores, prazeres, afetos.. Nosso sistema corpo-emoção são refletidos por todos esses aspectos. Relativização: Reconhecer outros pontos de vista culturais como legítimos e originais. Uma forma de evitarmos ser etnocêntricos. Cultura não é: ● Uma realidade superorgânica - concepção biológica que vê na cultura um organismo vivo, com fronteiras bem definidas. ● Um padrão bruto de acontecimentos - concepção estatística e sociologizante da cultura. ● Ou objetiva ou subjetiva - concepções que visam explicar a objetividade e subjetividade da cultura como excludentes. ● A mera imaginação das pessoas - concepção mentalista de cultura que se limita às estruturas mentais. Desafio Os conflitos culturais, hoje e sempre, têm como causas principais as distinções culturais, desde aquelas que envolvem religião, linguagem e construções axiológicas. Tais diferenças levam as pessoas a um estágio de intolerância. Sendo assim, neste desafio, propomos a construção de um texto que procure estabelecer um diálogo que evidencie que a cultura é construída na história e assim, por vezes, os detentores do poder tomam para si o fio condutor criando uma espécie de ideologia que não permite às diferenças se manifestarem. Para a realização deste desafio você deverá observar: - a cultura como construção histórica; - a relação do poder com a cultura. Você poderá assistir ao filme A vila, de M. Night Shyamalan, para fundamentar a discussão acerca deste tema. A cultura é passada de geração a geração, como uma herança social de acordo com a origem histórica e o território habitado. Se dá através da imitação e da reprodução que ocorre de maneira consciente ou inconsciente dos aspectos culturais que integram o ambiente social do indivíduo. Esses aspectos culturais refletem no modo de vestir, agir, comer, crer, ditar normas, crenças, etc. E, é através da cultura, que a vida em sociedade é ajustada e, até mesmo, padronizada. Portanto, por ter contexto e origem histórica e local, o que faz sentido para membros de uma sociedade, pode não fazer sentido para outros, podendo até mesmo gerar conflitos culturais resultantes em discriminações e ataques entre outros seres humanos. A relação de poder com a cultura é outro aspecto importante a ser observado, afinal, os seres humanos são incentivados a agir de acordo com as regras e os padrões culturais estabelecidos por membros da sociedade e, aqueles que destoam, são considerados "infratores" e sofrem discriminações. Sendo assim, pessoas que possuem poderes, estatais ou econômicos, de maneira ou outra possuem um enorme impacto na cultura local, afinal, são capazes de modular ou até mesmo manipular uma sociedade, ajustando padrões de seus interesses. Usado de maneira errada, forçada ou tirana, esses poderes podem intervir até mesmo na liberdade do indivíduo, aspecto que precisa ser sempre refletido e pensado pelos membros da sociedade, para não haver sucumbência desconstrutiva. [08/04/2022] Comentários do texto 4: A análise da cultura nas sociedades complexas* - Fredrik Barth PROPOSTA DE BARTH: Renovar o conceito de cultura, que em suas versões antiquadas expressa holismo (sistêmico), integração e unidade. Trabalhar substantivamente, explorando o grau e tipos de conexão verificados no domínio da cultura. A teoria e os conceitos devem ser testados na análise da vida real. Barth traz para a discussão conceitos antropológicos fundamentais como o de cultura e sociedade. Uma de suas críticas foca-se na visão holística de tais termos, em especial da escola estruturalista quando enfatiza padrões lógicos passíveis de abstração que supostamente apreendem o que é verdadeiramente importante nas formas. "O uso que costumamos fazer do termo cultura torna-se ainda mais equivocado por incorrer na profunda impressão de referir-se simultaneamente a (uma soma total de) padrões observáveis e às bases ideais desses padrões, abrindo portas para a recorrente falácia de construir de maneira equívoca a descrição como explicação. Por fim, a nossa avaliação da cultura está marcada pela ambivalência: por um lado, nós a vemos como algo imensamente intricado, com enorme quantidade de detalhes que o etnógrafo competente deve demonstrar apreendido; por outro, há um ideal de ousadia para abstrair e relevar a essência subjacente a eles". Barth visa desconstruir a ideia de cultura como “um corpus unificado de símbolos e significados interpretados de maneira definitiva”. BALI E A PRÁXIS ANTROPOLÓGICA A diversidade desconexa (aparentemente) de atividades, a mistura do novo com o velho, formando um cenário misturado, são características desconfortáveis com as quais os antropólogos irão se defrontar em qualquer lugar. Porém, os sinais deincoerência e de multiculturalismo são cortados, suprimidos, tomando eles como não essenciais, ao invés de tentar dar conta do que é efetivamente encontrado. Escolhem algum padrão claro e delimitado em meio a esse cenário confuso para salvar o holismo (funcionalismo) por meio da construção estruturalista desse padrão escolhido acaso, como se ele codificasse um encadeamento mais profundo. De pequenas bobagens que, essencialmente não trazem nenhum argumento ou mudança, servem para que os autores evitem os aspectos problemáticos do mundo e reafirmem que a cultura apresenta uma coerência lógica e generalizada, sem explorar a natureza dessa coerência. REFORMULANDO O NOSSO CONCEITO DE CULTURA É preciso tratar a cultura com todas as controvérsias, não há de ser representada como um corpo unificado de símbolos e significados interpretados de maneira definitiva. - há a necessidade de encontrar um novo modelo para tratar sobre cultura. A realidade de todas as pessoas é composta de construções culturais, sustentadas de modo eficaz tanto pelo mútuo consentimento quanto por suas causas materiais inevitáveis (objetivo e subjetivo). É possível mostrar de forma razoável que muito do que os membros de um determinado grupo considera como dados naturais é meramente um reflexo de seus próprios pressupostos. Essas pessoas, contudo, bem como qualquer um de nós, necessariamente agem e reagem de acordo com sua percepção do mundo, impregnando-o com o resultado de suas próprias construções. Todos os padrões culturais observados nas construções culturais estão de algum modo relacionados, de maneira essencial, às funções simbólicas e expressivas da cultura. Correntes de tradições (ou padrões) culturais: esse consentimento está incrustado em representações coletivas: linguagem, categorias, símbolos, os rituais e as instituições. Afirmar que a realidade é culturalmente construída não resolve a questão de como e de onde surgem os padrões culturais. Explorar empiricamente o grau dos padrões e a diversidade das fontes desses padrões. Há espaço para argumentar que padrões culturais fundamentais podem ser resultados de processos sociais específicos, e que nem funcional, nem estruturalmente tais padrões são essenciais para as operações simbólicas e expressivas da cultura. Não há lógica e encadeamento generalizado numa cultura. Ex: Bali. Há vários padrões altamente significativos para a vida dos balineses do norte que só podem ser compreendidos por meio da identificação de algum nexo entre causas e conexões independentes afetando as condições objetivas da sociedade. "A vida no norte de Bali impressiona pela extraordinária riqueza e grau de elaboração no domínio simbólico/expressivo e não por seu caráter unitário. A vida ali tem uma multiplicidade, uma inconsistência, um grau de contestação que dificultam imensamente qualquer tentativa de caracterização crítica." Assim, devemos descartar um vocabulário que celebre a harmonia, a adequação e a unidade, bem como qualquer análise que pressuponha a integração e a consistência lógica. Precisamos desenvolver outros modelos que permitam apreender de modo mais direto e preciso as características observadas, sem um filtro que negue tudo aquilo aparentemente inadequado. As pessoas participam de universos de discursos múltiplos, mais ou menos discrepantes; constroem mundos diferentes, parciais e simultâneos, nos quais se movimentam. A construção cultural que fazem da realidade não surge de uma única fonte e não é monolítica. A NATUREZA DA COERÊNCIA EM QUESTÃO Cultura é o conjunto de correntes de padrões (ou tradições) culturais. Cada uma delas exibe uma agregação empírica de certos elementos e formam conjuntos de características coexistentes que tendem a persistir ao longo do tempo. Cada corrente de tradição cultural mostra um certo grau de coerência ao longo do tempo e pode ser reconhecida nos vários contextos em que coexiste com outras em diferentes comunidades e regiões. O Bali-hinduísmo; o Islã; as aldeias Bali Aga; o setor moderno da educação e da política; e a construção das relações sociais baseada na feitiçaria; todas essas são correntes de padrões culturais do Norte de Bali. Todas essas são correntes de padrões culturais do Norte de Bali. UMA SOCIOLOGIA DO CONHECIMENTO Cada corrente de padrões culturais é um universo de discurso assim, devemos: a) Caracterizar seus padrões mais destacados; b) Mostrar como ela se produz e reproduz, e como mantém suas fronteiras; c) Descobrir o que permite que haja coerência, deixando em aberto essa análise, para ser solucionada de maneira empírica. d) Devemos identificar os processos sociais pelos quais essas correntes se misturam, ocasionando por vezes interferências, distorções e mesmo fusões. Proposta: Identificar processos sociais e observar empiricamente as suas consequências. Se vivemos em um mundo em que a realidade é culturalmente construída, temos que tentar mostrar como se geram socialmente as formas de cultura. RECONCEITUALIZANDO O CONCEITO DE CULTURA A tentativa de usar o conceito de maneira crítica em sociedades complexas demanda um conjunto de noções herdadas a respeito de cultura: 1) O significado é uma relação entre uma configuração e um observador, e não alguma coisa sacramentada em uma expressão cultural particular. Precisamos ligar um fragmento de cultura e um determinado ator à constelação particular de experiências, conhecimento e orientações deste ator. Ou seja, devemos olhar para a ligação entre qualquer meio de expressão e a pessoa que usa ou responde a esse meio. Dar mais atenção ao contexto e a práxis. Só se pode estar razoavelmente seguro de ter entendido corretamente um significado quando se presta muita atenção às pistas relativas ao contexto, à práxis, à intenção comunicativa e à interpretação; só isso nos permite entrar experimentalmente ao mundo que eles contróem. 2) A cultura é distributiva: compartilhada por alguns e não por outros. Aqui, a cultura não pode ser elucidada a partir de um informante. As estruturas mais significativas da cultura talvez não estejam em suas formas, mas sim em sua distribuição e padrões de não-compartilhamento. Ou seja, devemos observar a distribuição da cultura. Observar de que maneira ela anima a vida social e gera construções culturais complexas. Isso leva a uma sociologia do conhecimento que pode esclarecer a produção e reprodução culturais em um mundo complexo e homogêneo. Ex: Muçulmanos e Bali-hinduístas convivem, mas têm significados distribuídos a respeito da fé. 3) Os atores estão posicionados. Nenhum relato que pretenda apresentar a "voz dos próprios atores" têm validade privilegiada, pois qualquer modelo de relação, grupo ou instituição será necessariamente uma construção do antropólogo. Vivemos nossas vidas com uma consciência e um horizonte que não abrangem a totalidade da sociedade, das instituições e das forças que nos atingem. De alguma maneira, os vários horizontes limitados das pessoas se ligam e se sobrepõem, produzindo um mundo maior que o agregado de suas respectivas práxis gera, mas que ninguém consegue visualizar. A tarefa do antropólogo ainda é mostrar como isso se dá e mapear esse mundo maior que surge. Ou seja, há posicionamentos culturais diversos e todas as visões individuais são parciais. Vivemos nossas vidas com a consciência em um horizonte que não abrange a totalidade da sociedade, das instituições e das forças que nos atingem. 4) A disjunção entre os significados pretendidos e as consequências: os eventos são o resultado do jogo entre causalidade material e a interação social e, consequentemente, se distanciam das intenções dos atores individuais. As intenções são diferentes dos resultados e também das interpretações dadas aos eventos. Ou seja, devemos integrar nossas discussões sobre símbolos e significados com discussões sobre trabalho, mercado, dinâmica política, bens materiais. Objetividade e subjetividade. Ex: Pandemia da Covid-19. ANOTAÇÕES EXTRAS CRITÉRIOS DE VALIDAÇÃO DE BARTH - Cada tradição deve mostrarum certo grau de coerência ao longo do tempo, e deve poder ser reconhecida em vários contextos em que coexiste com outras em diferentes comunidades e regiões. - Mostrar como cada corrente se produz e reproduz, e como mantém suas fronteiras; - As teorias e os conceitos devem ser testados na análise da vida tal como ela ocorre em determinado lugar do mundo (contexto e práxis local)/ - Considerar o significado como uma relação faz com que o pesquisador dê mais atenção ao contexto e à práxis. - Tentar evitar as convenções antropológicas herdadas (o que para Geertz significa tomar os sistemas de símbolos em "seus próprios termos", para Barth é considerar o significado como relação em determinado contexto e práxis local específico). ANTROPOLOGIA E O TEXTO Etnografia é a afirmação de que a realidade é culturalmente construída não resolve a questão de como e deonde surgem os padrões culturais. Devemos explorar empiricamente o grau de padronização na esfera da cultura e a diversidade de fontes desses padrões (avanço em relação a Geertz, que não busca explorar a diversidade de fontes.) Etnografia é buscar padrões de tradições culturais em meio a multidimensionalidade cultural. Antropologia é: "Os vários horizontes limitados das pessoas se ligam e se sobrepõem, produzindo um mundo maior que o agregado de suas respectivas práxis gera, mas que ninguém consegue visualizar. A tarefa do antropólogo ainda é mostrar como isso se dá e mapear esse mundo maior que surge" Crítica a antropologia corrente: "somos treinados a suprimir os sinais de incoerência e de multiculturalismo encontrados, tomando-os como aspectos não essenciais decorrentes da modernização". Olhar e Ouvir enviesados: "escolhemos algum padrão claro e delimitado em meio a esse cenário confuso. Aplica-se ou o holismo (funcionalista) ou estruturalismo por meio de isomorfismos e inversões; teorias que afirmam que a cultura apresenta uma coerência lógica generalizada". "A antropologia é frágil em termos metodológicos quando se depara com a tarefa de abstrair modelos válidos de fenômenos complexos caracterizados por esse tipo de variedade local". (Reconhece a fragilidade; em geertz afirma-se que o antropólogo é nada mais que um intérprete). Essas teorias clássicas servem como meio para que seus autores consigam evitar todos os aspectos problemáticos do mundo que nos cerca (o aqui); reafirmam silenciosamente o pressuposto que a cultura (o lá) apresenta uma coerência lógica, generalizada, sem explorar a extensão dessa coerência. Por mais que se multipliquem relatos de campo (sobre o lá) desse tipo, deixam intocados os axiomas sobre a cultura que herdamos (o aqui). (Assim como Geertz critica a busca por coerência nas culturas como prática antropológica, Barth também o faz). CULTURA E O TEXTO Cultura é um conjunto de correntes de padrões culturais. Corrente de Padrão Cultural = Universo de Discurso: devemos identificar e caracterizar as várias correntes de padrões culturais que identificamos tomando cada uma delas como um universo de discurso. Cultura é uma construção cultural: "as pessoas participam de universos de discurso múltiplos, mais ou menos discrepantes; constroem mundos diferentes, parciais e simultâneos, nos quais se movimentam. A construção cultural que faz da realidade não surge de uma única fonte e não é monolítica." É um conceito ambivalente: por um lado, vemos como algo intrincado, com enorme quantidade de detalhes; por outro, há um ideal de ousadia para abstrair e relevar a essência subjacente a eles, uma unidade indivisível. É composta por duas dimensões: a realidade de todas as pessoas é composta de construções culturais, sustentadas de modo eficaz tanto (1) pelo mútuo consentimento (incrustado em representações coletivas, tais como linguagem, símbolos, categoriais, rituais e as instituições) (2) quanto por causas materiais inevitáveis. [22/04/2022] Comentários do texto 5: A identidade em questão | A identidade cultural na pós-modernidade - Stuart Hall A questão da identidade está sendo discutida na teoria social, eis o argumento: as velhas identidades, que por tanto tempo estabilizaram o mundo social, estão em declínio, fazendo surgir novas identidades e fragmentando o indivíduo moderno, até aqui visto como um sujeito unificado. A assim chamada "crise de identidade" é vista como parte de um processo mais amplo de mudança, que está deslocando as estruturas e processos centrais das sociedades modernas e abalando os quadros de referência que davam aos indivíduos uma ancoragem estável no mundo social. Em que consiste essa crise e em que direção ela está indo? Que acontecimentos recentes nas sociedades modernas precipitaram essa crise? Que formas ela toma e quais são suas consequências? As identidades modernas estão sendo descentradas, ou seja, deslocadas ou fragmentadas. Um tipo de mudança estrutural está transformando as sociedades modernas no final do século XX. Isso está fragmentando as paisagens culturais de classe, gênero, sexualidade, etnia, raça e nacionalidade, que, no passado, nos tinham fornecido sólidas localizações como indivíduos sociais. Estas transformações estão também mudando nossas identidades pessoais, abalando a ideia que temos de nós próprios como sujeitos integrados. Esta perda de um sentido de si estável, é chamada, algumas vezes, de deslocamento ou descentralização do sujeito. Esse duplo deslocamento (descentralização no mundo social/cultural e descentralização de si mesmo) constitui uma "crise de identidade" para o indivíduo. Kobana Mercer: a identidade somente se torna uma questão quando está em crise, quando algo se supõe como fixo, coerente e estável é deslocado pela experiência da dúvida e da incerteza. TRÊS CONCEPÇÕES DE IDENTIDADE a) Sujeito do iluminismo: É caracterizado pela centralidade, pela unificação do próprio eu. É uma concepção de identidade fixa, que defende o indivíduo como um ser individual e masculino. O sujeito do Iluminismo estava baseado numa concepção da pessoa humana como um indivíduo centrado, unificado, dotado das capacidades de razão, de consciência e de ação. Concepção individualista do sujeito e de sua identidade (identidade "dele" já que o sujeito do iluminismo era descrito como masculino) b) Sujeito sociológico: Sujeito sociológico: a identidade é formada a partir da interação entre o indivíduo e a sociedade. Esse indivíduo possui seu núcleo interior, mas agora ele passa a ser alterado por conta do diálogo com outras identidades que o mundo cultural oferece. A noção de sujeito sociológico refletia a complexidade do mundo moderno e a consciência de que o núcleo interior do sujeito não era autônomo e autossuficiente, mas era formado na relação com "outras pessoas importantes para ele", que mediaram para o sujeito de valores, sentidos e símbolos - a cultura - dos mundos que ele/ela habitava. Caracterizada pela interação entre o "eu"e a sociedade. A identidade costura o sujeito à estrutura. Estabiliza tanto os sujeitos quanto os mundos culturais que eles habitam, tornando ambos reciprocamente mais unificados e predizíveis. - Interacionistas simbólicos O sujeito ainda tem um núcleo ou essência interior que é o “eu real”, mas este é formado e modificado num diálogo contínuo com os mundos culturais exteriores e as identidades que esses mundos oferecem. c) Sujeito pós-moderno: Hall (2000) define o sujeito pós-moderno como aquele que vive na era em que as identidades são formadas e transformadas continuamente com influência nas formas que entram em contato com o indivíduo proveniente de sistemas culturais. Ela é definida historicamente e não biologicamente. Não tem uma identidade fixa, essencial ou permanente. O sujeito assume identidades diferentes em diferentes momentos, identidades que não são unificadas ao redor de um "eu" coerente. Se sentimos que temos uma identidade unificada desde o nascimento até a morte é apenas porque construímos uma cômoda estória sobre nós mesmos ou uma confortadora “narrativa do eu”. À medida que os sistemas de significaçãoe representação cultural se multiplicam, somos confrontados por uma multiplicidade desconcertante e cambiante de identidades possíveis, com cada uma das quais poderíamos nos identificar, ao menos que temporariamente. DO ILUMINISMO Indivíduo unificado e racional, centrado em seu núcleo interior, ou seja, em sua identidade que permanece inalterada. SOCIOLÓGICO A identidade é formada a partir da interação entre o indivíduo e a sociedade. Esse indivíduo possui seu núcleo interior, mas agora ele passa a ser alterado por conta do diálogo com outras identidades que o mundo cultural oferece. PÓS-MODERNO A identidade do sujeito é composta por várias identidades que, em alguns casos, podem ser até contraditórias. Esse processo de fragmentação produz o sujeito pós-moderno, que não possui uma identidade fixa. O CARÁTER DA MUDANÇA NA MODERNIDADE TARDIA Sociedades tradicionais: o passado é venerado e os símbolos são valorizados porque perpetuam as gerações. A tradição é um meio de ligar com o tempo e o espaço, inserindo qualquer atividade ou experiência particular na continuidade do passado, presente e futuro, os quais, por sua vez, são estruturados por práticas sociais recorrentes. Sociedades modernas: sociedades de mudança constante, rápida e permanente; Forma altamente reflexiva de vida: as práticas sociais são constantemente examinadas e reformadas à luz das informações recebidas sobre aquelas próprias práticas, alterando, assim, constitutivamente, seu caráter. As sociedades da modernidade tardia são caracterizadas pela "diferença"; elas são atravessadas por diferentes divisões e antagonismos sociais que produzem uma variedade de diferentes posições de sujeito (identidades) para os indivíduos. As transformações envolvidas na modernidade são mais profundas do que a maioria das mudanças características dos períodos anteriores. No plano da extensão, elas serviram para estabelecer formas de interconexão social que cobrem o globo; em termos de intensidade, elas alteraram algumas das características mais íntimas e pessoais da nossa existência cotidiana. DIFERENÇA E O JOGO DAS IDENTIDADES - Nenhuma identidade singular alinha todas as diferentes identidades como uma "identidade mestra", única e abrangente. - As identidades são contraditórias e se cruzam ou se deslocam mutuamente. - As paisagens políticas do mundo moderno são fraturadas por identificações rivais e deslocantes, advindas da erosão da identidade mestra da classe e da emergência de novas identidades, pertencentes à nova base política definida pelos novos movimentos sociais: feminismo, lutas negras, movimentos ecológicos, anti nucleares, etc. ESTUDO DIRIGIDO - UNIDADES 1 E 2 Roberto Cardoso de Oliveira: O trabalho do antropólogo: 1. O que envolve “estar lá” e “estar aqui” na pesquisa antropológica para Cardoso de Oliveira? 2. Como operam a percepção e o pensamento nessas duas fases da pesquisa? 3. Faça um exercício de imaginação. Traduza essa operação para a clínica psicológica? 4. O que o autor fala sobre os dois processos de refração que ocorrem na pesquisa antropológica? 5. O que é observação participante e o que é relativização e como ambas se interligam? 6. O que o autor fala sobre fusão de horizontes a partir da escuta e sobre a escolha entre o Eu e o Nós na escrita? José Bizerril: O Vínculo Etnográfico: Intersubjetividade e coautoria na Pesquisa Qualitativa. 1. Descreva a antropologia realista (que tem como nome principal Malinowski), a qual o autor descreve como sendo o modelo hegemônico de antropologia até os anos 1960- 70. 2. Agora aponte as principais características da Antropologia Pós-Moderna e suas propostas e inovações em relação ao modelo tradicional. 3. Para Geertz o antropólogo se torna um intérprete privilegiado. Porque? Como isso seria possível? 4. O que Bizerril fala sobre empatia e como sua proposta diverge do que Geertz entende por empatia? 5. O que se pode deduzir do texto de Bizerril acerca da “posição de fala” do pesquisador acerca do conhecimento produzido? O que o autor quer dizer com conhecimento pós-colonial? 6. O que é vínculo etnográfico para Bizerril e o que tal vínculo se relaciona com a Psicologia se realizarmos um exercício de tradução entre Psicologia e Antropologia? Roque de Barros In Laraia: Como opera a cultura. Cultura: um conceito antropológico. 1. Explique porque a cultura funciona como uma lente através da qual vemos o mundo, usando os conceitos de padrão cultural e de herança cultural. 2. O autor afirma que “mesmo as posturas corporais são assim produtos de uma herança cultural”. Explique a relação entre corpo e cultura para Laraia. 3. Discorra sobre “a propensão em se considerar o seu modo de vida como o mais correto e o mais natural”. Quais são as possíveis consequências dessa propensão? 4. O que é apatia cultural? 5.6 Explique a seguinte afirmação: “A participação do indivíduo em sua cultura é sempre limitada; nenhuma pessoa é capaz de participar de todos os elementos de sua cultura”. 7. Como devemos avaliar a coerência de um hábito cultural, segundo Laraia? 8. Como funcionam os sistemas de classificação de uma cultura. 9. O ritmo da mudança cultural pode ser afetado por um acontecimento repentino, como a pandemia da COVID-19? Como? 10. Como você explica a seguinte frase? “Cada sistema cultural está sempre em mudança. Entender esta dinâmica é importante para atenuar o choque entre as gerações e evitar comportamentos preconceituosos”. Fredrik Barth: A análise da cultura nas sociedades complexas 1. Por que para Barth o termo “cultura” foi usado erroneamente por correntes antropológicas como o funcionalismo e o estruturalismo. Por que tal conceito é ambivalente se usado da forma como usado por tais correntes? 2. Segundo Barth, podemos usar o conceito de cultura de maneira crítica em sociedade complexas. Como? Qual o conjunto de asserções que o autor levanta para contrastar com noções herdadas a respeito de cultura? (Ver a sessão “Reconceptualizando a cultura) 3. Explore a ideia de posicionamento para Barth e como ela dá sentido a explicação do modelo de correntes de padrões culturais desenvolvida por ele. 4. Qual a diferença de interpretação entre Geertz e Barth acerca da tecnonímia (chamar os pais e avós, quando nascem os primogênitos, de pai de x, avô de y)? O que essa diferença de interpretação nos revela sobre as concepções de ambos autores acerca do que pensam sobre a antropologia, a etnografia e a cultura? 5. Quais as correntes de padrões culturais encontrados por Barth no Norte de Bali e como tais padrões se relacionam? Stuart Hall: A identidade em questão e A identidade cultural na pós-modernidade. 1. O que é sujeito do Iluminismo? 2. O que é sujeito sociológico? 3. O que é sujeito pós-moderno? 4. Compare os três tipos de sujeitos indicados nas perguntas acima, dando ênfase às consequências de estarmos vivendo o sujeito pós-moderno cada vez mais. 5. Reúna os argumentos do autor sobre a crise de identidade no mundo contemporâneo e suas causas e busque dar exemplos atuais. 6. Discuta a dimensão conflitiva e política das identidades contemporâneas, segundo o autor.
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