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BIOTECNOLOGIA MARIA CRISTINA PRADO VASQUES BIOTECNOLOGIA 1ª Edição Taubaté Universidade de Taubaté 2015 Copyright©2015. Universidade de Taubaté. Todos os direitos dessa edição reservados à Universidade de Taubaté. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio, sem a prévia autorização desta Universidade. Administração Superior Reitor Prof.Dr. José Rui Camargo Vice-reitor Prof. Dr. Isnard de Albuquerque Câmara Neto Pró-reitor de Administração Prof. Dr. Arcione Ferreira Viagi Pró-reitor de Economia e Finanças Prof. Dr. José Carlos Simões Florençano Pró-reitora Estudantil Profa. Ma. Angela Popovici Berbare Pró-reitor de Extensão e Relações Comunitárias Prof. Dr. Mario Celso Peloggia Pró-reitora de Graduação Profa. Dra. Nara Lúcia Perondi Fortes Pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação Prof. Dr. Francisco José Grandinetti Coordenação Geral EaD Profa.Dra.Patrícia Ortiz Monteiro Coordenação Acadêmica Profa.Ma.Rosana Giovanni Pires Coordenação Pedagógica Profa.Dra. Ana Maria dos Reis Taino Coordenação Tecnologias da Informação e Comunicação Profa. Ma. Andréa Maria G. de A. Viana Consolino Coordenação de Mídias Impressas e Digitais Coordenação de Formação e Desenvolvimento Profissional Profa.Ma.Isabel Rosângela dos Santos Profa. Dra. Juliana Marcondes Bussolotti Coord. de Área: Ciências da Nat. e Matemática Profa. Ma. Maria Cristina Prado Vasques Coord. de Área: Ciências Humanas Profa. Ma. Fabrina Moreira Silva Coord. de Área: Linguagens e Códigos Profa. Dra. Juliana Marcondes Bussolotti Coord. de Curso de Pedagogia Coord. de Cursos de Tecnol. Área de Gestão e Negócios Coord. de Cursos de Tecnol. Área de Recursos Naturais Revisão ortográfica-textual Projeto Gráfico Diagramação Autor Profa. Dra. Ana Maria dos Reis Taino Profa. Ma. Márcia Regina de Oliveira Profa. Dra. Ana Paula da Silva Dib Profa. Ma. Isabel Rosângela dos Santos Me. Benedito Fulvio Manfredini Bruna Paula de Oliveira Silva Maria Cristina Prado Vasques Unitau-Reitoria Rua Quatro de Março,432-Centro Taubaté – São PauloCEP:12.020-270 Central de Atendimento: 0800557255 Polo Taubaté Polo Ubatuba Polo São José dos Campos Avenida Marechal Deodoro, 605–Jardim Santa Clara Taubaté–São Paulo CEP:12.080-000 Telefones: Coordenação Geral: (12)3621-1530 Secretaria: (12)3625-4280 Av. Castro Alves, 392 – Itaguá – CEP: 11680-000 Tel.: 0800 883 0697 e-mail: nead@unitau.br Horário de atendimento: 13h às 17h / 18h às 22h Av. Alfredo Ignácio Nogueira Penido, 678 Parque Residencial Jardim Aquarius Tel.: 0800 883 0697 e-mail: nead@unitau.br Horário de atendimento: 8h às 22h Ficha catalográfica elaborada pelo SIBi Sistema Integrado de Bibliotecas / UNITAU V335b Vasques, Maria Cristina Prado Biotecnologia./Maria Cristina Prado Vasques. Taubaté: UNITAU, 2015. 106f. : il. ISBN: 978-85-66128-63-5 Bibliografia 1. Biotecnologia. 2. Agentes biológicos. 3. Bioprocessos. I. Universidade de Taubaté. II. Título v PALAVRA DO REITOR Palavra do Reitor Toda forma de estudo, para que possa dar certo, carece de relações saudáveis, tanto de ordem afetiva quanto produtiva. Também, de estímulos e valorização. Por essa razão, devemos tirar o máximo proveito das práticas educativas, visto se apresentarem como máxima referência frente às mais diversificadas atividades humanas. Afinal, a obtenção de conhecimentos é o nosso diferencial de conquista frente a universo tão competitivo. Pensando nisso, idealizamos o presente livro- texto, que aborda conteúdo significativo e coerente à sua formação acadêmica e ao seu desenvolvimento social. Cuidadosamente redigido e ilustrado, sob a supervisão de doutores e mestres, o resultado aqui apresentado visa, essencialmente, a orientações de ordem prático-formativa. Cientes de que pretendemos construir conhecimentos que se intercalem na tríade Graduação, Pesquisa e Extensão, sempre de forma responsável, porque planejados com seriedade e pautados no respeito, temos a certeza de que o presente estudo lhe será de grande valia. Portanto, desejamos a você, aluno, proveitosa leitura. Bons estudos! Prof. Dr. José Rui Camargo Reitor vi vii Sobre o autor MARIA CRISTINA PRADO VASQUES: É formada em Ciências Biológicas– Bacharelado e Licenciatura pela Universidade de Taubaté – UNITAU, pós-graduada em Fisiologia Vegetal – A/C Botânica pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – Botucatu, SP. Atua como Auxiliar Docente no Departamento de Biologia da UNITAU, onde auxilia nas disciplinas de Morfologia e Anatomia Vegetal, Sistemática Vegetal e Fisiologia Vegetal no curso de Graduação em Ciências Biológicas. É membro da Equipe do Núcleo de Ensino a Distância da UNITAU. viii ix Caros(as) alunos(as), Caros( as) alunos( as) O Programa de Educação a Distância (EAD) da Universidade de Taubaté apresenta-se como espaço acadêmico de encontros virtuais e presenciais direcionados aos mais diversos saberes. Além de avançada tecnologia de informação e comunicação, conta com profissionais capacitados e se apoia em base sólida, que advém da grande experiência adquirida no campo acadêmico, tanto na graduação como na pós-graduação, ao longo de mais de 35 anos de História e Tradição. Nossa proposta se pauta na fusão do ensino a distância e do contato humano-presencial. Para tanto, apresenta-se em três momentos de formação: presenciais, livros-texto e Web interativa. Conduzem esta proposta professores/orientadores qualificados em educação a distância, apoiados por livros-texto produzidos por uma equipe de profissionais preparada especificamente para este fim, e por conteúdo presente em salas virtuais. A estrutura interna dos livros-texto é formada por unidades que desenvolvem os temas e subtemas definidos nas ementas disciplinares aprovadas para os diversos cursos. Como subsídio ao aluno, durante todo o processo ensino-aprendizagem, além de textos e atividades aplicadas, cada livro-texto apresenta sínteses das unidades, dicas de leituras e indicação de filmes, programas televisivos e sites, todos complementares ao conteúdo estudado. Os momentos virtuais ocorrem sob a orientação de professores específicos da Web. Para a resolução dos exercícios, como para as comunicações diversas, os alunos dispõem de blog, fórum, diários e outras ferramentas tecnológicas. Em curso, poderão ser criados ainda outros recursos que facilitem a comunicação e a aprendizagem. Esperamos, caros alunos, que o presente material e outros recursos colocados à sua disposição possam conduzi-los a novos conhecimentos, porque vocês são os principais atores desta formação. Para todos, os nossos desejos de sucesso! Equipe EAD-UNITAU x xi Sumário Palavra do Reitor .............................................................................................................. v Sobre o autor ................................................................................................................... vii Caros(as) alunos(as) ........................................................................................................ ix Ementa .............................................................................................................................. 1 Objetivos ........................................................................................................................... 2 Unidade 1. Introdução à Biotecnologia ........................................................................5 1.1 O que é a Biotecnologia? ............................................................................................ 5 1.2 Histórico ..................................................................................................................... 7 1.3 Síntese da Unidade ................................................................................................... 20 1.4 Atividades ................................................................................................................ 20 Unidade 2. Agentes Biológicos ..................................................................................... 21 2.1 Agentes Biológicos ................................................................................................... 21 2.2 A Célula .................................................................................................................... 22 2.3 Cromossomos ........................................................................................................... 26 2.4 Microrganismos ........................................................................................................ 28 2.5 Enzimas .................................................................................................................... 34 2.6 Anticorpos ................................................................................................................ 39 2.7 Ácidos Nucleicos ...................................................................................................... 42 2.8 Síntese da Unidade ................................................................................................... 46 2.9 Atividades ................................................................................................................. 47 xii Unidade 3. Bioprocessos .............................................................................................. 49 3.1 Processos Fermentativos .......................................................................................... 49 3.2 Hidromel ................................................................................................................... 64 3.3 Bioprocessos Enzimáticos ........................................................................................ 72 3.4 Síntese da Unidade ................................................................................................... 76 3.5 Atividades ................................................................................................................. 76 Unidade 4. Impacto da Biotecnologia na Sociedade ................................................. 77 4.1 Tecnologia do DNA ................................................................................................. 77 4.2 Transgênicos ............................................................................................................. 80 4.3 Ferramentas biotecnológicas na área da Saúde ........................................................ 85 4.4 Biotecnologia na Área do Meio Ambiente ............................................................... 90 4.5 Biotecnologia na área das Ciências Agrárias ........................................................... 93 4.6 Síntese da Unidade ................................................................................................... 95 4.7 Atividades ................................................................................................................. 95 Referências ....................................................................................................................97 1 ORGANIZE-SE!!! Você deverá usar de 3 a 4 horas para realizar cada Unidade. Biotecnologia Ementa EMENTA Introdução à Biotecnologia, passando pelos Agentes Biológicos e como estes podem ser utilizados como ferramentas nas técnicas utilizadas. Bioprocessos como os Fermentativos e Enzimáticos; destaque à fabricação do Hidromel. Impacto da Biotecnologia na Sociedade. Genômica, Tecnologia do DNA e Transgênicos. 2 Objetivo Geral Apresentar aos alunos um pouco da história e evolução na área de Biotecnologia, com relação às ferramentas. Obj eti vos Objetivos Específicos Apresentar o Histórico na área da Biotecnologia. Caracterizar os Agentes Biológicos como ferramentas biotecnológicas. Caracterizar os Bioprocessos, Fermentativos e Enzimáticos. Apresentar as etapas da produção do Hidromel Apresentar técnicas atuais na área de Biotecnologia, como a Tecnologia do DNA e os Transgênicos. 3 Introdução Neste livro-texto veremos como transcorreram os acontecimentos na área da Biotecnologia, desde a Antiguidade até os dias atuais. Na sequência, estudaremos os agentes biológicos utilizados como ferramentas biotecnológicas e os Bioprocessos nas áreas de saúde e meio ambiente. Para finalizar o conteúdo desse livro-texto, serão apresentadas algumas técnicas atuais, como a tecnologia do DNA e os transgênicos, e o quanto essas técnicas afetam a sociedade moderna. 4 5 Unidade 1 Introdução à Biotecnologia Antes mesmo de o Homem compreender o que significava o estudo da Biologia, ele já praticava a arte da confecção de pães e vinhos. Atualmente ocorreu um salto extraordinário, partimos do uso da biotecnologia para a elaboração de pães, vinhos e bebidas lácteas para a era da Terapia Gênica e dos Organismos Geneticamente Modificados. Esse caminho percorrido pelo Homem poderá ser acompanhado, de forma resumida, nesta primeira Unidade. 1.1 O que é a Biotecnologia? A Biotecnolo ia – conceitual ente a uni o de iolo ia co tecnolo ia – u con unto de técnicas que utiliza os seres vivos, ou parte desses, no desenvolvimento de processos e produtos que tenham uma função econômica e (ou) social. Em 1914, Károly Ereky, um engenheiro agrícola nascido na Hungria, trabalhava com a criação de suínos com o objetivo de substituir as práticas tradicionais por uma indústria na área agrícola de forma capitalista baseada no conhecimento científico. Deve-se a Ereky, no ano de 1919, a primeira definição de Biotecnologia. Ereky definiu Biotecnologia como “a ciência e os todos que per ite a o tenç o de produtos a partir de matéria-pri a ediante a intervenç o de or anis os vivos”. Essa definição mostra que para Eriky a Era da Bioquímica substituiria a Era da Pedra e do Ferro. Segundo um levantamento feito por Malajovich (2012), as definições de Biotecnologia encontradas com maior frequência são as seguintes: 6 a. 1982 - OECD - Organisation for Economic Co-Operation and Development: aplicação dos princípios da ciência e da engenharia no tratamento de matérias por agentes biológicos na produção de bens e serviços. b. 1984 - OTA – Office of Technology Assessment: de uma forma abrangente, inclui qualquer técnica que utilize organismos vivos (ou partes deles) para obter ou modificar produtos, melhorar plantas e animais, ou desenvolver microrganismos para usos específicos. c. 1988 - EFB - European Federation of Biotechnology: é a utilização integrada das áreas da bioquímica, microbiologia e engenharia, para que se possa aplicar as diferentes capacidades de diferentes microrganismos, células cultivadas de organismos animais ou vegetais, ou mesmo parte desses, na indústria, na saúde e nos processos relativos ao meio ambiente. d. 1989 - E.H. Houwink: uso controlado da informação biológica. e. 2003 - BIO - Biotechnology Industry Organization e sentido a plo Biotecnolo ia io tecnolo ia isto o uso de processos iol icos para resolver problemas ou fazer produtos úteis. Muitas das t cnicas conhecidas relacionadasiotecnolo ia tê tra ido, via de regra, diversos benefícios para a sociedade, como os processos er entativos industriais na produç o de vinhos, cervejas, pães, queijos e vinagres; a elaboração de fármacos, vacinas, antibióticos e vitaminas; a utilização de biofungicidas no controle biológico de pragas e doenças; o uso de microrganismos com o objetivo de aplicação em casos como a iode radaç o de li o e es oto; o uso de bactérias fixadoras de nitrogênio e fun os icorr icos para a elhoria de produtividade das plantas; o desenvolvimento de plantas e ani ais elhorados utili ando t cnicas convencionais de elhora ento en tico e ta a trans or aç o en tica. 7 1.2 Histórico Os conceitos conhecidos hoje na área de Biotecnologia já na Antiguidade eram empregados de forma empírica na preparação e conservação de alimentos e bebidas por fermentação, como pão, queijo, cerveja, vinho e vinagre. Algumas técnicas também eram aplicadas no cultivo de plantas, como batata, milho, cevada, trigo; na domesticação de animais; no tratamento de infecções (por exemplo, a utili aç o de produtos de ori e ve etal co o p de crisânte o e derivados de so a co un os). Na Idade Média, no século XII, deu-se a descoberta da técnica de destilação do álcool, e com o passar de alguns séculos, na Idade Moderna, tal técnica alcançou notável aprimoramento. No início do século XIX, a demanda de mão de obra por uma indústria incipiente passou a estimular a migração de pessoas da zona rural para a zona urbana, em busca das promessas de uma vida melhor devido ao progresso que chegava. Entretanto, as condições sanitárias precárias e a fome nas cidades favoreciam o aparecimento de doenças. Ao mesmo tempo, esse progresso exigia processos industriais mais eficaz. A compreensão dos fenômenos naturais torna-se indispensável para responder às necessidades da sociedade. A partir de 1850 surgem novas áreas do conhecimento, como a Microbiologia, Bioquímica, Imunologia, e Genética. Nesse momento histórico, a Química Industrial se desenvolve de forma rápida; aumenta também a intervenção da Engenharia Agrícola e da Pecuária no gerenciamento do campo. Muitos séculos se passaram e, mais rapidamente que a própria sociedade humana esperava, os avanços tecnológicos vêm avançando a uma velocidade inimaginável. A cada dia um equipamento novo é produzido e em consequência disso uma nova técnica de trabalho surge. Por isso, não resta nenhuma dúvida de que a Biotecnologia do século Fermentação - transformação enzimaticamente controlada de um composto orgânico. 8 XXI é muito diferente daquela de quando este termo foi, pela primeira vez, usado no século passado, para descrever procedimentos de produção de vinhos, pães e derivados lácteos. Para que você possa entender melhor a evolução do pensamento humano quanto ao que se define por Biotecnologia ao longo dos anos, observe a Tabela 1.1 baseada em Malajovich (2012): Tabela 1.1: Principais eventos relacionados à área da Biotecnologia mundial organizados de forma cronológica. Fonte: MALAJOVICH (2012). Acesso em: 31 jun. 2015. DATA PRINCIPAIS EVENTOS Antiguidade Fermentação de alimentos e bebidas (pão, queijo, cerveja, vinho e vinagre) para preparo e conserva; cultivo de plantas; domesticação de animais; tratamento de infecções utilizando-se de plantas e fungos. Idade Média Século XII Destilação do Álcool. Século XVI Registro pelos astecas, no México, da colheita de algas visando à alimentação. Século XVII Início da produç o co ercial de cerve a; extração de metais por aç o icro iana na Espanha; cultivo de fungos na França; Robert Hooke(1635-1703) desco re a e istência de c lulas (1665). 9 Século XVIII Invenção da máquina a vapor; cresce o cultivo de leguminosas na Europa; expansão da prática de rotação de cultivos. 1797 Edward Jenner (1749-1823) inocula o vírus da varíola em uma criança, fazendo o uso de técnica de imunização. 1809 Nicholas Appert (1750-1841) utiliza o calor para esterilizar e conservar comida, processo que foi utilizado nas campanhas napoleônicas. 1835-1855 Matthias Jakob Schleiden (1804-1881), Theodor Schwann (1810-1882) e Rudolf Virchow (1821-1902) enunciam a teoria celular. 1863-1886 Feitos de Louis Pasteur (1822-1895): inventa u processo para conservar ali entos se alterar suas propriedades or anol pticas, derrubando a teoria da abiogênese; investiga as doenças do bicho-da-seda, identifica a levedura como o agente responsável pela fermentação alcoólica; usa microrganismos atenuados para obter vacinas contra o antraz e a cólera; inicia os primeiros testes de uma vacina contra a raiva. Desenvolve técnicas fundamentais para o estudo dos microrganismos, e enuncia quatro postulados sobre os 10 agentes infecciosos como causa de doenças. Em 1865 Gregor Mendel (1822-884) apresenta o seu trabalho em plantas. 1887 Inauguração em Paris do Instituto Pasteur. 1892 Descoberta do vírus do mosaico do tabaco; introdução do trator na agricultura. 1897 (1860-1917) demonstra que enzimas extraídas da levedura podem transformar açúcar em álcool. 1899 Primeiro transplante de um órgão: o rim de um cachorro a outro cachorro. 1900 Redescoberta das leis da hereditariedade enunciadas por Gregor Mendel em 1865. 1905 Realizado com sucesso, o primeiro transplante de córnea. 1906 Paul Ehrlich (1854-1915) descobre o primeiro agente quimioterápico, que foi utilizado contra sífilis. 1910 Em Manchester, na Inglaterra, começam a ser introduzidos os sistemas de purificação de esgoto baseados na atividade microbiana. 11 1912-1914 (1913) obtém a patente de uma preparação enzimática para a lavagem de roupas. Chaim Weizmann (1874-1952) conse ue a produç o de acetona e butanol por microrganismos. 1915 Thomas Hunt Morgan (1866-1945), Alfred H. Sturtevant (1891-1970), Herman Joseph Muller (1890-1967) e Calvin Blackman Bridges (1889-1938) publicam Mechanism of Mendelian Heredity. 1916 Imobilizam-se as enzimas, uma técnica que facilita sua utilização em processos industriais. 1918 Morre de ripe espanhola ais de vinte ilh es de pessoas u nú ero de v ti as superior ao da Pri eira Guerra Mundial. Constroe -se iodi estores para a produç o de etano (China e Índia). 1919 O engenheiro agrícola húngaro Károly Ereky (1878- 1952) utiliza pela primeira vez a palavra biotecnologia. 1927 Hermann J. Muller (1890-1967) descobre que os raios X causam mutações. 1928 Frederick Griffith (1881-1941) descobre a transformação: transferência de informação genética de uma linhagem bacteriana a outra. 12 1933 Co erciali aç o do ilho h rido isto de se entes de um milho mais produtivo. 1936 Obtenção de ácido cítrico por fermentação. 1938 a França produç o co ercial de u biopesticida (Bacillus thuringiensis). 1940-1950 Avanços na mecanização do trabalho agrícola. 1944 Produç o e rande escala da penicilina (descoberta por Alexander Fleming (1881-1955). 1951 Inseminação artificial de gado utilizando sêmen congelado. Descoberta da presença de genes saltat rios no ilho por Bárbara McClintock (1902-1992). 1953 James Dewey Watson (1928) e Francis Crick (1918- 2004) propõem um modelo da estrutura do DNA. 1959 Frederick Camp Steward (1904-1993) e Jakob Reinert (1912-2002) regeneram plantas de cenoura a partir de u a cultura de c lulas (calo). 1960 Au ento da produç o de cido l ctico, ácido cítrico, acetona e butanol por via fermentativa. 13 1961 Descoberta do código genético. Desenvolvimento de uma protease alcalina para uso em sabões para a lavagem de roupas pela empresadinamarquesa Novo. 1962 Plantio de novas variedades de trigo mais produtivas, no México, dando início ao que foi chamado de Revolução Verde. 1967 Primeiro transplante de coração, na África do Sul. O paciente sobrevive 18 dias. 1968 Produç o industrial de a ino cidos utili ando en i as imobilizadas. 1973 Stanley Norman Cohen (1935) e Hebert W. Boyer (1936) transferem um gene a um organismo de outra espécie. Lançado no Brasil o programa de produç o de lcool a partir de io assa Pr -Álcool). 1975 A Conferência de Asilomar pede ao National Institute of Health (NIH) que estabeleça normas para a regulação dos experimentos com DNA-recombinante. 1976 Utili aç o da t cnica de hi ridi aç o olecular no dia nostico pr -natal da alfa talassemia. 14 1978 Genentech, Inc., a primeira empresa biotecnológica, fundada um ano antes por Hebert W. Boyer e Robert A. Swanson (1947-1999), obtém a proteína somatotropina (hormônio de crescimento) mediante a tecnologia do DNA-recombinante. 1979 asce na n laterra ouise Bro n o pri eiro e ê de proveta. Produç o do hor nio de cresci ento hu ano, utilizando a tecnologia do DNA- recombinante. 1980 A Suprema Corte de Justiça dos Estados Unidos aprova o princípio de patentes para as formas de vida de origem recombinante. Karry Banks Mullis (1944) inventa a técnica da Reação em Cadeia de Polimerase (PCR). 1981 Obtenção da primeira planta geneticamente modificada. Obtenção da primeira linhagem de células-tronco de camundongo. 1982 A insulina hu ana de ori e reco inante da enentech nc. co erciali ada. A pri eira vacina de A-reco inante para o ado comercializada na Europa. 1983 Realizam-se as primeiras experiências de Engenharia Genética e plantas petúnia). Syntex Corporation recebe a aprovação da Food and Drug 15 Administration (FDA) de um teste para Chlamydia trachomatis baseado na utilização de anticorpos monoclonais. Isolado o vírus HIV no Instituto Pasteur (França) e no National Institute of Health, NIH, Estados Unidos. 1984 Alec John Jeffreys (1950) introduz a técnica do Fingerprint (impressões digitais), que, um ano depois, foi utilizada pelos tribunais para a identificação de suspeitos. Clonagem e sequenciamento do genoma do HIV pela empresa Chiron Corp. 1986 A Environmental Protection Agency EPA dos Estados Unidos aprova a li eraç o de plantas de tabaco transgênicas. Um grupo de especialistas em segurança em Biotecnologia da Organização para a Cooperação Econômica e o Desenvolvimento (OECD) declara que a previsibilidade das mudanças en ticas o tidas por En enharia en tica requentemente maior que a correspondente às técnicas tradicionais, e que os riscos associados com organismos transgênicos podem ser avaliados do mesmo modo que os riscos associados aos outros organismos. Aprovada a primeira vacina biotecnológica para uso humano, trata-se de Recombivax-HB, contra a hepatite B. 1987 Advanced Genetic Sciences li era e ca po act rias A-reco inante Frost an que ini e a or aç o de gelo nos cultivos de morango, na Califórnia. A FDA aprova o fator ativador de plas ino ênio, obtido 16 por engenharia genética, para o tratamento de ataques cardíacos. 1988 A Universidade de Harvard obtém a patente de um rato transgênico desenvolvido especialmente para o estudo do câncer. 1989 Com a criação do National Center for Human Genome Research se inicia o mapeamento do genoma humano. 1990 Primeira experiência de terapia gênica para uma doença rara (ADA) em uma menina de quatro anos. Pfizer comercializa Chy-Max TM, uma enzima de origem recombinante para a preparação de queijos. GenPharm International, Inc. consegue uma vaca transgênica que produz no leite proteínas humanas para alimentação infantil. A Universidade da Califórnia (UCSF) e a Universidade de Stanford contabilizam 100 patentes relativas ao DNA- recombinante. 1992 Uma técnica, elaborada por cientistas americanos e britânicos, permite testar anormalidades como a fibrose cística e a hemofilia em embriões in vitro. A F A declara que os ali entos de ori e trans ênica n o de anda u a re ulaç o especial. 1993 Aprovada a utili aç o do hor nio de cresci ento ovino rB /rB produ ido por Monsanto Co. para au entar a produç o de leite. 1994 ança ento no ercado do to ate Flav avr que 17 devido inativaç o de u ene, amadurece na planta. 1995 eci rado o pri eiro eno a de u a act ria, a Haemophilus influenzae. 1996 Sequenciado o primeiro genoma de um organismo eucarionte, a levedura Saccharomyces. 1997 No Reino Unido, nascem Dolly, uma ovelha clonada, e, meses mais tarde, uma segunda ovelha, Polly, clonada e geneticamente modificada. s cultivos trans ênicos s o introdu idos e v rios países. 1998 Contabilizam-se mais de 1.500 empresas de Biotecnologia nos Estados Unidos e mais de 3.000 no mundo. Células-tronco e rion rias s o utili adas para re enerar tecidos. Sequenciamento do primeiro genoma animal, o verme Caenorrabditis elegans. Isolada a primeira linhagem de células-tronco embrionárias humanas. 1999 Sequenciamento do primeiro cromossomo humano. Pesquisadores descobrem que as células-tronco podem ser induzidas a se diferenciar em diversos tipos celulares. 2000 rascunho do sequencia ento do eno a hu ano anunciado simultaneamente por Francis Collins (1950), do Consórcio do Genoma Humano, e John Craig Venter (1946), da Celera Inc. equenciados ta o eno a da osca Drosophila melanogaster, o primeiro genoma de uma planta, 18 Arabidopsis thaliana, e, no Brasil, o de uma bactéria que ataca os cítricos, Xylella fastidiosa. 2001 rascunho do sequencia ento do eno a u ano publicado simultaneamente nas revistas Science e Nature. Sequenciamento do genoma de plantas de interesse agronômico para os países em desenvolvimento (arroz, banana). Sequenciamento do genoma de bactérias de importância agronômica. tenç o de c lulas san u neas a partir de c lulas-tronco embrionárias. 2002 Completados o rascunho do proteoma funcional da levedura e o sequenciamento do genoma do agente e do vetor transmissor da malária. Identificação de mais de 200 genes envolvidos na diferenciação das células-tronco. esco erta da participaç o de ol culas de A na regulação de vários processos celulares. Em diversos países inicia-se a utilização de células-tronco adultas para o tratamento experimental de várias doenças (leucemia, mal de Chagas, diabetes e anemia falciforme). 2003 Comercialização, como mascote, do GloFish: um peixe transgênico que brilha na escuridão, originalmente criado para detectar poluentes. Clona e de v rios tipos de ani ais e de esp cies ameaçadas de extinção. 2004 Comercialização de novos medicamentos (Avastin® ou bevacizumab) e testes de diagnósticos. 19 2006 O grupo de pesquisadores liderado por Shinya Yamanaka (1962) conse ue indu ir a pluripotencialidade celular e c lulas so ticas. 2007 As autoridades europeias de se urança ali entar conclue que os enes arcadores de resistência aos anti i ticos n o apresenta riscos relevantes para a saúde humana ou animal, nem para o meio ambiente. 2008 Pesquisadores japoneses desenvolvem a primeira rosa azul, geneticamente modificada. 2010 Autorizada na União Europeia a comercialização da batata transgênica Amflora (BASF) para uso industrial. Pesquisadores do nstituto Crai enter constroe a pri eira c lula sint tica. Um artigo publicado na revista científica Nature, em julho de 2010, traz a análise do diretor do projeto Golden Rice Humanitarian, Ingo Potrykus,sobre a regulamentação mundial dos produtos geneticamente modificados (GM). Potrykus, em parceria com Peter Beyer, foi um dos inventores da tecnologia do arroz dourado (variedade transgênica do grão que produz o nutriente betacaroteno, que será convertido em Vitamina A no organismo humano e que não está presente no arroz convencional). A deficiência de Vitamina A afeta principalmente a visão, podendo levar à cegueira. 2014 Desenvolvimento de M todos para detecç o r pida e sensível do vírus do mosaico da soja pela EMBRAPA. 2015 O Projeto de Lei da Câmara 34/2015, que pretende implementar alterações à normativa para rotulagem de 20 transgênicos no Brasil, foi recentemente aprovado pelo Plenário da Câmara dos Deputados, depois de receber 320 votos a favor. Agora, encontra-se em fase de apreciação pelo Senado Federal. Uma equipe de pesquisadores da Universidade de Murdoch, na Austrália, liderados pelo Dr. Stephen Wylie, identificou no oeste australiano uma linhagem selvagem de tabaco mais resistente às infecções virais. 1.3 Síntese da Unidade Nesta Unidade foram apresentados os principais eventos na área da Biotecnologia desde a Antiguidade até os dias atuais. Com isso foi possível acompanhar de forma resumida, como se deu a evolução das técnicas biotecnológicas. 1.4 Atividades 1. Nesta Unidade, foi apresentada a você uma sequência de dados históricos na área da Biotecnologia. Para esta atividade, escolha 03 eventos e responda as seguintes questões: a) Ao selecionar 03 eventos, tenha como critério a escolha dos eventos que você acredita serem os mais significativos. Após a listagem das suas três escolhas, explique por que acredita que elas são as mais relevantes. b) Pesquise, com o auxílio de livros didáticos e/ou sites de pesquisa acadêmica, mais informações sobre os 03 eventos escolhidos. c) Ainda com o auxílio de livros didáticos e/ou sites de pesquisa acadêmica, encontre mais um evento importante na área da Biotecnologia, ocorrido no mesmo ano dos eventos escolhidos (um para cada ano escolhido). 21 Unidade 2 Agentes Biológicos A Biotecnologia é formada pelo conhecimento nas áreas de microbiologia, bioquímica, genética, engenharia, química, e informática. Constituem agentes biológicos os microrganismos, células e moléculas, como enzimas, anticorpos, DNA, resultando em produtos, como alimentos, bebidas, produtos químicos, energia, produtos farmacêuticos, pesticidas. Há também a contribuição com serviços, como purificação da água, tratamentos de resíduos e controle de poluição. 2.1 Agentes Biológicos A área da Biotecnologia se caracteriza como o conjunto de conhecimentos que permite a utilização de agentes biológicos (organismos, células, organelas, moléculas) para obter bens ou assegurar serviços (Figura 2.1). Figura 2.1: Caracterização da Biotecnologia. Fonte: Elaborado pela autora. 22 Esses agentes biológicos são utilizados como ferramentas nas diferentes áreas do conhecimento, que incluem as ciência básicas como Biologia Molecular, Microbiologia, Biologia celular, Genética, Genômica, Embriologia; e áreas da ciência aplicada como, Técnicas imunológicas, químicas e bioquímicas e outras tecnologias (Informática, Robótica e Controle de processos). Nesta Unidade será possível você conhecer mais sobre algumas dessas ferramentas biológicas utilizadas na grande área da Biotecnologia. 2.2 A Célula A célula é a menor unidade dos seres vivos, também denominada de Unidade Estrutural. As células constituem uma enorme variedade de seres vivos, que vão desde amebas até os mais complexos mamíferos. Podem ser bem simples, ou complexas e especializadas como os neurônios. Todas as células são formadas por substâncias inorgânicas, como água e sais minerais, e substâncias orgânicas, como proteínas, carboidratos, lipídios e ácidos nucleicos. Apresentam uma biomembrana, denominada membrana plasmática, que separa o citoplasma do meio externo e permite a troca de moléculas entre ambos. As células procarióticas são pequenas, medindo de 0,001 a 0,005 mm e com requerimentos nutricionais simples; estas células menores se multiplicam rapidamente. A informação genética se encontra em um cromossomo circular formado por uma molécula de DNA e associado a uma invaginarão da membrana plasmática (mesossomo). Pequenas moléculas circulares adicionais (plasmídeos) podem também estar presentes. Numerosos ribossomos asseguram a síntese proteica (Figura 2.2). Células Procarióticas – são células que não possuem membrana nuclear ou carioteca, que separa o material genético do citoplasma; são as bactérias e cianobactérias (algas azuis). 23 As células eucarióticas possuem uma estrutura bem mais complexa e estão presentes nos Reinos Protista, Fungi, Plantae e Animalia. Com um tamanho variando entre 0,01 e 0,10 mm, estas células são dez vezes maiores que as procarióticas. A presença de compartimentos diferenciados, ou organelas, que cumprem atividades específicas, resulta em uma subdivisão do trabalho que garante a eficiência do funcionamento celular (Figura 2.3). Figura 2.2: Célula Procariótica. Fonte: https://commons.wikimedia.org. Acesso em: 31 jul. 2015. Célula Eucariótica – seres que possuem o núcleo diferenciado, ou seja, o material genético encontra-se delimitado no citoplasma pela carioteca. https://commons.wikimedia.org/ 24 A célula também é a unidade funcional de um organismo. O citoplasma é uma solução viscosa onde continuamente ocorrem reações de síntese (anabolismo) e degradação (catabolismo) de substâncias, consumindo ou liberando energia, compondo o que chamamos de metabolismo. As reações metabólicas são catalisadas por alguns tipos de proteínas denominadas enzimas. Assim como as proteínas estruturais, as enzimas são sintetizadas pelos ribossomos, que por sua vez são pequenas organelas citoplasmáticas, não membranosas. A estrutura das proteínas depende da informação genética codificada no ácido desoxirribonucleico (DNA) e transcrita no ácido ribonucleico (RNA), que a leva do núcleo até o citoplasma. As semelhanças estruturais e funcionais das células decorrem de uma origem evolutiva comum, aproximadamente 3,8 milhões de anos atrás. Os dois tipos celulares que reconhecemos hoje, as células procarióticas e as eucarióticas, apareceram entre um e um milhão e meio de anos mais tarde. Figura 2.3: Célula Eucariótica. A. Célula Vegetal B. Célula Animal Fonte: https://commons.wikimedia.org . Acesso em: 31 jul. 2015. https://commons.wikimedia.org/ 25 2.2.1 Técnicas Laboratoriais que Utilizam as Células como Ferramentas Segundo Malajovich (2012), o estudo das células se vê facilitado por um conjunto de técnicas laboratoriais, tais como: Grupo A. Técnicas microscópicas que permitem uma visualização detalhada da célula: • Microscopia óptica, que se utiliza para observar os cortes de tecidos. Geralmente, estes são fixados em álcool, ácido acético, formaldeído e tingidos com corantes que reagem com as proteínas ou com os ácidos nucleicos, aumentando o contraste da imagem. • Microscopia de contraste de fase, que transforma as diferenças de espessura ou de densidade do fragmento observado em diferenças de contraste. • Microscopia fluorescente, que associa anticorpos específicos a um reagente como o PVF (proteína verde fluorescente de medusa), de forma a marcar as moléculas e visualizar sua distribuição nas células. • Microscopia confocal, que combina a microscopia fluorescente com a análise eletrônica da imagem, fornecendo uma imagem tridimensional. • Microscopia eletrônica, que permite a observação em um plano de cortes tingidos com sais de metais pesados (microscopiade transmissão) e a observação tridimensional de células (microscopia de varredura). • Microscopia de tunelamento, com os diversos tipos de microscópios de varredura por sonda (SPM, do inglês scanning probe microscope) que, além de fornecer uma imagem de moléculas e átomos, permitem medições e a manipulação de moléculas e átomos. Grupo B. Técnicas físicas como a centrifugação diferencial (ultracentrifugação, centrifugação em gradiente) para separar os componentes celulares para estudos bioquímicos posteriores: 26 • Técnicas instrumentais que possibilitam a contagem de células e a separação de populações celulares (cell sorter) ou de cromossomos (flow sorter). • Técnicas de cultura de células com objetivos diversos. 2.3 Cromossomos O Cromossomo é formado por filamentos de DNA condensados, sobre proteínas chamadas Histonas. Na maior parte do ciclo celular, os cromossomos se encontram distendidos, formando uma rede de filamentos descondensados, denominado Cromatina. Durante o período de divisão celular, a cromatina se condensa, possibilitando a observação microscópica dos cromossomos, que morfologicamente se caracterizam pelo tamanho e pela posição do centrômero, uma constrição que divide o cromossomo em dois braços, denominados cromátides. O número de cromossomos n é constante em todos os indivíduos de uma mesma espécie, 23 pares na espécie humana por exemplo. Como nas células somáticas os cromossomos se encontram sempre em pares, na espécie humana o número de cromossomos (2n) é de 46, sendo que um par determina o sexo. Os cromossomos sexuais são idênticos na mulher (46, XX) e diferentes no homem (46, XY). No ciclo celular, um pouco antes da divisão de uma determinada célula, os cromossomos se duplicam, de forma que cada uma das células filhas formadas recebe o mesmo número de cromossomos. A mitose mantém constante o número de cromossomos nas células somáticas dos indivíduos de uma mesma espécie. Nas células reprodutivas, denominadas de gametas, a formação se dá por meiose, que se caracteriza por um processo reducional, ou seja, reduz o número de cromossomos a metade, 23 cromossomos para a espécie humana por exemplo. Na fecundação, a fusão dos gametas irá restaurar o número 2n característico da espécie. Células Somáticas – são todas as células diploides que se dividem por mitose. 27 Durante a meiose, o entrecruzamento dos cromossomos permite a permuta e recombinação dos genes, o que permite a variabilidade genética nas espécies. Um dos testes pioneiros de diagnóstico genético está fundamentado na observação microscópica dos cromossomos de células somáticas durante a divisão celular (mitose). A identificação se torna mais fácil devido à presença de regiões ou bandas reveladas mediante algumas técnicas de coloração. O número e a estrutura dos cromossomos são analisados e apresentados em um arranjo denominado cariótipo, que segue uma classificação convencional (Figura 2.4). Os testes para diagnóstico genético que envolvem análise de cariótipos estão amplamente difundidos na prática médica, sendo facilitados atualmente pela utilização de corantes específicos para cada par cromossômico. As c lulas co o a entes iol icos possue outras aplicaç es co o: • C lulas ve etais cultivadas in vitro produ e su stâncias de alto valor a re ado i portantes para as indústrias ali entar cos tica e ar acêutica; Figura 2.4: Cromossomos humanos organizados em Cariótipo. Fonte: https: //commons.wikimedia.org Acesso em: 31 jul. 2015 28 • Utilização das células vegetais para cultivo in vitro, com o objetivo de formar novas plantas; • A ultiplicaç o de v rus e cultivos de c lulas de insetos per ite a comercialização de práticas de controle biológico; • A s ntese de al u as su stâncias i portantes para a indústria ar acêutica co o o ator ativador de plas ino ênio depende do cultivo in vitro de c lulas ani ais; • As c lulas ani ais ta su stitue os ani ais nos testes to icol icos e s o utilizadas na multiplicação de vírus para a preparação de vacinas; • Produç o de anticorpos. Combinando as técnicas de cultivo celular com o desenvolvimento de materiais biológicos semelhantes ao colágeno, uma área nova de engenharia de tecidos visa à reparaç o ou su stituiç o de tecidos lesionados. Os enxertos de pele artificial, cultivada in vitro, saram ferimentos e/ou queimaduras em seres humanos. O cultivo celular também tem sido utilizado para o teste de alguns produtos cosméticos e farmacêuticos no lugar de modelos animais, como as cobaias por exemplo, auxiliando na diminuição do uso de animais em testes laboratoriais. 2.4 Microrganismos s icror anis os s o or anis os que pode ser visuali ados apenas com o auxílio de microscópios, sendo impossível de serem observados a olho nu; se encaixam nesse grupo os vírus (1nn de diâmetro), as act rias 1μ de diâ etro e os un os 100μ de diâmetro). Estes são os microrganismos mais estudados na Microbiologia. 29 Na classificação dos seres vivos mais utilizada nos dias de hoje, estabelecida por Carl Woese (1978) (Figura 2.5), os microrganismos estão divididos em dois domínios: Bacteria e Archaea. Num terceiro domínio, Eukaria, estão inseridos os Reinos Protista, Fungi, Plantae e Animalia. 2.4.1 Vírus Os Vírus são considerados seres acelulares, ou seja, não formam células, apesar de possuírem material genético. São considerados como parasitas obrigatórios de uma determinada célula hospedeira para conseguirem duplicar o seu material genético e com isso se multiplicarem. Alguns se integram no genoma da célula infetada, os chamados bacteriófagos e retrovírus. Devido a esta propriedade, os vírus têm sido utilizados como vetores para introduzir genes em uma célula hospedeira. Sendo assim, não estão inseridos em nenhum reino ou domínio na classificação dos seres vivos. Figura 2.5: Classificação dos Seres Vivos, segundo Carl Woese (1978). Fonte: https://commons.wikimedia.org Acesso em: 31 jul. 2015. https://commons.wikimedia.org/ 30 Podem atravessar filtros extremamente finos e se cristalizar, pois sua estrutura é muito simples: um ácido nucleico que pode ser DNA ou RNA, na forma de filamento simples ou duplo, dentro de uma capa proteica denominada capsídeo. Muitos tipos de vírus possuem enzimas que serão liberadas dentro da célula hospedeira. Várias doenças humanas são causadas por vírus, tais como o poliovírus, o HIV e o coronavírus, este responsável pela Síndrome Aguda Respiratória (SAR). Ao infectar as células animais sadias, alguns vírus as transformam em células cancerosas. Os vírus que infectam insetos podem ser utilizados no controle de pragas. Na luta contra a lagarta da soja, o Baculovírus evita a aplicação de 1,2 milhão de litros de inseticidas por ano nas lavouras brasileiras. 2.4.2 Bactérias As bactérias que estão inseridas no Domínio Bacteria, também denominadas de eubactérias, são organismos unicelulares, procariontes, que possuem uma parede celular com função protetora. Além de possuírem DNA cromossômico, podem apresentar moléculas circulares extras de DNA, denominadas plasmídeos. Em condições favoráveis, as bactérias se reproduzem rapidamente por fissão celular produzindo milhões de células em poucas horas. Algumas espécies bacterianas podem apresentar reprodução por troca de material genético, o que possibilita a recombinação desse material. As eubactérias formam um grupo com mais de 5.000 espécies conhecidas; são pequenas, podendo apresentar tamanhos entre 0,0005-0,005 mm, e de formas diversas: esféricas, bastonetes, helicoidais. É possível encontrar as bactérias isoladas, em pares, ou formando cadeias ou agregados. Algumas delas se locomovem livremente, quando apresentam um ou mais flagelos distribuídos na superfíciecelular; outras espécies podem se aderir à superfície celular por meio de pelos ou fímbrias. Em condições desfavoráveis, algumas espécies de bactérias formam esporos que resistem em forma latente até que a situação volte a se tornar favorável, propiciando a germinação e, assim, retomando sua atividade fisiológica. 31 Uma técnica laboratorial que permite diferenciar as bactérias pela estrutura da parede celular é conhecida como Coloração de Gram. Com base na aplicação da Coloração de Gram pode-se dividir as bactérias em dois grandes grupos as Gram-positivas, cuja parede celular é mais simples, e as Gram-negativas, que possuem uma parede celular mais espessa. Por conta das propriedades metabólicas, muitas eubactérias são utilizadas na produção de alimentos (laticínios, vinagre, picles e azeitonas) e de aditivos (vitaminas, aminoácidos, gomas emulsificantes e estabilizantes), na indústria química (acetona, butanol e plásticos biodegradáveis) e na indústria farmacêutica (vacinas, toxinas e antibióticos). A produção de enzimas também é utilizada para uso industrial e na área médica. As bactérias que fazem parte do Domínio Archaea são também conhecidas como arqueobactérias ou arqueas, e diferem das eubactérias pela estrutura da parede celular, além de possuirem alguns aspectos metabólicos relacionados com a síntese de proteínas que as aproximam dos organismos eucariontes. Algumas vivem em habitats adversos, como as bactérias encontradas em áreas de vulcões ou gêiseres, onde as temperaturas variam entre 60 a 800°C. Algumas dessas espécies de bactérias vivem em lagos nos quais a concentração salina é bastante elevada, como o Grande Lago Salgado, nos Estados Unidos, ou o Mar Morto, em Israel. Entre as arqueas existem também gêneros com vias metabólicas peculiares que as tornam dependentes de enxofre ou produtoras de metano. Devido a estas propriedades, nos últimos anos tem-se acelerado a prospecção de arqueas com propriedades potencialmente interessantes, para serem utilizadas em processos industriais que exijam condições ambientais extremas. No entanto, estudos recentes de ecologia molecular mostram que as arqueas não se limitam a ambientes extremos, sendo sua diversidade bem maior do que o imaginado. Na Tabela 2.1. pode-se observar um resumo das aplicações das bactérias como agentes biológicos na área da Biotecnologia. 32 2.4.3 Fungos O Reino Fungi abrange cerca de 100.000 espécies de fungos: organismos eucariontes, com representantes unicelulares e pluricelulares, que possuem parede celular formada por quitina. Todas as espécies de fungos são heterotróficas e podem se reproduzir de Tabela 2.1: Possíveis aplicações das Bactérias como agentes biológicos na Biotecnologia. Fonte: Elaborada pela autora. AGENTE BIOLÓGICO APLICAÇÕES BACTÉRIAS Tratamento de resíduos e de águas servidas. Produção de energia (metano). Biorremediação, extração de minério. Indústria química (acetona, butanol, ácido láctico, ácido acético). Enzimas industriais. Agricultura (rizóbios, biopesticidas). Alimentos (laticínios, vinagres, picles, azeitonas, silagem). Indústria de alimentos Indústria farmacêutica (enzimas de uso médico, antibióticos, vacinas e toxinas). 33 forma sexuada ou assexuada. As leveduras são fungos representantes da categoria dos unicelulares, que se desenvolvem em lugares úmidos e se reproduzem por brotamento. Os Fungos representam o grupo de microrganismos de maior relevância econômica. Como exemplo podemos citar o Saccharomyces cerevisiae, o conhecido levedo de cerveja, uma espécie do grupo das leveduras, utilizado comumente na preparação de alimentos e de bebidas, assim como na produção de etanol, vitaminas e outros metabólitos. Também podemos destacar a utilização das leveduras, mediante a aplicação de técnicas de engenharia genética, na produção de uma vacina contra a hepatite B. Entretanto, nem todas as espécies de leveduras são benéficas à saúde do Homem; a espécie Candida albicans se caracteriza por ser um microrganismo oportunista da flora humana e pode, em certas condições, proliferar de maneira anormal, tornando-se patogênica. No caso dos bolores, também conhecidos como mofos, as células formam um emaranhado de filamentos que são conhecidos como hifas; o conjunto desses filamentos é denominado como micélio. Os bolores crescem rapidamente por fragmentação do micélio e se disseminam mediante a produção de esporos, como é o caso do Aspergillus niger, um fungo produtor de ácido cítrico; ou como o gênero Rhizopus, o fungo de coloração escura, que cresce sobre a superfície do pão apesar dos conservantes acrescentados. Ainda podemos citar como exemplo o Aspergillus flavus, um bolor que cresce sobre sementes de algumas leguminosas, como amendoim, feijão e soja, e produz uma forte toxina, conhecida como aflatoxina, que pode causar graves intoxicações. Neste mesmo grupo também encontramos o gênero Penicillium, que conta com diversas espécies, uma das quais é utilizada na indústria farmacêutica para a produção de penicilina; outras espécies desse gênero são utilizadas na indústria alimentícia, para a maturação de queijos, como o Roquefort, o Gorgonzola e o Camembert. Na Tabela 2.2 pode-se observar um resumo das aplicações dos fungos como agentes biológicos na área da Biotecnologia. 34 2.5 Enzimas As Proteínas são macromoléculas compostas por aminoácidos. Esses aminoácidos apresentam um grupo de ácido carboxílico, um grupo amino e um grupo R variável, ligados a um simples átomo de carbono, denominado carbono alfa. Os aminoácidos são Tabela 2.2: Possíveis aplicações dos Fungos como agentes biológicos na Biotecnologia. Fonte: Elaborada pela autora. AGENTE BIOLÓGICO APLICAÇÕES FUNGOS Agricultura (controle biológico de insetos e nematoides, micorrizos). Produtos de fermentação (etanol, glicerol, ácido cítrico). Enzimas industriais. Biomassa (fermento de padaria, micoproteína). Enzimas industriais. Produtos de fermentação (etanol, glicerol, ácido cítrico). Agricultura (controle biológico de insetos e nematoides, micorrizos). 35 ligados um ao outro por ligações peptídicas, que caracterizam ligações de desidratação (Figura 2.6). Somente 20 aminoácidos são comuns na formação das proteínas, que diferem no tamanho, na carga elétrica e polaridade do grupo R. Esses aminoácidos estão distribuídos em 4 categorias: os ácidos (ácido aspártico e ácido glutâmico); básicos (histidina, lisina, arginina); neutros e polares ou hidrofílicos (serina, treonina, tirosina, asparginina, glutamina); neutros não-polares ou hidrofóbicos (glicina, alanina, triptofano, valina, cisteína, leucina, isoleucina, fenilalanina, prolina, metionina). Funções: são muitas as funções das proteínas. Segue a relação das principais funções dessa macromolécula. a) Estrutura e Suporte Exemplos: colágeno dos tendões; queratina dos cabelos, unhas e pelos. b) Reservas Nutricionais Exemplo: albumina, presente clara do ovo. c) Transporte de Substâncias Exemplo: hemoglobina (contém ferro), importante no transporte do oxigênio. Figura 2.6: Molécula de Proteína com destaque para as partes componentes dos aminoácidos e para as ligações peptídicas. Fonte: Modificada de commons.wikimedia.org. Acesso em: 31 jul. 2015. 36 d) Ação Hormonal Exemplo: insulina, regula o nível de açúcar do sangue. e) Movimento Exemplo: construção de filamentos de actina e miosina na fibra muscular. f) Anticorpos (Defesa) Exemplo: imunoglobulina ou anticorpos. g) Enzimas (catalisadores de reações químicas) Exemplo: ATPase na síntese do ATP (Adenosina Trifosfato) As reações químicas que ocorrem nos seres vivos dependem da atividade catalítica das enzimas. As enzimas agem diminuindo a energia de ativação necessárianas reações químicas; são capa es de pro ovê-las e catalisá-las sem serem modificadas ou destruídas. A enzima reconhece um substrato especifico (S), formando com ele um complexo molecular ou estado de transição (SE). O encaixe no sítio ativo da ol cula acilita a trans or aç o do su strato no s produto s da reaç o P . A en i a recuperada no fim da reação, podendo atuar inúmeras vezes (Figura 2.7). A reação pode ser representada como a seguir: Figura 2.7: Etapas de uma reação enzimática. Fonte: MALAJOVICH, 2012 37 A principal caracter stica das en i as a especificidade ou se a u a en i a co o a lactase que a e so re a ol cula lactose n o a ir so re qualquer outra ol cula. o caso de duas en i as que hidrolise o a ido por e e plo poder o a ê-lo cortando a ol cula de aneira di erente, co o a α-a ilase e a β-amilase. Nesse segundo caso, em função de sua origem biológica, as enzimas s o iode rad veis e a e e condições brandas de temperatura e pH. A aç o en i tica depende de fatores como o pH, a temperatura, a presença de cofatores inorgânicos (como o zinco, ferro e cobre) e/ou or ânicos co o as coen i as uitas das quais s o vita inas. U a tipo de ini iç o da atividade en i tica ocorre quando ol culas uito parecidas co o su strato co pete por este para ocupar o sitio ativo da enzima; esse processo é denominado inibição competitiva. Em outros caso, ol culas se li a a deter inadas partes da en i a, alterando a estrutura espacial e dificultando o encaixe com o substrato; essa forma de ação é conhecida como inibição competitiva. As enzimas, assim como as células e microrganismos, também podem ser utilizadas como agentes biológicos na área da Biotecnologia. A Tabela 2.3 apresenta algumas dessas aplicações. Sítio Ativo - é uma pequena região da enzima, na qual ocorrerá a reação química. 38 Tabela 2.3: Possíveis aplicações das Enzimas como agentes biológicos na Biotecnologia. Fonte: Elaborada pela autora. AGENTE BIOLÓGICO APLICAÇÕES ENZIMA Indústria de alimentos e bebidas. Exemplos: clarificação de vinhos e sucos de frutas, fabricação de pão, produç o de adoçantes, fabricação de laticínios, suplementação de rações animais. Produtos de limpeza. Exemplos: detergentes e lava- roupas, produtos para limpar dentaduras e lentes de contato. Indústria têxtil. Exemplos: desengomador de tecidos, acabamento de jeans. Curtumes para amaciamento de couros. Industrias de papel e celulose, usada no branqueamento de polpa de celulose. Indústria cosmética. Exemplos: produtos de higiene bucal, depilatórios, tratamento da acne e da caspa. Indústria farmacêutica. Exemplos: reagentes para uso em análises clínicas, nucleases para a manipulação gênica. rata entos dicos. E e plos co ate de in la aç es ede as e les es dissolventes de co ulos san u neos, agentes terapêuticos em transtornos digestivos. 39 2.6 Anticorpos Como estratégia de defesa do organismo, os anticorpos s o ol culas co papel i portante no reconheci ento do que a parte do or anis o e na eli inaç o do que n o a parte do or anis o, denominado antígeno. A resposta i une envolve a produç o de anticorpos que reconhece o ant eno, desencadeando os mecanismos mais adequados de destruição. E peri entos reali ados e la orat rio a reaç o ant eno-anticorpo ocorre quando os reagentes se encontram em meio líquido e nas concentrações adequadas, podendo ser visualizada na forma de: • Precipitação: se os antígenos estiverem dissolvidos em um meio liquido ou em um gel, conhecido como poliacrilamida. • Aglutinação: se os antígenos estiverem localizados sobre partículas, como hemácias ou bactérias. A ol cula de anticorpo deno inada uno lo ulina or ada por duas cadeias polipept dicas leves e duas pesadas e or a de ao qual se associa u pequeno nú ero de rupos car oidrato. U a parte da ol cula constante as re i es vari veis locali adas nas e tre idades dos raços do responde pelo reconheci ento do ant eno. Este tipo de anticorpo se encontra no soro san u neo, na fração proteica caracteri ada por eletro orese co o γ- globulina (MALAJOVICH, 2012). Quando um determinado anticorpo encontra no antígeno uma forma complementar, dá- se a união ant eno-anticorpo podendo ocorrer e parte de u a ol cula livre ou ancorada na membrana celular. Um antígeno pode ter diversas formas, ou determinantes antigênicos, e ser reconhecido por anticorpos diferentes. Epítopo - É a área da molécula do antígeno que se liga aos receptores celulares e aos anticorpos. 40 A produç o de anticorpos realizada por células produtoras denominadas linfócitos B, e tem como centro de produção a medula óssea. Ap s u processo de di erenciaç o que se relaciona co u a s rie de rearran os en ticos cada lin cito pode reconhecer u único ep topo. Quando o linfócito B encontra o ep topo espec ico, ele se proli era dando ori e u clone de c lulas secretoras de anticorpos. O antígeno, uma vez eliminado, algumas dessas c lulas per anecer o no or anis o a indo co o c lulas- e ria. E u se undo contato co o es o ep topo as c lulas- e ria iniciar o a resposta i une que ser ais r pida e ais intensa que a pri eira. Mesmo que cada linfócito tenha a capacidade de reconhecer apenas u ep topo, todos os linfócitos podem reconhecer em torno de 10 ep topos di erentes, o que explica a eficácia da resposta imune. Os anticorpos podem ser produzidos em laboratório (Figura 2.7). Figura 2.7: A produç o de anticorpos no la orat rio. Fonte: Elaborada pela autora. 41 No diagnóstico clínico, a utilização dos anticorpos ocupa um lugar de destaque, pois reúne duas propriedades que os transformam em uma ferramenta ideal: a) especificidade e b) diversidade. A aplicação de antígeno em animais como ratos, ovelhas e coelhos, causa indução, em pouco tempo, na produç o de anticorpos espec icos, que podem ser separados do soro sanguíneo do animal. Caso o ant eno aplicado possua diversos ep topos no soro extraído, haverá uma mistura de anticorpos, conhecidos como Anticorpos Policlonais, que provêm da ativação de v rios clones de lin citos B cada u dos quais reconhece u dos ep topos do antígeno. A produção de linfócitos separadamente não é possível, já que essas células não sobrevivem por muito tempo in vitro. A obtenção de clones que sintetizem anticorpos específicos contra u único ep topo, chamados de Anticorpos Monoclonais, s se tornou poss vel co o desenvolvi ento da tecnologia de hibridomas (KOHLER, 1975). Os Anticorpos também são utilizados com agentes biológicos, observe na Tabela 2.4 algumas das possíveis aplicações dessas células na área de Biotecnologia. Hibridomas - são linhagens celulares desenvolvidas para produzir um anticorpo (imunoglobulina) desejado em grande quantidade. Tabela 2.4: Possíveis aplicações dos Anticorpos como agentes biológicos na Biotecnologia. Fonte: Elaborada pela autora. AGENTE BIOLÓGICO APLICAÇÕES ANTICORPO Puri icaç o de ol culas. Reagentes de laboratório. Reagentes para diagnóstico. Imunoterapias. https://pt.wikipedia.org/wiki/Anticorpo 42 2.7 Ácidos Nucleicos Os ácidos nucleicos são moléculas formadas pela associação de nucleotídeos (Figura 2.8). Cada nucleotídeo é formado por um radical fosfato, uma ose (uma pentose) e uma base nitrogenada. A ose do DNA é a desoxirribose e a ose do RNA é a ribose. O DNA é composto por duas fitas dispostas em uma dupla hélice. Cada adenina de uma cadeia se liga a uma timina da outra. Cada citosina de uma cadeia se liga a uma guanina da outra (Figura 2.9). Essas ligações se fazem por meio de pontes de hidrogênio. Figura 2.8: Estrutura de um Nucleotídeo:mostra as suas partes constituintes, fosfato, pentose e base nitrogenada. Fonte: Modificada de en.wikipedia.org. Aceso em: 31 jul. 2015. 43 As moléculas de RNA são constituídas por uma sequência de ribonucleotídeos, formando uma cadeia (fita) simples. Podemos classificar o RNA em três tipos básicos, que diferem entre si com relação ao peso molecular: o RNA ribossômico, representado por RNAr (ou rRNA), o RNA mensageiro, representado por RNAm (ou mRNA) e o RNA transportador, representado por RNAt (ou tRNA). a) RNA ribossômico é o de maior peso molecular e constituinte majoritário do ribossomo, organoide relacionado à síntese de proteínas na célula. b) RNA mensageiro é o de peso molecular intermediário e atua conjuntamente com os ribossomos na síntese proteica. c) RNA transportador é o mais leve dos três e encarregado de transportar os aminoácidos que serão utilizados na síntese de proteínas (Figura 2.10). Figura 2.9: Estrutura da molécula de DNA: mostra a sua configuração em dupla hélice e a disposição das bases nitrogenadas. Fonte: Modificada de en.wikipedia.org. Acesso em: 31 jul. 2015. 44 A informação para a produção de diferentes moléculas de proteínas está codificada na dupla fita do DNA, e para que haja a expressão dessas proteínas é necess rio que a in or aç o se a transcrita e u a ol cula de A ensa eiro que a leva at os ribossomos, os quais realizarão a tradução dessa informação a proteínas, sendo montado o peptídeo correspondente. Este processo faz parte do Dogma Central da Biologia Molecular. Sendo assi se esta elece na c lula o fluxo da informação genética que segue em uma direção única: do DNA ao RNA, do RNA ao polipeptídeo. Há uma exceção a esta regra; o caso dos retrovírus cu o aterial heredit rio A; eles dependem de uma enzima denominada transcriptase reversa, que lhes permite transcrever a informação no sentido do RNA para o DNA. anto as c lulas procarióticas quanto as eucarióticas apresentam algumas diferenças em relação às etapas da síntese de proteínas e aos mecanismos de regulação correspondentes (Figura 2.11). Figura 2.10: Estrutura do RNA: mostra a sua configuração em fita simples. Fonte: commons.wikimedia.org. Acesso em: 31 jul. 2015. 45 Veja na Tabela 2.5 como o DNA pode ser utilizado na forma de agente biológico, na área de Biotecnologia. Figura 2.11: Etapas de síntese de proteínas em células procarióticas e eucarióticas. Fonte: A autora 46 2.8 Síntese da Unidade Nesta Unidade foi possível conhecer mais a respeito dos agentes biológicos que são utilizados como ferramentas biotecnológicas. Lemos sobre a aplicação das células, microrganismos (vírus, bactérias e fungos), anticorpos e o próprio DNA como agentes biológicos, atualmente bem explorados pelos pesquisadores na área de Biotecnologia. Tabela 2.5: DNA como agente biológico na área da Biotecnologia. Fonte: a autora AGENTE BIOLÓGICO APLICAÇÕES DNA Identificação de microrganismos patogênicos. Controle da qualidade dos alimentos. Medicina molecular nos diagnósticos, tratamentos personalizados, terapias gênicas. Testes genéticos nas avaliação dos riscos à saúde. Agronomia e pecuária, nos métodos seletivos mais eficientes. Industria farmacológica. Exemplos: proteínas terapêuticas, vacinas recombinantes e de DNA. Pratica forense. Exemplo: identificação das pessoas. Estudos antropológicos e evolutivos. 47 2.9 Atividades 1. Liste os Agentes Biológicos; em seguida, apresente três aplicações de cada um deles na área da Biotecnologia. 2. Descreva de forma resumida o funcionamento das Enzimas. 3. Explique o por quê da utilização de microrganismos como um dos principais agentes biológicos na área da Biotecnologia. 48 49 Unidade 3 Unidade 2 . Bioprocessos Os Bioprocessos correspondem ao desenvolvimento de equipamentos e processos para a fabricação de produtos como alimentos, rações, produtos farmacêuticos, nutracêuticos, produtos químicos, polímeros e papel, a partir de materiais biológicos. A engenharia de bioprocessos é um conglomerado de matemática, biologia e design industrial, e consiste em vários espectros como projetos de biorreatores, estudo de fermentadores (modo de operação). Há os bioprocessos fermentativos, que são os mais estudados, e os bioprocessos enzimáticos, tão importantes quanto. Ainda veremos os bioprocessos tradicionais e os bioprocessos submersos. 3.1 Processos Fermentativos Um dos primeiros processos fermentativos foi a produção de vinhos e cervejas em escala industrial. Durante do século XX, a grande expansão de importantes áreas como a da Microbiologia Industrial tornou possível, perante o desenvolvimento de processos baseados no metabolismo microbiano, a produção de diversas substâncias, como acetona, butanol, etanol, ácido cítricos, antibióticos, as quais hoje são essenciais no nosso dia a dia. Por ser o primeiro processo fermentativo industrial a se desenvolver em condições assépticas, o processo Weizmann é considerado um marco histórico na biotecnologia industrial. Na atualidade, os processos fermentativos possibilitam novas aplicações, tanto na área ambiental como na fabricação de alimentos e aditivos, de produtos químicos e de medicamentos. A distinção entre Bioprocessos e Processos Químicos está calcada na natureza dos catalisadores utilizados em suas reações. Os Bioprocessos são conduzidos mediante 50 ação de agentes biológicos, sendo, portanto, as transformações catalisadas enzimaticamente. Em que pesem as complexidades e particularidades dos Bioprocessos, podemos dividi- los em três estágios: Etapa 1. - etapa que antecede a transformação, é denominada de à montante (upstream); Etapa 2. - etapa de transformação propriamente dita; Etapa 3. - etapa de à jusante (downstream). Há autores que incluem a transformação na etapa de à montante. No entanto, por envolverem diferentes procedimentos, somos pela divisão de um Bioprocesso em três etapas e não em duas. O termo processos fermentativos ainda nos dias de hoje é relacionado a qualquer processo microbiano operado em grande escala, independentemente de ser ou n o u a fermentação. Já o termo fermentador se usa co o sin ni o de iorreator desi nando o recipiente onde ocorre o processo. eno ina os eta olis o o con unto de reaç es qu icas de de radaç o cata olis o e de s ntese (anabolismo) de su stâncias e u organismo. As primeiras liberam energia, as outras a consomem. O processo energético nas células de organismos pluricelulares e na maioria dos microrganismo é realizado com base no metabolismo das moléculas orgânicas; a energia gerada desse processo utili ada para a anutenç o de sua estrutura e para suas atividades. o eta olis o cata lico a de radaç o de co postos or ânicos e ol culas enores, conhecidas como monômeros, libera energia. Sendo assim, uma parte desta ener ia ser acumulada sob a forma de Adenosina Trifosfato, ATP, e a parte restante dissipada na forma de calor. Vias energéticas como a Respiração e a Fermentação s o as principais vias de degradação de compostos orgânicos, o catabolismo. A quantidade de energia li erada e os produtos inais di ere se a o idaç o do co posto or ânico or total ou parcial. a 51 lic lise a licose de radada at u a ol cula de três car onos, o piruvato. Em presença de oxigênio, a entrada do piruvato no ciclo de Krebs e a fosforilação oxidativa permitem a quebra total da glicose em CO2 e H2O, liberando uma grande quantidade de energia sob a forma de ATP, conhecida como respiração aeróbia. o processo er entativo no qual ocorre a reduç o do piruvato ou de algum de seus derivados, muitos microrganismos produzemoutras substâncias orgânicas, assim como, acetona, butanol, etanol, ácido láctico, ácido acético e glicerol. Estas reações de fermentação são realizadas usualmente em ambientes em que o substrato se encontra em abundância, sendo reduzida a quantidade de energia obtida. O fator que determinará se algumas leveduras e bactérias, ou até mesmo as células musculares, irão realizar respiração ou fermentação, será a presença ou ausência de oxigênio (Figura 3.1). Figura 3.1: Respiração e Fermentação. Fonte: Elaborada pela autora. 52 As etapas da Respiração e de algumas formas de Fermentação estão representadas nas equações que se seguem na Figura 3.2. O metabolismo é composto por duas vias, uma de síntese e a outra de degradação, que são denominadas Anabolismo e Catabolismo (Figura 3.3), respectivamente. Moléculas como os aminoácidos e ácidos graxos pode entrar e deter inados pontos das vias cata licas da licose conver indo para a produç o de ener ia e de pequenas ol culas si ples (CO2, H2O e NH3 . nversa ente al uns dos co postos inter edi rios do cata olis o s o os pontos de partida para vias anabólicas. Figura 3.2: A. Etapas da Respiração; B. e C. Etapas da Fermentação Fonte: Elaborada pela autora. Figura 3.3: Esquema que demonstra as duas vias que compõem o metabolismo: Catabolismo e Anabolismo. Fonte: Elaborada pela autora 53 É importante lembrar que as vias metab licas n o s o revers veis ou se a o ca inho se uido na de radaç o de u a ol cula parcial ou total ente di erente do ca inho de s ntese correspondente podendo inclusive ocorrer e di erentes or anelas celulares. Esta separaç o espacial acilita a regulação enzimática do metabolismo, que ocorre com o menor desperdício de matéria e energia. Todos os microrganismos possuem vias metabólicas primárias, mas existem outras vias metabólicas secundárias específicas. A ativação de umas e/ou de outras depende do microrganismo e das condições em que ele se desenvolve, seja in vitro ou ex vitro. Os metabólitos primários fazem parte do metabolismo de qualquer microrganismo, pois est o relacionados co o cresci ento e a trans or aç o de nutrientes e io assa. Os principais produtos do metabolismo primário dos microrganismos são etanol, ácido láctico ou aminoácidos. Por outro lado, os metabólitos secundários, mesmo sendo desnecessários no crecimento microbiano, possuem papel importante na sobrevivência em ambientes competitivos que contam com escassez de nutrientes. Os metabólitos secundários são representados pelos antibióticos, alcaloides, pigmentos, algumas enzimas e toxinas. A escassez de nutrientes no meio limita o crescimento dos microrganismos; sendo assim, a população microbiana passa por algumas fases. A seguir, observe a descrição de cada uma delas, segundo Jorge (2012) (Figura 3.4): Figura 3.4: Fases do crescimento microbiano. Fonte: Elaborada pela autora. 54 • Fase de latência (fase lag): tempo requerido para que as bactérias possam restaurar as enzimas e os intermediários metabólicos necessários ao crescimento; nessa fase, as células estão sintetizando DNA, transcrevendo RNA, produzindo proteínas de forma geral. O número de microrganismo permanece constante. • Fase logarítmica ou fase de crescimento exponencial (fase log): o microrganismo é suprido com abundância de nutrientes e o acúmulo de substâncias inibitórias é de pouca importância fisiológica. O número de células aumenta em progressão geométrica, à medida que o tempo cresce em progressão aritmética. • Fase estacionária: em um determinado momento o crescimento logarítmico cessa e as células entram na fase estacionária. Nesse momento um ou mais nutrientes críticos estão diminuídos ou exauridos e produtos tóxicos, principalmente ácidos, estão acumulados. O número de bactérias viáveis continuam constantes em seu valor máximo, pois o número de novas células é igual o número de células que estão morrendo. • Fase de declínio ou morte: a morte das bactérias ocorre principalmente por acúmulo excessivo de produtos tóxicos e escassez de nutrientes. Acredita-se que o acúmulo de determinadas substâncias possa inibir determinadas rotas metabólicas essenciais aos microrganismos. Com vistas ao desenvolvi ento de u Bioprocesso a escolha do icror anis o ter que ser feita em função de suas vias metabólicas; e as condições de cultivo dependerão do objetivo da fermentação, um metabólito primário ou um metabólito secundário. Uma escolha crucial para a realização dos Bioprocessos, envolvendo microrganismo, é a composição do meio de cultura. Essa escolha dependerá das necessidades metabólicas do microrganismo escolhido. O meio escolhido deve conter todos os nutrientes necessários nas concentrações adequadas, que iram variar em função do microrganismo e do objetivo do processo. Seguem alguns dos meios mais comuns utilizados em laboratório: 1. Água. 55 2. Uma fonte de energia e de carbono: glicose, amido etc. 3. Fonte de nitrogênio: inorgânica - exemplos: sulfato de amônia, nitrato de potássio; orgânica - exemplos: asparagina, succinato de amônia, glutamato, ureia; ou complexa - exemplos: farinha de soja, peptona. 4. Sais minerais - e e plos os ato de pot ssio (K2HPO4 ou KH2PO4), sulfato de magnésio (MgSO4 7H2O), cloreto de cálcio (CaCl2). 5. Ele entos-traço - exemplos: ferro, zinco, manganês, cobre, cobalto, molibdênio. Considerando-se que a utilização dos bioprocessos visa principalmente à exploração comercial, os meios definidos acabam sendo substituídos por matérias-primas de baixo custo como, por exemplo, soro de leite, melaço de cana ou de beterraba, amido de milho. Em alguns casos, a matéria-prima passa por um tratamento prévio com métodos físicos e/ou químicos. Caso o bioprocesso envolva um processo enzi tico o eio dever levar, além do substrato adequado, os elementos necessários para que a enzima possa desenvolver sua atividade catalítica (precursores e cofatores). Um dos critérios de escolha de um microrganismo como a melhor ferramenta para se realizar o processo de fermentação economicamente viável é o de que esse microrganismo deve ser capaz de se multiplicar rapidamente, sintetizando grande quantidade do produto a partir de uma matéria-prima barata. Atualmente, existem Bancos e Coleções de Cultura que comercializam esses tipos de linhagens de microrganismos como culturas puras, geneticamente estáveis e aptas para o cultivo em grande escala. As linhagens de microrganismos, para que sem tornem ainda mais aptas a serem utilizadas na indústria, passam por uma série de alterações genéticas, como mutações ou recombinações, obtidas no laboratório. Com isso, algumas vias metabólicas, especialmente as do metabolismo secundário, podem ter sido modificadas, visando ao aumento da síntese do produto desejado e com isso evitando a produç o de al u as substâncias desnecessárias. 56 Muitas linhagens de microrganismos que tiveram suas vias metabólicas alteradas de alguma forma acabam sobrevivendo muito pouco tempo no meio ambiente. Porém, como regra geral, as linhagens industriais n o deve ser pato ênicas ne produ ir to inas. A produç o de edica entos ou de vacinas u caso especial que e i e medidas especiais de segurança. Os microrganismos fazem parte de um grupo biológico muito diversificado fisiologicamente, mas que ainda é pouco explorado. Portanto, há muita expectativa em relação a estudos de linha ens e a ientes co condiç es e tre as. Atual ente n o é necessário o desenvolvimento de processos individuais para cada microrganismo que se apresente apto para ser utilizado em escala comercial, pois a tendência está pautada na transferência de genes correspondentes a algum dos microrganismos conhecidos, adaptados às condições industriais.
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