Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
História das Artes Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Profa. Ms. Rita de Cássia Garcia Jimenez Revisão Textual: Profa. Ms. Natalia Conti Arte da Pré-História ao Egito – Homens e Deuses • Pré-História • A Arte das Cavernas – Período Paleolítico • O Fogo e a Cerâmica • Idade dos Metais • Arte Pré-Histórica no Brasil • Nasce a Civilização • A Antiguidade · Conhecer os estilos e movimentos artísticos e estéticos da arte pré-histórica e da arte no Egito Antigo. · Adquirir fundamentação teórica para a análise de obras de arte, ideias e acontecimentos do período em que foram produzidos, assim como às regiões e às culturas a que pertencem. · Desenvolver o senso crítico na análise das obras artísticas em museus, galerias e outros espaços culturais. OBJETIVO DE APRENDIZADO Arte da Pré-História ao Egito – Homens e Deuses Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como o seu “momento do estudo”. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo. No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados. Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Arte da Pré-História ao Egito – Homens e Deuses Contextualização Como animais linguajantes, existimos na linguagem, mas como seres humanos, existimos (trazemos nós mesmos à mão em nossas distinções) no fluir de nossas conversações, e todas as atividades acontecem como diferentes espécies de conversações. (MATURANA, 2001, p. 109) Figura 1 – Arte rupestre no Parque Nacional Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato (Piauí). Pinturas datam de até 30 mil anos. A região é composta por 172 sítios arqueológicos. Além das manifestações gráficas, encontram-se vários vestígios da presença do homem pré-histórico, com datações que podem chegar a até 60 mil anos. O parque é Patrimônio Mundial da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) Fonte: Acervo do Conteudista Por que fazemos arte desde os tempos remotos? O sentido da arte sempre foi o mesmo em todas as eras e lugares? Sabemos que foram muitos os motivos pelos quais os seres humanos se dedicaram a criar imagens, sons e gestos com senso estético e artístico. Nesse empenho, criamos as linguagens e, entre as formas de comunicação e expressão, criamos as linguagens da arte. As linguagens artísticas nasceram da necessidade humana de representar, comunicar e agir no mundo, de estabelecer diferentes maneiras de dialogar com as coisas. As linguagens na arte podem nos dizer muitas coisas. Foram criadas pelo ser humano no decorrer do tempo e marcam a nossa existência no mundo da cultura. Entre experiências e expressões, criamos e continuamos a criar signos artísticos, linguagens em forma de desenhos, pinturas, esculturas, gravuras, músicas, danças, peças teatrais... Algumas linguagens são sonoras, outras são gestuais e outras tantas são visuais. 8 9 Somos seres “linguajantes”, como diz o neurobiólogo chileno Humberto Maturana (2001). Criar linguagens tem sido nossa história. Na história das linguagens artísticas, temos muitos contextos culturais. Em cada tempo e lugar, os seres humanos criaram técnicas, manipularam materiais para criar arte. No início, os seres humanos pintavam, desenhavam e esculpiam sobre as rochas; nascia assim a chamada arte rupestre, termo que significa arte sobre a pedra (rocha). Esses povos também dançavam e criavam sons, ou seja, música ritualística desse tempo chamado de Pré-História. Consideramos como arte pré-histórica todas as manifestações que se desenvolveram antes do surgimento das primeiras cidades e civilizações do mundo antigo, portanto, antes da escrita. Pré-História O termo Pré-História hoje é discutido por historiadores que defendem que a arte e toda forma de registro, expressão da vida e cultura dos povos antigos apresentam ricos contextos históricos. Em outras palavras, sempre houve História, apenas esta não foi registrada pela escrita que veio a aparecer mais à frente no tempo. A escrita foi durante muito tempo o jeito oficial de registrar a história. Hoje, muitas outras formas de linguagem são igualmente valorizadas como testemunhas dos acontecimentos históricos e culturais. Para quase seis mil anos de História existiram, aproximadamente, 600 mil anos de Pré-História, sendo que esta última corresponde a 98% da existência do homem na Terra. A Pré-História começou com o surgimento do homem e terminou por volta de 4000 a.C. com o aparecimento da escrita no Egito e na Mesopotâmia (atual Iraque). A Pré-História se dividiu em três períodos: o Paleolítico (600 000-10000 a.C.), o Neolítico (10000-5000 a.C.) e a Idade dos Metais (5000-4000 a.C.). Conforme a divisão do antropólogo norte-americano Lewis Morgan (1818-1881), esses períodos corresponderiam, respectivamente, aos estágios da selvageria, da barbárie e da civilização. O surgimento da escrita marcou a passagem da Pré-História para a História propriamente dita, que se dividiu em quatro períodos: Idade Antiga, Idade Média, Idade Moderna e Idade Contemporânea. Por meio do trabalho, o homem pré-histórico fabricou armas e ferramentas, desenvolveu a agricultura, o pastoreio e a metalurgia e elaborou as primeiras ma- nifestações religiosas e criações artísticas. É nos últimos estágios do período Pale- olítico, que teve início há cerca de 35 mil anos, que são encontrados os primeiros registros de arte conhecidos. Por revelarem certo requinte gráfico, devem ter sido precedidos por milhares de anos de lento desenvolvimento que ainda permane- cem desconhecidos. 9 UNIDADE Arte da Pré-História ao Egito – Homens e Deuses Figura 2 – O complexo de cavernas de Chauvet, no sul da França, contém uma notável quantidade de pinturas de animais, sendo um dos registros mais antigos de arte rupestre no mundo com cerca de 30000 a.C. Entre os animais pintados há ursos, leões, panteras, rinocerontes e corujas. Na imagem, vemos uma espécie extinta de leões cujos machos não possuíam juba Fonte: bradshawfoundation.com A chamada arte pré-histórica, para os povos que a produziram, tinha outros propósitos dos atuais. Uma das explicações mais aceita é a de que a arte, nessa época, tinha utilidade, era material, cotidianae mágico-religiosa. A arte era algo sagrado que emanava poderes mágicos. Eram pinturas, objetos, pequenas esculturas que envolviam situações específicas. As imagens não descreviam uma situação vivida pelo grupo, mas possuíam um caráter mágico, preparando o grupo, principalmente, para a caça, tarefa que lhes garantia a sobrevivência. O período da Pré-História foi uns dos períodos mais longos da história do homem relacionada às artes e à produção cultural. No ocidente os historiadores marcam a passagem do tempo entre uma era e outra utilizando o calendário cristão. Assim, dizemos que os episódios aconteceram antes do nascimento de Cristo (a.C.) ou depois de Cristo (d.C.), porém, há outras formas de marcar a passagem do tempo, que foram criadas por outras culturas, igualmente válidas e que devem ser respeitadas. O que significa um “c” antes de uma data? Circa é uma palavra (advérbio) em latim usada em datação e que significa “cerca de”, “aproximadamente”, “por volta de”. É, frequentemente, abreviada como c., ca., ca ou cca. Utilizada em genealogia e relatos históricos quando as datas são estimadas. Ex pl or 10 11 A Arte das Cavernas – Período Paleolítico No período Paleolítico (600 000-10000 a.C.), também chamado de Idade da Pedra Lascada, os homens eram nômades, deslocando-se constantemente em busca de alimentos como os vegetais e os frutos que colhiam, além da carne dos animais que caçavam, sendo as peles aproveitadas para a produção de suas vestimentas. Viviam em uma economia de subsistência. Na Europa e em algumas regiões do sul da América foram encontradas pinturas rupestres dentro de cavernas e também esculturas dessa época. Em outras partes do mundo, como no Brasil, foram encontradas imagens pintadas e gravadas em rochas em espaços ao ar livre. Os mais famosos sítios arqueológicos da Europa são as cavernas de Chauvet e Lascaux, na França, e de Altamira, na Espanha. As obras mais surpreendentes do Paleolítico são as imagens de animais como bisões, veados, cavalos e bois, pintadas nas superfícies rochosas das cavernas de Lascaux. As pinturas, gravações e desenhos feitos nas rochas (arte rupestre), nesse tempo, apresentavam imagens que representavam cenas de caça, mostrando a relação homem/natureza. Os animais caçados por esses homens eram bisões, bovídeos, cervos, renas, cavalos e eram representados da forma como eram vistos de determinado ângulo, ou seja, como sua visão humana os captava; os desenhos apresentavam uma visão naturalista. Ao nos perguntarmos o que levava esses homens da Pré-História a pintar esses animais em cavernas e, normalmente, em lugares de difícil acesso, encontramos uma hipótese de resposta: m seriam caçadores ou feiticeiros das tribos que dese- nhavam o animal, achando que estavam aprisionando-o ou mesmo controlando-o, adquirindo, assim, um poder sobre ele na vida real, facilitando o abate em sua caça- da. Especula-se que os povos antigos usavam desenhos e pinturas de animais como parte de algum ritual mágico voltado ao favorecimento da caça. Nessas pinturas eram utilizados materiais como óxidos de minerais, sangue e gordura de animais, carvão e vegetais, que eram triturados formando uma pasta líquida. Eles utilizavam o dedo ou pincéis feitos de pelos ou penas de animais para pintar. As pinturas eram produzidas com uma variedade restrita de cores de tons terrosos. As cores predominantes eram o vermelho e o preto. Há historiadores que defendem a ideia de que essas pessoas acreditavam que podiam capturar a alma do animal por meio da representação da imagem. Veja o que diz o historiador da arte Ernst Gombrich (1999, p.42): A explicação mais provável para essas pinturas rupestres ainda é a de que se trata das mais antigas relíquias da crença universal no poder produzido pelas imagens; dito em outras palavras, parece que esses caçadores primitivos imaginavam que, se fizessem uma imagem da sua presa, e até a espicaçassem com suas lanças e machados de pedras, os animais verdadeiros também sucumbiriam ao seu poder. 11 UNIDADE Arte da Pré-História ao Egito – Homens e Deuses Figura 3 – Pinturas rupestres na caverna de Lascaux (França), têm cerca de 17 mil anos e representam bisões, cavalos e touros, entre outros animais. A caverna contém mais de 600 pinturas. No famoso Salão dos Touros, estão quatro touros negros de até 4,9 metros de comprimento Fonte: latampa.altervista.org Homem de Lascaux (Figura 4) – Descobertas em 1940, as pinturas rupestres de Lascaux, no sudoeste da França, são considerados os mais belos exemplos de arte pré-histórica do mundo. A cena de um homem com cabeça de pássaro ao lado de um bisão que parece ter sido estripado é enigmática (Figura 4). A pintura data aproximadamente de 17000 a.C. Figura 4 – Homem de Lascaux (c. 17000 a.C.), arte rupestre, França Fonte: Wikimedia Commons Em outras pinturas, datadas aproximadamente de 15000 a.C. a 10000 a.C., nas paredes da caverna de Altamira, na Espanha, também vemos vários bisões. Nesse sítio arqueológico, a expressão artística é contextualizada por meio das tensões entre linhas e tons que representam a agonia da morte de um animal. Podemos notar que há mais que apenas a intenção de fazer um ritual de boa caça, algo como a expressão de emoções e sensações de dor. 12 13 É importante esclarecer que as ma- nifestações da arte rupestre e os ritu- ais que envolveram a linguagem da música ou da dança não aconteceram ao mesmo tempo em todas as par- tes do mundo. Cada região abrigou grupos de pessoas que foram crian- do suas linguagens e concepções de mundo diante de seus próprios con- textos culturais e ambientais. Dessa forma, a arte chamada de pré-históri- ca aconteceu de modo diferente nos continentes africano, americano e no continente europeu. Figura 5 – Imagem de um bisão na caverna de Altamira (Espanha). O local protege expressões de diferentes grupos que viveram entre 35 mil e 10 mil anos a.C. A caverna é chamada de Capela Sistina do Paleolítico Fonte: mecd.gob.es Escultura Paleolítica Encontramos também, na Pré-História, final do período Paleolítico, esculturas feitas de rocha, marfim e ossos; esculturas de figuras femininas e nuas – notamos a ausência de figuras masculinas –, destacando-se a falta de definição do rosto, gran- des seios, nádegas e ventre salientes. Uma das hipóteses mais aceitas sobre essas esculturas é que, quanto maior e mais volumosa fosse a mulher, mais fértil seria. Essas esculturas eram voltadas para rituais de magia e fertilidade. A fertilidade era a segunda função mais importante, depois da alimentação. A natalidade, para esses homens, garantia a continuidade da tribo, o crescimento humano, uma maior quantidade de homens para caçadas; portanto, garantia a sobrevivência em grupo naquele meio hostil. Entre as esculturas pré-históricas, uma das mais importantes é a chamada Vênus de Willendorf (Figura 6), encontrada na Áustria, em 1908, pelo arqueólogo Josef Szombathy. A pequena escultura mede cerca de 11 cm de altura e é datada, aproximadamente, entre os anos 28000 a.C. a 25000 a.C. Uma das característi- cas de quase todas as estatuetas de Vênus pré-históricas é a falta de traços faciais. Na de Willendorf, toda a cabeça está co- berta pelos cabelos, enfatizando, talvez, a universalidade da figura. Figura 6 – Vênus de Willendorf (28000 a.C. a 25000 a.C.), escultura em calcário; período: Paleolítico Superior Fonte: Wikimedia Commons 13 UNIDADE Arte da Pré-História ao Egito – Homens e Deuses O Fogo e a Cerâmica Quando os seres humanos dominaram o fogo, ainda no período Paleolítico, logo descobriram que podiam transformar o barro em objetos de cerâmica. A palavra cerâmica tem origem no termo grego keramikón, que significa feito de argila, de terra queimada. Essa descobertatrouxe maior segurança e conforto ao ser humano, e também abriu muitas possibilidades ritualísticas. Até os nossos dias, encontramos danças e cantos que são feitos ao redor de fogueiras. O som também parece ter existido entre os povos antigos como uma forma de transcender a realidade. Tambores de cerâmica são encontrados em várias partes do mundo. Em sua forma original, possuem a base parecida com um vaso, porém, sem fundo, tendo em sua outra extremidade a pele de um animal. O som desse instrumento, na compreensão desses caçadores, repercute como o som do animal abatido, seu choro, que podia ecoar livremente pelas florestas e planícies. Este tipo de ritual apresenta outra ideia também bem antiga, a de que tudo que é retirado da natureza deve ser respeitado e devolvido. Em cada cultura pode ter havido motivos diferentes para criar esses instrumentos, que eram feitos tanto de cerâmica, quanto de tronco de árvores. Esse tipo de instrumento ainda é confeccionado por várias culturas como, por exemplo, alguns povos africanos contemporâneos. Em 2010, foi realizada, em Portugal, a primeira Oficina de Arqueologia Experimental sobre Instrumentos Musicais Pré-Históricos, em Portalegre, com apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia e Fundação Calouste Gulbenkian, ambas daquele país. A capacitação, ministrada pelo professor francês François Moser, proporcionou a construção de instrumentos musicais segundo modelos pré-históricos, tendo como base objetos encontrados em pesquisas arqueológicas efetuadas na Europa. Foram ensinadas técnicas básicas para a modelagem de objetos em argila, além da preparação e o corte das peles. http://zip.net/byty4z Figura 7 – Tambor de argila e pele produzido na Oficina de Arqueologia Experimental sobre Instrumentos Musicais Pré-Históricos, realizada, em 2010, em Portugal Fonte: musicaplena.com Ex pl or 14 15 Cerâmica “Abstrata” – Período Neolítico No período Neolítico (10000-5000 a.C.), também chamado de Idade da Pedra Polida, os homens desenvolveram a técnica de produzir instrumentos e armas com pedras polidas por atrito, além de desenvolver técnicas para torná-las mais afiadas. O homem substituiu sua vida nômade por uma vida fixa em lugares próximos a fontes de água, como rios, córregos, onde as terras eram mais férteis. Começaram a cultivar vegetais e a domesticar os animais. A sedentarização aumentou o número de habitantes e possibilitou o desenvolvimento de um núcleo familiar mais sólido, com divisões de tarefas. Desenvolveram-se as primeiras técnicas de tecelagem com o linho, lã e algodão, para substituir as pesadas peles dos animais. A cerâmica já era conhecida, mas houve o desenvolvimento de novas técnicas e estilos, para a produção de objetos que serviam para armazenamento de alimentos e como urnas funerárias. Moradias passaram a ser feitas nesse período, marcando o nascimento da Arquitetura. Os artefatos de pedra tinham, agora, um requinte técnico cada vez maior e os recipientes de argila passaram a ser decorados com desenhos ornamentais abstratos. A pintura rupestre de caráter naturalista do período Paleolítico foi substituída por um estilo mais simples e geométrico. Isso ocorreu no mundo todo, mas em momentos diferentes. Figura 8 – Vaso de cerâmica, fi nal do período Neolítico (10000-5000 a.C.), encontrado na Espanha Fonte: museuprehistoriavalencia.es Cerca de 6000 a.C., um novo estilo de arte rupestre surge nas proximidades do Mediterrâneo Ocidental, como resultado dos contatos dos caçadores nômades com as culturas avançadas do Oriente Médio. Ao velho repertório de figuras animais vieram juntar-se figuras humanas derivadas das culturas contemporâneas, embora devam sua especial elegância, quanto ao movimento, aos próprios caçadores. No período Neolítico, os homens não tinham tanta preocupação com as caçadas, pois já haviam domesticado os animais. Desta forma, as pinturas dessa época têm a ver com a representação do cotidiano do grupo: festas, celebrações e outras ações coletivas. E o tipo de representação se torna mais estilizado, mais simplificado e praticamente monocromático. A escultura continuou a representar figuras femininas relacionadas ao culto deusa-mãe. 15 UNIDADE Arte da Pré-História ao Egito – Homens e Deuses Figura 9 – Dança de Cogul (período Neolítico, 10000-5000 a.C.), pintura rupestre. Caverna de Cogul, Espanha Fonte: Wikimedia Commons Idade dos Metais No período denominado Idade dos Metais (c. 5000 a.C. até o surgimento da escrita, cerca de 4000 a.C.), ocorreu a transição da Pré-História para a História. Com a habilidade de dominar o fogo, o homem pré-histórico começou, de maneira rudimentar, a fundir os primeiros metais, tais como o cobre, estanho, bronze e, posteriormente, o ferro, que exigia uma temperatura mais elevada para sua fusão, como também técnicas mais aprimoradas. O primeiro tipo de metal utilizado foi o cobre, logo depois o estanho. Por volta de 3000 a.C., com a junção desses dois metais, é criado o bronze. O ferro só apareceu em torno de 1500 a.C. Com o ferro passaram a fazer armas muito mais resistentes. Datam dessa época o aparecimento das cidades-estados na Mesopotâmia e na Índia e a formação dos reinos do Alto e Baixo Egito. Nas artes, faziam esculturas em moldes de barro e cera, muito mais detalhadas e bem feitas, que representavam guerreiros e mulheres, estas com maior variedade. Esculturas de metal foram encontradas sobretudo na Escandinávia e na Sardenha. A técnica da forma de barro consiste em fazer uma forma com esse material, dentro da qual era despejado o metal já derretido em um forno. Depois do esfriamento do metal, a forma era quebrada, obtendo-se, então, uma escultura com o formato anteriormente dado ao barro. 16 17 Já a técnica da cera perdida começava com a construção de um modelo em cera que era, depois, revestido de barro e aquecido, tendo-se o cuidado de deixar nele um orifício. Com o calor do barro, a cera derretia e escorria pelo orifício, obtendo- se, assim, um objeto oco. Depois, por esse mesmo orifício, preenchia-se o objeto com metal fundido. Quando este esfriava e endurecia, quebrava-se o molde de barro: dentro dele encontrava-se a escultura em metal, igual à que o artista havia moldado em cera. Importante! Esculturas de bronze de cerca de sete mil anos foram encontradas no sítio arqueológico de Plocnik, no sul da Sérvia, a cerca de 300 km da capital Belgrado, em 2012. Os objetos pertencem a um povoado que viveu na região dos Bálcãs durante o período Neolítico, por volta de 5300 a.C. Segundo os arqueólogos, as descobertas indicam que essas tribos já processavam bronze, cobre e outros metais antes do período que havia sido previsto. Importante! Figura 10 – Pequena escultura feminina em bronze (c. 5300 a.C.) encontrada em Plocnik (Sérvia), Idade do Bronze Fonte: Wikimedia Commons Arte Pré-Histórica no Brasil A produção artística pré-histórica no continente americano é mais recente do que a europeia. No Brasil há diversos locais com arte rupestre: Naspolini, em Santa Catarina; Diamantina e Varzelândia, em Minas Gerais; e Parque Nacional Serra da Capivara, no Piauí. As pinturas rupestres aqui ocorreram de 6000 a.C. a 1000 d.C., mas essas datas estão sendo ainda investigadas e há muitas pesquisas em andamento. 17 UNIDADE Arte da Pré-História ao Egito – Homens e Deuses O Parque Nacional Serra da Capivara, localizado no sudoeste do Piauí, foi criado em 1979, para preservar vestígios arqueológicos da mais remota presença do homem na América do Sul. Por sua importância, a Unesco o inscreveu na Lista do Patrimônio Mundial em 13 de dezembro de 1991, e também na Lista Indicativa brasileira como patrimônio misto. As análises e datações dos vestígios encontrados no local confirmam a antiguidade da presença humana no continente americanoe a importância desse patrimônio. O conjunto de sítios arqueológicos oferece datações recuadas temporalmente, que revolucionaram as teorias clássicas das rotas de entrada do homem nas Américas pelo estreito de Behring. Segundo estudos produzidos, toda a área do parque foi ocupada por grupos de caçadores-coletores e, posteriormente, por ceramistas-agricultores. As descobertas realizadas no Sítio Arqueológico Boqueirão da Pedra Furada, por exemplo, levan- taram a hipótese de que o homem poderia ter vivido, nesse local, há 60 mil anos. Na maioria dos sítios arqueológicos do parque, as pinturas rupestres são antropo- mórficas (semelhantes ao homem), apresentando-se como temática dominante. (11) (12) (13) Figuras 11, 12 e 13 – O Parque Nacional da Serra da Capivara tem mais de 30 mil pinturas rupestres, espalhadas por paredões de rochas sedimentares de arenito. O Baixão do Perna abriga um cânion com 40 metros de altura e três sítios arqueológicos abertos à visitação. Atração mais visitada do parque, o Baixão da Pedra Furada tem como principal sítio o Boqueirão da Pedra Furada, onde foram encontrados vestígios de uma fogueira de 50 mil anos Fonte: Wikimedia Commons 18 19 Importante! Um estudo realizado no Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí, por pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) e da Universidade de Oxford (Grâ-Bretanha), publicado na prestigiada revista científi ca Nature, em 2016, mostra que macacos-prego do parque nacional são capazes de criar ferramentas, o que antes imaginava-se que só humanos fariam. Com a descoberta, artefatos encontrados em sítios arqueológicos e considerados como prova de ocupação humana podem ter sido feitos, na verdade, por macacos. O estudo mostrou que macacos-prego da região deliberadamente usam pedras para conseguir frutos, cavar em busca de aranhas ou retirar líquidos com minerais de outras pedras. Quando batem as pedras em busca de líquido, surgem por acaso lâminas de pedra semelhantes aos antigos objetos afi ados utilizados como ferramentas pelos primeiros humanos. Figura 14 – Artefatos de pedra lascada datados de cerca de 14000-10000 anos, Museu do Homem Americano, São Raimundo Nonato (PI) Fonte: naturezabrasileira.com.br Importante! Cerâmica Marajoara – A Mais Antiga Os objetos encontrados no Brasil espelham os costumes e crenças dos povos que aqui habitaram. Entre eles estão desenhos, relevos zoomórficos ou antropomórficos, objetos utilitários e ritualísticos, além de esculturas com padrões geométricos. Muitas peças eram coloridas. O branco era conseguido através do barro líquido de caulim, já os tons escuros eram feitos com tinta de jenipapo, uma fruta típica da América tropical. A cultura Marajoara (Pará) foi a que alcançou o maior nível de complexidade social na pré-história brasileira. Essa complexidade se expressa também na sua produção cerâmica, tecnicamente elaborada, caracterizada por uma grande diversidade de formas e decorada com esmero. Produzida pelos índios que habitavam a ilha de Marajó, na foz do rio Amazonas, data de 400 d.C. a 1350 d.C., período também conhecido como pré-cabralino, ou seja, antes da chegada de Pedro Álvares Cabral às terras brasileiras. 19 UNIDADE Arte da Pré-História ao Egito – Homens e Deuses A produção dessa época é conhecida também como Fase Marajoara, uma vez que a ilha teve muitas produções de cerâmica em diversos outros momentos. É considerada a mais antiga arte cerâmica do Brasil. A cerâmica dessa fase é muito conhe- cida pela elaboração sofisticada de ob- jetos utilitários, ritualísticos e de decora- ção. Entre os objetos encontrados pelos arqueólogos estão potes, vasilhas, pratos, vasos, urnas funerárias, tangas, estatue- tas e brinquedos. A decoração desses objetos combina pintura, incisões e modelados que repre- sentam figuras antropomórficas e zoo- mórficas (forma de animais) e padrões geométricos – labirínticos, repetitivos, gráficos e simétricos. Entre os animais mais representados estão os da fauna amazônica como a serpente e o macaco. Figura 15 – Tanga em cerâmica Marajoara (s/d) com padrões geométricos. Acervo MAE/USP. Foto Wagner de Souza e Silva Fonte: Acervo MAE/USP Os povos dessa fase (a quarta na sucessão das culturas da ilha) vieram do noroeste da América do Sul e chegaram à Ilha de Marajó, por volta de 400 d.C. Na região centro-oeste do local, a qual ocuparam, construíram habitações, cemitérios e locais ritualísticos. Nessa fase, as cerâmicas podiam ser de uso doméstico, cerimonial ou para funeral: a) Cerâmica doméstica – Como serviam apenas para guardar mantimentos, eram simples e não apresentavam a superfície decorada. Figura 16 – Vaso de cerâmica Marajoara (400 d.C a 1400 d.C). Pintado em preto e branco com motivos geométricos espiralados e ondulantes, este vaso apresenta um padrão decorativo associado ao movimento das águas, que se repete em outros suportes Fonte: museunacional.ufrj.br b) Cerâmica cerimonial – Eram utilizadas para uso festivo ou homenagens fúnebres. Bem decoradas, eram caracterizadas por apresentar desenhos bi ou policromáticos (com duas ou várias cores) com cortes na cerâmica ou em alto relevo. 20 21 Figura 17 – Vaso de cerâmica Marajoara (400 d.C a 1400 d.C). Nesta peça de uso cerimonial aparece em relevo o tema das duas serpentes – recorrente na iconografi a Marajoara, talvez relacionado a algum mito – conformando uma face humana. As duas cabeças representam os olhos. Seus corpos compõem as típicas sobrancelhas em V. Um botão na junção das duas caudas confi gura o nariz. O bojo, banhado de branco, é decorado com formas geométricas incisas Fonte: museunacional.ufrj.br c) Cerâmica funeral – Também chamadas de igaçabas. Essas urnas mortuárias eram decoradas com desenhos labirínticos. Figura 18 – Urna funerária de cerâmica Marajoara (400 d.C a 1400 d.C). Com pintura em vermelho sobre fundo branco, apresenta o corpo profusamente decorado, com variações em torno da fi gura humana estilizada e de motivos geométricos. Urnas funerárias elaboradas como esta, em geral contendo objetos de prestígio em seu interior, provavelmente destinaram-se a indivíduos de status social diferenciado na sociedade Marajoara Fonte: museunacional.ufrj.br Além da cerâmica, os marajoaras produziam bancos, colheres, apitos, adornos para orelha e lábios e estatuetas humanas, que chamam a atenção por serem pouco realistas e mais estilizadas, ou seja, sem preocupação com a fidelidade à realidade. Até hoje se discute a função dessas obras, se eram decorativas ou cerimoniais. Essa fase acabou bem antes da expedição cabralina e, em 1350, já estava em declínio por uma fusão ou expulsão de povos que chegaram àquela região. 21 UNIDADE Arte da Pré-História ao Egito – Homens e Deuses A Sofisticação da Cerâmica de Santarém As cerâmicas de Santarém, no Pará, feitas pelos índios Tapajós, ao longo da margem direita do rio Amazonas, também são muito famosas. Esses objetos têm um estilo bastante elaborado, conjugando desenhos feitos por incisões, pinturas, relevos e apliques com elementos geométricos, formas humanas e de animais. En- tre as figuras mais recorrentes de animais estão o jacaré, a cotia, o macaco, o mor- cego, o gavião e o urubu. O auge de sua produção data de 500 d.C. a 1500 d.C. Figura 19 – Fragmentos de peças de cerâmica de Santarém (Pará) Fonte: iphan.gov.br Figura 20 – Vaso de cerâmica de Santarém (Pará), possivelmente para água, representan do uma onça-pintada lambendo um pequeno animal, que pode ser seu próprio filhote. Na parte superior, formando um gargalo, apresenta um rosto humano duplo Fonte: iphan.gov.br 22 23 A produção cerâmica de Santarém pode ser dividida da seguinte maneira: a) Vasos de cariátides – Pequenos vasos, em forma de taça, simétricos e divididos emduas partes. A parte de cima é sustentada por três figuras femininas, as cariátides – do grego, figura feminina esculpida servindo como suporte. Nas bordas da parte superior estão afixadas outras figurações. Figura 21 – Vaso de cariátide da região de Santarém (Pará) Fonte: historiajaragua.com.br b) Vasos de gargalo – Vasos fechados com gargalo cônico e com uma parte central da qual saem duas abas ou asas compostas com cabeças de animais, sobre as quais estão apoiados outros animais. Figura 22 – Vaso de gargalo da região de Santarém (Pará) Fonte: eba.ufmg.br c) Estatuetas – Apresentam grande variedade de formas antropomórficas (semelhantes ao homem) ou zoomórficas (forma de animais). Elas podem ser ocas, maciças, ou com partes ocas e partes maciças. Os personagens estão nus e são, na maioria das vezes, do sexo masculino. 23 UNIDADE Arte da Pré-História ao Egito – Homens e Deuses Figura 23 – Estatueta antropomorfa da região de Santarém (Pará) Fonte: impressionismodombosco.webnode.com Diferentemente das estatuetas marajoaras, as da cultura Santarém apresentam maior realismo, pois reproduzem mais fielmente os seres humanos ou animais que representam. A cerâmica de Santarém, refinadamente decorada com elementos em relevo, perdurou até a chegada dos colonizadores portugueses. Mas, por volta do século XVII, os povos que a realizavam foram perdendo suas peculiaridades culturais e sua produção acabou por desaparecer. Caverna das Mãos – Argentina No continente americano, podemos citar muitos outros sítios arqueológicos, mas um, em especial, chama a atenção por suas formas particulares, criadas aproximadamente há 7300 a.C., a Caverna das Mãos, na Patagônia, Argentina. Nesse local há milhares de marcas de mãos em negativo, uma técnica de execução simples que consistia em encostar uma das mãos na parede da caverna e soprar, através de um canudo de osso, a área em volta da mão com uma mistura de pó de argila, pó de carvão e pó de pigmentos naturais, obtendo, assim, a silhueta da mão. A Caverna das Mãos provoca nossa reflexão e leva-nos a perguntar: por que essas pessoas quiseram deixar essas marcas? Talvez fosse importante para esse grupo deixar o registro de sua presença. A caverna foi classificada como Monumento Histórico Nacional Argentino. Em 1999, passou a ser considerada Patrimônio Mundial pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). 24 25 Figura 24 – Arte rupestre na Caverna das Mãos (Argentina) Fonte: historiadopensamento.com.br Nasce a Civilização A civilização nasceu na Mesopotâmia – vale entre os rios Tigre e Eufrates, atual Iraque –, onde foram inventados a roda, a agricultura, os veículos, as cidades, a escrita, o direito, a medicina, a filosofia, a matemática e a astronomia. A arte mesopotâmica estava ligada aos deuses, que, acreditava-se, protegiam essas primeiras cidades-estados. A Mesopotâmia abrigava Suméria, Acádia, Babilônia, Assíria, entre outras. Com o domínio territorial de algumas comunidades, o desenvolvimento do homem e o crescimento populacional apareceram as primeiras cidades. Em uma sociedade com uma economia crescente, em que passou a haver a necessidade de se contabilizar todos os produtos produzidos e vendidos, os impostos e os pagamentos, surgiu a escrita. Mas não serviu apenas a esse fim. A escrita foi se desenvolvendo durante muito tempo, baseada em antigas tradições e desenhos simbólicos e ideografias. A escrita cuneiforme foi criada pelos sumérios em torno de 4000 a.C. e adotada pelos povos da Mesopotâmia. Os hieróglifos dos egípcios surgiram por volta de 3200 a.C. A importância da escrita está na conservação de registros e sua propagação durante gerações. 25 UNIDADE Arte da Pré-História ao Egito – Homens e Deuses A escrita cuneiforme era feita verti- calmente, assim como a leitura era de cima para baixo e da esquerda para a direita, em placas de argila com objetos pontiagudos, em forma de cunha. As placas eram queimadas em fornos para que o registro ficasse impresso de forma permanente. A escrita marcou uma mu- dança importante no rumo da história. A partir desse momento os povos passa- ram a ter registros escritos de suas histó- rias, além da possibilidade de transmitir os conhecimentos. Figura 25 – Escrita cuneiforme em placa de argila Fonte: doslourdes.net Os sumérios, que surgiram por volta de 4000 a.C., foram pioneiros em criar as placas de argila e tornaram-se, igualmente, os primeiros a registrar suas histórias nesse material. Foi nesse local que se desenvolveu a escrita e outros aspectos de civilizações antigas como a urbanização. Seus artesãos produziram admiráveis objetos de cerâmica e metal, além de esculturas. Figura 26 – Estandarte de Ur – Pesquisadores acreditam que não se trata de um estandarte militar, mas da caixa de som de um instrumento musical (2600-2400 a.C.); madeira, mármore, lápis-lazúli, calcário vermelho e conchas (0,21 m x 0,49 m) Fonte: khanacademy.org A Antiguidade Na história da humanidade, o período denominado de Antiguidade se estende desde a invenção da escrita (de 4000 a.C. a 3500 a.C.) até a queda do Império Romano do Ocidente (476 d.C.). 26 27 O conhecimento cerâmico adquirido nos tempos da Pré-História contribuiu para a construção de cidades inteiras de barro, como os palácios de tijolos, os jardins suspensos da Babilônia e os zigurates da Mesopotâmia. Os zigurates eram construções erguidas em tijolos de barro secos ao sol com o formato de pirâmide em degraus; possuíam várias funções, como local para cuidar de pessoas doentes, guardar alimentos e ter vida social. Porém, a função mais signi- ficativa era religiosa. Acreditava-se que eram a morada dos deuses e, por essa razão, apenas os sacerdotes podiam ter acesso a certos locais dentro dessas construções. Esse tipo de construção feita de tijolos, que têm origem por volta de 2500 a.C., perderam-se com o tempo, existindo nos dias de hoje poucos exemplares. Figura 27 – O bem preservado zigurate de Ur (Templo da Lua), no Iraque. Essa construção foi a primeira do tipo a ser descoberta e teria sido erguida entre 2113 e 2096 a.C. por ordem do rei sumério Ur-Nammu. Detêm 21 m de altura por 62,5 m x 43 m em suas bases Fonte: museudeimagens.com.br Algumas construções, como palácios e muralhas de cidades, ainda permanecem, outras foram reconstruídas na nossa era. Fato é que essas construções em tijolos de barro e ladrilhos cozidos e esmaltados deixaram exemplos do pensamento mítico dos povos da Antiguidade. A Porta de Ishtar (Figura 28), dedicada a uma deusa de mesmo nome, é uma das espetaculares portas para a entrada da Babilônia. A arte dos povos que habitaram a região da Mesopotâmia é rica e apresenta muita relação com o sagrado. São esculturas de deuses e deusas, templos e construções que marcaram a vida social e religiosa, além da arte como forma de expressar essas ideias por meio de danças, músicas e imagens. 27 UNIDADE Arte da Pré-História ao Egito – Homens e Deuses Figura 28 – Construído por volta de 575 a.C. a mando do rei Nabucodonosor II, na Babilônia, a Porta de Ishtar tornou-se a principal entrada da cidade e foi dedicado à deusa acádia Ishtar, que representa a fertilidade Fonte: Wikimedia Commons Figura 29 – Uma das criaturas que estão representadas na Porta de Ishtar: partes de leão, pássaro e serpente. Representa Marduk, divindade protetora da nação (605-562 a.C.), tijolos de terracota esmaltados (1,16 m x 1,67 m) Fonte: Wikimedia Commons As obras de arte mais notáveis dos babilônios são relevos de animais, que eles produziam sobre tijolos esmaltados policrômicos. As figuras eram modeladas em um painel de argila molhada, recortado depois em tijolos e queimado como os exemplares que adornam a Porta de Ishtar. Egito – A Arte para os MortosA civilização egípcia desenvolveu-se às margens do fértil vale do rio Nilo, que, em suas frequentes cheias, irrigava o solo e nutria-o com o húmus, tornando as terras mais férteis no noroeste da África, em contraste com o deserto. Com a construção de canais e diques, aprimoraram e enriqueceram a agricultura. O império foi dividido em Baixo Império, no norte, e Alto Império, no sul. Esses dois reinos eram representados, respectivamente, por uma coroa vermelha e outra branca. 28 29 A história egípcia divide-se tradicionalmen- te em períodos: Pré-Dinástico, que começou por volta de 4000 a.C., quando pequenos es- tados foram estabelecidos em torno da eco- nômica agrícola, artesanato e uso de metais; Antigo Império (2647-2124 a.C.), marcado pela construção da Esfinge e das pirâmides de Gizé; Médio Império (2040-1648 a.C.), quando houve um enfraquecimento do poder e a invasão dos hicsos e Novo Império (1540- 1069 a.C.), com os tesouros e o túmulo de Tutankamon e os monumentos a Ramsés II. Foi a religião que, durante toda a história da civilização egípcia, ditou as regras sociais, políticas, econômicas e artísticas. Os sacer- dotes exerciam uma grande influência na to- mada de decisões em todas as esferas da so- ciedade. Na pirâmide social estavam no topo, ficando apenas abaixo do faraó. Tinham to- dos os tipos de privilégio: poder, educação, cargos religiosos e administrativos. Figura 30 – Máscara funerária de Tutankamon (c. 1324 a.C.), ouro. Foi colocada sobre a cabeça e os ombros da múmia do faraó Fonte: Wikimedia Commons Os egípcios eram politeístas, acreditavam em vários deuses e nos rituais religiosos que possibilitavam o caminho para a felicidade na vida e a existência depois da morte. A sociedade se desenvolveu focada em crenças e mitos. Realizavam várias festas e oferendas para garantir boas colheitas, vitória nas guerras e felicidade na vida terrestre. Cada cidade egípcia tinha um deus protetor e um templo em sua homenagem. Porém, existiam deuses que eram venerados por todo o Egito, como o deus Amon Rá, deus-sol; Osíris, o primeiro deus-rei a governar o Egito (Figura 31); Ísis, esposa de Osíris; Hórus, o deus falcão protetor dos faraós; Hathor, deusa do amor e da fecundidade, entre muitos outros. Os deuses eram representados de diversas formas: antropomórfica (humana), zoomórfica (animal) ou antropozoomórfica (humana e animal). Figura 31 – Osíris, considerado o senhor da morte e o deus da vegetação. É representado geralmente na cor verde, com uma coroa branca, barba postiça e com braços sobre o peito, segurando dois cetros Fonte: Wikimedia Commons 29 UNIDADE Arte da Pré-História ao Egito – Homens e Deuses Cada deus tinha uma função e um papel na cultura egípcia. Os deuses eram representados na forma humana, de animais ou ainda, na forma antropozoomórfica, meio humano e meio animal, de maneira a emprestar qualidades ao deus representado, como por exemplo o deus Anúbis. Com cabeça de chacal, tem como característica a esperteza noturna e tem um papel importante na preparação dos mortos. Hórus, com cabeça de falcão tem a .capacidade de voar e proteger o faraó e sua família. Toth, com cabeça de íbis, uma ave sagrada que representa a sabedoria e a cura e por essa razão é o patrono dos escribas. Deuses e a Vida após a Morte A arte egípcia tinha como tema central os deuses e a vida após a morte, além da representação dos faraós e das pessoas de famílias com grande poder aquisitivo. A arte obteve papel de destaque na dança, na música, na construção de imagens, objetos, esculturas e arquitetura. Os artistas tinham papel de construtores e transmissores de normas e técnicas que foram empregadas durante muito tempo nessa civilização. No entanto, dizer que arte egípcia foi exatamente a mesma em todas as épocas de sua existência seria reduzir a grandeza da produção artística dessa civilização. Mesmo em sociedades rígidas ou fechadas, a cultura nunca é estática, está sempre em movimento, mesmo que ocorra em ritmos suaves ou haja rupturas. Figura 32 – Ornamento com olho de Hórus – Denominado também de Udjat (olho direito) e Wedjat (olho esquerdo), o olho de Hórus na mitologia egípcia é um símbolo sagrado que representa o sol (olho direito) e a lua (olho esquerdo), enquanto os dois olhos juntos (Udjat/Wedjat) simbolizam todo o Universo e também as forças da luz. Tornou-se um símbolo de proteção e força, talvez o mais conhecido e utilizado no Egito, usado para conceder poderes curativos Fonte: Wikimedia Commons 30 31 Figura 33 – Representação gráfi ca do olho de Hórus ou Udjat/Wedjat Fonte: Wikimedia Commons Pintura Egípcia As imagens pintadas seguiam algumas normas conhecidas como Lei da Frontalidade. A preocupação era apresentar toda a figura, com o tronco pintado sempre de frente e a cabeça, pernas e pés na posição de perfil. A profundidade não era uma preocupação nessas imagens, que mostravam as figuras de modo mais plano. Os tons de cores também não apresentavam volumes, e sim uma imagem mais chapada. A proporção entre os indivíduos também era marcada pelo tamanho, conforme o seu grau de importância na sociedade. Figura 34 – O jardim de Nebamum (c. 1350 a.C.), pintura mural (0,98 m x 0,83 m). A pintura mostra a mistura de realismo e estilização típica da arte egípcia Fonte: Wikimedia Commons 31 UNIDADE Arte da Pré-História ao Egito – Homens e Deuses Para representar seus deuses, cenas e narrativas, as cores usadas eram carregadas de simbolismo. Veja, no quadro, as cores e seus significados na arte egípcia: As cores e seus significados na arte egípcia Preta Mostrava a noite e podia estar ligada à oportunidade de renascimento, uma vez que lembrava as terras negras e férteis do rio Nilo. Branca Estava ligada aos tons mais claros do linho e representava a pureza, a verdade, entre outras significações. Vermelha Tinha significados múltiplos e podia estar ligada à energia sexual, a deuses mais sanguinários e até à morte nas áreas vermelhas e quentes do deserto. Amarelo/Ouro Era usada para estabelecer ligações entre o sol e a terra, e significava também o brilho da esperança por uma vida eterna e rica. O ouro era matéria nobre para representar seus deuses, faraós... Verde Era usada como símbolo da existência. Azul Era a espiritualidade e o eterno fluxo entre a vida que se tinha e o sonho na projeção de uma vida espiritual na existência da eternidade. Somente uma vez, nesses quatro milênios, os egípcios abandonaram o politeísmo. O faraó Amenofis IV, cerca de 1370 a.C., instituiu uma grande reforma religiosa, tornando Aton o único deus de seu povo. Porém, após sua morte, os sacerdotes obrigaram o novo faraó, Tutankamon, a regressar ao politeísmo. Figura 35 – Julgamento de um homem (c. 1275 a.C.), pintura em papiro (0,45 m x 0,31 m). Um homem chamado Any está parado à esquerda, ao lado da mulher, vendo seu coração (sede do caráter e intelecto) ser pesado em uma balança. No outro lado (direita, na imagem), está a pena da verdade, símbolo de Maat (ordem divina). O pássaro de cabeça humana, que representa o espírito do homem que está sendo julgado, observa a pesagem. Quem faz a pesagem é Anúbis, o deus de cabeça de chacal Fonte: oxlackinvestigaciones.com 32 33 Escultura Egípcia Na escultura egípcia do Antigo Império, o escultor buscava aspectos essenciais e simples do morto, uma geometrização das feições. Já no Médio Império, verificamos um realismo maior nas feições das pessoas, sobressaindo características mais pessoais e marcantes. No Novo Império nota-se uma maior sensibilidade e delicadeza nos traços das feições feitas pelos escultores, porém manteve-se o rigor geométrico das esculturas e certo realismo. Figura 36 – Paleta do Rei Narmer (c. 3000 a.C.), ardósia (0,64 m de altura).Representa a vitória do rei Narmer do Alto Egito sobre o Baixo Egito. A paleta era um tipo de placa cerimonial Fonte: khanacademy.org Figura 37 – À esquerda o anverso da Paleta do Rei Narmer (c. 3000 a.C.) e, à direita, o verso com a simbologia desenhada Fonte: history.wikireading.ru Anverso – No centro, Narmer, com a coroa do Alto Egito, agarra um inimigo pelos cabelos e está prestes a matá-lo com sua clava. Outros dois inimigos estão colocados na parte inferior da paleta. No mesmo espaço vemos uma pequena forma retangular próxima ao inimigo que está à esquerda, que representa uma cidade fortifi cada. Na parte superior, à direita, uma escrita pictográfi ca com um falcão sobre uma moita de papiro presa a uma cabeça humana que “cresce” a partir do mesmo solo da planta. Narmer está descalço; um ofi cial da corte, atrás dele, carrega as sandálias do rei. Isso indica que Narmer está pisando em solo sagrado. 33 UNIDADE Arte da Pré-História ao Egito – Homens e Deuses Verso – Na parte superior (dos dois lados), vemos Hathor com cabeça de vaca, a deusa do amor. Logo abaixo, vemos Narmer passando em revista seus inimigos. No mesmo nível, estão inimigos atados e degolados. Na parte central da paleta, vemos monstros entrelaçados que simbolizam a harmonia e a união das terras. Na parte inferior, um touro – que representa o poder do rei – ataca uma cidade fortificada. Figura 38 – Busto da rainha Nefertiti (c. 1340 a.C.), calcário pintado (0,5 m de altura) Fonte: Wikimedia Commons Figura 39 – A demonstração de poder e de autoridade do faraó é um dos temas preferidos da arte egípcia. Nesta cena, Ramsés II segura um sírio, um líbio e um núbio pelos cabelos. Como figura principal da composição, ele é esculpido e pintado em escala maior que os prisioneiros (1297-1185 a.C.), pintura em calcário Fonte: Egyptian Museu, Cairo - National Geographic Image Collection Nas esculturas, a figura humana, em geral, aparece sentada ou em pé, apresentando uma postura bastante rígida, com olhos fixos, olhando para frente. As figuras são, principalmente, faraós e deuses olhando de modo sereno para o infinito, imóveis e imunes ao tempo. As composições são simétricas. O homem, na maioria das vezes, segura em sua mão algum objeto. A abordagem cúbica da forma humana pode ser claramente observada na escultura egípcia como, por exemplo, em Miquerinos e sua esposa (Figura 40): O artista deve ter começado por delinear os planos frontal e lateral nas superfícies de um bloco retangular, e, em seguida, trabalhado para dentro, até que esses planos se encontraram. Só desse modo ele poderia ter obtido figuras de uma firmeza e imobilidade tridimensionais tão intensas... Ambas estão com o pé esquerdo para diante, e todavia nada leva a pensar em um movimento para frente. (JANSON, 1996, p.25) 34 35 Figura 40 – Miquerinos (ou Menkauré, em egípcio antigo) e a sua esposa, a rainha Khamerernebti II, IV Dinastia (c. 2480 a.C.). Basalto Fonte: Wikimedia Commons Figura 41 – Tríade de Menkauré: deusa Hathor, rei Menkauré e deusa Bat, respectivamente; IV Dinastia (c. 2500 a.C.) Fonte: Wikimedia Commons Existia uma regra para o uso das cores: os homens eram representados com um tom de pele mais escuro e avermelhado para indicar poder e energia, já a pele e as vestes brancas da mulher indicavam pureza, como podemos ver em Príncipe Rahotep e sua esposa Nofret (Figura 42): O casal deve sua admirável aparência de seres vivos ao colorido expressivo, que deve ter compartilhado com outras estátuas semelhantes, mas que apenas em alguns casos sobreviveu completamente intacto. A cor mais escura do corpo do príncipe não tem uma importância individual; trata-se da forma padronizada de pele masculina da arte egípcia. Os olhos foram embutidos em quartzo brilhante, para torna- los mais vivos possível, e a qualidade de retrato dos rostos é bastante acentuada. (JANSON, 1996, p.25) 35 UNIDADE Arte da Pré-História ao Egito – Homens e Deuses Figura 42 – Príncipe Rahotep e sua esposa Nofret (c. 2580 a.C.), calcário pintado (1,20 m de altura) Fonte: Wikimedia Commons (a) (b) Figura 43 – Detalhes dos rostos de Nofret (a) e do príncipe Rahotep (b) na escultura Príncipe Rahotep e sua esposa Nofret (c. 2580 a.C.), calcário pintado (1,20 m de altura) Fonte: Wikimedia Commons 36 37 O realismo, a perfeição ou as proporções exatas não eram valorizadas. O que realmente importava era uma representação clara do objeto, paisagem ou pessoa, que não gerasse dúvida no seu reconhecimento. A finalidade era a identificação desses elementos pelos deuses e sua consequente preservação no outro mundo. O tamanho dos personagens era determinado pela hierarquia, ou seja, conforme sua classe social ou mesmo sua importância perante a sociedade. Ao andar pelas ruinas históricas do Egito, vemos, em paredes de antigos palácios, habitações e túmulos, relevos que mostram as crenças e o cotidiano desse povo. Há músicos e dançarinas, sons e movimentos capturados em imagens na pedra; são manifestações culturais de uma sociedade que deixou marcas significativas no tempo, motivando muitas pessoas a continuar decifrando os mistérios do Egito. Arquitetura dos Deuses Os egípcios demonstraram grande conhecimento da matemática, que foi usado na construção das pirâmides e templos, e também da medicina, empregado na mumificação de corpos humanos. Na arquitetura do Egito antigo, predominam os templos, construídos no lado leste do rio Nilo, considerado o lado da vida, pois é o lado em que o sol nasce. Esse tipo de construção tinha a finalidade de servir de residên- cia ao faraó e também às famílias abastadas. Também eram locais de adoração e eram dedicados a um Deus. Eram formados por colunas de grande diâmetro e se caracterizavam por seu capitel (extremidade superior de uma co- luna, pilar ou pilastra). Veja os ti- pos de colunas egípcias conforme seus capitéis: a) Palmiforme – Colunas com capitéis inspirados na folha da palmeira. b) Papiriforme – Colunas com capitéis inspirados nas flores do papiro. Há o pa- piriforme aberto (quando as pétalas do papiro estão abertas) e papiriforme fe- chado (quando as pétalas do papiro estão fechadas). Figura 44 – Coluna egípcia palmiforme Fonte: Wikimedia Commons 37 UNIDADE Arte da Pré-História ao Egito – Homens e Deuses (a) (b) Figura 45 – Coluna egípcia com capitel papiriforme aberto (a), e papiriforme fechado (b) Fonte (a): Wikimedia Commons Fonte (b): Museum of Fine Arts c) Lotiforme – Inspirada na flor de lótus, com suas pétalas fechadas. O tronco da coluna reproduz vários caules atados por um laço. No lado oeste do rio Nilo, encon- tram-se as obras arquitetônicas egíp- cias mais conhecidas e famosas: as pirâmides. Elas estão no lado em que o sol se põe, o que simbolicamente para eles representava o lado da mor- te. Era para esse lado do rio que as pessoas iam depois de sua morte. Os que tinham dinheiro, iam para as pi- râmides construídas para essa finali- dade, juntamente com muitos objetos de valor. Eles acreditavam que tudo que estivesse ali seguiria com eles para uma outra vida, que os aguarda- va após a morte. Entre as pirâmides mais famosas estão Quéops, Quéfren e Miquerinos, localizadas no deserto de Gizé e cons- truídas pelos reis da IV dinastia (Anti- go Império, 2647-2124 a.C.). Figura 46 – Coluna egípcia com capitel lotiforme Fonte: Wikimedia Commons 38 39 Figura 47 – As pirâmides de Quéops, Quéfren e Miquerinos, no deserto de Gizé Fonte: Wikimedia Commons Pessoas com pouco poder aquisitivo pagavam, durante toda sua vida, um espaço em construções mais simples, e os escravos eram destinados a valas comuns. Ainda assim, todos eram levados para o lado oeste. Esculpida junto à pirâmide de Quéfren, a maior das esfingesdo planeta é uma escultura arquitetônica e foi completamente talhada em única e gigantesca rocha, detendo, ainda, o título de mais antiga construção do gênero. As esfinges representam uma figura antropozoomórfica, que tem cabeça de homem e corpo de leão. Eram colocadas para proteger espaços sagrados com a inteligência do homem e a força do leão. Figura 48 – Esfi nge de Quéfren, junto à pirâmide homônima, no deserto de Gizé Fonte: Wikimedia Commons 39 UNIDADE Arte da Pré-História ao Egito – Homens e Deuses Destacada na Necrópole de Gizé, as dimensões da esfinge abrangem 73 metros de comprimento, 20 metros de altura por 6 metros de largura. A idade da construção ainda promove discussões entre os pesquisadores. Apesar de ser datada por volta da IV dinastia, há correntes arqueológicas que incitam sua datação como sendo bem mais antiga. A Grande Esfinge de Gizé teria, então, 5000, 7000 e até mesmo 9000 anos de existência. As obras arquitetônicas egípcias usavam conhecimentos de geometria sagrada, segundo a qual cada medida e forma tinham um significado. Essa maneira matemática e sagrada de conceber o mundo influenciou outras culturas. Para a arte egípcia, as questões religiosas eram o foco; já para os gregos, a arte foi se definindo como algo mental e filosófico. 40 41 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites Conjunto Arqueológico de Los Dólmenes de Antequera (Espanha) Os megalitos são as primeiras formas da arquitetura monumental de pedra da Pré- História europeia e datam de acordo com informações atualmente disponíveis, até o início do quinto milênio a.C durante o período neolítico. Para as primeiras comunidades agrárias e de pastoreio na Europa Ocidental, a arquitetura monumental megalítica foi um meio ideológico de marcar sua presença e as raízes de sua sociedade na terra. https://goo.gl/ykj9NA Livros Cleópatra – Uma Biografia Autor: Stacy Schiff, Rio de Janeiro: Zahar, 2011. Sinopse: nos dois milênios desde a sua morte, Cleópatra fixou sua imagem de vez no imaginário da humanidade, mas por motivos diversos, surgiram versões que pouco condizem com a realidade. Em um dos livros mais elogiados de 2010, a premiada biógrafa Stacy Schiff renova a imagem da última rainha do Egito. Embora tenha sido difícil discernir a verdade em meio a tantas versões fantasiosas como essas, Schiff consegue resgatar a mulher atrás do mito. Em Cleópatra – uma biografia, não encontramos a sedutora insaciável, mas a estadista sofisticada e muitas vezes ardilosa, que governou o Egito durante 22 anos. Filmes A Guerra do Fogo Direção: Jean-Jacques Annaud, França/Canadá, 100 min, cor, 1982. Sinopse: na Pré-História, em torno da descoberta do fogo, a tribo Ulam é menos desenvolvida, eles ainda acham que o fogo é algo sobrenatural e se comunicam apenas com gestos e grunhidos. Quando a fonte de fogo deles se apaga, três homens vão em busca de outra chama, quando encontram a tribo Ivaka, um grupo mais desenvolvido com hábitos e comunicação mais complexa, além de dominar a produção do fogo. Os homens sequestram uma mulher da tribo Ivaka e descobrem outra forma de viver. Confira o trailer em https://youtu.be/bzGJTnZjO-o Caverna dos Sonhos Esquecidos Direção: Werner Herzog, França. EUA, Reino Unido, Canadá e Alemanha, 90 min, cor, 2011. Sinopse: com um acesso sem precedentes e superando desafios técnicos consideráveis, Herzog capturou em 3D o interior da Caverna Chauvet, no sul da França, onde foram descobertos centenas de desenhos rupestres, em 1994. O diretor revela um mundo subterrâneo impressionante, com pinturas que têm em média 32 mil anos de idade. Confira o trailer em https://youtu.be/TqTHBE59Bh8 41 UNIDADE Arte da Pré-História ao Egito – Homens e Deuses Visite Parque Nacional da Serra da Capivara (Piauí) Localizado na região Nordeste do Brasil, o Parque Nacional Serra da Capivara é um parque arqueológico, inscrito pela Unesco na lista do Patrimônio Mundial. Um conjunto de chapadas e vales abrigam sítios arqueológicos com pinturas e gravuras rupestres, além de outros vestígios do cotidiano pré-histórico. Endereço: Rua Doutor Luiz Paixão, nº 188, São Raimundo Nonato/PI. Telefones: 89 3582.1700 e 89 3582.1612; contato@fumdham.org.br www.fumdham.org.br MAE – Museu de Arqueologia e Etnologia / Universidade de São Paulo (USP) A instituição tem sob a sua guarda um riquíssimo acervo de Arqueologia e Etnologia. Seus professores e alunos desenvolvem pesquisa de ponta nestas duas áreas e também em Museologia. Por se tratar de um Museu Universitário o MAE atua também na divulgação científica através de exposições e outras atividades educativas. Endereço: Av. Professor Almeida Prado, nº 1.466, Cidade Universitária, São Paulo/SP, telefone: 11 3091.4905 www.vmptbr.mae.usp.br 42 43 Referências BAUMGART, F. Breve história da arte. São Paulo: Martins Fontes, 2007. FERNÁNDEZ, F. Cultura visual, mudança educativa e projeto de trabalho. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000. GOMBRICH, E. H. História da arte. Rio de Janeiro: LTC, 2000. GRAHAM-DIXON, A. Arte – O guia visual definitivo. São Paulo: Publifolha, 2012. JANSON, H.W. e JANSON, A. Iniciação à história da arte. São Paulo: Martins Fontes, 1996. LARROSA, J. Linguagem e educação depois de Babel. Belo Horizonte: Autêntica, 2004. MANGUEL, A. Lendo imagens. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. MATURANA, H. Cognição, ciência e vida cotidiana. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2001. OSTROWER, F. Universos da arte. Rio de Janeiro: Editora Campos,1991. PRETTE, M. C. Para entender a arte – História, linguagem, época, estilo. São Paulo: Globo, 2009. Sites consultados ANIMUSIC. Estudo de acústica em rochas-tambor. Disponível em: <https:// animusicportugal.wordpress.com/author/animusicportugal/page/2/>. Acesso em: 12 dez 2016. ESTEVÃO, C. A cerâmica de Santarém. In: Revista do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Rio de Janeiro, 1939. Disponível em: <http://portal. iphan.gov.br/uploads/publicacao/RevPat03_m.pdf>. Acesso em: 13 dez 2016. ESTUDO FEITO NO BRASIL muda o que a arqueologia sabia sobre origem do homem. UOL Notícias Ciência e Saúde, São Paulo, 19 out 2016. Disponível em: <http://noticias.uol.com.br/ciencia/ultimas-noticias/redacao/2016/10/19/ estudo-feito-no-brasil-pode-mudar-visoes-da-origem-da-humanidade.htm>. Acesso em: 17 dez 2016. SANTOS, T. dos. Pinturas rupestres do Sítio Arqueológico Toca da Gamela do Parque Nacional Serra da Capivara-PI. Monografia apresentada à Universidade Federal do Vale do São Francisco como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Arqueologia e Preservação Patrimonial. Disponível em: <http:// www.fumdham.org.br/wp-content/uploads/2015/07/monografia_Thalison_ dos_Santos.pdf>. Acesso em: 10 dez 2016. SOUZA, J. de e SANTOS, F.C. dos. Surgimento da arte pré-histórica e o seu desenvolvimento artístico. Disponível em: <http://mhn.uepb.edu.br/revista_ tarairiu/n8/8_art4.pdf>. Acesso em: 13 dez 2016. 43
Compartilhar