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PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS CONCEITO DE PRINCÍPIO – ASPECTOS GERAIS A palavra princípio no dicionário significa o início de algo, o que vem antes, a causa, o começo e também um conjunto de leis, definições ou preceitos utilizados para nortear o ser humano. É uma verdade universal, aquilo que o homem acredita como um dos seus valores mais inegociáveis. A palavra “princípio” vem do latim “principium”, que significa, numa acepção vulgar, início, começo, origem das coisas. Na ideia de Luís Diez Picazo citado por Bonavides “onde designa as verdades primeiras”. CONCEITO DE PRINCÍPIO – ASPECTOS JURÍDICOS Um princípio é o fundamento de uma norma jurídica, são as vigas do direito que não estão definidas em nenhum diploma legal. Miguel Reale aduz que: "princípios são enunciações normativas de valor genérico, que condicionam e orientam a compreensão do ordenamento jurídico, a aplicação e integração ou mesmo para a elaboração de novas normas. São verdades fundantes de um sistema de conhecimento, como tais admitidas, por serem evidentes ou por terem sido comprovadas, mas também por motivos de ordem prática de caráter operacional, isto é, como pressupostos exigidos pelas necessidades da pesquisa e da práxis". É possível concluir que o princípio inspira a criação da norma, ou seja, tem a função de instruir o legislador ou outro agente sobre os seus motivos. Na escada da construção da uma nova regulamentação, o princípio será sempre o primeiro degrau, passo ao qual devem seguir-se outros. Ele é muito mais que uma simples regra, além de estabelecer certas limitações, fornece diretrizes que embasam uma ciência e visam à sua correta compreensão e interpretação. A violação de um princípio é mais gravosa do que a violação de uma regra, tendo em vista que ofende não só um mandamento obrigatório, mas a todo um sistema. Princípios informam, orientam e inspiram regras gerais. Devem ser observados quando a criação da norma, na sua interpretação e na sua aplicação. Sistematizam e dão origem a institutos. Na ciência os princípios trazem a ideia de proposições ideais, fundamentais, construídas a partir de uma certa realidade, e que buscam a compreensão dessa realidade. 26 Definição de Celso Bandeira de Mello: “Princípio é o mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que se irradia sobre diferentes normas compondo-lhes o espírito e servindo de critério para sua exata compreensão e inteligência...”. CONCEITO DE PRINCÍPIO – DIREITO CONSTITUCIONAL Os princípios constitucionais são as principais normas fundamentais de conduta de um indivíduo mediante às leis já impostas, além de exigências básicas ou fundamentos para tratar uma determinada situação e podem até ser classificados como a base do próprio Direito. São o alicerce para qualquer indivíduo. É indispensável tomar nota dos assuntos que rodeiam os seus direitos e deveres. A Constituição Federal de 1988 é o livro que está hierarquicamente acima de todos os outros, em nível de legislação no Brasil. A Constituição é a lei fundamental e os princípios constitucionais são os que protegem os atributos fundamentais da ordem jurídica. Os princípios constitucionais são aqueles que guardam os valores fundamentais da ordem jurídica. Nos princípios constitucionais condensa- se bens e valores considerados fundamentos de validade de todo sistema jurídico. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS Segundo José Afonso da Silva, os princípios constitucionais são ordens que se irradiam e imantam os sistemas de normas. Informa ainda o citado autor que tais princípios podem estar positivamente incorporados, por ser a base de normas jurídicas, o que os transformaria em normas-princípios constituindo, dessa forma, os preceitos básicos das organizações constitucionais. Os princípios constitucionais são os valores básicos da ordem jurídica. Os princípios constitucionais são normas, explícitas ou implícitas, que determinam as diretrizes fundamentais da Lei Fundamental, bem como influenciam em toda a sua interpretação e aplicação. Distinguem-se, basicamente, em princípios positivos (explícitos) e implícitos (e expressos). Exemplos: Explícitos – Artigo 37 da CF/1988. Implícitos – Dentro da Administração Pública: Continuidade; Hierarquia; Autotutela; etc. Demais áreas: Razoabilidade; Proporcionalidade; Motivação; Finalidade; etc. 27 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS - CLASSIFICAÇÃO: Os princípios constitucionais podem ser divididos em princípios constitucionais políticos e jurídicos. Os conceitos irão variar de acordo com as concepções de cada autor que escreve sobre esse assunto. Dentre os principais autores estão José Joaquim Gomes Canotilho e José Afonso da Silva. Observação: Lembrar e não confundir com os Princípios bases a criação de uma Constituição (parte histórica): Separação de Poderes e Direitos e Garantias Individuais. OS PRINCÍPIOS POLÍTICOS-CONSTITUCIONAIS São os valores do Estado Democrático de Direito (respeito aos direitos e garantias fundamentais). Definem como o Estado é organizado e quais são os princípios das relações do Brasil com outros países. Estão definidos nos Artigos 1º ao 4º da Constituição. Exemplos: São Princípios do Estado Democrático de Direito: Soberania: é o poder supremo do Estado. Cidadania: direito dos cidadãos de participar das decisões do Estado e de exercer os seus direitos. Dignidade da Pessoa Humana: conjunto de valores para garantir os direitos fundamentais a todos os cidadãos. Valor Social do Trabalho: relação equilibrada entre a garantia dos direitos dos trabalhadores e quem obtém o resultado do trabalho. Pluralidade Política: garantia de que podem existir várias ideologias e ideias políticas diferentes. São Objetivos (Princípios) do Brasil Ser uma sociedade livre, justa e solidária, ser um país em desenvolvimento, acabar com a pobreza e reduzir as desigualdades. Também é um objetivo atingir o bem estar de todos, sem preconceitos de raça, sexo, cor, origem ou idade. 28 O Princípio Fundamental ligado à organização do Estado é a divisão em três poderes: Poder Legislativo: responsável pela criação, discussão e votação das leis. Poder Executivo: responsável pela administração do Estado e por colocar em prática o plano de governo. Poder Judiciário: responsável pelo julgamento e pela aplicação das leis. PRINCÍPIOS JURÍDICO-CONSTITUCIONAIS São ligados ao Direito, alguns princípios importantes são: Supremacia Constitucional: a Constituição Federal é a lei superior a todas as outras e não deve ser contrariada. Isonomia: garante que todas as pessoas são iguais diante da lei, com os mesmos deveres e os mesmos direitos garantidos. Contraditório: é o direito de participar de um processo judicial, para garantir que ninguém seja condenado sem exercer o direito de apresentar sua defesa. Legalidade: define que uma atitude só poderá ser punida se a proibição ou a violação for estabelecida por lei, ou seja, se não existir previsão na lei, não pode existir condenação. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS NAS DEMAIS ÁREAS DO DIREITO Princípios do Direito Processual Civil O direito civil é uma área do Direito formada por normas jurídicas que tem por objetivo regular a ação, o processo e a jurisdição, a fim de criar um ambiente propício para o julgamento de determinados conflitos sociais. Os princípios do Direito Processual Civil são: Princípio da Inafastabilidade da jurisdição Ele está contido no inciso XXXV do artigo 5º da Constituição Federal. É também conhecido como princípio do Acesso à Justiça, e consiste que todos têm direito à 29 proteção jurídica do Estado, a partir dos conflitos ocorridos na vida em sociedade. Assim, se aplica a inafastabilidade da jurisdição, o uso dos órgãos jurídicos competentes. Mas essa tutela, presente na Constituição, deverá ser efetivada através da ação do interessado ou por meio de conhecimento, no processo de execução ou asseguração. Princípio do Juiz Natural O princípio parte da descrição de um juiz natural ou constitucional, que é outorgado pelo Poder Judiciário, com as garantias pessoaise institucionais da Constituição. Ele deve agir sem finalidade de má-fé. Porém, nem todo juiz pode ser declarado natural, pois a Constituição distingue a Justiça Comum, da Especial. O juiz natural é o que estuda os casos que merecem maior atenção e aprofundamento. Os juízes especiais são aqueles intitulados pelo Superior Tribunal Federal. O Senado também tem funções do Poder Judiciário. Julgam os processos do Presidente da República e dos Juízes do STF, bem como das autoridades das Forças Armadas e etc. Esse princípio encontra-se no artigo 52, nos incisos I e II. Princípio do Contraditório e Ampla Defesa: o juiz deve ser imparcial mediante a toda e qualquer decisão judicial. Ele deve ouvir as duas partes. A partir disso, pode dar a oportunidade para que ambos os lados possam apresentar suas razões ou provas. De forma igual, pode influir no veredito do juiz. A Ampla Defesa está contida no Artigo 5º da Constituição, no inciso LV. Princípio da Inadmissibilidade de Provas Ilícitas: o princípio das Provas Ilícitas, expressado também no Artigo 5º da Constituição Federal, inciso LVI, torna inaceitável, em um processo, a obtenção de formas que não são legais perante a lei. O Artigo 369 do Novo Código de Processo Civil rege que: “Serão admitidos todos os tipos de provas, desde que legais e moralmente legítimas”. Princípio da Fundamentação das Decisões: esse princípio parte de que os processos devem estar firmados em bases legais e sociais. A fundamentação é importante para saber a linha de raciocínio seguida pelo magistrado ao chegar a uma conclusão. O princípio ajuda no aconselhamento do juiz, caso ele tenha se perdido em alguma parte, devido a uma possível indução ao erro. Esse processo não se resolve apenas por intermédio de ligação das partes, mas pela valorização dos fatos e uma revisão antes do veredito. O princípio é encontrado no artigo 93, IX da CF. Princípio da Lealdade Processual: as partes julgadas devem se conduzir através do bom senso e lealdade. E é autoridade do juiz, a repreensão de qualquer ato que vá de encontro com a Justiça. Estão presentes no Novo Código de Processo Civil, artigos 77 30 e seguintes. Princípio da Economia Processual: princípio que anda juntamente com o da Instrumentalidade. O primeiro - da Economia Processual - pronuncia que a máquina judiciária terá um esforço mínimo, todavia uma larga eficácia, na atuação do direito em atividades processuais. O segundo – da Instrumentalidade – consiste no aproveitamento das ações processuais de forma que não prejudique o interesse público ou qualquer outra parte. Princípio da Celeridade Processual: o princípio da Celeridade Processual, presente no artigo 5º, inciso LXXVIII da Constituição Federal diz que: os processos devem ser desenvolvidos em tempo razoável, a fim de alcançar o resultado final de sua demanda. Princípio do Duplo Grau de Jurisdição: o direito de revisão a uma decisão judicial torna-se alcançável por meio desse princípio. É permitido para que seja reduzida a probabilidade de um possível erro do judiciário. Esse princípio está previsto no artigo 5º da Constituição Federal, inciso LV. Princípios Tributários Os princípios constitucionais do Direito Tributário estão previstos na Constituição Federal, sendo uma ferramenta de defesa do cidadão que contribui com o sistema, em relação aos abusos do poder. Assim, existe o princípio da legalidade, da anterioridade, da irretroatividade, da igualdade ou isonomia tributária, da vedação ao confisco, da liberdade de tráfego, dentre outros. Princípios do Direito Administrativo: Outra forma de nos interessarmos por nossa legislação, é quando estamos aptos a prestar os tão desejados concursos públicos. Para fazer as provas de concurso desse cunho, é necessário que se saiba pelo menos alguns dos princípios da Constituição. É exigido, no mínimo, o L.I.M.P.E., sigla significa o que deve ser de notório conhecimento, que são os princípios da administração pública: da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Princípios da Seguridade Social (Previdenciário): Dentro do Direito Previdenciário, existem alguns princípios que norteiam essa área do Direito, são eles: universalidade de atendimento ou subjetiva, universalidade de cobertura ou objetiva, diversidade da base de financiamento, irredutibilidade do valor dos benefícios, dentre outros. Esses princípios estão presentes nos artigos 194 e 195 da Constituição Federal Brasileira. 31 Princípio do Direito Penal: Dentre os princípios mais importantes do Direito Penal estão a irretroatividade da regra penal, reserva legal, responsabilidade pessoal e presunção de inocência. 32
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