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1 http://www.iceni.com/unlock-pro.htm É proibida a reprodução deste material, ainda que sem fins lucrativos, em qualquer meio de comunicação, inclusive na internet. Lei de Direitos Autorais n° 9610/98 Material protegido por direitos autorais: compartilhamento não autorizado de arquivos 2 http://www.iceni.com/unlock-pro.htm Índice Ambiental na CF/88......................................................................................................................................................... 4 Lei 9985/00 - SNUC......................................................................................................................................................... 7 Lei 12651/12 - Código Florestal...............................................................................................................................19 Lei 6938/81 - PNMA......................................................................................................................................................42 LC 140/11 - Competência para Fiscalização Ambiental..................................................................................49 Resolução 237/97 Conama.........................................................................................................................................55 Lei 9605/98 - Crimes Ambientais.............................................................................................................................59 Lei 9433/97 - Recursos Hídricos...............................................................................................................................69 Lei 12305/10 - Recursos Sólidos..............................................................................................................................75 3 http://www.iceni.com/unlock-pro.htm Ambiental na CF/88 CAPÍTULO VI DO MEIO AMBIENTE Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologica- mente equilibrado, bem de uso comum do povo e essenci- al à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesqui- sa e manipulação de material genético; III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a ALTERAÇÃO E A SUPRESSÃO PERMITI- DAS SOMENTE ATRAVÉS DE LEI, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou ativi- dade potencialmente causadora de significativa degrada- ção do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambien- tal, a que se dará publicidade; V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente; VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provo- quem a extinção de espécies ou submetam os animais a cruel- dade. § 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com so- lução técnica exigida pelo órgão público competente, na for- ma da lei. § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídi- cas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. § 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costei- ra são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na for- ma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos natu- rais. § 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais. § 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas. § 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste artigo, não se consideram cruéis as práticas desporti- vas que utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais, conforme o § 1º do art. 215 desta Constituição Fe- deral, registradas como bem de natureza imaterial inte- grante do patrimônio cultural brasileiro, devendo ser re- gulamentadas por lei específica que assegure o bem-estar dos animais envolvidos. SÚMULAS SOBRE MEIO AMBIENTE Súmula 467-STJ: Prescreve em 5 anos, contados do término do processo administrativo, a pretensão da Admi- nistração Pública de promover a execução da multa por infração ambiental. Súmula 613-STJ: Não se admite a aplicação da teoria do fato consumado em tema de Direito Ambiental. OBS: Segundo a teoria do fato consumado, as situações ju- rídicas consolidadas pelo decurso do tempo, amparadas por decisão judicial, não devem ser desconstituídas, em razão do princípio da segurança jurídica e da estabilidade das relações sociais (STJ. REsp 709.934/RJ). Súmula 618-STJ: A inversão do ônus da prova aplica-se às ações de degradação ambiental OBS: O PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO pressupõe a inversão do ônus probatório, competindo a quem supostamente pro- moveu o dano ambiental comprovar que não o causou ou que a substância lançada ao meio ambiente não lhe é poten- cialmente lesiva. STJ. 2ª Turma. REsp 1.060.753/SP, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 01/12/2009. OBS: A inversão do ônus da prova deve ser também ad- mitida em caso de ação civil pública proposta pelo Minis- tério Público pedindo a recomposição e/ou a reparação de- corrente de degradação ambiental. Isso porque, por mais que o Ministério Público não possa ser considerado hipossu- ficiente, ele atua em juízo como substituto processual e a vítima (substituída) é toda a sociedade que, em se tratando de dano ambiental, é considerada hipossuficiente do ponto de vista de conseguir produzir as provas. STJ. 2ª Turma. REsp 1235467/RS, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 20/08/2013. Súmula 623-STJ: As obrigações ambientais possuem natureza propter rem, sendo admissível cobrá-las do proprietário ou possuidor atual e/ou dos anteriores, à escolha do credor. 4 http://www.iceni.com/unlock-pro.htm OBS: • obrigação de reparar o dano ambiental (responsabilidade civil pela reparação dos danos ambientais): possui natureza propter rem, sendo possível cobrar também do atual proprietário condutas derivadas de danos provocados pelos proprietários antigos. • multa ambiental (sanção administrativa): somente poderia ser cobrada do próprio transgressor, não podendo passar da pessoa do culpado. Súmula 629-STJ: Quanto ao dano ambiental, é admitida a condenação do réu à obrigação de fazer ou à de não fazer cumulada com a de indenizar. JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ EDIÇÃO N. 30: DIREITO AMBIENTAL 1) Admite-se a condenação simultânea e cumulativa das obrigações de fazer, de não fazer e de indenizar na repara- ção integral do meio ambiente. Em se tratando de dano ambiental, é possível a cumulação da indenização com obrigação de fazer, porém tal cumula- ção não é obrigatória e está relacionada com a impossibili- dade de recuperação total da área degradada. (STJ. 1ª Tur- ma. AgInt no REsp 1.633.715/SC, Rel. Min. Benedito Gonçal- ves, DJe 11/5/2017). 2) É vedado ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA impor sanções ad- ministrativassem expressa previsão legal. 3) Não há direito adquirido a poluir ou degradar o meio ambiente, não existindo permissão ao proprietário ou pos- seiro para a continuidade de práticas vedadas pelo legisla- dor. 4) O princípio da precaução pressupõe a inversão do ônus probatório, competindo a quem supostamente promoveu o dano ambiental comprovar que não o causou ou que a subs- tância lançada ao meio ambiente não lhe é potencialmente lesiva. 5) É defeso ao IBAMA impor penalidade decorrente de ato tipificado como crime ou contravenção, cabendo ao Poder Judiciário referida medida. O IBAMA não tem competência para aplicar penalidade com base no art. 26 da Lei nº 4.771/65, que tipifica criminalmente certas condutas, ainda estas condutas configurem também infração administrativa (STJ. 2ª Turma. REsp. 1.274.801/DF, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJe 12/9/2013). 6) O emprego de fogo em práticas agropastoris ou florestais depende necessariamente de autorização do Poder Públi- co. 7) Os responsáveis pela degradação ambiental são coo- brigados solidários, formando-se, em regra, nas ações civis públicas ou coletivas litisconsórcio facultativo. 8) Em matéria de proteção ambiental, há responsabilidade civil do Estado quando a omissão de cumprimento adequa- do do seu dever de fiscalizar for determinante para a concre- tização ou o agravamento do dano causado. A responsabilidade do Estado por dano ao meio ambiente decorrente de sua omissão no dever de fiscalização é de ca- ráter solidário, mas de execução subsidiária, na condição de devedor-reserva (STJ. 2a Turma. AgInt no REsp 1362234/MS, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 05/11/2019). 9) A obrigação de recuperar a degradação ambiental é do titular da propriedade do imóvel, mesmo que não tenha contribuído para a deflagração do dano, tendo em conta sua natureza propter rem. 10) A responsabilidade por dano ambiental é objetiva, infor- mada pela teoria do risco integral, sendo o nexo de causali- dade o fator aglutinante que permite que o risco se integre na unidade do ato, sendo descabida a invocação, pela em- presa responsável pelo dano ambiental, de excludentes de responsabilidade civil para afastar sua obrigação de indeni- zar. (Recurso Repetitivo – Tema 707) Responsabilidade por danos ambientais: • Responsabilidade CIVIL: objetiva (§ 1º do art. 14 da Lei 6.938/81). • Responsabilidade ADMINISTRATIVA: subjetiva (caput do art. 14 da Lei 6.938/81). • Responsabilidade PENAL: subjetiva (é vedada a responsa- bilidade penal objetiva). 11) Prescreve em 5 anos, contados do término do proces- so administrativo, a pretensão da Administração Pública de promover a execução da multa por infração ambien- tal. (Súmula n. 467/STJ) EDIÇÃO N. 119: RESPONSABILIDADE POR DANO AMBIENTAL 1) A responsabilidade por dano ambiental é objetiva, in- formada pela teoria do risco integral, sendo o nexo de causalidade o fator aglutinante que permite que o risco se integre na unidade do ato, sendo descabida a invocação, pela empresa responsável pelo dano ambiental, de exclu- dentes de responsabilidade civil para afastar sua obrigação de indenizar. 2) Causa inequívoco dano ecológico quem desmata, ocupa, explora ou impede a regeneração de Área de Preservação Permanente - APP, fazendo emergir a obrigação propter rem de restaurar plenamente e de indenizar o meio ambien- te degradado e terceiros afetados, sob o regime de respon- sabilidade civil objetiva. 3) O reconhecimento da responsabilidade objetiva por dano ambiental não dispensa a demonstração do nexo de cau- salidade entre a conduta e o resultado. 4) A alegação de culpa exclusiva de terceiro pelo acidente em causa, como excludente de responsabilidade, deve ser afastada, ante a incidência da teoria do risco integral e da responsabilidade objetiva ínsita ao dano ambiental (art. 225, §3º, da CF e art. 14, §1º, da Lei n. 6.938/1981), responsa- bilizando o degradador em decorrência do princípio do po- luidor-pagador. 5) É IMPRESCRITÍVEL a pretensão reparatória de danos ao meio ambiente. 6) O termo inicial da incidência dos juros moratórios é a data do evento danoso nas hipóteses de reparação de danos mo- rais e materiais decorrentes de acidente ambiental. 9) Não há direito adquirido à manutenção de situação que gere prejuízo ao meio ambiente. 10) O pescador profissional é parte legítima para postular indenização por dano ambiental que acarretou a redução da pesca na área atingida, podendo utilizar-se do registro pro- fissional, ainda que concedido posteriormente ao sinistro, e 5 http://www.iceni.com/unlock-pro.htm de outros meios de prova que sejam suficientes ao convenci- mento do juiz acerca do exercício dessa atividade. 11) É devida a indenização por dano moral patente o sofri- mento intenso do pescador profissional artesanal, causado pela privação das condições de trabalho, em consequência do dano ambiental. 6 http://www.iceni.com/unlock-pro.htm Lei 9985/00 SNUC CAPÍTULO I DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES Art. 1o Esta Lei institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC, estabelece critérios e nor- mas para a criação, implantação e gestão das unidades de conservação. Art. 2o Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: I - UNIDADE DE CONSERVAÇÃO: espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção; II - conservação da natureza: o manejo do uso humano da natureza, compreendendo a preservação, a manutenção, a utilização sustentável, a restauração e a recuperação do ambiente natural, para que possa produzir o maior benefício, em bases sustentáveis, às atuais gerações, mantendo seu po- tencial de satisfazer as necessidades e aspirações das gera- ções futuras, e garantindo a sobrevivência dos seres vivos em geral; III - diversidade biológica: a variabilidade de organismos vivos de todas as origens, compreendendo, dentre outros, os ecos- sistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte; compreen- dendo ainda a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas; IV - recurso ambiental: a atmosfera, as águas interiores, super- ficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora; V - PRESERVAÇÃO: conjunto de métodos, procedimentos e políticas que visem a proteção a longo prazo das espécies, habitats e ecossistemas, além da manutenção dos proces- sos ecológicos, prevenindo a simplificação dos sistemas natu- rais; VI - PROTEÇÃO INTEGRAL: manutenção dos ecossistemas livres de alterações causadas por interferência humana, admitido apenas o uso indireto dos seus atributos natu- rais; VII - CONSERVAÇÃO IN SITU : conservação de ecossistemas e habitats naturais e a manutenção e recuperação de po- pulações viáveis de espécies em seus meios naturais e, no caso de espécies domesticadas ou cultivadas, nos meios onde tenham desenvolvido suas propriedades características; VIII - manejo: todo e qualquer procedimento que vise asse- gurar a conservação da diversidade biológica e dos ecos- sistemas; IX - uso indireto: aquele que não envolve consumo, coleta, dano ou destruição dos recursos naturais; X - uso direto: aquele que envolve coleta e uso, comercial ou não, dos recursos naturais; XI - USO SUSTENTÁVEL: exploração do ambiente de ma- neira a garantir a perenidade dos recursos ambientais re- nováveis e dos processos ecológicos, mantendo a biodi- versidade e os demais atributos ecológicos, de forma soci- almente justa e economicamente viável; XII - extrativismo: sistema de exploração baseado na coleta e extração, de modo sustentável, de recursos naturais renová- veis; XIII - recuperação: restituição de um ecossistema ou de uma populaçãosilvestre degradada a uma condição não degradada, que pode ser diferente de sua condição original; XIV - restauração: restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada o mais próximo possí- vel da sua condição original; XVI - zoneamento: definição de setores ou zonas em uma unidade de conservação com objetivos de manejo e nor- mas específicos, com o propósito de proporcionar os meios e as condições para que todos os objetivos da unidade possam ser alcançados de forma harmônica e eficaz; XVII - plano de manejo: documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de uma unidade de conservação, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos na- turais, inclusive a implantação das estruturas físicas necessá- rias à gestão da unidade; XVIII - ZONA DE AMORTECIMENTO: o entorno de uma uni- dade de conservação, onde as atividades humanas estão sujeitas a normas e restrições específicas, com o propósito de minimizar os impactos negativos sobre a unidade; e XIX - CORREDORES ECOLÓGICOS: porções de ecossistemas naturais ou seminaturais, ligando unidades de conserva- ção, que possibilitam entre elas o fluxo de genes e o movi- mento da biota, facilitando a dispersão de espécies e a re- colonização de áreas degradadas, bem como a manutenção de populações que demandam para sua sobrevivência áreas com extensão maior do que aquela das unidades individuais. CAPÍTULO II DO SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA – SNUC Art. 3o O Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza - SNUC é constituído pelo conjunto das unidades 7 http://www.iceni.com/unlock-pro.htm de conservação federais, estaduais e municipais, de acordo com o disposto nesta Lei. Art. 4o O SNUC tem os seguintes OBJETIVOS: I - contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos recursos genéticos no território nacional e nas águas jurisdicionais; II - proteger as espécies ameaçadas de extinção no âmbito regional e nacional; III - contribuir para a preservação e a restauração da diver- sidade de ecossistemas naturais; IV - promover o desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais; V - promover a utilização dos princípios e práticas de con- servação da natureza no processo de desenvolvimento; VI - proteger paisagens naturais e pouco alteradas de no- tável beleza cênica; VII - proteger as características relevantes de natureza geo- lógica, geomorfológica, espeleológica, arqueológica, paleon- tológica e cultural; VIII - proteger e recuperar recursos hídricos e edáficos; IX - recuperar ou restaurar ecossistemas degradados; X - proporcionar meios e incentivos para atividades de pes- quisa científica, estudos e monitoramento ambiental; XI - valorizar econômica e socialmente a diversidade bioló- gica; XII - favorecer condições e promover a educação e interpreta- ção ambiental, a recreação em contato com a natureza e o tu- rismo ecológico; XIII - proteger os recursos naturais necessários à subsistên- cia de populações tradicionais, respeitando e valorizando seu conhecimento e sua cultura e promovendo-as social e economicamente. Art. 5o O SNUC será regido por DIRETRIZES que: I - assegurem que no conjunto das unidades de conserva- ção estejam representadas amostras significativas e ecolo- gicamente viáveis das diferentes populações, habitats e ecossistemas do território nacional e das águas jurisdicionais, salvaguardando o patrimônio biológico existente; II - assegurem os mecanismos e procedimentos necessá- rios ao envolvimento da sociedade no estabelecimento e na revisão da política nacional de unidades de conservação; III - assegurem a participação efetiva das populações locais na criação, implantação e gestão das unidades de conser- vação; IV - busquem o apoio e a cooperação de organizações não-governamentais, de organizações privadas e pessoas físicas para o desenvolvimento de estudos, pesquisas cien- tíficas, práticas de educação ambiental, atividades de lazer e de turismo ecológico, monitoramento, manutenção e outras atividades de gestão das unidades de conservação; V - incentivem as populações locais e as organizações pri- vadas a estabelecerem e administrarem unidades de con- servação dentro do sistema nacional; VI - assegurem, nos casos possíveis, a sustentabilidade econômica das unidades de conservação; VII - permitam o uso das unidades de conservação para a conservação in situ de populações das variantes genéticas selvagens dos animais e plantas domesticados e recursos genéticos silvestres; VIII - assegurem que o processo de criação e a gestão das unidades de conservação sejam feitos de forma integrada com as políticas de administração das terras e águas cir- cundantes, considerando as condições e necessidades sociais e econômicas locais; IX - considerem as condições e necessidades das populações locais no desenvolvimento e adaptação de métodos e técnicas de uso sustentável dos recursos naturais; X - garantam às populações tradicionais cuja subsistência dependa da utilização de recursos naturais existentes no interior das unidades de conservação meios de subsistên- cia alternativos ou a justa indenização pelos recursos per- didos; XI - garantam uma alocação adequada dos recursos financei- ros necessários para que, uma vez criadas, as unidades de conservação possam ser geridas de forma eficaz e atender aos seus objetivos; XII - busquem conferir às unidades de conservação, nos casos possíveis e respeitadas as conveniências da administração, au- tonomia administrativa e financeira; e XIII - busquem proteger grandes áreas por meio de um conjunto integrado de unidades de conservação de dife- rentes categorias, próximas ou contíguas, e suas respecti- vas zonas de amortecimento e corredores ecológicos, inte- grando as diferentes atividades de preservação da natureza, uso sustentável dos recursos naturais e restauração e recupe- ração dos ecossistemas. Art. 6o O SNUC será gerido pelos seguintes órgãos, com as respectivas atribuições: 8 http://www.iceni.com/unlock-pro.htm I – ÓRGÃO CONSULTIVO E DELIBERATIVO: o Conselho Naci- onal do Meio Ambiente - CONAMA, com as atribuições de acompanhar a implementação do Sistema; II - ÓRGÃO CENTRAL: o MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, com a finalidade de coordenar o Sistema; e III - ÓRGÃOS EXECUTORES: o Instituto Chico Mendes (ICM- BIO) e o IBAMA, em caráter supletivo, os órgãos estaduais e municipais, com a função de implementar o SNUC, subsidi- ar as propostas de criação e administrar as unidades de con- servação federais, estaduais e municipais, nas respectivas esfe- ras de atuação. Parágrafo único. Podem integrar o SNUC, excepcionalmen- te e a critério do Conama, unidades de conservação esta- duais e municipais que, concebidas para atender a peculia- ridades regionais ou locais, possuam objetivos de manejo que não possam ser satisfatoriamente atendidos por ne- nhuma categoria prevista nesta Lei e cujas características permitam, em relação a estas, uma clara distinção. CAPÍTULO III DAS CATEGORIAS DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO Art. 7o As unidades de conservação integrantes do SNUC divi- dem-se em dois grupos, com características específicas: I - Unidades de Proteção Integral - UPI; II - Unidades de Uso Sustentável - UUS . § 1o O objetivo básico das U PI é preservar a natureza, sendo ADMITIDO APENAS O USO INDIRETO dos seus recursos naturais, com exceção dos casos previstos nesta Lei. § 2o O objetivo básico das U US é COMPATIBILIZAR A CON- SERVAÇÃO DA NATUREZA COM O USO SUSTENTÁVEL de parcela dos seus recursos naturais. UNIDADES DE PROTEÇÃO INTEGRAL UNIDADES DE USO SUSTENTÁVEL Objetivo básico: ADMITIDO APENAS O USO INDIRETO dos seus recursos naturais Objetivo básico: COMPATIBI- LIZAR A CONSERVAÇÃO DA NATUREZA COM O USO SUSTENTÁVEL de parcela dos seus recursos naturais. Estação Ecológica Reserva Biológica Parque Nacional Monumento NaturalRefúgio de Vida Silvestre Área de Proteção Ambiental Área de Relevante Interesse Ecológico Floresta Nacional Reserva Extrativista Reserva de Fauna Reserva de Desenvolvimento Sustentável Reserva Particular do Patri- mônio Natural Art. 8o O grupo das Unidades de Proteção Integral é com- posto pelas seguintes categorias de unidade de conservação: I - Estação Ecológica; II - Reserva Biológica; III - Parque Nacional; IV - Monumento Natural; V - Refúgio de Vida Silvestre. Art. 9o A ESTAÇÃO ECOLÓGICA tem como objetivo a preser- vação da natureza e a realização de pesquisas científicas. § 1o A Estação Ecológica é de POSSE E DOMÍNIO PÚBLICOS, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites se- rão desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei. § 2o É proibida a visitação pública, exceto quando com ob- jetivo educacional, de acordo com o que dispuser o Plano de Manejo da unidade ou regulamento específico. § 3o A pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável pela administração da unidade e está sujeita às condições e restrições por este estabelecidas, bem como àquelas previstas em regulamento. § 4o Na Estação Ecológica só podem ser permitidas altera- ções dos ecossistemas no caso de: I - medidas que visem a restauração de ecossistemas modi- ficados; II - manejo de espécies com o fim de preservar a diversida- de biológica; III - coleta de componentes dos ecossistemas com finalida- des científicas; IV - pesquisas científicas cujo impacto sobre o ambiente seja maior do que aquele causado pela simples observação ou pela coleta controlada de componentes dos ecossiste- mas, em uma área correspondente a no máximo 3% da ex- tensão total da unidade e até o limite de 1500 hectares. Art. 10. A RESERVA BIOLÓGICA tem como objetivo a preser- vação integral da biota e demais atributos naturais exis- tentes em seus limites, sem interferência humana direta ou modificações ambientais, excetuando-se as medidas de recuperação de seus ecossistemas alterados e as ações de manejo necessárias para recuperar e preservar o equilíbrio na- tural, a diversidade biológica e os processos ecológicos natu- rais. § 1o A Reserva Biológica é de POSSE E DOMÍNIO PÚBLICOS, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites se- rão desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei. § 2o É proibida a visitação pública, exceto aquela com ob- jetivo educacional, de acordo com regulamento específico. 9 http://www.iceni.com/unlock-pro.htm § 3o A pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável pela administração da unidade e está sujeita às condições e restrições por este estabelecidas, bem como àquelas previstas em regulamento. Art. 11. O PARQUE NACIONAL tem como objetivo básico a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em con- tato com a natureza e de turismo ecológico. § 1o O Parque Nacional é de POSSE E DOMÍNIO PÚBLICOS, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites se- rão desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei. § 2o A visitação pública está sujeita às normas e restrições estabelecidas no Plano de Manejo da unidade, às normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração, e àquelas previstas em regulamento. § 3o A pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável pela administração da unidade e está sujeita às condições e restrições por este estabelecidas, bem como àquelas previstas em regulamento. § 4o As unidades dessa categoria, quando criadas pelo Estado ou Município, serão denominadas, respectivamente, Parque Estadual e Parque Natural Municipal. Art. 12. O MONUMENTO NATURAL tem como objetivo bási- co preservar sítios naturais raros, singulares ou de grande beleza cênica. § 1o O Monumento Natural PODE SER CONSTITUÍDO POR ÁREAS PARTICULARES, desde que seja possível compatibili- zar os objetivos da unidade com a utilização da terra e dos re- cursos naturais do local pelos proprietários. § 2o Havendo incompatibilidade entre os objetivos da área e as atividades privadas ou não havendo aquiescência do proprietário às condições propostas pelo órgão responsável pela administração da unidade para a coexistência do Monu- mento Natural com o uso da propriedade, a área deve ser desapropriada, de acordo com o que dispõe a lei. § 3o A visitação pública está sujeita às condições e restri- ções estabelecidas no Plano de Manejo da unidade, às nor- mas estabelecidas pelo órgão responsável por sua administra- ção e àquelas previstas em regulamento. Art. 13. O REFÚGIO DE VIDA SILVESTRE tem como objetivo proteger ambientes naturais onde se asseguram condições para a existência ou reprodução de espécies ou comunida- des da flora local e da fauna residente ou migratória. § 1o O Refúgio de Vida Silvestre PODE SER CONSTITUÍDO POR ÁREAS PARTICULARES, desde que seja possível compa- tibilizar os objetivos da unidade com a utilização da terra e dos recursos naturais do local pelos proprietários. § 2o Havendo incompatibilidade entre os objetivos da área e as atividades privadas ou não havendo aquiescência do proprietário às condições propostas pelo órgão responsável pela administração da unidade para a coexistência do Refúgio de Vida Silvestre com o uso da propriedade, a área deve ser desapropriada, de acordo com o que dispõe a lei. § 3o A visitação pública está sujeita às normas e restrições estabelecidas no Plano de Manejo da unidade, às normas es- tabelecidas pelo órgão responsável por sua administração, e àquelas previstas em regulamento. § 4o A pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável pela administração da unidade e está sujeita às condições e restrições por este estabelecidas, bem como àquelas previstas em regulamento. UNIDADES DE PROTEÇÃO INTEGRAL ESTAÇÃO ECOLÓGICA Objetivo: preservação da natureza e a reali- zação de pesquisas científicas. POSSE E DOMÍNIO PÚBLICOS. Áreas particulares serão desapropriadas. RESERVA BIOLÓGICA Objetivo: preservação integral da biota e demais atributos naturais existentes em seus limites, sem interferência humana direta ou modificações ambientais, excetuando-se as medidas de recuperação. POSSE E DOMÍNIO PÚBLICOS. Áreas particulares serão desapropriadas. PARQUE NACIONAL Objetivo: preservação de ecossistemas na- turais de grande relevância ecológica e bele- za cênica, possibilitando a realização de pes- quisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação am- biental, de recreação. POSSE E DOMÍNIO PÚBLICOS. Áreas particulares serão desapropriadas. MONUMEN- TO NATURAL Objetivo: preservar sítios naturais raros, sin- gulares ou de grande beleza cênica. PODE SER CONSTITUÍDO POR ÁREAS PARTICULARES. Incompatibilidade/falta de aquiescência do proprietário: a área particular pode ser desa- propriada REFÚGIO DE VIDA SILVESTRE Objetivo: proteger ambientes naturais onde se asseguram condições para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora local e da fauna residente ou migrató- ria. PODE SER CONSTITUÍDO POR ÁREAS PARTICULARES. Incompatibilidade/falta de aquiescência do proprietário: a área particular pode ser desa- propriada 10 http://www.iceni.com/unlock-pro.htm Art. 14. Constituem o Grupo das Unidades de Uso Sustentá- vel as seguintes categorias de unidade de conservação: I - Área de Proteção Ambiental; II - Área de Relevante Interesse Ecológico; III - Floresta Nacional; IV - Reserva Extrativista; V - Reserva de Fauna; VI – Reserva de Desenvolvimento Sustentável; e VII - Reserva Particular do Patrimônio Natural. Art. 15. A ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL (APA) é uma ÁREA EM GERAL EXTENSA, com um certo grau de ocupa- ção humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, es- téticos ou culturais especialmente importantes para a quali- dade devida e o bem-estar das populações humanas, e tem como objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustenta- bilidade do uso dos recursos naturais. § 1o A Área de Proteção Ambiental é constituída por TERRAS PÚBLICAS OU PRIVADAS. § 2o Respeitados os limites constitucionais, podem ser estabe- lecidas normas e restrições para a utilização de uma proprie- dade privada localizada em uma Área de Proteção Ambiental. § 3o As condições para a realização de pesquisa científica e vi- sitação pública nas áreas sob domínio público serão estabele- cidas pelo órgão gestor da unidade. § 4o Nas áreas sob propriedade privada, cabe ao proprietário estabelecer as condições para pesquisa e visitação pelo públi- co, observadas as exigências e restrições legais. § 5o A Área de Proteção Ambiental disporá de um Conselho presidido pelo órgão responsável por sua administração e constituído por representantes dos órgãos públicos, de orga- nizações da sociedade civil e da população residente, confor- me se dispuser no regulamento desta Lei. Art. 16. A ÁREA DE RELEVANTE INTERESSE ECOLÓGICO (ARIE) é uma ÁREA EM GERAL DE PEQUENA EXTENSÃO, com pouca ou nenhuma ocupação humana, com caracte- rísticas naturais extraordinárias ou que abriga exemplares raros da biota regional, e tem como objetivo manter os ecossistemas naturais de importância regional ou local e regular o uso admissível dessas áreas, de modo a compati- bilizá-lo com os objetivos de conservação da natureza. § 1o A Área de Relevante Interesse Ecológico é constituída por TERRAS PÚBLICAS OU PRIVADAS. § 2o Respeitados os limites constitucionais, podem ser estabe- lecidas normas e restrições para a utilização de uma proprie- dade privada localizada em uma Área de Relevante Interesse Ecológico. Art. 17. A FLORESTA NACIONAL é uma área com cobertura florestal de espécies predominantemente nativas e tem como objetivo básico o uso múltiplo sustentável dos recur- sos florestais e a pesquisa científica, com ênfase em méto- dos para exploração sustentável de florestas nativas. § 1o A Floresta Nacional é de POSSE E DOMÍNIO PÚBLICOS, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites de- vem ser desapropriadas de acordo com o que dispõe a lei. § 2o Nas Florestas Nacionais é admitida a permanência de populações tradicionais que a habitam quando de sua cri- ação, em conformidade com o disposto em regulamento e no Plano de Manejo da unidade. § 3o A visitação pública é permitida, condicionada às normas estabelecidas para o manejo da unidade pelo órgão responsá- vel por sua administração. § 4o A pesquisa é permitida e incentivada, sujeitando-se à prévia autorização do órgão responsável pela administração da unidade, às condições e restrições por este estabelecidas e àquelas previstas em regulamento. § 5o A Floresta Nacional disporá de um Conselho Consultivo, presidido pelo órgão responsável por sua administração e constituído por representantes de órgãos públicos, de organi- zações da sociedade civil e, quando for o caso, das popula- ções tradicionais residentes. § 6o A unidade desta categoria, quando criada pelo Estado ou Município, será denominada, respectivamente, Floresta Esta- dual e Floresta Municipal. PARQUE NACIONAL FLORESTA NACIONAL Unidade de Proteção Integral Unidade de Uso Sustentável Objetivo: preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas ci- entíficas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecoló- gico. Objetivo: uso múltiplo sus- tentável dos recursos flores- tais e a pesquisa científica, com ênfase em métodos para exploração sustentável de florestas nativas. POSSE E DOMÍNIO PÚBLICOS Áreas particulares serão desapropriadas Visitação pública sujeita às normas e restrições estabe- lecidas no Plano de Manejo da unidade A visitação pública é permiti- da, condicionada às normas estabelecidas para o manejo da unidade pelo órgão res- ponsável Pesquisa científica depende de autorização prévia do ór- gão responsável pela admi- A pesquisa é permitida e in- centivada, sujeitando-se à prévia autorização do órgão 11 http://www.iceni.com/unlock-pro.htm nistração da unidade responsável pela administra- ção da unidade Art. 18. A RESERVA EXTRATIVISTA é uma área utilizada por populações extrativistas tradicionais, cuja subsistência ba- seia-se no extrativismo e, complementarmente, na agri- cultura de subsistência e na criação de animais de peque- no porte, e tem como objetivos básicos proteger os meios de vida e a cultura dessas populações, e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da unidade. § 1o A Reserva Extrativista é de DOMÍNIO PÚBLICO, com uso concedido às populações extrativistas tradicionais confor- me o disposto no art. 23 desta Lei e em regulamentação espe- cífica, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limi- tes devem ser desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei. § 2o A Reserva Extrativista será gerida por um Conselho Deli- berativo, presidido pelo órgão responsável por sua adminis- tração e constituído por representantes de órgãos públicos, de organizações da sociedade civil e das populações tradicio- nais residentes na área, conforme se dispuser em regulamento e no ato de criação da unidade. § 3o A visitação pública é permitida, desde que compatível com os interesses locais e de acordo com o disposto no Plano de Manejo da área. § 4o A pesquisa científica é permitida e incentivada, sujei- tando-se à prévia autorização do órgão responsável pela ad- ministração da unidade, às condições e restrições por este es- tabelecidas e às normas previstas em regulamento. § 5o O Plano de Manejo da unidade será aprovado pelo seu Conselho Deliberativo. § 6o São PROIBIDAS a exploração de recursos minerais e a CAÇA AMADORÍSTICA ou PROFISSIONAL. § 7o A exploração comercial de recursos madeireiros só será admitida em bases sustentáveis e em situações espe- ciais e complementares às demais atividades desenvolvi- das na Reserva Extrativista, conforme o disposto em regula- mento e no Plano de Manejo da unidade. Art. 19. A RESERVA DE FAUNA é uma área natural com po- pulações animais de espécies nativas, terrestres ou aquáti- cas, residentes ou migratórias, adequadas para estudos técnico-científicos sobre o manejo econômico sustentável de recursos faunísticos. § 1o A Reserva de Fauna é de POSSE E DOMÍNIO PÚBLICOS, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites de- vem ser desapropriadas de acordo com o que dispõe a lei. § 2o A visitação pública pode ser permitida, desde que com- patível com o manejo da unidade e de acordo com as normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração. § 3o É PROIBIDO o exercício da CAÇA AMADORÍSTICA ou PROFISSIONAL. § 4o A comercialização dos produtos e subprodutos resultan- tes das pesquisas obedecerá ao disposto nas leis sobre fauna e regulamentos. Art. 20. A RESERVA DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL é uma área natural que abriga populações tradicionais, cuja existência baseia-se em sistemas sustentáveis de ex- ploração dos recursos naturais, desenvolvidos ao longo de gerações e adaptados às condições ecológicas locais e que desempenham um papel fundamental na proteção da na- tureza e na manutenção da diversidade biológica. § 1o A Reserva de Desenvolvimento Sustentável tem como ob- jetivo básico preservar a natureza e, ao mesmo tempo, as- segurar as condições e os meios necessários para a repro- dução e a melhoria dos modos e da qualidade de vida e exploração dos recursos naturais das populações tradicio- nais, bem como valorizar, conservar e aperfeiçoar o co- nhecimento e as técnicas de manejo do ambiente, desen- volvido por estas populações. § 2o A Reserva de Desenvolvimento Sustentável é de DOMÍ- NIO PÚBLICO, sendo que as áreas particularesincluídas em seus limites devem ser, quando necessário, desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei. § 3o O uso das áreas ocupadas pelas populações tradicionais será regulado de acordo com o disposto no art. 23 desta Lei e em regulamentação específica. § 4o A Reserva de Desenvolvimento Sustentável será gerida por um Conselho Deliberativo, presidido pelo órgão respon- sável por sua administração e constituído por representantes de órgãos públicos, de organizações da sociedade civil e das populações tradicionais residentes na área, conforme se dis- puser em regulamento e no ato de criação da unidade. § 5o As atividades desenvolvidas na Reserva de Desenvolvi- mento Sustentável obedecerão às seguintes condições: I - é permitida e incentivada a visitação pública, desde que compatível com os interesses locais e de acordo com o dis- posto no Plano de Manejo da área; II - é permitida e incentivada a pesquisa científica voltada à conservação da natureza, à melhor relação das popula- ções residentes com seu meio e à educação ambiental, su- jeitando-se à prévia autorização do órgão responsável pela administração da unidade, às condições e restrições por este estabelecidas e às normas previstas em regulamento; III - deve ser sempre considerado o equilíbrio dinâmico entre o tamanho da população e a conservação; IV - é admitida a exploração de componentes dos ecossiste- mas naturais em regime de manejo sustentável e a substitui- ção da cobertura vegetal por espécies cultiváveis, desde que sujeitas ao zoneamento, às limitações legais e ao Plano de Manejo da área. § 6o O Plano de Manejo da Reserva de Desenvolvimento Sus- tentável definirá as zonas de proteção integral, de uso susten- 12 http://www.iceni.com/unlock-pro.htm tável e de amortecimento e corredores ecológicos, e será aprovado pelo Conselho Deliberativo da unidade. Art. 21. A RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATU- RAL é uma ÁREA PRIVADA, gravada com perpetuidade, com o objetivo de conservar a diversidade biológica. § 1o O gravame de que trata este artigo constará de termo de compromisso assinado perante o órgão ambiental, que verifi- cará a existência de interesse público, e será averbado à mar- gem da inscrição no Registro Público de Imóveis. § 2o Só poderá ser permitida, na Reserva Particular do Patri- mônio Natural, conforme se dispuser em regulamento: I - a pesquisa científica; II - a visitação com objetivos turísticos, recreativos e edu- cacionais; § 3o Os órgãos integrantes do SNUC, sempre que possível e oportuno, prestarão orientação técnica e científica ao proprie- tário de Reserva Particular do Patrimônio Natural para a ela- boração de um Plano de Manejo ou de Proteção e de Gestão da unidade. UNIDADES DE USO SUSTENTÁVEL ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL ÁREA EM GERAL EXTENSA, com um CERTO GRAU DE OCUPAÇÃO HUMANA, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais. Objetivos: proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabi- lidade do uso dos recursos natu- rais. É constituída por TERRAS PÚBLI- CAS OU PRIVADAS. ÁREA DE RELEVANTE INTERESSE ECOLÓGICO ÁREA EM GERAL DE PEQUENA EXTENSÃO, com POUCA OU NE- NHUMA OCUPAÇÃO HUMANA, com características naturais ex- traordinárias ou que abriga exemplares raros da biota regio- nal. Objetivo: manter os ecossistemas naturais de importância regional ou local e regular o uso admissível dessas áreas, de modo a compati- bilizá-lo com os objetivos de con- servação da natureza. É constituída por TERRAS PÚBLI- CAS OU PRIVADAS. FLORESTA NACIONAL Área com cobertura florestal de espécies predominantemente na- tivas. Objetivo: uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e a pesquisa científica, com ênfase em métodos para exploração sustentável de flo- restas nativas. POSSE E DOMÍNIO PÚBLICOS. Áreas particulares - desapropriadas. RESERVA EXTRATIVISTA Área utilizada por populações ex- trativistas tradicionais, cuja sub- sistência baseia-se no extrativis- mo e, complementarmente, na agricultura de subsistência e na criação de animais de pequeno porte. Objetivos: proteger os meios de vida e a cultura dessas populações, e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da unidade. POSSE E DOMÍNIO PÚBLICOS. Áreas particulares - desapropriadas. RESERVA DE FAUNA Área natural com populações animais de espécies nativas, ter- restres ou aquáticas, residentes ou migratórias, adequadas para estudos técnico-científicos sobre o manejo econômico sustentável de recursos faunísticos. POSSE E DOMÍNIO PÚBLICOS. Áreas particulares - desapropriadas. RESERVA DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Área natural que abriga popula- ções tradicionais, cuja existência baseia-se em sistemas sustentá- veis de exploração dos recursos naturais, desenvolvidos ao longo de gerações e adaptados às con- dições ecológicas locais e que de- sempenham um papel funda- mental na proteção da natureza e na manutenção da diversidade biológica. Objetivo: preservar a natureza e, ao mesmo tempo, assegurar as condições e os meios necessários para a reprodução e a melhoria dos modos e da qualidade de vida e ex- ploração dos recursos naturais das populações tradicionais, bem como valorizar, conservar e aperfeiçoar o conhecimento e as técnicas de ma- nejo do ambiente, desenvolvido por estas populações. DOMÍNIO PÚBLICO Áreas particulares - desapropriadas RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ÁREA PRIVADA, gravada com perpetuidade, com o objetivo de conservar a diversidade biológi- ca. 13 http://www.iceni.com/unlock-pro.htm POSSÍVEL TERRAS PARTICULARES UPI UUS MONUMENTO NATURAL ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL REFÚGIO DE VIDA SILVESTRE ÁREA DE RELEVANTE INTERESSE ECOLÓGICO RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL CAPÍTULO IV DA CRIAÇÃO, IMPLANTAÇÃO E GESTÃO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO Art. 22. As unidades de conservação são criadas por ato do Poder Público. § 2o A criação de uma unidade de conservação deve ser precedida de estudos técnicos e de consulta pública que permitam identificar a localização, a dimensão e os limites mais adequados para a unidade, conforme se dispuser em re- gulamento. § 3o No processo de consulta de que trata o § 2o, o Poder Pú- blico é obrigado a fornecer informações adequadas e inteligí- veis à população local e a outras partes interessadas. § 4o Na criação de ESTAÇÃO ECOLÓGICA ou RESERVA BIO- LÓGICA NÃO É OBRIGATÓRIA A CONSULTA de que trata o § 2o deste artigo. § 5o As unidades de conservação do grupo de Uso Susten- tável PODEM SER TRANSFORMADAS total ou parcialmen- te EM UNIDADES do grupo de PROTEÇÃO INTEGRAL, por instrumento normativo do mesmo nível hierárquico do que criou a unidade, desde que obedecidos os procedi- mentos de consulta estabelecidos no § 2o deste artigo. § 6o A ampliação dos limites de uma unidade de conserva- ção, sem modificação dos seus limites originais , exceto pelo acréscimo proposto, pode ser feita por instrumento normativo do mesmo nível hierárquico do que criou a uni- dade, desde que obedecidos os procedimentos de consulta estabelecidos no § 2o deste artigo. § 7o A DESAFETAÇÃO ou REDUÇÃO dos limites de uma uni- dade de conservação SÓ pode ser feita mediante LEI ESPE- CÍFICA. É inconstitucional a redução ou a supressão de espaços territoriais especialmente protegidos, como é o caso das unidades de conservação, por meio de medida provisória. Isso viola o art. 225, § 1º, III, da CF/88. Assim, A REDUÇÃO OU SUPRESSÃO DE UNIDADE DE CONSERVAÇÃO SOMENTE É PERMITIDA MEDIANTE LEI EM SENTIDO FORMAL. A medida provisória possui força de lei, mas o art. 225, § 1º, III, da CF/88 exige lei em sentido estrito. A proteção ao meio ambiente é um limite material implícito à edição de medida provisória, ainda que não conste expressamente do elenco das limitações previstas no art. 62, § 1º, da CF/88. STF.Plenário. ADI 4717/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 5/4/2018 (Info 896). Art. 22-A. O Poder Público poderá, ressalvadas as atividades agropecuárias e outras atividades econômicas em andamento e obras públicas licenciadas, na forma da lei, decretar limita- ções administrativas provisórias ao exercício de atividades e empreendimentos efetiva ou potencialmente causadores de degradação ambiental, para a realização de estudos com vistas na criação de Unidade de Conservação, quando, a crité- rio do órgão ambiental competente, houver risco de dano grave aos recursos naturais ali existentes. § 1o Sem prejuízo da restrição e observada a ressalva constan- te do caput, na área submetida a limitações administrativas, não serão permitidas atividades que importem em exploração a corte raso da floresta e demais formas de vegetação nativa. § 2o A destinação final da área submetida ao disposto neste artigo será definida no prazo de 7 meses, improrrogáveis, findo o qual fica extinta a limitação administrativa. Art. 23. A posse e o uso das áreas ocupadas pelas popula- ções tradicionais nas Reservas Extrativistas e Reservas de Desenvolvimento Sustentável serão regulados por contra- to, conforme se dispuser no regulamento desta Lei. § 1o As populações de que trata este artigo obrigam-se a par- ticipar da preservação, recuperação, defesa e manutenção da unidade de conservação. § 2o O uso dos recursos naturais pelas populações tradicio- nais obedecerá às seguintes normas: I - proibição do uso de espécies localmente ameaçadas de extinção ou de práticas que danifiquem os seus habitats; II - proibição de práticas ou atividades que impeçam a re- generação natural dos ecossistemas; III - demais normas estabelecidas na legislação, no Plano de Manejo da unidade de conservação e no contrato de conces- são de direito real de uso. Art. 24. O subsolo e o espaço aéreo, sempre que influírem na estabilidade do ecossistema, integram os limites das unidades de conservação. Art. 25. As unidades de conservação, exceto ÁREA DE PRO- TEÇÃO AMBIENTAL e RESERVA PARTICULAR DO PATRI- MÔNIO NATURAL, devem possuir uma zona de amorteci- mento e, quando conveniente, corredores ecológicos. § 1o O órgão responsável pela administração da unidade esta- belecerá normas específicas regulamentando a ocupação e o uso dos recursos da zona de amortecimento e dos corredores ecológicos de uma unidade de conservação. § 2o Os limites da zona de amortecimento e dos corredores ecológicos e as respectivas normas de que trata o § 1o pode- rão ser definidas no ato de criação da unidade ou posterior- mente. 14 http://www.iceni.com/unlock-pro.htm PARA SUA CRIAÇÃO, NÃO PRECISAM DE CONSULTA PÚBLICA Estação ecológica Reserva Biológica NÃO PRECISAM DE ZONA DE AMORTECIMENTO Área de Proteção Ambiental Reserva Particular do Patrimônio Natural Art. 26. Quando existir um conjunto de unidades de conserva- ção de categorias diferentes ou não, próximas, justapostas ou sobrepostas, e outras áreas protegidas públicas ou privadas, constituindo um mosaico, a gestão do conjunto deverá ser feita de forma integrada e participativa, considerando-se os seus distintos objetivos de conservação, de forma a compati- bilizar a presença da biodiversidade, a valorização da sociodi- versidade e o desenvolvimento sustentável no contexto regio- nal. Parágrafo único. O regulamento desta Lei disporá sobre a for- ma de gestão integrada do conjunto das unidades. Art. 27. As unidades de conservação devem dispor de um PLANO DE MANEJO. § 1o O Plano de Manejo deve abranger a área da unidade de conservação, sua zona de amortecimento e os corredo- res ecológicos, incluindo medidas com o fim de promover sua integração à vida econômica e social das comunidades vizinhas. § 2o Na elaboração, atualização e implementação do Plano de Manejo das Reservas Extrativistas, das Reservas de Desenvolvi- mento Sustentável, das Áreas de Proteção Ambiental e, quan- do couber, das Florestas Nacionais e das Áreas de Relevante Interesse Ecológico, será assegurada a ampla participação da população residente. § 3o O Plano de Manejo de uma unidade de conservação deve ser elaborado no prazo de 5 anos a partir da data de sua criação. § 4o O Plano de Manejo poderá dispor sobre as atividades de liberação planejada e cultivo de organismos geneticamente modificados nas Áreas de Proteção Ambiental e nas zonas de amortecimento das demais categorias de unidade de conser- vação, observadas as informações contidas na decisão técnica da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança - CTNBio so- bre: I - o registro de ocorrência de ancestrais diretos e parentes sil- vestres; II - as características de reprodução, dispersão e sobrevivência do organismo geneticamente modificado; III - o isolamento reprodutivo do organismo geneticamente modificado em relação aos seus ancestrais diretos e parentes silvestres; e IV - situações de risco do organismo geneticamente modifica- do à biodiversidade. Art. 28. São proibidas, nas unidades de conservação, quais- quer alterações, atividades ou modalidades de utilização em desacordo com os seus objetivos, o seu Plano de Ma- nejo e seus regulamentos. Parágrafo único. Até que seja elaborado o Plano de Manejo, todas as atividades e obras desenvolvidas nas unidades de conservação de proteção integral devem se limitar àquelas destinadas a garantir a integridade dos recursos que a unida- de objetiva proteger, assegurando-se às populações tradicio- nais porventura residentes na área as condições e os meios necessários para a satisfação de suas necessidades materiais, sociais e culturais. Art. 29. Cada unidade de conservação do grupo de Prote- ção Integral disporá de um Conselho Consultivo, presidido pelo órgão responsável por sua administração e constituído por representantes de órgãos públicos, de organizações da sociedade civil, por proprietários de terras localizadas em Re- fúgio de Vida Silvestre ou Monumento Natural, quando for o caso, e, na hipótese prevista no § 2o do art. 42, das populações tradicionais residentes, conforme se dispuser em regulamento e no ato de criação da unidade. Art. 30. As unidades de conservação PODEM SER GERIDAS POR OSCIP com objetivos afins aos da unidade, mediante instrumento a ser firmado com o órgão responsável por sua gestão. Art. 31. É PROIBIDA a introdução nas unidades de conser- vação de ESPÉCIES NÃO AUTÓCTONES. § 1o Excetuam-se do disposto neste artigo as Áreas de Pro- teção Ambiental, as Florestas Nacionais, as Reservas Extra- tivistas e as Reservas de Desenvolvimento Sustentável, bem como os animais e plantas necessários à administra- ção e às atividades das demais categorias de unidades de conservação, de acordo com o que se dispuser em regula- mento e no Plano de Manejo da unidade. § 2o Nas áreas particulares localizadas em Refúgios de Vida Silvestre e Monumentos Naturais podem ser criados ani- mais domésticos e cultivadas plantas considerados com- patíveis com as finalidades da unidade, de acordo com o que dispuser o seu Plano de Manejo. Art. 32. Os órgãos executores articular-se-ão com a comuni- dade científica com o propósito de incentivar o desenvolvi- mento de pesquisas sobre a fauna, a flora e a ecologia das unidades de conservação e sobre formas de uso sustentável dos recursos naturais, valorizando-se o conhecimento das po- pulações tradicionais. § 1o As pesquisas científicas nas unidades de conservação não podem colocar em risco a sobrevivência das espécies inte- grantes dos ecossistemas protegidos. § 2o A realização de pesquisas científicas nas unidades de con- servação, exceto Área de Proteção Ambiental e Reserva Particular do Patrimônio Natural, depende de aprovação prévia e está sujeita à fiscalização do órgão responsável por sua administração. 15 http://www.iceni.com/unlock-pro.htm § 3o Os órgãos competentes podem transferir para as institui- ções de pesquisa nacionais, mediante acordo, a atribuição de aprovar a realização de pesquisas científicas e decredenciar pesquisadores para trabalharem nas unidades de conservação. Art. 33. A exploração comercial de produtos, subprodutos ou serviços obtidos ou desenvolvidos a partir dos recursos naturais, biológicos, cênicos ou culturais ou da exploração da imagem de unidade de conservação, exceto Área de Proteção Ambiental e Reserva Particular do Patrimônio Natural, dependerá de prévia autorização e sujeitará o ex- plorador a pagamento, conforme disposto em regulamento. Art. 34. Os órgãos responsáveis pela administração das uni- dades de conservação podem receber recursos ou doações de qualquer natureza, nacionais ou internacionais, com ou sem encargos, provenientes de organizações privadas ou públicas ou de pessoas físicas que desejarem colaborar com a sua conservação. Parágrafo único. A administração dos recursos obtidos cabe ao órgão gestor da unidade, e estes serão utilizados exclusiva- mente na sua implantação, gestão e manutenção. Art. 35. Os recursos obtidos pelas unidades de conservação do Grupo de Proteção Integral mediante a cobrança de taxa de visitação e outras rendas decorrentes de arrecadação, serviços e atividades da própria unidade serão aplicados de acordo com os seguintes critérios: I - até 50%, e não menos que 25%, na implementação, ma- nutenção e gestão da própria unidade; II - até 50%, e não menos que 25%, na regularização fundiá- ria das unidades de conservação do Grupo; III - até 50%, e não menos que 15%, na implementação, ma- nutenção e gestão de outras unidades de conservação do Grupo de Proteção Integral. Art. 36. Nos casos de licenciamento ambiental de EM- PREENDIMENTOS DE SIGNIFICATIVO IMPACTO AMBIEN- TAL, assim considerado pelo órgão ambiental competente, com fundamento em estudo de impacto ambiental e res- pectivo relatório - EIA/RIMA, o empreendedor é obrigado a apoiar a implantação e manutenção de unidade de con- servação do Grupo de Proteção Integral, de acordo com o disposto neste artigo e no regulamento desta Lei § 1o O montante de recursos a ser destinado pelo empreende- dor para esta finalidade não pode ser inferior a 0,5% dos cus- tos totais previstos para a implantação do empreendimento, sendo o percentual fixado pelo órgão ambiental licenciador, de acordo com o grau de impacto ambiental causado pelo empreendimento. Inconstitucionalidade da expressão “não pode ser inferior a meio por cento dos custos totais previstos para a implantação do empreendimento”, no § 1º do art. 36 da Lei nº 9.985/2000. O valor da compensação-compartilhamento é de ser fixado proporcionalmente ao impacto ambiental, após estudo em que se assegurem o contraditório e a ampla defesa. Prescindibilidade da fixação de percentual sobre os custos do empreendimento. Adi 3378 § 2o Ao órgão ambiental licenciador compete definir as unida- des de conservação a serem beneficiadas, considerando as propostas apresentadas no EIA/RIMA e ouvido o empreende- dor, podendo inclusive ser contemplada a criação de novas unidades de conservação. § 3o Quando o empreendimento afetar unidade de conser- vação específica ou sua zona de amortecimento, o licenci- amento a que se refere o caput deste artigo só poderá ser concedido mediante autorização do órgão responsável por sua administração, e a unidade afetada, mesmo que não pertencente ao Grupo de Proteção Integral, deverá ser uma das beneficiárias da compensação definida neste artigo. § 4º A obrigação de que trata o caput deste artigo poderá, em virtude do interesse público, ser cumprida em unida- des de conservação de posse e domínio públicos do grupo de Uso Sustentável, especialmente as localizadas na Ama- zônia Legal. (LEI 11668/2018) CAPÍTULO V DOS INCENTIVOS, ISENÇÕES E PENALIDADES Art. 38. A ação ou omissão das pessoas físicas ou jurídicas que importem inobservância aos preceitos desta Lei e a seus regulamentos ou resultem em dano à flora, à fauna e aos de- mais atributos naturais das unidades de conservação, bem como às suas instalações e às zonas de amortecimento e cor- redores ecológicos, sujeitam os infratores às sanções previstas em lei. CAPÍTULO VI DAS RESERVAS DA BIOSFERA Art. 41. A Reserva da Biosfera é um modelo, adotado inter- nacionalmente, de gestão integrada, participativa e sus- tentável dos recursos naturais, com os objetivos básicos de preservação da diversidade biológica, o desenvolvi- mento de atividades de pesquisa, o monitoramento ambi- ental, a educação ambiental, o desenvolvimento sustentá- vel e a melhoria da qualidade de vida das populações. § 1o A Reserva da Biosfera é constituída por: I - uma ou várias áreas-núcleo, destinadas à proteção integral da natureza; II - uma ou várias zonas de amortecimento, onde só são admi- tidas atividades que não resultem em dano para as áreas-núc- leo; e III - uma ou várias zonas de transição, sem limites rígidos, onde o processo de ocupação e o manejo dos recursos natu- rais são planejados e conduzidos de modo participativo e em bases sustentáveis. § 2o A Reserva da Biosfera é constituída por ÁREAS DE DO- MÍNIO PÚBLICO OU PRIVADO. § 3o A Reserva da Biosfera pode ser integrada por unidades de conservação já criadas pelo Poder Público, respeitadas 16 http://www.iceni.com/unlock-pro.htm as normas legais que disciplinam o manejo de cada categoria específica. § 4o A Reserva da Biosfera é gerida por um Conselho Delibera- tivo, formado por representantes de instituições públicas, de organizações da sociedade civil e da população residente, conforme se dispuser em regulamento e no ato de constitui- ção da unidade. § 5o A Reserva da Biosfera é reconhecida pelo Programa Inter- governamental "O Homem e a Biosfera – MAB", estabelecido pela Unesco, organização da qual o Brasil é membro. CAPÍTULO VII DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS Art. 42. As populações tradicionais residentes em unidades de conservação nas quais sua permanência não seja per- mitida serão indenizadas ou compensadas pelas benfeito- rias existentes e devidamente realocadas pelo Poder Pú- blico, em local e condições acordados entre as partes. § 1o O Poder Público, por meio do órgão competente, priori- zará o reassentamento das populações tradicionais a serem realocadas. § 2o Até que seja possível efetuar o reassentamento de que trata este artigo, serão estabelecidas normas e ações específi- cas destinadas a compatibilizar a presença das populações tradicionais residentes com os objetivos da unidade, sem pre- juízo dos modos de vida, das fontes de subsistência e dos lo- cais de moradia destas populações, assegurando-se a sua par- ticipação na elaboração das referidas normas e ações. § 3o Na hipótese prevista no § 2o, as normas regulando o pra- zo de permanência e suas condições serão estabelecidas em regulamento. Art. 43. O Poder Público fará o levantamento nacional das ter- ras devolutas, com o objetivo de definir áreas destinadas à conservação da natureza, no prazo de cinco anos após a pu- blicação desta Lei. Art. 44. As ilhas oceânicas e costeiras destinam-se priorita- riamente à proteção da natureza e sua destinação para fins diversos deve ser precedida de autorização do órgão ambiental competente. Parágrafo único. Estão dispensados da autorização citada no caput os órgãos que se utilizam das citadas ilhas por força de dispositivos legais ou quando decorrente de compromissos legais assumidos. Art. 45. Excluem-se das indenizações referentes à regulariza- ção fundiária das unidades de conservação, derivadas ou não de desapropriação: III - as espécies arbóreas declaradas imunes de corte pelo Po- der Público; IV - expectativas de ganhos e lucro cessante; V - o resultado de cálculo efetuado mediante a operação de juros compostos; VI - as áreas que não tenham prova de domínio inequívoco e anterior à criação da unidade. Art. 46. A instalação de redes de abastecimento de água, es- goto, energia e infra-estrutura urbana em geral, em unidades de conservação onde estes equipamentos são admitidos de- pende de préviaaprovação do órgão responsável por sua ad- ministração, sem prejuízo da necessidade de elaboração de estudos de impacto ambiental e outras exigências legais. Parágrafo único. Esta mesma condição se aplica à zona de amortecimento das unidades do Grupo de Proteção Integral, bem como às áreas de propriedade privada inseridas nos limi- tes dessas unidades e ainda não indenizadas. Art. 47. O órgão ou empresa, público ou privado, responsável pelo abastecimento de água ou que faça uso de recursos hídricos, beneficiário da proteção proporcionada por uma uni- dade de conservação, deve contribuir financeiramente para a proteção e implementação da unidade, de acordo com o dis- posto em regulamentação específica. Art. 48. O órgão ou empresa, público ou privado, responsável pela geração e distribuição de energia elétrica, beneficiário da proteção oferecida por uma unidade de conservação, deve contribuir financeiramente para a proteção e implementação da unidade, de acordo com o disposto em regulamentação específica. Art. 49. A área de uma unidade de conservação do Grupo de Proteção Integral É CONSIDERADA ZONA RURAL, para os efeitos legais. Parágrafo único. A zona de amortecimento das unidades de conservação de que trata este artigo, uma vez definida for- malmente, NÃO PODE SER TRANSFORMADA EM ZONA URBANA. Art. 50. O Ministério do Meio Ambiente organizará e manterá um Cadastro Nacional de Unidades de Conservação, com a colaboração do Ibama e dos órgãos estaduais e municipais competentes. § 1o O Cadastro a que se refere este artigo conterá os dados principais de cada unidade de conservação, incluindo, dentre outras características relevantes, informações sobre espécies ameaçadas de extinção, situação fundiária, recursos hídricos, clima, solos e aspectos socioculturais e antropológicos. § 2o O Ministério do Meio Ambiente divulgará e colocará à disposição do público interessado os dados constantes do Ca- dastro. Art. 51. O Poder Executivo Federal submeterá à apreciação do Congresso Nacional, a cada 2 anos, um relatório de avaliação global da situação das unidades de conservação federais do País. Art. 52. Os mapas e cartas oficiais devem indicar as áreas que compõem o SNUC. Art. 53. O Ibama elaborará e divulgará periodicamente uma relação revista e atualizada das espécies da flora e da fauna ameaçadas de extinção no território brasileiro. 17 http://www.iceni.com/unlock-pro.htm Parágrafo único. O Ibama incentivará os competentes órgãos estaduais e municipais a elaborarem relações equivalentes abrangendo suas respectivas áreas de jurisdição. Art. 54. O Ibama, excepcionalmente, pode permitir a cap- tura de exemplares de espécies ameaçadas de extinção destinadas a programas de criação em cativeiro ou forma- ção de coleções científicas, de acordo com o disposto nesta Lei e em regulamentação específica. Art. 55. As unidades de conservação e áreas protegidas cria- das com base nas legislações anteriores e que não pertençam às categorias previstas nesta Lei serão reavaliadas, no todo ou em parte, no prazo de até dois anos, com o objetivo de definir sua destinação com base na categoria e função para as quais foram criadas, conforme o disposto no regulamento desta Lei. Art. 57. Os órgãos federais responsáveis pela execução das políticas ambiental e indigenista deverão instituir grupos de trabalho para, no prazo de 180 dias a partir da vigência desta Lei, propor as diretrizes a serem adotadas com vistas à regula- rização das eventuais superposições entre áreas indígenas e unidades de conservação. Parágrafo único. No ato de criação dos grupos de trabalho se- rão fixados os participantes, bem como a estratégia de ação e a abrangência dos trabalhos, garantida a participação das co- munidades envolvidas. Art. 57-A. O Poder Executivo estabelecerá os limites para o plantio de organismos geneticamente modificados nas áreas que circundam as unidades de conservação até que seja fixa- da sua zona de amortecimento e aprovado o seu respectivo Plano de Manejo. Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo não se aplica às Áreas de Proteção Ambiental e Reservas de Particula- res do Patrimônio Nacional. Art. 58. O Poder Executivo regulamentará esta Lei, no que for necessário à sua aplicação, no prazo de cento e oitenta dias a partir da data de sua publicação. 18 http://www.iceni.com/unlock-pro.htm Lei 12651/12 Códigó Flórestal DEFINIÇÃO DE MEIO AMBIENTE é o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas ESPÉCIES DE MEIO AMBIENTE natural, cultural, artificial e do trabalho DIREITO AMBIENTAL é o ramo do direito público composto por princípios e regras que regulam as condutas humanas que afetem, potencial ou efetivamente, direta ou indiretamente, 0 meio ambiente em todas as suas modalidades, objetivando 0 controle da poluição, a fim de mantê-la dentro dos padrões toleráveis, para instituir um desenvolvimento econômico sustentável, atendendo às necessidades das presentes gerações sem privar as futuras da sua dignidade ambiental. Sinopses para Concursos - v.30 - Direito Ambiental / Frederico Amado - Salvador: Editora Jus- Podivm, 2020, pag. 23 PRINCÍPIOS DE DIREITO AMBIENTAL PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO Pode-se afirmar que o Princípio da Precaução deve ser lido como In dúbio pro natura ou In dúbio pro ambiente. ECO-92 – Princípio 15: O princípio da precaução deverá ser observado pelos Estados, de acordo com suas próprias condições e capacidades, com o intuito de proteger o meio ambiente Quando houver perigo de dano grave ou irreversível, a FALTA DE CERTEZA CIENTÍFICA absoluta não deverá ser utilizada como razão para se adiar a adoção de medidas eficazes em função dos custos para impedir a degradação do meio am- biente. Inversão do ônus da prova: O prin- cípio da precaução pressupõe a in- versão do ônus probatório, compe- tindo a quem supostamente pro- moveu o dano ambiental compro- var que não o causou ou que a substância lançada ao meio ambi- ente não lhe é potencialmente lesi- va. STJ. 2ª Turma. REsp 1.060.753/ SP, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 01/12/2009. PRINCÍPIO Estabelece que a administração, na DA PREVENÇÃO CERTEZA de que determinada ativi- dade implicará dano injusto, deve intervir coibindo-a. Exige que o órgão técnico-ambien- tal ao permitir a atividade ou em- preendimento nocivo ao meio am- biente, deva se valer de medidas tendentes a evitar ou reparar o dano ambiental. Observa-se o Princípio da Preven- ção no ordenamento jurídico nacio- nal, dentre outros dispositivos, da leitura do art. 225 § 2º, da Carta maior de 1988 e art. 4º, VI, lei 6938/81, ao dispor que a Política Nacional do Meio Ambiente visará à preservação e restauração dos re- cursos ambientais com vistas à sua utilização racional e disponibilidade permanente, concorrendo para a manutenção do equilíbrio ecológico propício à vida PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE O art. 225 § 3º, da Carta Maior de 1988 dispõe que as condutas e ati- vidades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infra- tores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrati- vas, independentemente da obriga- ção de reparar os danos causados. Pelo Princípio da Responsabilidade, o art. 4º, VII, 1ª parte, lei 6938/81 traz a imposição ao poluidor da obrigação de indenizar os danos causados. A Declaração do Rio (Eco 92) traz a exigência de que os Estados devam desenvolver as legislações nacionais relativa à responsabilidade e à inde- nização referente às vitimas de da- nos ambientais, em clara referência ao Princípio da Responsabilidade. PRINCÍPIO DO POLUIDOR-PAGADOR O empreendedor deve internalizar todos os “Custos Ambientais” gera- dos por sua atividade, onde se in- clui naturalmente os custos gerados pelapoluição que eventualmente venha a causar. Art. 4º, VII, Lei 6938/81: imposição ao poluidor da obrigação de recu- perar e/ou indenizar os danos cau- sados. ECO-92 – Princípio 16: as autorida- des nacionais devem fomentar a in- ternalização dos custos ambientais e o uso de instrumentos econômi- cos, tendo em conta que o poluidor deve arcar com os custos da conta- 19 http://www.iceni.com/unlock-pro.htm minação. Na esfera internacional, o Protocolo de Kyoto é um exemplo do Princí- pio do Poluidor-Pagador, na medi- da em que gera a obrigação dos Es- tados-Parte de arcar com os custos da redução de emissões de gases poluentes. PRINCÍPIO DO USUÁRIO-PAGADOR A lógica do Princípio do Usuário- Pagador demanda que se alguém se aproveita dos recursos ambien- tais deve suportar isoladamente os custos pela sua utilização. Art. 4º, VII, Lei 6938/81: impõe ao usuário da contribuição pela utiliza- ção de recursos ambientais. PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Art. 170, VI, CF: a ordem econômica tem por fim a defesa do meio am- biente mediante tratamento dife- renciado conforme o impacto ambi- ental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação. Dentre os objetivos da Política Na- cional do Meio Ambiente (art. 4º, I, lei 6938/81), há a exigência da com- patibilização entre o desenvolvi- mento econômico-social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico. ECO-92 – Princípio 1: os seres hu- manos constituem o centro das preocupações relacionadas com o desenvolvimento sustentável, t ECO-92 – Princípio 4: a fim de al- cançar o desenvolvimento sustentá- vel, a proteção do meio ambiente deverá constituir parte integrante do processo de desenvolvimento e não poderá considerar-se de forma isolada. PRINCÍPIO DA PARTICIPAÇÃO DEMOCRÁTICA OU DA PARTICIPAÇÃO COMUNITÁRIA Liga-se à democracia direta ou par- ticipativa, ao rezar que o melhor modo de tratar as questões ambi- entais é com a participação de to- dos os cidadãos interessados PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE Todos aqueles que praticarem con- dutas ou atividades consideradas lesivas ao meio ambiente responde- rão solidariamente pelo dano ambi- ental (art. 225, § 3º, da Carta maior de 1988 e art. 4º, VII, 1ª parte lei 6938/81). PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DA PROTEÇÃO DEFICIENTE Há um dever fundamental por parte do Poder Público e da coletividade na proteção ao meio ambiente. Desta forma, a proteção ao meio ambiente ecologicamente equili- brado, direito fundamental de ter- ceira dimensão, não pode ser insu- ficiente, cabendo aos Estados pro- mulgar leis eficazes de proteção aos ecossistemas. Assim, pelo Princípio da Vedação da Proteção Deficiente, os objetivos e prioridades em maté- rias de regulamentação do meio ambiente devem refletir o contexto ambiental e de desenvolvimento às quais se aplicam, vedando a criação de normas ambientais inadequadas. PRINCÍPIO DA EQUIDADE NA PARTICIPAÇÃO INTERGERACIONAL Direciona-se ao futuro, impondo ao Poder Público e à coletividade o de- ver de defender e preservar o meio ambiente ecologicamente equili- brado para as presentes e futuras gerações (art. 225, caput, da Carta maior de 1988 e Princípio 3 da Eco 92). Informações retiradas do site https://www.agu.gov.br/page/download/index/id/2965218 Diante de qualquer anomalia técnico-redacional, a legislação ambiental deverá ser interpretada e integrada de acordo com o princípio hermenêutico do IN DUBIO PRO NATURA. Assim, nos casos de dúvida, deve-se estar interpretar a norma em favor da proteção do meio ambiente. STF. 2ª Turma. REsp 1145083/MG, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 27/09/2011. Art. 1o-A. Esta Lei estabelece normas gerais sobre a proteção da vegetação, áreas de Preservação Permanente e as áreas de Reserva Legal; a exploração florestal, o suprimento de maté- ria-prima florestal, o controle da origem dos produtos flores- tais e o controle e prevenção dos incêndios florestais, e prevê instrumentos econômicos e financeiros para o alcance de seus objetivos. Parágrafo único. Tendo como OBJETIVO o desenvolvimento sustentável, esta Lei atenderá aos seguintes PRINCÍPIOS: I - afirmação do compromisso soberano do Brasil com a preservação das suas florestas e demais formas de vegeta- ção nativa, bem como da biodiversidade, do solo, dos re- cursos hídricos e da integridade do sistema climático, para o bem estar das gerações presentes e futuras; II - reafirmação da importância da função estratégica da atividade agropecuária e do papel das florestas e demais formas de vegetação nativa na sustentabilidade, no cresci- mento econômico, na melhoria da qualidade de vida da população brasileira e na presença do País nos mercados nacional e internacional de alimentos e bioenergia; III - ação governamental de proteção e uso sustentável de florestas, consagrando o compromisso do País com a com- patibilização e harmonização entre o uso produtivo da terra e a preservação da água, do solo e da vegetação; 20 http://www.iceni.com/unlock-pro.htm IV - RESPONSABILIDADE COMUM da União, Estados, Dis- trito Federal e Municípios, em colaboração com a socieda- de civil, na criação de políticas para a preservação e res- tauração da vegetação nativa e de suas funções ecológicas e sociais nas áreas urbanas e rurais; V - fomento à pesquisa científica e tecnológica na busca da inovação para o uso sustentável do solo e da água, a recuperação e a preservação das florestas e demais formas de vegetação nativa; VI - criação e mobilização de incentivos econômicos para fomentar a preservação e a recuperação da vegetação na- tiva e para promover o desenvolvimento de atividades produtivas sustentáveis. Art. 2o As florestas existentes no território nacional e as de- mais formas de vegetação nativa, reconhecidas de utilidade às terras que revestem, são bens de interesse comum a todos os habitantes do País, exercendo-se os direitos de proprieda- de com as limitações que a legislação em geral e especial- mente esta Lei estabelecem. § 1o Na utilização e exploração da vegetação, as ações ou omissões contrárias às disposições desta Lei são conside- radas uso irregular da propriedade, aplicando-se o procedi- mento sumário previsto no inciso II do art. 275 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil, sem prejuízo da responsabilidade civil, nos termos do § 1o do art. 14 da Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981, e das san- ções administrativas, civis e penais. § 2o As OBRIGAÇÕES previstas nesta Lei TÊM NATUREZA REAL e são transmitidas ao sucessor, de qualquer nature- za, no caso de transferência de domínio ou posse do imó- vel rural. OBRIGAÇÃO DE REPARAR O DANO AMBIENTAL (responsabilidade civil pela reparação dos danos ambientais) Possui natureza propter rem, sendo possível cobrar também do atual proprietário condutas derivadas de danos provocados pelos proprietários antigos MULTA AMBIENTAL (sanção administrativa) Somente poderia ser cobrada do próprio transgressor, não podendo passar da pessoa do culpado. CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Súmula 623-STJa. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Dis- ponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/dd409260a- ea46a90e61b9a69fb9726ef> Art. 3o Para os efeitos desta Lei, entende-se por: I - Amazônia Legal: os Estados do Acre, Pará, Amazonas, Ro- raima, Rondônia, Amapá e Mato Grosso e as regiões situadas ao norte do paralelo 13° S, dos Estados de Tocantins e Goiás, e ao oeste do meridiano de 44° W, do Estado do Maranhão; II - ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE (APP): área pro- tegida, COBERTA OU NÃO POR VEGETAÇÃO NATIVA, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a pai- sagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facili- tar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e asse- gurar o bem-estar das populações humanas; É inconstitucional
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