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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ – UNESA CURSO SUPERIOR TECNÓLOGICO EM SEGURANÇA PÚBLICA – CSTSP Pedro Fernandes da Silva SEGURANÇA PÚBLICA DURANTE A PANDEMIA DO COVID-19: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Artigo a ser apresentado à Banca do Exame do Curso Superior de Tecnólogo em Segurança Pública da Universidade Estácio de Sá – CSTSP/UNESA, como requisito para aprovação na disciplina de TCC em Segurança Pública. ORIENTADOR Professora Kátia de Mello Santos Natal – EN Novembro de 2021. * SEGURANÇA PÚBLICA DURANTE A PANDEMIA DO COVID-19: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA PUBLIC SAFETY DURING THE COVID-19 PANDEMIC: BIBLIOGRAPHIC REVIEW Pedro Fernandes da Silva1 Kátia de Mello Santos 2 RESUMO O cotidiano transformou-se no ano de 2020, que contou com a presença de um inimigo invisível, obrigando a população mundial a adotar medidas de isolamento, diminuindo a circulação de pessoas nas ruas. É neste contexto que o presente trabalho buscará analisar os índices de segurança pública, tendo em vista as mudanças no modo de vida dos indivíduos e os impactos que esses câmbios trouxeram para a atividade policial. Dentro deste cenário, o presente trabalho buscará analisar os índices de segurança pública com a transformação de cotidiano dos indivíduos e os impactos deles para a área de segurança pública. Dados do Anuário da Segurança Pública 2020 retratam que além dos impactos na violência doméstica, principalmente contra a mulher, mostram que houve uma redução nos registros de roubos de todos os tipos. O cotidiano dos profissionais da segurança pública dentro da pandemia foi incrementado com a sensação de medo de contrair a doença e consequentemente, transmitir aos seus familiares e colegas de profissão. Além disso, não há informações dos órgãos governamentais que demonstrem o tipo de política pública realizada com os policiais para o combate do Covid-19 dentro das corporações. Palavras-chave: Segurança Pública; covid-19; pandemia; violência; isolamento social. 1 Nome do Graduando em Tecnólogo em Segurança Pública pela UNESA – Universidade Estácio de Sá. E-mail: pedrofernades1967@hotmail.com 2 Professor orientador– Kátia de Mello Santos Universidade Estácio de Sá-RJ ABSTRACT The year of 2020 was marked by an invisible enemy that completely changed society's daily life with isolation measures being imposed worldwide, causing the circulation of people to decrease. It is in this context that the present work will seek to analyze the public security indices, in view of the changes in the individuals' way of life and the impacts that these changes have brought to the police activity. The present study aims to encourage the opening of discussions within the academic environment and has a qualitative research characteristic and as to the objective, as descriptive and exploratory. Data from the Public Security Yearbook 2020 show that in addition to the impacts on domestic violence, especially against women, they show that there was a reduction in the records of robberies of all types. The daily life of public security professionals in the pandemic was increased with the feeling of fear of contracting the disease and, consequently, transmitting it to their relatives and professional colleagues. In addition, there is no information from government agencies that demonstrate the type of public policy carried out with police officers to combat Covid-19 within corporations. Keywords: Public Safety; covid-19; pandemic; violence; social isolation. 1. INTRODUÇÃO O cotidiano transformou-se no ano de 2020, que contou com a presença de um inimigo invisível, obrigando a população mundial a adotar medidas de isolamento, diminuindo a circulação de pessoas nas ruas. A pandemia causada pelo vírus SARS-CoV-2 ainda se mostra como uma adversidade à área científica da saúde, assim como também demais áreas do campo acadêmico. O modo mais eficaz de se reduzir os contágios com o vírus SARS-CoV-2 é evitar o contato de pessoas, já que a forma de contaminação se dá por meio de toque do aperto de mão contaminada, gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro e até mesmo objetos ou superfícies contaminadas, como celulares, mesas, talheres, maçanetas, brinquedos, teclados de computador etc. Além disso, nem sempre quem se contrai o vírus, apresentará sintomas (Ministério da Saúde, 2020). Para melhor controlar a circulação de pessoas, foram elencadas atividades essenciais, ou seja, aquelas atividades que paradas poderiam ocasionar problemas para a manutenção da vida cotidiana, dentre elas foram as atividades ligadas à segurança, que é um serviço público garantido pela Constituição Federal de 1988 e que é atribuído a toda a população. Dentro deste cenário, o presente trabalho buscará analisar os índices de segurança pública com a transformação de cotidiano dos indivíduos e os impactos deles para a área de segurança pública. Será que houve diminuição dos índices de violência no Brasil? Qual mudança das políticas públicas voltadas a segurança pública no país? O que mudou para os profissionais da segurança pública durante a pandemia? Como a temática ainda é pouco explorada devido a sua presença ainda atual no nosso meio, o presente estudo tem por objetivo incentivar a ampliação das discussões dentro do ambiente acadêmico e caracterizando-se como pesquisa qualitativa e quanto ao objetivo, como descritiva e exploratória (GIL, 1999). Busca-se entender o papel da segurança pública brasileira dentro desse cenário de urgência da saúde pública, explorando os relatórios e textos disponibilizados por órgãos governamentais e não governamentais, e, artigos jornalísticos, para se ter uma maior observação acerca do tema. A pesquisa apresenta um método de busca bibliográfica e documental, onde será explorado materiais dispostos em fontes primárias e secundárias, contribuindo para a análise e amadurecimento de um pensamento (CELLARD, 2008). Dessa maneira ao apresentar esta análise, será possível verificar o impacto da pandemia do Covid-19 no âmbito da segurança pública, tirando um pouco o foco das áreas dos impactos da economia e na saúde pública que são mais discutidas pela mídia e pela área acadêmica. 2. DESENVOLVIMENTO 2.1. A Violência e a atuação policial no Brasil Dentro da Constituição Federal, promulgada em 1988, estão as bases o funcionamento dos principais órgãos federativos, a exemplo, as entidades responsáveis pela segurança pública e suas atribuições. Para melhor organização da atividade policial, o Artigo 144 aborda (BRASIL, 1988, p. 90): Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: (EC nº 19/98 e EC nº 82/2014) I– polícia federal; II– polícia rodoviária federal; III– polícia ferroviária federal; IV– polícias civis; V– polícias militares e corpos de bombeiros militares. VI - polícias penais federal, estaduais e distrital. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 104, de 2019). Observando esse trecho do texto Constitucional, Goldstein (2003), considera que a atividade policial não se restringe somente ao exercício do cumprimento da lei, e também, reforça que a execução do trabalho deve estar conforme com a defesa das garantias e liberdades gozadas na Constituição, assim, coibindo que elas sejam transgredidas e é por meio do seu desempenho, que ela pode contestar ou solidificar o Estado Democrático de Direito. Logo, a atividade policial tem magnitude, austeridade e uma proporção única para o Brasil. Essa constitucionalização da segurança pública, provoca importantes consequências para a legitimação da execução e formulação das políticas de segurançae da maneira como o Estado irá atuar, por isso, as leis sobre segurança, nos três planos federativos de governo, devem estar em conformidade com a Constituição Federal, assim como as respectivas estruturas administrativas e as próprias ações concretas das autoridades policiais (NETO, 2008). A violência no Brasil e a atuação policial são dois assuntos que andam juntos, onde este primeiro tem índices considerados altos em todos os estados do país, já o segundo tem um histórico ferreteado por uma imagem agressiva, já que a primeira atividade policial que sem tem conhecimento, serviu para reprimir conflitos como os nativos indígenas e proteger a Coroa Portuguesa (SCHNEIDER, 2017). A época do Brasil colônia, reflete ainda atualmente, tanto a burocracia brasileira, como as instituições policiais, replicou os modelos da organização judiciária portuguesa, fundamentando-se em estratégia inquisitorial, de suspeição sistemática, amparando um estado de fragilização permanente entre os quadros da burocracia e estimulava a formação de lealdades pessoais verticais para a neutralização de potenciais ameaças de punição (Azevedo, 2016 apud LIMA, 2014). Ao analisar estatísticas da violência no Brasil, entre o período dos anos 2000-2015, Théry (2018), traz uma exposição sobre a conjuntura do país, que em 2013, com um pouco mais de 40 mil mortes por homicídio, teve uma das piores taxas do mundo, como afirmou o Escritório das Nações Unidas contra as Drogas e Crime. Este número foi quase similar ao relatado pela Índia, que possui uma população seis vezes maior que a do Brasil. Para Cerquera et al. (2017), o aumento nas taxas de homicídios no período entre 2000 a 2015 revelam que, da parte da gestão pública, sendo ela, federal, estadual ou municipal, uma falta de comprometimento com uma agenda de segurança pública que seja mais complexa, que traz impactos saúde, na dinâmica demográfica, assim como no processo de desenvolvimento econômico e social. Imagem 1 Fonte: Cerqueira et al. (2019, p.10), Dentro da análise dos anos de 2007-2017, constata-se um aumento dos números, considerando a taxa média por 100 mil habitantes, em 2015, tem-se uma queda, mas logo volta subir nos dois anos consecutivos. Para Cerqueira et al (2019), o comportamento até o ano de 2015, provavelmente, reflete um movimento de interiorização do crime, transformando municípios que eram, antes, mais pacíficos para taxas dos territórios mais violentos. Os dados revelam que a violência no Brasil se mostra um grande problema para a gestão pública, em todas as suas esferas, seja federal, estadual ou municipal, onde suas ações ainda não se mostram efetivas. Diminuir os índices de violência significa trazer à população uma maior qualidade de vida, assim como também, assegurar aos indivíduos o direito vida e à cidadania. Apesar de ter fundamentação jurídica, a relação entre as forças policiais e a população tem grande dificuldades de estabelecimento da confiança, já que ter um sistema democrático não garantiu o cumprimento dos direitos civis aos cidadãos e a reforma das instituições policiais (AZEVEDO, 2016). 2.2. A pandemia do Covid-19 e a violência Para realizar a análise da violência no Brasil durante a pandemia, é necessário ter em consideração o isolamento social, uma das principais medidas de combate à circulação do vírus SARS-CoV-2. Isolamento este, que é o motivador de se ter uma menor quantidade de pessoas circulando nas ruas. Ter menos gente circulando introduz o questionamento sobre o impacto na atividade policial, também, qual foi o comportamento dos indicadores criminais, levando em consideração, que a pandemia do Covid-19 alterou completamente o cotidiano das pessoas, como por exemplo: uso de máscara obrigatório ao sair na rua e ir a lugares públicos, higienização das mãos com uso de água e sabão ou álcool 70%, adesão ao home office (trabalho em casa) por parte da maioria das empresas, entre outros. É importante destacar que, as atividades policiais também tiveram que se adaptar à esta realidade, onde agora não somente tem-se dos riscos com o combate à violência, os profissionais da segurança pública também têm que conviver com o risco proeminente de contrais com a doença (RICARDO, 2020). Para o cenário pandêmico, Ribeiro (2020, p. 113) afirma que: é propício ao recrudescer da violência sob múltiplas formas: em casos de violência doméstica, por exemplo, o confinamento pode tornar-se uma armadilha mortal para a vítima pelo agravamento das condições de coabitação forçada com a parte agressora; formas correntes de exclusão violenta de grupos definidos como diferentes, como o racismo e a xenofobia, encontram condições propícias para um agravamento radical, (...). Para Ribeiro (2020), a crise sanitária, serve como justificativa para que os poderes do Estados sejam aumentados, além disso, ser estabelecidos formas de coerção e disciplina social que têm uma propensão de ferir a ordem democrática. Por isso, para Azevedo (2016), faz-se necessário a mudança nas práticas institucionais, inserindo uma deontologia das práticas policiais direcionadas por princípios democráticos e republicanos de tratamento com a população e controle e transparências nas ações policiais. Como ainda não se tem dados oficiais acerca dos índices de violência no Brasil, será considerado os estudos realizados pelo O Monitor da Violência, uma parceria entre o G1, o Núcleo de Estudos da Violência da USP e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, e dados divulgados no Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2020. Em 2019, foram registradas 41.730 mortes violentas em todo o Brasil. Já, em 2020, foram 43.892 de morte violentas, representando um crescimento de 5% nos casos de homicídios, incluindo também os casos de feminicídio, e a maior incidência de casos foram registrados na região Nordeste, conforme Imagem 2. Imagem 2 Fonte: Site do Monitor da Violência, acessado em: 27 de outubro de 2021. Ainda analisando a Imagem 2, nota-se que o estado do Ceará foi o que atingiu o maior índice de mortes violentas em todo o Brasil, com um crescimento de 80,7%, e para Manso (2020), podem ser entendidas ao se observar fatores circunstanciais em cada estado como: a dinâmica do mercado criminal e as decorrentes disputas entre grupos armados locais; a força política da autoridade estadual e sua capacidade de implementar políticas de redução da violência e de controlar os excessos e crimes praticados pela polícia. No caso do Ceará, em particular, um pouco antes do início da pandemia, houve uma crise que acarretou greve e motins por parte dos policiais, contribuindo para o aumento da violência do estado, revelando a fragilidade do governo estadual, que não conseguiu ter o controle da situação. Ainda tomando como base os dados do aumento das mortes violentas no Brasil em 2020 e levando em consideração que os números também incluem os casos de feminicídio, pode-se notar que o isolamento social, cominado com a crise do Covid-19, intensificou a violência doméstica. No Brasil, nos primeiros 4 meses de 2020, segundo dados da a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos (ONDH), do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), houve um aumento de 14,1% no número de denúncias feitas no Ligue 180, comparando o mesmo período de 2019. Com o isolamento social, a mulher que sofre violência doméstica fica mais vulnerável, por isso o MMFDH, em maio de 2020, ampliou o canal de denúncias, que passou a contar com atendimentos on-line, além de ferramentas que garantissem a acessibilidade para pessoas com deficiência, com chat e interpretação em Língua Brasileira de Sinais (Libras). Além da ampliação do atendimento, foram criadas campanhas de conscientização com cartilhas, divulgadas na internet e nos locais de serviços essenciais, e o programa intitulado deVigilância Solidária, que visa sensibilizar os vizinhos de vítimas para o combate da violência doméstica, também foi formado um grupo especial junto ao Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), constituído por defensores públicos, promotores, magistrados e outros membros da MJSP. Dados do Anuário da Segurança Pública 2020 (conforme resumo na Imagem 3), retratam que além dos impactos na violência doméstica, principalmente contra a mulher, mostram que houve uma redução nos registros de roubos de todos os tipos, tiveram uma redução de -24,2% no primeiro semestre de 2020, os estados que tiveram um aumento dos casos foram o Ceará e Roraima, 19,2% e 50,4%, respectivamente. O registro de apreensão de armas, nos 6 primeiros meses de 2020, ocorreu também uma diminuição -2,2% da quantidade de armas apreendidas, em 2018 e 2019, a Polícia Federal Rodoviária apreendeu menos armas, com uma taxa de -1,8%, logo, não se pode deduzir que no caso da apreensão de armas, a pandemia tem afetado os dados. A pandemia, teve possivelmente, um impacto positivo para a apreensão dos entorpecentes, onde as polícias estaduais registraram menos ocorrências envolvendo o tráfico, que obteve uma redução de -8,5%, com 83.396 no primeiro semestre de 2020, contra 91.185 do mesmo período de 2019. Já os números relativos ao uso e posse saíram de 67.674 em 2019 para 60.486 no primeiro semestre de 2020, com queda de -10,6%. Imagem 3 Fonte: Anuário da Segurança Pública 2020, p.12 Em contrapartida, apesar da menor apreensão, a quantidade de drogas apreendida teve volume maior que 2019 (com 138,5 toneladas), com 138,5 toneladas em 2020. O provável argumento que poderia explicar esse cenário de redução das ocorrências, é a menor circulação das drogas por via área, já que teve uma queda da disponibilidade dos voos, obrigando o transporte por via terrestre. No que concerne a atuação dos profissionais da segurança pública, para ainda não existe a nível nacional, a quantidade de policiais contaminados, afastados e vítimas fatais da Covid-19, já que mesmo com uma menor circulação de pessoas, a atividade policial continuou na rua, e por ser uma atividade essencial, não acompanhou as medidas de quarentena. Dados apresentados pelo estado de São Paulo das três últimas semanas do mês de maio, mostram que o total de policiais infectados foi de 800 para 3.000, e o número de mortes chegou à 10 no mesmo mês, sendo o dobro de meses anteriores. No Ceará, os dados indicam que 2.000 policiais civis e militares afastados em maio (RICARDO, 2020). A nível nacional, cerca de 7,3 mil profissionais, entre policiais militares, policiais civis e bombeiros, foram afastados por suspeita de contaminação em maio de 2020, segundo levantamento realizado com as secretarias de Segurança de treze estados brasileiros. A maior parcela desses agentes estava no Rio de Janeiro e no Pará, onde a doença apresentou números alarmantes no período. Para tentar conter os casos de contaminação entre os militares, necessitaram de treinamento e direcionamento de como atuar durante a pandemia, mas segundo relata, em pesquisa realizada pela Fundação Getulio Vargas e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que entrevistou mais de 1.500 policiais no país, apenas 34% dos entrevistados no estado de São Paulo alegam ter recebido orientações, já nos demais estados, 84,6% dos entrevistados, relatam não ter recebido nenhum tipo de direcionamento. A seguir, a Imagem 4 traz um resumo sobre a pesquisa, divulgada em maio de 2020. Imagem 4 Fonte: Lotta et al. (2020, p. 2) Vale ressaltar, que em um cenário como esse, de emergência pública, como é a crise sanitária do Covid-19, se pede uma resposta rápida às mudanças de configuração cotidiana, às condições instáveis, gestão da distribuição da informação, coordenação bilateral e ação coletiva emergente (MATARAZZO, FERNANDES E ALCADIPANI, 2020 apud NOWELL, STEELMAN, VELEZ, e YANG, 2018). No Brasil, a gestão política colabora para a descentralização do trabalho policial no combate ao vírus com a imposição de pressões políticas, materiais e culturais que paralisam as corporações e prejudicam seu trabalho com a população (MATARAZZO, FERNANDES E ALCADIPANI, 2020 apud ALCADIPANI et al., 2020; LOTTA et al., 2020). Algo que não pode ser esquecido é que além do estresse que a atividade policial por si só traz ao profissional, o risco de contaminação ao Covid-19, aumenta essa tensão, onde ao ser exposto à doença pela obrigação de cumprir a jornada de trabalho, o agente policial está propenso a transmitir a doença para seus familiares. Resgatando a entrevista, aproximadamente 60% dos policiais entrevistados relatam ter medo de contrair ou ter algum familiar contaminado pelo novo coronavírus (LOTTA et al.,2020). Gráfico 1: Recebeu EPIs para desenvolver seu trabalho durante a pandemia de Covid-19 Fonte: LOTTA et al. (2020, p. 9) Por fim, pode-se observar que a atividade policial dentro de um cenário pandêmico, traz uma insegurança aos profissionais, somente 30,6% deles afirmaram se sentir preparados para atuar em meio a pandemia, além disso, pouco se sabe das medidas tomadas pelas corporações, a não ser a distribuição de equipamentos de proteção individual (EPI), onde, conforme Gráfico 1, 46% dos policiais em São Paulo alegam ter recebido os EPI’s, e nos demais estados brasileiros, 32,1% confirmam o recebimento dos EPI’s. 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS Apesar de ainda não haver números consolidados de todo o ano de 2020, é possível perceber que alguns impactos gerados pela pandemia, desde os índices sobre a violência do Brasil, até a atuação das profissionais. Foi detectado através dos dados, que a violência que vitimizava os indivíduos na rua, tiveram uma diminuição de casos, já que com as regras de isolamento, que deixaram a maior parte das pessoas dentro de casa, fez com que as oportunidades de assalto, por exemplo, fossem menores para os criminosos. O maior impacto observado foi para o aumento dos casos de violência doméstica, onde também, o isolamento social foi o causador, já que a mulher que sofre violência doméstica fica mais vulnerável, dando margem não só a violência física, mas também a psicológica e patrimonial. Com uma menor circulação de pessoas houve também a diminuição dos índices de violência no Brasil, no caso dos roubos, mas, em contrapartida, houve o aumento de casos de violência doméstica onde a relação abusador e abusado tendenciou a ser maior devido a estarei dentro de casa 24 horas, respondendo a pandemia do Covid-19, não trouxe, uma diminuição da violência em sua totalidade. Reforço de campanhas contra a violência doméstica, revelam que da parte da gestão pública, houve não uma mudança, mas sim um esforço maior para conscientizar a população sobre as formas de denúncia, assim, tentar dar um acolhimento às vítimas, as tirando de uma situação de risco. Para concluir, viu-se que cotidiano dos profissionais da segurança pública dentro da pandemia foi incrementado com a sensação de medo de contrair a doença e consequentemente, transmitir aos seus familiares e colegas de profissão. A pesquisa apresentou como limitante, a falta de dados mais atualizados, a respeito, por exemplo, dos casos de infecção entre policiais e as mudanças nos treinamentos de pessoal que atua nas ruas. Além disso, não há informações dos órgãos governamentais que demonstrem o tipo de política pública realizada com os policiais para o combate do Covid-19 dentro das corporações. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AZEVEDO, Rodrigo Ghiringhelli. Elementos para a modernização das polícias no Brasil. 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