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Contratos: Direitos e Deveres de Terceiros

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS
Graduação em Direito
Cinthia Cristina Silva Camargos
Nathália Lais da Silva Vieira
Rafaela Luiza Silva Dias
CONTRATOS: Direitos e Obrigações de Terceiros
(Substitutivo da Global)
Belo Horizonte
2015
Contrato é o acordo de duas ou mais vontades, destinado a estabelecer uma regulamentação de interesses entre as partes, com a finalidade de adquirir, modificar ou extinguir relações jurídicas de natureza patrimonial; sendo um negócio jurídico, requer, para sua validade, a observância dos requisitos legais (agente capaz, objeto lícito e forma prescrita ou não defesa em lei).
Para validar um contrato são necessários alguns requisitos, quais sejam os subjetivos que requer a existência de duas ou mais pessoas; capacidade genérica das partes contratantes para pratica atos da vida civil; aptidão específica para contratar; consentimento das partes contratantes. Os requisitos objetivos que dizem respeito ao objeto do contrato; a validade e eficácia do contrato, como um direito creditório, e dependem da licitude de seu objeto; possibilidade física ou jurídica do objeto; determinação de seu objeto, pois este deve ser certo ou, pelo menos, determinável; economicidade de seu objeto, que deverá versar sobre interesse economicamente apreciável, capaz de se converter, direta ou indiretamente, em dinheiro. E, finalmente os requisitos formais, que são atinentes à forma do contrato; a regra é a liberdade de forma, celebrando-se o contrato pelo livre consentimento das partes contratantes.
Com relação ao terceiro nos contratos, é aquele que não participa do negócio jurídico, para quem a relação é absolutamente alheia, o terceiro é aquele que “não participou da formação da obrigação, ou do contrato, ou que não foi validamente representado, nem por seu antecessor, a quem sucede, nem por um mandatário nem por um gesto de negócios”. O contrato tem força de lei entre as partes, e não produz efeito em relação à terceiro, salvo nos casos previstos em lei.
O dever que é imposto a terceiros, não constitui o cumprimento da obrigação, mas sim o respeito de observar o contrato, as pessoas dos contratantes e seus respectivos patrimônios.  Contudo, o comportamento do terceiro não pode interferir no atuar das partes do negócio. Trata-se, de um dever universal de renúncia que se pode impor àqueles que não integram a formação do pacto.
A qualificação de partes e terceiros deixa de ser estática e considerada constante. Mas ganha caráter variado, amoldando-se às peculiaridades do caso concreto.
O terceiro não poderá alegar “ignorância legítima” do contrato, e, portanto, invocar qualidade de terceiro de boa-fé, caso haja prova de sua ciência prévia a respeito do mesmo, seja de sua existência, seja de sua validade e/ou vigência. Neste sentido, em havendo sujeição do contrato a sistema de publicidade, seja através de prévio registro público, seja através do prévio envio e recebimento de notificação, ou ainda verificada ciência prévia do terceiro a respeito do contrato, este não mais poderá alegar desconhecimento a respeito, e deverá sofrer todas consequências legais e jurídicas pertinentes, em caso de interferir, positiva ou negativamente, comissiva ou omissivamente, em relação ao mesmo, em prejuízo dos contratantes. Nestas situações haverá responsabilidade civil do terceiro, pelos eventuais danos causados aos contratantes, na medida em que: “... os efeitos externos decorrem da simples existência do contrato enquanto fato social, representativo de situações jurídicas subjetivas, o que atinge a esfera jurídica de terceiros, impondo-lhes um dever geral de respeito e abstenção”.
Aos terceiros incumbe o dever de respeitar o contrato, tal como lhe incumbe o dever de respeitar a propriedade alheia, um direito que somente houvesse de ser respeitado pelo contratante e que terceiros pudessem desrespeitar não teria absolutamente nenhum valor. Por outro lado, caso o terceiro seja prejudicado pelo contrato, por conta de afronta aos princípios da dignidade da pessoa humana, da função social dos contratos, da boa-fé objetiva, dentre outros, ou ainda por conta de violação de direitos constitucionais, tais como direitos fundamentais, direitos sociais, proteção ao consumidor, preservação ao meio ambiente, etc., este poderá invocar proteção e tutela jurídicas pertinentes, mesmo não havendo figurado como parte contratante.
A relevância e a pertinência da abordagem do princípio da proteção ao terceiro de boa-fé confirmam-se na medida em que o contrato firmado entre as partes contratantes, em regra, não opera efeitos em relação ao terceiro, seja por este ostentar a qualidade de alheio e de estranho ao pacto negocial, seja por conta do atributo de sua boa-fé. Logo, havendo a qualidade de terceiro, assim entendido aquele que não seja parte, nem tenha sido representado, no contrato, e o atributo da boa-fé, assim entendida a crença do de se estar agindo de maneira conforme ao Direito, não tendo anuído, nem sido cientificado a respeito, haverá inoponibilidade do contrato em relação a tal terceiro de boa-fé.
Há hipóteses típicas, expressamente previstas em lei, relativas à eficácia externa dos contratos, tais como: estipulação em favor de terceiro, também denominado de pactum in favorem de tertii; promessa de fato de terceiro; e contrato com pessoa a declarar, também admitido e conhecido como contrato com cláusula pro amico eligendo. Nestes casos, a eficácia da estipulação depende da prévia, concomitante ou ulterior, aquiescência do terceiro, para que este integre a relação negocial, e possa exercer os respectivos direitos que venha a se tornar titular.
Há também a hipótese em que se imputa ao terceiro uma abstenção ou, noutros termos, um não agir, consubstanciado no dever de respeito ao conteúdo do contrato.  Cuida-se, por assim dizer, da responsabilidade do terceiro ofensor ao contrato.
Pode-se mencionar, ademais, outro caso de reconhecimento pela ordem jurídica em vigor da teoria onerativa de terceiros: trata-se da fraude contra credores.
Apurando-se a existência de obrigações não cumpridas, o credor pode requerer a execução do patrimônio do devedor, a fim de ter seu crédito satisfeito. Nesse sentido, talvez a hipótese mais noticiada da eficácia contratual perante terceiros, especificamente falando na teoria onerativa dos não contratantes.
Ao se falar dos efeitos contratuais perante terceiros, pode-se pensar que o fenômeno somente se faz presente na vida acadêmica dos estudantes, não tendo presença efetiva na vida prática.

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