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TCC REVISADO

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DEYSI DANIELA LEOPOLDINO BORGES LIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
QUAL O LIMITE DO EXERCÍCIO DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TOLEDO - PR 
2018
1 
 
DEYSI DANIELA LEOPOLDINO BORGES LIRA 
 
 
 
 
 
 
 
QUAL O LIMITE DO EXERCICÍO DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO? 
 
 
 
 
Trabalho apresentado no Curso de Direito, da 
Faculdade Assis Gurgacz (Toledo – PR), 
exigido como requisito parcial para aprovação 
na disciplina de Conclusão de Curso II. 
 
Professor Orientador: Marco Antonio 
Batistella Longo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TOLEDO - PR 
2018 
2 
 
 
 
QUAL O LIMITE DO EXERCÍCIO DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho apresentado no Curso de Direito, da Faculdade Assis Gurgacz, de Toledo - PR, 
como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Direito, sob a orientação do 
Professor Me. Marco Antônio Batistella Longo. 
 
 
 
 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
__________________________ 
Marco Antônio Batistella Longo 
Faculdade Assis Gurgacz 
Mestre 
 
 
___________________________ 
Professor(a) Avaliador(a) 
 Instituição a que pertence 
Titulação 
 
 
 ___________________________ 
 Professor(a) Avaliador(a) 
 Instituição a que pertence 
Titulação 
3 
 
QUAL O LIMITE DO EXERCÍCIO DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO? 
 
RESUMO: O presente artigo terá como tema central a análise da garantia constitucional à 
liberdade de expressão em conflito com outros direitos constitucionalmente protegidos, como 
o direito a imagem e a honra. Outrossim, visa explanar sobre o limite do seu exercício da 
liberdade de expressão, além de demonstrar acerca da limitação em caso de abuso da garantia 
constitucional e formas de manifestação, entre elas o Hate Speech, que são discursos ou 
incitamento ao ódio, ou, o que segundo a doutrina são situações em que há o incentivo a 
condutas negativas, como a violência ou o racismo. Desta forma, por meio de pesquisas 
bibliográficas em textos legais, doutrinas e estudo de jurisprudência, o trabalho tem o intuito 
de demonstrar a prevalência de direitos fundamentais da dignidade da pessoa humana e 
igualdade jurídica, sobre situações de excesso da garantia de liberdade de expressão. 
 
 Palavras-chave: Liberdade de expressão. Conflito de direitos. Discurso de ódio. 
Proporcionalidade. 
 
 
WHAT LIMIT THE EXERCISE OF EXPRESSION FREEDOM? 
 
ABSTRACT: This article will have as its central theme the analysis of the constitutional 
guarantee of freedom of expression conflicts with other constitutionally protected rights, such 
as the right to image and honor. In addition, aims to explain about the limit of your exercise of 
freedom of expression, in addition to demonstrate about the limitation in case of abuse of 
constitutional guarantee and forms of manifestation, including Hate Speech, which are 
speeches or incitement to hatred, or, According to the doctrine are situations where there is 
incentive for negative conduct, as violence or racism. In this way, through bibliographical 
research in legal texts, doctrines and case law study, the work is intended to demonstrate the 
prevalence of fundamental rights of human dignity and legal equality, about situations of 
excess the guarantee of freedom of expression. 
 
Keywords: Freedom of expression. Conflict of rights. Hate speech. Proportionality. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
INTRODUÇÃO 
 
O exercício da liberdade de expressão, direito previsto no artigo 5º, incisos IV, V, IX 
X, XIII e XIV da Constituição Federal de 1988, representa suma importância para a estrutura 
democrática de nosso Estado. 
Para a efetivação da liberdade de expressão, requer-se um estado não autoritário, de 
igualdade entre os cidadãos. Entretanto, na medida em que o direito de liberdade de expressão 
é usufruído, pode-se, ao mesmo tempo, violar o direito de outro cidadão, deixando de haver a 
igualdade entre este e aquele. 
Observando a importância do assunto em questão, cabe distinguir o direito à 
liberdade de expressão, em se tratando dos discursos de ódio e violação de direitos que alguns 
indivíduos vêm exprimindo em seu nome. 
A Constituição Federal não estabelece limites expressos ao direito da liberdade de 
expressão, entretanto, isso não significa que estes não existam. Assim, o limite de um direito 
fundamental se encontra no momento em que este entra em conflito com outro igualmente 
protegido. 
O presente artigo pretende analisar os limites da liberdade de expressão, com 
objetivo principal de estabelecer parâmetros para separar, de um lado o conceito de liberdade, 
e de outro a aplicação de ato que configure algum ilícito, ou violação de direitos que possa vir 
a ferir o próprio texto constitucional, pretendem-se ponderar, a partir da interpretação 
constitucional, a aplicação de princípios, tal qual o princípio da proporcionalidade. 
Dessa forma, o estudo se mostra importante no contexto doutrinário, visto que, o 
confronto de direitos fundamentais é um problema atual, pois tanto o exercício da liberdade 
de expressão quanto à proteção a direitos personalíssimos são meios de assegurar o efetivo 
direito do cidadão. 
 
 
LIBERDADE DE EXPRESSÃO 
 
Segundo o doutrinador José Afonso da Silva (2012): 
 
O conceito de liberdade humana deve ser expresso no sentido de um poder de 
atuação do homem em busca de sua realização pessoal, de sua felicidade. [...] A 
liberdade é um poder de autodeterminação, em virtude do qual o homem escolhe por 
si mesmo seu comportamento pessoal [...] (SILVA, 2012, p.235). 
5 
 
Desta forma, o conceito de liberdade está ligado com a autonomia individual, a qual 
propõe que se os indivíduos não detiverem liberdade para trilhar seus próprios caminhos, 
deixam de ser indivíduos. 
O doutrinador Alexandre Sankievicz (2011) entende que a liberdade de expressão 
decorre do fato de o discurso ser uma manifestação da liberdade individual. Ela confere ao 
indivíduo a capacidade de desenvolver todo o seu potencial, controlar o seu próprio destino e 
influenciar as decisões coletivas (SANKIEVICZ, 2011, p.23). 
Vicente de Paulo Barreto (2010) traz a seguinte redação sobre a liberdade de 
expressão, 
 
O direito de as pessoas se expressarem livremente esteve presente nas primeiras 
elaborações sobre democracia, já que era tido como condição fundamental para a 
garantia de um regime que se diferenciava das oligarquias1 e das autocracias2 
(BARRETO, 2010, p. 314). 
 
José Afonso da Silva (2012) afirma que a definição mais aceitável em relação à 
liberdade de expressão é a contida na Declaração de 1789, dos Direitos do Homem e do 
Cidadão, em seu artigo 4º, conforme segue, 
 
A liberdade consiste em poder fazer tudo que não prejudique o próximo. Assim, o 
exercício dos direitos naturais de cada homem não tem por limites senão aqueles que 
asseguram aos outros membros da sociedade o gozo dos mesmos direitos. Estes 
limites apenas podem ser determinados pela lei (SILVA, 2012, p. 235). 
 
Por meio da liberdade de expressão é que se torna possível externar as mais 
diferentes e inusitadas opiniões de forma aberta, o que viabiliza a construção de uma 
sociedade plural, livre e com grande diversidade de ideias, pensamentos e opiniões políticas. 
Assim, entende-se como liberdade de expressão um direito fundamental do homem, 
com o fim de garantir a manifestação de opiniões, ideias e pensamentos, sendo fundamental 
para o seu desenvolvimento e para um estado democrático, no qual o sujeito é capaz de tomar 
suas próprias escolhas e ser livre para manifestar-se acerca delas, de forma a não prejudicar o 
próximo. 
 
1 Trata-se de sistema político no qual o poder está concentrado em um pequeno grupo pertencente a uma mesma 
família, um mesmo partido político ou grupo econômico. Disponível em: 
<https://www.significados.com.br/oligarquia/>. Acesso em 04.jun.2018. 
2 É um regime político em que as leis e decisões são baseadas nas convicções do governante(...). Disponível em: 
< https://www.significados.com.br/autocracia/>. Acesso em 04.jun.2018. 
https://www.significados.com.br/oligarquia/
https://www.significados.com.br/autocracia/
6 
 
A LIBERDADE DE EXPRESSÃO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 19883 
 
A liberdade de expressão possui previsão constitucional disposta nos incisos IV, V, 
IX, X, XIII e XIV, do artigo 5º, assim como o artigo 220 que trata da liberdade de 
manifestação de pensamento, resguardando-a de qualquer restrição, observando o disposto na 
Constituição. 
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade 
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos 
seguintes: 
IV - É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; 
V - É assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização 
por dano material, moral ou à imagem; 
IX - É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de 
comunicação, independentemente de censura ou licença; 
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as 
qualificações profissionais que a lei estabelecer. 
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, 
quando necessário ao exercício profissional.4 
 
Na estruturação constitucional brasileira, está inserida, na liberdade de manifestação 
do pensamento, a manifestação de opinião, bem como todas as formas de expressão cultural 
artística ou científica. 
Há diversos modos de expressão de ideias e de sentimentos disponíveis na sociedade, 
não é somente a partir do uso da palavra em determinada manifestação é que se estará 
exercendo a referida liberdade, como afirma o doutrinador Gilmar Ferreira Mendes (2008) 
quando diz que 
 
O termo amplo como a liberdade de expressão é tutelado no Direito brasileiro – que 
reconhece a liberdade de “expressão da atividade intelectual artística, científica e de 
comunicação, independentemente de censura ou licença” (art. 5º, IX, da CF) – 
 
3Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado 
Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o 
bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, 
pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, 
com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO 
DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. Disponível em 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm> Acesso em 02. Jun., 2018. 
4 Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em 
02. Jun., 2018. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm
7 
 
permitem afirmar que, em princípio, manifestações não verbais também se inserem 
no âmbito da liberdade constitucionalmente protegida (MENDES, 2008, p. 365). 
 
Mendes (2008), ensina que o ser humano se forma no contato com o seu semelhante, 
mostrando-se a liberdade de se comunicar como uma condição relevante para a própria 
higidez psicossocial da pessoa. “O direito de se comunicar livremente conecta-se com a 
característica da sociabilidade, essencial ao ser humano” (MENDES, 2008, p. 360). 
Ademais, ainda segundo o doutrinador, a garantia da liberdade de expressão engloba 
qualquer tipo de manifestação, desde que não haja conflito com outros direitos ou valores 
constitucionalmente protegidos. 
Segundo o doutrinador José Afonso da Silva (2012), 
 
As manifestações intelectuais, artísticas e científicas são formas de difusão e 
manifestação do pensamento, tomado esse termo em sentido abrangente dos 
sentimentos e dos conhecimentos intelectuais, conceptuais e intuitivos. [...] A 
atividade intelectual é especialmente vinculada ao conhecimento conceptual que 
abrange a produção científica e filosófica. Esta, como todas as manifestações 
artísticas, está protegida pela liberdade de que estamos ocupando. Todos podem 
produzir obras intelectuais, científicas ou filosóficas, e divulgá-las, sem censura e 
sem licença de quem quer que seja (SILVA, 2012, p. 255). 
 
Os direitos consagrados constitucionalmente são múltiplos, de forma que, dentro da 
própria ordem jurídica, é preciso encontrar soluções que viabilizem a vivência concomitante 
de formas diferentes de liberdade, estabelecendo fronteiras para a esfera de desempenho de 
cada uma, tendo em vista a indispensável existência de todas as outras. 
Para Luís Roberto (2007), apesar da amplitude da liberdade assegurada no texto 
constitucional, o doutrinador enfatiza que os direitos de liberdade, dispostos no artigo 5º, não 
são absolutos, sendo encontrados limites na própria Constituição (ROBERTO, 2007, p. 84). 
Assim, se todo indivíduo fosse detentor de um direito absoluto, como se daria a 
relação de cada um com os demais, também detentores desse mesmo direito absoluto? Não 
poderiam todos ceder ao direito uns dos outros, visto que o direito, por ser absoluto, seria 
impossível de ser transmitido. 
Diante desse prisma, conclui-se que a liberdade não é um direito absoluto, haja vista 
que pode sofrer restrições legais, desde que estas atendam aos direitos fundamentais e aos 
princípios da proporcionalidade, de modo a garantir que este direito não se perca. 
 
 
 
8 
 
 
 
LIBERDADE DE EXPRESSÃO E A COLISÃO DE DIREITOS 
 
É possível que haja ocorrência de conflitos entre a liberdade de expressão e outros 
direitos, e, também, valores constitucionalmente protegidos, os quais podem ser resolvidos 
por meio de interpretação jurídica. 
O direito de liberdade de expressão é fundamental para o estado democrático, 
todavia, é um direito não absoluto. Este pode vir a sofrer restrições legais, desde que estas 
atendam aos direitos fundamentais e aos princípios da proporcionalidade e da preservação do 
núcleo essencial de cada direito. 
Por muitas vezes, as formas de liberdade de expressão podem violar direitos 
personalíssimos, como o direito a honra e imagem, além de trazer discursos de ódio, 
conhecidos também como hate speech5, o que, segundo Gilmar Ferreira Mendes, são 
situações nas quais há o incentivo a condutas negativas como a violência ou o racismo 
(MENDES, 2008, p. 370). 
No que diz respeito à liberdade de expressão e à colisão de direitos, aludir-se-á a 
respeito da honra, consagrada no art. 5º, em seu inciso X, sendo este, propriamente, um limite 
à liberdade em discussão, 
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade 
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos 
seguintes: (...) 
X - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, 
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua 
violação.6 
 
Segundo J.I. Roquete e José Da Fonseca (1949), entende-se por honra a boa opinião 
e a forma adquiridas por mérito e virtude. A honra é um atributo da pessoa, estando de tal 
 
5 Discurso de ódio (tradução do inglês: hate speech) é de forma genérica, qualquer ato de comunicação que 
inferiorize ou incite contra uma pessoa ou grupo, tendo por base características como raça, gênero, etnia, 
nacionalidade, religião, orientação sexual ou outroaspecto passível de discriminação. Disponível em: 
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Discurso_de_%C3%B3dio>. Acesso em: 06.jun.2018. 
6 Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em 
02. Jun., 2018. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm
9 
 
modo ligada e vinculada à personalidade, que lhe dá a dimensão moral do seu valor na 
sociedade. Assim, é a dignidade que a pessoa realiza de si mesma, refletindo na apreciação e 
visão dos demais (ROQUETE; FONSECA, 1949, p. 277). 
Segundo os doutrinadores, a honra apresenta dois aspectos: o subjetivo, o qual 
consiste na dignidade que a própria pessoa experimenta, isto é, no conceito que alguém faz de 
si próprio, em sua autoestima. E o objetivo, o qual consiste na reputação perante o meio social 
ao qual determinada pessoa pertence, ou seja, sua boa fama, como o indivíduo é visto perante 
a sociedade (ROQUETE; FONSECA, 1949, p. 277). 
Assim, se de alguma forma, promovendo a liberdade de expressão, alguém vier a 
violar o direito de honra de outrem, estaria violando direito fundamental individual. 
Referente ao hate speech, percebe-se uma maior diversificação das situações nas 
quais as práticas de discurso de ódio são utilizadas, extrapolando contextos específicos como 
os vivenciados na Alemanha Nazista, para alcançar ambientes cotidianos, marcados por 
preconceito e intolerância à diferença. 
Segundo Castro Freitas (2013) o discurso de ódio compreende uma variável da 
liberdade de pensamento e, como tal, quando apenas representa o sentimento de rejeição ou 
ódio no âmbito interno, não adquire importância significativa para o Direito (FREITAS, 2013, 
p. 344). 
A liberdade de expressão, direito constitucional, não seria compatível com alguns 
itens como preconceito, ódio, desrespeito, prática ou incitação da prática de atos e 
sentimentos hostis contra grupos identificáveis. 
Dessa forma, tem-se que, nenhuma liberdade é absoluta, contudo, ostenta certos 
limites claros pertencentes à própria definição de liberdade. Ou seja, uma ação qualquer só 
será acolhida pela liberdade de expressão se concorrer com outras liberdades, não ferindo 
direitos de nenhum indivíduo, ou promovendo mensagens de ódio e desprezo. 
 
A REPARAÇÃO DE DANOS COMO LIMITE AO AUTOR OU ARTISTA 
 
A Constituição Federal rege ser livre a expressão da atividade intelectual, artística, 
científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença, em seu artigo 5º, 
inciso IX. Contudo, no mesmo artigo, em seu inciso IV, traz a seguinte redação: “IV- É livre a 
10 
 
manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato” (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 
1988).7 
Segundo Edilsom Farias (2004), quanto à vedação ao anonimato entende-se a 
proibição de manifestar e publicar qualquer documento sem identificar-se, com objetivo de 
impedir danos a terceiros em caso de abuso no exercício da liberdade e, posteriormente, a 
responsabilização do autor sobre a obra divulgada (FARIAS, 2004, p. 182). 
A própria Constituição Federal traz o direito de resposta à ofensa proferida por um 
meio de comunicação, o que, segundo Gilmar Ferreira Mendes (2008, p. 363), é uma forma 
de preservar a honra e a imagem do indivíduo ofendido, como dispõe o texto constitucional, 
 
 V - É assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização 
por dano material, moral ou à imagem.8 
 
Mendes (2008) ainda destaca que, acerca das limitações ao direito de expressão, 
pode se verificar que essa liberdade encontra restrições no próprio texto da Constituição 
Federal, ou em casos de conflito com outros igualmente resguardados, sempre observando o 
princípio da proporcionalidade, o qual tem por finalidade precípua, equilibrar os direitos 
individuais com os anseios da sociedade (MENDES, 2008, p. 366). 
José Afonso da Silva (2001) discute qual a melhor forma de solução do conflito em 
hipóteses nas quais a obra divulgada venha a ferir o direito personalíssimo: o impedimento da 
divulgação da obra de arte, ou, a reparação posterior do dano, adotando este, que a solução 
para esse conflito é a reparação civil do dano posterior, por meio da indenização do dano 
moral ou material decorrente da violação (SILVA, 2001, p. 70). 
É nesse sentido, também, que a restrição no exercício abusivo da garantia 
constitucional da liberdade de expressão se fundamenta. Grande importância dessas 
limitações se dão nos casos de discurso de ódio, que são situações nas quais há o incentivo a 
condutas negativas como a violência ou o racismo (hate speech). Mendes entende que tais 
manifestações são indiscutivelmente rejeitadas e consideradas repugnantes pela sociedade e 
pela Constituição (MENDES, 2008, p. 370). 
 
7 Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em 
03. Jun., 2018. 
8 Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em 
03. Jun., 2018. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm
11 
 
Diante disso, o operador do Direito deve compreender o sistema jurídico, haja vista 
ser a liberdade de expressão de suma importância para o estado democrático, sendo livre a sua 
manifestação, independentemente de licença, contudo, sendo invioláveis a intimidade, a vida 
privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano 
material ou moral decorrente de sua violação, conforme o princípio da proporcionalidade. 
 
 
 PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE 
 
O doutrinador Chade Rezek Neto (2004), conceitua o princípio da proporcionalidade 
como o princípio construtivo e fundamental, implícito e pressuposto na reunião entre Estado 
de Direito e Democracia, sendo sua função a de hierarquizar, em situações de conflito, os 
demais princípios, buscando uma verdadeira ideia do Direito. Assim, ordena que a relação 
entre o fim que se busca e o meio utilizado deva ser proporcional, ou seja, deve haver uma 
relação adequada entre eles (NETO, 2004, p. 56). 
Os doutrinadores Dimitri Dimoulis e Leonardo Martins, entendem que, 
 
A proporcionalidade deve ser entendida como elemento disciplinador do limite à 
competência constitucional atribuída aos órgãos estatais de restringir a área de 
proteção de direitos fundamentais, isto é, como resposta jurídica ao problema do 
vínculo do legislador aos direitos fundamentais, configurando um limite de seu 
poder limitador (DIMOULIS; MARTINS, 2007, p. 191). 
 
É o princípio da proporcionalidade que permite ponderar princípios e direitos 
fundamentais quando se encontram em estado de contradição, resolvendo de forma que se 
potencialize o respeito de todos os envolvidos no conflito. Desta forma, quando se tem 
direitos fundamentais em conflito, é necessário que estes sofram uma ponderação em razão do 
bem ou do valor que se pretende tutelar, buscando-se harmonia entre direitos. 
Segundo Inocêncio Mártires Coelho, 
 
O princípio da proporcionalidade e da razoabilidade é um preceito de ponderação, 
aplicável ao direito em geral. Através dele deve-se cotejar a legitimidade das 
restrições de direito, a fim de buscar sempre e seguir os valores da justiça, equidade, 
bom senso e proibição do excesso, seguindo desta forma, a ideia de Estado de 
Direito (COELHO, 2007, p. 109). 
 
Dessa forma, o princípio da proporcionalidade é um princípio de suma importância, 
pois visa garantir o Estado Democrático de Direito, para que não haja omissão de um direito 
12 
 
fundamental quando em conflito com outro, garantindo a solução desses confrontos e 
respeitando o seu núcleo essencial. 
 
 
ANÁLISE DE CASOS 
 
CASO GIL VICENTE 
 
Partindo dessa perspectiva, a qual aborda a problemática da liberdade de expressãofrente a outros direitos personalíssimos, dentre eles o direito à honra, temos as obras de Gil 
Vicente Vasconcelos de Oliveira (1958)9, pintor, desenhista, gravador, fotógrafo e escultor, o 
qual expôs obras na Bienal de São Paulo em 2010, São Paulo10, a série Inimigos (anexos A, 
B, C, D, E – 2005-2006)11, na qual o artista assume, em uma série de desenhos realistas, feitos 
em carvão sobre papel e em tamanho próximo ao natural, o papel de assassino de diversos 
dirigentes políticos, os quais, atuando em âmbitos geográficos diversos, são portadores de 
visões distintas, se não conflitantes, de mundo. 
Com faca ou revólver, de frente ou pelas costas, Gil Vicente representa o momento 
imediatamente anterior ao que “mata”, entre outros, George W. Bush e Kofi Annan, Lula e 
Fernando Henrique Cardoso, e o Papa Bento XVI. 
O fato ocorreu em 2010, quando a OAB de São Paulo oficiou o Ministério Público 
de São Paulo, comunicando os fatos, uma vez que, em tese, a série “Inimigos”, de Gil 
Vicente, fazia apologia ao crime, previsto do Art. 287, do Código Penal “fazer, publicamente, 
apologia de fato criminoso ou de autor de crime”12. 
Em Nota pública, o presidente, na época da OAB- SP, Luiz Flávio Borges D´Urso, 
explicou que oficiou aos curadores da Bienal de São Paulo, expondo os motivos pelos quais 
 
9 Pintor, nascido em Recife-PE em 1958, iniciou-se na escolinha de Artes do Recife em 1971. Cursou Artes na 
Ufpe, depois ajudou a fundar a oficina Guaianases de gravura. Viajou a Paris como bolsista, premiado em vários 
salões nacionais. Pintor figurativo. Assina Gil Vicente. 
10 A Fundação Bienal de São Paulo é uma instituição pulsante que idealiza e coloca em prática iniciativas 
artísticas, educativas e sociais; fundada em 8 de maio de 1962 pelo empresário Ciccillo Matarazzo, a instituição 
abriga ainda um arquivo histórico sobre arte moderna e contemporânea. Disponível em:< 
http://www.bienal.org.br/fundacao> Acesso em 26, abr., 2018. 
11 Obra Inimigos. Disponível em <http://www.gilvicente.com.br/inimigos.html>. Acesso em 26, abr., 2018. 
12 Apologia de crime ou criminoso- Art. 287 - Fazer, publicamente, apologia de fato criminoso ou de autor de 
crime: Pena - detenção, de três a seis meses, ou multa. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm> Acesso em 05, mai. 2018. 
http://www.bienal.org.br/fundacao
http://www.gilvicente.com.br/inimigos.html
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm
13 
 
foi contra a exposição da série “Inimigos”, do artista plástico Gil Vicente, por fazer apologia 
ao crime13. 
Segue a nota: 
 
NOTA PÚBLICA 
Uma obra de arte, embora livremente e sem limites expresse a criatividade do seu 
autor, deve ter determinados limites para sua exposição pública. Um deles é não 
fazer apologia ao crime, como estabelece a vedação inscrita no Código Penal 
Brasileiro. 
A série de quadros denominada “Inimigos”, do artista plástico Gil Vicente, é 
composta por obras as quais retratam, dentre outras, o autor atirando contra a cabeça 
do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, noutra mostra o mesmo autor, de 
posse de uma faca, degolando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 
Essas obras, mais do que revelar o desprezo do autor pelas figuras humanas que 
retrata como suas vítimas, demonstra um desrespeito pelas instituições que tais 
pessoas representam, como também o desprezo pelo poder instituído, incitando ao 
crime e à violência. 
Certamente, não se pode impedir que uma obra seja criada, mas se deve impedir que 
seja exposta à sociedade em espaço público se tal obra afronta a paz social, o estado 
de direito e a democracia, principalmente quando pela obra, em tese, se faz apologia 
de crime. 
Por esse motivo é que a OAB SP está oficiando os curadores da Bienal de São 
Paulo, para que essas obras de Gil Vicente, da série "Inimigos" não sejam expostas 
naquela importante mostra.14 
 
Por outro lado, houve quem tenha apoiado a obra na época em que foi exposta, como 
é o caso de Hugo Leonardo, especialista em Direito Penal Econômico pela Fundação Getúlio 
Vargas15, o qual publicou a seguinte carta para Gil Vicente, apoiando as obras do autor, 
 
Soube, por meio da livre Folha de S.Paulo, que seus autorretratos Inimigos foram 
alvejados por ofensiva amiga. Segundo consta, suas obras poderiam não ser expostas 
na 29ª Bienal de Artes de São Paulo. Por isso, pergunto-lhe: Gil, estaria você 
incorrendo em apologia ao crime por expor a degola do presidente Luiz Inácio Lula 
da Silva? Estaria você incorrendo em desprezo à figura humana por apontar uma 
arma para a têmpora do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso? Ora, Gil, muito 
me surpreende o fato de você lançar mão do judicioso recurso da ironia 
para retratar insignes representantes do poder constituído, incitando a inocente 
população civil ao crime e à violência. 16 
 
 
13 OAB SP Oficia Ao MP Sobre Obras De Gil Vicente. Disponível em: 
<http://www.oabsp.org.br/noticias/2010/09/20/6441> Acesso em: 28, AL,br., 2018. 
14 OAB SP Oficia Ao MP Sobre Obras De Gil Vicente. Disponível em: 
<http://www.oabsp.org.br/noticias/2010/09/20/6441> Acesso em: 28, AL,br., 2018. 
15 Graduado em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie em 2006; Vice-presidente do Instituto de 
Defesa do Direito de Defesa – IDDD; Membro da Comissão de Estudos de Direito Penal da OAB-SP; Autor de 
capítulo do livro “Criminologia no Brasil: História e Aplicações Clínicas e Sociológicas”, obra organizada por 
Sérgio Salomão Shecaira e Alvino Augusto de Sá (Elsevier, 2010). Disponível em: < 
http://hugoleonardo.adv.br/#!/equipe>. Acesso em: 30, jun., 2018. 
16 Carta A Gil Vicente- Quem censura arte é que é capaz de degolar. Disponível em: < 
https://www.conjur.com.br/2010-set-25/quem-censura-obras-gil-vicente-seria-capaz-degolar#author>. Acesso 
em 30.jun. 2018. 
http://www.oabsp.org.br/noticias/2010/09/20/6441
http://www.oabsp.org.br/noticias/2010/09/20/6441
http://hugoleonardo.adv.br/#!/equipe
https://www.conjur.com.br/2010-set-25/quem-censura-obras-gil-vicente-seria-capaz-degolar#author
14 
 
O advogado criminalista fez citações de algumas obras, mostrando-se a favor da arte 
representada por Gil Vicente, demonstrando indignação quanto à nota publicada pela OAB-
SP, “Eis a importância, Gil, de não se pronunciar meia verdade, mas uma verdade e meia. [...] 
Dizer que o apoio, Gil, expressa menos minha indignação[...]”17 
Desta forma, é possível obter uma breve análise das obras, e aferir se estas vêm ou 
não a infringir os direitos fundamentais constitucionais elencados no inciso X, do artigo 5º do 
texto constitucional, além de fazer apologia ao crime, previsto do Art. 287, do Código Penal, 
como menciona em nota publicada pelo presidente da OAB de São Paulo, na época dos fatos. 
 
 
 
 
CASO SIEGFRIED ELLWANGER 
 
Nessa premissa, há julgado do STF que aborda a problemática da liberdade de 
expressão em colisão a outros direitos personalíssimos, como é o caso de Siegfried 
Ellwanger18, autor, editor e distribuidor de livros, o qual foi denunciado em 14/11/1991 pelo 
crime de racismo contra o povo judeu, nas obras de sua autoria – Holocausto; Judeu ou 
alemão?; Nos bastidores da mentira do século - e de sua distribuição - O judeu internacional; 
A história secreta do Brasil; Brasil: colônia de banqueiro; Os protocolos dos sábios de Sião; 
Hitler: culpado ou inocente?; Os conquistadores do mundo: os verdadeiros criminosos de 
guerra -, nas quais foi possível identificar mensagens antissemitas19, racistas e 
discriminatórias, incitando desprezo e ódio contra os judeus, ao negar o holocausto e afirmar 
que o povo judeu causa males ao mundo. 
 
17 Carta A Gil Vicente- Quem censura arte é que é capaz de degolar. Disponívelem: < 
https://www.conjur.com.br/2010-set-25/quem-censura-obras-gil-vicente-seria-capaz-degolar#author>. Acesso 
em 30.jun. 2018. 
18 Siegfried Ellwanger Castan, nascido em Candelária, no Estado do Rio Grande do Sul, 30 de setembro de 1928 
- 11 de setembro de 2010- foi um pesquisador brasileiro na área do revisionismo histórico. Seus estudos têm 
como objeto primordial a análise factual das acusações ao povo alemão de genocídio durante a Segunda Guerra 
Mundial. Escreveu vários livros sobre as propagadas acusações, referentes ao período nacional-socialista alemão, 
nos quais desmente várias difamações, notadamente no que se refere ao chamado Holocausto. Disponível em: 
<http://pt.metapedia.org/wiki/Siegfried_Ellwanger_Castan>. Acesso em 05, mai. 2018. 
19 Antissemitismo é o ódio e preconceito contra o povo judeu e sua cultura, ou seja, uma forma de xenofobismo. 
Disponível em < https://www.significados.com.br/antissemitismo/>. Acesso em 06, mai. 2018. 
https://www.conjur.com.br/2010-set-25/quem-censura-obras-gil-vicente-seria-capaz-degolar#author
http://pt.metapedia.org/wiki/Siegfried_Ellwanger_Castan
https://www.significados.com.br/antissemitismo/
15 
 
Ellwanger foi julgado pela Justiça de Porto Alegre em 1996 e condenado a dois anos 
de reclusão com suspensão condicional da pena, por meio de livros, ao antissemitismo, 
disseminando ideias discriminatórias contra a comunidade judaica, o qual foi incurso no crime 
de racismo. 
Ellwanger impetrou, então, habeas corpus diante do Superior Tribunal de Justiça 
(STJ), o qual não lhe foi concedido. Impetrou, então, habeas corpus (nº 82.424/RS)20 diante 
do Supremo Tribunal Federal (STF), órgão de instância máxima, alegando o não cometimento 
do crime de racismo, mas simples discriminação, tendo em vista que os judeus seriam um 
povo e não uma raça. 
Assim, diante dessa problemática, os Ministros reconheceram que a liberdade de 
expressão não é absoluta, sendo limitada em âmbito de juridicidade, constitucionalidade e, até 
mesmo, moralidade. Dessa forma, os Ministros Carlos Velloso, Celso de Mello, Cezar Peluso, 
Ellen Gracie, Gilmar Mendes, Maurício Corrêa, Nelson Jobim e Sepúlveda Pertence, votaram 
pela denegação da ordem de habeas corpus. Para os Ministros, a liberdade de expressão deve 
ser exercida de forma harmônica com os limites traçados na própria Constituição Federal. 
Em sua decisão, os Ministros que indeferiram o HC, afirmaram que a democracia é 
controle popular do governo, a qual só se torna possível quando o povo tem a chance de 
manifestar suas opiniões e pensamentos. Contudo, declararam que, para que haja esta 
liberdade de expressão, não deve haver censura, e que, por outro lado, também não deve haver 
primazia absoluta deste direito. Visto que este não pode incorporar declarações de conteúdos 
discriminatórios, racistas ou preconceituosos, incitações ao ódio público. 
Dentre os Ministros que receberam o pedido de HC, Carlos Ayres Britto, Marco 
Aurélio e Moreira Alves, o Ministro Marco Aurélio afirmou que, 
 
Os direitos fundamentais, além de serem essenciais ao princípio democrático, 
garantem para todos os cidadãos o pleno exercício da democracia. Dentre eles, 
merece atenção a liberdade de expressão que contribui para a construção de uma 
sociedade livre e plural, pois garante ao cidadão a expor ideia, ideologias e opiniões 
políticas, sendo proibida a censura21 
 
 
20Habeas Corpus nº 82.424 –Disponível em 
<http://www2.stf.jus.br/portalStfInternacional/cms/verConteudo.php?sigla=portalStfJurisprudencia_pt_br&idCo
nteudo=185077&modo=cms> Acesso em 10, mai.2018. 
21 Habeas Corpus nº 82.424 –Disponível em 
<http://www2.stf.jus.br/portalStfInternacional/cms/verConteudo.php?sigla=portalStfJurisprudencia_pt_br&idCo
nteudo=185077&modo=cms> Acesso em 10, mai.2018. 
 
http://www2.stf.jus.br/portalStfInternacional/cms/verConteudo.php?sigla=portalStfJurisprudencia_pt_br&idConteudo=185077&modo=cms
http://www2.stf.jus.br/portalStfInternacional/cms/verConteudo.php?sigla=portalStfJurisprudencia_pt_br&idConteudo=185077&modo=cms
http://www2.stf.jus.br/portalStfInternacional/cms/verConteudo.php?sigla=portalStfJurisprudencia_pt_br&idConteudo=185077&modo=cms
http://www2.stf.jus.br/portalStfInternacional/cms/verConteudo.php?sigla=portalStfJurisprudencia_pt_br&idConteudo=185077&modo=cms
16 
 
Ademais, Marco Aurélio mencionou que ao aplicar o princípio da proporcionalidade 
ao caso, a decisão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul não foi correta por decidir 
pela condenação, pois não foi o meio mais adequado, necessário e razoável escolhido para ser 
aplicável ao caso. 
O Ministro relatou que este acórdão se torna jurisprudência simbólica por deixar 
sobressair a defesa do pensamento antinazista, quando o que está realmente em jogo é a 
liberdade de expressão do pensamento. 
Dessa forma, os Ministros concluíram pela denegação da ordem, afirmando que seu 
conteúdo viola os princípios da igualdade jurídica e da dignidade da pessoa humana. 
Embora a liberdade de expressão seja primordial para um estado democrático, este 
mesmo não estará abrangido quando sobrevier dele insultos, ofensas, estímulo à intolerância 
racial ou tratamento desrespeitoso. 
 
 
 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
O presente estudo gira no entorno do direito fundamental à liberdade de expressão. A 
Constituição Federal de 1988 deu atenção ao direito em questão, o qual, como direito 
fundamental, faz parte da estrutura de um regime democrático. 
Todas as formas de expressão devem ser incentivadas por favorecer o crescimento e 
a elevação pessoal, precipuamente, a coletiva, visto que por meio dela se criam laços cruciais 
para a manutenção da vida em um corpo social, ou seja, da sociedade. Dessa forma, entende-
se a importância que a liberdade de expressão apresenta para o indivíduo, haja vista que faz 
parte de sua essência revelar seu pensamento e compreender o do próximo, no qual a 
possibilidade de manifestarem-se pelas mais diversas formas é característica não apenas à 
ideia de uma sociedade democrática, mas também ao que nos tornamos. 
É bem verdade que o direito de liberdade de expressão não é absoluto, como o 
próprio doutrinador Luiz Roberto Barroso menciona (2007, p. 84). Contudo, o Estado admite 
o exercício da não censura, no qual quem deve interpretar opiniões como bem-vindas ou não, 
é o próprio sujeito, alvo de tal manifestação. A própria Constituição Federal, artigo 5º, inciso 
17 
 
“V”, traz o direito de resposta à ofensa proferida por um meio de comunicação, o que, 
segundo Gilmar Ferreira Mendes (2008, p. 363), é uma forma de preservar a honra e a 
imagem do indivíduo ofendido. 
No caso do artista Gil Vicente, a OAB oficiou a Exposição, afirmando que fazia 
apologia ao crime, previsto do Art. 287, do Código Penal, além de, visivelmente, ofender o 
direito à honra e a imagem das figuras públicas, que foram alvo de tal manifestação, cabendo 
utilizar-se do princípio da proporcionalidade, o qual apresenta como finalidade precípua 
equilibrar os direitos individuais com os anseios da sociedade. 
No que diz respeito ao caso de Siegfried Ellwanger, o qual foi denunciado pelo crime 
de racismo contra o povo judeu em suas obras, nas quais foi possível identificar mensagens 
antissemitas22, racistas e discriminatórias, incitando desprezo e ódio contra estes; ao julgarem, 
os Ministros do Supremo Tribunal Federal entenderam que a manifestação foi explícita, sendo 
possível identificar manifesto dolo em suas publicações de conteúdo antissemita, afirmando o 
autor que “os judeus não só são uma raça, mas, mais do que isso, um segmento racial atávica 
e geneticamente menor e pernicioso”23, Configurando assim, ato ilícito de prática de racismo. 
Os ministros, ao tentarem harmonizar os valores constitucionais em conflito, e, por 
meio do princípio da proporcionalidade, ponderar os direitos fundamentais,puderam 
determinar que no presente caso houve o predomínio da dignidade do povo judeu, frente o 
direito à liberdade de expressão. 
É essa perspectiva, também, que a continência no exercício abusivo da garantia 
constitucional da liberdade de expressão se baseia. Autorizar que obras de caráter racista e 
preconceituoso, como as publicadas por Ellwanger, circulem na sociedade, é consentir na 
divulgação de sentimentos odiosos e que de fato influenciariam as mentes vazias para tal 
caminho. 
A respeito do princípio da proporcionalidade, apesar de não estar previsto 
expressamente no texto da Constituição Federal de 1988, é de suma importância nesse 
contexto, pois busca justiça, liberdade e apreciação da dignidade da pessoa humana, 
averiguando se o meio utilizado e o fim perseguido estão em equilíbrio, garantindo um Estado 
Democrático e alcançando a igualdade de direitos. 
 
22 Antissemitismo é o ódio e preconceito contra o povo judeu e sua cultura, ou seja, uma forma de xenofobismo. 
Disponível em < https://www.significados.com.br/antissemitismo/>. Acesso em 06, mai. 2018. 
23Disponível em 
<http://www2.stf.jus.br/portalStfInternacional/cms/verConteudo.php?sigla=portalStfJurisprudencia_pt_br&idCo
nteudo=185077&modo=cms>. Acesso em 10.jun.2018 
https://www.significados.com.br/antissemitismo/
http://www2.stf.jus.br/portalStfInternacional/cms/verConteudo.php?sigla=portalStfJurisprudencia_pt_br&idConteudo=185077&modo=cms
http://www2.stf.jus.br/portalStfInternacional/cms/verConteudo.php?sigla=portalStfJurisprudencia_pt_br&idConteudo=185077&modo=cms
18 
 
Ao que parece, é constitucional a decisão que denegou a ordem sobre o caso de 
Ellwanger, além do ofício da OAB sobre a exposição, no qual, priorizaram-se os direitos 
fundamentais da dignidade da pessoa humana e igualdade jurídica por meio da 
proporcionalidade, sobre situação de afronta da garantia de liberdade de expressão por meio 
de hate speech. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
 
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20 
 
ANEXO A- GEORGE W. BUSH 
 
 
 
 
21 
 
ANEXO B- KOFI ANNAN 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
 
ANEXO C- LULA 
 
 
 
 
23 
 
ANEXO D- FERNANDO HENRIQUE CARDOSO 
 
 
 
 
24 
 
ANEXO E- PAPA BENTO XVI

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