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Profª.: Rejane Azevedo de Almeida Fonseca 1 INTRODUÇÃO ÀS ESTRUTURAS DE CONCRETO CCE1528 Prescrições para as vigas Detalhamento Transversal 2Profª.: Rejane Fonseca A escolha do diâmetro ou dos diâmetros e do número de barras para atender à área de armadura calculada admite diversas possibilidades. Um ou mais diâmetros podem ser escolhidos, preferencialmente diâmetros próximos entre si. A área de aço escolhida deve atender à área de armadura calculada, preferencialmente com uma pequena folga. Alguns autores admitem uma área até 5% inferior à calculada. O número de barras deve ser aquele que não resulte numa fissuração significativa na viga e nem em dificuldades adicionais durante a confecção da armadura. A fissuração é diminuída quanto mais barras de menor diâmetro são utilizadas. Porém, deve-se cuidar para não ocorrer exageros e aumentar o trabalho de montagem da armadura. Prescrições para as vigas Detalhamento Transversal 3Profª.: Rejane Fonseca A escolha de uma das combinações possíveis deve levar em conta os fatores: fissuração, facilidade de execução, porte da obra, número de camadas de barras, exequibilidade (largura da viga principalmente), entre outros. Detalhamentos com uma única camada resultam seções mais resistentes que seções com duas ou mais camadas de barras, pois quanto mais próximo estiver o centro de gravidade da armadura à borda tracionada, maior será a resistência da seção. Define-se como camada as barras que estão numa mesma linha paralela à linha de borda inferior ou superior da seção. O menor número possível de camadas deve ser um dos objetivos do detalhamento. Prescrições para as vigas Detalhamento Transversal 4Profª.: Rejane Fonseca Construções de pequeno porte devem ter especificados diâmetros preferencialmente até 12,5 mm, pois a maioria delas não têm máquinas elétricas de corte de barras, onde são cortadas com serras ou guilhotinas manuais, com capacidade de corte de barras até 12,5 mm. Guilhotinas maiores são praticamente inexistentes nas obras de pequeno porte. Além disso, as armaduras são feitas por pedreiros e ajudantes e não armadores profissionais. Não há também bancadas de trabalho adequadas para o dobramento das barras. De modo que recomendamos diâmetros de até 12,5 mm para as obras de pequeno porte, e acima de 12,5 mm apenas para as obras de maior porte, com trabalho de armadores profissionais. Prescrições para as vigas Detalhamento Transversal 5Profª.: Rejane Fonseca Depois que detalhamos a armadura, podemos encontrar o valor exato da altura útil. Pequenas diferenças, de até 1 cm ou 2 cm podem, de modo geral, serem desconsideradas em vigas de dimensões correntes, não havendo a necessidade de se recalcular a armadura, pois a diferença de armadura geralmente é pequena. Embora a norma indique a armadura de pele para vigas com h > 60 cm, recomenda-se a sua aplicação quando h ≥ 50 cm, para evitar o aparecimento de fissuras por retração, com área igual: Prescrições para as vigas Detalhamento Transversal 6Profª.: Rejane Fonseca Quando o momento fletor é negativo, a armadura deve obrigatoriamente ser disposta próxima à face superior tracionada da seção. Seria um erro gravíssimo fazer o contrário, com a armadura As no lado inferior da viga. Na distribuição das barras da armadura longitudinal negativa nas seções transversais das vigas é importante deixar espaço suficiente entre as barras para a passagem da agulha do vibrador. Deve-se ter em mente qual o diâmetro da agulha do vibrador que será utilizado. Os diâmetros de agulha mais comuns utilizados na prática são de 25, 35 e 49 mm. De preferência o espaçamento entre as barras deve ser um pouco superior ao diâmetro da agulha, para permitir a penetração da agulha com facilidade, sem que se tenha que forçar a sua passagem. Prescrições para as vigas Detalhamento ao longo da viga 7Profª.: Rejane Fonseca Uma vez detalhada a armadura longitudinal nas seções transversais mais solicitadas de uma viga de concreto armado e conhecido o diagrama de momentos fletores, é possível obter o desenvolvimento da armadura ao longo de toda a viga. O objetivo final do detalhamento é usar as barras de aço com o menor comprimento possível, não deixando de atender todas as condições de segurança do ELU. Prescrições para as vigas Detalhamento ao longo da viga 8Profª.: Rejane Fonseca Ao definir os pontos de interrupção das barras, em função da distribuição dos momentos fletores solicitantes de cálculo, há necessidade de transferir para o concreto as tensões a que elas estão submetidas; para isso, as barras devem ser providas de um comprimento adicional. Essa transferência é denominada ancoragem, e o comprimento adicional é chamado comprimento de ancoragem básico (𝑙𝑏). Prescrições para as vigas Detalhamento ao longo da viga 9Profª.: Rejane Fonseca Prescrições para as vigas Detalhamento ao longo da viga 10Profª.: Rejane Fonseca Prescrições para as vigas Detalhamento ao longo da viga 11Profª.: Rejane Fonseca Prescrições para as vigas Detalhamento ao longo da viga 12Profª.: Rejane Fonseca Prescrições para as vigas Detalhamento ao longo da viga 13Profª.: Rejane Fonseca Prescrições para as vigas Detalhamento ao longo da viga 14Profª.: Rejane Fonseca Prescrições para as vigas Detalhamento ao longo da viga 15Profª.: Rejane Fonseca Prescrições para as vigas Detalhamento ao longo da viga Emenda por traspasse 16 Profª.: Rejane Fonseca Prescrições para as vigas Detalhamento ao longo da viga 17Profª.: Rejane Fonseca Prescrições para as vigas Detalhamento ao longo da viga 18Profª.: Rejane Fonseca Prescrições para as vigas Detalhamento ao longo da viga 19Profª.: Rejane Fonseca Prescrições para as vigas Detalhamento ao longo da viga 20Profª.: Rejane Fonseca Dimensionamento de elementos lineares à Força cortante 21 No dimensionamento de uma viga de Concreto Armado, geralmente o primeiro cálculo feito é o de determinação das armaduras longitudinais para os momentos fletores máximos, seguido pelo cálculo da armadura transversal para resistência às forças cortantes. Diferentes teorias e modelos foram desenvolvidos para análise de vigas de concreto sob força cortante, sendo que o modelo de treliça, embora desenvolvido há mais de cem anos, é o que ainda se destaca,devido à sua simplicidade e bons resultados. A norma brasileira NBR 6118/2014 admite dois modelos para cálculo da armadura transversal, denominados Modelo de Cálculo I e Modelo de Cálculo II. A treliça clássica de Ritter-Mörsch é adotada no Modelo de Cálculo I, e o Modelo de Cálculo II admite a chamada “treliça generalizada”. Tensões Principais 22Profª.: Rejane Fonseca Considere uma viga biapoiada sujeita a duas cargas concentradas de valor P, simetricamente dispostas no vão à uma distância a dos apoios. Tensões Principais 23 No trecho entre as cargas o único esforço solicitante é o momento fletor, enquanto nos trechos de comprimento a, atuam o momento fletor e o esforço cortante. A tensão normal 𝜎𝑥 é obtida em função do momento fletor, da forma usual. A componente 𝜎𝑦 é desprezada. Logo, 𝜎𝑥 é a própria tensão principal na direção do eixo da viga. Tensões Principais 24 • Trecho do apoio até a carga Nestes trechos onde há esforços cortante, surgem tensões de cisalhamento 𝜏𝑥𝑦 = 𝜏𝑦𝑥. As componentes das tensões 𝜎𝑥 e 𝜏𝑥𝑦 são obtidas pelas fórmulas clássicas de Resistência dos Materiais. As tensões principais 𝜎1 e 𝜎2 agora estão inclinadas em relação ao eixo da viga, sendo este ângulo de inclinação θ. • θ > 45° : acima da Linha Neutra; • θ = 45° : na Linha Neutra; • θ < 45° : abaixo da Linha Neutra. Tensões Principais 25 Indicam-se as trajetórias das tensões principais e as orientações das fissuras ao longo do eixo da viga. Tensões Principais 26 Pode-se dizer que as fissuras são perpendiculares à direção das tensões principais de tração 𝜎1. Assim,no trecho entre as cargas, as fissuras são verticais, pois não há esforço cortante neste trecho. Entre as cargas e os apoios, as fissuras são inclinadas devido ao esforço cortante. À medida que o concreto fissura as trajetórias de tensões mudam. No entanto, a compreensão das trajetórias é importante para prevermos as direções em que devem ser dispostas as armaduras, a fim de “costurar” as forças de tração. As tensões principais de tração inclinadas na alma exigem uma armadura denominada armadura transversal, composta normalmente na forma de estribos verticais fechados. Note que, na região de maior intensidade das forças cortantes, a inclinação mais favorável para os estribos seria de aproximadamente 45°, ou seja, paralelos às trajetórias das tensões de tração e perpendiculares às fissuras. Por razões de ordem prática os estribos são normalmente posicionados na direção vertical. TRELIÇA CLÁSSICA DE RITTER-MÖRSCH (θ = 45°) 27 O comportamento da região da viga sob maior influência de forças cortantes e com fissuras inclinadas no Estádio II, pode ser muito bem descrito fazendo-se a analogia com uma treliça isostática. Neste modelo é suposto que uma carga aplicada num ponto qualquer de uma viga de concreto armado, chegue até os apoios percorrendo o caminho de uma treliça. Cada barra da treliça representa uma parte de uma viga simples: o banzo inferior é a armadura longitudinal de tração, o banzo superior é o concreto comprimido pela flexão, as diagonais inclinadas de 45° representam o concreto comprimido (bielas de compressão) entre as fissuras de cisalhamento, e as diagonais tracionadas inclinadas os estribos (montantes verticais no caso de estribos verticais). TRELIÇA CLÁSSICA DE RITTER-MÖRSCH (θ = 45°) 28 TRELIÇA CLÁSSICA DE RITTER-MÖRSCH (θ = 45°) 29 Quando os montantes (diagonais tracionadas – estribos) forem constituídas por estribos verticais: TRELIÇA CLÁSSICA DE RITTER-MÖRSCH (θ = 45°) 30 O fato de existir esforço cortante praticamente não altera o dimensionamento da flexão. Assim, o dimensionamento dos banzos comprimidos e tracionados não precisa ser refeito. Resta analisar os esforços que surgem nas bielas (diagonais comprimidas) e nos montantes (diagonais tracionadas). TRELIÇA CLÁSSICA DE RITTER-MÖRSCH (θ = 45°) 31 •Verificação da diagonal comprimida Tomando uma seção da treliça passando pela diagonal: TRELIÇA CLÁSSICA DE RITTER-MÖRSCH (θ = 45°) 32 •Verificação da diagonal comprimida TRELIÇA CLÁSSICA DE RITTER-MÖRSCH (θ = 45°) 33 •Verificação da diagonal comprimida TRELIÇA CLÁSSICA DE RITTER-MÖRSCH (θ = 45°) 34 •Determinação da armadura transversal TRELIÇA CLÁSSICA DE RITTER-MÖRSCH (θ = 45°) 35 •Determinação da armadura transversal TRELIÇA CLÁSSICA DE RITTER-MÖRSCH (θ = 45°) 36 •Determinação da armadura transversal 37 Resistência total do tirante TRELIÇA GENERALIZADA (θ VARIÁVEL) 38 Com base nos resultados de numerosas pesquisas experimentais verificou-se no século passado que a inclinação das fissuras é geralmente inferior a 45°, e consequentemente as bielas de compressão têm inclinações menores que 45°, podendo chegar a ângulos de 30° ou até menores com a horizontal, em função principalmente da quantidade de armadura transversal e da relação entre as larguras da alma e da mesa (em seções T e I por exemplo). Além disso, a treliça não considera a ação de arco nas proximidades dos apoios. Por não fazer essas considerações a treliça clássica de Ritter-Mörsch foi considerada conservadora, e resulta em uma armadura transversal um pouco exagerada. TRELIÇA GENERALIZADA (θ VARIÁVEL) 39 Para levar em conta a menor inclinação das fissuras surgiu, na década de 60, a chamada “treliça generalizada”, com ângulos θ menores que 45° para a inclinação das diagonais comprimidas. A determinação correta do ângulo θ para uma viga é muito complexa, porque depende de inúmeros fatores. A dedução das forças na treliça generalizada é semelhante àquela já apresentada para a treliça clássica. No modelo de treliça generalizada o ângulo θ é uma incógnita no problema. Modelo de Cálculo I 40 No Modelo de Cálculo I a NBR 6118 (item 17.4.2.2) adota a treliça clássica de Ritter-Mörsch, ao admitir o ângulo θ de 45° entre as diagonais comprimidas de concreto (bielas de compressão) e o eixo longitudinal do elemento estrutural, e a parcela complementar Vc tem valor constante, independentemente da força cortante solicitante VSd. •Verificação da diagonal comprimida A equação que define a tensão de compressão nas bielas de concreto para a treliça clássica (θ = 45°) foi deduzida anteriormente. Portanto, para não ocorrer o esmagamento das diagonais comprimidas deve-se ter: Vsd ≤ VRd2 Modelo de Cálculo I 41 • Cálculo da armadura transversal Da equação VSd ≤ VRd3, fazendo a força cortante de cálculo (VSd) igual à máxima força cortante resistente de cálculo, relativa à ruptura da diagonal tracionada (armadura transversal), tem-se: A parcela Vc referente à parte da força cortante absorvida pelos mecanismos complementares ao de treliça é definida como: Modelo de Cálculo I 42 • Cálculo da armadura transversal A força Vc0 representa a resistência à força cortante de uma viga sem estribos, ou seja, é a máxima força cortante que uma viga sem estribos pode resistir. Modelo de Cálculo I 43 • Cálculo da armadura transversal Modelo de Cálculo I 44 • Cálculo da armadura transversal Utilizando a equação que foi deduzida para a treliça clássica: Adotando o θ = 45° e simplificando: Modelo de Cálculo I 45 • Cálculo da armadura transversal Colocando a equação em função da armadura: Modelo de Cálculo I (θ = 45°) 46 • Resumo Modelo de Cálculo II 47 No Modelo de Cálculo II a NBR 6118 (item 17.4.2.3) admite que o ângulo de inclinação das diagonais de compressão (θ) varie livremente entre 30° e 45° e que a parcela complementar Vc sofra redução com o aumento de VSd. Ao admitir ângulos θ inferiores a 45°, a norma adota a chamada “treliça generalizada”. •Verificação da diagonal comprimida Utilizamos a equação que define a tensão de compressão nas bielas de concreto para a treliça generalizada (mesma equação da clássica), sem adotarmos nenhum ângulo. Portanto, para não ocorrer o esmagamento das diagonais comprimidas deve-se ter: Vsd ≤ VRd2 Modelo de Cálculo II 48 • Cálculo da armadura transversal Da equação VSd ≤ VRd3, fazendo a força cortante de cálculo (VSd) igual à máxima força cortante resistente de cálculo, relativa à ruptura da diagonal tracionada (armadura transversal), tem-se: A parcela Vc referente à parte da força cortante absorvida pelos mecanismos complementares ao de treliça é definida como: Modelo de Cálculo II 49 • Cálculo da armadura transversal Modelo de Cálculo II 50 • Cálculo da armadura transversal Modelo de Cálculo II 51 • Cálculo da armadura transversal Modelo de Cálculo II 52 • Cálculo da armadura transversal Utilizando a equação que foi deduzida para a treliça clássica: Colocando a equação em função de Vsw: Modelo de Cálculo II (30° ≤ θ ≤ 45°) 53 • Resumo
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