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1Ciências Contábeis Curso: Ciências Contábeis Disciplina: Contabilidade Social (2 créditos - 40 horas) Autor: Adelino Meneguzzo Modalidade: Educação a Distância 194-02740 2 Ciências Contábeis Missão Salesiana de Mato Grosso Universidade Católica Dom Bosco Instituição Salesiana de Educação Superior Chanceler: Pe. Lauro Takaki Shinohara Reitor: Pe. José Marinoni Pró-Reitor Acadêmico: Pe. Gildasio Mendes dos Santos Diretor da UCDB Virtual: Prof. Jeferson Pistori Coordenadora Pedagógica: Prof. Blanca Martin Salvago Coordenador de Produção e Design: Prof. José F. Sarmento Direitos desta edição reservados à Editora UCDB Diretoria de Educação a Distância: (67) 3312-3335 www.virtual.ucdb.br UCDB -Universidade Católica Dom Bosco Av. Tamandaré, 6000 Jardim Seminário Fone: (67) 3312-3800 Fax: (67) 3312-3302 CEP 79117-900 Campo Grande - MS www.ucdb.br 0211 Meneguzzo, Adelino Curso de Ciências Contábeis. Disciplina: Contabilidade Social. Campo Grande: UCDB/ EAD, 2010. 36 p. 1. Empresa; 2. Estado; 3. Terceiro Setor; 4. Responsabilidade Social; 5. Balanço Social. 3Ciências ContábeisAPRESENTAÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO IMPRESSO Este material foi elaborado pelo professor conteudista sob a orientação da equipe multidisciplinar da UCDB Virtual, com o objetivo de lhe fornecer um subsídio didático que norteie os conteúdos trabalhados nesta disciplina e que compõe o Projeto Pedagógico do seu curso. Ele é freqüentemente testado e atualizado, promovendo uma constante me- lhora na qualidade deste material. Elementos que integram o material Plano de Ensino: Ementa: trata-se de um resumo do conteúdo da disciplina. Objetivo Geral: é o principal objetivo que o aluno deve atingir ao termo da dis- ciplina. Objetivos Específicos: são os objetivos que devem ser atingidos ao fim de cada Unidade de conteúdo. Conteúdo Programático: trata-se do conteúdo da disciplina apresentado de for- ma estruturada. Bibliografia Básica: são as três principais obras indicadas pelo professor conteu- dista para aprofundamento do conteúdo. A obra que está marcada com um asterisco (*) é o livro texto que o professor sugere como livro chave da disciplina. Bibliografia Complementar: são obras indicadas que podem servir como apro- fundamento de alguns pontos específicos do conteúdo. Avaliação: Critérios de avaliação: são as informações referentes aos critérios adotados para a avaliação (formativa e somativa) e composição da média da disciplina. Quadro de Controle de Atividades: trata-se de um quadro para você organizar a realização e envio das atividades virtuais. O prazo estipulado pelo professor é uma su- gestão baseada na média dos alunos, você pode adequá-lo ao seu ritmo de estudo, nunca ultrapassando o prazo máximo indicado pelo professor da disciplina. Não esqueça que você não está sozinho, conte sempre com a ajuda do seu professor e da equipe de tutoria. Conteúdo Desenvolvido: é o conteúdo da disciplina, com a explanação do pro- fessor sobre os diferentes temas objeto de estudo. Indicações de Leituras de Aprofundamento: são sugestões do professor con- teudista para que você possa aprofundar no conteúdo estudado. Você irá perceber que a maioria das leituras sugeridas são links da Internet. Por isso, é importante que você mescle as leituras deste material com a navegação no Ambiente Virtual de Aprendizagem. Atividades Virtuais: são atividades propostas que marcarão um ritmo no seu es- tudo, assim como, estimularão sua interação com o professor e colegas. As datas de envio das atividades encontram-se no calendário do Ambiente Virtual de Aprendizagem. 4 Ciências Contábeis Como tirar o máximo de proveito Este material didático é mais um subsídio para seus estudos. Não se limite ao con- teúdo aqui apresentado. Este material deve ser complementado com outros conteúdos e com a interação com os outros participantes. Portanto, não se esqueça de: · Interagir com freqüência com os colegas e com o professor, usando as ferramen- tas de comunicação e informação que o Ambiente Virtual de Aprendizagem – AVA põe à sua disposição; · Usar, além do material em mãos, os outros recursos disponíveis no AVA: aulas audiovisuais, vídeo-aulas, exercícios, fórum de discussão, fórum permanente de cada uni- dade, etc.; · Recorrer à equipe de tutoria sempre que precisar orientação sobre dúvidas quan- to a calendário, atividades, ferramentas da AVA, e outros; · Ter uma rotina que lhe permita estabelecer o ritmo de estudo adequado a suas necessidades como estudante, organize o seu tempo, não espere o final do módulo ou do semestre para começar a estudar e fazer as atividades, se necessário, solicite ajuda aos tu- tores; · Ter consciência de que você deve ser sujeito ativo no processo de sua aprendiza- gem, contando com a ajuda e colaboração de todos, mas com a certeza de que o principal envolvido deve ser sempre você. Mascote Edmouse Ao longo de todo o material, você terá como companheiro o Edmouse, persona- gem criado pela equipe de produção e design e utilizado pelo professor conteudista para expressar as indicações relacionadas aos aspectos didático-pedagógicos que envolvem cada conteúdo ou atividade. Veja abaixo o significado das suas aparições. Lembro de algo parecido Posição normal: usado para sau- dações, ou alguma comunicação direta, assuntos em que o profes- sor queira destacar. Posição atividade: utilizada em situações de indicação de algu- ma atividade (todos os tipos de atividades), fique atento para esta posição, geralmente as ati- vidades são avaliativas. Posição pare: utilizada em si- tuações em que você precisa parar para refletir sobre algo específico. Posição atenção: utilizada em situações de destaque para as- sunto ou comunicados impor- tantes. Posição reflexão: utilizada em situações em que você precisa de um momento de reflexão sobre algo específico, geral- mente um destaque fundamen- tal no conteúdo. Neste caso, leia o que está escrito no balão específico para cada situação. 5Ciências ContábeisA seguir, apresentamos o Plano de Ensino desta disciplina. É importante que você conheça os objetivos que devem ser atingidos, a bibliografia proposta, os critérios de avalia- ção, assim como o conteúdo que será desenvolvido ao longo dos estudos. Acompanhe! Ementa Empresa como unidade de organização econômica. Estado como organização e patrimônio público e sua responsabilidade de prestar contas. Balanço Social, meio de prestar contas à sociedade. Objetivo Geral Propor uma discussão sobre a responsabilidade das organizações de prestar contas à so- ciedade; estimular o público acadêmico a criar um senso crítico sobre este tema inovador; discutir o papel da contabilidade social no ambiente social. UNIDADE 1 - Propor uma reflexão em torno do papel da empresa no meio social e seu papel de desen- volvimento sócio-econômico. UNIDADE 2 - Refletir sobre o papel do Estado no desenvolvimento local e como o seu patrimônio é usado para que as políticas públicas sejam desenvolvidas. UNIDADE 3 - Conhecer e compreender a presença do Balanço Social nas Organizações como instru- mento de prestação de contas e de responsabilidade social. Conteúdo Programático - Sumário UNIDADE 1: EMPRESA E SOCIEDADE ......................................11 1.1 Contexto da Contabilidade Social .......................................................................................11 1.2 Empresa, Unidade Básica de Organização Econômica ...................................................12 1.3 Filosofia de uma Empresa: Missão, Crenças e Valores ....................................................14 1.4 Empresa como um Sistema ..................................................................................................15 UNIDADE 2: ESTADOE SOCIEDADE ........................................19 2.1 Estrutura Administrativa e Funções Básicas do Estado ..................................................19 2.2 Patrimônio Público ................................................................................................................21 UNIDADE 3: CONTABILIDADE SOCIAL, UM MEIO DE PRESTAR CONTAS ...................................................................................26 3.1 Responsabilidade Social de Prestar Contas .......................................................................26 3.2. Balanço Social ........................................................................................................................30 3.3. História do Balanço Social ...................................................................................................32 3.4. Funções do Balanço Social ..................................................................................................32 Bibliografia Básica: NOGUEIRA, Arnaldo Mazzei, CAETANO, Gilberto. Gestão Social, Estratégias e Parcerias. São Paulo: Saraiva 2006. TINOCO, João Eduardo Prudêncio. Balanço Social, Uma Abordagem da Transparência e da Responsabilidade Pública das Organizações. São Paulo: Atlas, 2008. REIS, Carlos Nelson dos e MEDEIROS, Luiz Edgar. Responsabilidade Social das Empresas e Balanço Social. São Paulo: Atlas, 2007. * * Livro Texto (livro adotado na disciplina) 6 Ciências Contábeis Bibliografia Complementar: KRAEMER. Maria Elizabeth Pereira. Contabilidade Social como Ferramenta de Informação para a Responsabilidade Social. Disponível em: <http://www.gestiopolis.com/Canales4/fin/ conferrementa.htm> Acesso em 12 nov. 2008. KROETZ, Cesar Eduardo Stevens. Balanço Social: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2000. MAGALHÃES, Antonio de D. F. e LUNKES, Irtes Cristina. Sistemas Contábeis. São Paulo: Atlas, 2000. MILESKI, Helio Saul. O Ordenador de Despesa e a Lei de Responsabilidade Fiscal – Conceituação e Repercussões Jurídico-Legais. Revista Interesse Público 15 - 2002. MOSIMANN, Clara Pellegrinello; FISCH, Sílvio. Controladoria. Seu Papel na Administra- ção de Empresas. São Paulo: Atlas, 1999. PEREIRA, Luiz Carlos Bresser e SPINK, Peter. Reforma do Estado e Administração Pública Gerencial. Rio de Janeiro: Editora FGV, 1999. PEREIRA, José Matias. Finanças Públicas. São Paulo: Atlas, 2003. ______. Manual de Gestão Pública Contemporânea. São Paulo: Atlas, 2008 PEREZ JR, José Hernandes; PESTANA, Armando Oliveira; FRANCO, Sergio Paulo Cintra. Controladoria de Gestão. São Paulo: Atlas, 1995. SÁ, A. Lopes de. Dicionário da Contabilidade. 9. ed. São Paulo: Atlas, 1995. ______. Teoria Contábil da Socialidade e Contabilidade Social. Disponível em: <www.crcba.org. br/boletim/artigos/socialidade_e_contabilidade_social.pdf> Acesso em 12 nov. 2008. SILVA, Lino Martins da. Contabilidade Governamental. São Paulo: Editora Atlas, 2008. Avaliação A EAD-UCDB acredita que avaliar é sinônimo de melhorar, isto é, a finalidade da avaliação é propiciar oportunidades de ação-reflexão que façam com que você possa aprofundar, refletir criticamente, relacionar idéias, etc., acompanhando seu processo de aprendizagem. Para tanto, a EAD-UCDB adota um sistema de avaliação continuada: além das provas no final de cada módulo (avaliação somativa), será considerado também o desem- penho do aluno ao longo de cada disciplina (avaliação formativa), mediante a realização das atividades programadas para cada disciplina. Todo o processo será avaliado, pois a aprendizagem é processual. Se o aluno limita-se à realização da prova, não será possível interferir no processo de aprendizagem em tempo de poder corrigir desvios, más interpretações, etc. Portanto, participe de todas as atividades propostas, você só tem a ganhar! Avaliação das atividades: para que possa se atingir o objetivo da avaliação for- mativa, é necessário que as atividades sejam realizadas criteriosamente, atendendo ao que se pede e tentando sempre exemplificar e argumentar, procurando relacionar a teoria estudada com a prática. As atividades devem ser enviadas dentro do prazo estabelecido no calendário de cada disciplina, sendo que, as atividades enviadas fora do prazo serão aceitas nas seguintes condições: • As atividades enviadas 7 dias após o vencimento do prazo serão corrigidas com a pontuação normal, isto é, sem penalização pelo atraso. • Após os 7 dias, o professor aplicará um desconto de 50% sobre o valor da atividade. Quando a ferramenta para a realização de uma atividade é o Fórum de Dis- 7Ciências Contábeiscussão, quer dizer que se pretende que todos os envolvidos (alunos e professor) debatam algum assunto do interesse da disciplina. Portanto, neste caso, não basta cada um submeter a opinião dele ou o resultado da sua pesquisa (como seria feito usando, por exemplo, a fer- ramenta Tarefas). Trata-se de promover uma discussão e o objetivo não será atingido sem interagir com os outros participantes: dando sua opinião sobre as mensagens dos colegas, rebatendo idéias, propondo outros pontos de vista, argumentando. Neste sentido, parti- cipações do tipo “concordo”, “eu também acho”, etc. expressam uma opinião, mas não argumentam, não apresentam criticamente um pensamento e, portanto, não acrescentam muito ao debate. Na avaliação deste tipo de atividades, o critério de avaliação não será a simples participação, mas também qual o nível dessa participação: CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO NO FÓRUM Nivel 0 Colocações não pertinentes ao conteúdo do debate. Nivel 1 Levantamento de questões, proposta de discussões, expressão de acordo ou desacordo... Este tipo de participação representa pouco aprofundamento, e, portanto, representaria uma participação periférica. Nivel 2 Contribuições críticas, que supõe leitura e reflexão sobre as questões levantadas. Neste caso, já estamos diante de participações significativas que supõem maior aprofundamento e nível de reflexão. Nivel 3 Contribuições de síntese dos conteúdos discutidos em que o participante demonstre uma assimilação dos conteúdos debatidos e associação de idéias. Este seria o nível de maior aprofundamento, pois supõe que o aluno alcançou os objetivos traçados: através da discussão com o professor e os colegas, chegar à síntese pessoal sobre o tema. No caso do fórum, no calendário aparecem duas datas: a data de início e a data do término. A discussão deve acontecer entre as duas datas. Critérios para composição da Média Semestral: Para fazer a Média Semestral, leva-se em conta o desempenho atingido na avalia- ção formativa e na avaliação somativa, isto é, as notas alcançadas nas diferentes atividades virtuais e nas prova(s). Antes do lançamento desta nota final, o professor divulgará a média provisória de cada aluno, dando a oportunidade de que os alunos que não tenham atingido média igual ou superior a 7,0 possam fazer a Prova Substitutiva (PS). Após a PS, o professor já fará o lançamento definitivo da Média Semestral, seguin- do o procedimento abaixo: 8 Ciências Contábeis A prova presencial tem peso 7,0 e as atividades virtuais têm peso 3,0. Portanto, para calcular a Média, procedimento é o seguinte: 1. Multiplica-se o somatório das atividades por 0,30; 2. Multiplica-se a média das notas das provas por 0,70. Para termos a Média Semestral, somam-se os dois resultados anteriores, ou seja: MS = MP x 0, 7 + SA x 0,3 MS: Média Semestral MP: Média das Provas SA: Somatório das Atividades Assim, se um aluno tirar 10 na(s) prova(s) e tiver 10 nas atividades: MS = 10 x 0,7 + 10 x 0,3 = 7,0 + 3,0 = 10 Se a Média Semestral for igual ou superior a 4,0 e inferior a 7,0, o aluno ainda poderá fazer o Exame. A média entre a nota do Exame e a Média Semestral deverá ser igual ou superior a 5,0 para considerar o aluno aprovado na disciplina.FAÇA O ACOMPANHAMENTO DE SUAS ATIVIDADES O quadro abaixo visa ajudá-lo a se organizar na realização das atividades. Faça seu cronograma e tenha um controle de suas atividades: Avaliação Prazo* Data de Envio** Atividade 1.1 Ferramenta: Tarefas Atividade 1.2 Ferramenta: Questionário Atividade 2.1 Ferramenta: Tarefas Atividade 2.2 Ferramenta: Questionário Atividade 3.1 Ferramenta: Questionário Atividade 3.2 Ferramenta: Tarefas * Coloque na segunda coluna o prazo em que deve ser enviada a atividade (consulte o calendário disponível no ambiente virtual de aprendizagem). ** Coloque na terceira coluna o dia em que você enviou a atividade. 9Ciências ContábeisBoas-vindas Caro(a) Aluno(a), saudações! Tenho a grata satisfação de poder compartilhar a disciplina Contabilidade Social com você. O conteúdo que veremos é uma proposta de disseminação de um conhecimento pouco difundido pela comunidade acadêmica e pouco aplicado nas organizações. Por esta razão, teremos a necessidade de muita leitura, muita reflexão e uma dedicação especial para esta disciplina. Contabilidade Social é um conhecimento pouco aplicado pelos Contadores e pouco utilizado pelas organizações, pois não trata diretamente do Lucro das Empresas e do objeto da Contabilidade, o Patrimônio. Trata da relação social interna e externa da organização, do meio ambiente em que ela se encontra. Sendo assim, suas informações se relacionam com sua presença social na sociedade e com o meio ambiente em que se encontra. O foco da disciplina é levar cada um de nós à reflexão sobre a responsabilidade social de prestar contas. Prestar contas ao meio social em que a organização está instalada, prestar contas a seus colaboradores funcionários, presença humana e motora da organização e prestar contas pela utilização do meio ambiente, espaço vital para cada um de nós, a cada dia que passa. Procurarei apresentar um conteúdo de maneira compreensível e instigante. Compreensível, porque o primeiro momento é de contato, leitura, compreensão, reflexão e ensaio. Instigante será para aqueles que quiserem, a partir do conteúdo, se aprofundarem e para isso disponibilizamos uma bibliografia que pode contribuir nesse sentido. Sou o Prof.º M. Sc. Adelino Meneguzzo, estou estudando a disciplina com muito interesse e posso dizer que ainda estou num interminável processo de aprendizagem. Gosto do tema e estou procurando difundir esta metodologia nas organizações onde atuo. Atuo como consultor na esfera municipal desde 1993 e estou num constante processo de aprendizagem deste conteúdo, pois nos últimos anos o processo de mudanças se acentuou e as organizações estão demonstrando interesse em desenvolver a metodologia de prestar contas, por meio do Balanço Social, de suas atividades no meio social e no meio ambiental, dando uma resposta responsável do desenvolvimento de suas atividades e como elas impactam no meio. O espaço social e ambiental é onde a comunidade tem maior acesso às informações e à possibilidade de socializar este conhecimento. Sendo a organização, uma célula viva e transformadora, desenvolve atividades que procuram alcançar os objetivos para os quais ali se instalou. Ao desenvolver suas atividades, estabelece relações muito estreitas com a comunidade, que espera dela a contribuição para a prosperidade de seus funcionários e das pessoas indiretamente envolvidas naquele negócio ou na representação de um interesse. O processo de compreensão da relação entre sociedade e organização se torna mais clara, evidente e transparente, à medida que busquemos melhor compreender a relação social, econômica e ambiental deste universo. No decorrer da disciplina proponho algumas atividades para facilitar a compreensão e assimilação do conteúdo, sempre procurando fazer com que você possa, a partir do conteúdo aqui apresentado, buscar leituras complementares nas bibliografias apontadas em cada unidade. Estarei presente nos horários definidos no calendário, me farei presente nos fóruns e nos chats para contribuir sempre da melhor forma possível, na busca do conhecimento de maneira colaborativa. Desejo sucesso nos estudos! Conte comigo sempre que precisar! Adelino Meneguzzo 10 Ciências Contábeis A finalidade deste pré-teste é fazer um diagnóstico quanto aos conhecimentos prévios que você já tem sobre os assuntos que serão desenvolvidos nesta disciplina. Portanto, não fique preocupado (a) com a nota, pois esta atividade não será pontuada. 1. O que você conhece sobre Contabilidade Social? 2. Dê o seu conceito de Organizações. 3. Conhece alguma Organização do Terceiro Setor? Qual é a finalidade dela? 4. O que espera da disciplina Contabilidade Social? 5. O que você entende por Prestação de Contas? Já se fez presente numa Audiência Pública de prestação de Contas? 6. Já viu publicado algum Balanço Social? Submeta o pré-teste por meio da ferramenta Tarefas. 11Ciências Contábeis 1.1 Contexto da Contabilidade Social A Contabilidade Social se apresenta sob diversas formas conceituais e sob diversas dimensões teóricas. Pode-se dizer que, até recentemente, sempre foi tratada como disciplina da área econômica, tendo como objetivo a apresentação quantitativa da riqueza do país, sistematizando informações macroeconômicas. Esse conteúdo expressa um meio de prestação de contas nacionais, que trata dos sistemas de fluxos financeiros e do balanço da riqueza nacional. O propósito da presente disciplina, no entanto, não é tratar da Contabilidade Social como disciplina da área econômica, mas sim da Contabilidade que estuda os fenômenos patrimoniais das células sociais e sua influência na sociedade humana. Tem ainda como proposta um meio de prestação de contas, uma responsabilidade social das organizações econômicas do nosso país, uma resposta da utilização do meio social e ambiental para a produção de sua riqueza. Riqueza, que do ponto de vista contábil, se representa através do patrimônio, que é o conjunto de bens, créditos, débitos, dotações e previsões que se acham à disposição de uma azienda em dado momento (SÁ 1995, p. 405). Para este fim, denominamos aziendas as organizações econômicas, as células sociais que possuem expressões econômicas de qualquer dimensão. Assim podemos dizer que uma residência, uma associação, uma empresa, uma organização pública, ou qualquer outro ente que represente interesses econômicos coletivos representa uma célula social. As organizações econômicas são denominadas de Aziendas. Azienda é um patrimônio bem determinado, uma pessoa física ou jurídica. São sistemas organizados que visa atingir um fim qualquer, como a residência, a empresa, a prefeitura, uma organização do terceiro setor, um hospital, enfim, um sistema organizado que empreende e gera uma riqueza, um patrimônio (SÁ, 1995, p. 40). As organizações interagem entre si e no meio social produzindo bens e serviços. A relação de produção de bens e serviços é uma conexão social complexa entre pessoas físicas e jurídicas. Esta relação produz um expressivo volume de informações do tipo social, ético, ambiental e ecológico (KRAEMER, 2005). Com a globalização dos mercados, as informações tomaram dimensões universais e com isso o patrimônio, a riqueza, passaram a ter sua origem ecológica e social muito observada. O patrimônio, objeto contábil, se desenvolve a partir do comportamento do ser humano em relação ao uso e consumo de bens de sua necessidade e desejo. Este consumo, no entanto, já ocorre com um olhar ecológico e social. A transparência, nas informações empresarias, facilita o consumidor a descobrir se o produto foi produzido observando critérios de utilização de mão-de-obra, como a questão do trabalho infantil ou do trabalho escravo e das questões ecologicamente corretas de consumo de bens naturais. Esta é a relação de prestaçãode contas à sociedade, sobre a utilização do meio para a produção de riqueza UNIDADE 1: EMPRESA E SOCIEDADE OBJETIVO DA UNIDADE: Propor uma re- flexão em torno do papel da empresa no meio social e seu papel de desenvolvi- mento sócio-econômico. 12 Ciências Contábeis Estas relações responsabilizam socialmente a cada agente, tanto pessoa física como jurídica. A riqueza, gerada a partir do consumo de serviços e de bens do meio natural, impacta a vida de toda uma sociedade. A razão da proposta de prestar contas, perante esta mesma sociedade, das relações econômicas com o próprio meio, é uma forma de justificar a natureza do patrimônio. Não basta informar o volume do patrimônio ou a sua evolução, requer também entender a origem e a destinação desta riqueza, não como meio de controle, mas sim como um meio de justificar os possíveis benefícios sociais e ambientais. A sociedade brasileira está a caminho de uma organização social cada vez mais expressiva, conhecida como organização do Terceiro Setor. Este meio de associação representa a busca da sociedade em participar das decisões coletivas das políticas públicas, meio de gestão compartilhada sobre os destinos da sociedade que representa, tanto nos aspectos éticos, ecológicos, legais, científicos e econômicos das organizações privadas, assim como nos aspectos políticos, administrativos, éticos, ecológicos, legais, científicos e econômicos no âmbito do Poder Público, no desenvolvimento das atividades dos governos nas esferas federal, estadual e municipal. Pode-se dizer então, que os organismos do Terceiro Setor representam um meio de equilíbrio de forças econômicas e políticas de um espaço social. O impacto que uma empresa causa no meio social, ambiental, legal e ético em termos econômicos e o papel do estado neste mesmo meio, desenvolvendo suas políticas públicas, estão sendo sempre observados e vigiados pelas Organizações do Terceiro Setor. Para facilitar a compreensão da proposta pedagógica da disciplina, estão sendo propostas três dimensões para o conteúdo: • Estudo sobre a presença da empresa no meio social e o impacto que causa com a sua geração de riqueza e como se beneficia o meio social de sua presença. • A presença do estado como mediador de mercado, do desenvolvimento humano e da democracia, no desenvolvimento de suas políticas públicas, envolve todo um contexto social. Este envolvimento social causa efeitos que a sociedade percebe e nem sempre consegue ler e entender. Como isso pode ser traduzido à sociedade de maneira eficaz e compreensível, é parte desta disciplina. • Finalmente a presença da sociedade organizada por meio do que denominamos de “Terceiro Setor”. Representação social de mediação entre sociedade e mercado, este exercido pelas empresas e sociedade e governo que media mercado e democracia. O Terceiro Setor parece ser o elemento de tradução de uma série das informações para a sociedade, no sentido de que ela possa ser meio de Controle Social das duas primeiras dimensões. Cada uma das três dimensões será estudada com o objetivo de entender seus papéis no meio social e como prestam contas a esse meio. Prestar contas, uma definição de Responsabilidade Social será o foco de nossa disciplina, buscando entender este papel da Contabilidade Social. 1.2 Empresa, Unidade Básica de Organização Econômica As empresas fazem parte do conjunto de entidades denominadas de organizações, que se constituem em organismos, como entidades industriais, comerciais, financeiras, recreativas, desportivas, religiosas, familiares e outras. Todas as organizações podem ser consideradas entidades econômicas, pois adquirem, consomem, produzem e distribuem bens e serviços. A empresa, vista como um sistema organizacional, exerce atividade econômica independente de sua forma jurídica. 13Ciências ContábeisEmpresa é um agrupamento humano hierarquizado que põe em ação meios intelectuais, físicos e financeiros, para extrair, transformar, transportar e distribuir riquezas ou produzir serviços, conforme objetivos definidos, por uma direção individual ou de colegiado, fazendo intervir em diversos graus, motivação de benefício e de utilidade social” (MOSIMANN e FISCH, 1999). Na sociedade de mercado, a empresa é a unidade básica da organização da economia, representando a alavanca do desenvolvimento econômico em ambientes macro e microeconômico. São células de desenvolvimento de grande parte da riqueza e têm, com isso, responsabilidade social com o meio em que atuam (KRAEMER, 2005). São organizações com grande impacto ambiental e social, atingindo tanto o meio ambiente local como os seus funcionários e a comunidade em que se instalam e geram convivência sócio- econômica. Nesta convivência podem gerar oportunidades de novos negócios, expandir o meio de riqueza, mas também gerar maior consumo de energia, maior quantidade de lixo, afetando o meio ambiente sob o aspecto social e ecológico. Organizações são formações sociais articuladas em sua totalidade, com um número necessário de membros, que denominamos de sócios, empregados diretos e indiretos. Têm funções internas diferenciadas, possuem, de maneira consciente, fins e objetivos específicos e estão ordenadas de forma racional, pelo menos intencionalmente, tendo em vista o cumprimento desses fins e objetivos. As organizações possuem uma espécie de classificação que as define segundo os seus objetivos. Por exemplo: Quadro 1 – Classificação das Organizações Associação voluntária de iguais Organização em que as pessoas entram livremente, com finalidade específica. São os clubes, as associa- ções, as igrejas. Modelo militar Enfatiza uma hierarquia de autoridade e uma posição fixa. São as Forças Armadas. Modelo filantrópico Organização que consta de uma diretoria leiga, um quadro itinerante de profissionais e os clientes atendi- dos. São os hospitais, as universidades. Modelo de cooperação Organização que possui acionistas, cotistas, sua dire-toria, gerentes e pessoal. Negócio de família Grupo de pessoas ligadas por laços de sangue e casa- mento possuem uma empresa com fins lucrativos. Por exemplo: Indústrias Matarazzo, grupo Pão-de- Açúcar. Atividade 1.1 1. Com base no conteúdo estudado nesta unidade, o que vem a ser Azienda? 2. Qual é a definição mais adequada de empresa? 3. O que são organizações segundo a sua compreensão? Submeta a atividade por meio da ferramenta Tarefas. 14 Ciências Contábeis 1.3 Filosofia de uma Empresa: Missão, Crenças e Valores Missão da empresa é a existência de um objeto comum às suas partes, que as integra de forma a constituir o “todo”. Objetivo é o alvo que se pretende atingir. Partindo desse pressuposto, podemos dizer que os diversos componentes do sistema empresarial interagem para que este alcance os seus objetivos preestabelecidos. Portanto, a missão da empresa consiste no ramo de negócios a ser seguido, estabelecendo os limites para a atuação e o campo em que pretende crescer e competir, bem como a satisfação das necessidades do mercado externo (PEREZ, PESTANA e FRANCO, 1995). A empresa precisa ter sua missão clara e objetiva para ter um bom desempenho de seus processos internos e para que o seu sistema institucional seja aceito de modo geral por todos os que dela fazem parte. A missão da empresa deve englobar os seus valores fundamentais, os produtos e serviços a serem oferecidos para o mercado consumidor, o ramo de atuação e a clientela a ser atendida. A missão é a razão da presença da empresa no mercado e esta razão transparece os propósitos de sua existência. Cada um de nós tem uma missão a cumprir durante a vida. As empresas estabelecem missões com a mesma finalidade. Ao definir sua missão, as empresas deixam transparecer a razão de sua presença naquele meio social. Passa a ser um meio de prestação de contas do cumprimentono todo ou em parte de seu projeto missionário. Por meio de seus gestores, a empresa deve praticar ações que aperfeiçoem o resultado econômico que consiste no crescimento da sua riqueza, garantindo a sua continuidade, atendendo os seus objetivos sociais e de seus proprietários. A missão da empresa facilita a leitura da comunidade quanto à sua presença neste meio. A reflexão da disciplina gira em torno da responsabilidade social da empresa. A sua responsabilidade se torna transparente quando com clareza traduz perante a comunidade sua efetiva missão, sua razão de existir, além do lucro. Esta relação de responsabilidade social da empresa com a comunidade deve ser mensurada e para exercer este papel se recorre à Contabilidade Social. Para medir estes resultados de relação entre empresa e comunidade há a necessidade de um sistema de informação que seja eficaz e legível por todas as camadas que formam aquele sistema social e organizacional. Crenças são convicções da empresa em relação aos aspectos ecológicos, à promoção da qualidade de seus produtos e serviços, à consideração de seus funcionários como o seu principal ativo, à manutenção da ética nos negócios com seus fornecedores e clientes e o cumprimento da legislação vigente (PEREZ, PESTANA e FRANCO, 1995). Estas convicções empresariais são um meio de resposta entre a sua filosofia e a efetiva ação como elemento empreendedor no meio social. Como agente econômico, sua ação empreendedora pode ferir parte ou todo de seus princípios e crenças, em razão da competitividade de mercado e do risco de sobrevivência. É neste momento que a Contabilidade Social tem papel preponderante na avaliação efetiva das crenças propostas. Esta prestação de contas será o meio de conciliação entre o que se propôs como crenças e o que de fato se pratica. As crenças, convicções instaladas no momento de implementar a filosofia da organização terá sua avaliação percebida, lida, interpretada no momento em que as ações estarão sendo realizadas e a comunidade, com o auxílio da 15Ciências ContábeisContabilidade Social, avalia o compromisso social e ambiental. Valores são os papéis, as ações da empresa no meio em que se instala. A empresa, a organização, propõe-se agir com integridade, respeitar o ser humano, ter qualidade sempre no que faz e buscar resultado com garantia de sucesso, exercer a autoridade com responsabilidade, exercer a comunicação com criatividade e satisfazer os clientes (PEREZ, PESTANA e FRANCO, 1995). Representam convicções básicas de como conduzir a existência de um indivíduo ou de uma organização, empresa ou comunidade. É o que se acredita que está certo, o que é importante e quanto é importante ter a conduta dentro dos valores estabelecidos. Para as empresas, a definição de valores está relacionada ao atendimento de seus clientes utilizando os serviços de seus empregados, o relacionamento ético na prática de seus negócios, utilizando com racionalidade o meio ambiente ecológico e respeitando o meio ambiente social. O que faz com que uma empresa tenha boa aceitação local é: • a boa relação com os seus funcionários; • a inserção dos familiares dos funcionários no contexto social-empresarial; • o respeito ao meio ambiente, questão muito presente na atualidade; • a responsabilidade social quanto à produção de sua riqueza e à comunicação transparente. Estas atitudes, relacionadas aos valores propostos, são os indicativos de que não estão sendo gerados passivos ambientais. É uma forma de como ocorre a distribuição da riqueza produzida com o meio local, o princípio claro de continuidade da empresa e a ética nos negócios são indicadores possíveis de serem lidos, interpretados pela contabilidade social. Os valores organizacionais são parâmetros sociais de prestação de contas. Grande parte deles lidos e percebidos no Balanço Social da organização. O Balanço Social é um demonstrativo que evidencia as ações das empresas na sociedade em que estão inseridas. O compromisso estabelecido com a sociedade é de geração de emprego, renda e desenvolvimento social. Esse compromisso é a expressão da missão, das crenças e dos valores propostos. 1.4 Empresa como um Sistema A definição de sistema de uma empresa é o conjunto de atividades desenvolvidas dentro da empresa com o mesmo objetivo que é a produção, onde todos os setores estão interligados com a finalidade de alcançar as metas definidas pela empresa, conforme Mosimann e Fisch (1999, p. 19): Uma característica fundamental de um sistema é a existência de um objetivo a ser alcançado. O próprio conceito de sistema envolve a idéia de partes que interagem para alcançar um objetivo comum. Assim, os diversos componentes do sistema empresa interagem, para que esta atinja seus objetivos. Por objetivo entende-se o alvo ou desígnio que se quer atingir. A empresa como um sistema está sendo discutido, estudado e refletido nesta disciplina, por conta de sua relação com o meio ambiente interno e externo: • Como meio ambiente interno se estuda o meio de produção de riqueza e 16 Ciências Contábeis conhecimento e desenvolvimento humano e tecnológico, envolvendo os seus colaboradores (empregados), seus sócios administradores. A busca do objetivo empresarial gera a expectativa nos seus colaboradores de desenvolvimento econômico e social, não só da empresa, mas de seus empregados. O desenvolvimento das atividades empresariais cria expectativas, oportunidades, agregação de valores institucionais e pessoais, formação profissional e acadêmica e de desenvolvimento social. • O impacto causado no meio ambiente externo poderá ser lido e entendido a partir dos reflexos que a riqueza causa no meio ambiente, os benefícios de sua presença e as oportunidades para a geração de novos negócios e os efetivos impactos da utilização de meios de produção que provoca a empresa. Esta relação da empresa com o meio ambiente externo são caminhos de comunicação que são denominados de sistemas inter-institucionais. Empresa como Sistema Aberto e Dinâmico: Pode-se entender uma empresa como um conjunto de elementos, que funcionam interdependentes entre si, com a finalidade de atingir um objetivo comum. São departamentos com rotinas e formalizações próprias, mas que obedecem a um critério único de gerenciamento, tudo organizado de tal forma a garantir uma perfeita harmonia entre seu ambiente funcional e seu potencial humano, visando melhores resultados. Segundo Catelli (2001, p. 38-39). Como um sistema aberto, a empresa encontra-se permanentemente interagindo com seu ambiente. Como um sistema dinâmico, realiza uma atividade ou um conjunto de atividades, que a mantém em constante mutação e requerem que seja constantemente orientadas ou reorientadas para sua finalidade principal. Há uma interação entre a empresa e o meio ambiente em que está inserida, por meio de seus clientes, fornecedores, órgãos financeiros, entidades governamentais e não governamentais, sociedade, acionistas e concorrentes. Os sistemas empresariais abertos recebem do meio ambiente externo bens e serviços que depois de processados geram novos bens e serviços. Os bens e serviços transformados atendem ao mercado consumidor que responde pela satisfação ou não dos seus clientes. A satisfação ocorre pelo próprio consumo ou pela necessidade da realização de novas transformações de bens e serviços. Este sistema aberto provoca uma intensa comunicação de relações comerciais, gerando riquezas e oportunidades de novos negócios. A comunidade se beneficia em parte ou no todo destas relações, usufruindo, em tese, de parte desta riqueza. Os benefícios são medidas mensuráveis de forma muito sensível e seus resultados nem sempre são percebidos de imediato pelos consumidores. Os aspectos do meio ambiente ecológico só estão sendo percebidos pela comunidade consumidora nas últimasdécadas, enquanto na verdade seus efeitos vêm sendo provocados pelo sistema produtivo há muitos anos. Subsistema Institucional: É formado por um conjunto de crenças, valores e expectativas dos gestores da empresa; que se transformam em diretrizes sob as quais são organizados todos os componentes do sistema empresa para os resultados desejados e referem-se aos princípios que norteiam o comportamento diante de seus clientes, fornecedores, bem como sua força de trabalho, tais como: ética, credibilidade e confiabilidade em seus produtos. O Sistema Institucional já foi estudado anteriormente, quando se propôs uma reflexão sobre missão, crenças e valores. Os sistemas organizacionais são importantes para identificar a razão da presença da empresa no meio ambiente. 17Ciências ContábeisSubsistema Social: Diz respeito aos elementos individuais da força de trabalho, como: criatividade, motivação, liderança, etc. Uma equipe motivada e satisfeita com as condições que a empresa lhe oferece, produz muito mais resultados à organização. Portanto toda organização deve ter como primordial seu potencial humano, proporcionando-lhe treinamento técnico, condições humanas, assistência médica e lazer. Do ponto de viste interno, este é o ambiente onde a contabilidade social tem seu objeto de maior concentração. Neste ambiente, nasce o Balanço Social, meio de expressão da Responsabilidade Social com a sua população interna. Este tema terá maior aprofundamento na terceira unidade, quando trataremos da Contabilidade Social propriamente dita. Subsistema Organizacional: Refere-se à burocracia interna da organização, ou seja, a divisão de suas rotinas em departamentos, obedecendo à hierarquia, definindo assim, o grau de responsabilidade e poder de decisão dado a cada cargo de gestão a fim de se definir a estrutura básica e ramificações de sua administração. A organização da empresa traduz a sua relação de poder, de comunicação com os seus empregados, o nível de democracia ou não de decisão de como desenvolve suas atividades e o nível de participação dos seus empregados na decisão de como realizar os seus processos de produção. Esta forma de organização não define se o grau de responsabilidade social é maior ou menor, define apenas oportunidades internas de decisão. Subsistema de Gestão: É o sistema operacional em si. O subsistema de gestão é considerado o painel de bordo da organização; neste painel, são visualizados todos os indicadores do funcionamento da empresa, ou seja, o grau de realização de cada planejamento estratégico definido. Por ser responsável pela dinâmica do sistema, requer um conhecimento adequado da realidade, para isto, se utiliza das informações armazenadas e geradas pelo sistema de informação. A gestão oferece, dependendo do nível de democracia, a oportunidade de seus empregados desenvolverem suas habilidades de gestão. São meios de desenvolvimento humano por competências estruturadas ou não, onde o empregado poderá demonstrar a sua capacidade de tomar decisão. Também é conhecido como Contabilidade por Responsabilidade, onde cada responsável por tarefa ou por setor prestará contas da oportunidade e dos resultados que obtém, quando a oportunidade lhe é oferecida. Atividade 1.2 1. As convicções da empresa em relação aos aspectos ecológicos, a promoção da qualidade de seus produtos e serviços, a consideração de seus funcionári- os como o seu principal ativo, a manutenção da ética nos negócios com seus fornecedores e clientes e o cumprimento da legislação vigente denominam-se de: a) Valores b) Atitudes c) Funções d) Crenças e) Decisões 18 Ciências Contábeis REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: CATELLI, Armando. Controladoria. São Paulo: Atlas, 2001. KRAEMER. Maria Elizabeth Pereira. Contabilidade Social como Ferramenta de Informação para a Responsabilidade Social. Disponível em: <http://www.gestiopolis.com/Canales4/ fin/conferrementa.htm> Acesso em 12 nov. 2008. MOSIMANN, Clara Pellegrinello; FISCH, Sílvio. Controladoria. Seu Papel na Adminis- tração de Empresas. São Paulo: Atlas, 1999. EREZ JR, José Hernandes; PESTANA, Armando Oliveira; FRANCO, Sergio Paulo Cintra. Controladoria de Gestão. São Paulo: Atlas, 1995. SÁ, A. Lopes de. Dicionário da Contabilidade. 9. ed. São Paulo: Atlas, 1995. 2. O subsistema que diz respeito aos elementos individuais da força de tra- balho, como: criatividade, motivação, liderança, fazendo com que uma equipe se motive e se sinta satisfeita com as condições que a empresa lhe oferece, denomina-se: a) Subsistema Organizacional. b) Subsistema Institucional. c) Subsistema Social. d) Subsistema Funcional. e) Subsistema de Informações. 3. É o sistema operacional em si, considerado o painel de bordo da organiza- ção e neste painel, são visualizados todos os indicadores do funcionamento da empresa, ou seja, o grau de realização de cada planejamento estratégico definido. Requer um conhecimento adequado da realidade, para isto, se utiliza das informações armazenadas e geradas pelo sistema de informação. Esta definição é do subsistema de: a) Subsistema Organizacional. b) Subsistema Institucional. c) Subsistema Social. d) Subsistema Funcional. e) Subsistema de Gestão. Submeta a atividade por meio da ferramenta Questionário. 19Ciências Contábeis 2.1 Estrutura Administrativa e Funções Básicas do Estado O estado, como instrumento de organização política, atua por meio de unidades interiores, denominados órgãos, e de pessoas jurídicas criadas para auxiliar o desenvolvimento de suas competências. Exercendo suas competências, realiza ações sociais para alcançar o bem comum e a justiça social concreta (PEREIRA 2003, p. 27). O estado deve ser estudado como um sistema de funções que disciplinam e coordenam os meios para atingir os objetivos a que está determinado ou obrigado. Os objetivos do estado, em tese, são os objetivos de sua sociedade, também vista como um organismo complexo. Não se pode dizer que o estado deverá fazer o que seu povo quer, falando da vontade das pessoas, se estas não estiverem efetivamente organizadas como sociedade. Assim se propõe que as pessoas como indivíduos formem a organização social e que a sociedade organizada cobre do estado o seu desejo ou demanda social. São consideradas, a princípio, as funções básicas do estado: • a segurança, com o objetivo de manter a ordem política, econômica e social; • o desenvolvimento, com o objetivo de promover o bem comum. O desenvolvimento é uma função básica que o estado realiza, mediando, delegando e concedendo esta função a organizações competentes para que promovam o bem comum por meio do desenvolvimento humano. O desenvolvimento humano ocorre com a educação, meio de difusão do conhecimento e este habilita o desenvolvimento das atividades, dos negócios, meio de geração de riqueza. A riqueza é o resultado de um meio eficaz e autônomo dos seres humanos suprirem suas necessidades básicas, cujo limite não tem definições claras e objetivas. Mesmo assim tem-se a percepção pelo Índice de Desenvolvimento Humano. As funções propostas são amplas e têm alcance em atividades múltiplas de competência do poder público, denominado aqui como estado. Na definição de estado estão contempladas as três esferas de governo, a União, os Estados e os Municípios. Estas múltiplas funções do estado, conhecidas nos meios administrativos do Poder Público e de sua literatura, são conhecidas como Funções de Governo. No contexto da disciplina estudaremos o papel do estado a partir de seu objetivo de manter a ordem política, econômica e social, que são os aspectos que envolvem diretamente o Patrimônio Público. O estado é agente indispensável para atender aos anseios e aspirações de uma sociedade como agente regulador. Nesta função realiza a promoção do desenvolvimento, a distribuição de renda e procura manter a estabilizaçãoeconômica (PEREIRA, 2003, p.28). Como agente regulador exerce funções de controle e desenvolvimento econômico. Estas funções econômicas do estado são definidas como: alocativa, distributiva e estabilizadora (GIACOMONI, 2003, p. 38). UNIDADE 2: ESTADO E SOCIEDADE OBJETIVO DA UNIDADE: Refletir sobre o papel do Estado no desenvolvimento lo- cal e como o seu patrimônio é usado para que as políticas públicas são desenvolvi- das. 20 Ciências Contábeis • A função alocativa é a atividade estatal que intervém em setores em que a atividade provada não consegue ser eficiente ou que seja de competência do próprio estado. São recursos alocados pelo estado em investimentos de infra- estrutura como rodovias, iluminação pública, comunicação, armazenamento, considerados indutores de desenvolvimento nacional e regional, por serem investimentos de grande monta e com retorno de longo prazo. É o estado realizando sua função, aprovada pela sociedade por meio de uma Plataforma de Governo proposta em campanha quando do pleito para a definição do seu dirigente, que denominamos de Programa de Trabalho de um governo. São os recursos que o estado aloca visando atender necessidades que o setor privado não consegue, em seu todo, oferecer e atender. Neste contexto está a educação, a saúde, a segurança pública e outras atividades que estado gestiona e exerce, por meio de um pacto social que normalmente ocorre a cada quatro anos, mas que não é de sua competência exclusiva. Exerce quando efetivamente realiza estas atividades e faz gestão quando concede a organizações do setor privado para que realize estas atividades • As atividades da função distributiva estão relacionadas ao bem-estar. Nesta atividade, o estado é mediador para estabelecer eqüidade sócio-econômica. É o meio de distribuição de renda que o estado exerce, tributando os que possuem renda mais elevada num sistema progressivo e transferindo recursos para a população de renda mais baixa. O governo brasileiro exerce este mecanismo por meio do Imposto de Renda. Com estes recursos o governo oferece educação e saúde gratuita, treinamentos e capacitação profissional para o desenvolvimento comunitário local e outras atividades de recuperação da renda dos cidadãos com menores oportunidades. • A função estabilizadora tem cunho macroeconômico, pois tem por objetivo manter elevado nível de emprego, estabilidade nos preços, evitando a inflação, equilíbrio na balança de pagamentos e uma boa taxa de crescimento econômico. Cada função tem papel preponderante no desenvolvimento das políticas públicas do governo, aspecto de ampla discussão permanente por parte da sociedade, em diversos níveis, pois elas possuem influência direta sobre o patrimônio das organizações e das pessoas físicas, denominadas conceitualmente pela teoria da contabilidade social como Células Sociais. As políticas públicas são um conjunto de decisões e ações relativas a alocações imperativas de recursos públicos. A política, para tornar mais claro o conceito, compreende um elenco de ações e procedimentos que visam a solução pacífica de conflitos em torno da alocação de bens e recursos públicos (PEREIRA, 2008, p. 136). As políticas públicas envolvem diversas ações estratégicas selecionadas para implementar decisões tomadas. As políticas públicas são demandas da sociedade, como por exemplo, infra-estrutura em saneamento básico, em rodovias, em ruas, na área da saúde, da educação, da assistência social, etc. Políticas Públicas são ações destinadas ao atendimento das necessidades sociais. Com base nelas é que se constrói e se define uma plataforma de governo. A partir da plataforma ou programa de trabalho de um governo se constituem os meios planejados para sua execução. O desenvolvimento das políticas públicas de parte do estado tem por fim o desenvolvimento de sua nação, de seu povo. Como intervém na economia, afeta diretamente o desenvolvimento das organizações econômicas de todas as dimensões, afetando o patrimônio público e das organizações. Estas intervenções ocorrem por meio 21Ciências Contábeisda utilização de recursos públicos, como já apresentamos acima, no exercício do estado nas três funções econômicas no meio social. Para obter os resultados propostos pelo governo, são planejadas e definidas metas físicas como meio de obter resultados efetivos esperados de um governo. Metas são ainda unidades definidas quantitativa e qualitativamente que definem alvos a serem atendidos, quantificados no tempo, de tal forma que sejam de fácil aferição em sua realização e avaliação. Se concretizam por meio de ações que na administração pública são denominadas de projetos e atividades, já definidas na disciplina Contabilidade Pública. As ações que culminam com a efetivação da metas, causam impactos sobre o patrimônio Público, pois dele se utilizam para concretizar estas ações, e por isso podemos afirmar que as metas são um dos meios de prestação de contas de um governo, muito embora esta cultura de ler e entender metas físicas e de se perceber o real nível de prestação de contas de um governo ainda esteja muito distante. 2.2 Patrimônio Público O patrimônio é o objeto administrado que serve para proporcionar à azienda a obtenção de seus fins. Azienda é um agregado social que prove a obtenção de um fim qualquer, tanto individual como coletivo (SÁ 1995). Sãos as denominadas células sociais economicamente organizadas. Segundo Silva (2008, p. 244), patrimônio é o conjunto de bens, direitos e obrigações, vinculado a uma pessoa física ou jurídica. Entretanto, estudos sobre o patrimônio revelam que qualquer conjunto de bens, direitos e obrigações somente constitui um patrimônio quando forem observados dois requisitos básicos: 1. Que sejam componentes de um conjunto que possua conteúdo econômico avaliável em moeda; 2. Que exista interdependência dos elementos componentes do patrimônio e vinculação do conjunto a uma entidade que vise alcançar determinados fins. Atividade 2.1 1. O Estado deve ser estudado como um sistema de funções que disciplina e coordena os meios para atingir os objetivos. Quais são os objetivos do Es- tado? 2. O Estado é agente indispensável para atender aos anseios e aspirações de uma sociedade como agente regulador. Nesta função, realiza a promoção do desenvolvimento, a distribuição de renda e procura manter a estabilização econômica. Como são definidas estas funções econômicas? 3. O que são Políticas Públicas? 4. Estudando esta unidade, o que você entendeu por ações do Estado? Submeta a atividade por meio da ferramenta Tarefas. 22 Ciências Contábeis A definição quer dimensionar um patrimônio disponível e utilizável na realização de atividades, procurando beneficiar os que são objeto da gestão pública. A discussão sobre a dimensão do patrimônio público abre vertentes diversas que giram em torno dos bens que formam o patrimônio do estado, bens que fazem parte do público estatal e do público não estatal. Como a disciplina norteia a discussão de prestação de contas, é necessário delimitar a obrigatoriedade do estado em prestar contas sobre o patrimônio que utiliza e gerencia, para alcançar seus fins. É pública estatal a instituição que detém o poder de legislar e tributar. São bens estatais os bens administráveis diretamente pelo Estado para atingir os seus fins. Esses bens fazem parte do aparelho do estado, cuja administração é regida pelo direito administrativo, por exemplo: a escola, o posto de saúde, os veículos e móveis de uso do Poder Público. É pública não-estatal a entidade que exerce atividades de interesse público. Uma fundação de direito privado, com objetivos públicos, embora regida pelo direito civil, é uma instituição pública, na medida em que está voltada para o interesse geral (PEREIRA e SPINK, 1999). Também é pública e não-estatala propriedade que toda a sociedade pode utilizar: os bens de uso comum do povo, como os mares, os rios, as estradas, as ruas e as praças; os bens de uso especial, como a escola pública, a biblioteca pública e assim por diante. Estes são bens disponibilizados à comunidade. É neste momento que organismos do Terceiro Setor desempenham papel importante, pois são mediadores de uma relação social, econômica e ambiental. A definição de patrimônio público tem cunho de prestação de contas para responder a uma questão que designa papéis aos agentes públicos e sua responsabilidade em relação ao uso dos bens públicos em suas funções executivas. Os agentes públicos responsáveis por dinheiro, bens e valores públicos, designados por disposição legal ou regulamentar ou por delegação de poderes, submetem-se a uma fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, com vistas ao exame de legalidade, legitimidade e economicidade dos atos que impliquem utilizar, arrecadar, guardar, gerenciar ou administrar dinheiro, bens e valores públicos, tendo em conta a regular e boa aplicação dos recursos ou guarda e administração dos bens e valores públicos, cuja avaliação culmina com o julgamento das suas contas via processo de Tomada de Contas pelo TC (MILESKI, 2002, p. 79). Outros dispositivos legais também nos remetem à reflexão sobre os papéis dos agentes públicos no uso do patrimônio público. O que se espera é que o poder do agente público, ao decidir quando, como e para que usar os bens públicos, tenha uma resposta positiva, um resultado positivo na prestação de serviços à sociedade. Isso só é possível mediante a prestação de contas. A prestação de contas públicas formalmente apresentadas são de uma leitura difícil, por ser muito especializada. Diante destas dificuldades, os legisladores propuseram alternativas mais democráticas e se espera que sejam transparentes. Estas alternativas se encontram reguladas no Artigo 48 da Lei Complementar 101 de 04 de maio de 2000, conhecida como Lei de Responsabilidade Fiscal e no Artigo 44 da Lei Federal 10.257 de 10 de julho de 2001, também conhecida como “Estatuto da Cidade”. Ambas regulamentam dispositivos constitucionais da Constituição Federal de 1988. Estes dispositivos legais convocam os agentes públicos a prestarem contas sobre suas ações na Gestão Pública e sobre o Patrimônio Público utilizado no desenvolvimento 23Ciências Contábeisde suas atividades. O nível de prestação de contas e de transparência se constrói com a presença da sociedade, da comunidade, nestas audiências públicas. A responsabilidade social neste ato é do agente público na iniciativa de prestar contas, de ser transparente, de responder pela oportunidade de ser agente público e pelos resultados obtidos com a oportunidade e com a disponibilização de uso do patrimônio público. A responsabilidade da sociedade está em se fazer presente, avaliar a prestação de contas a partir dos resultados percebidos no meio ambiente social e ambiental, de se manifestar e ser solidário no projeto comunitário legitimado no pleito eleitoral. Por esta razão, a definição de patrimônio público está relacionada ao público estatal, em que os bens sejam um conjunto que possua conteúdo econômico avaliável em moeda e exista interdependência dos elementos componentes do patrimônio e vinculação do conjunto a uma entidade que vise alcançar determinados fins. O que se quer aqui descrever é uma definição de patrimônio público com responsabilidade pessoal definida. Sempre que se fala em patrimônio público há o desejo de definir o patrimônio do estado sob os critérios contábeis e jurídicos. Sob o critério jurídico, os bens do estado estão à disposição da sociedade e neste caso a prestação de contas é solidária. Dizemos isso, pois no patrimônio do estado, sob o aspecto jurídico, se incluem os mares, os rios, as ruas, as praças, que são bens de uso geral da população. O uso deste patrimônio é também passível de prestação de contas, mas neste caso envolve a sociedade e as organizações econômicas de todos os níveis. É por esta razão que a presença da sociedade organizada tem importância vital. Por meio desta organização é possível mediar questões de sobrevivência humana, tanto nos aspectos econômicos, como sob os aspectos naturais, ambos dando um enfoque sobre conceitos de qualidade de vida. Estas questões serão tratadas na unidade 3. A presença do estado e de seus agentes na proposta da Contabilidade Social é importante pelo desenvolvimento de políticas públicas. Políticas públicas de desenvolvimento econômico, social e humano e políticas públicas de preservação ambiental exercem um impacto nas vidas das pessoas, isto é, no meio social, gerando benefícios, malefícios e impactando a vida comunitária. Os benefícios e malefícios podem parecer juízo de valor, mas é verdadeiro se perceber que o desenvolvimento econômico, que traz capacidade individual e social de adquirir bens que satisfaçam plenamente a sobrevivência de cada indivíduo ou da comunidade, também provoca degradação do meio ambiente e seus reflexos sobre a vida humana são visíveis. A questão está em definir o equilíbrio entre a presença do desenvolvimento e a máxima preservação possível do meio ambiente. Este equilíbrio será o desenvolvimento pleno de uma comunidade, de um povo. Onde está o equilíbrio? Esta é a pergunta a ser respondida a partir da Contabilidade Social, envolvendo quesitos ambientais. A razão da presença desta disciplina na nossa formação é o conhecimento estruturado no assunto, a consciência de nosso papel profissional e social como agente formador de opinião e transformador no campo da educação. 24 Ciências Contábeis Atividade 2.2 1. Tem cunho de prestação de contas para responder a uma questão que desig- na papéis aos agentes públicos e sua responsabilidade em relação ao uso dos bens públicos em suas funções executivas. Esta é uma definição de: a) Patrimônio público b) Patrimônio particular c) Público-estatal d) Público não-estatal e) Patrimônio empresarial 2. A partir do ano de 2000 e de 2001, respectivamente, a União estabeleceu mecanismos de prestações de contas por meio de audiências públicas. Esta regulação se encontra inserida na Lei de Responsabilidade Fiscal e no Estatuto da Cidade. As leis que regulam estes instrumentos são: a) Lei 4.320 e Lei 6.404 b) LC 101 e Lei 10.257 c) Lei 4.320 e LC 101 d) Lei 4.320 e Lei 10.257 e) Lei 6.404 e Lei 10.257 3. O patrimônio do estado que se constitui dos mares, dos rios, das ruas, das praças, que são bens de uso geral da população se classifica sob os critérios: a) Econômicos b) Contábeis c) Jurídicos d) Financeiros e) Administrativos 4. Os bens que possuem conteúdo econômico avaliável em moeda e que tenha interdependência dos elementos componentes do patrimônio e vinculação do conjunto a uma entidade pública que vise alcançar determinados fins, denomi- na-se: a) Patrimônio econômico empresarial. b) Patrimônio econômico institucional. c) Patrimônio público não estatal. d) Patrimônio público estatal. e) Patrimônio administrativos institucional. Submeta a atividade por meio da ferramenta Questionário. 25Ciências ContábeisREFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: GIACOMONI, James. Orçamento Público. São Paulo: Atlas, 2003. MILESKI, Helio Saul. O Ordenador de Despesa e a Lei de Responsabilidade Fiscal – Conceitua- ção e Repercussões Jurídico-Legais. Revista Interesse Público 15 - 2002. PEREIRA, José Matias. Finanças Públicas. São Paulo: Atlas, 2003. PEREIRA 2008, p. 136). PEREIRA, Luiz Carlos Bresser e SPINK, Peter. Reforma do Estado e Administração Pública Gerencial. Rio de Janeiro: Editora FGV, 1999. SÁ, A. Lopes de. Dicionário da Contabilidade. 9. ed. São Paulo: Atlas, 1995. Silva (2008, p. 244 26 Ciências Contábeis A contabilidade social, tambémdenominada por autores clássicos como contabilidade sociológica, tem por objetivo a prestação de contas das organizações econômicas à sociedade, pela sua presença no meio ambiente social, pela utilização da mão-de-obra local e pelo consumo do meio ambiente. Lembrando que o consumo dos recursos naturais não é prerrogativa das organizações econômicas. Estas, porém, causam um impacto mais expressivo, não só pelo seu processo produtivo, mas também pelas embalagens e resíduos dos bens consumidos por seus clientes. A forma de prestar contas das organizações econômicas que se conhece na ciência contábil é por meio do Balanço. Sendo assim, o meio conhecido de prestar contas da contabilidade sociológica, é o Balanço Social. Nele estão os elementos que até a presente data se consideram equacionáveis ou suficientes para demonstrar a responsabilidade social. Considera-se responsabilidade social o meio de justificar a presença e a atitude das organizações no ambiente social, no sentido de indicar os benefícios que gera para os seus funcionários e para a sociedade de uma forma geral, especialmente a seus clientes, fornecedores e investidores. 3.1 Responsabilidade Social de Prestar Contas Prestar contas é uma obrigação social das organizações por estarem constituídas no seio da sociedade e com ela estabelecerem relações sociais, de negócios e de usufruto do meio ambiente. Estas relações afetam os elementos que compõem a sociedade, as pessoas físicas e outras pessoas jurídicas. É ainda uma satisfação que os administradores dão aos seus interessados no andamento das organizações. A prestação de contas tem como finalidade justificar o consumo de recursos financeiros, materiais e de mão-de-obra ao seu meio social, de onde se originam estes recursos. O meio ambiente, os interesses patrimoniais, da riqueza e a sustentabilidade das organizações, requerem uma manifestação pública da utilização dos meios de produção desta riqueza e a quem ela beneficia Vivemos numa coletividade de interesses múltiplos e numa estrutura social, onde as organizações causam efeitos sobre a comunidade e estes nem sempre satisfazem a todos os seus elementos. Por esta razão há a obrigação civil de prestar contas das organizações à sua sociedade constituída e à sociedade civil. As empresas, apesar de terem como objeto o lucro, possuem uma interatividade social intensa. Para o que o objeto central de suas atividades seja alcançado utilizam meios e recursos do ambiente social e do meio ambiente. Possuem relações de negócios com clientes e fornecedores e com empregados. Os negócios são contínuos e sem definição de data limite de sua concretização, pois usuários e vendedores praticam negócios contanto UNIDADE 3: CONTABILI- DADE SOCIAL, UM MEIO DE PRESTAR CONTAS OBJETIVO DA UNIDADE: Conhecer e compreender a presença do Balanço So- cial nas Organizações como instrumento de prestação de contas e de responsabi- lidade social. 27Ciências Contábeisa relação seja é perene e segura. A prestação de contas é um meio de saber o nível de capacidade de sobrevivência do negócio e sua confiabilidade percebida pela comunidade e pelos interessados. O Estado estabeleceu a obrigatoriedade de prestar contas de seus agentes no Art. 48 da Lei Complementar 101 de 04 de maio de 2000 e no Art. 44 da Lei Federal 10.257 de 10 de julho de 2001, conhecida como “Estatuto da Cidade”. A legislação prevê que o agente público deva prestar contas da utilização do patrimônio público, dos recursos orçamentários e das medidas que impacta a vida das pessoas, isto da sociedade local. As organizações do Terceiro Setor possuem, a exemplo do Estado a necessidade de prestar contas para o seio de sua constituição social e para a sociedade como um todo, pois são constituídas para atender a fins sociais, objeto de sua constituição, dos recursos que auferem, tanto da comunidade como do Poder Público. A necessidade de prestar contas é de cunho público, pois todos os recursos e bens de que se utiliza, em sua maioria, são de interesse público. Os fundamentos de sua existência exigem prestações de contas públicas, a exemplo do Estado e com elevado nível de transparência. Seu perfil social e sua responsabilidade com o meio será vista a seguir, nas definições de responsabilidade social de cada organização. 3.1.2 Responsabilidade Social das Organizações Responsabilidade Social é a responsabilidade de todos aqueles que são chamados a responder pelos seus atos diante da sociedade ou da opinião pública (Reis e Medeiros 2007, p. 9). A idéia de responsabilidade social das organizações está em prever os resultados de suas ações e livremente se nelas houver previsibilidade de incoerência em relação à sua missão e ética que possa afetar o meio social e ambiental, intervir para a correção. É o ato livre e a livre escolha de realizá-lo e ser responsável por assumir as conseqüências e ainda, a capacidade de intervir, se não for benévolo, segundo sua proposta de conduta e o da sociedade em que está inserido, modificar o rumo das ações. A definição de responsabilidade social das organizações é uma proposta de contribuição com o meio em que se situa como forma de melhoria de vida da comunidade em que se insere. É a preservação do meio ambiente que na maioria das vezes se utiliza para obter os seus resultados e como uma forma de relação harmônica com os seus consumidores. São questões mercadológicas e de opinião pública que a organização formula, quando quer propagar aos seus clientes de que os valores que prega é efetivo e que a ética é a premissa de seu comportamento, estabelecendo um elo entre a proposta formal de missão, valores e visão e o que de fato pratica no meio social e ambiental em que busca o seu objetivo. A responsabilidade social das empresas, muito além do ético, moral e legal está em responder à sociedade pela sua presença como elemento empreendedor e de desenvolvimento no local, criando meios e oportunidades para a comunidade. Ter uma visão apenas econômica, visando apenas o lucro, não a qualifica como de “responsabilidade social”. A filantropia, as doações e o compartilhamento com a solução de problemas sociais no meio que se insere, representa concretamente ser, a empresa, responsável socialmente. Considera-se que seja o meio de retribuir ao meio social e ambiental a oportunidade de geração de lucro, objeto de sua existência. A satisfação dos funcionários, de seus familiares, dos seus clientes e fornecedores e da sociedade são sintomas desta socialidade. Considera-se, sem juízo de valor, que este é o meio de prestar contas das empresas. É o momento que demonstra e torna transparente sua ação social e ambiental. Define 28 Ciências Contábeis um estilo de gerenciamento para os seus negócios, concretizando o comportamento formalizado no momento da definição de empresa como um meio de qualificação de seu patrimônio, de sua riqueza e de atendimento de seus sócios ou acionistas. As organizações do Terceiro Setor, definidas ainda como o setor do conhecimento, surgem como um meio de interação e de ligação entre empresa e estado. Esta mediação, este elo que liga a empresa e o estado, é necessária em razão da forte presença tecnológica nas empresas, substituindo a mão-de-obra. A esperança de que os serviços supririam esta lacuna parece não ter efeitos e com isso o desemprego é a marca da sociedade nos dias atuais. Surge, diante desta nova realidade, o setor do conhecimento, a era da informação, uma elite de produção de serviços que poderá favorecer o empresariado, caminhando para a era digital (Caetano 2006, p. 101). Esta nova realidade, no entanto, beneficia os detentores do conhecimento e das novas tecnologias, provocando uma acentuada exclusão social do trabalho formal. A exclusão do trabalho formal é responsável pela marginalização e por maselas sociais. Estesmales sociais requerem a presença do estado que investe pesados recursos com a recuperação dos excluídos destes efeitos globais, ampliando os seus investimentos em funções de governo de políticas públicas sociais. Percebendo que o estado não consegue suprir a todas as necessidades provocadas por esta nova realidade de mercado, organizações sem fins lucrativos emergem da sociedade com a proposta de estabelecer uma espécie de equilíbrio entre sociedade e estado, oferecendo serviços sem fins lucrativos, servindo a comunidade em demandas de inclusão social e de filantropia e caridade, criando o capital social. Capital social é o que cada pessoa dá de si de forma gratuita para a sociedade, proporcionando bem estar social e servindo aos interesses da cada cidadão, resultado da exclusão social globalizada (Caetano 2006, p. 103). O estado e as empresas percebendo a importância da presença do Terceiro Setor, passaram a investir recursos de cunho filantrópico, por parte das empresas e de investimento de políticas públicas, por parte do estado, com o objetivo de fazer inclusão social e de resgatar parte dos excluídos que a globalização provoca. A presença de recursos financeiros nas Organizações do Terceiro Setor demanda a necessidade de uma prestação de contas clara e efetiva, pois são recursos sem donos e que movem interesses pessoais e coletivos. Surge então a necessidade de prestação de contas como uma responsabilidade social, uma satisfação da presença de recursos financeiros com a origem no estado e nas empresas destinados a benefícios sociais de caridade e filantropia. O estado possui mecanismos para a tomada de contas, que a princípio estão bem formatados, mas questões de ordem política partidária podem criar viés em sua aplicação e não transparecer com clareza a sua aplicação. O mesmo ocorre com os recursos investidos pelas empresas, que se não bem aplicados podem se tornar escassos por falta de confiança. A prestação de contas, como um meio de responsabilidade social, passa a ser uma tônica de demanda social, pois se estes meios não forem claros, a filantropia empresarial e os recursos governamentais transferidos às Organizações do Terceiro Setor para que estas exerçam funções de governo no campo das políticas públicas sociais, pode ver estes recursos escassearem. 29Ciências Contábeis O papel das Organizações do Terceiro Setor, na atualidade, independente de sua definição, é presença importante para o equilíbrio da vida em sociedade, pois se percebe que exercem papel mediador entre governo e mercado. A presença do Estado neste tripé regulador é de fundamental importância. É seu papel desenvolver políticas públicas de toda a natureza, que assistam às necessidades sociais. Dentre elas as políticas públicas de desenvolvimento econômico. O Terceiro Setor representa um elo de mediação entre as forças políticas, as forças econômicas e as forças tecnológicas, que envolve as empresas e o Estado e parte em defesa dos interesses sociais, representando os interesses da sociedade organizada ou não, procurando equilibrar forças, como pode ser interpretado e percebido na figura 1 abaixo. O papel do estado no desenvolvimento econômico é procurar a geração de emprego e renda, como meio de satisfazer as necessidades básicas de seus cidadãos. Nem sempre, porém, o desenvolvimento econômico promove emprego, pois o uso de novas tecnologias acaba por excluir muita mão-de-obra. A exclusão de mão-de-obra afeta os que possuem menor conhecimento. A nova ordem, a emergência da sociedade do conhecimento é seletiva e com isso, mesmo com a presença do desenvolvimento, resultado de políticas públicas no setor, os efeitos esperados pelo estado não acontecem. Fonte: Disponível em: <http://integracao.fgvsp.br/ano9/08/imagens/administrando/Ano9E1administran- do2.gif> Acesso em 05 nov. 2008. Políticas públicas sociais, como educação e assistência social são o termômetro para a inclusão social destes excluídos. Para isso o estado deve estar alerta, investindo na formação, na geração alternativa de emprego e renda para equilibrar esta realidade social. Investimentos em meios, como os de “Arranjos Produtivos Locais” podem ser alternativas de inclusão socioeconômicas. O estado, por esta razão, deve se fazer presente da prestação de contas quanto à aplicação de seus recursos orçamentários, cuja origem são os tributos. É com estes recursos que o estado mede o desequilíbrio e deles deve prestar contas, pois são elementos importantíssimos de seu patrimônio. 30 Ciências Contábeis Os mecanismos para que o estado preste contas são as audiências públicas e lá deve justificar os seus investimentos nas diversas funções de governo. Para isso a sociedade deve estar presente nestas audiências e procurar entender do que se presta contas. Se não entender, deve buscar nesta sociedade organizada, nas faculdades e universidades o entendimento desta linguagem. Se ainda assim não é possível a compreensão do que se diz, as organizações do terceiro setor deverão exercer este papel. O tripé estado, empresas e organizações do terceiro setor são o suporte atual do equilíbrio social. A sociedade organizada tem provocado mudanças importantes na nossa sociedade atualmente. Por esta razão a disciplina está provocando uma nova discussão, a busca de um novo conhecimento que denominamos Contabilidade Social. Prestar contas do patrimônio das organizações, gerado no meio social, utilizando recursos humanos, financeiros e ambientes. O meio de prestação de contas que atualmente se utiliza, apesar de ainda não ser obrigatório é o Balanço Social. Este instrumento será evidenciado de forma teórica, para um posterior amadurecimento, é o que faremos a seguir. 3.2 Balanço Social Balanço social é um documento que as organizações publicam a cada ano apresentando de forma resumida informações sobre as atividades sociais desenvolvidas. As atividades sociais a que se refere são as de promoção humana, tanto para o ambiente interno como no ambiente externo. No ambiente interno, se volta para as atividades sociais realizadas em favor de seus funcionários e dependentes. Relaciona os benefícios diretos e indiretos, incluindo os benefícios sociais que na verdade são obrigações estabelecidas pela legislação, espaço da presença do estado. No ambiente externo, os benefícios são realizados a organismos sociais estruturados, como entidades sem fins lucrativos, como creches, asilos, hospitais e entidades educativas e profissionais. As empresas se preocupam com a divulgação de seu Balanço Social, pois demonstra interesse no desenvolvimento social local e com isso se fortalece perante seus concorrentes, uma vez que os consumidores estão cada vez mais atentos no comportamento das empresas a respeito de sua responsabilidade social. As empresas já não fazem somente filantropia, buscam contribuir na solução dos problemas sociais que provoca a urbanização e o impacto que elas mesmas causam ao meio ambiente e conseqüentemente a qualidade de vida e saúde das pessoas. Desenvolvem ações planejadas, visando oferecer benefícios mais amplos à comunidade social interna e à comunidade social externa, multiplicando benefícios em escalas cada vez mais abrangentes. Inicialmente, o Balanço Social passou a ser uma proposta de contabilidade sociológica das empresas, mas com o passar do tempo e percebendo a importância deste instrumento, organizações do terceiro setor, organizações públicas e o próprio poder público passaram a utilizar este instrumento para comunicar sua responsabilidade social à comunidade. Organizações representativas de profissões, como o Conselho Federal de Contabilidade, já publicam o Balanço Social. O Conselho Federal de Contabilidade tem publicado o seu Balanço Social do exercício de 2007 em seu site http://www.cfc.org.br, 31Ciências Contábeisno
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