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Práxis grupal na saúde GRUPOTERAPIAS, TERAPIA DE FAMÍLIAS, GRUPOS DE AJUDA RECÍPROCA, CUIDANDO DOS CUIDADORES

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UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL 
Dinâmica de Grupo 
Marcele Schreiner Tonet 
Aléxia Teixeira, Daniela Pippi, Eveline Freese, Hanna Kemel, 
Kamila Moreira e Laíne Domingues 
 
 
 
 
 
 
 
PRÁXIS GRUPAL NA SAÚDE: 
GRUPOTERAPIAS, TERAPIA DE FAMÍLIAS, GRUPOS DE 
AJUDA RECÍPROCA, CUIDANDO DOS CUIDADORES 
 
 
 
 
 
 
 
Cachoeira do Sul 
2019 
1. Grupoterapias 
A prática grupal é uma importante ferramenta utilizada para melhor 
atender as necessidades de áreas da saúde pública, pois é voltada para a 
população que necessita de atendimento de forma gratuita. Ao participar de uma 
grupoterapia o indivíduo experiencia situações positivas, pois com o trabalho em 
grupo se mostram sensíveis à cultura, à linguagem de seus membros, 
valorizando o contexto social. O grupo ainda representa o coletivo que permite 
reconhecer o sofrimento do outro, proporcionando um melhor entendimento e 
significação do processo de saúde e doença. Através dos ramos da Sociologia, 
antropologia e psicologia social, a psicologia grupal é um resultado do encontro 
de contribuições das Ciências Sociais e da teoria psicanalítica. 
De acordo com Ribeiro (1944), um grupo terapêutico deve transformar-se 
em um grupo primário, que seria “um grupo de pessoas caracterizado por uma 
associação ou cooperação face a face. Ele é o resultado de uma integração 
íntima e de certa fusão de individualidades em todo comum, de tal modo que a 
meta e a finalidade do grupo são a vida em comum, objetivos comuns e um 
sentido de pertencimento, com um sentimento de simpatia e identidade”. 
O trabalho feito pelo psicólogo com indivíduos através de um grupo 
proporciona uma importante troca das mais diversas experiências de vida de 
cada um, assim como uma maior socialização, espírito de coletividade e 
corresponsabilidade. Ao ouvir e às vezes até mesmo conviver com o problema, 
ou doença do outro, o sujeito passa a enxergar as suas próprias limitações ou 
dificuldades de forma diferente, tal experiência oportuniza momentos de empatia 
e maior entendimento sobre seus próprios sentimentos em relação às 
dificuldades. Quando utilizado com finalidade terapêutica, o trabalho grupal 
possui o objetivo de possibilitar uma elaboração e desenvolvimento mental e do 
pensamento de um grupo. Dessa forma o grupo é pensado como uma forma de 
produzir conscientização, e de fazer emergir o conhecimento sobre si e dos 
outros, assim levando a uma melhora dos participantes. 
Os grupos que têm finalidade terapêutica servem também como 
possibilidade de alívio ou eliminação de sintomas, e na composição de 
comportamentos saudáveis. E assim como afirma Freud: ...“o êxito que a terapia 
passa a ter no indivíduo haverá de obtê-la igualmente na coletividade” (1910). A 
experiência adquirida através da vivência em conjunto com outros individuais 
possibilita um tratamento saudável e com maior socialização, coisas que são 
bastante importantes para pessoas que lutam contra doenças, e em alguns 
casos tais atividades podem ser aplicadas com pacientes internados. Pode-se 
ainda considerar os grupos de autoajuda, para os casos de alcoolistas, 
drogadictos, distúrbios alimentares cardíacos e também pós-cirurgizados. 
Segundo Bechelli (2005) o psicólogo que atua em grupos terapêuticos é 
caracterizado pelo comportamento de manter o foco na fala grupal, proporcionar 
apoio aos participantes que necessitam, mediar conflitos e garantir que as regras 
estabelecidas sejam cumpridas, assim como, estimular sentimentos positivos 
que possam auxiliar em seus processos internos, por meio de comportamentos 
e reações, possibilitando a tomada de decisão e para que possa manter o 
controle sobre os receios e ansiedades que possam surgir durante a dinâmica 
em grupo. É importante que o psicólogo mantenha-se coerente e flexível de 
forma a facilitar a interação de seus membros, pois tal contato fortalece sua 
autoestima e cria vínculos afetivos, dessa forma viabiliza a elaboração 
psicossocial de seus participantes. 
Dentro da categoria de grupos existem os que chamamos de grupos 
terapêuticos, composto por diversas ramificações, o de autoajuda, por exemplo, 
que é basicamente composto por indivíduos portadores de uma mesma 
categoria de necessidade, que normalmente está ligado ao campo da saúde e 
medicina. Os grupos de autoajuda podem se dividir em sub-grupos, 
especificamente para adictos (obesos, fumantes, tóxicos, alcóolatras); cuidados 
primários de saúde (programas preventivos, diabéticos, hipertensos); 
reabilitação (infartados, espancados, colostomizados); sobrevivência social 
(estigmatizados, como os homossexuais, deficientes físicos) e suporte 
(cronicidade física ou psíquica, pacientes terminais). 
A terapia grupal em casos de doenças traz ao paciente diversos 
benefícios para esse momento difícil de percorrer, pois possibilita que as 
pessoas doentes aceitem e assumam a sua deficiência, de forma menos 
conflituosa e vergonhosa. 
A grupoterapia com pacientes somáticos, segundo alguns aconselham a 
utilização de uma grupoterapia homogênea, de base psicanalítica. Nessa 
categoria de terapia em grupo é possível identificar que diferente do que 
acontece em terapias individuais, onde há frequentemente abandono e 
interrupções por parte do paciente, no tratamento feito em grupo, os pacientes 
beneficiam-se mais. Segundo o autor Júlio de Mello Filho (1986) isso acontece 
porque o grupo se forma como um suporte, permitindo que se crie um espaço 
abundante de trocas de experiências. 
Nos grupos de autoajuda, o mecanismo de ação terapêutica decorre de 
alguns fatores, como exercer uma função de conter e absorver angústias e 
dúvidas; representar um estímulo a socialização; proporcionar um maior 
envolvimento comunitário; ser um teste de confronto com o real; possibilitar que 
as pessoas doentes aceitem e assumam seus problemas sem conflitos e 
humilhação etc. 
Na atualidade, há dificuldade em implementar o atendimento grupal 
dentro da saúde pública, já que os grupos com atividades manuais precisam 
considerar outros fatores além da “realização de uma tarefa”, promovendo uma 
produção subjetiva na realização do trabalho. 
2. Terapia de Famílias 
A terapia familiar floresceu não só devido à sua efetividade clínica, mas 
também pela redescoberta da interligação que caracteriza a comunidade 
humana. Os terapeutas familiares conceituaram a família como um sistema, não 
como uma coleção de indivíduos separados, mas sim como um todo orgânico 
cujas partes funcionam de maneira que transcende suas características 
separadas. O trabalho com esse sistema completo significa considerar não 
somente a família como um todo, mas também as dimensões pessoais das 
experiencias de cada indivíduo. A terapia do grupo familiar comporta muitas 
variações teórico-técnicas provindas, principalmente, das correntes da 
psicanálise e da teoria geral dos sistemas, sendo que a complexidade aumenta 
em virtude de que há diferentes linhas de pensamento dentro de cada uma 
destas duas. 
A técnica de terapia da família que parte das concepções psicanalíticas 
kleinianas privilegia o entendimento da interiorização das relações inter e intra-
familiares, que se estruturam de forma complementária em função das intensas 
ansiedades primitivas presentes em cada um e todos. Dessa forma consegue ir 
estruturando um a identidade familiar. Os seguidores dessa linha valorizam, 
sobretudo, a importância do jogo das identificações projetivas, assim como se a 
utilização das mesmas está servindo como um meio de comunicação empática, 
ou para um a finalidade de controle e de intrusão. O terapeuta deve encarar a 
família como sendo ao mesmo tempo um a produção coletiva e um aspecto do 
mundo interno de cada membro em separado. Em termos práticos, o maior 
cuidado que o terapeuta de família deve ter é o de não permitir que o tratam 
então se concentre em um único paciente-emergente e assim fique transformadonum a terapia individual feita sob as vistas públicas dos demais familiares. 
A teoria da terapia familiar sistêmica é fundamentada, basicamente, na 
teoria geral dos sistemas desenvolvida inicialmente por Von Bertallanfy nos anos 
40. Do ponto de vista dessa teoria, segundo Von Bertallanfy (1972), a família 
pode ser considerada um sistema aberto, devido ao movimento de seus 
membros dentro e fora de uma interação uns com os outros e com sistemas 
extrafamiliares (meio ambiente-comunidade), num fluxo reciproco constante de 
informação, energia e material. Então, a dinâmica da família consiste 
essencialmente em uma compreensão abrangente entre as várias 
partes/(subsistemas) componentes de um a totalidade maior e interdependente. 
Dentro do próprio corpo da terapia da família de orientação sistêmica há 
múltiplas tendências divergentes, mas todas destacam a importância da 
distribuição dos papéis entre/ os familiares, especialmente o do “paciente 
identificado” (o depositário), assim como todos concordam com o fato de que ,o 
sistema familiar se comporta como um conjunto integrado, ou seja, qualquer 
modificação de um elemento do sistema, necessariamente, vai afetar o sistema 
como um todo. 
Um dos maiores desafios para o terapeuta é enxergar além das 
personalidades e perceber padrões de influência que determinam o 
comportamento dos membros da família, o que se manifesta como 
comportamento de uma pessoa pode ser produto de relacionamentos. O mesmo 
indivíduo pode ser submisso em um relacionamento e dominante no outro. São 
empregados diversos conceitos para descrever como as pessoas em um 
relacionamento contribuem para o que acontece entre elas como ciclos de 
perseguidor-distanciador, superfuncionamento-subfuncionamento, controle-
rebeldia, e assim por diante. 
É comum que haja nas famílias uma compulsão à repetição, de geração 
a geração, de um mesmo código de valores estratificados e que se constituem 
nos chamados “mitos familiares”: difíceis de serem desfeitos. Também os 
terapeutas da linha sistêmica enfatizam o fato de que no atendimento conjunto 
de um paciente com a sua família deve-se procurar o desmascaramento da farsa 
de que há um único paciente e uma família vítima e desesperançada. A 
tendência atual na terapia da família é a de um a “corrente integradora" entre as 
concepções psicanalíticas, as sistêmicas e as da teoria comunicacional, assim 
como a de eventual utilização de técnicas psicodramáticas. 
3. Grupos de autoajuda 
Grupos de autoajuda são formados com a participação de um profissional, 
onde o objetivo do grupo é o fator que define o tipo de trabalho havendo 
flexibilidade na medida em que os participantes mostrem suas necessidades. 
Grupos de autoajuda caracterizam-se por sua formalidade, pela não participação 
efetiva de um profissional de saúde, fundamentando-se na aprendizagem social 
e seus resultados. 
Entende-se como uma modalidade de tratamento que cria uma 
possibilidade de melhoria da situação de patologia de uma pessoa, seja no 
aspecto da saúde orgânica, psíquica ou social. Com base nessa premissa, 
percebeu-se o grupo de autoajuda como modalidade de tratamento tendo em 
vista que se promove acolhimento, respeito, reinserção social, troca de 
experiências, possibilidade de expressarem o que sentiam e alcance da 
abstinência. O acolhimento no grupo e a disponibilidade em relação aos 
membros do grupo, em casos de necessidades, foram citados. O excerto a 
seguir denota que o acolhimento nem sempre foi contemplado nos serviços de 
saúde buscados como alternativa para o tratamento. 
 O acolhimento é um arranjo tecnológico que busca garantir acesso aos 
sujeitos com o objetivo de escutá-los, resolver problemas e/ou referenciá-los, se 
necessário. Consiste na abertura dos serviços para a demanda e a 
responsabilização por determinados problemas de uma região. Ao sentirem-se 
acolhidas, as pessoas procuram, além dos seus limites geográficos, serviços 
receptivos e resolutivos. Reportando-se ao setor saúde, o acolhimento possibilita 
a inclusão social com uma escuta clínica solidária e a construção da cidadania. 
O acolhimento contribui para a humanização das interações entre 
profissionais de saúde e usuários dos serviços. O encontro entre esses sujeitos 
possibilita a criação de um espaço no qual se produz uma relação de escuta e 
responsabilização, baseada em vínculos e compromissos que norteiam os 
projetos de intervenção. Somado ao acolhimento, os relatos dos informantes 
trazem menções do grupo como espaço de ajuda na tomada de consciência 
como ser social, favorecendo o convívio e a interação social, a inserção em 
círculo de amigos com atitudes positivas em relação a patologia e a partilha das 
experiências. 
 
4. Cuidando dos cuidadores 
Leitão e Almeida (2000) descrevem o cuidador como a pessoa que 
assume a responsabilidade em cuidar, proporcionando suporte e visando a 
melhoria da qualidade de vida da pessoa a ser cuidada. 
Sabe-se que a exaustão profissional está presente em qualquer profissão, 
principalmente quando o convívio é diário com altos níveis de estresse e 
observa-se muito esse caso na área da saúde. Vemos que o perfil dos 
cuidadores geralmente é de alguém desgastado e descrente com a situação em 
que se encontram, são pessoas que vivem em constante tensão, e conforme 
Sebastiani (2002) é esperado que sempre estejam bem, dispostos e sejam 
sempre resolutivos. 
Remen (1993) adverte que como o profissional de saúde está exposto à 
dor, doença e morte por todo o tempo, essas situações passam a integrar sua 
vida, tornando-se realidades cotidianas. A sobrecarga do cuidador pode ser 
definida como conjunto de problemas físicos, psicológicos e emocionais 
experienciados por aqueles que cuidam de pacientes com algum tipo de 
comprometimento. Portanto, os cuidadores também devem ser foco de cuidado, 
para que não adoeçam, tendo em vista o possível desenvolvimento de estresse 
crônico, síndrome de burnout, depressão, ansiedade, entre outros. 
Considerando os aspectos citados acima, cuidar de quem cuida, na visão 
de Almeida (2005) passa a ser então um problema real e uma função no papel 
dos profissionais de saúde. Cabe a esses profissionais então, oferecer suporte, 
buscando desenvolver ações que tragam melhorias na qualidade de vida do 
cuidador. 
A função de cuidador, pode ser dividida em alguns âmbitos, para melhor 
explicação: 
• Cuidador Formal 
É chamado de cuidador formal, o profissional preparado em instituições de 
ensino, para prestar cuidados seguindo as necessidades específicas do usuário 
no domicílio (REJANE & CARLETTE, 1996). 
Brasil (1999) opina que, este indivíduo terá a função de auxiliar e/ou 
realizar a atenção adequada às pessoas que apresentam limitações para as 
atividades básicas e instrumentais da vida diária, estimulando a independência 
e respeitando a autonomia destas. 
Os cuidadores devem interagir então, da melhor forma possível com a 
pessoa cuidada, onde acabam criando vínculos, visto que muitas vezes os 
pacientes tem os cuidadores como alguém para levar angústias que não 
compartilham com os familiares, relacionadas a sua situação atual, o que pode 
ser um ponto negativo para o profissional que desenvolve um sentimento de 
impotência frente a situação e acaba sendo acometido emocionalmente, 
desenvolvendo problemas psicológicos como já citado anteriormente. 
• Cuidador Informal 
Nesse âmbito então, o cuidador é uma pessoa da família ou da 
comunidade, que presta cuidados de forma parcial ou integral ao necessitado. 
Esta responsabilidade é transferida como uma função a mais para a família, 
modificando por completo a sua rotina. Conforme Levorato (2006), o aumento 
das responsabilidades assumidas pelo cuidador interfere psicológica, física e 
socialmente na vida deste, pois suas ações diárias passam a se voltar 
exclusivamente para o familiar a ser cuidado. A sobrecarga do cuidadorinformal 
é uma perturbação resultante do lidar com a dependência física e a incapacidade 
mental do indivíduo alvo da atenção e dos cuidados (MARTINS, 2005). 
A tarefa de cuidar de um ente querido é complexa, e muitas vezes 
delegada a pessoas que não tem condições físicas e psicológicas para exercer 
tal papel. Mendes (2005) em sua pesquisa constatou que há uma faixa etária 
idosa cuidando dos também idosos dependentes. Sendo que esses cuidadores 
têm um risco maior de apresentar doenças crônicos-degenerativas. Em muitos 
casos o cuidador é um dos cônjuges, que acabam se responsabilizando por essa 
função. 
Também de acordo com Mendes (2005), são quatro fatores principais 
para a designação do cuidador: parentesco (cônjuges, filhos); gênero (na maioria 
mulheres); proximidade física (quem vive com a pessoa); proximidade afetiva 
(com destaque para a relação entre cônjuges e entre pais e filhos). 
Equipe Hospitalar 
No contexto hospitalar, os profissionais são responsáveis pela assistência 
a esses pacientes. Associado à complexidade de cuidado e risco de morte, 
vivenciam situações de morte e luto cotidianamente, o que os tornam mais 
suscetíveis às repercussões emocionais e ao estresse. Trabalhar nessa área, 
leva os profissionais de imediato a lidar com essas situações, porém os 
indivíduos necessitam de uma assistência para lidar com tais questões em seu 
cotidiano. 
A equipe hospitalar pode sentir-se sobrecarregada pelo contato direto 
com os familiares do paciente, que na maioria das vezes exige respostas para 
os casos em meio ao caos que estão vivenciando. 
Essa sobrecarga é decorrente de vários fatores: complexidade das tarefas 
a serem cumpridas, número insuficiente de profissionais disponíveis, alterações 
nas escalas de plantão, grande número de pacientes nas unidades. 
Por vezes os profissionais podem sentir que seu trabalho não está sendo 
reconhecido, não podem compartilhar seus sentimentos e muitas vezes até se 
acham merecedores deles. 
Terapia Grupal: Cuidando dos Cuidadores 
Os grupos nos quais é dada oportunidade aos membros para partilharem 
experiências e conhecimentos, são úteis no alívio da sobrecarga e na diminuição 
dos sintomas depressivos, bem como no favorecimento de comportamentos de 
saúde e de procura de apoio social, os quais colaboram para uma melhor 
qualidade de vida e satisfação com a tarefa de cuidar (CHIEN et al., 2011). 
É de conhecimento da comunidade, que tais cuidados não são tão 
ofertados como deveriam, entre os cuidadores. O que, como já foi citado, 
degrada sua saúde psíquica e traz consequências bastante complicadas, 
principalmente frente a situação vivenciada pelo profissional/cuidador informal, 
que precisa de fato, cuidar de outra(s) pessoas. 
Rammiger (2005) nos traz que os cuidados dirigidos à saúde mental dos 
profissionais dependem muitas vezes, do funcionamento e das diretrizes de cada 
serviço. Mesmo sendo percebido a necessidade por gestores e equipes, há falta 
de políticas públicas que priorizem esses momentos nos ambientes de trabalho. 
É reforçada assim, a importância dos grupos de terapia para atender as 
demandas dos profissionais que tem essa função tão difícil, com o objetivo de 
propiciar escuta, acolhimento, pois como nos trazem Schrank e Olschowsky 
(2008) o grupo terapêutico possibilita o compartilhamento de experiências entre 
os participantes, orientação e construção de projetos terapêuticos condizentes 
com as necessidades dos sujeitos. Ao mesmo tempo, a vivência em grupo 
favorece maior capacidade resolutiva, por possuir vários olhares direcionados 
para um problema em comum. 
[...] a intensificação de práticas acolhedoras é um passo fundamental para 
se alcançar a efetivação da produção do cuidado, contribuindo para uma clínica 
mais humana e cidadã (Santos et al., 2007; Franco, Bueno, Merhy, 2006). 
De acordo com Brasil (2008) é possível conversar sobre as boas 
experiências e também sobre as angústias, medos e dificuldades. As pessoas 
do grupo formam uma rede de apoio social, já que todos estão unidos pelo 
mesmo motivo. 
É imprescindível a conservação da saúde do cuidador, havendo 
necessidade de apoio, durante todo o processo de trabalho. 
“Não se pode tratar de seres humanos como se não o fossem. Seres 
humanos são tanto os pacientes como os profissionais, isto é, ambos têm 
necessidades, desejos, medos e carências.” (Bleger 1979) 
Grupos Balint 
Modalidade grupal, criada em meados de 1950 por Michel Balint, com o 
objetivo de atender demandas de médicos generalistas e/ou médicos de família. 
Anteriormente, Balint já havia experienciado tais atividades, porém, houve o 
cancelamento por conta de intervenções do governo. Em 1940 os grupos 
voltaram a ocorrer, com assistentes sociais cuja atividade era visitar casais em 
conflito. 
Sua proposta era criar um espaço em que as assistentes sociais 
pudessem elaborar os aspectos contratransferenciais de sua relação com o 
casal em atendimento. Essa experiência possibilitou-lhe definir um setting grupal 
para atender ao seu antigo interesse de trabalhar a relação do médico 
generalista com seu paciente (BALINT, 1988). 
Futuramente, quando atingira sua meta da criação do grupo com médicos, 
os encontros funcionavam da seguinte forma: 
Os participantes devem relatar casos clínicos sem recorrer a nenhuma 
anotação, em associação livre de palavras, trazendo ao grupo a necessária 
riqueza de detalhes para esclarecer a situação, contexto, doença, transferência 
manifestada pelo paciente, envolvimento dos familiares e participações dos 
outros profissionais especialistas eventualmente consultados. Finalmente, 
devem trazer ao grupo seus sentimentos, reações e reflexões envolvendo esse 
atendimento, a contratransferência, como se estivessem em um grupo de 
supervisão. Feito o relato, os participantes do grupo colocam interrogações e 
afirmações, propõem questionamentos, solicitam esclarecimentos, apresentam 
recortes de situações semelhantes vivenciadas por eles e debatem. O 
conhecimento da situação relatada vai sendo ampliado, destrinchado, 
aprofundado, enquanto os participantes descortinam a situação médico-
paciente-doença como um campo de análise. Assim pesquisam sobre o que 
acontece nessa situação particular na perspectiva da atividade profissional do 
médico e considerando que o paciente apresenta uma demanda que é singular, 
cujo atendimento adequado e construtivo implica em uma postura de 
acolhimento, atenção, interesse, dedicação e pesquisa (BALINT, 1988). 
 
5. Dinâmicas: 
• Dinâmica: " das diferenças ". Material: Pedaço de papel em branco, 
caneta. 
Procedimento: O condutor da dinâmica distribui folhas de papel sulfite em 
branco e canetas para o grupo. O condutor da dinâmica pede que ao dar um 
sinal todos desenhem o que ele pedir sem tirar a caneta do papel. Ele pede que 
iniciem, dando o sinal. Pede que desenhem um rosto com olhos e nariz. Em 
seguida, pede que desenhem uma boca cheia de dentes. continuem o desenho 
fazendo um pescoço e um tronco. É importante ressaltar sempre que não se 
pode tirar o lápis ou caneta do papel. Pede que todos parem de desenhar. Todos 
mostram seus desenhos. O condutor da dinâmica ressalta que não há nenhum 
desenho igual ao outro, portanto, todos percebem a mesma situação de diversas 
maneiras, que somos multifacetados, porém com visões de mundo diferentes, 
por este motivo devemos respeitar o ponto de vista do outro. 
• Dinâmica: “dos problemas”. Material: Bexiga, tira de papel. 
Procedimento: Formação em círculo, uma bexiga vazia para cada 
participante, com um tira de papel dentro (que terá uma palavra para o final da 
dinâmica). 
O facilitador dirá para o grupo que aquelas bexigas são os problemas que 
enfrentamos no nosso dia-a-dia (de acordo com a vivência de cada um), 
desinteresse, intrigas, fofocas, competições, inimizade, etc. Cada um deverá 
encher a sua bexiga e brincar com ela jogando-apara cima com as diversas 
partes do corpo, depois com os outros participantes sem deixar a mesma cair. 
Aos poucos o facilitador pedirá para alguns dos participantes deixarem suas 
bexigas no ar e sentarem, os restantes continuam no jogo. Quando o facilitador 
perceber que quem ficou no centro não está dando conta de segurar todos os 
problemas peça para que todos voltem ao círculo e então ele pergunta: 
1) a quem ficou no centro, o que sentiu quando percebeu que estava ficando 
sobrecarregado; 
2) a quem saiu, o que ele sentiu. 
Depois destas colocações, o facilitador dará os ingredientes para todos os 
problemas, para mostrar que não é tão difícil resolvermos problemas quando 
estamos juntos. Ele pedirá aos participantes que estourem as bexigas e peguem 
o seu papel com o seu ingrediente, um a um deverão ler e fazer um comentário 
para o grupo, o que aquela palavra significa para ele. 
• Dinâmica do "Mestre": em círculo os participantes devem escolher uma 
pessoa para ser o adivinhador. 
Este deve sair do local. Em seguida os outros devem escolher um mestre 
para encabeçar os movimentos/ mímicas. Tudo que o mestre fizer ou disser, 
todos devem imitar. O adivinhador tem 2 chances para saber quem é o mestre. 
Se errar volta e se acertar o mestre vai em seu lugar. Esta dinâmica busca a 
criatividade, socialização, desinibição e a coordenação. 
 
REFERÊNCIAS 
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Germana Tagliaro. Cuidando do cuidador: grupo de funcionários no Hospital 
Geral. Rev. SBPH, Rio de Janeiro, v. 13, n. 2, p. 270-281, dez. 2010. 
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BENEVIDES, Daisyanne Soares et al. Cuidado em saúde mental por meio 
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GAUER, Gabriel; SOLEIMAN, Renato; MARINI, Pedro; CHAGAS, Edgar; 
NETO, Alfredo. Estratégias dos profissionais de saúde para cuidar dos que 
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PANUNTO MR, Guirardello EB. Ambiente da prática professional e 
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Ver. Latinoam Enferm. 2013. 
RAFACHO, Marília; OLIVER, Fátima. A atenção aos cuidadores 
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