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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE UNIDADE ACADÊMICA ESPECIALIZADA FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DO TRAIRI Discente: Erika Nayane Martins Marinho FICHAMENTO LÉVI-STRAUSS, Claude. Raça e História. In: Antropologia Estrutural. São Paulo: Cosac Naify, 2008. 1. Raça e cultura O texto “Raça e História”, do antropólogo e filósofo francês Claude Lévi-Strauss, foi publicado pela Unesco num contexto pós Segunda Guerra Mundial, período no qual os índices de mortes devido às diferenças raciais estavam altíssimos. A esse respeito, Lévi-Strauss defende que não se deve haver uma superioridade entre raças na humanidade, já que, afinal, todos são iguais na esfera biológica. Lévi-Strauss questiona o conceito de raças afirmando que não existe a possibilidade de haver superioridade de raças, uma vez que é comprovado, por ele mesmo, que todos os seres humanos são formados da mesma maneira, não havendo, portanto, uma diferenciação de raças e, tampouco, uma classificação que indique uma supremacia entre elas. Além disso, Strauss analisa aspectos importantes na humidade, como a existência de muito mais culturas do que raças, abordando, ainda, que cada cultura traz contribuições positivas para a esfera social. 2. Diversidade das culturas Nessa parte é abordado que o conceito de diversidade cultural considera as diferenças existentes entre as culturas modernas, as quais existem, simultaneamente, num dado período de tempo. Strauss, mais uma vez, diz que não é válido separar as culturas numa ordem linear de evolução, tendo em visto a coexistência das culturas num mesmo espaços e, também, a existência de muitos fatores que expliquem as suas diferenças, bem Em suma, não há superioridade de raças. Não existe uma classe melhor do que outra Toda cultura contribui na sociedade UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE UNIDADE ACADÊMICA ESPECIALIZADA FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DO TRAIRI Discente: Erika Nayane Martins Marinho como as suas semelhanças, o que pode afastar, ou aproximar, povos. Dito isso, o autor enfatiza a atenção para a existência de povos não adeptos da escrita, o que impossibilita o conhecimento de sua origem e formas anteriores à atual. “Enfim, não devemos esquecer que as sociedades contemporâneas que continuam a ignorar a escrita, aquelas a que nós chamamos "selvagens" ou "primitivas", foram, também elas, precedidas por outras formas, cujo conhecimento é praticamente impossível, mesmo de maneira indireta”. (pág. 2). Dessa forma, é importante destacar que jamais conseguiremos conhecer todas as culturas existentes, visto que há uma imensa gama cultural. 3. O etnocentrismo Lévi-Strauss relata que no etnocentrismo existe uma certa estranheza e rejeição quando se fala em formas diferentes de cultura, o que ainda predomina em muitas culturas, essa forma de preconceito contra às demais. Um dos exemplos abordados nessa parte do texto é a postura etnocêntrica adotada na antiguidade por algumas sociedades, no qual os povos que não compartilhavam dessa cultura greco romana eram considerados, por muitos, como “bárbaros”. Strauss pondera, ainda, que a tentativa de buscar similaridades entre culturas, considerando apenas um aspecto de alguma delas, pode levar à desfechos equivocados. Para isso, o autor relata a analogia que muitas vezes é feita entre as sociedades paleolíticas e as sociedades indígenas contemporâneas, as quais apresentam, em comum, a utilização de instrumentos de pedra talhada, no entanto, embora há quem diga que existem semelhanças entre elas, não há veracidade nisso, visto que não é um objeto em comum que irá estabelecer uma relação entre sociedades. 4. Culturas arcaicas e culturas primitivas No texto, as sociedades podem dividir de acordo com seus preceitos a cultura em três etapas, a saber: as que são suas contemporâneas, as que foram manifestadas próxima do mesmo local (que precederam no tempo) e as que existiram num tempo anterior, bem como num lugar diferente ao que está habituada. 5. A ideia de progresso UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE UNIDADE ACADÊMICA ESPECIALIZADA FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DO TRAIRI Discente: Erika Nayane Martins Marinho Inicialmente, deve-se considerar as culturas pertencentes ao segundo grupo, que precederam historicamente a cultura, como citado na parte “4” do texto. O progresso não é contínuo, tampouco, necessariamente, necessário, uma vez que esse progresso não ocorre linearmente com um trajeto pré-definido, há uma mudança de orientação, havendo outros percursos, além de uma direção fixa. Portanto, a humanidade em progresso não é um trajeto linear e fixo, mas sim um caminho que pode ser alternado a qualquer momento, levando em consideração inúmeros fatores. Para exemplificação, pode-se citar os estágios do paleolítico, os quais não aconteceram em uma sequência pré-estabelecida, mas que coexistiram entre si. 6. História estacionária e história cumulativa A interpretação acerca de qual cultura é estacionária ou cumulativa depende de inúmeros fatores, como de quem observa, da educação adquirida, e também, da relação de proximidade com a nossa própria cultura. Para nós próprios, as culturas parecem mais ativas quando se aproximam da nossa e cria uma relação, já quando ocorre o contrário, que elas se afastam, elas são consideradas por nós como estacionárias. Dessa maneira, quando somos colocados em uma situação de qualificação de culturas, entre inertes ou estacionárias, devemos considerar outras culturas além da nossa, tendo em vista que por uma cultura “x” não ter muita proximidade com a nossa cultura, isso não quer dizer que ela seja, necessariamente, estacionaria, uma vez que existe outras inúmeras culturas, as quais ela pode ser próxima e desenvolver uma relação. 7. Lugar da civilização ocidental Principiando de uma linha mais subjetiva, Strauss diz que é provável que pensem que as culturas não possam expressar afirmações verdadeira uma das outras, pois, como já se sabe, cada sociedade tem as suas raízes e os seus costumes bem fixos, não sendo, facilmente, desprendidos. Dessa forma, cada sociedade tem uma opinião e um pré- julgando sob a outra com base em seus próprios preceitos. No entanto, Strauss afirma que, ao contrário do que as pessoas pensam, todas as sociedades têm consciência que existe uma cultura acima de todas as culturas existentes, da qual o mundo inteiro obtém hábitos, como a maneira como você se veste e o seu estilo UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE UNIDADE ACADÊMICA ESPECIALIZADA FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DO TRAIRI Discente: Erika Nayane Martins Marinho de vida, etc. Esta civilização é a civilização ocidental, a qual é criticada por alguns países. No entanto, essa reprovação não tem a ver com o fato dessa cultura superior modificar e moldar os costumes das demais civilizações, mas tem a ver o fato dela não oferecer o necessário e o suficiente para que as nações se ocidentalizem. Além disso, Lévi-Strauss explicou que a civilização ocidental, há muito tempo busca se difundir pelo mundo e fazer com que todas as culturas adotem e sigam suas técnicas de maneira natural. Todavia, ao contrário do que é desejado pelos ocidentais, as sociedades, muitas vezes, aderem ao modo de vida da civilização ocidental devido à falta de opções, e não por livre e espontânea vontade. 8. Acaso e civilização Strauss define como equivocado a ideia que tem como base a contestação de que as criações primitivas foram desenvolvidas aleatoriamente, sem rumo algum. Segundo o autor, o acaso existe, no entanto, não devemos utilizá-lo como uma forma de explicar as invenções originarias, pois assim acabará desconsiderando as complexas ações realizadas pelosindivíduos nos tempos primórdios - práticas essas muito importantes as quais resultaram no aprimoramento das técnicas usadas atualmente. Dessa forma, não se deve colocar o mérito somente na casualidade, pois sabemos que as invenções tiveram bastante influência no processo. Para deixar seu pensamento ainda mais forte, o antropólogo cita o caso da olaria, Strauss avalia que essa técnica não é possível ser realizada pelo o acaso, pois se trata de uma tarefa complexa, a qual exige um certo conhecimento especifico para realizá-la com exatidão. Sendo assim, o acaso não é uma justificativa cabível para que explique tamanha complexidade dessa e demais atividades. Sobre o caráter cumulativo das culturas, Lévi-Strauss entende que a população ocidental se destaca sobre as demais civilizações existentes. O autor explica isso com os seguintes argumentos, para ele os povos ocidentais tinham uma maior agilidade e eram capazes de desenvolver mais melhorias com as técnicas inventadas, como é o exemplo da escrita e da geometria. Entretanto, o autor deixa frisado que as histórias são cumulativas UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE UNIDADE ACADÊMICA ESPECIALIZADA FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DO TRAIRI Discente: Erika Nayane Martins Marinho e que nenhuma está totalmente estagnada, tendo em vista que as evoluções são constantes e cada vez mais as técnicas são aperfeiçoadas. 9. A colaboração das culturas De acordo com Lévi-Strauss, as culturas detentoras de características cumulativas só conseguem isso quando estão unidas umas com as outras de alguma maneira. Diante disso, o autor afirma que algumas civilizações são muito desconectadas, sendo incoerente afirmar que há superioridade entre elas, uma vez que, ao não possuírem uma relação entre elas, é impossível que haja superioridade, visto que não está ocorrendo interações entre elas. O autor diz, ainda, que não é necessário buscar explicar qual é a colaboração das culturas na formação da civilização, uma vez que será uma tentativa em vão, sem sucesso. Para ele, a principal motivação para que ocorra esse erro é dar o mérito de uma criação, inteiramente, a uma única sociedade. Em resumo, Strauss afirma que não há colaboração se não houver beneficiário. Nesse viés, o autor expões o que é chamado de “civilização global”, que, seria o beneficiaria, nesse caso, enquanto diferentes culturas seriam colaboradas da construção. Para um melhor entendimento, Lévi explica que civilização não diz respeito a uma única sociedade, tampouco a uma época especifica, mas sim a um conjunto de fundamentos subjetivos, os quais são construídos a partir da diversidade de cada cultura existente e começam a ganhar valor, por exemplo, a moral. Destarte, é possível concluir que a colaboração das culturas vem de suas distinções, e não de técnicas que são inventadas em cada civilização. 10. O duplo sentido do progresso Segundo Levi Strauss, a relação entre as culturas é um sentido de progresso e quanto mais diferenças existir entre as culturas maior será essa ligação entre elas. No texto, é possível perceber a presença de dois remédios colaboradores para a não homogeneização dos grupos, ou seja, impedindo que haja uma certa união dos grupos. Um dos remédios aborda a individualidade de cada sociedade em caráter das relações sociais, econômicas e na desigualdade. Já o outro tem como característica a existência de diferentes e novas formas de pensamentos sobre os que já haviam na sociedade, de forma UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE UNIDADE ACADÊMICA ESPECIALIZADA FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DO TRAIRI Discente: Erika Nayane Martins Marinho resumida os remédios são os grandes responsáveis por toda diversidade. Por fim, o autor expressa que é necessário entender as culturas opostas, não as tratando com superioridades ou inferioridades para que dessa forma seja possível de preservar a longevidade dessas culturas e continua expondo que o ser humano não deve ser ponderado com base no etnocentrismo e que é de suma importância buscar preservar a diversidade, respeitando todas as divergências existentes, pois com elas as relações ficam cada vez mais ricas.
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