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CRIMES-SEXUAIS-I-E-II

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29/08/2021
1
Crimes sexuais
Prof. JOSÉ MARIA PANOEIRO
Desde a Antiguidade que o estupro era objeto de algum tipo de tratamento. Entre os hebreus era aplicada
a pena de morte a quem cometesse estupro contra mulher prometida em casamento, porém, se não
estivesse prometida a pena era pecuniária devendo o agente se casar com a vítima. No Egito apenava-se
com a mutilação o autor do estupro enquanto na Grécia, a princípio havia pena de multa e,
posteriormente, a pena de morte, que não era afastada pelo casamento. No Direito Romano o estupro
aparecia ao lado do adultério como um crime contra a instituição do casamento (Lex Julia de adulteris –
18 a.c.). Adultério era o sexo ilícito com mulher casada e estupro o sexo com mulher não casada (viúva ou
solteira). O sexo sem consentimento levava a pena de morte por ser considerado um crime vis. O Direito
Medieval, as Ordenações do Reino e as Ordenações Filipinas seguiram o mesmo influxo, puniam com a
morte aquele que dormia forçosamente com uma mulher. Nessa última legislação estava contemplado o
estupro voluntário de mulher virgem que gerava obrigação de casar-se com a vítima ou, caso impossível,
de constituir dote em favor dela. Ausentes bens era açoitado e degreado, salvo se fosse fidalgo. Nesse
caso seria apenas degredado. Há, ao longo da história uma forte influência dos delicta carnis do Direito
Canônico na construção dos crimes sexuais, bem como uma nítida conformação em torno de
determinados predicados como “mulher honesta” ou “prostituta” com claras repercussões penais. Toda
essa evolução passa pelo Código Penal de 1940, que usava da terminologia de crimes contra os
costumes, e vai alcançar a atual terminologia, crimes contra a dignidade sexual, que seria uma forma de
modernização da legislação e de sua adequação à Constituição vigente.
DIREITO 
CANÔNICO 
CRIMES 
SEXUAIS
QUAL A RELEVÂNCIA DA ALTERAÇÃO DA
TERMINOLOGIA “CRIMES CONTRA OS
COSTUMES” PARA “CRIMES CONTRA A
DIGNIDADE SEXUAL”?
REFORMA DA LEI 12015/2009
“Dando relevo à dignidade da pessoa humana ... em consonância com a
modernização dos costumes da sociedade. [...] o vocábulo costumes [...]
nas palavras de Hungria significava hábitos da vida sexual aprovados
pela moral prática [...] Noronha [...] conduta sexual determinada pelas
necessidades ou conveniências sociais. [...] Há muito defendíamos que
não mais se concretizam no seio social tais sentimentos ou princípios
éticos [...] dignidade sexual significa garantir a satisfação dos desejos
sexuais de forma digna e respeitada , com liberdade de escolha, vedada a
exploração, a violência ou a grave ameaça.”
G.S. NUCCI (Código Penal Comentado)
DOUTRINA O QUE DIZIA NELSON HUNGRIA ...
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“... que a liberdade sexual, entendida como a faculdade individual de escolher
livremente não apenas o parceiro ou parceira sexual, como também, quando,
onde e como exercitá-la, constitui um bem jurídico autônomo. ... Reconhecemos
a importância de existir um contexto valorativo de regras que discipline o
comportamento sexual nas relações interpessoais, pois estabelecerá os
parâmetros de postura e de liberdade de hábitos como uma espécie de cultura
comportamental, que reconhece a autonomia da vontade ... A esse contexto
valorativo – afirma Muñoz Conde – poder-se-ia chamar de ‘moral sexual’ ,
entendida como aquela parte da ordem moral social que ‘encausa” dentro
de determinados limites as manifestações do instinto sexual das pessoas.”
(Bitencourt, C.R. . Tratado ..., Vol . 4)
Doutrina
“ CONTUDO, IMPÕE QUE SE DESTAQUE QUE NÃO É ESSA DITA ‘MORAL
SEXUAL O BEM JURÍDICO TUTELADO PELA NORMA PENAL, MAS SIM OS
ESPECÍFICOS BENS JURÍDICOS IDENTIFICADOS EM CADA TIPO PENAL,
SOB PENA DE CONVERTER-SE O DIREITO PENAL EM INSTRUMENTO
IDEOLÓGICO PRÓPRIO DA INQUISIÇÃO.”
(Bitencourt, C.R. . Tratado ..., Vol . 4)
Doutrina
“ CONTUDO, IMPÕE QUE SE DESTAQUE QUE NÃO É ESSA DITA ‘MORAL
SEXUAL O BEM JURÍDICO TUTELADO PELA NORMA PENAL, MAS SIM OS
ESPECÍFICOS BENS JURÍDICOS IDENTIFICADOS EM CADA TIPO PENAL,
SOB PENA DE CONVERTER-SE O DIREITO PENAL EM INSTRUMENTO
IDEOLÓGICO PRÓPRIO DA INQUISIÇÃO.”
(Bitencourt, C.R. . Tratado ..., Vol . 4)
Doutrina
CONSIDERAÇÕES GERAIS
SUJEITO ATIVO
TIPO SUBJETIVO
CRIMES COMUNS
EXCEÇÃO: CAUSAS DE AUMENTO
DOLO
RESULTADOS QUALIFICADORES 
PASSÍVEIS DE ATRIBUIÇÃO POR 
CULPA (HOJE TAMBÉM POR DOLO)
CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL
Art. 213 (Estupro)
Art. 215 ( Violação Sexual mediante fraude)
Art. 215-A (Importunação Sexual)
Art. 216-A (Assédio Sexual)
Nelson Hungria
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29/08/2021
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Estupro
Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a
ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique
outro ato libidinoso: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. (Redação dada pela Lei nº
12.015, de 2009)
Remissão: Art. 146 c/c Art. 12 CP
OBJETO MATERIAL 
OBJETO JURÍDICO
PESSOA
LIBERDADE SEXUAL
ASPECTOS RELEVANTES
CLASSIFICAÇÃO CRIME MATERIAL / AÇÃO LIVRE
Comentários ao Código Penal – Hungria Comentários ao Código Penal – Hungria 
Comentários ao Código Penal – Hungria 
Art. 213 - Constranger
mulher à conjunção carnal,
mediante violência ou grave
ameaça:
Art. 214 - Constranger alguém,
mediante violência ou grave ameaça,
a praticar ou permitir que com ele se
pratique ato libidinoso diverso da
conjunção carnal:
CÓDIGO ITALIANO = Art. 519 e 521 
NOVO TIPO PENAL DE ESTUPRO
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Comentários ao Código Penal – Hungria (Atentado violento ao pudor)
TEM ALGUMA RELEVÂNCIA NA NOVA REDAÇÃO A QUESTÃO DO
DOLO ESPECÍFICO (ESPECIAL FIM DE AGIR) TRATADA POR
NELSON HUNGRIA?
AGENTE QUE PRETENDENDO UMA CONJUNÇÃO CARNAL APENAS
TOCA NA VÍTIMA COM TAL INTENÇÃO, MAS NÃO LOGRA REALIZAR
A CONJUNÇÃO?
Doutrina
COMENTÁRIOS AO CÓDIGO PENAL (NELSON HUNGRIA)
“Elemento subjetivo do tipo: é o dolo. Não existe forma
culposa. Há, também, a presença do elemento subjetivo
do tipo específico, consistente na finalidade de obter a
conjunção carnal ou outro ato libidinoso, satisfazendo a
lascívia. Aliás, tal objetivo é o que diferencia o estupro do
constrangimento ilegal.”
(G. S. NUCCI – Código Penal Comentado)
Doutrina 
A PALAVRA DA VÍTIMA NOS CRIMES SEXUAIS É DE
SOBREMANEIRA RELEVANTE. COMO SE VALORA,
ENTÃO, A PALAVRA DE UMA CRIANÇA?
Discussão
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ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR. PROVA. PALAVRA DA VÍTIMA. CRIANÇA. VALOR. TENTATIVA
CONFIGURADA. I - Como se tem decidido, nos crimes contra os costumes, cometidos às escondidas, a
palavra da vítima assume especial relevo, pois em geral é a única. O fato dela (vítima) ser uma criança
não impede o reconhecimento do valor de seu depoimento. Se suas palavras se mostram
consistentes, despidas de senões, servem elas como prova bastante para a condenação do agente.
É o que ocorre no caso em tela, onde o seguro depoimento da ofendida informa sobre os atentados
violentos ao pudor sofridos por ela e praticados pelo padrasto. Suas palavras encontraram eco nas
demais provas do processo. II - Consistindo a intenção do agente na prática de atos obscenos mais
graves, mas só atuando através de toques, beijos e esfregaços com o pênis pelo corpo da ofendida, esta
prática caracteriza a tentativa de ato atentatório ao pudor. Agora esta posição ficou mais fortalecida com a
alteração legislativa, agrupando num mesmo artigo o estupro e o atentado violento ao pudor. A nova
redação do artigo 213 comparou a conjunção carnal ao ato libidinoso, deixando claro que só serão
considerados (ato libidinoso) como consumados aqueles efetivamente graves e invasivos como o coito anal,
a felação etc. E não mais os de menor repercussão como os citados acima. Estes, acontecendo, deverão
ser considerados como tentados. Situação ocorrida no caso presente, razão pela qual se mantém o
reconhecimento da tentativa. DECISÃO: Apelos defensivo e ministerial desprovidos. Unânime. (Apelação
Crime Nº 70044269488,Sétima Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sylvio Baptista
Neto, Julgado em 15/09/2011)
HÁ CRIME DE ESTUPRO SE A CONDUTA É REALIZADA
MOTIVADA POR VINGANÇA OU PARA HUMILHAR
(NUCCI)?
Discussão
PODE A MULHER ALEGAR CRIME IMPOSSÍVEL EM SUA
CONDUTA DE CONSTRANGER O HOMEM À CONJUNÇÃO
CARNAL PELO FATO DE QUE O HOMEM PODE NÃO TER
EREÇÃO?
A ESPOSA PODE SER ESTUPRADA?
DISCUSSÃO
1 - É NECESSÁRIO CONTATO FÍSICO COM A VÍTIMA PARA QUE SE
CONFIGURE O ATUAL DELITO DE ESTUPRO NA PARTE EM QUE
CORRESPONDE AO ANTIGO ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR? O
ATO LIBIDINOSO EXIGE CONTATO FÍSICO AUTOR-VÍTIMA?
2 - QUEM CONSTRANGE A SE DESPIR PARA QUE O OUTRO
CONTEMPLE, COMETE ESTE CRIME?
DISCUSSÃO
Ato libidinoso é todo aquele que se apresente como desafogo (completo
ou incompleto) à concupiscência. [...] Além de ser objetivamente
atentatório ao pudor, contrastando com o sentimento médio de moralidade
sexual, deve ter como impulso ou fim a lascívia. Se o ato, embora
materialmente indecoroso, não traduz, da parte do agente, uma expansão da
luxúria, deixará de ter cunho libidinoso. Não pode existir ato libidinoso sem
libidinosidade. Tem esta de ser reconhecida sob um duplo ponto de vista:
objetivo e subjetivo. Deve existir no factum externum e no factum internum.
[...] É necessário, para caracterização do ato libidinoso, que haja um
contato físico ou corpóreo com a vítima ou, pelo menos, que o seu
corpo entre em jogo, para o fim libidinoso.
(Nelson Hungria, Comentários ao Código Penal, Vol. VIII, p. 122)
DOUTRINA
“Nem todo ato libidinoso importa em estupro. Com efeito, o
tipo penal, ao restringir o delito ao ato de praticar ou permitir
que com ele se pratique outro ato libidinoso, não contemplou
aquelas hipóteses em que a vítima é constrangida, não a
praticar ou permitir [...] mas a assistir a atos sexuais
praticados pelo próprio autor consigo mesmo ou entre
terceiros. [...] Estupro pressupõe participação ativa ou
passiva da vítima.”
(Paulo Queiróz – Curso de Direito Penal, 2)
DOUTRINA
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DOUTRINA TRADICIONAL SOBRE O ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR
“Ato libidinoso ou ato de libidinagem é, via de regra, a ação inspirada pela
concupiscência e destinada à satisfação do instinto sexual, nas suas
proteiformes manifestações. De fato, a sexualidade manifesta-se sob as mais
variadas formas, ao sabor da personalidade do agente, todas elas excitando e
aguçando o apetite carnal ou proporcionando o gozo e saciando a paixão.
Quando incidem sobre outra pessoa, atentam contra o pudor e atingem a
liberdade sexual. [...] Na prática do ato de libidinagem exigem escritores italianos
haja contato físico entre o corpo da vítima e o do delinquente. [...] Mas passemos
à nossa lei [...] não há atentado ao pudor sem haver intervenção material do
ofendido no ato incriminado. Indispensável a sua participação.”
(Magalhães Noronha, Crimes contra os costumes, ... p. 64-68)
Encontra-se consolidado, no Superior Tribunal de Justiça, o entendimento
de que o delito de estupro, na atual redação dada pela Lei 12.015/2009,
inclui atos libidinosos praticados de diversas formas, incluindo os
toques, os contatos voluptuosos e os beijos lascivos, consumando-se
o crime com o contato físico entre o agressor e a vítima. [...] (STJ:
AgRg no AgRg no REsp 1508027 / RS, Ministro LÁZARO GUIMARÃES
(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TRF 5ª REGIÃO), QUINTA
TURMA, Data do Julgamento 17/03/2016 Data da Publicação/Fonte DJe
28/03/2016)
Encontra-se consolidado, no Superior Tribunal de Justiça, o entendimento de que o delito
de estupro, na atual redação dada pela Lei 12.015/2009, inclui atos libidinosos praticados
de diversas formas, incluindo os toques, os contatos voluptuosos e os beijos lascivos,
consumando-se o crime com o contato físico entre o agressor e a vítima. [...] (STJ: AgRg
no AgRg no REsp 1508027 / RS, Ministro LÁZARO GUIMARÃES (DESEMBARGADOR
CONVOCADO DO TRF 5ª REGIÃO), QUINTA TURMA, Data do Julgamento 17/03/2016, Data
da Publicação/Fonte DJe 28/03/2016)
1. A reforma trazida pela Lei n. 12.015/2009 unificou em um único tipo penal as condutas anteriormente previstas nos
arts. 213 e 214 do Código Penal, constituindo, hoje, um só crime constranger alguém, mediante violência ou grave
ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso. 2. Segundo a
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, "o delito de estupro, na redação dada pela Lei n. 12.015/2009, "inclui
atos libidinosos praticados de diversas formas, onde se inserem os toques, contatos voluptuosos, beijos lascivos,
consumando-se o crime com o contato físico entre o agressor e a vítima" (AgRg no REsp 1359608/MG, Rel. Ministra
ASSUSETE MAGALHÃES, SEXTA TURMA, julgado em 19/11/2013, DJe 16/12/2013). 3. No caso, não há que se falar em
tentativa, porquanto o contato físico do acusado com a vítima, consistente em beijá-la na boca, passar as mãos nas
nádegas e seios a fim de satisfazer a sua lascívia, é suficiente para caracterizar o delito descrito no art. 213 do CP. 4.
Recurso especial provido para, reconhecida a consumação do delito previsto no art. 213 do Código Penal, fixar a pena
do recorrido em 7anos, 4 meses e 20 dias, mantido o regime fechado. (STJ: REsp 1470165 / MG, Ministro GURGEL DE
FARIA, QUINTA TURMA, Data do Julgamento 04/08/2015, Data da Publicação/Fonte DJe 20/08/2015)
Ementa: APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL. ESTUPRO TENTADO. GENITOR
COM FILHA ADOLESCENTE DE 13 ANOS. ABSOLVIÇÃO POR INSUFICIÊNCIA DE PROVAS. SENTENÇA
ABSOLUTÓRIA MANTIDA. Ainda que a prova revele a manifestação verbal do genitor dirigida à filha, adolescente de
13 anos de idade, com inegável conteúdo erótico, inexistem elementos probatórios comprovando que este ingressou em
fase de início de execução do delito sexual. Embora evidenciado o desvalor moral da conduta do genitor ao
exteriorizar desejos eróticos em relação a sua própria filha, não pode ser condenado pela prática de tentativa de
estupro se a prova colhida nos autos não comprovou qualquer contato físico entre ambos e nem mesmo
desnudamento de qualquer dos dois na data do fato. APELO MINISTERIAL DESPROVIDO. UNÂNIME.
(Apelação Crime Nº 70056946692, Sexta Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Ícaro Carvalho
de Bem Osório, Julgado em 08/05/2014)
APELAÇÃO CRIMINAL. RECURSO DEFENSIVO. ESTUPRO DE VULNERÁVEL. PEDIDO DE ABSOLVIÇÃO POR
INSUFICIÊNCIA DE PROVAS. CONDENAÇÃO MANTIDA. DESCLASSIFICAÇÃO PARA O ARTIGO 218-A DO CÓDIGO PENAL. 1.
SUFICIÊNCIA PROBATÓRIA Ausência de dúvida acerca da ocorrência do fato e dos seus contornos. Réu que é flagrado por testemunha
presencial, a qual confirma a narrativa do fato denunciado. Prova suficiente para manter a condenação. 2. ADEQUAÇÃO TÍPICA
Conduta narrada na denúncia que não se amolda ao crime de estupro de vulnerável, eis que inexistente contato físico do acusado
com a criança. Exposição de membro sexual masculino que se conforma ao crime tipificado no artigo 218-A do Código Penal, para o
qual vai desclassificado o delito. 3. AGRAVANTE DO PREVALECIMENTO DE RELAÇÕES DOMÉSTICAS E DE HOSPITALIDADE
Cometido o delito na residência da avó da ofendida, local no qual o réu morava, por ser companheiro dela, evidenciada está a relação de
convivência doméstica e de hospitalidade com a menor, resultando configurada a agravante do artigo 61, inciso II, letra "f", do Código
Penal. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. (Apelação Crime Nº 70049786502, Sexta Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do
RS, Relator: João Batista Marques Tovo, Julgado em 06/12/2012)
O Parquet classificou a conduta do recorrente como ato libidinoso diverso da conjunção carnal, praticado contra vítima de 10
anos de idade. Extrai-se da peça acusatória que as corrés teriam atraído e levado a ofendida até um motel, onde, mediante
pagamento, o acusado teria incorrido na contemplação lasciva da menor de idade desnuda. Discute-se se a inocorrência de efetivo 
contato físico entre o recorrentee a vítima autorizaria a desclassificação do delito ou mesmo a absolvição sumária do acusado. A 
maior parte da doutrina penalista pátria orienta no sentido de que a contemplação lasciva configura o ato libidinoso constitutivo 
dos tipos dos arts. 213 e 217-A do Código Penal - CP, sendo irrelavante, para a consumação dos delitos, que haja contato físico 
entre ofensor e ofendido. O delito imputado ao recorrente se encontra em capítulo inserto no Título VI do CP, que tutela a dignidade
sexual. Cuidando-se de vítima de dez anos de idade, conduzida, ao menos em tese, a motel e obrigada a despir-se diante de adulto
que efetuara pagamento para contemplar a menor em sua nudez, parece dispensável a ocorrência de efetivo contato físico para
que se tenha por consumado o ato lascivo que configura ofensa à dignidade sexual da menor. Com efeito, a dignidade sexual não se
ofende somente com lesões de natureza física. A maior ou menor gravidade do ato libidinoso praticado, em decorrência a adição de
lesões físicas ao transtorno psíquico que a conduta supostamente praticada enseja na vítima, constitui matéria afeta à dosimetria da pena,
na hipótese de eventual procedência da ação penal. [...] Tal providência, contudo, encontra óbice na natureza célere do rito de habeas
corpus, que obsta a dilação probatória, exigindo que a apontada ilegalidade sobressaia nitidamente da prova pré-constituída nos autos, o
que não ocorre na espécie. Assim, não há amparo para a pretendida absolvição sumária ou mesmo o reconhecimento de ausência de justa
causa para o prosseguimento da ação penal para apuração do delito. Recurso desprovido. (STJ: RHC 70976 / MS, Rel. Min. JOEL
ILAN PACIORNIK, QUINTA TURMA, DJe 10/08/2016)
Contemplação lasciva como ato libidinoso!!!!!!
Nesse influxo, o midiaticamente chamado estupro virtual, espécie de chantagem em
que o agente, possuidor de fotos ou vídeos íntimos da vítima, sob ameaça de sua
divulgação, exige que esta realize novas fotos ou vídeos de conotação sexual, como
se masturbando ou mantendo relações com terceiros, subsume-se ao descrito no
artigo 213 do código penal. No entanto, a de se observar que apesar de haver 
dispensabilidade de contato sexual entre agente e vítima, se a exigência 
consistir em simples nudez dessa última, sem ato sexual com terceiro consigo 
própria, o crime não será de estupro, mas de constrangimento ilegal (artigo 
146). Ou seja, se o intuito for simples contemplação lasciva - pessoalmente ou por
meio eletrônico - desacompanhado de uma invasão sexual, não há que se falar em
conjunção carnal ou outro ato libidinoso. (SOUZA, Luciano Anderson. Direito
Penal, Parte Especial: Arts. 155 a 234-B do CP, Volume 3. São Paulo: Editora
Revista dos Tribunais, 2020, p. 468)
DOUTRINA
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A IMPOTÊNCIA DO HOMEM PODE JUSTIFICAR UM
CRIME IMPOSSÍVEL?
DISCUSSÃO
AgRg no REsp 715892 / SC (STJ – 5T - Relator(a) Ministro ARNALDO
ESTEVES LIMA - DJ 24/09/2007 p. 357)
AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. ESTUPRO. INÍCIO DA
EXECUÇÃO. NÃO-OCORRÊNCIA DA CONSUMAÇÃO DO CRIME POR
CIRCUNSTÂNCIA ALHEIA À VONTADE DO AGENTE. TENTATIVA
CARACTERIZADA. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO. 1. O crime impossível
somente se caracteriza quando o agente, após a prática do fato, jamais
poderia consumar o crime pela ineficácia absoluta do meio empregado ou
pela absoluta impropriedade do objeto material, nos termos do art. 17 do
Código Penal. 2. Na espécie, houve início da execução do crime, na medida em
que o réu constrangeu a vítima, mediante violência, a praticar com ele conjunção
carnal, fato que não se consumou por circunstância alheia à sua vontade, qual
seja, a ausência de ereção. 3. A momentânea impotência do réu não
caracteriza absoluta impossibilidade de consumação do delito, de modo que
não há falar em hipótese de crime impossível. 4. Agravo regimental improvido.
“[...] Padecendo de disfunção erétil, para melhor
enquadramento na conduta no tipo penal do art. 213, parece-
nos depender de um laudo médico, a fim de se concluir ser
relativa ou absoluta. Portanto, conforme o caso, a conjunção
carnal será impossível. Ainda assim, não se pode dizer tratar-
se de crime impossível [...] Afinal, mesmo que flácido o pênis
pode obter contato com a vagina da mulher ou outras partes
do corpo.”
(G.S. NUCCI – CÓDIGO PENAL COMENTADO)
DOUTRINA
MODOS DE CONSTRANGER A VÍTIMA
VIOLÊNCIA GRAVE AMEAÇA
COAÇÃO FÍSICA VIOLÊNCIA MORAL
1 – A VIOLÊNCIA PODE SER EXERCIDA CONTRA TERCEIRO QUE NÃO
AQUELE QUE VAI REALIZAR O ATO SEXUAL (MESTIERI)? FILHO, POR
EXEMPLO?
2 – A VIOLÊNCIA CONTRA A COISA PODE CARACTERIZAR O ESTUPRO?
3 - TEM RELEVÂNCIA PARA FINS DE CARACTERIZAÇÃO DO CRIME A
JUSTIÇA OU INJUSTIÇA DA AMEAÇA POR MEIO DA QUAL SE OBTÉM A
CONJUNÇÃO CARNAL?
Discussão COMENTÁRIOS AO CÓDIGO PENAL (NELSON HUNGRIA)
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29/08/2021
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1 - QUAL A NATUREZA DO CONSENTIMENTO DA VÍTIMA NESSE CRIME?
2 - QUAL A DURAÇÃO DO DISSENSO ?
3 - SE UMA MULHER DIANTE DO ESTUPRO INEVITÁVEL PEDE AO
AGENTE PARA USAR CAMISINHA, ISSO AFASTA O CRIME?
Discussão
TENTATIVA CONSUMAÇÃO
VIOLÊNCIA /GRAVE 
AMEAÇA  SEM 
REALIZAÇÃO DO ATO 
LIBIDINOSO
CONJUNÇÃO CARNAL ATO LIBIDINOSO
MOMENTO CONSUMATIVO
“Na vigência da lei anterior, discutia-se a possibilidade de
caracterização da tentativa de estupro, e não de atentado violento
ao pudor consumado, quando, sendo intenção do agente a
conjunção carnal, não logra ele a consumação por circunstâncias
diversas, como nas hipóteses da cópula vestibular e do agente que
força a introdução do pênis na vagina da ofendida mas ejacula antes.
Não há dúvida de que nessas hipóteses, diante da lei nova, o crime
de estupro estará consumado, porque tais práticas constituem
atos libidinosos.”
Renato Fabbrini (Mirabete, J. F. . Manual de Direito Penal.)
Doutrina DIREITO PENAL. ATOS LIBIDINOSOS DIVERSOS DA CONJUNÇÃO CARNAL CONTRA
VULNERÁVEL.
Na hipótese em que tenha havido a prática de ato libidinoso diverso da conjunção
carnal contra vulnerável, não é possível ao magistrado – sob o fundamento de
aplicação do princípio da proporcionalidade – desclassificar o delito para a forma
tentada em razão de eventual menor gravidade da conduta. De fato, conforme o art. 217-
A do CP, a prática de atos libidinosos diversos da conjunção carnal contra vulnerável 
constitui a consumação do delito de estupro de vulnerável. Entende o STJ ser
inadmissível que o julgador, de forma manifestamente contrária à lei e utilizando-se dos
princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, reconheça a forma tentada do delito, em
razão da alegada menor gravidade da conduta (REsp 1.313.369-RS, Sexta Turma, DJe
5/8/2013). Nesse contexto, o magistrado, ao aplicar a pena, deve sopesar os fatos ante os
limites mínimo e máximo da reprimenda penal abstratamente prevista, o que já é suficiente
para garantir que a pena aplicada seja proporcional à gravidade concreta do comportamento
do criminoso. REsp 1.353.575-PR, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 5/12/2013
(Informativo nº 0533).
Estupro tentado, com penetração inexitosa, que não necessariamente deixa vestígios ou 
sinais físicos, prescindindo de constatação pericial para que seja comprovado, não
desautorizando a condenação o fato de ter sido negativo o auto de exame de corpo de delito
de conjunção carnal e pesquisa de espermatozoides. [...] DESCLASSIFICAÇÃO DO
DELITO PARA A CONTRAVENÇÃO DE IMPORTUNAÇÃO OFENSIVA AO PUDOR OU
PERTURBAÇÃO DA TRANQUILIDADE. INVIABILIDADE. A ação delituosa praticada 
pelo indigitado denota perfeitamente a intenção de praticar conjunção carnal com 
a vítima, o que somente não se consumou face à ausência de ereção e reação da lesada, 
conseguindo desarmá-lo. Conduta que foi além da mera importunação ou perturbação,
atingindo a liberdade sexual da vítima, ao fim da satisfação lasciva do acusado.
Incompatibilidade com a descrição típica do hoje revogado (Lei 13.718/2018) art. 61 da LCP
vigente ao tempo dos fatos. Estupro configurado, aqui naforma tentada e art. 65 da LCP.
Desclassificação inviável. (TJRS: Apelação Criminal, Nº 70078335742, Oitava Câmara
Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Fabianne Breton Baisch, Julgado em: 31-
07-2019)
Da decisão contrária à prova dos autos. Incontroversa a condenação pelos jurados do crime de homicídio
qualificado privilegiado na forma tentada. Na hipótese, não merece acolhimento a alegação de que a
condenação pela prática da tentativa de estupro contra menor de 18 (dezoito) anos imposta pelo Conselho
de Sentença se encontra manifestamente contrária às provas dos autos. A vítima detalhou o momento em 
que o réu tentou abusá-la sexualmente, somente não tendo o estupro se consumado diante da 
intervenção de terceiro que, por sua vez, quando ouvido, corroborou a ocorrência criminosa. Logo,
diferentemente do que aduz a defesa, evidente está a ofensa ao bem jurídico tutelado. O dolo do condenado
em violar a intimidade da menor resultou devidamente comprovado. Merece, deste modo, ser acatado o
julgamento em obediência aos princípios da íntima convicção e da soberania dos veredictos, previstos
constitucionalmente, situação que impede a submissão do acusado a novo julgamento pelo Tribunal do
Júri. [...] O agente arrombou a porta do quarto da menor, subjugando-a fisicamente ao tentar retirar-lhe a
calcinha e beijá-la, e somente cessou a investida quando terceiro interveio e, ao depois, esgotou os meios 
de execução ao estrangular a segunda vítima e atingi-la com socos, apenas não consumando o 
resultado morte por circunstâncias alheias à sua vontade. Assim, em respeito à proporcionalidade
punitiva, é confirmado o patamar adotado pelo juiz presidente, porquanto, realmente, é o que melhor se
ajusta ao caso concreto. RECURSO IMPROVIDO. UNÂNIME. (TJ-RS: Apelação Crime, Nº
70080461882, Segunda Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Rosaura Marques
Borba, Julgado em: 25-04-2019)
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TEMA
NATUREZA DO TIPO (ALTERNATIVO OU CUMULATIVO) E O
PRAELUDIA COITI DE HUNGRIA.
COMENTÁRIOS AO CÓDIGO PENAL (NELSON HUNGRIA)
REDAÇÃO ORIGINAL
“... 3. A hipótese dos autos demonstra que, em relação às duas vítimas, os crimes de atentado
violento ao pudor não foram perpetrados como 'prelúdio do coito' ou meio para a
consumação do crime de estupro, havendo completa autonomia entre as condutas
praticadas. ... 5. Ordem de habeas corpus denegada." (HC 91370/SP, STF, 2.ª Turma, Rel.
Min. ELLEN GRACIE, DJe de 20/06/2008.)
“... 2. Quanto à questão referente à continuidade delitiva entre os crimes de estupro e atentado violento
ao pudor, não há solução diversa da tradicionalmente adotada. Predomina, no caso, a antiga ensinança
de Nelson Hungria para quem, não sendo o ato de libidinagem desvio da conjunção carnal
classificável como praeludia coiti, haverá, entre este e o estupro, o concurso material e nunca o crime
continuado. É que esses delitos são do mesmo gênero, mas não da mesma espécie. Aliás, entre a
conjunção carnal, de um lado, e o sexo anal ou, ainda, o sexo oral, não se pode vislumbrar
homogeneidade quanto ao modo de execução. E esse entendimento é pacífico no Colendo Supremo
Tribunal Federal. Precedentes . ...4. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no REsp
838743/RS, 6.ª Turma, Rel. Min. JANE SILVA – DESEMBARGADORA CONVOCADA DO
TJ/MG -, DJe de 04/08/2008, sem grifos no original.)
REsp 1080909 / RS (STJ – 5ª TURMA - DJe 03/08/2009)
RECURSO ESPECIAL. PENAL. ESTUPRO E ATENTADO E VIOLENTO AO PUDOR.DELITOS
DE ESPÉCIES DISTINTAS. ATOS LIBIDINOSOS DISTINTOS DE PRAELUDIA COITI.
CONTINUIDADE DELITIVA. INADMISSIBILIDADE. CIRCUNSTÂNCIA AGRAVANTE.
REINCIDÊNCIA. NEGATIVA DE VIGÊNCIA AO ART. 61, INCISO I, DO CP. RECURSO
PROVIDO.
1. Não se consubstanciando os atos libidinosos em praeludia coiti, ocorre crime de
atentado violento ao pudor em concurso material com o estupro, não podendo, dessa
forma, ser aplicada a regra insculpida no art. 71 do Código Penal, por serem crimes de
espécies diversas. Precedentes do Supremo Tribunal Federal e desta Corte.2.
Comprovada a reincidência, a sanção deverá ser sempre agravada. Deixar de aplicar o
acréscimo referente a essa circunstância agravante, aduzindo, entre outras coisas, que tal
instituto não se coaduna com a ordem constitucional vigente, ofende o art. 61, inciso I, do
Código Penal, que endereça um comando ao aplicador da lei e não uma faculdade.
3. Recurso provido.
COM A NOVA REDAÇÃO O TIPO É MISTO ALTERNATIVO
OU MISTO CUMULATIVO?
QUEM NO MESMO CONTEXTO CONSTRANGE A VÍTIMA
À CONJUNÇÃO CARNAL E A OUTRO ATO LIBIDINOSO
RESPONDE POR QUANTOS CRIMES?
DISCUSSÃO
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1ª CORRENTE – NUCCI – TIPO MISTO ALTERNATIVO –
CRIME ÚNICO.
2ª CORRENTE – RENATO FABBRINI / GRECO – TIPO
MISTO CUMULATIVO – DOIS CRIMES.
CONTROVÉRSIA
CONCURSO DE CRIMES (RENATO FABBRINI): TESE DE TIPO CUMULATIVO
ATO LIBIDINOSO 
(PRELÚDIO AO 
COITO) + 
CONJUNÇÃO 
CARNAL (NO 
MESMO CONTEXTO)
CRIME ÚNICO
ATO LIBIDINOSO 
(COITO ORAL) + 
CONJUNÇÃO 
CARNAL (NO MESMO 
CONTEXTO)
DOIS CRIMES 
DIVERSOS ESTUPROS 
DE VULNERÁVEL 
(CONTEXTOS 
DISTINTOS)
VÁRIOS CRIMES
Art. 71 
CP
STJ → TIPO CUMULATIVO
“[...] 1. Embora a Lei 12.015/09 tenha reunido em um único artigo as condutas
delitivas anteriormente previstas em tipos autônomos (estupro e atentado
violento ao pudor, respectivamente, antigos arts. 213 e 214 do CPB), a prática das
duas condutas, ainda que no mesmo contexto fático, deve ser
individualmente punida, somando-se as penas. 2. O art. 213 do CPB, após a
alteração introduzida pela Lei 12.015/09, deve ser classificado como um tipo
misto cumulativo, porquanto a prática de mais de uma conduta ali prevista,
quando não representar ato libidinoso em progressão à prática de conjunção
carnal, sem dúvida agrega maior desvalor ao fato. 3. A cópula anal ou a felação,
realizadas no mesmo contexto fático que a conjunção carnal, não podem ser
consideradas como um desdobramento de um só crime, pois constituem atos
libidinosos autônomos e independentes da conjunção carnal, havendo, na verdade,
violação a preceitos primários diversos. [...]” (STJ: HC 139334 / DF – 5T -
Relator(a) Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO - DJe 20/05/2011)
1. Decisão agravada que se mantém pelos seus próprios fundamentos. 2.
Alicerçada a tese relacionada à alínea a do permissivo constitucional na violação
do art. 213 do Código Penal, alterado pela Lei n.º 12.015/09, por se tratar de
hipótese de tipo misto cumulativo, ao considerar distintamente os crimes de
estupro e atentado violento ao pudor, verifica-se que esse dispositivo legal não
contém comando normativo capaz de alterar a conclusão alcançada pelo Tribunal
de origem, que entendeu ser adequada a aplicação retroativa do art. 213 do
Código Penal, na nova redação inserta pela Lei n.º 12.015/09, por se tratar de
norma penal mais benéfica ao Condenado, o que atrai a aplicação da Súmula n.º
284 do Pretório Excelso.[...] 4. Agravo regimental desprovido. (STJ: AgRg no
REsp 1313444 / SP, Rel. Min. LAURITA VAZ, QUINTA TURMA,DJe 22/08/2012)
CONTINUIDADE DELITIVA. ESTUPRO. ATENTADO VIOLENTO. PUDOR.
Trata-se, entre outras questões, de saber se, com o advento da Lei n. 12.015/2009, há continuidade delitiva entre os atos
previstos antes separadamente nos tipos de estupro (art. 213 do CP) e atentado violento ao pudor (art. 214 do
mesmo codex), agora reunidos em uma única figura típica (arts. 213 e 217-A daquele código). Assim, entendeu o Min.
Relator que primeiramente se deveria distinguir a natureza do novo tipo legal, se ele seria um tipo misto
alternativo ou um tipo misto cumulativo. Asseverou que, na espécie, estaria caracterizado um tipo misto cumulativo
quanto aos atos de penetração, ou seja, dois tipos legais estão contidos em uma única descrição típica. Logo,
constranger alguém à conjunção carnal não será o mesmo que constranger à prática de outro ato libidinoso de
penetração (sexo oral ou anal, por exemplo). Seria inadmissívelreconhecer a fungibilidade (característica dos tipos
mistos alternativos) entre diversas formas de penetração. A fungibilidade poderá ocorrer entre os demais atos
libidinosos que não a penetração, a depender do caso concreto. Afirmou ainda que, conforme a nova redação do tipo, o
agente poderá praticar a conjunção carnal ou outros atos libidinosos. Dessa forma, se praticar, por mais de uma vez,
cópula vaginal, a depender do preenchimento dos requisitos do art. 71 ou do art. 71, parágrafo único, do CP, poderá,
eventualmente, configurar-se continuidade. Ou então, se constranger vítima a mais de uma penetração (por exemplo,
sexo anal duas vezes), de igual modo, poderá ser beneficiado com a pena do crime continuado. Contudo, se pratica uma
penetração vaginal e outra anal, nesse caso, jamais será possível a caracterização de continuidade, assim como sucedia
com o regramento anterior. É que a execução de uma forma nunca será similar à de outra, são condutas distintas. Com
esse entendimento, a Turma, ao prosseguir o julgamento, por maioria, afastou a possibilidade de continuidade delitiva
entre o delito de estupro em relação ao atentado violento ao pudor. HC 104.724-MS, Rel. originário Min. Jorge
Mussi, Rel. para acórdão Min. Felix Fischer, julgado em 22/6/2010.
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STJ → misto alterna vo (Posição 2013)
Posição prevalente
“[...] se o agente dominar a vítima e [...] obrigá-la a masturbá-lo, enquanto dá um
beijo lascivo [...] em continuidade alisar seu corpo nu com as mãos. [...] Insere-
se, então, o sexo oral, após a conjunção carnal e finalmente o sexo anal. [...]
Finalizando seu propósito [...] o agente obriga a vítima a se manter deitada
enquanto ele ejacula sobre o seu corpo [...] num único local e em menos de uma
hora. [...] privilegiando a cumulatividade [...] temos sete atos libidinosos,
compondo um universo de sete estupros, em concurso material, para os
mais exigentes, totalizando, no mínimo, 42 anos de reclusão[...] indispensável
registrar que pelo princípio da individualização da pena o juiz pode elevar até os
10 anos a pena deste crime, não fixá-la em 6 anos.”
G. S. NUCCI (Adaptado do Código Penal Comentado)
Doutrina 
ESTUPRO. ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR. LEI N. 12.015/2009.
Trata-se de habeas corpus no qual se pleiteia, em suma, o reconhecimento de
crime continuado entre as condutas de estupro e atentado violento ao pudor, com
o consequente redimensionamento das penas. Registrou-se, inicialmente, que, antes
das inovações trazidas pela Lei n. 12.015/2009, havia fértil discussão acerca da
possibilidade de reconhecer a existência de crime continuado entre os delitos de
estupro e atentado violento ao pudor, quando o ato libidinoso constituísse preparação à
prática do delito de estupro, por caracterizar o chamado prelúdio do coito (praeludia
coiti), ou de determinar se tal situação configuraria concurso material sob o
fundamento de que seriam crimes do mesmo gênero, mas não da mesma espécie. (...)
“[...] Ambas as Turmas que compõem a 3ª Seção desta Corte entendem que, como a Lei 12.015/2009
unificou os crimes de estupro e atentado violento ao pudor em um mesmo tipo penal, deve ser
reconhecida a existência de crime único, caso as condutas tenham sido praticadas contra a mesma
vítima e no mesmo contexto fático, devendo-se aplicar essa orientação aos delitos cometidos antes da vigência
da Lei 12.015/2009, em face do princípio da retroatividade da lei penal mais benéfica. Assim, a pluralidade de atos
sexuais deverá ser levada em consideração, pelo Juiz, quando da análise das circunstâncias do art. 59 do Código Penal,
na fixação da pena-base. Precedentes. VII. Hipótese em que o paciente praticou estupro e atos libidinosos diversos da
conjunção carnal, em um mesmo contexto fático, contra a mesma vítima, o que impõe o reconhecimento de crime único.
VIII. Assim, reconhecida a ocorrência de crime único, deve o Juízo da Execução - ante o trânsito em julgado da
condenação - proceder a nova dosimetria da pena, nos termos da Súmula 611 do Supremo Tribunal Federal, conforme a
tipificação trazida pela Lei 12.015/2009, cabendo ao Magistrado valorar a culpabilidade do agente, quanto à pluralidade
de condutas, na fixação da pena-base, observada a existência de crime único. Precedentes do STJ. IX. Habeas corpus não
conhecido. X. Ordem concedida, de ofício, para reconhecer a ocorrência de crime único e determinar que o Juízo das
Execuções proceda a nova dosimetria penal, à luz da Lei 12.015/2009, devendo ser refeita a análise das circunstâncias
judiciais do art. 59 do Código Penal, valorando-se a culpabilidade do paciente, em face da pluralidade de condutas. (STJ:
HC 243678 / SP, Min. Assussete Magalhães, DJe 13/12/2013)
A Turma concedeu a ordem ao fundamento de que, com a inovação do Código Penal introduzida pela Lei n. 12.015/2009 no título
referente aos hoje denominados “crimes contra a dignidade sexual”, especificamente em relação à redação conferida ao art. 213 do
referido diploma legal, tal discussão perdeu o sentido. Assim, diante dessa constatação, a Turma assentou que, caso o agente pratique estupro
e atentado violento ao pudor no mesmo contexto e contra a mesma vítima, esse fato constitui um crime único, em virtude de que a figura do
atentado violento ao pudor não mais constitui um tipo penal autônomo, ao revés, a prática de outro ato libidinoso diverso da conjunção carnal
também constitui estupro.(...) Todavia, registrou-se também que a prática de outro ato libidinoso não restará impune, mesmo que
praticado nas mesmas circunstâncias e contra a mesma pessoa, uma vez que caberá ao julgador distinguir, quando da análise das
circunstâncias judiciais previstas no art. 59 do CP para fixação da pena-base, uma situação da outra, punindo mais severamente aquele
que pratique mais de uma ação integrante do tipo, pois haverá maior reprovabilidade da conduta (juízo da culpabilidade) quando o agente
constranger a vítima à conjugação carnal e, também, ao coito anal ou qualquer outro ato reputado libidinoso. Por fim, determinou-se que a nova
dosimetria da pena há de ser feita pelo juiz da execução penal, visto que houve o trânsito em julgado da condenação, a teor do que dispõe o art.
66 da Lei n. 7.210/1984. HC 144.870-DF, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 9/2/2010.
“[...] Hipótese em que há flagrante constrangimento ilegal. Com o advento da Lei nº 12.015/09, as
práticas de conjunção carnal e de ato libidinoso diverso passaram a ser tipificadas no mesmo
dispositivo legal, deixando de configurar crimes diversos, de estupro e de atentado violento ao
pudor, para constituir crime único, desde que praticados no mesmo contexto. Tal compreensão, por
ser mais benéfica, deve retroagir para alcançar os fatos anteriores. [...]” (STJ: HC 133349 / MS, Min.
MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, 6ª Turma, DJe 17/09/2012)
HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. DESCABIMENTO. ESTUPRO E ATENTADO
VIOLENTO AO PUDOR PRATICADOS ANTES DA LEI N. 12.015/2009. APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI PENAL
MAIS BENÉFICA. POSSIBILIDADE. CRIMES COMETIDOS NO MESMO CONTEXTO FÁTICO.
RECONHECIMENTO DE CRIME ÚNICO. NOVO CÁLCULO DA PENA-BASE LIMITADO A TOTALIDADE DA PENA
IMPOSTA. COMPETÊNCIA DO JUIZ DAS EXECUÇÕES. ART. 66 DA LEP E SÚMULA N. 611/STF. HABEAS
CORPUS NÃO CONHECIDO. ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO. […] - Pela aplicação retroativa da Lei nº
12.015/2009, é possível o reconhecimento da ocorrência de um crime único, desde que os crimes de estupro
e ato diverso da conjunção carnal tenham sidos praticados em um mesmo contexto fático.- A dosimetria da
pena, observados o art. 66 da Lei de Execuções Penais e a Súmula nº 611 do Supremo Tribunal Federal, deverá ser
refeita por completo pelo Juiz das execuções, com a segunda conduta delitiva (coito anal) considerada na valoração
das circunstâncias judiciais do art. 59 do Código Penal, estabelecendo-se como limite para a nova dosimetria a
totalidade da pena anteriormente imposta, de forma a se evitar a reformatioin pejus. - Habeas corpus não
conhecido. Ordem concedida de ofício para, reconhecendo a ocorrência de crime único em relação aos crimes
sexuais, determinar que o Juízo das execuções aplique retroativamente a lei penal mais benéfica, refazendo por
completo a dosimetria da pena, cujo limite não poderá ultrapassar a totalidade da pena antes aplicada. (STJ: HC
205873 / RS, Relator(a) Ministra LAURITA VAZ / Relator(a) p/ Acórdão Ministra MARILZA MAYNARD
(DESEMBARGADORA CONVOCADA DO TJ/SE), QUINTA TURMA, DJe 19/04/2013)
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PENAL. RECURSOS ESPECIAIS DO MINISTÉRIO PÚBLICO E DA DEFESA. CRIMES CONTRA OS COSTUMES.
ESTUPRO E ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR. LEI N. 12.015/2009. CRIME ÚNICO. CONCURSO MATERIAL E
CONTINUIDADE DELITIVA. [...] - Com o advento da Lei n. 12.015/2009, ficaram unificadas as figuras típicas do
estupro e do atentado violento ao pudor e forçoso foi o reconhecimento da ocorrência de um crime único, não
havendo que se falar em concurso material ou continuidade delitiva, quando cometido estupro e ato diverso da
conjunção carnal em um mesmo contexto fático contra a mesma vítima. [...] Nos crimes contra os costumes, a palavra
da vítima constitui relevante elemento probatório, mormente quando se mostra coerente com o restante das provas
produzida. In casu, as provas que embasaram o decreto condenatório não se resumem à declaração da vítima, mas também
outros depoimentos de testemunhas colhidos em juízo, bem como laudos periciais. - Fica prejudicada análise de eventual
violação do art. 59 do Código Penal, pois a dosimetria da pena deverá ser refeita pelo Tribunal a quo, com as demais
condutas delitivas (coito anal e sexo oral), consideradas na valoração das circunstâncias judiciais do referido dispositivo,
estabelecendo-se como limite para a nova dosimetria a totalidade da pena anteriormente aplicada, de forma a se evitar a
reformatio in pejus. - Recurso especial do Ministério Público a que se nega provimento. Recurso especial da defesa
parcialmente conhecido e nesta extensão parcialmente provido para determinar o retorno dos autos ao Tribunal de origem
para que seja aplicada retroativamente a lei penal mais benéfica, refazendo-se a dosimetria da pena desse crime, cujo limite
máximo não poderá ultrapassar a totalidade da pena anteriormente imposta. (STJ: REsp 1176752 / RJ, Rel. Min. MARILZA
MAYNARD, Quinta Turma, DJe 10/05/2013)
AGRAVOS REGIMENTAIS NO RECURSO ESPECIAL. PENAL. CONDENAÇÃO POR CRIMES PREVISTOS NOS ARTS. 213
E 214, NA ANTIGA REDAÇÃO DO CÓDIGO PENAL. ADVENTO DA LEI N.º 12.015/2009. UNIÃO, NO MESMO TIPO PENAL,
DAS CONDUTAS REFERENTES AO ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR E AO ESTUPRO. RECONHECIMENTO DE
CRIME ÚNICO. VIABILIDADE. PRECEDENTES DE AMBAS AS TURMAS QUE COMPÕEM A TERCEIRA SEÇÃO DESTA
CORTE. [...] a jurisprudência sedimentada nesta Corte, no sentido de que ocorre crime único quando o agente, num
mesmo contexto fático, pratica conjunção carnal e ato libidinoso diverso, devendo-se aplicar essa orientação aos
delitos cometidos antes da Lei n.º 12.015/2009, em observância ao princípio da retroatividade da lei penal mais
benéfica, mantenho-a intacta. 2. Ausência de legítimo interesse jurídico em recorrer do Agravante O. A. O., pois a decisão
agravada foi proferida em conformidade com a pretensão sustentada nas razões do seu agravo regimental, no sentido de que,
não obstante a prática de mais de uma conduta caracterizadora de violência sexual, sexo vaginal e sexo anal, ficou
configurado um único delito contra a dignidade sexual. 3. Agravo regimental do Ministério Público Federal desprovido e
Agravo regimental de O. A. O. não conhecido. (STJ: AgRg no REsp 1303545 / DF. Rel. Min. Laurita Vaz, Quinta Turma,
DJe 06/06/2013)
“[...]. 2. Com o advento da Lei nº 12.015/09, as práticas de conjunção carnal e de ato libidinoso diverso
passaram a ser tipificadas no mesmo dispositivo legal, deixando de configurar crimes diversos, de estupro e de
atentado violento ao pudor, para constituir crime único, desde que praticados no mesmo contexto. Com isso, a
dosimetria da reprimenda deve ser refeita, não ficando o magistrado competente vinculado às penas-bases fixadas
anteriormente, pois agora deverá avaliar a maior reprovabilidade da prática de conjunção carnal e de ato libidinoso
diverso em um mesmo momento. [...]” (HC 202507 / DF, Rel. Min.MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA,
SEXTA TURMA, DJe 04/11/2013)
PENAL E PROCESSUAL PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. ESTUPRO E ATENTADO VIOLENTO AO
PUDOR. CRIMES COMETIDOS ANTES DO ADVENTO DA LEI Nº 12.015/2009. TIPO MISTO ALTERNATIVO. PRETENDIDO
RECONHECIMENTO DE CRIME ÚNICO. POSSIBILIDADE. PRECEDENTES. AUSÊNCIA, PORÉM, DE PEÇA ESSENCIAL À
DEMONSTRAÇÃO DE QUE OS DELITOS FORAM COMETIDOS CONTRA A MESMA VÍTIMA E NO MESMO CONTEXTO
FÁTICO. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. I. Ambas as Turmas que compõem a 3ª Seção desta Corte entendem que, como a Lei
12.015/2009 unificou os crimes de estupro e atentado violento ao pudor em um mesmo tipo penal, deve ser reconhecida a existência de crime
único, caso tenha sido praticado contra a mesma vítima e no mesmo contexto fático. Assim, a pluralidade de atos sexuais deverá ser levada
em consideração pelo juiz, quando da análise das circunstâncias do art. 59 do Código Penal, na fixação da pena-base. Precedentes. II. Para
que se caracterize a ocorrência de crime único, como pretende a defesa, deve estar comprovado que os crimes praticados antes da nova Lei,
foram cometidos contra a mesma vítima e no mesmo contexto fático. III. A verificação da ocorrência de crime único não reúne, no caso,
condição de adequada análise. Na hipótese, a ausência de peça essencial ao deslinde da controvérsia - cópia da denúncia e da sentença
condenatória - impede o adequado conhecimento da matéria, no particular, eis que a descrição dos fatos mostra-se imprescindível para
constatar se os crimes ocorreram na mesma situação fática e contra a mesma vítima. IV. Recurso conhecido e improvido.(STJ:RHC 37776 /
RJ, Rel. Min. ASSUSETE MAGALHÃES, SEXTA TURMA, DJe 23/09/2013)
[...] Ambas as Turmas que compõem a 3ª Seção desta Corte entendem que, como a Lei 12.015/2009 unificou os crimes de estupro e
atentado violento ao pudor em um mesmo tipo penal, deve ser reconhecida a existência de crime único, caso as condutas tenham sido
praticadas contra a mesma vítima e no mesmo contexto fático, devendo-se aplicar essa orientação aos delitos cometidos antes da
vigência da Lei 12.015/2009, em face do princípio da retroatividade da lei penal mais benéfica. Assim, a pluralidade de atos sexuais
deverá ser levada em consideração, pelo Juiz, quando da análise das circunstâncias do art. 59 do Código Penal, na fixação da pena-base.
Precedentes. VII. Hipótese em que o paciente praticou estupro e atos libidinosos diversos da conjunção carnal, em um mesmo contexto
fático, contra a mesma vítima, o que impõe o reconhecimento de crime único. [...]X. Ordem concedida, de ofício, para reconhecer a
ocorrência de Crime único e determinar que o Juízo das Execuções proceda a nova dosimetria penal, à luz da Lei 12.015/2009, devendo ser
refeita a análise das circunstâncias judiciais do art. 59 do Código Penal, valorando-se a culpabilidade do paciente, em face da pluralidade de
condutas. (STJ: HC 243678 / SP, Ministra ASSUSETE MAGALHÃES, 6ª TURMA, DJe 13/12/2013)
DIREITO PENAL. APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI 12.015/2009.
O condenado por estupro e atentado violento ao pudor, praticados no mesmo contexto fático e
contra a mesma vítima, tem direito à aplicação retroativa da Lei 12.015/2009, de modo a ser
reconhecida a ocorrência de crime único, devendo a prática de ato libidinoso diverso da
conjunção carnal ser valorada na aplicação da pena-base referente ao crime de estupro. De
início, cabe registrar que, diante do princípio da continuidade normativa, não há falar em abolitio
criminis quanto ao crime de atentado violento ao pudor cometido antes da alteração legislativa
conferida pela Lei 12.015/2009. Areferida norma não descriminalizou a conduta prevista na antiga
redação do art. 214 do CP (que tipificava a conduta de atentado violento ao pudor), mas apenas a
deslocou para o art. 213 do CP, formando um tipo penal misto, com condutas alternativas (estupro e
atentado violento ao pudor). Todavia, nos termos da jurisprudência do STJ, o reconhecimento de crime
único não implica desconsideração absoluta da conduta referente à prática de ato libidinoso diverso da
conjunção carnal, devendo tal conduta ser valorada na dosimetria da pena aplicada ao crime de
estupro, aumentando a pena-base. Precedentes citados: HC 243.678-SP, Sexta Turma, DJe
13/12/2013; e REsp 1.198.786-DF, Quinta Turma, DJe 10/04/2014. HC 212.305-DF, Rel. Min. Marilza
Maynard (Desembargadora Convocada do TJ/SE), julgado em 24/4/2014 (Informativo nº 0543).
“[...] Evidente, por certo, que a mudança da história, do
cenário e do período de tempo altera a [...] avaliação. Se
alguém mantiver em cativeiro uma mulher por anos a fio [...]
provavelmente cometerá vários estupros em continuidade
delitiva. [...] a única argumentação possível para a
cumulatividade seria que a conjunção carnal não é um ato
libidinoso e o legislador estaria tutelando dois bens
diferentes[...]”
G. S. NUCCI (Adaptado do Código Penal Comentado)
Doutrina 
ADMITIDA A TESE DO CRIME ÚNICO QUANDO
PRATICADO NO MESMO CONTEXTO, O
NÚMERO DE ATOS LIBIDINOSOS TEM
RELEVÂNCIA?
DISCUSSÃO
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13
1.O julgado recorrido, ao afastar o concurso material de crimes reconhecido em sede de
apelação, condenou o réu como incurso em um único crime de estupro, previsto na antiga
redação do art. 213 do Código Penal, desconsiderando que a multiplicidade de condutas
alternativas trouxe maior reprovabilidade ao delito. 2. Na fixação da pena-base deve-se
considerar o número de ofensas à liberdade sexual cometidas pelo agente contra a
vítima, merecendo pena superior ao mínimo aquele que pratica além da conjunção
carnal, outros atos libidinosos graves. 3. E, no caso, o Réu constrangeu a vítima, de 15
anos de idade, à conjunção carnal, coito anal e, depois, obrigou a vítima a fazer- lhe
sexo oral. Após um período, constrangeu, mais uma vez, a vítima a praticar todos os
atos sexuais citados, devendo sua pena-base afastar-se do mínimo legal cominado
pelo julgado recorrido. 4. Recurso especial parcialmente provido, para determinar que o Eg.
Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, considerando a gravidade e o número de
atos libidinosos cometidos contra a vítima na ação criminosa, redimensione a sanção penal
do Recorrido de maneira proporcional e adequada à prevenção e repressão do crime. (STJ:
REsp 1198786 / DF, LAURITA VAZ , QUINTA TURMA, DJe 10/04/2014)
SE PREVALECESSE A TESE DO TIPO MISTO
CUMULATIVO AINDA TEM INCIDÊNCIA A TESE DO
“PRAELUDIA COITI”?
DISCUSSÃO
PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. ESTUPRO E
ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR. PROVAS PARA A
CONDENAÇÃO. EXPERIÊNCIA DAS VÍTIMAS. CRIME HEDIONDO.
LEI Nº 12.015/2009. ARTS. 213 E 217-A DO CP. TIPO MISTO
ACUMULADO. CONJUNÇÃO CARNAL. DEMAIS ATOS DE
PENETRAÇÃO. DISTINÇÃO. CRIMES AUTÔNOMOS. SITUAÇÃO
DIVERSA DOS ATOS DENOMINADOS DE PRAELUDIA COITI. CRIME
CONTINUADO. RECONHECIMENTO. IMPOSSIBILIDADE. (...) VI -
Sem embargo, remanesce o entendimento de que os atos classificados
como praeludia coiti são absorvidos pelas condutas mais graves
alcançadas no tipo. [...] Ordem denegada. (STJ: HC 104724 / MS ,
Relator(a) p/ Acórdão Ministro FELIX FISCHER, 5ª Turma, DJe
02/08/2010)
A PARTIR DA NOVA REDAÇÃO É POSSÍVEL
RECONHECER CONTINUIDADE DELITIVA PARA FATOS
QUE ANTES CONFIGURAVAM UM CONCURSO MATERIAL
ENTRE 213 E 214?
DISCUSSÃO
Lei 12.015/2009: Estupro e Atentado Violento ao Pudor
A Turma deferiu habeas corpus em que condenado pelos delitos previstos
nos artigos 213 e 214, na forma do art. 69, todos do CP, pleiteava o
reconhecimento da continuidade delitiva entre os crimes de estupro e
atentado violento ao pudor. Observou-se, inicialmente, que, com o advento da
Lei 12.015/2009, que promovera alterações no Título VI do CP, o debate
adquirira nova relevância, na medida em que ocorrera a unificação dos antigos
artigos 213 e 214 em um tipo único [CP, Art. 213: “Constranger alguém, mediante
violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que
com ele se pratique outro ato libidinoso: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de
2009).”]. Nesse diapasão, por reputar constituir a Lei 12.015/2009 norma
penal mais benéfica, assentou-se que se deveria aplicá-la retroativamente
ao caso, nos termos do art. 5º, XL, da CF, e do art. 2º, parágrafo único, do CP.
HC 86110/SP, rel. Min. Cezar Peluso, 2.3.2010. (HC-86110)
1. Com as inovações trazidas pela Lei n. 12.015/2009, os crimes de estupro e atentado
violento ao pudor são, agora, do mesmo gênero (crimes contra a liberdade sexual) e
também da mesma espécie (estupro), razão pela qual, preenchidos os requisitos
previstos no art. 71 do Código Penal, não haveria nenhum óbice ao reconhecimento da
continuidade delitiva. [...] (STJ: HC 203695 / SP, SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA
TURMA, DJe 12/09/2012)
“[...] 4. Ainda que previstos no mesmo tipo penal, é nítida a ausência de homogeneidade na forma de execução
entre a conjunção carnal e o outro ato libidinoso de penetração, porquanto os elementos subjetivos e descritivos
dos delitos em comento são diversos. Dest'arte, considerando-se autônomas as condutas e a forma de execução,
forçoso o afastamento da continuidade delitiva. 5. Entretanto, recentemente, esta Turma, quando do julgamento do
REsp. 970.127/SP, na sessão do dia 07.04.2011, concluiu pela possibilidade de reconhecimento da continuidade
delitiva entre estupro e atentado violento ao pudor por serem delitos da mesma espécie. [...]” (STJ: HC 139334 / DF
– 5T - Relator(a) Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO - DJe 20/05/2011)
73 74
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14
[...] Em razão da impossibilidade de homogeneidade na forma de
execução entre a prática de conjunção carnal e atos diversos de
penetração, não há como reconhecer a continuidade delitiva entre
referidas figuras. Ordem denegada. (STJ: HC 104724 / MS ,
Relator(a) p/ Acórdão Ministro FELIX FISCHER, 5ª Turma,
DJe 02/08/2010)
[...] Por força da alteração no Código Penal, veiculada pela Lei n.
12.015/2009, o Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento de
que a prática de conjunção carnal e ato libidinoso diverso constitui crime
único, desde que praticado contra a mesma vítima e no mesmo contexto
fático. 3. Em obediência ao princípio da retroatividade da lei penal mais
benéfica, tal compreensão deve retroagir para atingir os fatos anteriores à citada
lei. 4. Na hipótese, sendo duas vítimas diferentes, o réu deve ser
condenado pela prática de dois homicídios qualificados (art. 121, § 2º, III e
V, do CP), em continuidade delitiva, bem como pela prática de dois estupros,
em continuidade delitiva, somando-se as penas, ao final, pelo concurso
material entre os delitos de espécies distintas. [...] (STJ: REsp 1091392 / SP,
Relator(a) Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, Data do Julgamento
01/03/2016 Data da Publicação/Fonte DJe 09/03/2016)
SÍNTESE DAS SITUAÇÕES QUE PREVALECEM NA JURISPRUDÊNCIAATUAL
Atos libidinosos
Conjunção carnal
Mesmo contexto fático
Conjunção carnalAtos libidinosos
Contextos fáticos distintos
Crime continuadoCrime único
AS LESÕES LEVES PRATICADAS NO CONTEXTO DE UM
ESTUPRO PODEM SER OBJETO DE SANÇÃO
AUTÔNOMA?
DISCUSSÃO
Controvertido – Redação anterior
1ª CORRENTE – HUNGRIA – VIAS DE FATO SÃO
ABSORVIDAS, MAS LESÕES LEVES PUNIDAS
AUTONOMAMENTE.
2ª CORRENTE – (MAJ) DAMÁSIO (JURISPRUDÊNCIA) –
VIAS DE FATO E LESÕES LEVES ABSORVIDAS.
COMENTÁRIOS AO CÓDIGO PENAL (NELSON HUNGRIA)
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15
“A expressão “violência” indica a de natureza física (força bruta),
abrangendo as vias de fato e as lesões corporais leves que ficam
absorvidas.”
Damásio de Jesus (CódigoPenal Anotado)
Doutrina 
“[...] as eventuais lesões leves e a contravenção de vias de
fato [...] abrangidas como elementares à configuração do delito
em estudo.”
Renato Fabbrini
ESTRUPO TENTADO. VIOLENCIA REAL, TRADUZIDA EM LESAO LEVE. ESTA É
ELEMENTO DO PROPRIO CRIME DE ESTUPRO E NÃO DELITO AUTÔNOMO.
DESNECESSIDADE DE O ACUSADO SER TAMBEM DENUNCIADO PELA
INFRACAO AO ART. 129 ' CAPUT ', DO CP. CASO DE ACAO PUBLICA
INCONDICIONADA. SUMULA N. 608 DO STF. PROVA HABIL PARA CONDENAR.
PRELIMINAR REJEITADA E APELO IMPROVIDO. (Apelação Crime Nº 688064641,
Primeira Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Guilherme
Oliveira de Souza Castro, Julgado em 30/11/1988)
O estupro absorve as lesões corporais leves decorrentes do
constrangimento, ou da conjunção carnal, não havendo, pois, como
separar estas, daquele, para se exigir a representação prevista no art. 88,
da Lei nº 9.099/95. 3. Ordem denegada. (STJ: HC 7910 / PB, Rel. Min.
ANSELMO SANTIAGO, T6, DJ 23/11/1998)
QUAL ERA DISTINÇÃO ENTRE O ESTUPRO E A
REVOGADA CONTRAVENÇÃO DE IMPORTUNAÇÃO
OFENSIVA AO PUDOR?
DISCUSSÃO
LEI DAS CONTRAVENÇÕES PENAIS (REVOGADA)
Art. 61. Importunar alguém, em lugar público ou
acessível ao público, de modo ofensivo ao pudor:
Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. 
“Importunar quer dizer perturbar, incomodar. Exs.:
beijo na boca sem consenso da vítima (há discussão a
respeito da exata tipicidade do fato), assédio sexual,
perseguição automobilística (conforme a conduta),
etc.”
(Damásio de Jesus, Lei das Contravenções Penais 
Anotada)
“Importunar quer dizer perturbar, incomodar. Exs.: beijo na boca
sem consenso da vítima (há discussão a respeito da exata
tipicidade do fato), assédio sexual, perseguição automobilística
(conforme a conduta), etc. […]
Fatos que configuram a contravenção: Encostar-se lascivamente
em mulher (RT, 513:330); convite reitereado para prática
homossexual (RT, 435:349); toque em partes pudendas de moça
recatada, não configurando atentado violento ao pudor (RT,
567:341); passar as mãos nas nádegas da vítima […] beliscar as
nádegas da vítima (TACrimSP, Acrim 731.479, 2ª Cam. RT,
690:353); chamar a vítima de “biscatinha, gostosinha e
franguinha” (TACrimSP, Acrim 676037, 6ª Cam., SEDDG, rolo-flash
709/281) [...] ”
(Damásio de Jesus, Lei das Contravenções Penais Anotada)
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16
TEMA
RESULTADO AGRAVADOR LESÃO GRAVE/MORTE.
§ 1o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é
menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos: (Incluído pela Lei nº
12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de
2009)
§ 2o Se da conduta resulta morte: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos (Incluído pela Lei nº 12.015, de
2009)
A LEI ANTERIOR MENCIONAVA “SE DA VIOLÊNCIA” 
RESULTA LESÃO GRAVE E SE “DO FATO” CONDUTA 
RESULTA MORTE. A NOVA REDAÇÃO MENCIONA “DA 
CONDUTA” PARA AMBAS. ESSA ALTERAÇÃO TEM 
ALGUMA RELEVÂNCIA?
DISCUSSÃO
CÓDIGO PENAL (REDAÇÃO ANTERIOR)
Art. 223. “Se da violência resulta lesão corporal de 
natureza grave. Pena – reclusão de quatro a doze 
anos. 
Parágrafo único – Se do fato resulta morte: Pena –
reclusão de doze a vinte e cinco anos
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17
VÍTIMA SOFRE ENFARTO (LESÃO 
GRAVE) PELA GRAVE AMEAÇA
VÍTIMA MORRE PELA GRAVE 
AMEAÇA
ESTUPRO SIMPLES + LESÃO 
CULPOSA (CONC. FORMAL)
ESTUPRO QUALIFICADO (MAJ)
DISTINTAS SITUAÇÕES EM RAZÃO DA REDAÇÃO ANTERIOR
DAMÁSIO = ESTUPRO SIMPLES 
+ HOMICÍDIO CULPOSO (MIN)
LESÃO GRAVE OU MORTE COM 
NEXO CAUSAL COM A 
CONDUTA
§ §ART. 213 § 1º OU § 2º CP
ART. 217-A § 3º OU § 4º 
SOLUÇÃO NA NOVA LEI (R. FABBRINI)
OS RESULTADOS MAIS GRAVES SÃO 
ATRIBUÍDOS A TÍTULO DE DOLO E CULPA OU 
APENAS DE CULPA?
DISCUSSÃO
§ 2o Se da conduta resulta morte: (Incluído pela Lei nº
12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos (Incluído
pela Lei nº 12.015, de 2009)
1ª CORRENTE - NORONHA, HUNGRIA E FRAGOSO - APENAS O
RESULTADO CULPOSO (POSIÇÃO DA REDAÇÃO ANTERIOR).
2ª CORRENTE – R. GRECO, L.R. PRADO e LUCIANO DE SOUZA – O CRIME
CONTINUA PRETERDOLOSO, OU SEJA, RESULTADOS SÓ ALCANÇAM A
MODALIDADE CULPOSA.
3ª CORRENTE – A. ESTEFAM , NUCCI E FABBRINI – ALCANÇA A FORMA
DOLOSA E CULPOSA NA NOVA REDAÇÃO.
CONTROVÉRSIA RENATO FABBRINI (DISTINÇÃO)
CONDUTA DOLOSA DIRIGIDA 
AO ESTUPRO
CONDUTA DOLOSA DIRIGIDA 
AO ESTUPRO E MOTIVAÇÃO 
DIVERSA AO RESULTADO
RESULTADO QUALIFICADOR 
ATRIBUÍDO POR DOLO OU 
CULPA
ESTUPRO EM CONCURSO COM 
HOMICÍDIO/LESÃO GRAVE
97 98
99 100
101 102
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18
“Entendemos que é clara a intenção do legislador de atribuir o
resultado qualificador ao agente que atua com dolo ou culpa. Não se
pode reconhecer, porém, a forma qualificada do estupro nas hipóteses
em que a lesão grave ou a morte não resultem da conduta dirigida à
consumação do estupro. Assim, o agente que, no mesmo contexto
fático do estupro, atuando com motivação diversa, decide eliminar
a vítima, deve responder por estupro em concurso com o de
homicídio.”
Renato Fabbrini
DOUTRINA
Diante da posição de Renato Fabbrini, que parece a mais adequada,
nos casos em que o emprego de violência para viabilizar o estupro
denote a assunção de risco de matar, diferentemente da solução
adotada na redação original do CP, o crime é de estupro qualificado.
Porém, se houver um dolo distinto daquele de levar adiante o estupro,
por raiva porque a vítima resistiu após o contato físico, ou seja,
presente o dolo direto de matar, há de prevalecer o concurso entre
homicídio e estupro.
OBSERVAÇÃO
SE O ESTUPRO NÃO SE CONSUMA, MAS A 
MORTE OCORRE, DEVE HAVER DIMINUIÇÃO 
DE PENA DA TENTATIVA?
DISCUSSÃO
1ª CORRENTE – GRECO – TENTATIVA DE ESTUPRO COM
RESULTADO MORTE DA VÍTIMA.
2ª CORRENTE – NUCCI, FABBRINI e L.R. PRADO – CRIME
CONSUMADO, BASTA A CONDUTA DIRIGIDA À VIOLÊNCIA SEXUAL
ESTAR CONECTADA COM O RESULTADO.
DOUTRINA
“ O delito qualificado pelo resultado pode dar-se com dolo na conduta antecedente
(violência sexual) e dolo ou culpa quanto ao resultado qualificador[...] Logo (se
houver) lesão grave consumada + tentativa de estupro = estupro consumado
qualificado pelo resultado lesão grave, dando-se a mesma solução do latrocínio
(Súmula 610). [...]” (G.S. Nucci)
DOUTRINA
“ Diante da redação original [...] cabia a aplicação da pena prevista no Art. 223, sem
diminuição, ainda que não se consumasse o crime sexual. Não se aplicava, assim,
a regra do Art. 14, parágrafo único [...] mais uma exceção à regra de aplicação da
pena da tentativa [...] A mesma solução deve continuar a ser adotada na lei vigente.
” (Renato Fabbrini)
QUAL A TIPIFICAÇÃO DO ESTUPRO NO DIA 
DO ANIVERSÁRIO DE 14 ANOS DA VÍTIMA?
DISCUSSÃO
103 104
105 106
107 108
29/08/2021
19
Situação Fática Crime Pena
Vítima na véspera do seu
aniversário mantém relações
sexuais com o agente.
Art. 217-A CP reclusão, de 8 (oito) a 15 
(quinze) anos.
Vítima no dia do seu
aniversário mantém relações
sexuais com o agente com
emprego de violência.
Art. 213 CP ou Art. 213, §
1º CP
“reclusão, de 6 (seis) a 10 
(dez) anos” ou “reclusão, 
de 8 (oito) a 12 (doze) 
anos.”
Vítima no dia seguinte ao seu
aniversário mantém relações
sexuais com o agente
mediante violência ou grave
ameaça.
Art. 213, § 1º CP
Reclusão, de 8 (oito) a 12 
(doze) anos.
Quadro Comparativo
1ª CORRENTE - R.S.CUNHA – ESTUPRO SIMPLES (ART. 213 CP).
2ª CORRENTE – PREVALECE O ART. 213 § 1º : PARA ANDRÉ ESTEFAM PQ
DIANTE DE DUAS POSSIBILIDADES (ART. 217-A E 213 § 1º) PREVALECE A
MAIS BRANDA (ANALOGIA IN BONAM PARTEM). PARA R. FABBRINI
VITOR EDUARDO R. GONÇALVES PQ JÁ É MAIOR DE 14 QUEM JÁ
COMPLETOU A IDADE.
CONTROVÉRSIA
Considerações Finais
Estupro em local público = Estupro + Ato obsceno (conc. Formal)
Estupro estando contaminado com doença venérea: 
1)Conc. Formal (Art. 130 CP); ou
2)Conc. Formal impróprio (Art. 130, § 1º CP)
3)Se a vítima é infectadaincide o Art. 234-A, IV CP
Remissão 
Art. 226 CP
Art. 234-A, III e IV. CP
Aumento de pena (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Art. 234-A. Nos crimes previstos neste Título a pena é
aumentada: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
III - de metade a 2/3 (dois terços), se do crime resulta gravidez; (Redação dada
pela Lei nº 13.718, de 2018)
IV - de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o agente transmite à vítima doença
sexualmente transmissível de que sabe ou deveria saber ser portador, ou se a
vítima é idosa ou pessoa com deficiência. (Redação dada pela Lei nº 13.718, de
2018)
TEMA
ESTUPRO E LEI DOS CRIMES HEDIONDOS
REDAÇÃO ORIGINAL
Art. 1º São considerados hediondos os crimes de latrocínio (art. 157, § 3º, in fine), extorsão qualificada pela
morte, (art. 158, § 2º), extorsão mediante seqüestro e na forma qualificada (art. 159, caput e seus §§ 1º, 2º
e 3º), estupro (art. 213, caput e sua combinação com o art. 223, caput e parágrafo único), atentado
violento ao pudor (art. 214 e sua combinação com o art. 223, caput e parágrafo único), epidemia com
resultado morte (art. 267, § 1º), envenenamento de água potável ou de substância alimentícia ou medicinal,
qualificado pela morte (art. 270, combinado com o art. 285), todos do Código Penal (Decreto-Lei nº 2.848,
de 7 de dezembro de 1940), e de genocídio (arts. 1º, 2º e 3º da Lei nº 2.889, de 1º de outubro de 1956),
tentados ou consumados.
REDAÇÃO DA LEI N. 8.930/94
Art. 1o São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados: (Redação dada pela Lei nº 8.930, de 1994)
V - estupro (art. 213 e sua combinação com o art. 223, caput e parágrafo único); (Inciso incluído pela Lei
nº 8.930, de 1994)
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20
REDAÇÃO DA LEI N. 12.105/2009
Art. 1o São considerados hediondos os seguintes crimes, todos
tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal,
consumados ou tentados: (Redação dada pela Lei nº 8.930, de 1994)
V - estupro (art. 213, caput e §§ 1o e 2o); (Redação dada pela Lei nº
12.015, de 2009)
O crime de estupro, ainda que praticado em sua forma simples ou com violência
presumida, caracteriza-se como crime hediondo. (STJ: REsp 1006522 / RS, 5T, DJe
03/08/2009)
HABEAS CORPUS. ESTUPRO. CRIME HEDIONDO. LIVRAMENTO CONDICIONAL.
REQUISITO OBJETIVO. CUMPRIMENTO DE DOIS TERÇOS DA PENA. ORDEM
DENEGADA. A "decisão do Superior Tribunal de Justiça, questionada neste habeas corpus,
está em perfeita consonância com o entendimento deste Supremo sobre a hediondez dos
crimes de estupro e atentado violento ao pudor, mesmo que praticados na sua forma
simples" (HC 90.706, rel. min. Cármen Lúcia, DJ 23.3.2007, p. 108). Daí por que não há
como ser concedido o "benefício de livramento condicional ao Paciente, pois não satisfeito o
requisito objetivo de cumprimento de 2/3 da pena imposta" (HC 90.706, rel. min. Cármen
Lúcia, DJ 23.3.2007, p. 108). Ordem denegada. (STF: HC 96260 / RS, Rel Min.
JOAQUIM BARBOSA, 2T, DJe-186 DIVULG 01-10-2009)
HABEAS CORPUS. CRIMES DE ESTUPRO. CONCURSO MATERIAL.
POSSIBILIDADE. CAUSA DE AUMENTO PREVISTA NO ART. 9º DA
8.078/1990. NÃO INCIDÊNCIA. 1. A causa de aumento prevista no art. 9º da
Lei de Crimes Hediondos faz referência ao art. 224 do Código Penal, que foi
revogado pela Lei 12.015/2009. Suprimida a regra de referência, resulta
inaplicável a majoração da pena. Logo, em decorrência do princípio da
retroatividade da lei penal mais benigna, é a hipótese de se decotar da reprimenda o
aumento fruto da incidência do art. 9º da 8.072/90. 2. Habeas Corpus concedido, de
ofício. (HC 100181, Relator(a): MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão:
ALEXANDRE DE MORAES, Tribunal Pleno, julgado em 15/08/2019,
ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-027 DIVULG 10-02-2020 PUBLIC 11-02-
2020 REPUBLICAÇÃO: DJe-043 DIVULG 02-03-2020 PUBLIC 03-03-2020)
Violação Sexual Mediante Fraude
Violação sexual mediante fraude (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém,
mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de
vontade da vítima: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.015,
de 2009)
Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem
econômica, aplica-se também multa. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de
2009)
Art. 14, II CP
Posse sexual mediante 
fraude 
Art. 215 - Ter conjunção carnal com 
mulher honesta, mediante 
fraude: 
Art. 215. Ter conjunção carnal com 
mulher, mediante fraude: (Redação 
dada pela Lei nº 11.106, de 
2005)
Pena - reclusão, de um a três 
anos. Parágrafo único - Se o crime é 
praticado contra mulher virgem, 
menor de 18 (dezoito) e maior de 14 
(catorze) anos: Pena - reclusão, de 
dois a seis anos.
Atentado ao pudor mediante 
fraude (Revogado pela Lei nº 
12.015, de 2009)
Art. 216 - Induzir mulher honesta, 
mediante fraude, a praticar ou 
permitir que com ela se pratique ato 
libidinoso diverso da conjunção carnal: 
(REDAÇÃO ORIGINAL)
Art. 216. Induzir alguém, mediante 
fraude, a praticar ou submeter-se à 
prática de ato libidinoso diverso da 
conjunção carnal: (Redação dada pela 
Lei nº 11.106, de 2005)
Lei 12015/2009
NOVO TIPO PENAL DE VIOLAÇÃO 
SEXUAL MEDIANTE FRAUDE
115 116
117 118
119 120
29/08/2021
21
Tipo Subjetivo  Dolo + Especial Fim de agir
Consumação  Prática do ato libidinoso
Tipo Misto cumulativo ou alternativo  similar ao estupro
DOUTRINA
“Exige-se que a vítima seja levada, pela fraude ou outro meio, à prática 
da conjunção carnal ou outro ato concupicente (masturbar o agente, por 
exemplo) ou a permitir que o agente pratique com ela a libidinagem 
(coito anal). No crime [...] o agente não utiliza como meio a violência ou a 
ameaça, como no estupro, mas ardil, estratagema, embuste, engodo, 
viciando a vontade da vítima para obter a conjunção [...] ou o ato 
libidinoso. [...] A fraude existe mesmo que o erro não tenha sido 
provocado pelo agente [...]” 
Renato Fabbrini
Exemplos 
1) Simular casamento religioso ou civil.
2) Passar-se por amiguinha no escuro de uma alcova.
3) Fingir ser o marido da vítima.
4) Sujeito que simulou ser enfermeiro e a pretexto de aplicar injeções 
submeteu a vítima (homem) a atos de libidinagem.
5) Funcionário que faz exame de vermes na vítima.
6) Pretexto de aula de ginecologia em aluna.
7) Psicólogo que induz a paciente na terapia a permitir certos atos.
01ª QUESTÃO: J., líder espiritual da Comunidade da Luz, sediada em área rural do Estado
do Rio de Janeiro, no dia 15/02/2012, manteve relação sexual com M., 21 anos, integrante da
comunidade, pessoa analfabeta e alheia ao meio cultural, convencendo-a de que a cura de
sua doença seria alcançada através da realização de trabalho espiritual, o qual envolvia a
manutenção de relação sexual. M. narrou no inquérito policial que há meses o líder espiritual
vinha intercedendo, com preces e passes para que a mesma alcançasse a cura de sua
doença, mas como não houve melhora em seu estado de saúde e tamanho era o seu
desespero, aceitou manter conjunção carnal com J., que lhe prometeu que a cura seria
efetiva após trinta dias da prática do ato sexual. Contudo, como tal cura não ocorreu e havia
boatos na localidade no sentido de que J. já havia praticado os mesmos fatos com outras
senhoras, M. procurou a autoridade policial para narrar o fato.
Pergunta-se: a) Que crime (ou crimes) foi (foram) praticado (s) por J.?
b) A situação se alteraria se M. tivesse 15 anos?
c) A situação se alteraria se M. tivesse 13 anos?
Caso concreto
QUAL A DISTINÇÃO DESSE CRIME PARA O Art. 
217-A § 1º (2ª parte) CP?
DISCUSSÃO
HÁ CRIME DO ART. 215 CP NUMA HIPÓTESE COMO ESTA?
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“Importunação sexual
Art. 215-A. Praticar contra alguém e sem a sua anuência ato
libidinoso com o objetivo de satisfazera própria lascívia ou a
de terceiro:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o ato não
constitui crime mais grave.”
Incluído pela Lei nº 13.718, de 24 de setembro de 2018.
Vigência: A partir de 24/09/2018 (data da publicação)
BEM JURÍDICO
SUJEITO ATIVO
SUJEITO PASSIVO
TIPO SUBJETIVO
DIGNIDADE SEXUAL: 
AUTODETERMINAÇÃO SEXUAL
CRIME COMUM
CRIME COMUM
DOLO: DIRETO + FIM DE 
SATISFAÇÃO DA LASCÍVIA
OBJETO MATERIAL PESSOA HUMANA 
CONSIDERAÇÕES GERAIS
Trata-se de figura delitiva que se originou, sobretudo, em resposta à divulgação
midiática de lamentáveis casos recorrentes de indivíduos que, em transportes
públicos, aproveitando-se de tal circunstância, praticam atos libidinosos contra
outras pessoas [...] Um dos eventos mais emblemáticos foi o ocorrido em agosto
de 2017, na avenida Paulista [...] quando um homem ejaculou em uma mulher
que estava sentada no interior do ônibus, e a vítima só foi se aperceber do fato
ao sentir o sêmen em seu pescoço. O agente foi preso com base no estupro e
solto na audiência de custódia por ter sido desclassificada a conduta para
importunação ofensiva ao pudor. [...] A possível subsunção ao estupro de
vulnerável seria afastada porque a vítima poderia oferecer resistência.
(SOUZA, Luciano Anderson de. Direito Penal, Vol. 3, p. 487-489)
DOUTRINA
[...] novel crime de importunação sexual tem como bem jurídico protegido, conforme o
capítulo que foi inserido, a liberdade sexual da vítima, ou seja, seu direito de escolher
quando, como e com quem praticar atos de cunho sexual. É crime comum, ou seja, pode
ser praticado por qualquer pessoa, seja do mesmo sexo/gênero ou não. A vítima pode
ser qualquer pessoa, ressalvada a condição de vulnerável, (que não impede sua
subsunção do fato à norma, quando a vítima for vulnerável, desde que não haja contato
físico). O elemento subjetivo sempre será o dolo direto e especial, tal seja vontade dirigida
à satisfazer da própria lascívia ou de terceiros, não bastando o simples toque ou
“esbarrão” no metrô, por exemplo. Deve ser ato doloso capaz de satisfazer a lascívia do
agente e ofender a liberdade sexual da vítima ao mesmo tempo. O momento consumativo
será com efetiva prática do ato libidinoso, admitindo tentativa, mas de difícil configuração
(como tentar “passar a mão” nos seios de alguém no ônibus e ser impedido por populares).
(BADARÓ, Gustavo; ROSA, Alexandre de Moraes. O que significa importunação
sexual segundo a Lei 13.781/18? In Conjur)
DOUTRINA
02ª QUESTÃO: No dia 06 de março de 2017, após a representação feita pela
vítima, CAIO foi denunciado pelo Ministério Público como incurso nas penas
do artigo 213 do Código Penal, em razão de ter apalpado publicamente, e por
cima da roupa, os seios de uma mulher. A sentença monocrática, por entender
que não houve violência, desclassificou a conduta praticada por CAIO para
contravenção penal, prevista no artigo 65 do Decreto-Lei 3.688/41 (Lei das
Contravenções Penais). O parquet recorreu da decisão e pleiteou o
enquadramento da conduta de CAIO no crime previsto no artigo 215-A do
Código Penal, acrescentado recentemente pela Lei 13.718, de 24 de setembro
de 2018.
Diante dos fatos narrados, o recurso do Ministério Público merece
acolhimento? Fundamente a sua resposta.
CASO CONCRETO
Fatos ocorridos anteriormente ao advento da Lei nº 13.718/2018, que tornou a
conduta praticada pelo réu, dentre outras, crime previsto no artigo 215-A do
Código Penal (importunação sexual). Não se trata de descriminalização da
conduta, mas, sim, de agravamento da respectiva punição pelo legislador, que não
poderá retroagir, pela vedação do princípio non reformatio in pejus, devendo ser
aplicada a contravenção prevista no artigo 61 do Decreto-lei n° 3.688/1941 para
os fatos ocorridos antes da Lei nº 13.718/2018, por conter disposições mais
benéficas (TJRJ: APELAÇÃO 0086493-16.2016.8.19.0001, Des(a).
ANTONIO JAYME BOENTE, PRIMEIRA CÂMARA CRIMINAL,
Julgamento: 07/04/2020)
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Em se tratando de vítima menor de 14
anos é possível desclassificar a
conduta do art. 217-A para este art.
215-A?
Discussão HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. ESTUPRO DE
VULNERÁVEL. PLEITO DE DESCLASSIFICAÇÃO PARA IMPORTUNAÇÃO
SEXUAL. INVIABILIDADE. PRECEDENTES. WRIT NÃO CONHECIDO. 1. Diante da
hipótese de habeas corpus substitutivo de recurso próprio, a impetração não deve ser
conhecida, segundo orientação jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal - STF e do
próprio Superior Tribunal de Justiça - STJ. Contudo, considerando as alegações expostas na
inicial, razoável a análise do feito para verificar a existência de eventual constrangimento
ilegal. 2. É firme o entendimento jurisprudencial desta Corte Superior no sentido da
"impossibilidade de desclassificação da figura do estupro de vulnerável para o art.
215-A do Código Penal, uma vez que o referido tipo penal é praticado sem violência ou
grave ameaça, e o tipo penal imputado ao agravante (art. 217-A do Código Penal)
inclui a presunção absoluta de violência ou grave ameaça, por se tratar de menor de 14
anos" (AgRg na RvCr 4969/DF, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA,
TERCEIRA SEÇÃO, DJe 1º/7/2019). 3. Habeas Corpus não conhecido. (STJ: HC 529561 /
SP, Rel. Min. JOEL ILAN PACIORNIK, T5, DJe 16/03/2020)
2. O Superior Tribunal de Justiça já decidiu pela impossibilidade de aplicação do art. 215-A do
Código Penal na hipótese de estupro de vulnerável, porquanto a prática de conjunção carnal ou outro
ato libidinoso configura o crime previsto no art. 217-A do Código Penal, independentemente de
violência ou grave ameaça, bem como de eventual consentimento da vítima (AgRg no AREsp n.
1.361.865/MG, relatora Ministra LAURITA VAZ, Sexta Turma, DJe 1º/3/2019). - Ressalvado meu ponto de
vista quanto à possibilidade de desclassificação do tipo penal do art. 217-A para o do art. 215-A, ambos do
Código Penal, acompanho o entendimento de ambas as Turmas do Superior Tribunal de Justiça, no sentido
da impossibilidade de desclassificação, quando se tratar de vítima menor de 14 anos, concluindo-se ser
inaplicável o art. 215-A do CP para a hipótese fática de ato libidinoso diverso de conjunção carnal praticado
com menor de 14 anos, pois tal fato se amolda ao tipo penal do art.217-A do CP, devendo ser observado o
princípio da especialidade (AgRg nos EDcl no AREsp n. 1.225.717/RS, Relator Ministro JOEL ILAN
PACIORNIK, Quinta Turma, julgado em 21/2/2019, DJe 6/3/2019) - (AgRg no AREsp 1508273/SC, de
minha relatoria, Quinta Turma, DJe 12/9/2019). 3. A revisão da dosimetria da pena somente é possível em
situações excepcionais de manifesta ilegalidade ou abuso de poder, cujo reconhecimento ocorra de plano,
sem maiores incursões em aspectos circunstanciais ou fáticos e probatórios (HC n. 304.083/PR, Rel. Min.
FELIX FISCHER, Quinta Turma, DJe 12/3/2015).[...] (STJ: HC 553234 / SP, Rel. Min. REYNALDO
SOARES DA FONSECA, DJe 09/03/2020)
Para fatos anteriores classificados
como estupro (art. 213) é possível
desclassificar para o novo art. 215-A?
Discussão 
2. Em sendo os atos libidinosos diversos da conjunção carnal praticados mediante 
violência ou grave ameaça, tal como ocorreu na hipótese dos autos, conforme a
descrição da conduta apurada pelas instâncias ordinárias, é de ser reconhecida não a
figura tentada, mas, sim, a consumação do delito de estupro previsto no art. 213 do
Código Penal, sendo incabível, ainda, a desclassificação da conduta para a da
contravenção prevista no art. 61 do Decreto n.º 3.688/1941. 3. Insubsistente o pedido
subsidiário para a aplicação do art. 215-A do Código Penal - importunação sexual -,
trazido a lume com a edição da Lei n.º 13.718/2018, porquanto a conduta que se subsume à
moldura estabelecida no citado dispositivo legal pressupõe que o ato libidinoso contra
Vítima maior de 14 (quatorze) anos de idade tenha sido praticado, necessariamente, sem
violência ou grave ameaça, o que, conforme os trechos do aresto atacado antes

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