Buscar

Prova prática constitucional magna. Pdf

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

AÇÃO ORDINÁRIA
EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUÍZ(A) FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO
ESTADO SÃO PAULO
Maria Souza , brasileira, casada, servidora pública federal, RG nº 15.220.918 e CPF
nº 335.206.314-65, residente e domiciliada na rua dos tucanos, com fulcro no Art. 109, I, da
CRFB/88 c/c Art. 319 e seguintes do NCPC, vem, por seu advogado, infrafirmado, com
endereço profissional na Rua Das Aroeira, onde serão recebidas as intimações do feito,
propor a presente AÇÃO ORDINÁRIA COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA em
desfavor da UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO SÃO PAULO, autarquia federal,
pessoa jurídica de direito público, CNPJ nº 11.444.777/0001-88 com sede na rua Santo
Antônio, pelos fatos e fundamentos a seguir:
DOS FATOS
A Autora,Maria Souza, foi atacada em sala de aula por um dos seus alunos, Marcos Silva,
que, com um canivete em punho e, em meio a ameaças, exigiu que ela modificasse sua
nota que lhe foi atribuída em uma disciplina do curso de graduação. Nesse instante, com o
propósito de repelir a iminente agressão, a professora conseguiu desarmar e derrubar o
aluno, que, na queda, quebrou um braço.
Diante do ocorrido, foi instaurado Processo Administrativo Disciplinar (PAD), para apurar
eventual responsabilidade da professora. Ao mesmo tempo, ela foi denunciada pelo crime
de lesão corporal.
Na esfera criminal, ela foi absolvida, vez que restou provado ter agido em legítima defesa,
em decisão que transitou em julgado. O processo administrativo, entretanto, prosseguiu,
sem a citação da servidora, pois a Comissão nomeada entendeu que ela já tomara ciência
da instauração do procedimento por meio da imprensa e de outros servidores. Ao final, a
Comissão apresentou relatório pugnando pela condenação da servidora à pena de
demissão.
O PAD foi encaminhado à autoridade competente para a decisão final, que, sob o
fundamento de vinculação ao parecer emitido pela Comissão, aplicou a pena de demissão à
servidora, afirmando, ainda, que a esfera administrativa é autônoma em relação à criminal.
Em 10/04/2015, ela foi cientificada de sua demissão, por meio de publicação em Diário
Oficial, ocasião em que foi afastada de suas funções, e, em 10/09/2015, procurou seu
escritório para tomar as medidas judiciais cabíveis, informando, ainda, que, desde o
afastamento, está com sérias dificuldades financeiras, que a impedem, inclusive, de
suportar os custos do ajuizamento de uma demanda.
DO CABIMENTO
É cabível a propositura da presente ação sob o rito ordinário com fulcro no artigo 319 c/c
300 do NCPC, por se tratar de violação a direito da Autora.
DA TUTELA DE URGÊNCIA
O artigo 300 do Novo Código de Processo Civil define como requisitos para antecipação de
tutela a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
O perigo ou receio de dano irreparável (periculum in mora) resta demonstrado uma vez que
a Autora não está percebendo proventos em razão da sua demissão e, por conta disso,
passa por dificuldades financeiras.
A probabilidade do direito/verossimilhança das alegações (fumus boni iuris) está
consubstanciada na nulidade do PAD por ausência de citação, com flagrante violação aos
princípios do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa, capitulados no Art.
5º, LIV e LV da CRB/88 c/c Art. 143 da Lei nº 8.112/90, bem como pela inobservância do
fato de que a sentença penal absolutória transitada em julgado necessariamente vinculará o
conteúdo da decisão administrativa, nos termos do Art. 125 e 126 da Lei nº 8.112/90 c/c o
Art. 65 do CPP.
Logo, em razão dos vícios do PAD, ora apresentados, e do prejuízo/lesão sofrido pela
Autora em decorrência de sua demissão, imperiosa é a concessão da presente tutela de
urgência, com a determinação da reintegração da Autora ao cargo público, sem prejuízo do
direito ao pagamento dos salários atrasados e de todas as vantagens do cargo.
DO MÉRITO
● ● Primeiramente, o Art. 5º, inciso LIV e LV da CRFB/88 garante o direito ao
● devido processo legal, ao contraditório e a ampla defesa. Vejamos:
● ●
● ● LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido
● processo legal;
● ● LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados
● em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e
● recursos a ela inerentes;
No mesmo sentido, o Art. 143 c/c 161, §1º da Lei 8.112/90 estabelece que qualquer
procedimento administrativo destinado à apuração de eventual ato ilícito cometido pelo
servidor público, seja sindicância ou PAD, deve assegurar ao acusado a ampla defesa.
Vejamos:
● ○ Art. 143. A autoridade que tiver ciência de irregularidade no serviço
● público é obrigada a promover a sua apuração imediata, mediante
● sindicância ou processo administrativo disciplinar, assegurada ao
● acusado ampla defesa.
● ○ Art. 161. Tipificada a infração disciplinar, será formulada a indiciação
● do servidor, com a especificação dos fatos a ele imputados e das
● respectivas provas.
● ○ § 1o O indiciado será citado por mandado expedido pelo presidente
● da comissão para apresentar defesa escrita, no prazo de 10 (dez)
● dias, assegurando-se-lhe vista do processo na repartição.
Na situação apresentada, a Autora só foi cientificada, por meio de publicação em Diário
Oficial, após a sua demissão. Tal ato do Poder Público viola os princípios do devido
processo legal, do contraditório e da ampla defesa.
Outrossim, na hipótese de absolvição penal com fundamento em excludente de ilicitude,
como a legítima defesa, não há espaço para aplicação do resíduo administrativo (falta
residual), vez que constitui uma das hipóteses de mitigação ao princípio da independência
entre as instâncias, capitulado no Art. 2º da CF/88.
Ademais, a decisão proferida na esfera penal necessariamente vinculará o conteúdo da
decisão administrativa, nos termos do Art. 125 e 126 da Lei nº 8.112/90 c/c o Art. 65 do
CPP.
Assim, ante aos vícios do PAD, ora apresentados, imperioso é a anulação do ato
demissional, bem como a determinação da reintegração da servidora ao cargo público, sem
prejuízo do direito ao pagamento retroativo de todas as verbas e vantagens do cargo desde
a suspensão da sua remuneração, em razão da lesão patrimonial sofrida pelo não
recebimento dos vencimentos, na forma do Art. 28 da Lei nº 8.112/1990.
DOS PEDIDOS
Ante o exposto, requer:
1) a concessão da tutela de urgência para garantir a reintegração da servidora aos quadros
funcionais da autarquia federal, até a decisão final, com fulcro no Art. 9º c/c Art. 701 do
NCPC;
2) a citação do Réu para que, querendo, contestar o feito no prazo de lei;
3) a confirmação da tutela de urgência com a anulação do ato que resultou na demissão da
servidora e a condenação do Réu à reintegração da servidora aos quadros funcionais da
autarquia federal, bem como ao pagamento retroativo de todas as verbas e vantagens do
cargo a que a Autora faria jus se em exercício estivesse e a concessão da justiça gratuita
em razão das dificuldades financeira enfrentadas pela parte Autora, na forma da Lei nº
1.050/1960;
4) a produção de provas por todos os meios admitidos em direito e necessários a solução
da controvérsia, inclusive a juntada dos documentos anexos;
5) a condenação do Réu ao pagamento das custas processuais e aos honorários
advocatícios.
Dá-se à causa o valor de R$ (25.000).
São Paulo/ 22/04/2017
Jhulia Mendes
OAB:RS005490

Continue navegando