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1 - A consciência situacional [Unidade 2]

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A consciência situacional 
Definimos consciência situacional como saber o que está ocorrendo 
em nosso meio , baseando-se na ideia de modelos mentais para 
descrever o processo de percepção, entendimento e atitude dentro 
de uma situação. Podemos dizer que a consciência situacional está 
em seu auge quando uma pessoa é capaz de antecipar um problema 
que ocorrerá – ou permanecerá – em seu futuro imediato e é capaz 
de lidar com ele. A consciência situacional está diretamente ligada 
com a atenção e a memória operacional, por isso, sempre estamos 
lidando com uma capacidade limitada de ação. 
O significado de consciência situacional apareceu, em contexto 
informal, há mais de meio século. Contudo, foi a partir da década de 
1990, que passou a tornar-se parte da ciência da aviação. A principal 
crítica quanto ao conceito é a dificuldade de mesurá-lo, porém, 
depois que passou a ser levado em consideração, facilitou, em 
muito, a compreensão geral da situação da tripulação de voo. 
A avaliação situacional, processo pelo qual a consciência situacional 
é ativada, se dá em três níveis: perceber a situação (reconhecer o 
que está acontecendo); compreender a situação (entender o 
acontecimento como um todo); projetar a situação (projetar um 
cenário em antecedência, evitando as próximas ocorrências). O 
sucesso em cada estágio depende da eficácia do estágio anterior. 
A Autoridade Australiana de Aviação, em um documento oficial, 
declara que 80% dos acidentes de trabalho nas indústrias se dão 
pela falta da consciência situacional em sua prevenção. São comuns, 
depois desse tipo de acidente, frases como eu não percebi isso , 
eu estava tão ocupado cuidando de ou estávamos convencidos 
de que . 
Dentro do cenário da aviação, podemos dar o exemplo do Controlled 
Flight Into Terrain (CFIT), que é um acidente que ocorre quando as 
condições de aeronavegabilidade estão normais, mas o piloto colide 
com algum obstáculo, com a água ou com o solo. É um acidente 
arquetípico, causado pela perda da consciência situacional, mas 
pode ocorrer também devido à não realização dos procedimentos 
padrões ou de aproximações visuais ou por instrumentos que não 
geram dados precisos o suficiente. 
DEFINIÇÃO DA CONSCIÊNCIA SITUACIONAL 
Definida a consciência situacional como a percepção dos elementos 
de um ambiente, em um determinado tempo e espaço, e a projeção 
de seu estado futuro, explicaremos melhor sobre seus três níveis, 
sendo eles: 
 
// 1. A percepção dos elementos no ambiente 
O primeiro nível da consciência situacional é a percepção das 
características e elementos relevantes no ambiente. Um indivíduo 
precisa estar atento a alguns elementos, como outras aeronaves no 
pátio ou durante a navegação, o terreno, o sistema de dados da 
aeronave, as luzes de aviso dentro do cockpit etc. 
 
DICA 
Você precisa obter informações de várias fontes; não apenas 
de dentro da aeronave. Instrumentos, informações sobre 
combustível, estado do motor, bem-estar dos passageiros, 
clima e navegação são alguns dos aspectos que devem estar 
introjetados em um profissional de aeronáutica. 
// 2. Compreensão da atual situação 
Quando falamos de compreensão, não estamos nos referindo apenas 
ao entendimento superficial dos agentes que compõem um 
ambiente, mas também de todo potencial de ação que cada um 
deles têm. Por exemplo, durante uma corrida de decolagem, o piloto, 
ao perceber (nível 1) uma luz de alerta no painel que indica um 
problema na aeronave, precisa compreender rapidamente a 
seriedade do problema (nível 2), como também, o quanto de pista 
lhe resta, para que ele saiba se é uma ocasião na qual ele pode 
abortar a decolagem. Um piloto novo pode ter a mesma capacidade 
que um experiente para compreender o primeiro nível na 
consciência situacional, mas não será capaz de captar as várias 
informações e elementos na mesma velocidade que o outro, pois 
elas dependem da experiência que ele tem com esse tipo de 
situação. 
 
// 3. Projeção futura 
O terceiro e último nível da consciência situacional é a previsão, ou 
seja, a capacidade de antever um acidente que pode ocorrer em um 
futuro próximo e, dessa forma, se adaptar melhor aos riscos e 
desafios que determinada situação traz. Através da experiência 
acumulada e com base em treinamentos técnicos, a tripulação deve 
fazer projeções e antecipar os efeitos de seus atos. Isso significa 
estar à frente da aeronave. 
 
Gráfico 1. Níveis de consciência situacional. 
REQUISITOS DA CONSCIÊNCIA SITUACIONAL 
Com base nessa explicação, fica evidente a necessidade de exercer 
constantemente a consciência situacional para a elucidação dos 
elementos de um processo. Comentamos alguns problemas comuns 
que podem ocorrer durante a carreira de um piloto, mas é sempre 
bom deixar claro que cada ambiente operacional terá suas 
especificidades, e algo que funciona na aviação comercial pode 
muito bem não funcionar na aviação militar e vice-versa. 
Explicaremos de forma mais detalhada alguns dos elementos 
essenciais aos quais o piloto deve estar atento a seguir. 
 
FATORES INDIVIDUAIS QUE INFLUENCIAM A 
CONSCIÊNCIA SITUACIONAL 
Para que possamos entender os processos e fatores que influenciam 
o desenvolvimento da consciência situacional, foi criado um 
organograma que descreve fatores relevantes à consciência 
situacional. 
De modo geral, a consciência situacional na aviação é desafiada 
pelas limitações humanas de atenção e memória operacional. O 
desenvolvimento dessas capacidades, o direcionamento decisório e 
a automatização das funções através da experiência e treinamento 
são os principais mecanismos para ultrapassarmos essas limitações. 
A atenção no universo da aviação, o desenvolvimento da consciência 
situacional e o processo de decisão são limitados pela atenção e 
capacidade de memória operacional de cada um. É necessário que 
esses elementos sejam percebidos e processados pelo piloto para 
que ele possa tomar as decisões adequadas. 
 
É importante salientar que, devido aos complexos e dinâmicos 
ambientes da aviação, com suas sobrecargas de informações e 
tarefas difíceis, é comum que algum erro acabe passando pelo crivo 
do piloto, pois nossa capacidade de atenção é limitada. De acordo 
com os reportes de acidentes do NTSB (National Transportation 
Safety Board), uma consciência situacional pobre, resultada de 
problemas de atenção, constituem cerca de 31% dos acidentes 
ocasionados por erro humano. Para contornar esse problema, os 
pilotos empregam um processo de amostragem de informações, 
numa sequência rápida, ditada pela memória de longo prazo. 
Também é importante o uso da memória de curto prazo, para que o 
indivíduo consiga alterar seu foco de acordo com os objetivos e 
informações que recolhe. 
Contudo, nem sempre as pessoas têm uma amostragem otimizada 
da informação, resultando em falhas como: 
 1 
Formação de estratégias não otimizadas, baseadas em uma percepção 
errônea das propriedades dos elementos no ambiente; 
 2 
Dominância visual, que faz com que os pilotos negligenciem as 
informações obtidas através dos meios aurais (GPWS, TCAS etc.); 
 3 
Limitações da memória humana, as quais conduzem a lembranças 
imprecisas das propriedades estatísticas da amostragem. 
Adicionalmente a isso, na ocasião de uma sobrecarga de 
informações, os indivíduos podem entender que o processo de 
amostragem não é o suficiente ou eficiente. Nesse caso, ele pode 
escolher atender a uma determinada informação, negligenciando 
alguma outra (intencionalmente ou não). Caso o piloto esteja correto 
em sua escolha, tudo ocorrerá bem. Contudo, em muitas 
circunstâncias, quando há uma sobrecarga de informações, este não 
será o caso. 
O modo como a informação é recebida é diretamente afetado pelas 
memórias operacional e de longo prazo. O conhecimento das 
características de uma situação pode facilitar significativamente a 
percepção do piloto sobre algum dado. Esse tipo de conhecimento é 
obtido através da experiência, dotreino e de uma análise pré-voo. As 
preconcepções e expectativas sobre uma determinada informação 
podem influenciar a precisão e velocidade da percepção do indivíduo 
sobre ela. A experiência obtida por repetição permite que o indivíduo 
desenvolva adequadamente suas expectativas sobre os eventos 
futuros (nível 3). Os indivíduos conseguem processar mais 
rapidamente as informações se elas estiverem de acordo com suas 
expectativas. Contudo, serão mais propensos a cometerem um erro 
se estiverem errados. 
A capacidade de memória de operacional também pode atuar como 
limitadora da consciência situacional. Na ausência de outros 
mecanismos, grande parte de todo o processamento ativo de 
informações de um indivíduo ocorre na memória operacional, o que, 
em muitos casos, pode sobrecarregá-la. 
 
O segundo nível da consciência situacional envolve a compreensão 
do significado das informações que são percebidas – novas 
informações devem ser combinadas com o conhecimento existente. 
Tal processo, além de se tornar muito desgastante, pode levar a uma 
sobrecarga da memória operacional, diminuindo ainda mais a 
capacidade do indivíduo de adquirir novas informações. Ademais, as 
projeções futuras e as decisões subsequentes também são 
processadas da mesma forma. 
A prevenção de riscos impõe uma carga de trabalho muito grande 
para a memória operacional, exigindo a manutenção das atuais 
condições, das condições futuras, das regras usadas para gerá-las e 
das ações apropriadas para tal. Entretanto, pilotos experientes 
podem recorrer ao uso da memória de longo prazo, pois alguns 
desses conhecimentos foram concretizados por sua experiência. 
Mesmo assim, ela também possui uma capacidade de 
armazenamento limitada. 
Estes mecanismos proporcionam a integração e compreensão das 
informações, bem como a projeção de eventos futuros. Eles também 
permitem a tomada de decisões com base em informações 
incompletas e sob incerteza. Pilotos experientes frequentemente têm 
representações internas do sistema com o qual estão lidando – 
um modelo mental. 
Um modelo mental bem desenvolvido fornece: 
 1 
Conhecimento dos elementos do sistema que podem ser usados para 
direcionar a atenção e classificar as informações no processo de 
percepção; 
 2 
Um meio de integrar elementos, formando uma compreensão de seu 
significado; 
 3 
Um mecanismo para projetar estados futuros do sistema com base em 
seu estado atual e na compreensão de sua dinâmica. 
THREAT AND ERROR MANAGEMENT (TEM) 
 
O Threat and Error Management (TEM) é um protocolo introduzido na 
década de 1990, seguindo os regulamentos da EASA FCL, para o 
controle e gerenciamento de problemas na operação das aeronaves. 
Usando a teoria dos acidentes do professor James Reason, ele 
apresenta três elementos relevantes para a tripulação; as ameaças, 
os erros e os estados indesejáveis nas aeronaves, de forma que os 
dois primeiros levam ao terceiro. 
O foco do TEM não está em eliminar completamente todo erro na 
operação – ao contrário, ele parte da aceitação de que estes serão 
cometidos, e busca gerenciar da melhor forma suas consequências. 
THREAT AND ERROR MANAGEMENT (TEM) E A 
CONSCIÊNCIA SITUACIONAL 
 
Os três níveis da consciência situacional estão alinhados com o 
objetivo central do TEM: para que se evite uma ameaça, é necessário 
que possamos projetá-la com antecedência. Para que possamos 
capturar uma ameaça ou erro, é necessário que venhamos a 
entender a situação. Se não viermos a entender a situação, então, 
estaremos mais propensos a cometer um erro, que exija uma 
mitigação. A consciência situacional e a teoria do processamento da 
informação parecem ter muitos elementos em comum, sendo, de 
certa forma, intercambiáveis. Alguns preferem discutir questões 
baseando-se no primeiro, outros, no segundo. 
O processamento da informação começou como uma ferramenta 
teórica para nos auxiliar a explicar o fenômeno cognitivo. Por 
exemplo, o estudo da memória e da percepção, na teoria da 
consciência situacional, foi iniciado por profissionais que buscavam 
elucidar o processo de avaliação e compreensão de situações no 
mundo real, o qual, mais tarde, seria expandido pelos cientistas. Por 
essa razão, a consciência situacional se mostra muito prática e 
versátil para elucidar os processos iniciais de execução de uma 
tarefa (decisões a serem tomadas, performances etc.). É verdade 
que alguns instrutores substituem os estágios iniciais do 
processamento da informação pela consciência situacional, 
substituindo as partes posteriores por "a tomada de decisão" e 
elaborando um modelo simples para elucidar a tomada de decisões 
com base em uma boa consciência situacional. 
É importante reconhecer que todas as teorias (mesmo as 
cientificamente sustentáveis) não são fatos absolutos, mas meios 
para nos ajudar a compreender o mundo à nossa volta. Assim, não 
devemos nos tornar excessivamente focados na natureza exata dos 
vários modelos teóricos, mas usá-los para apoiar e explicar nossas 
aplicações práticas. 
APLICAÇÃO DA CONSCIÊNCIA SITUACIONAL 
 
A consciência situacional se resume no conhecimento que um piloto 
tem sobre o que está acontecendo a sua volta. Por exemplo, onde 
estamos geograficamente, qual a nossa orientação no espaço etc. 
Quase todos os estudos de caso têm elementos internos que podem 
ser explicados pela perda da consciência situacional ou atribuídos à 
sua degradação. Ao estudarmos um acidente, é sempre tentador 
atribuir sua causa à perda de consciência situacional ou a um nível 
insuficiente dela, mas é importante que não fiquemos presos nessa 
concepção. A consciência situacional perdida/reduzida é um 
termo que às vezes é vulgarmente utilizado, muitas vezes, sem 
analisar a ocorrência em profundidade. 
Na verdade, não é uma tarefa difícil identificar sobre o que a 
tripulação de um voo estava ou não ciente durante uma operação, 
contudo, o desafio é descobrir o porquê – determinar se as 
circunstâncias poderiam ter sido razoavelmente previstas. Muitas 
vezes, uma equipe perde a consciência situacional porque estava 
concentrada em outras coisas, por isso, é crucial analisarmos se a 
equipe tomou o curso de ação razoável na prevenção. 
Devemos lembrar que, se a tripulação for distraída de alguns 
elementos importantes, o tempo e o esforço que eles terão para 
desempenhar a ação corretamente tornarão baixos os processos de 
consciência situacional. Isso nos auxilia a explicar a perda, mas não 
nos auxilia a explicar o porquê das escolhas que eles tomaram. No 
que se refere à manutenção e atualização da consciência situacional 
geral, é importante que tenhamos o maior número de fontes de 
informação possível. Isto evita problemas causados por fontes não 
confiáveis ou erros na interpretação. Quando somos dependentes de 
uma única fonte, frequentemente ela pode se mostrar como falsa ou 
equivocada, tornando a nossa consciência situacional vulnerável. O 
exemplo abaixo ilustra adequadamente o problema; o piloto 
dependia unicamente de um VOR (que havia colocado 
erroneamente), e não usou outras fontes para que sua consciência 
situacional pudesse ser atualizada, como um mapa por exemplo. 
 
CITANDO 
Nesse exemplo, retirado do Flight-crew human factors 
handbook, da Autoridade Civil de Aviação inglesa, o piloto, 
que tinha como fonte de informação apenas seu VOR, acabou 
por perder o rumo de sua aeronave: 
"Para voltar antes de escurecer, decidi seguir um radial de 
VOR aproximadamente a sudeste para Bovingdon. Mas então, 
eu acidentalmente selecionei a frequência do VOR de 
Heathrow! O porquê de eu não ter verificado a frequência, eu 
nunca saberei. Meu próximo erro foi confiar totalmente no 
VOR (eu não tinha DME, então, estava apenas esperando a 
agulha do VOR). Eu devo ter olhado para o chão várias vezes, 
mas de alguma forma não calculei um problema; 
provavelmente eu estava focado em fazer um bom trabalho 
de buscar a radial (não sendo classificado pelo IMC). Se eu 
tivesse verificado no mapa,teria notado algo errado. 
Felizmente, antes de chegar muito perto de Heathrow, o 
tempo me atrapalhou um pouco, apesar de ter que me 
reorientar, eu reconheci o Wycombe Air Park abaixo e percebi 
que estava confuso! Eu consegui resolver isso e entrar antes 
de escurecer apenas. Muitas lições aprendidas e nenhum 
dano causado - graças a uma nuvem." (CIVIL AVIATION 
AUTHORITY, 2014, tradução livre). 
DESAFIOS PARA A CONSCIÊNCIA SITUACIONAL 
A seguir, citaremos alguns fatores que podem dificultar o 
desenvolvimento da consciência situacional em uma tripulação. 
Estresse: o estresse é a nossa resposta para condições ambientais 
desfavoráveis – é como o nosso corpo reage às demandas colocadas 
sobre ele. Podemos pegar como exemplo a tensão aplicada na usina 
elétrica, quando excede o fator de carga originalmente projetado 
para ela, levando ao enfraquecimento ou quebra do componente 
afetado. Desta mesma maneira, se são impostas demandas 
excessivas em uma tripulação, é possível que esta exceda a 
capacidade de atendê-las com desempenho. Isso resulta numa 
deterioração na capacidade do indivíduo em lidar com a situação, 
dando origem a respostas fisiológicas e psicológicas (mentais) que 
podem afetar o desempenho de toda a operação. 
O estresse físico ocorre quando as condições externas exercem 
pressão sobre os mecanismos homeostáticos do corpo ou, em casos 
extremos, os anulam. Estresse mental ocorre quando a demanda 
recebida excede a capacidade de percepção. Um indivíduo pode ser 
comparado de alguma forma a um balde – ele funciona bem, mas 
têm uma capacidade máxima de água que pode ser armazenada. 
Quando essa capacidade for excedida, o balde não aguentará mais e 
transbordará. Assim como os baldes vêm em diferentes formas e 
tamanhos, diferentes indivíduos têm diferentes capacidades e 
habilidades para lidar com a situação. 
O estresse em um ser humano pode ser definido como a resposta 
inespecífica do corpo às demandas colocadas sobre ele, sejam essas 
exigências agradáveis ou desagradáveis (CIVIL AVIATION 
AUTHORITY, 2014). Uma pressão, tensão ou força não resolvida, 
agindo sobre os sistemas mentais ou físicos do indivíduo, causará 
danos a eles. Assim, o estresse contínuo causa sintomas físicos, 
como insônia, perda de apetite, dor de cabeça, irritabilidade etc. 
O estímulo para o estresse é conhecido como estressor, que é a 
força que produz uma mudança no equilíbrio autorregulado entre o 
ambiente interno e externo do indivíduo. Esse estímulo exigirá uma 
resposta, que pode ser psicológica ou fisiológica, e essa resposta é o 
estresse. 
O estresse é uma parte inescapável da vida humana – é impossível 
viver sem experimentá-lo em algum grau, seja em casa, durante o 
trabalho ou no lazer. Além disso, uma quantidade ideal de estresse é 
necessária para que um indivíduo funcione eficientemente e realize 
uma determinada tarefa, como voar uma aeronave. 
 
Sobrecarga de estresse: fatores de estresse são cumulativos. 
Cada indivíduo tem um limite de estresse pessoal que, quando 
excedido, ocorre a sobrecarga, que pode resultar em uma 
incapacidade de lidar com o trabalho. Esse limite varia de pessoa 
para pessoa, pois é afetado por suas características fisiológicas e 
psicológicas. Por exemplo, alguns indivíduos têm a capacidade de 
desligar e relaxar, reduzindo assim os efeitos dos estressores. Outros 
não estão tão bem equipados, e o nível de estresse aumenta de 
forma inaceitável. Quando isso ocorre em pessoas que trabalham em 
um ambiente relacionado à segurança, como a tripulação de um voo, 
controladores de tráfego aéreo ou engenheiros de aeronaves, pode 
trazer sérios danos na operação em geral. 
Existe uma crença que diz que admitir sofrer de pressão é um sinal 
de fracasso na capacidade de atender às demandas do trabalho. Por 
causa disso, um indivíduo pode não reconhecer ou aceitar a 
existência emergente de sintomas relacionados ao estresse. A 
negação é uma tentativa de manter a autoestima, mas, uma vez que 
os sintomas são aparentes, mudanças comportamentais como 
agressão ou dependência de álcool podem acabar aparecendo. Tais 
atitudes levam a uma ação disciplinar, que poderia ter sido evitada 
se houvesse um reconhecimento precoce da situação em 
desenvolvimento e pela intervenção e apoio adequados. 
 
CURIOSIDADE 
Há muito tempo é uma cultura aceita na aviação que a 
tripulação de voo e outras pessoas devam ser capazes de 
lidar com qualquer pressão ou situação, e o treinamento é 
direcionado para o desenvolvimento dessa capacidade no 
indivíduo - a atitude "posso fazer". É muito importante que um 
profissional da aviação saiba lidar com o estresse, mas é 
necessário entender o limite entre uma pressão saudável e 
um problema sintomático. 
Ansiedade: a ansiedade cria a preocupação e, por sua vez, qualquer 
forma de preocupação pode levar ao estresse. A ansiedade é 
produzida quando um indivíduo sabe que não tem controle sobre os 
eventos, ou não tem o conhecimento necessário para lidar com eles. 
É particularmente prevalente em pessoas que, por uma razão ou 
outra, carecem de autoconfiança. Tal fator pode ser alterado 
aumentando o conhecimento e ganhando maior proficiência na 
operação de uma aeronave, exigindo maior dedicação ao estudo e 
treinamento de voo. O estado mental de um indivíduo influencia 
diretamente seu bem-estar – fatores psicológicos e emocionais como 
medo, raiva, frustração, preocupação e ansiedade podem, com o 
passar do tempo, afetar aspectos físicos. Estresse e ansiedade são 
parte inevitável da vida humana e, em pequenas quantidades, são 
necessários para obter um bom desempenho no trabalho. 
As pessoas respondem de diversas maneiras às cargas de alta 
tensão. Além dos efeitos sobre o comportamento, como a 
agressividade, irritabilidade ou a frustração, vários mecanismos 
psicológicos podem entrar em jogo na tentativa de lidar com a 
situação, como por exemplo: 
 
 
Quadro 1. Respostas ao estresse 
O estresse é frequentemente interpretado pelo cérebro como uma 
ameaça. Isso deriva de sua origem primitiva (quando, de fato, os 
seres humanos precisavam correr de animais na savana ou enfrentar 
invasores). Nessas situações, o organismo libera adrenalina 
(epinefrina), o que causa um aumento na pressão sanguínea, 
frequência cardíaca e uma respiração mais profunda. 
GERENCIAMENTO DE ESTRESSE 
 
No dia a dia, é inevitável que recebamos uma certa dose de 
estresse. Em determinadas situações, ele pode, inclusive, ser 
benéfico para o nosso desempenho, visto que é um fator de 
motivação. No entanto, a sobrecarga de estresse pode provocar o 
efeito contrário, de tal forma que é necessário encontrar uma 
maneira de reduzir seus efeitos. 
O primeiro passo para a redução do estresse, é reconhecer quando 
se está chegando ao seu limite normal; inevitavelmente, esta é uma 
avaliação pessoal baseada em uma compreensão de sua própria 
capacidade. Antes de voar, o indivíduo deve ter em consideração seu 
estado emocional e seu bem-estar, não apenas sua condição física. O 
treinamento de voo gera autoconfiança e um forte desejo de 
completar a tarefa em mãos. Mesmo assim, pilotar uma aeronave 
não é uma tarefa fácil, portanto, reconhecer e admitir quando seu 
limite está próximo de ser alcançado é essencial. A manutenção do 
bem-estar físico pode ajudar a desenvolver uma resistência ao 
estresse. 
As ações para lidar com o estresse incluem: 
 1 
Reconhecer os fatores que estão se combinando para 
causá-lo. Avalie a situação para ver quais deles estão 
presentes; 
 2 
Lidar com os fatores que podem ser removidos. Alguns 
deles podem ser resolvidos apenas por reconhecê-los 
pelo que são e, mentalmente, colocá-los de lado; 
 3 
Se o estresse está sendo produzido por sobrecarga, 
faça uma pausa para organizar uma lista de 
prioridades; 
 4 
Não permitir que problemas de baixa prioridade 
influenciem quando você não pretende lidar com eles. 
Em voo, siga os procedimentos operacionais padrão e 
use a checklist; 
 5 
Gerenciarseu tempo. Saber quanto dele é necessário 
para distribuir cada item ajuda a desenvolver um ciclo 
de atividade; 
 6 
Quando apropriado, delegar deveres e aprender a 
descarregar; 
 7 
Envolver outras pessoas. Comunicar e evitar o 
isolamento é uma forma eficaz de diminuir o número 
de estressores na equação; 
 8 
Em situações de estresse agudo, aprenda a 
reconhecer o que está ocorrendo. Descansar o físico e 
a mente pode ajudar a relaxar conscientemente os 
músculos sempre que estiver tenso ou estressado; 
 9 
Se a situação permitir, fazer uma pequena pausa 
ajuda refrescar ou relaxar. Em voo, entregue o 
controle a outro membro da tripulação quando for 
possível; 
 10 
A aptidão física parece tornar algumas pessoas mais 
resistentes ao estresse. Fazendo refeições 
balanceadas regulares e entregando-se a atividade 
física várias vezes por semana é importante para a 
saúde geral; 
 11 
Ser positivo e lidar com responsabilidades e 
problemas à medida que eles ocorrem. Evite adiar as 
coisas na esperança de que elas desapareçam; 
 12 
Reconhecer as próprias limitações e evitar o excesso 
de comprometimento; 
 13 
Finalmente, lembre-se de que o pensamento claro, 
livre de preocupações emocionais ou físicas, é 
essencial para planejamento de voo e sua condução 
segura. 
Os acidentes e incidentes em voo podem ocorrer porque os 
requisitos da tarefa excedem os recursos do piloto, e isso é ainda 
mais agravado quando os efeitos do estresse reduzem a capacidade 
de lidar com a situação. 
CARGA DE TRABALHO 
A carga de trabalho pode ser traduzida como a quantidade de 
esforço mental necessário e gasto para processar as informações. É 
uma área extremamente complexa (e contestada) dentro da ciência, 
tendo várias interpretações e definições diferentes. Está ligada 
muitas outras áreas cognitivas e do desempenho do humano, em 
particular, a atenção, a vigilância, a fadiga, as habilidades e as 
multitarefas. 
Em geral, está associada aos aumentos de erros, fadiga e baixo 
desempenho. Todas as operações conscientes (resolução de 
problemas, tomada de decisão, pensamento etc.) aumentam a carga 
de trabalho. A área hipotética do cérebro que lida com toda essa 
atividade é a memória operacional, sendo, junto da atenção, as 
chaves para o entendimento do conceito. Quanto mais atenção é 
usada, maior a carga de trabalho. 
A alta carga de trabalho aumenta, proporcionalmente, junto a quatro 
fatores: a dificuldade da tarefa, o número de tarefas sendo 
executadas em paralelo, o número de tarefas em série e o tempo 
disponível para cada uma. 
 
A alta carga de trabalho contribui para a fadiga. Um excesso de 
atividades, acompanhado de sentimentos de impotência, podem 
causar estresse. Todas essas coisas tornam o erro mais provável. Um 
efeito direto da alta carga de trabalho é o foco da 
atenção (também chamado de redução da atenção, cotização ou 
afunilamento). 
O foco de atenção é uma estratégia muito eficaz para maximizar a 
concentração em um problema ou ameaça. Por esse foco restrito, 
outros eventos e estímulos que normalmente desconcentrariam, não 
o fazem. Sendo assim, informações fora da tarefa podem ser 
perdidas. Embora tenha um efeito majoritariamente positivo, focar 
demais a atenção pode fazer com que sinais importantes sejam 
perdidos. 
Sob uma tarefa de alta prioridade, um piloto pode não ter a 
capacidade de avaliar outras áreas, problemas e alternativas. Para 
fazer algo além do planejamento, a atenção terá de ser desviada da 
tarefa principal. Além da relutância alterar o foco, tal fato também 
representa uma mudança total no procedimento. Quando toda a 
atenção está focada em um elemento da operação (como uma 
emergência), por consequência, a consciência situacional de outros 
aspectos e o quadro mais amplo sofrerão. A consciência situacional 
é, portanto, tão provável de ser perdida sob uma carga de trabalho 
muito baixa, quanto em uma alta. 
 
	DEFINIÇÃO DA CONSCIÊNCIA SITUACIONAL
	REQUISITOS DA CONSCIÊNCIA SITUACIONAL
	FATORES INDIVIDUAIS QUE INFLUENCIAM A CONSCIÊNCIA SITUACIONAL
	THREAT AND ERROR MANAGEMENT (TEM)
	THREAT AND ERROR MANAGEMENT (TEM) E A CONSCIÊNCIA SITUACIONAL
	APLICAÇÃO DA CONSCIÊNCIA SITUACIONAL
	DESAFIOS PARA A CONSCIÊNCIA SITUACIONAL
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