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Resenha - O MANEJO DA INTERPRETAÇÃO DE SONHOS NA PSICANÁLISE

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O MANEJO DA INTERPRETAÇÃO DE SONHOS NA PSICANÁLISE (1911) - Vol. XII 
 Nesse texto Freud não pretende tratar da técnica de interpretação de sonhos, nem dos métodos pelos 
quais os sonhos devem ser interpretados e nem mesmo do emprego dessas interpretações uma vez realizadas. 
Ele trata apenas a maneira pela qual deverá o analista utilizar a arte da interpretação de sonhos de seus 
pacientes no tratamento psicanalítico. 
 O autor acredita que há maneiras diferentes de trabalhar no assunto, embora não se constitui uma rotina. 
E adverte que apesar de haver mais de um bom caminho a ser trilhado, existem também maus caminhos. Daí a 
necessidade de esclarecer, através de apontar uma comparação entre os diversos métodos, embora ele não se 
filie a nenhum deles. 
 Para Freud, quem passar da interpretação de sonhos para a clínica analítica conservará o interesse no 
conteúdo dos sonhos e tenderá a interpretar inteiramente cada sonho do paciente. Contudo, cedo entrará em 
choque com as tarefas mais imediatas do tratamento porque o primeiro sonho poderá se mostrar adequado para 
a introdução das primeiras explicações, entretanto, outros sonhos aparecerão longos e obscuros cujo significado 
completo não poderá ser extraído no limitado período de um dia de trabalho. 
 Novos sonhos virão e terão de ser postos de lado, até que possa considerar o primeiro como finalmente 
solucionado. A produção de sonhos diante da compreensão tão hesitante do paciente poderá ser julgada pelo 
analista como manifestação da resistência do paciente, que se aproveita da descoberta de que o método é 
incapaz de dominar o que é assim apresentado. 
 Para Freud, a nossa atitude ao interpretar sonhos na análise deve ser aceita como suficiente e não se 
deve considerar prejuízo que o conteúdo do sonho não seja inteiramente descoberto. E a interpretação do sonho 
não deve ser retomada na sessão como coisa natural, até que se tenha tornado evidente que nada mais, nesse 
meio tempo, abriu caminho para o primeiro plano dos pensamentos do paciente. Ou seja, deve-se manter a regra 
de que a primeira coisa que vem à cabeça do paciente é a primeira coisa a ser tratada. 
 No caso de novos sonhos ocorrem, esses deverão ser atendidos sem constrangimento por negligenciar os 
mais antigos sonhos. Deve-se evitar demonstrar interesse muito especial na interpretação de sonhos, ou 
despertar no paciente a ideia de que o trabalho se interromperia se ele não apresentasse sonhos. Senão emergirá 
o perigo de a resistência ser dirigida para a produção de sonhos, fazendo-os cessar. Pelo contrário, o paciente 
deve ser levado a crer que a análise encontra material para sua continuação, independentemente de ele 
apresentar ou não sonhos, ou da atenção a eles dedicada. 
 Freud questiona se com tal atitude, não estaria abandonando material valioso que poderia lançar luz 
sobre o inconsciente, no caso da interpretação de sonhos só puder ser realizada sob tais restrições de método. 
Sua resposta a isto é que a perda de modo algum seria tão grande quanto poderia parecer a um exame 
superficial do assunto. 
 Em casos de neurose grave, o terapeuta, de imediato, deve reconhecer que quaisquer produções oníricas 
elaboradas devem, pela natureza das coisas, ser encaradas como incapazes de solução completa. Na tentativa de 
interpretar tal sonho, todas as resistências latentes, ainda intocadas, serão postas em atividade e logo 
estabelecerão um limite à sua compreensão. A interpretação completa deste sonho coincidirá com o término de 
toda a análise; se se tomar nota dele, no início, talvez seja possível compreendê-lo ao final, muitos meses mais 
tarde. É o mesmo que acontece com a elucidação de um sintoma isolado (o sintoma principal, talvez). É preciso 
a análise completa para explicá-lo; no decorrer do tratamento, temos de esforçar-nos por apreender primeiro 
este, depois aquele fragmento do significado do sintoma, um após outro, até que possam ser todos reunidos. 
Semelhantemente, não se pode esperar mais de um sonho que ocorre nos primeiros estádios da análise; temos 
de contentar-nos se a tentativa de interpretação traz à luz um único impulso patogênico de desejo. 
 Para Freud, descobre-se em exemplos de sonhos inteiramente analisados que diversas cenas sucessivas 
de um só sonho podem ter o mesmo conteúdo e também que diversos sonhos que ocorrem em uma mesma noite 
são tentativas, manifestadas sob várias formas, de representar um só significado. Todo impulso de desejo que 
cria hoje um sonho reaparecerá noutros sonhos, enquanto não tiver sido compreendido e retirado do domínio do 
inconsciente. Por isso, a melhor maneira de completar a interpretação de um sonho é abandoná-lo e dedicar a 
atenção a um sonho novo, que pode conter o mesmo material sob forma possivelmente mais acessível. 
 O autor adverte que a interpretação de sonhos não deve ser perseguida no tratamento analítico como arte 
pela arte, mas que seu manejo deve submeter-se àquelas regras técnicas que orientam a direção do tratamento 
como um todo. Eventualmente, pode-se agir de outra maneira e permitir um pouco de liberdade de ação ao 
próprio interesse teórico; mas deve-se sempre estar cônscio do que se está fazendo. 
 Para Freud, quando o terapeuta adquiri mais confiança em na compreensão do simbolismo onírico, ele 
não depende tanto das associações do paciente. Um intérprete onírico hábil por vezes poderá encontrar-se em 
posição de poder perscrutar cada um dos sonhos de um paciente, sem exigir que este passe pelo tedioso e 
demorado processo de elaborá-los. Para o autor, um analista desse tipo acha-se assim livre de qualquer conflito 
entre as exigências da interpretação de sonhos e as do tratamento. Além disso, ficará tentado a fazer pleno uso 
da interpretação de sonhos em toda ocasião, dizendo ao paciente tudo o que detectou em seus sonhos. 
 Para Freud, com esse tipo de postura, o terapeuta estará adotando um método de tratamento que se 
afasta do estabelecido. Os principiantes na clínica psicanalítica, de qualquer modo, são aconselhados a não 
tomarem este caso excepcional por modelo. 
 O autor afirma que todo analista se encontra na posição do intérprete de sonhos superior que estivemos 
imaginando, com referência aos primeiríssimos sonhos que os pacientes trazem, antes de terem aprendido algo 
da técnica de traduzi-los. Estes sonhos iniciais podem ser descritos como não refinados; revelam muito ao 
ouvinte, tal como os sonhos das chamadas pessoas sadias. 
 Para Freud o analista não deve traduzir para o paciente tudo o que lê neles com rapidez, porque quanto 
mais o paciente aprende da prática da interpretação de sonhos, mais obscuros, geralmente, se tornam seus 
sonhos posteriores. Todo o conhecimento adquirido sobre sonhos serve também para colocar em guarda o 
processo de construção onírica. 
 Para Freud, anotar cada sonho logo após acordar é uma regra supérflua, pois não surgirão associações no 
texto e o resultado será igual ao que haveria se o sonho não houvesse sido preservado. 
 Freud conclui o texto mencionando um tipo específico de sonho que, conforme o caso, ocorre apenas no 
decurso do tratamento psicanalítico e que pode desconcertar ou desorientar os principiantes. Trata-se dos 
sonhos corroborativos que ‘vão no rastro’. Eles são facilmente acessíveis à análise e sua tradução simplesmente 
apresenta o que o tratamento já inferiu do material das associações diárias. Quando isto acontece, é como se o 
paciente houvesse sido amável o bastante para trazer, sob forma onírica, exatamente o que lhe havíamos estado 
‘sugerindo’ pouco antes. O analista mais experiente achará sem dúvida difícil atribuir amabilidade desse tipo ao 
paciente; ele aceita tais sonhos como confirmações esperadas e reconhece que só são observados sob certas 
condições ocasionadas por influência do tratamento. A grande maioria dos sonhos antecipa-se à análise, de 
maneira que, após subtrair deles tudo que já é sabido e compreendido,resta ainda uma alusão mais ou menos 
clara a algo que até então estivera oculto.

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