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Autora: Profa. Najla Mahoumed Kamel
Colaboradora: Profa. Elizabeth Nantes Cavalcante
Psicologia Jurídica
Professora conteudista: Najla Mahoumed Kamel
Doutora e mestra em Psicologia Social pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IP/USP). Graduada 
em Letras pela USP e em Psicologia pela Universidade Paulista (UNIP). Possui especialização em Avaliação do Ensino 
Superior pela Universidade de Brasília (UnB) e em Ensino a Distância pela UNIP. É uma das autoras do livro Da cultura 
de provas para a cultura de avaliação e conteudista de livros-textos. Atualmente, é professora titular da UNIP.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
 K15p Kamel, Najla Mahoumed.
Psicologia Jurídica / Najla Mahoumed Kamel. – São Paulo: 
Editora Sol, 2021.
128 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230.
CDU 343.95
U511.01 – 21
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcello Vannini
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Deise Alcantara Carreiro – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Bruna Baldez
Sumário
Psicologia Jurídica
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................8
Unidade I
1 TEORIAS PSICOLÓGICAS ............................................................................................................................... 13
1.1 Psicanálise ............................................................................................................................................... 14
1.2 Behaviorismo ......................................................................................................................................... 18
1.3 Gestalt ....................................................................................................................................................... 20
1.4 Teoria do desenvolvimento psicossocial de Erikson ............................................................... 22
2 ÁREAS DE ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO JURÍDICO ................................................................................. 23
3 PSICOPATOLOGIA E PERSONALIDADE ..................................................................................................... 29
3.1 Psicopatologia ....................................................................................................................................... 29
3.2 Personalidade ......................................................................................................................................... 34
3.3 Transtornos de personalidade ......................................................................................................... 36
4 PSICOLOGIA DO TESTEMUNHO E VITIMOLOGIA ................................................................................. 39
4.1 Psicologia do testemunho ................................................................................................................ 39
4.2 Vitimologia .............................................................................................................................................. 41
Unidade II
5 A FAMÍLIA E A LEI ............................................................................................................................................ 48
5.1 Lei Maria da Penha .............................................................................................................................. 57
5.2 Feminicídio .............................................................................................................................................. 61
5.3 Violência ................................................................................................................................................... 63
5.4 Separações litigiosas e guarda dos filhos ................................................................................... 68
6 ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE ....................................................................................... 73
6.1 Adoção ...................................................................................................................................................... 77
6.2 Pedofilia e abuso sexual ..................................................................................................................... 83
6.3 O adolescente infrator........................................................................................................................ 87
Unidade III
7 CRIME E EXECUÇÃO PENAL ........................................................................................................................ 94
7.1 Crime: história e conceito ................................................................................................................. 94
7.2 Execução penal ....................................................................................................................................104
8 PERÍCIA PSICOLÓGICA E MEDIAÇÃO .....................................................................................................112
8.1 Perícia psicológica ..............................................................................................................................112
8.2 Métodos de solução de conflitos .................................................................................................114
7
APRESENTAÇÃO
O objetivo geral desta disciplina é apresentar aos alunos as noções mais importantes da área 
de psicologia, preparando-os para obter um conhecimento teórico que permita uma percepção 
interdisciplinar entre as questões psicológicas e jurídicas.
A partir desse conhecimento, busca-se propiciar a identificação e a descrição das várias competências 
e funções do psicólogo jurídico inserido nas diversas instituições jurídicas, como varas de família, varas 
da infância e juventude, varas especiais, conselhos tutelares, abrigos, prisões e delegacias.
A disciplina visa ainda possibilitar o reconhecimento dos elementos presentes nas medidas jurídicas 
sob o ponto de vista psicológico, com o intuito de discriminar suas causas e os possíveis efeitos na vida 
dos sujeitos envolvidos.
Os objetivos específicos são:
• Compreender a importância da psicologia para o futuro advogado nas relações com o seu cliente, 
com os juízes, com os promotores, com os seus interlocutores e nas relações humanas dos 
profissionais do direito.
• A partir do conteúdo teórico, discutir e analisar a prática jurídica no Brasil em suas diversas 
áreas: no sistema de justiça (penal, cível, família e sucessões e infância e juventude); no sistema 
prisional (prisões, hospital de custódia, acompanhamento de egressos); nos serviços e programas 
de atendimento à criança, ao adolescente e à família (conselhos municipais de direitosda criança 
e do adolescente, conselhos tutelares, abrigos temporários e famílias de apoio).
• Ter conhecimento da legislação nacional e suas implicações para a prática do psicólogo jurídico.
• Identificar as especificidades do atendimento em psicologia jurídica e diferenciá-lo do atendimento 
clínico tradicional.
• Conhecer as estratégias próprias de avaliação e intervenção com interface da psicologia e do direito.
• Reconhecer os limites da avaliação pericial dos comportamentos humanos inseridos em 
contextos jurídicos.
Primeiramente, será apresentada uma breve história do desenvolvimento da psicologia e algumas 
das teorias psicológicas; a descrição das áreas de atuação do psicólogo jurídico; a área da psicopatologia 
e os distúrbios de personalidade e, finalmente, os pressupostos da chamada psicologia do testemunho e 
da vitimologia. Em seguida, trataremos do tema da família, da criança e do adolescente. Finalizaremos 
com a história do crime e da execução penal, além da importância da perícia psicológica.
8
INTRODUÇÃO
A psicologia jurídica, enquanto área específica da psicologia como ciência, pode ser entendida como 
uma aplicação do conhecimento psicológico às questões relacionadas ao direito.
Nesse sentido, Leal (2008) (apud MESSA, 2010) mostra como ocorre essa aplicação apresentando 
uma tipologia de atuações:
• Psicologia criminal: inclui os aspectos psíquicos do criminoso e as ações criminosas.
• Psicologia judiciária: diz respeito à prática psicológica a serviço da justiça.
• Psicologia forense: insere-se no âmbito de um processo ou procedimento no foro.
No entanto, Sabaté (1980) (apud LAGO, 2009) estabelece três caminhos para a área psicojurídica:
• Psicologia do direito: explica a fundamentação psicológica do direito.
• Psicologia no direito: o foco está na estrutura das normas jurídicas, com o intuito de produzir 
ou evitar determinados comportamentos. Nesse caso, a psicologia seria uma disciplina aplicada 
e prática.
• Psicologia para o direito: nesse caso, a psicologia funciona como ciência auxiliar ao direito.
Cabe destacar que a primeira aproximação entre a psicologia e o direito ocorreu no final do século XIX, 
quando surgiu a psicologia do testemunho. Essa área da psicologia objetivou verificar a confiança 
do relato do sujeito envolvido em um processo jurídico, realizando uma análise de seus processos 
psicológicos. Posteriormente, veremos mais informações a esse respeito.
A partir do momento em que ambas as áreas se encontram, elas passam a compartilhar o mesmo 
objeto de estudo: o homem e seu comportamento.
Bock (2002) traz um questionamento sobre a diversidade de objetos de estudo da psicologia:
 
A diversidade de objetos da Psicologia é explicada pelo fato de este campo 
do conhecimento ter-se constituído como área do conhecimento científico 
só muito recentemente (final do século XIX), a despeito de existir há muito 
tempo na Filosofia enquanto preocupação humana. Esse fato é importante, 
já que a ciência se caracteriza pela exatidão de sua construção teórica, e, 
quando uma ciência é muito nova, ela não teve tempo ainda de apresentar 
teorias acabadas e definitivas, que permitam determinar com maior precisão 
seu objeto de estudo (BOCK, 2002, p. 21).
9
No entanto, a autora destaca a subjetividade (constituída de ideias, significados, emoções, 
afetos e comportamentos) como um estudo importante para que possamos entender o homem na 
sua totalidade:
 
Nossa matéria-prima, portanto, é o homem em todas as suas expressões, 
as visíveis (nosso comportamento) e as invisíveis (nossos sentimentos), as 
singularidades (porque somos o que somos) e as genéricas (porque somos 
todos assim) – é o homem-corpo, homem-pensamento, homem-afeto, 
homem-ação e tudo isso está sintetizado no termo subjetividade 
(BOCK, 2002, p. 23).
Psicologia e direito, dessa forma, contribuem para o entendimento de agentes comportamentais, 
sociais e individuais simultaneamente aos aspectos legais, com o intuito de classificar e julgar um 
comportamento no sistema jurídico.
Para Pinheiro (2016):
 
O fenômeno jurídico se define essencialmente como fenômeno de controle do 
comportamento social. Para Celso A. Pinheiro de Castro (2009), o controle 
atua como uma espécie de instrumento de integração. E essa integração se 
dá pela consciência de cada membro do grupo ou da imposição de um ou de 
vários membros desse mesmo grupo (PINHEIRO, 2016, p. 74).
Sobre os tipos de controle, Pinheiro (2016) destaca:
 
O controle se impõe ao comportamento humano e é aceito como instrumento 
capaz de garantir aos indivíduos a sobrevivência biossocial. Há formas de 
controle aceitas como naturais e certas. Há outras consideradas sagradas. 
Há outras exigidas como necessárias e sentidas como eficazes. O controle 
pode ser formal ou informal. A formalização do controle estampa-se na lei. 
O controle informal se expressa em usos, costumes e opinião pública. São 
padrões que se aplicam ao comportamento social em gradações diferentes 
(PINHEIRO, 2016, p. 75).
O objetivo dessa cooperação é a obtenção da verdade judicial, ajudando, por exemplo, na fase 
executória da pena.
De acordo com Serafim e Saffi (2014):
 
Ressalta-se que o estudo da psicologia no contexto do direito não se 
restringe exclusivamente ao comportamento decorrente de uma doença 
mental e com as causas da criminalidade, mas sim com o estudo das relações 
psicossociais enquanto fatores existentes na e da realidade social inerente a 
qualquer processo e espaço jurídico (SERAFIM; SAFFI, 2014, p. 10).
10
Ainda, segundo os autores:
 
Deve-se ressaltar que o operador do direito analisa o fato (a ação, a conduta, 
o comportamento) pautado no domínio da razão e do autocontrole. Para a 
psicologia, o comportamento e resposta, não necessariamente, é a causa, mas 
sim a consequência. Se o comportamento é resposta, algum fenômeno ou 
situação o provocou. Esse comportamento pode ser adequado, socialmente 
inadequado ou ilícito. Há de se investigar se há alguma interação no 
psiquismo do indivíduo que alterou a expressão do comportamento 
(SERAFIM; SAFFI, 2014, p. 11).
Dessa forma:
 
[...] depreende-se que o papel da psicologia em sua interface com o direito 
percorre a análise e interpretação da complexidade emocional e da estrutura 
da personalidade, as relações familiares e a repercussão desses aspectos na 
interação do indivíduo com o ambiente (SERAFIM; SAFFI, 2014, p. 12).
No Brasil, a primeira contratação e criação do cargo de psicólogo jurídico ocorreram em 1985. 
No entanto, antes desse reconhecimento, um grupo de psicólogos voluntários orientava pessoas 
encaminhadas do serviço social, principalmente para reestruturar questões familiares. Esse primeiro 
trabalho ocorreu no Tribunal de Justiça de São Paulo.
 Observação
A criação da Lei de Execução Penal (LEP), em 1984, permitiu que o cargo 
de psicólogo jurídico se tornasse oficial.
A partir da promulgação dessa lei (Lei Federal n. 7210/84), o psicólogo 
passou a ser reconhecido legalmente pela instituição penitenciária 
(FERNANDES, apud LAGO, 2009).
De acordo com Messa (2010):
 
O que se busca com a atuação e procedimentos do psicólogo, basicamente, 
é uma forma de auxiliar o juiz em seu poder decisório, protegendo os 
direitos das pessoas envolvidas (SILVA, 2003) e auxiliando na promoção do 
exercício da justiça nos seus pilares de igualdade, liberdade e fraternidade 
(MESSA, 2010, p. 3).
11
Segundo a mesma autora:
 
A Psicologia tenta abordar o percurso de vida de um indivíduo acusado 
como criminoso, e de todos os processos psicológicos que possam tê-lo 
motivado ao crime. Com a contribuição desses dados, descobre-se a causa 
dos distúrbios, sejam mentais, sociais ou comportamentais, o que permite 
atribuir uma pena justa, levando em conta que esses dados são específicos 
e assim devem ser tratados. Ainda na relação com a justiça, profissionais 
têm enfatizado a importância de demandas psicológicas encontradas 
em situações como de litígio, adoção, violência e disputa deguarda 
(MESSA, 2010, p. 4).
 Observação
Na atualidade, a psicologia tem sido aplicada em outras áreas 
profissionais, além do direito. Sua aplicação é prestigiada na área esportiva, 
na nutrição, na fisioterapia, na enfermagem, na estética e na publicidade.
13
PSICOLOGIA JURÍDICA
Unidade I
1 TEORIAS PSICOLÓGICAS
Figura 1 – Psicologia
A psicologia como área de conhecimento científico se desenvolveu por volta do século XIX. As suas 
primeiras descobertas ocorreram com a observação dos comportamentos observáveis e suas primeiras 
pesquisas foram feitas em laboratório. Inúmeras teorias foram surgindo com o objetivo de entender o 
comportamento humano.
 Saiba mais
Para aprofundar seus conhecimentos, leia:
MORRIS, C. G.; MAISTO, A. A. Introdução à Psicologia. 6. ed. São Paulo: 
Prentice Hall, 2004.
Para Serafim e Saffi (2014):
 
A psicologia contemporânea está interessada em uma enorme gama 
de tópicos, tais como o comportamento humano, o processo mental, 
o nível neural, e o nível cultural. Psicólogos estudam questões humanas 
que começam desde o nascimento e continuam até a morte (SERAFIM; 
SAFFI, 2014, p. 5).
14
Unidade I
Nos tópicos a seguir, vamos destacar quatro dessas teorias com o intuito de demonstrar como os 
seus conceitos podem ser aplicados na área do direito.
1.1 Psicanálise
Figura 2 – Freud
“Se fosse preciso concentrar numa palavra a descoberta freudiana, essa palavra seria incontestavelmente 
inconsciente” (BOCK, 2002, p. 70).
Freud era médico neurologista e, no final do século XIX, ao iniciar seus atendimentos com os primeiros 
pacientes percebeu que alguns deles apresentavam sintomas para os quais a medicina não tinha 
explicação. Eram pacientes, por exemplo, que tinham dores no corpo ou comportamentos estranhos 
que o procuravam muitas vezes pois, não encontraram cura pelos métodos convencionais da medicina.
Depois da Primeira Guerra Mundial, Freud passou a atender pessoas traumatizadas pelas cenas 
violentas da guerra e se questionava porque os seres humanos, que aparentemente deveriam buscar 
prazer, se envolviam em guerras. Ele, a partir disso, chegou à conclusão de que o ser humano obedecia 
inconscientemente a duas pulsões (energias psíquicas que direcionam as ações para um fim, são 
impulsos): a pulsão de vida e de morte. A pulsão de vida está ligada à sexualidade e à reprodução 
enquanto a de morte está ligada à agressividade e à destruição. Portanto, para a psicanálise, o ser 
humano busca repetir experiências prazerosas e também experiências desprazerosas numa tentativa de 
resolver um conflito inconsciente.
A partir disso, ele passa a ser defensor do conceito da existência de processos mentais inconscientes 
que passaram a ser o alicerce da psicanálise, teoria fundada por ele.
15
PSICOLOGIA JURÍDICA
O inconsciente é uma instância psíquica de emoções e sentimentos reprimidos da consciência por 
apresentarem um conteúdo insuportável e que por isso, eram reprimidos.
O inconsciente, segundo Bock (2002):
 
[...] exprime o “conjunto dos conteúdos não presentes no campo atual da 
consciência”. É constituído por conteúdos reprimidos, que não têm acesso 
aos sistemas pré-consciente/consciente, pela ação de censuras internas. 
Estes conteúdos podem ter sido conscientes, em algum momento, e ter sido 
reprimidos, isto é, “foram” para o inconsciente, ou podem ser genuinamente 
inconscientes. O inconsciente é um sistema do aparelho psíquico regido por 
leis próprias de funcionamento. Por exemplo, é atemporal, não existem as 
noções de passado e presente (BOCK, 2002, p. 74).
Para Freud, existem basicamente quatro maneiras como o inconsciente se manifesta, ou seja, quatro 
formações do inconsciente: os atos falhos (erros na fala, na memória, na escrita ou uma ação física), os 
sonhos, os chistes (piadas) e os sintomas. Essas maneiras são mecanismos do psiquismo responsáveis 
pela passagem de conteúdos inconscientes à consciência. Essa passagem é favorecida pelo estado 
emocional de forma disfarçada.
Mais tarde, no século XX, Freud apresenta a composição do aparelho psíquico, constituído por 
três instâncias:
• Id: é o núcleo primitivo da personalidade em que há o domínio dos instintos e impulsos primitivos. 
É uma parte menos acessível à personalidade, caracterizada por apresentar conteúdos sem lógica 
de organização ou juízo de valor. Constituído de conteúdos inconscientes, inatos ou adquiridos que 
buscam contínua gratificação, sob predominância do que Freud denominou de princípio do prazer, 
ou seja, nessa instância tudo é permitido, não há censura, algo sobre o qual não temos controle.
• Ego: responsável pelo contato do psiquismo com a realidade externa contendo elementos 
conscientes e inconscientes. Atua guiado pelo princípio da realidade. Essa instância faz a conciliação 
das reinvindicações do Id (sem controle) e do superego (controlador) com o mundo externo, 
harmonizando tais exigências. Diferentemente do Id, é uma instância controlada, realista e lógica.
• Superego: responsável pela formação dos ideais, é a força moral, a lei no inconsciente. Ele 
se forma pela internalização de regras sociais, valores, crenças e mecanismos de contenção. 
As contribuições mais importantes são para o seu desenvolvimento são incialmente os pais e 
posteriormente a sociedade. Falhas nesta estrutura podem gerar problemas de conduta. A partir 
dessa estruturação podemos dizer que quando o senso de realidade encontra-se prejudicado o 
indivíduo pode ser dominado pelo Id e pelo Superego, resultando em comportamentos criminosos 
e delitosos. Ao fazermos uma aplicação com a área do direito, podemos afirmar que a justiça atua 
como um superego externo exigindo o cumprimento de normas éticas e morais dos indivíduos.
16
Unidade I
 Observação
Para Freud, o ser humano, vivendo em sociedade, vive com sentimentos 
confusos, pois lida com as pulsões, a realidade, a consciência e o superego. 
Devido a essas pressões sociais, ele afirma que o ser humano “é um animal 
doente”. Essa confusão se expressa nas nossas doenças psíquicas.
Observamos, a partir do exposto, o quanto a sociedade é um fator determinante de problemas 
psíquicos. Diante desse fato, Freud nos traz um outro conceito importante: os mecanismos de defesa.
Os mecanismos de defesa são responsáveis por diminuir a angústia provocada pelos conflitos 
internos. A diminuição ocorre a partir de uma distorção da realidade para o indivíduo se adapte e 
enfrente situações estressantes pois, do contrário, ele enlouqueceria, ficaria doente. Sua utilização 
é normal (se forem utilizados em grau moderado, em que a pessoa oscila momentos de contato com a 
realidade) e não patológica. A seguir, destacamos alguns deles:
• Deslocamento: os sentimentos relacionados a uma memória são deslocados a um conteúdo 
psíquico substituto. Exemplo: diante de um evento estressante, a pessoa se embriaga ou se envolve 
em outra situação que alivie a tensão.
• Distração: a atenção é desfocada. Exemplo: assistir a uma aula focando a atenção em outros 
pensamentos.
• Fantasia: criação de um mundo próprio, imaginário. Exemplo: uma mulher fantasia o 
casamento perfeito.
• Identificação: mecanismo essencial no processo de desenvolvimento psicossexual garantindo 
a internalização de comportamentos e estabelecimento do juízo crítico. Exemplo: o adolescente 
que se comporta de acordo com o grupo.
• Negação da realidade: por exemplo, a pessoa que se recusa a acreditar na morte de um amigo.
• Racionalização: a pessoa busca apresentar uma explicação coerente, lógica e moralmente aceita 
para um comportamento, uma ideia ou um sentimento. Exemplo: a pessoa que explica não 
conseguir se estabilizar no trabalho por culpa dos chefes.
• Regressão: comum em pessoas que não assumem a responsabilidade ou consequência por seus 
atos. Exemplo: o adolescente que se comporta como uma criança quando deseja algo.
• Projeção: qualidades, sentimentos e desejos que são expulsos de si e localizados em outra 
coisa ou pessoa. Exemplo: quando a pessoa se queixaa respeito do comportamento de alguém. 
No entanto, ela própria gostaria de ter tal comportamento.
17
PSICOLOGIA JURÍDICA
• Idealização: o objeto é engrandecido e exaltado psiquicamente. Exemplo: a pessoa idealiza o 
trabalho perfeito ou vê a residência e o parceiro como perfeitos (eu ideal, eu real).
• Sublimação: é o mecanismo mais evoluído, de acordo com a psicanálise. Implica o desempenho de 
uma atividade humana que requer sua energia de pulsão sexual (sem relação com a sexualidade) 
para realização. Pode ocorrer em criações literárias, artísticas ou intelectuais.
Outra contribuição importante trazida por Freud diz respeito ao desenvolvimento da personalidade, 
que se dá através de estágios (determinados por estímulos internos e externos) psicossexuais. Os respectivos 
estágios são:
• Fase oral (até 1 ano de idade): o prazer deriva essencialmente da região da boca. Se houver 
fixação, podem ocorrer comportamentos de dependência, passividade e gula, vícios de fumar ou 
comer em excesso.
• Fase anal (de 1 a 3 anos): prazer oriundo da região anal. Se houver fixação, adultos demonstrarão 
comportamentos hostis, obstinação, mesquinhez e desafio.
• Fase fálica (de 3 a 6 anos): é a descoberta infantil de que os órgãos genitais proporcionam 
prazer e também a descoberta das diferenças sexuais. Nessa fase, ocorre o que Freud denominou 
de complexo de Édipo: a criança sente atração pelo progenitor do sexo oposto e se rivaliza com 
o progenitor do mesmo sexo. A superação ocorre a partir da identificação da criança com o 
progenitor de mesmo sexo, que resulta na identidade sexual. Nas meninas, é conhecido como 
complexo de Eletra.
• Fase de latência (de 6 a 12 anos): as necessidades sexuais saem de foco e a criança passa a se 
interessar por questões sociais: grupos de pessoas do mesmo sexo. Ocorre o fortalecimento do 
ego e do superego.
• Fase genital: da puberdade à maturidade. Os interesses sexuais estão centrados no próprio corpo 
e depois direcionados para outras pessoas.
De acordo com Cunha (apud LAGO, 2009), com o surgimento da psicanálise, o entendimento de 
doença mental passa a considerar o sujeito de forma mais compreensiva. Dessa forma, o enfoque médico 
incluiu o psicodiagnóstico, trazendo aspectos psicológicos para a análise.
 Observação
Inicialmente, a partir do surgimento da psicanálise, os pacientes 
passaram a ser classificados em duas categorias: de maior severidade, que 
eram internados e tratados por psiquiatras; e de menor severidade, tratados 
por psicólogos (ROVINSKI, apud LAGO, 2009).
18
Unidade I
 Saiba mais
Para saber mais sobre o tema, sugerimos a leitura a seguir:
FREUD, S. Fundamentos da clínica psicanalítica. Obras incompletas de 
Sigmund Freud. Autêntica, 2017.
1.2 Behaviorismo
Figura 3 – Skinner
Teoria psicológica conhecida como teoria de comportamento ou teoria comportamental. Seu principal 
representante é Skinner.
O behaviorismo é uma perspectiva comportamental do século XIX, influenciada pelas ciências 
biológicas e que estuda as interações entre o indivíduo e o ambiente. As respostas comportamentais 
estão ligadas a situações-estímulo.
Skinner traz o conceito de condicionamento operante, entendido como o princípio de aprendizagem 
do estímulo e da resposta e determina duas classes de comportamento:
• Condicionamento respondente incondicionado: é o comportamento denominado reflexo, 
involuntário e envolve a ação de componentes físicos do corpo, independe de uma aprendizagem 
anterior, é automático, é incondicionado devido ao estímulo. Exemplo: uma pessoa que fecha os 
olhos diante de uma luz forte dirigida a seus olhos.
• Condicionamento clássico: ocorre quando um estímulo neutro passa a ser um estímulo 
condicionado, ou seja, anteriormente não tem capacidade de produzir respostas específicas. 
19
PSICOLOGIA JURÍDICA
Essa classe de comportamento surgiu a partir de experiências realizadas com ratos em 
laboratório (caixa de Skinner). Com as experiências, Skinner observou que, se animais aprendem 
comportamentos que não fazem parte de sua natureza, o mesmo poderia ocorrer com os 
seres humanos.
Segundo Messa (2010):
 
O comportamento operante implica no aprendizado de uma resposta 
condicionada, controlada por suas consequências. Esse comportamento 
foi o foco do experimento denominado Caixa de Skinner. Nele, o rato em 
estado de privação é posto em uma caixa com uma alavanca acionadora 
de água. Com sede, o rato aprende a resposta de clicar na alavanca, 
baseado na resposta, que é liberação de água. Esse é o funcionamento do 
Condicionamento Operante (MESSA, 2010, p. 19).
O aprendizado de uma resposta condicionada passa a ser controlado por suas consequências, devido 
ao que o autor denominou de reforços ou estímulos. Para o behaviorismo, há dois tipos de reforço:
• Reforço positivo: é definido pelo resultado que produz no comportamento, ou seja, qualquer 
evento que promova o aumento da frequência de um comportamento. Ele é entendido como uma 
“recompensa” que aumenta a probabilidade de ocorrência de um comportamento. Exemplo: a 
delação premiada é um reforço positivo na legislação brasileira, pois é um benefício legal (reforço 
positivo) concedido a um réu em uma ação penal que aceite colaborar em uma investigação 
criminal ou entregar outras pessoas.
• Reforço negativo: é usado para aumentar a probabilidade de ocorrência de uma resposta que 
promova a extinção ou o afastamento de um evento aversivo. O negativo é usado para caracterizar 
o tipo de estímulo, e não o efeito no comportamento. Exemplo: um juiz, em vez de fazer uso da 
delação premiada (reforço positivo), pode garantir a colaboração do réu apresentando um reforço 
negativo (aumentar a pena do réu se ele não colaborar). Vale deixar claro que esse exemplo é 
apenas hipotético. O reforço negativo pode acontecer por duas vias:
— Fuga: a pessoa emite um comportamento que permite terminar com o evento aversivo.
— Evitação: o sujeito emite um comportamento para evitar a ocorrência de um evento aversivo.
A punição é usada para diminuir a frequência de um comportamento através da apresentação de um 
evento aversivo ou retirada de um evento positivo.
 Observação
Nem sempre a punição atinge seu objetivo de mudar um 
comportamento. Exemplo: punições de multas de trânsito.
20
Unidade I
 Observação
A propensão maior do ser humano é apresentar comportamentos que 
tenham consequências positivas e evitar as negativas.
1.3 Gestalt
Figura 4 – Figura e fundo
De acordo com Frazão (2013):
 
A Gestalt-terapia surge em meio à psicologia humanista, que traz para a 
psicologia uma nova visão de homem, significativamente diferente das 
disseminadas pela psicanálise e pelo behaviorismo – abordagens, na época, 
bastante deterministas. A psicologia humanista enfatiza a autorrealização 
por meio do desenvolvimento das potencialidades humanas de crescimento 
e criatividade. O homem se autodetermina, interage ativamente com seu 
ambiente, é livre e pode fazer escolhas, sendo responsável por elas no 
universo inter-relacional no qual vive, o que constitui um novo paradigma 
(FRAZÃO, 2013, p. 10).
 Saiba mais
Indicamos a leitura do livro a seguir:
FRAZÃO, L. M.; FUKUMITSU, K. O. (coautor). Gestalt-terapia: fundamentos 
epistemológicos e influências epistemológicas. Coleção Gestalt-terapia: 
fundamentos e práticas. São Paulo: Summus editorial, 2013.
21
PSICOLOGIA JURÍDICA
Ainda de acordo com o autor:
 
As abordagens humanistas, de forma geral e a Gestalt-terapia, em particular, 
enfatizam o crescimento e o desenvolvimento humanos, os quais são 
concebidos como processos que ocorrem ao longo da vida do indivíduo. 
A noção de fronteira de contato é uma das pedras angulares da Gestalt-terapia, 
razão pela qual Perls, Hefferline e Goodman, os criadores da abordagem, 
iniciam seu explanação teórica por esse conceito. […] Em Gestalt-terapia, a 
noção de campo inclui tanto organismo quanto meio (ou ambiente, como 
preferem alguns autores), sendo a fronteira de contato justamente o queune e separa o organismo e o meio nesse campo (FRAZÃO; FUKUMITSU, 
2014, p. 35).
 Saiba mais
Para saber mais, leia também:
FRAZÃO, L. M.; FUKUMITSU, K. O. (coautor). Gestalt-terapia: conceitos 
fundamentais. Coleção Gestalt-terapia: fundamentos e práticas. v. 2. São Paulo: 
Summus editorial, 2014.
A Gestalt é entendida como a teoria da forma, que tem como objetivo explicar como percebemos a 
nós mesmos, as outras pessoas e o ambiente em que vivemos. O todo de uma percepção é diferente da 
soma de suas partes, ou seja, a totalidade da percepção de um objeto ou de uma situação não se reduz 
à soma de suas partes.
Como salienta Bock (2002): “A Gestalt encontra nesses fenômenos da percepção as condições para a 
compreensão do comportamento humano. A maneira como percebemos um determinado estímulo irá 
desencadear nosso comportamento” (BOCK, 2002, p. 61).
A teoria estudou, dessa forma, o fenômeno denominado de ilusão de óptica. São imagens que 
enganam a nossa visão, fazendo-nos ver coisas que não estão presentes ou nos fazendo ver coisas de 
forma inadequada. Por exemplo: um filme é uma ilusão de óptica, pois é composto de imagens estáticas 
que parecem ter movimento quando são apresentadas rapidamente.
A Gestalt estudou a relação entre figura e fundo. A figura é constituída pelos aspectos da experiência 
eleitos como dominantes, sobressaindo ao fundo. O fundo é o panorama composto por experiências anteriores. 
Dessa forma, o ambiente é fator importante para uma percepção.
22
Unidade I
 Observação
Figura e fundo podem oscilar, de acordo com o que é salientado como 
relevante pelo psiquismo na situação.
De acordo com Messa (2010):
 
Um comportamento não deve ser somente analisado, e sim entendido 
de uma forma mais ampla, no contexto global de seu acontecimento. 
Nessa perspectiva, o indivíduo passa a ter consciência global da forma 
como funciona psiquicamente, exercendo influência sobre os próprios 
comportamentos. As situações são vivenciadas com a eleição de figura e 
fundo, que são respectivamente os aspectos mais significativos e os aspectos 
de menor relevância para o sujeito (MESSA, 2010, p. 14).
Veremos, posteriormente, o quanto essa teoria propiciou um entendimento de alguns distúrbios de 
percepção, muitas vezes relacionados ao uso de drogas ou a doenças mentais.
1.4 Teoria do desenvolvimento psicossocial de Erikson
Figura 5 – Eric Erikson
23
PSICOLOGIA JURÍDICA
Erikson era um psiquiatra alemão e construiu a teoria do desenvolvimento psicossocial pontuando 
o quanto o nosso desenvolvimento físico e psicológico é resultado da relação do indivíduo com o seu 
ambiente físico e social. A partir dessa relação, o ser humano necessita fazer diversas adaptações. Para 
explicar esse desenvolvimento, ele apresenta o que denominou de oito fases ou conflitos. As oito fases são:
• Confiança versus desconfiança: ocorre na fase inicial da infância, em que o bebê necessita do 
carinho e do cuidado da mãe. Dependendo dessa relação, a criança pode desenvolver confiança 
ou não. Se a confiança prevalecer, essa criança confiará nas pessoas e em si mesma.
• Autonomia versus vergonha e culpa: para essa fase ser eficaz, a criança deverá ter condições de 
explorar seu ambiente, e o papel dos pais é de impor certos limites. Essa imposição deve ser bem 
equilibrada para que a criança desenvolva sua autonomia.
• Iniciativa versus culpa: espera-se nessa fase que a criança, ao desempenhar papéis e querer 
desenvolver tarefas, desenvolva a iniciativa de agir.
• Diligência versus inferioridade: deve haver um equilíbrio de exigências dos pais para com a 
criança, para que ela não tenha sentimentos de inferioridade.
• Identidade versus confusão de identidade: esse conflito ocorre na fase da adolescência, e, se 
bem resolvida, o adolescente será capaz de obter respostas para os questionamentos de si mesmo.
• Intimidade versus isolamento: se a identidade se estabiliza, o indivíduo é capaz de ter experiências 
sexuais e afetivas com outras pessoas.
• Generatividade versus estagnação: corresponde à necessidade de o indivíduo transmitir 
experiências e valores, principalmente nos papéis de maternidade ou paternidade.
• Integridade versus desespero: fase que corresponde à terceira idade, caracterizada pela avaliação 
da própria vida. Algumas vezes, se essa avaliação for negativa, ela pode levar ao desespero. Para 
Erikson, é a fase final de desenvolvimento.
2 ÁREAS DE ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO JURÍDICO
São muitas as áreas em que o psicólogo jurídico pode atuar.
 Observação
O psicólogo pode recomendar soluções para os conflitos, porém não 
pode determinar os procedimentos jurídicos que deverão ser colocados em 
prática, pois essa determinação cabe ao juiz.
24
Unidade I
Optamos por apresentar a classificação de dois autores, Messa (2010) e Lago (2009), que resumimos 
a seguir:
• Direito de família
— Separação (litigiosa em que não são comuns o consenso para a separação, o psicólogo atua 
como mediador ou pode ser solicitado pelo juiz uma avaliação das partes do casal; disputa de 
guarda e regulamentação de visitas) e divórcio (englobam a partilha de bens; guarda de filhos; 
pensão alimentícia e direito à visitação).
 Lembrete
O psicólogo jurídico buscará os motivos que levaram o casal ao litígio e 
os conflitos subjacentes que impedem um acordo.
 Observação
O psicólogo jurídico poderá sugerir encaminhamento para o tratamento 
psicológico ou psiquiátrico.
— Regulamentação de visitas: o psicólogo contribui por meio de avaliações com a família, 
objetivando esclarecer os conflitos e informar ao juiz a dinâmica familiar, com sugestões 
de medidas que poderiam ser tomadas. Pode ainda atuar como mediador com o objetivo de 
produzir um acordo pautado na colaboração, de forma que a autonomia da vontade das partes 
seja preservada.
— Disputa de guarda: quem deterá a guarda. Em casos mais graves, podem ocorrer disputas 
judiciais pela guarda.
 Observação
Em caso de disputas graves, o juiz pode solicitar uma perícia psicológica.
 Lembrete
Para que a perícia psicológica seja eficiente nos casos de 
disputas judiciais de guarda, é necessário que o psicólogo jurídico 
tenha conhecimento sobre avaliação, psicopatologia, psicologia do 
desenvolvimento e psicodinâmica do casal. É igualmente importante 
entender sobre guarda compartilhada, falsas acusações de abuso sexual e 
síndrome de alienação parental.
25
PSICOLOGIA JURÍDICA
De acordo com Castro (apud LAGO, 2009), os pais que de alguma forma estabelecem os seus 
interesses e a vaidade pessoal acima do sofrimento dos filhos em uma disputa judicial de guarda, com 
o intuito de atingir ou magoar o ex-companheiro, mostram problemas para exercer a parentalidade de 
forma madura e responsável.
— Paternidade.
• Direito da criança e do adolescente
— Adoção: por meio de assessoria constante para as famílias adotivas tanto antes quanto depois 
da colocação da criança. A equipe técnica dos Juizados da Infância e da Juventude deve saber 
recrutar candidatos para as crianças Eles têm duas tarefas: garantir que os candidatos estejam 
dentro dos limites das disposições legais e iniciar um programa de trabalho com os postulantes 
aceitos (assessorar, informar e avaliar os interessados).
 Observação
Como a adoção é um vínculo irrevogável, o estudo psicossocial torna-se 
primordial para garantir o cumprimento da lei, prevenindo assim a 
negligência, o abuso, a rejeição ou a devolução.
 Lembrete
De acordo com Albornoz (apud LAGO, 2009), além do trabalho junto aos 
juizados, existe o trabalho junto às fundações de proteção especial, com 
o objetivo de oferecer um cuidado especial capaz de minorar os efeitos 
da institucionalização, proporcionando uma vivência que se aproxima da 
realidade familiar. Os vínculos estabelecidos com os monitores que cuidam 
delas são facilitadores do vínculo posterior na adoção.
— Destituição do poder familiar: o poder familiar é um direito concedido a ambos os pais, sem 
nenhuma distinção ou preferência; ainda que separados.Porém a legislação brasileira prevê 
casos em que esse direito pode ser suspenso. O papel do psicólogo é fundamental. Separar uma 
criança de sua família é muito sério, pois pode afetar a vida futura. Para Cesca (apud LAGO, 2009), 
independentemente da causa da remoção (doença, negligência, abandono, maus tratos, abuso 
sexual, ineficiência ou morte dos pais), a transferência da responsabilidade para estranhos 
jamais deve ser feita sem muita reflexão.
— Adolescentes autores de atos infracionais: o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) prevê 
medidas socioeducativas.
26
Unidade I
 Observação
As medidas socioeducativas, diferentemente do que muitas pessoas 
entendem, são medidas punitivas pelo fato de que responsabilizam 
socialmente os infratores e possuem aspectos educativos no sentido da 
proteção integral dando oportunidade de acesso à formação e à informação.
 Lembrete
O papel do psicólogo deve propiciar a superação da condição de 
exclusão do adolescente infrator, contribuindo com a formação de valores 
positivos de participação na vida social. Essa possibilidade se concretiza 
com o envolvimento da família e da comunidade com, por exemplo, 
atividades calcadas na não discriminação e não estigmatização, evitando 
o estabelecimento de rótulos. Dessa forma, o que se espera é o incentivo à 
inclusão social desse adolescente.
 Lembrete
Após a extinção da Fundação Estadual para o Bem-Estar do Menor 
(FEBEM), foram criadas duas instituições: a Fundação de Atendimento 
Socioeducativo (FASE) e a Fundação de Proteção Especial (FPE).
— Conselho tutelar.
— Criança e adolescente em situação de risco.
— Intervenção junto a crianças abrigadas.
• Direito civil: atua nos processos em que são requeridas indenizações em virtude de:
— Danos psíquicos: sequela na esfera emocional ou psicológica, de um fato particular 
traumatizante na vítima. Aqui, cabe ao psicólogo de posse de seu referencial teórico e 
instrumental técnico avaliar a real presença desse dano. Entretanto, o psicólogo deve estar 
atento a possíveis manipulações dos sintomas, já que está em suas mãos a recomendação ou 
não de um ressarcimento financeiro.
— Interdição: incapacidade de exercício por si mesmo dos atos da vida civil.
27
PSICOLOGIA JURÍDICA
— Código civil: casos em que, por enfermidade ou deficiência mental, os sujeitos de direito não 
tenham o necessário discernimento para a prática dos atos da vida civil. Cabe ao psicólogo 
nomeado perito pelo juiz realizar avaliação que comprove ou não tal enfermidade mental. 
À justiça interessa saber se a doença mental de que o paciente é portador o torna incapaz de 
reger sua pessoa e seus bens. As questões levantadas em um processo de interdição incluem: 
a validade, nulidade ou anulabilidade de negócios jurídicos, testamentos e casamentos. Além 
dessas, ficam prejudicadas a contratação de deveres e aquisição de direitos, a aptidão para 
o trabalho, a capacidade de testemunhar e a possibilidade de ele próprio assumir tutela ou 
curatela (administrar bens) de incapaz e exercer o poder familiar.
— Indenizações.
• Direito penal
— Perícia das condições de discernimento ou sanidade mental das partes em litígio ou 
em julgamento.
— Insanidade mental e crime.
— Delinquência.
 Observação
As avaliações psicológicas individualizadas, previstas em lei, são inviáveis 
nos presídios brasileiros em razão das superlotações, como proporcionar 
um tratamento penal (KOLKER, apud LAGO, 2009).
 Lembrete
Existe também o trabalho dos psicólogos junto aos doentes mentais 
que cometeram algum delito. Esses doentes receberam medidas de 
segurança, decretadas pelo juiz, que são encaminhadas para os Institutos 
Psiquiátricos Forenses (IPF), responsáveis por abrigar, realizar perícias 
oficiais e atendimento psiquiátrico à rede penitenciária.
• Direito do trabalho: perito em processos trabalhistas:
— Condições de trabalho.
— Repercussão na saúde mental do indivíduo.
— Indenizações.
28
Unidade I
• Psicologia do testemunho
— Estudo do testemunho.
— Falsas memórias.
• Psicologia penitenciária
— Penas alternativas.
— Intervenção junto ao preso.
— Assistência junto aos egresso.
— Trabalho com agentes de segurança.
• Psicologia policial e das forças armadas
— Seleção de profissionais da área.
— Formação da polícia civil e militar.
— Atendimento psicológico.
• Mediação
— Mediador nos contextos relacionados ao direito de família e penal.
• Direitos humanos
— Defendendo e promovendo os direitos humanos.
• Proteção a testemunhas
• Formação e atendimento aos juízes e promotores
— Avaliação psicológica na seleção dos profissionais.
— Consultoria.
— Atendimento psicológico.
29
PSICOLOGIA JURÍDICA
• Vitimologia
— Violência doméstica.
— Atendimento a vítimas de violência.
— Atendimento a familiares da vítima.
• Autópsia psicológica
— Análise de características psicológicas mediante informações de terceiros.
3 PSICOPATOLOGIA E PERSONALIDADE
3.1 Psicopatologia
Figura 6 – Psicose, neurose e perversão
Nossa legislação brasileira utiliza o termo “doença mental” no art. 26 do Código Penal, com o objetivo 
de estabelecer a inimputabilidade (não responsabilidade por um ilícito penal). Podemos observar que 
esse uso do termo da legislação, acompanha a visão da medicina que elabora a distinção, tal como o 
direito o faz, entre saúde e doença mental e de algumas teorias da psicologia que diferenciam a doença 
mental da normalidade.
Nesse sentido, a psicopatologia trata da ciência que estuda o ser humano em seus estados mentais 
patológicos. Esses estados patológicos apresentam quadros emocionais disfuncionais que geram 
sofrimento psíquico. Dessa forma, podem surgir os transtornos de personalidade, que frequentemente 
caracterizam-se pelo comprometimento de componentes psicológicos como, desvios das percepções, 
dos pensamentos, das sensações e das relações interpessoais de um indivíduo e os transtornos psíquicos. 
Ambos os transtornos serão retomados, mais adiante, com as devidas características.
30
Unidade I
Um questionamento, a destacar, quando mencionamos estados mentais ou comportamentos 
patológicos, é a dúvida entre o que é normal e o que é patológico no contexto da psicologia.
Bock (2011) nos traz uma definição pertinente a esse respeito:
 
O tema da normalidade é algo que ocupa desde sempre o ser humano. [...]. 
Para isso, uma das referências é a Psicanálise, para qual a diferença entre o 
normal e o patológico é uma questão de grau. Ou seja, a estrutura psíquica 
do indivíduo formada desde antes do nascimento é a mesma, qualquer 
que seja o diagnóstico de seu estado (“normal” ou “patológico”), e o que 
diferencia esses estados é a intensidade, a frequência do comportamento/
sentimento/ideias e o grau de sofrimento que implica para o indivíduo ou 
de desconforto e preocupação que suscita em seus graus de convivência. 
Dois exemplos recorrentes para esclarecer isso: é comum, nos tempos 
atuais, a preocupação com a segurança pessoal e do patrimônio, portanto, 
espera-se que as pessoas, ao saírem de casa, verifiquem se trancaram a porta. 
Contudo, se alguém retorna três ou quatro vezes para verificar se a casa está 
fechada, já nos chama a atenção [...]. Outro exemplo frequente é a “mania 
de limpeza”, algo valorizado pela importância atribuída à higiene que está 
relacionada à saúde, no mundo moderno; contudo, se a pessoa desenvolve 
um comportamento extremamente rígido e, por exemplo, lava as mãos toda 
vez que toca um objeto [...] (BOCK, 2011, p. 32).
Ainda, de acordo com a autora:
 
A abordagem psicológica encara os sintomas e, portanto, a doença mental 
como desorganização da vida subjetiva da pessoa. Essa desorganização 
pode ocorrer a partir da interdependência entre acontecimentos crônicos 
ou excepcionais (traumáticos) no mundo físico e social – precariedade 
de condições de vida, riscos iminentes de catástrofes, perda de um ente 
muito querido – e as condições de constituição de sua subjetividade. Nesse 
sentido, é importante considerar que asubjetividade refere-se ao sujeito em 
sua totalidade: seu corpo físico, seu funcionamento orgânico, psicológico e 
seu lugar social (BOCK, 2011, p. 36).
Com relação a essa diferenciação, Messa (2010) afirma:
 
As perturbações do processo psíquico ou as falhas que acometem as 
funções mentais podem comprometer o processo de memória, registro, 
reconhecimento e testemunho. Por isso, torna-se essencial a compreensão 
de tais aspectos. As funções mais afetadas nos transtornos psico-orgânicos 
são a consciência, atenção (também nos quadros afetivos), orientação, 
memória, inteligência e linguagem. Nos transtornos afetivos, neuróticos 
e de personalidade, as funções mais afetadas são afetividade, vontade, 
31
PSICOLOGIA JURÍDICA
psicomotricidade e personalidade e nos transtornos psicóticos são a 
sensopercepção, pensamento, vivência do tempo e do espaço, juízo da 
realidade, vivências do eu (MESSA, 2010, p. 25).
No entanto, a diferenciação entre doença e saúde mental encontra seus críticos.
 Lembrete
Dois grandes críticos da psiquiatria merecem ser citados nesse contexto: 
Michel Foucault e Franco Basaglia, que criou a Antipsiquiatria, um movimento 
que no Brasil está sendo fundamental na transformação dos “manicômios” 
em clínicas especializadas, nas quais se procura respeitar o doente.
Do ponto de vista da psicanálise, Freud contribuiu para o estudo das doenças mentais, classificando-as 
em três estruturas: neurose, psicose e perversão. Para ele, esses tipos de estruturas aparecem em 
decorrência das diferentes maneiras que o indivíduo se posiciona diante da lei e do desejo.
 Saiba mais
Leia mais em:
FREUD, S. Neurose, psicose, perversão. Obras incompletas de Sigmund 
Freud. Autêntica, 2016.
Apenas para ilustrarmos as características dessas estruturas trazidas pela psicanálise, vamos 
apresentá-las a seguir.
Neurose
O indivíduo tem plena consciência de suas ações, mas não consegue controlá-los. São distúrbios mais 
leves, com poucas distorções da realidade, porém geram angústia e inibições. É tratada principalmente 
por psicólogos, com a aplicação de diferentes métodos. Existe a psicoterapia e vários remédios para 
aliviar os sintomas. Medicamentos contra a depressão e a ansiedade ajudam a pessoa, e alguns remédios 
pode elevar a sensação de autoestima. Seus principais sintomas são:
• Insatisfação geral.
• Excesso de mentiras (mitomania).
• Manias.
32
Unidade I
• Problemas com o sexo.
• Depressão.
• Síndrome do pânico.
 Observação
Segundo a psicanálise, a maioria das pessoas é afetada pela neurose 
de alguma forma.
Sua classificação engloba:
• Neurose obsessiva: são as denominadas pessoas “certinhas”. Por exemplo, no contexto jurídico, 
seriam as pessoas que tendem a obedecer cegamente à lei, permanecendo nos limites das normas 
sociais. Nesse sentido, a repetição de certos comportamentos seria explicada pelo conflito entre a 
obediência à lei e o desejo de não obedecer.
• Neurose histérica: diz respeito às pessoas que são extremamente emotivas. Essas pessoas, 
inconscientemente, têm a necessidade de serem chamadas à ordem. O indivíduo apresenta 
insatisfação generalizada, atos de rebeldia e falta de concentração.
• Neurose de angústia: sua principal característica é a fobia causada por objetos. Levando em 
consideração a psicanálise, o que causa a neurose de angústia é o medo de castração e o medo da 
sexualidade, que pode manifestar-se na adolescência.
• Neurose fóbica: relacionada ao medo de determinados lugares, objetos ou situações, tornando o 
indivíduo inseguro e com sensação de evitamento.
De acordo com Pinheiro (2016), há de se considerar a diferença entre uma pessoa neurótica e um 
delinquente neurótico:
 
Na delinquência neurótica, a conduta criminosa é tida como manifestação 
dos conflitos internos do sujeito. Ele atualiza em sua ação antissocial os 
seus conflitos psíquicos. É o que se chama de delinquência sintomática. 
Nesse sentido, é importante diferenciar os padrões desenvolvidos por uma 
pessoa de personalidade neurótica daquele portador de personalidade dita 
delinquente. Na neurose, o conflito é interno, já na personalidade delinquente, 
pelo menos aparentemente, não existe nenhum conflito interno. Na neurose, 
a agressividade é voltada para o próprio indivíduo, enquanto, na personalidade 
delinquente, a agressividade é voltada para o social. Na neurose, o sujeito 
tem gratificação por meio de suas próprias fantasias e sublimações, já a 
personalidade delinquente necessita aliviar suas tensões internas por meio 
de ações criminosas (PINHEIRO, 2016, p. 127).
33
PSICOLOGIA JURÍDICA
Psicose
Aqui, o indivíduo não apresenta consciência dos seus atos perdendo a noção da realidade. Nesse caso 
não há uma cura definitiva. A psicose é marcada por fase de delírios (realidade percebida como falsa, 
crença de conspiração contra a pessoa, algumas delas se julgam Deus) e alucinações (ouve vozes, tem 
visões, acredita que fontes externas controlam seus pensamentos). Exemplos desse distúrbio englobam 
a esquizofrenia, o transtorno bipolar, a paranoia e o autismo. Vejamos algumas características:
• Esquizofrenia: a pessoa apresenta uma fala confusa e distorcida, dificuldade de se relacionar 
com o mundo e outras pessoas.
• Transtorno bipolar: a pessoa vive fases alternadas de euforia e de melancolia.
• Paranoia: a pessoa apresenta um quadro delirante, pode ter a ilusão de ser perseguido ou 
apresentar algum delírio de grandeza.
• Autismo: é um distúrbio grave que prejudica a capacidade do indivíduo de se comunicar, de 
interagir. A pessoa pode apresentar interesse obsessivos e comportamentos repetitivos.
 Observação
No autismo, a gravidade dos sintomas pode variar.
Aqui, cabe novamente a diferenciação de Pinheiro (2016) com relação à delinquência:
 
A delinquência psicótica consiste na prática delitiva em função de um 
tratamento mental. Nesse sentido, temos que diversas psicopatologias 
– esquizofrenia, psicose, depressão, etc. – podem levar o indivíduo a um 
comportamento delitivo. [...] O que torna a delinquência psicótica um problema 
para a sociedade é a possibilidade de que o ato delituoso se repita [...] 
(PINHEIRO, 2016, p. 126).
Perversão
Na psicanálise, o termo diz respeito a quem busca satisfação sexual além dos limites “normais”. São 
pessoas que têm dificuldade de seguir as leis.
34
Unidade I
3.2 Personalidade
Figura 7 – Distúrbios de personalidade
Há várias teorias explicando de que forma se desenvolve a personalidade. No entanto, privilegiamos 
o enfoque de alguns conceitos em detrimento de outros. Porém, há de se destacar que a escolha foi 
puramente intuitiva e que existem outros conceitos importantes.
De acordo com Fonseca (2018):
 
A criança recebe um nome social ao nascer. Ela passa do campo do inominado 
para o terreno do nominado. O inominado corresponde à essência, enquanto 
o nominado corresponde ao corpo (biológico) e ao psíquico (matriz de 
identidade/personalidade) (FONSECA, 2018, p. 31).
Ainda, segundo o autor:
 
[...] levei em conta, além da essência, os componentes genético-hereditários 
e psicossociológicos na constituição da personalidade. Esses elementos estão 
contemplados na teoria de papéis de Moreno. Para ele, os papéis dão origem 
à personalidade e não ao contrário, como se poderia pensar. Ele elenca 
três tipos de papéis nesse processo constitutivo: os papéis psicossomáticos 
(como os de respirador, ingeridor, defecador, urinador, dormidor etc.), 
os papéis psicológicos, que correspondem ao mundo imaginário ou da 
fantasia, e os papéis sociais, que promovem a ponte psicológica da criança 
35
PSICOLOGIA JURÍDICA
entre a fantasia e a realidade social. No exercício desses papéis ela realiza o 
“aprendizado” do dentro-fora, da fantasia-realidade, da relação-separação 
(FONSECA, 2018, p. 23).
 Saiba mais
Para aprofundar o assunto, leia:
FONSECA, J. Essência e personalidade: elementos de psicologia 
relacional. São Paulo: Ágora, 2018.
Segundo Friedman e Schustack (2004):
 
A psicologia da personalidadepode ser definida como o estudo científico 
das forças psicológicas que tornam as pessoas únicas. Para sermos mais 
abrangentes, poderíamos dizer que a personalidade tem oito aspectos 
principais, que, reunidos, ajudam-nos a compreender a natureza complexa 
do indivíduo. Primeiramente, esse indivíduo é influenciado por aspectos 
inconscientes, forças que não estão na consciência imediata. Por exemplo, 
poderíamos dizer ou fazer coisas para outras pessoas que nossos pais 
costumavam dizer ou fazer para nós, sem dar conta de estarmos sendo 
motivados pelo desejo de ser semelhantes a eles. Em segundo lugar, o 
indivíduo é influenciado pelas chamadas forças do ego, que oferecem um 
sentimento de identidade ou self. Por exemplo, na maioria das vezes, nos 
esforçamos por manter um senso de domínio e consistência em nosso 
comportamento. Em terceiro lugar, uma pessoa é um ser biológico, com uma 
única natureza genética, física, fisiológica e temperamental. [...] Em quarto 
lugar as pessoas são condicionadas e modeladas pelas experiências e pelo 
ambiente à sua volta, às vezes, nos ensinam a responder de determinada 
forma, possibilitando nosso crescimento em diversas culturas. A cultura 
é um aspecto fundamental na determinação de quem somos. Em quinto 
lugar, as pessoas têm uma dimensão cognitiva. Elas pensam e interpretam 
ativamente o mundo a seu redor. Diferentes pessoas interpretam os 
acontecimentos à sua volta de maneira também única. Em sexto lugar, um 
indivíduo é um conjunto de traços, habilidades e predisposições específicas. 
Não há como negar que cada um de nós tem determinadas capacidades e 
inclinações. Em sétimo lugar, os seres humanos têm uma dimensão espiritual 
em relação à própria vida, que os enobrece e os induz a ponderar sobre o 
significado de sua existência. As pessoas não são meros robôs programados 
por computador. Elas buscam a felicidade e a autossatisfação. Em oitavo 
lugar, e finalmente, a natureza do indivíduo é uma interação contínua entre 
a pessoa e determinado ambiente (FRIEDMAN; SCHUSTACK, 2004, p. 2).
36
Unidade I
Se observarmos o conceito de personalidade trazido por Friedman e Schustack, ele descreve o 
desenvolvimento da personalidade de um indivíduo entendido como um ser biopsicossocial.
 Saiba mais
Leia mais em:
FRIEDMAN, H. S.; SCHUSTACK, M. W. Teorias da personalidade: da teoria 
clássica à pesquisa moderna. 2. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2004.
3.3 Transtornos de personalidade
Figura 8 – Transtornos da mente
Para um breve conhecimento dos tipos de transtorno, faremos um relato com as principais 
características de cada um deles:
 Lembrete
A classificação apresentada leva em consideração a tipologia utilizada 
por Messa (2010).
• Personalidade paranoica: sentimento de desconfiança e perseguição, apresentando um 
comportamento de ataque como forma de defesa.
• Personalidade esquizoide: incapacidade de expressar sentimentos, perceber e considerar os 
sentimentos de outras pessoas, apresentando um comportamento reservado e introspectivo.
• Personalidade psicopata: são indivíduos que apresentam uma moral egoísta e baixa tolerância 
à frustração. Apresenta comportamentos que transgridem as leis e as regras sociais sem 
arrependimento.
37
PSICOLOGIA JURÍDICA
• Personalidade histriônica: apresenta comportamentos afetivos superficiais, teatralidade e 
dramatização, com estado emocional oscilante.
• Personalidade obsessiva: são pessoas perfeccionistas e repetitivas, não apreciam inovações, pois 
possuem uma conduta rígida.
• Personalidade borderline: apresenta relações precárias e conflituosas, instabilidade emocional e 
comportamento impulsivo e imprevisível, sem considerar as consequências.
• Personalidade ansiosa: apresenta baixa autoestima e não aceita críticas, com grande necessidade 
de ser aceito. Tem comportamento hesitante e dificuldade de estabelecer relações.
• Personalidade dependente: apresenta comportamento dependente e passivo, sentimento de 
desamparo e dificuldade de tomar decisões.
• Personalidade depressiva: é uma pessoa retraída e insegura, apresentando sentimento de 
tristeza e desânimo.
 Lembrete
Geralmente, as personalidades patológicas podem apresentar 
comportamentos depressivos.
• Personalidade narcísica: a pessoa necessita ser admirada e tem necessidade de que suas 
características sejam ressaltadas. Tem dificuldades de aceitar críticas.
 Observação
Existem os chamados transtornos mistos de personalidade, que 
apresentam sintomas e características de vários transtornos.
Entre os transtornos psíquicos, destacam-se:
• Transtorno de ansiedade: é uma ansiedade crônica e desproporcional, apresentando medos 
excessivos de doenças e acidentes.
• Agorafobia: medo de sair de casa, de multidões e locais públicos.
• Fobia social: medo de contextos sociais.
• Síndrome do pânico: apresenta momentos de intensa ansiedade, medo e desconforto.
38
Unidade I
• Transtorno obsessivo-compulsivo: conhecido como TOC, apresentando comportamentos 
ritualísticos, objetivando reduzir a ansiedade.
• Transtorno de estresse pós-traumático: são sintomas que surgem após a exposição a 
eventos estressores.
• Transtorno dissociativo: a pessoa apresenta comportamentos e atitudes contraditórias.
• Histeria de conversão: aparecem sintomas corporais como paralisias, anestesias, analgesias, 
cegueira, perda de fala, dificuldades motoras.
• Histeria dissociativa: ocorrem alterações de consciência, memória, ilusões e alucinações.
• Transtorno depressivo: apresenta sintomas relacionados a experiências de perda, com influências 
de componentes biológicos e neuroquímicos.
 Observação
O transtorno obsessivo pode ser induzido por substância ou 
condição médica.
• Ciclotimia: observa-se instabilidade do humor, com períodos de depressão com leves melhoras.
• Distimia: caracterizado por rebaixamento contínuo de humor, que pode durar por um longo tempo.
• Transtorno bipolar: a pessoa apresenta alteração de humor e comportamento com momentos 
de mania, hipomania e depressão.
• Transtorno factício: conhecido como síndrome de Munchausen, a pessoa provoca ou simula 
sintomas de doenças de forma compulsiva através de mentiras (patológicas) e conscientes.
• Síndrome de Estocolmo: aparece em vítimas de situações traumáticas que acreditam ter 
desenvolvido um vínculo afetivo com o criminoso. Apresentam dificuldades em denunciá-lo, 
chegando a negar a agressão.
• Parafilia: a pessoa é definida dessa forma por apresentar comportamentos sexuais com práticas 
e padrões sexuais particulares e lesivos ao indivíduo e aos parceiros.
• Exibicionismo: a pessoa expõe os órgãos genitais ou realiza masturbação a estranhos com o 
objetivo de chocar o observador.
• Voyeurismo: compulsão em observar pessoas nuas.
39
PSICOLOGIA JURÍDICA
• Pedofilia: desejo sexual por crianças.
• Drogadição e abuso: dependência de álcool e outras drogas.
• Transtornos psicóticos e delirantes: a pessoa perde o contato com a realidade e apresenta 
sintomas psicóticos.
• Esquizofrenia: trata-se de uma psicose com problemas relacionados a cognição, emoção, 
percepção, pensamento, comunicação etc. Apresenta delírios, alucinações, afastamento 
da realidade.
• Transtornos delirantes: delírios não bizarros, com alguma preservação da personalidade.
• Paranoias e parafrenias: delírios que aparecem por volta dos 40 anos.
• Psicose puerperal: pode ser desencadeada após o parto, provocando alterações sociais, 
psicológicas e físicas da mulher.
• Transtornos psicorgânicos: a causa é orgânica e pode ser identificada.
• Delirium: é uma síndrome cerebral orgânica, apresentando diversas perturbações.
• Demência: o comportamento sofre alterações decorrentes de doenças cerebrais. No entanto, o 
nível de consciência apresenta-se normal.
 Saiba mais
Para conhecer melhor os transtornos mentais, leia:
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico 
de transtornos mentais – DSM – 5. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
4 PSICOLOGIA DO TESTEMUNHO E VITIMOLOGIA
4.1Psicologia do testemunho
A psicologia do testemunho, citada anteriormente, foi uma das primeiras conexões entre a Psicologia 
e o Direito. Seu estudo é de extrema importância para a disciplina Psicologia Jurídica pois visa investigar 
os processos internos de testemunhas que podem ou não dificultar o relato das mesmas. Desta forma, 
ela possibilita investigar a veracidade das informações trazidas pelas testemunhas.
40
Unidade I
De acordo com Messa (2010):
 
O juiz não presenciou o fato em relação ao qual irá sentenciar, portanto 
se faz necessário o testemunho, em que as pessoas relatam os detalhes 
do ocorrido (SOUZA, 1988). As entrevistas forenses, portanto, são aquelas 
projetadas para facilitar o recolhimento de evidências pelas declarações da 
vítima ou testemunhas (PISA, 2006). Os depoimentos, englobando todas as 
formas, estão sujeitos a imperfeições, como erros, falhas, excessos e outros 
riscos, decorrentes de defeitos de fixação, conservação e evocação da 
percepção, e também fatores específicos ligados à idade, sexo, nível mental, 
condições sociais e familiares (SOUZA, 1988) (MESSA, 2010, p. 95).
Na avaliação da veracidade dos depoimentos de testemunhas e suspeitos, devemos levar em 
consideração o chamado fenômeno das falsas memórias, que tem um papel importante nessa área. Nas 
falsas memórias, o indivíduo é capaz de armazenar e recordar informações que não ocorreram.
De acordo com Cezar (apud LAGO, 2009), outra área relacionada à psicologia do testemunho é 
o depoimento sem dano, que objetiva proteger psicologicamente crianças e adolescentes vítimas de 
abusos sexuais e outras infrações penais que deixam graves sequelas na personalidade.
 Observação
Cabe ao técnico entrevistador a habilidade em ouvir, ter paciência, 
empatia, disposição para o acolhimento, a capacidade de deixar o depoente 
à vontade durante a audiência, além de conhecer a dinâmica do abuso 
(CEZAR, apud LAGO, 2009).
Para Mira y Lopez (apud MESSA, 2010), o testemunho depende de cinco fatores:
• do modo como percebeu o acontecimento;
• do modo como a sua memória o conservou;
• do modo como é capaz de evocá-lo;
• do modo como quer expressá-lo;
• do modo como pode expressá-lo.
Os mesmos autores descrevem três formas de relato:
• Relato espontâneo: caracteriza-se por ser menos deformado.
41
PSICOLOGIA JURÍDICA
• Por interrogatório: as respostas podem não ser verdadeiras, pois, nesse contexto, há um conflito 
entre o que o indivíduo sabe de um lado e o que as perguntas tendem a fazê-lo saber.
• Por meio da confissão: quando a pessoa se expõe voluntariamente à punição, ou ainda pode 
derivar da evidência dos fatos.
 Observação
Devemos levar em consideração o testemunho de crianças, idosos 
e pessoas com deficiência, aplicando formas de obter informações 
diferenciadas para cada um deles.
Com relação à conduta criminosa, ela pode ser entendida de três formas, de acordo com Fiorelli e 
Mangini (apud MESSA, 2010):
• Anormal: entendida como criminologia tradicional.
• Derivada de conflitos interpessoais e processos sociais: a responsabilidade é do indivíduo, 
considerada criminologia moderna.
• Derivada da sociedade: a responsabilidade é da sociedade, considerada criminologia crítica.
Para finalizarmos algumas das considerações na psicologia do testemunho, destacamos Souza (apud 
MESSA, 2010), que apresenta alguns sintomas que podem evidenciar uma possível mentira encontrada 
em um interrogatório:
• A precisão excessiva nas recordações.
• A prontidão ou hesitação nas respostas.
• O silêncio.
4.2 Vitimologia
A vitimologia é outra área que demanda conhecimento, pois estuda a influência da vítima na 
ocorrência de um delito.
De acordo com Brega Filho (apud LAGO, 2009), cabe ao psicólogo traçar o perfil e compreender as 
relações das vítimas perante a infração penal. A intenção é averiguar se a prática do crime foi estimulada 
pela atitude da vítima. Essa atitude pode apontar uma colaboração com o criminoso. Além disso, 
espera-se a partir do trabalho do psicólogo jurídico que este coloque em prática medidas preventivas e 
prestação de assistência às vítimas, visando, dessa forma, à reparação dos danos causados pelo delito.
42
Unidade I
Segundo Fiorelli e Mangini (apud MESSA, 2010), os interesses da área seriam:
• Prevenção do delito.
• Desenvolvimento metodológico-instrumental.
• Formulação de propostas de criação e reformulação de políticas sociais.
• Desenvolvimento continuado do modelo de Justiça Penal.
De acordo com os autores:
 
[...] diversos podem ser os motivos que levam uma pessoa a se expor 
como vítima. Os ganhos secundários podem estar presentes, gerando 
consequências e recompensas que mantêm o comportamento. Outra razão 
pode ser a exaltação do sofrimento, com forte influência cultural, além de 
expiação de culpas. No sofrimento, a pessoa se iguala a um mártir devotado, 
conquistando o direito a recompensas em outras dimensões. A vítima pode 
também ter a crença de que não há expectativa de ações favoráveis para 
inibir, prevenir ou punir o delinquente, de que não há nada que possa ser 
feito (apud MESSA, 2010, p. 70).
Encontramos em Messa (2010) uma classificação de “vítimas”:
 
Em 1956, Benjamin Mendelsohn, advogado israelita, um dos precursores dos 
estudos da vitimologia, estabeleceu uma classificação dos tipos de vítimas, 
com base na sua culpabilidade. O vitimólogo fundamenta sua classificação 
na correlação da culpabilidade entre a vítima e o infrator. Chega também a 
relacionar a pena com a atitude vitimal, sustentando que há uma relação 
inversa entre a culpabilidade do agressor e a do ofendido (MESSA, 2010, p. 69).
A seguir, apresentamos suscintamente a referida classificação:
• Vítima completamente inocente ou vítima ideal: a vítima é estranha ao agressor.
• Vítima de culpabilidade menor ou por ignorância: o indivíduo se expõe inconscientemente 
para fazer o papel de vítima.
• Vítima voluntária ou tão culpada quanto o infrator: ambos podem ser o criminoso ou a vítima.
• Vítima mais culpada que o infrator: envolve as vítimas provocadoras, que incitam o crime.
• Vítima unicamente culpada.
43
PSICOLOGIA JURÍDICA
 Resumo
O objetivo geral da disciplina Psicologia Jurídica é apresentar aos alunos 
as noções mais importantes sobre a área da psicologia, preparando-os para 
obter um conhecimento teórico que permita uma percepção interdisciplinar 
entre as questões psicológicas e jurídicas.
A psicologia jurídica, enquanto área específica da psicologia como 
ciência, pode ser entendida como uma aplicação do conhecimento 
psicológico às questões relacionadas ao direito.
Cabe destacar que a primeira aproximação entre a psicologia e o direito 
ocorreu no final do século XIX, quando surgiu a psicologia do testemunho. 
A partir do momento em que ambas as áreas se encontram, elas passam a 
compartilhar o mesmo objeto de estudo: o homem e seu comportamento.
No entanto, devemos destacar o conceito de subjetividade (constituída 
de ideias, significados, emoções, afetos e comportamentos) como um estudo 
importante para que possamos entender o homem na sua totalidade.
Ambas as áreas, psicologia e direito, contribuem no entendimento 
de agentes comportamentais, sociais e individuais simultaneamente aos 
aspectos legais, com o intuito de classificar e julgar um comportamento no 
sistema jurídico.
A psicologia como área de conhecimento científico se desenvolveu por 
volta do século XIX. As primeiras descobertas ocorreram com a observação 
dos comportamentos observáveis, e suas primeiras pesquisas foram feitas 
em laboratório. Inúmeras teorias foram surgindo com o objetivo de entender 
o comportamento humano.
Freud, fundador da psicanálise, foi defensor do conceito da existência 
de processos mentais inconscientes, que passaram a ser o alicerce da 
psicanálise, teoria fundada por ele.
O inconsciente é uma instância psíquica de emoções e sentimentos 
reprimidos da consciência por apresentarem um conteúdo insuportável e 
que, por isso, eram reprimidos.
Para Freud,existem basicamente quatro maneiras de o inconsciente se 
manifestar, ou seja, quatro formações do inconsciente: os atos falhos (erros 
44
Unidade I
na fala, na memória, na escrita ou uma ação física), os sonhos, os chistes 
(piadas) e os sintomas.
Mais tarde, no século XX, Freud apresenta a composição do aparelho 
psíquico, constituído por três instâncias: id, ego e superego.
Os mecanismos de defesa, segundo Freud, são responsáveis por diminuir a 
angústia provocada pelos conflitos internos. A diminuição ocorre a partir de 
uma distorção da realidade para que o indivíduo se adapte e enfrente situações 
estressantes, pois, do contrário, ele enlouqueceria, ficaria doente. Sua utilização 
é normal (se forem utilizados em grau moderado, em que a pessoa oscila 
momentos de contato com a realidade), e não patológica.
Outra contribuição importante trazida por Freud diz respeito ao 
desenvolvimento da personalidade, que se dá através de estágios 
(determinados por estímulos internos e externos) psicossexuais.
O behaviorismo é uma teoria psicológica conhecida como teoria de 
comportamento ou teoria comportamental. Seu principal representante é 
Skinner. O behaviorismo é uma perspectiva comportamental do século XIX, 
influenciada pelas ciências biológicas e que estuda as interações entre o 
indivíduo e o ambiente. As respostas comportamentais estão ligadas a 
situações-estímulo.
O aprendizado de uma resposta condicionada passa a ser controlado 
por suas consequências devido ao que Skinner denominou de reforços 
ou estímulos. Para o behaviorismo, há dois tipos de reforço: o positivo 
e o negativo.
A Gestalt, outra teoria importante, é entendida como a teoria da forma, 
que tem como objetivo explicar como percebemos a nós mesmos, as outras 
pessoas e o ambiente em que vivemos. O todo de uma percepção é diferente 
da soma de suas partes, ou seja, a totalidade da percepção de um objeto ou de 
uma situação não se reduz à soma de suas partes.
A teoria estudou, dessa forma, o fenômeno denominado de ilusão de 
óptica. São imagens que enganam a nossa visão, fazendo-nos ver coisas 
que não estão presentes ou nos fazendo ver coisas de forma inadequada.
A Gestalt estudou a relação entre figura e fundo. A figura é constituída 
pelos aspectos da experiência eleitos como dominantes, sobressaindo ao 
fundo. O fundo é o panorama composto por experiências anteriores. Dessa 
forma, o ambiente é fator importante para uma percepção.
45
PSICOLOGIA JURÍDICA
Erikson era um psiquiatra alemão e construiu a teoria do 
desenvolvimento psicossocial, pontuando o quanto nosso desenvolvimento 
físico e psicológico é resultado da relação do indivíduo com o seu 
ambiente físico e social. A partir dessa relação, o ser humano necessita 
fazer diversas adaptações. Para explicar esse desenvolvimento, ele 
apresenta o que denominou de oito fases ou conflitos.
São muitas as áreas em que o psicólogo jurídico pode atuar, como 
direito da família, direito penal, direito civil.
Nossa legislação brasileira utiliza o termo “doença mental” no art. 26 
do Código Penal, com o objetivo de estabelecer a inimputabilidade (não 
responsabilidade por um ilícito penal).
Nesse sentido, a psicopatologia trata da ciência que estuda o ser humano 
em seus estados mentais patológicos. Esses estados patológicos apresentam 
quadros emocionais disfuncionais que geram sofrimento psíquico. Dessa 
forma, podem surgir os transtornos de personalidade, que frequentemente 
caracterizam-se pelo comprometimento de componentes psicológicos, 
como o desvio das percepções, dos pensamentos, das sensações e das 
relações interpessoais de um indivíduo e os transtornos psíquicos.
Há várias teorias explicando de que forma se desenvolve a personalidade 
– por exemplo, o conceito de personalidade trazido por Friedman, em 
que ele descreve o desenvolvimento da personalidade de um indivíduo 
entendido como um ser biopsicossocial.
A psicologia do testemunho foi uma das primeiras conexões entre a 
psicologia e o direito. Seu estudo é de extrema importância para a disciplina 
Psicologia Jurídica, pois visa investigar os processos internos de testemunhas 
que podem ou não dificultar o relato. Dessa forma, ela possibilita investigar 
a veracidade das informações trazidas pelas testemunhas.
Na avaliação da veracidade dos depoimentos de testemunhas e 
suspeitos, devemos levar em consideração o chamado fenômeno das falsas 
memórias, que tem um papel importante nessa área. Nas falsas memórias, o 
indivíduo é capaz de armazenar e recordar informações que não ocorreram.
A vitimologia é outra área que demanda conhecimento, pois estuda a 
influência da vítima na ocorrência de um delito.
46
Unidade I
 Exercícios
Questão 1. De acordo com Freud, os mecanismos de defesa são responsáveis por diminuir a angústia 
provocada pelos conflitos internos. Dentre eles, apresentamos 3 exemplos: comum em pessoas que não 
assumem a responsabilidade ou consequência de seus atos; são essenciais no processo de desenvolvimento 
psicossexual; a pessoa busca apresentar uma explicação coerente e lógica e moralmente aceita. Assinale 
a alternativa que apresenta os referidos mecanismos, respectivamente:
A) Identificação; racionalização; regressão.
B) Racionalização; identificação; regressão.
C) Identificação; regressão; racionalização.
D) Regressão; identificação; racionalização.
E) Regressão; racionalização; identificação.
Resposta correta: alternativa D. 
Análise da questão
Uma vez que a questão pede para que seja assinalada a alternativa com os respectivos (na ordem) 
conceitos apresentados no texto.
Questão 2. Quando comparamos o direito e a psicologia, é possível observarmos diversas 
características. Assinale a alternativa correta a esse respeito:
A) A psicologia jurídica busca entender o homem e seu comportamento concomitantemente aos 
aspectos legais para que uma conduta seja classificada e julgada no sistema jurídico.
B) Cada uma das ciências compartilham um objeto de estudo diferenciado.
C) Diferentemente do direito, a psicologia jurídica não se ocupa do comportamento de todas as 
pessoas que participam da questão processual.
D) A primeira aproximação entre o direito e a psicologia ocorreu no século XIX, com a psicologia do 
delinquente juvenil.
E) Não é possível perceber correspondências entre as duas ciências.
Resposta correta: alternativa A.
47
PSICOLOGIA JURÍDICA
Análise da questão
A alternativa B está incorreta, pois ambas as ciências compartilham o mesmo objeto de estudo: o 
comportamento humano. A alternativa C está incorreta, pois a psicologia se ocupa do comportamento 
de um processo. A alternativa D está incorreta, pois a primeira aproximação da psicologia com o 
direito ocorreu com a psicologia do testemunho. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois ela nega a 
correspondência entre as duas ciências.

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