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GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS E DISTRIBUIÇÃO JULIANO BERTOLOTTI MOURA “A Faculdade Católica Paulista tem por missão exercer uma ação integrada de suas atividades educacionais, visando à geração, sistematização e disseminação do conhecimento, para formar profissionais empreendedores que promovam a transformação e o desenvolvimento social, econômico e cultural da comunidade em que está inserida. Missão da Faculdade Católica Paulista Av. Cristo Rei, 305 - Banzato, CEP 17515-200 Marília - São Paulo. www.uca.edu.br Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. Todos os gráficos, tabelas e elementos são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência, sendo de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Diretor Geral | Valdir Carrenho Junior GESTÃO DA CADEIDA DE SUPRIMENTOS E DISTRIBUIÇÃO JULIANO BERTOLOTTI MOURA SUMÁRIO AULA 01 AULA 02 AULA 03 AULA 04 AULA 05 AULA 06 AULA 07 AULA 08 AULA 09 AULA 10 AULA 11 AULA 12 AULA 13 AULA 14 INTRODUÇÃO À GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS CADEIA DE SUPRIMENTOS: CONCEITOS PRINCIPAIS, FUNÇÕES E OBJETIVOS GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS (SUPPLY CHAIN MANAGEMENT – SCM) SISTEMAS DE INFORMAÇÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS ESTRATÉGIAS DE REDES DE SUPRIMENTOS MODELOS APLICADOS NA SCM – Parte I MODELOS APLICADOS NA SCM – Parte II TRANSPORTES E MODAIS NA CADEIA DE SUPRIMENTOS ESTRATÉGIA E PLANEJAMENTO DA LOGÍSTICA/ CADEIA DE SUPRIMENTOS GESTÃO DE COMPRAS GESTÃO DE ESTOQUES GESTÃO DE ARMAZENAMENTO GESTÃO DA DEMANDA NA CADEIA DE SUPRIMENTOS DISTRIBUIÇÃO E MARKETING 05 13 20 28 35 43 51 60 69 78 86 95 104 113 GESTÃO DA CADEIDA DE SUPRIMENTOS E DISTRIBUIÇÃO JULIANO BERTOLOTTI MOURA AULA 15 AULA 16 QUALIDADE NA CADEIA DE SUPRIMENTOS GESTÃO DE RISCOS NA CADEIA DE SUPRIMENTO 123 131 FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 5 GESTÃO DA CADEIDA DE SUPRIMENTOS E DISTRIBUIÇÃO JULIANO BERTOLOTTI MOURA AULA 1 INTRODUÇÃO À GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS Fonte: https://pixabay.com 1.1 Evolução da Cadeia de Suprimentos Na década de 1990 o cliente esperava em média de 15 a 30 dias pelo produto adquirido. Nesta época o processo envolvia diversas etapas, entre elas a geração e a transferência do pedido, sendo esta transferência realizada normalmente por meio de telefone, fax, intercâmbio eletrônico de dados (EDI – Eletronic data interchange), ou correio. O processo continua com o processamento do pedido, a autorização de crédito e a alocação em um depósito, onde posteriormente é realizada a separação dos pedidos e, por fim, enviar o produto ao cliente. Quando ocorria algum problema FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 6 GESTÃO DA CADEIDA DE SUPRIMENTOS E DISTRIBUIÇÃO JULIANO BERTOLOTTI MOURA o tempo total para atender os clientes era consideravelmente maior (BOWERSOX et al., 2014). Desde a Revolução Industrial as práticas de negócios e a estrutura dos canais de distribuição evoluíram com as experiências vividas, sendo tais práticas mantidas ativas e inquestionáveis por muito tempo devido não haver alternativas melhores. Ao longo do tempo, a disponibilização da tecnologia da informação fez com que ocorressem grandes mudanças. Durante a década de 1990, devido ao surgimento dos computadores, da internet e da quantidade de possibilidades acessíveis de transmissão de informações, o comércio mundial sofreu um grande impacto, pois a velocidade, acessibilidade, acurácia e a relevância tornaram-se uma regra (BOWERSOX et al., 2014). Para superar os desafios do comércio, as empresas estabeleceram relações comerciais com empresas que pudessem realizar atividades essenciais em conjunto, pois era necessário se obter os benefícios da especialização, ou seja, transferir os processos para aqueles que possuíam maior domínio tecnológico para a fabricação. Após a Revolução Industrial, os administradores passaram a realizar o planejamento estratégico para definir as competências essenciais, a especialização e a economia de escala, resultando na percepção de que para que o sucesso das empresas fosse duradouro, era essencial que as empresas trabalhassem em conjunto. Assim, durante a última década do século XX, os canais começaram a mudar radicalmente fazendo com que os arranjos tradicionais de canais de distribuição pensem mais na integração e na colaboração (BOWERSOX et al., 2014). A grande competitividade entre os mercados globais e o surgimento de produtos que possuem ciclos de vida curtos e as maiores expectativas dos clientes forçam as organizações do setor produtivo a fazer investimentos e concentrar seus esforços nas cadeias de suprimentos (SIMCHI-LEVI, 2010). Uma das definições da Gestão da Cadeia de Suprimentos é: [...] um conjunto de abordagens que integra, com eficiência, fornecedores, fabricantes, depósitos e pontos comerciais, de forma que a mercadoria é produzida e distribuída nas quantidades corretas, aos pontos de entrega e nos prazos corretos, com o objetivo de minimizar os custos totais do sistema sem deixar de atender às exigências em termos de nível de serviço (SIMCHI-LEVI, 2010, p.33). Para Pires et al. (2016), o estímulo ao posicionamento estratégico e a melhoria da eficiência operacional é a base da gestão da cadeia de suprimentos. Assim, o FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 7 GESTÃO DA CADEIDA DE SUPRIMENTOS E DISTRIBUIÇÃO JULIANO BERTOLOTTI MOURA relacionamento de cada empresa envolvida na cadeia de suprimentos reflete em uma opção estratégica. O arranjo organizacional dos canais e dos negócios que se baseiam na dependência e na colaboração é uma das estratégias da cadeia de suprimentos. As operações realizadas exigem processos gerenciais que ultrapassam as fronteiras das áreas funcionais dentro de cada empresa, além de fazerem as conexões entre fornecedores, parceiros comerciais e clientes através das organizações. Segundo Bowersox et al. (2014), os desafios de uma gestão integrada estão diretamente ligados a no mínimo três perspectivas de valor na visão do cliente, conforme apresentado na Figura 1. Figura 1- Proposição de valores da gestão integrada Fonte: adaptado de Bowersox et al. (2014, p.6) Conforme apresentado na Figura 1, vejamos algumas considerações apresentadas por Bowersox et al. (2014), sobre as perspectivas de valor na visão do cliente. • Valor econômico: esta é uma perspectiva considerada tradicional e utiliza completamente os ativos fixos para a obtenção do menor custo total. Seu foco é a eficiência na criação de produtos e serviços e fazer as coisas da melhor maneira possível. O entendimento do cliente, neste caso, é “alta qualidade por um preço baixo”. • Valor de mercado: trata-se da apresentação da variedade dos produtos no momento e lugar certo de forma a atingir a eficácia. Concentra-se na obtenção da economia de escopo na apresentação dos produtos ou serviços. A criação de shopping centers com marketing de massa e operações de comércio eletrônico com diversos fornecedores, entre outras ações, também são iniciativas que favorecem a obtenção de valor de mercado. • Valor de relevância: tem significado nos bens e serviços certos, refletido pelo valor de mercado, preço justo, conforme o valor econômico, modificados, sequenciados, sincronizados, bem como, posicionados de forma a criar uma FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 8 GESTÃO DA CADEIDA DE SUPRIMENTOS E DISTRIBUIÇÃO JULIANO BERTOLOTTI MOURA diversidade valiosa. A relevância, para um consumidor, significa transformar ingredientes em uma refeição pronta. Assim, as três perspectivas do cliente combinadas simultaneamente, exige uma total integração dos processos gerais de uma empresa e é conhecida como proposição de valores da gestão integrada conforme apresentado na Figura 1. Segundo Corrêa (2014), a gestão da cadeia de suprimentos é considerada uma das áreas da logística de maior potencial para se tornar uma poderosa ferramentapara se obter vantagens competitivas no mercado internacional, aumento da lucratividade e crescimento das empresas. A gestão da cadeia de suprimentos ou Supply Chain Management, foi incorporada definitivamente como uma área estratégica gerencial no início dos anos 1980 por meio de consultores Corrêa (2014, apud LAMBERT; COOPER, 2000). Um dos aspectos que levaram as empresas a aumentarem os seus interesses pela gestão da cadeia de suprimentos, segundo Corrêa (2014), foram: • Evolução tecnológica: a tecnologia evoluiu a passos rápidos fazendo com que as empresas encontrassem dificuldades para se manterem internamente em um processo de evolução tecnológico em todas as áreas que tem como objetivo o resultado dos produtos e serviços oferecidos ao mercado. Com essas dificuldades, as empresas têm buscado parcerias com terceiros para a execução de parte de sua produção, fazendo com que a cadeia de suprimentos se torne cada vez mais complexa. • Retornos decrescentes dos esforços internos de melhoria: grande parte e ênfase dos modelos, práticas, ensino e pesquisa em operações tem o foco voltado para a gestão das empresas. Ao longo do tempo, mais precisamente nos últimos dois séculos e meio de evolução, as principais técnicas desenvolvidas foram concentradas na busca pelo aumento da produtividade e qualidade dentro das organizações. De certa forma, isso ajuda a explicar porque os custos que margeiam a melhoria em qualidade e produtividade são grandes crescentes, pois pequenos esforços realizados com o objetivo de melhorar os relacionamentos entre as empresas fazem com que os esforços de melhoria ainda tenham retornos relativamente maiores do que os esforços internos. Assim, as empresas buscam voltar suas atenções paras a gerência de melhorias em áreas como a logística e a gestão da cadeia de suprimentos. A seguir, a Figura 2 apresenta uma ilustração de uma cadeia de suprimento simplificada. FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 9 GESTÃO DA CADEIDA DE SUPRIMENTOS E DISTRIBUIÇÃO JULIANO BERTOLOTTI MOURA Figura 2 - Cadeia de suprimento simplificada Fonte: Adaptado de Corrêa (2014, p.7) 1.2 A integração da Cadeia de Suprimentos A integração da cadeia de suprimentos é caracterizada pela colaboração entres as empresas que fazem parte de uma estrutura de fluxos e restrições de recursos importantes. A estrutura e a estratégia da cadeia de suprimentos são resultado dos esforços de uma empresa para alcançar vantagens competitivas de forma operacional com clientes, redes de apoio de distribuidores e fornecedores, integrando desde a compra inicial do material até a entrega dos produtos ou serviços aos clientes (PIRES et al., 2016). A integração da cadeia de suprimentos, segundo Pires et al. (2016), altera os arranjos tradicionais dos canais, deixando de ser grupos com conexões frágeis entre as empresas independentes que possuem relação de compra e venda entre si, para se tornarem uma iniciativa administrativamente coordenada. Assim, as empresas geram valor através do aumento do impacto no mercado, a eficiência geral, a melhoria contínua e a competitividade. 1.3 Sistema de Informação da Cadeia de Suprimentos FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 10 GESTÃO DA CADEIDA DE SUPRIMENTOS E DISTRIBUIÇÃO JULIANO BERTOLOTTI MOURA Desde o princípio os processos logísticos eram concentrados no armazenamento e no fluxo de produtos dentro da cadeia de suprimentos. O fluxo e a exatidão das informações geralmente não eram negligenciados, pois não eram vistos como essenciais para os clientes. Nos dias atuais, o fluxo e os sistemas de informações e que integram a cadeia de suprimentos, formam o elo que une as atividades logísticas (PIRES et al., 2016). Segundo Bowersox et al. (2014), existem quatro motivos pelos quais as informações de forma oportuna e acurada se tornaram mais críticas no projeto e nas operações de sistemas. São elas: • Primeiro: os clientes exigem as informações em tempo real, ou seja, desejam acompanhar o desenvolvimento do processo de entrega dos produtos adquiridos. • Segundo: as informações podem ser utilizadas para redução dos requisitos de estoque e de recursos humanos. Assim, através da realização de um planejamento das necessidades, baseado na atualização das informações é buscar reduzir os estoques e as incertezas das demandas. • Terceiro: a informação aumenta a flexibilidade em relação a como, quando e onde os recursos podem ser utilizados para que as empresas alcancem vantagens competitivas. • Quarto: o aumento da transferência e da troca de informações por meio eletrônico facilita a cooperação e redefine os relacionamentos na cadeia de suprimentos. A integração da funcionalidade do sistema de informação da cadeia de suprimento, segundo Bowersox et al. (2014), é baseada em quatro níveis. São eles: • Sistemas de transações: é caracterizado por regras e procedimentos formalizados e comunicações padronizadas, alto volume de transações e foco operacional diário, tais como gerenciamento de pedidos, alocação de estoque, separação de pedidos, expedição, preços e faturamento; informações aos clientes. • Controle administrativo: se concentra na medição e no relatório de desempenho, sendo a avaliação necessária para o fornecimento de feedback sobre o desempenho e a utilização de recursos da cadeia de suprimentos. O controle administrativo envolve o monitoramento financeiro, de custos e ativos; medição do serviço ao cliente, medição da produtividade e medição da qualidade. • Análise de decisões: se concentra nas ferramentas de software para ajudar os responsáveis pela administração a identificar, avaliar e comparar alternativas estratégicas e táticas para melhoria da eficácia. As análises são realizadas FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 11 GESTÃO DA CADEIDA DE SUPRIMENTOS E DISTRIBUIÇÃO JULIANO BERTOLOTTI MOURA por meio da programação de frotas e roteirização, níveis e gerenciamento de estoque, localização e integração das instalações/ rede e/ou integração vertical X terceirização. • Planejamento estratégico: este é o último nível do sistema de informação cadeia de suprimentos e é responsável pela organização e sintetização dos conteúdos de transações em um banco de dados racional de ajuda na avaliação das estratégias. Este planejamento é realizado por meio de formulação de alianças estratégicas, desenvolvimento e aperfeiçoamento de competências e oportunidades e da análise de serviços ao cliente. O sistema de informação na cadeia de suprimentos é fundamental para que as atividades ocorram dentro do planejado, pois devido a quantidade de operações realizadas desde o recebimento de um pedido até a entrega do produto ou serviço ao cliente, qualquer desvio de informação ou a entrega desta de forma distorcida, pode comprometer todo o desenvolvimento do processo, causando a insatisfação do cliente. Por isso, o profissional, ainda que auxiliado por um bom sistema de gestão, deve estar atento aos detalhes que envolvem o complexo sistema da cadeia de suprimentos. Isto está na rede OS IMPACTOS DA VISIBILIDADE GLOBAL DA CADEIA DE SUPRIMENTOS Fonte: Disponível em: https://revistamundologistica.com.br/artigos/os- impactos-da-visibilidade-global-da-cadeia-de-suprimentos. Acesso em: 24 de fev. 2020. Isto acontece na prática A rede Walmart anunciou em 2018 o lançamento de uma cadeia de suprimentos que tem o objetivo de melhorar a segurança alimentar com base no blockhain. Surgido em 2016, é coordenado por um consórcio entre outros grandes varejistas. Leia mais em: https://www.criptofacil.com/walmart-finalmente-lanca-cadeia- de-suprimentos-baseada-em-blockchain/. Acesso em: 24 de fev. 2020. FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 12 GESTÃO DA CADEIDA DE SUPRIMENTOS E DISTRIBUIÇÃO JULIANO BERTOLOTTI MOURA Anote isso A gestão da cadeia de suprimentos é considerada uma das áreas da logística de maior potencial para se tornar uma poderosa ferramenta para se obter vantagens competitivas no mercado internacional, aumentoda lucratividade e crescimento das empresas (PIRES, 2014). FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 13 GESTÃO DA CADEIDA DE SUPRIMENTOS E DISTRIBUIÇÃO JULIANO BERTOLOTTI MOURA AULA 2 CADEIA DE SUPRIMENTOS: CONCEITOS PRINCIPAIS, FUNÇÕES E OBJETIVOS Fonte: https://pixabay.com FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 14 GESTÃO DA CADEIDA DE SUPRIMENTOS E DISTRIBUIÇÃO JULIANO BERTOLOTTI MOURA 2.1 Cadeia de Suprimentos (Suply Chain) Uma cadeia de suprimentos, segundo o dicionário APICS, pode ser definida como sendo o envolvimento de fornecedores e clientes que ligam as empresas desde a fonte inicial da matéria-prima até a obtenção e consumo do produto acabado (PIRES, 2016). Para o Supply Chain Council,2 uma SC abrange todos os esforços envolvidos na produção e liberação de um produto final, desde o (primeiro) fornecedor do fornecedor até o (último) cliente do cliente. Quatro processos básicos definem esses esforços, que são: o Planejar (Plan), o Abastecer (Source), o Fazer (Make) e o Entregar (Delivery) (PIRES, 2016, p. 35). De acordo com Ballou (2007), a cadeia de suprimentos é um conjunto de atividades funcionais (transportes, controle de estoques, etc.), que se repete por várias vezes ao longo do canal no qual as matérias-primas são transformadas em produtos acabados aos quais agrega-se valor ao consumidor. A cadeia de suprimentos é uma rede de organizações que se envolvem por meio de ligações jusantes (downstream) e a montante (upstream) nas diferentes atividades e nos processos que são realizados na produção de valores aos clientes na forma de produtos e serviços (PIRES, 2016). Durante anos a cadeia de suprimentos foi entendida como uma rede de trabalho (network) para as atividades ou funções de busca de material, sua transformação em produtos intermediários e acabados e a distribuição dos produtos acabados para os clientes finais, ou seja, o supply chain é uma rede na qual os materiais fluem. Assim, segundo Pires (2016), como há uma divergência quanto ao uso da palavra “rede” em relação à cadeia de suprimentos, considera-se a cadeia de suprimentos como um grupo de empresas autônomas, ou semiautônomas, responsáveis pela obtenção, produção e liberação de um determinado produto e/ou serviço ao cliente final. Para ilustrar a cadeia de suprimentos, são apresentadas duas figuras, em que é possível visualizar a representação de uma cadeia de suprimentos e a estrutura de uma de uma cadeia de suprimentos. Vejamos a seguir. A Figura 3 apresenta uma hipotética cadeia de suprimento baseada em uma empresa montadora representando a empresa focal. FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 15 GESTÃO DA CADEIDA DE SUPRIMENTOS E DISTRIBUIÇÃO JULIANO BERTOLOTTI MOURA Figura 3 - Representação da cadeia de suprimentos Fonte: Adaptado de Pires (2016, p. 37) A Figura 3 apresenta a estrutura de uma cadeia de suprimento na qual, a empresa foco é associada a um conjunto de fornecedores que atuam diretamente com ela, conhecido como fornecedores de primeira linha (first tier suppliers) e outro conjunto de fornecedores derivados dos fornecedores de primeira linha, conhecidos como fornecedores de segunda linha (second tier suppliers). De igual forma, a empresa focal tem uma determinada quantidade de clientes (distribuidores) em que se relaciona diretamente e outros com os quais se relaciona indiretamente (varejistas e clientes finais). Na Figura 3 também são indicados os dois sentidos básicos em que a empresa focal pode conduzir o seu relacionamento, sendo eles: montante (upstream): no sentido dos fornecedores; jusante (downstream) no sentido do cliente final (PIRES, 2016). Figura 4 - Representação da estrutura da cadeia de suprimentos Fonte: Adaptado de Pires (2016, p. 37) FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 16 GESTÃO DA CADEIDA DE SUPRIMENTOS E DISTRIBUIÇÃO JULIANO BERTOLOTTI MOURA A estrutura do supply chain divide-se em três dimensões, conforme apresentado por Pires (2016, apud LAMBERT et al.,1998). São elas: Estrutura horizontal: é definida pela quantidade de níveis da cadeia de suprimentos; Estrutura vertical: é definida pela quantidade de empresas estabelecidas em cada nível da cadeia de suprimentos; Posição da empresa focal: é definida pela posição horizontal da empresa focal ao longo da cadeia de suprimentos. Segundo Slack (2018), a gestão da moderna da cadeia de suprimentos tem se preocupado com a gestão de fluxos de informações e com a gestão do fluxo de produtos e serviços, tanto a montante e a jusante. 2.1.1 Cadeia de Suprimentos internas, imediatas e totais A cadeia de suprimentos normalmente é entendida como uma interconexão das organizações. Necessariamente estas organizações sejam distintas e gerenciadas por proprietários diferentes. Slack (1993) apresenta três níveis da cadeia de suprimentos. São elas: Cadeia interna: composta pelos fluxos de informações, materiais entre os departamentos, células ou setores de operações internos; Cadeia imediata: composta por fornecedores e clientes imediatos de uma empresa; Cadeia total: tratada como a cadeia de suprimentos de um produto, definido no escopo de forma mais restrita e ajustada às definições feitas pelo dicionário APICS e pelo Suppply Chain Concil. A Figura 5 apresenta a distribuição da cadeia de suprimento interna, imediata e total. Figura 5 - Cadeia de suprimentos interna, imediata e total Fonte: Adaptado de Pires (2016, p. 38, apud SLACK, 1993) FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 17 GESTÃO DA CADEIDA DE SUPRIMENTOS E DISTRIBUIÇÃO JULIANO BERTOLOTTI MOURA 2.2 Funções da cadeia de suprimentos A cadeia de suprimentos envolve diversos setores/departamentos de uma organização, entre eles compras, vendas, planejamento de produção, armazenamento, transporte etc., segundo Paoleschi (2014, p. 14), que estão fundamentados em: • atender o cliente final de acordo com suas necessidades de datas de recebimentos; • planejar as compras conforme a necessidade da produção; • programar a produção conforme a necessidade do cliente; • controlar todas as atividades de maneira integrada para assegurar o cumprimento das metas estabelecidas. O sistema da cadeia de suprimentos tem em sua estrutura processos de logística que envolvem desde a entrada de pedidos dos clientes até a entrega do produto final. Nestes processos estão envolvidas documentações que envolvem compra, recebimento, armazenagem e distribuição das matérias-primas, máquinas, equipamentos, insumos indiretos, produção, mão de obra, transporte etc. A cadeia de suprimentos também possibilita que a empresa atenda rigorosamente aos prazos de entregas estabelecidos pelos clientes, qualidade de seus produtos, de forma a garantir um relacionamento de longo prazo com os clientes, integrando os fluxos de informações de seus processos baseados em transparência e produtividade e buscando formas de agregar valor aos produtos dos clientes. 2.3 Objetivos da cadeia de suprimentos Na cadeia de suprimentos os setores/departamentos são integrados e trabalham no objetivo de disponibilizar as informações ao passo que os processos vão transformando os insumos em produtos, flexibilizando e agilizando a resposta da empresa para as necessidades dos clientes, além de gerar novos negócios (PAOLESCHI, 2014). De acordo com Paoleschi (2014), gestão da cadeia de suprimentos deve garantir a movimentação dos bens desde a aquisição da matéria-prima, passando pela produção e distribuição do produto ao cliente. Desta forma, tem a tarefa de acompanhar as exigências de um mercado cada vez mais globalizado, no qual as especificações FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 18 GESTÃO DA CADEIDA DE SUPRIMENTOS E DISTRIBUIÇÃO JULIANO BERTOLOTTI MOURA técnicas e as exigências legais se diferenciam de um país para outro, encontrando oportunidades para o desenvolvimento dos produtos. A Figura 6 apresenta a integração de uma cadeia de suprimentos. Figura 6 - Integração de uma cadeia de suprimento Fonte: Adaptado de Paoleschi (2014, p. 14) Segundo Simchi-Levi(2010), o objetivo da gestão da cadeia de suprimentos é tornar a produção e os custos eficientes para todo sistema. Minimizar os custos globais do sistema que envolve desde o transporte e a distribuição até os estoques de matérias- primas, estoques em processo e de produtos acabados precisam ser minimizados. Assim, o objetivo não está em simplesmente minimizar os custos de transporte ou em reduzir estoques, mas sim em concentrar em adotar uma abordagem sistêmica para a gestão da cadeia de suprimentos. FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 19 GESTÃO DA CADEIDA DE SUPRIMENTOS E DISTRIBUIÇÃO JULIANO BERTOLOTTI MOURA Isto está na rede COMO FUNCIONA A CADEIA DE SUPRIMENTOS E SEUS PROCESSOS DE GESTÃO? Fonte: Disponível em: https://www.ibccoaching.com.br/portal/artigos/como- funciona-cadeia-de-suprimentos-processos-de-gestao/. Acesso em: 11 de mar. 2020. Isto acontece na prática Com um total de 2.534 fornecedores em 2017, 69,61% maior que em 2016, distribuídos em grande parte dos estados do Brasil. A Cacau Show realizou a importação de 208 containers, sendo 205 provenientes da Ásia e 3 da Europa. São mais de 20 portos diferentes divididos entre 2 dos 5 continentes, sendo grande parte na China. A importação aumentou em 69% em relação a 2016. Para a fabricação das trufas o cacau deve ser fermentado e torrado, a semente do cacau ou nibs é moída e transformada em manteiga de cacau, massa de cacau e pó de cacau juntando com o açúcar e leite em pó em um equipamento chamado concha, sendo esse processo de algumas horas, logo após o chocolate passa para o refino que diminui as partículas de açúcar presentes no chocolate. Leia mais em: <https://prezi.com/p/az6owtjjifcn/cadeia-de-suprimento-cacau- show/>. Acesso em 11 de mar. 2020. Anote isso A cadeia de suprimentos é um conjunto de atividades funcionais (transportes, controle de estoques etc.), que se repete por várias vezes ao longo do canal no qual as matérias-primas são transformadas em produtos acabados aos quais agrega-se valor ao consumidor (BALLOU, 2007). FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 20 GESTÃO DA CADEIDA DE SUPRIMENTOS E DISTRIBUIÇÃO JULIANO BERTOLOTTI MOURA AULA 3 GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS (SUPPLY CHAIN MANAGEMENT – SCM) Fonte: https://pixabay.com 3.1 Gestão da Cadeia de Suprimento Segundo Paoleschi (2014), a gestão da cadeia de suprimentos integra as organizações interna e externamente. No ambiente interno estão incluídos os departamentos envolvidos estrategicamente e no ambiente externo, o departamento de compras/ suprimentos e seus fornecedores de forma a gerenciar os negócios pertinentes a eles. Os negócios que envolvem os fornecedores são pertinentes à aquisição dos suprimentos necessários para abastecer o funcionamento do sistema operacional de toda a empresa, sendo estes suprimentos identificados e separados por tipo de insumo. São eles: • produtos acabados para revenda; • matéria-prima direta (utilizada na transformação); FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 21 GESTÃO DA CADEIDA DE SUPRIMENTOS E DISTRIBUIÇÃO JULIANO BERTOLOTTI MOURA • matéria-prima indireta (utilizada para auxiliar na transformação); • matéria-prima não produtiva (utilizada para o funcionamento da empresa); • materiais administrativos; • bens de uso. Para Ballou (2007), a cadeia de suprimento é a integração de todas as atividades relacionadas ao fluxo e transformação da matéria-prima até o usuário final. Segundo Ballou (2007, p. 28), gestão da cadeia de suprimento é definida como: [...] a coordenação estratégica sistemática das tradicionais funções de negócios e das táticas ao longo dessas funções de negócios no âmbito de uma determinada empresa e ao longo dos negócios no âmbito da cadeia de suprimentos, com o objetivo de aperfeiçoar o desempenho a longo prazo das empresas isoladamente e da cadeia de suprimentos como um todo. Ao longo dos anos, conforme apresentado na Figura 7, as atividades logísticas, tais como previsão de demanda, planejamento das necessidades, estoque de produtos acabados, transporte, entre outros, tem evoluído. De 1960 até o ano 2000 esta evolução vem agrupando diversas atividades a sistemas de gestão até que surge o gerenciamento da cadeia de suprimentos utilizado. Nos dias atuais tem sido parte de um processo de gerenciamento unificado, no qual através da integração das atividades é possível controlar todas as atividades a partir de um único sistema. Figura 7 - Evolução da logística para a cadeia de suprimentos Fonte: Adaptado de Ballou (2007, p. 30) FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 22 GESTÃO DA CADEIDA DE SUPRIMENTOS E DISTRIBUIÇÃO JULIANO BERTOLOTTI MOURA Na Figura 8 é apresentado um modelo de gerenciamento da cadeia de suprimentos. Ballou (2007) ressalta a importância do gerenciamento da cadeia de suprimentos para a coordenação do fluxo de produtos para que a empresa produza vantagem competitiva e lucratividade ao longo do desenvolvimento de suas funções. Figura 2 - Modelo do gerenciamento da cadeia de suprimentos Fonte: Adaptado de Ballou (2007, p. 28) Algumas pessoas, segundo Ballou (2007), consideram o gerenciamento da cadeia de suprimentos como sendo a gestão integrada da logística empresarial e que nos últimos anos vem acontecendo uma valorização do escopo da gestão da cadeia de suprimentos. Outros consideram a logística um ramo secundário que leva em consideração questões adicionais que ultrapassam os limites do fluxo produtivo. 3.2 Impactos da Gestão da Cadeia de Suprimentos no Resultado Financeiro da Organização A gestão da cadeia de suprimentos, segundo Corrêa (2019), tem sido o foco dos executivos nos últimos anos. A gestão da cadeia de suprimentos pode impactar significativamente no resultado financeiro da organização, influenciando de forma FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 23 GESTÃO DA CADEIDA DE SUPRIMENTOS E DISTRIBUIÇÃO JULIANO BERTOLOTTI MOURA direta no valor para os acionistas. A valoração das ações de uma empresa no mercado é influenciada por vários fatores, sendo que, a longo prazo, tende a estar relacionada ao valor agregado por ela, conhecido comumente como Economic Value Added (EVA) ou “Valor Econômico Agregado”. É por meio do EVA que é definido o lucro real que é gerado pela empresa após serem descontados os custos totais (operacionais, impostos e custo capital); permite que os acionistas avaliem se estão obtendo um retorno adequado sobre o investimento. De acordo com Corrêa (2109), o crescimento de receitas, a redução de custos e o uso de menos ativos são fatores que influenciam positivamente o EVA. 3.3 Alinhamento de Atividades e Competências nas Cadeias de Suprimentos A gestão da cadeia de suprimentos permite que as atividades sejam distribuídas da forma melhor, alocando atividades a atores da cadeia que tenham maior competência para realizá-las. O potencial para o alinhamento de várias competências presentes na cadeia de suprimentos com as várias atividades que a cadeia tem de executar para satisfazer seus clientes. Este potencial é uma entre outras situações proporcionadas pela gestão da cadeia de suprimentos tem para melhorar o desempenho percebido pelas empresas (CORRÊA, 2019). 3.4 Dificuldades da Gestão da Cadeia de Suprimentos Inúmeros termos formam desenvolvidos pelas empresas, consultores e acadêmicos para definir o que seriam os principais problemas da gestão da cadeia de suprimentos. Segundo Simchi-Levi (2010), o que dificulta a gestão da cadeia de suprimentos pode estar relacionada às seguintes observações: as estratégias da cadeia de suprimento não podem ser definidas de forma isolada, pois são afetadas diretamente por outra cadeia contida na maioria das organizações, a cadeia de desenvolvimento. É um desafio projetar e colocar em operação uma cadeia de suprimentos minimizando os custos e mantendo o nível de serviço. A incerteza e os riscos fazem parte dos aspectos de todas as cadeias de suprimentos. FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 24 GESTÃO DA CADEIDA DE SUPRIMENTOSE DISTRIBUIÇÃO JULIANO BERTOLOTTI MOURA 3.5 Principais Problemas da Gestão da Cadeia de Suprimentos Segundo Simchi-Levi (2010), alguns problemas envolvendo a gestão da cadeia de suprimentos abrangem um grande número de atividades empresariais nos níveis estratégicos, táticos e operacionais, conforme detalhado a seguir. • Nível estratégico: trata das decisões que tem efeito de longo prazo na empresa, incluindo decisões pertinentes ao projeto do produto, ao que produzir na própria empresa ou terceirizar, seleção de fornecedores, alianças estratégicas, bem como decisões sobre quantidade, localização e capacidade de depósitos e unidades produtivas, além do fluxo de materiais na rede logística. • Nível tático: inclui decisões atualizadas sistematicamente uma vez a cada seis meses ou uma vez a cada ano. Nestas decisões estão incluídas aquelas relativas a compras, produção, políticas de estoque, estratégia de transporte, programação e gerenciamento da produção, bem como a frequência de visitas aos clientes. • Nível operacional: refere-se às decisões tomadas diariamente envolvendo a programação e gerenciamento da produção, as estimativas de lead time, as definições das rotas e do carregamento de caminhões. Ao considerar os principais problemas, questões e trade-offs associados a classes de decisão diferentes, Simchi-Levi (2010) apresenta alguns destes principais problemas como sendo: • A configuração da rede de distribuição: considera várias unidades fabricantes e produtos para atender um conjunto de varejistas distribuídos em vários pontos geográficos. Neste caso, o conjunto atual de depósitos é considerado inapropriado e os gestores querem reorganizar ou reprojetar a rede de distribuição. Este fato pode ser atribuído a mudanças nos padrões de demanda ou no término de um contrato de leasing para uma quantidade determinada de depósitos. • Também pode ser que as mudanças estabeleçam a necessidade de alteração dos níveis de produção de cada unidade, estabelecer relação com novos fornecedores e nova padronização do fluxo em toda a cadeia de distribuição. • Controle de estoques: neste caso, considere uma empresa varejista que mantém um estoque de um determinado produto. Uma vez que a demanda do cliente muda ao longo do tempo, este consegue empregar apenas dados históricos para prevê-la. Assim, este varejista deseja definir o ponto em que o novo pedido do produto deve ser realizado, a quantidade a ser pedida, de forma a reduzir os custos de pedido e de manutenção do estoque. FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 25 GESTÃO DA CADEIDA DE SUPRIMENTOS E DISTRIBUIÇÃO JULIANO BERTOLOTTI MOURA • O fornecimento para a produção: muitas indústrias necessitam de equilibrar cuidadosamente os custos de transporte e de produção. A redução de custos de produção significa que cada unidade fabril é responsável por uma pequena diversificação de produtos que são produzidos em grandes lotes, justificando a redução de custos de produção. Porém, isso pode levar a maiores custos de transporte. • As estratégias de distribuição: a definição do montante de seu sistema de distribuição que deve ser centralizado ou descentralizado, tem sido um dos grandes desafios enfrentados por diversas organizações. • A integração da cadeia de suprimentos e das alianças estratégicas: o projeto de implementação de uma cadeia de suprimentos otimizada globalmente é difícil devido à sua dinâmica e aos objetivos que conflitam entre as diferentes unidades e dos parceiros. Nos mercados competitivos atuais, a maioria das empresas não tem escolha, pois elas necessitam integrar as suas cadeias de suprimentos e adotarem alianças estratégicas, devido pressão tanto de seus clientes quanto dos parceiros da cadeia. • As estratégias de terceirização e de produção off-shore: neste caso há o envolvimento da coordenação de diferentes atividades na cadeia e a decisão sobre o que se produz internamente e o que adquirir de fontes externas. • O projeto do produto: certos projetos aumentam os estoques ou custos de transporte, porém, outros diminuem o lead time de fabricação, assim, o projeto eficiente desempenha vários papéis importantes na cadeia de suprimentos. • A tecnologia da informação e os sistemas de apoio à tomada de decisão: trata-se de um fator essencial à viabilização da gestão da cadeia de suprimentos, pois motivado pelas oportunidades que surgiram devido ao grande número de dados e à economia possibilitada pela sofisticação de análise destes dados, a tecnologia da informação tornou-se de grande interesse atual na gestão da cadeia de suprimentos. • O valor para o cliente: trata-se da contribuição de uma empresa para os seus clientes baseado na em uma série completa de produtos, serviços e intangíveis que ela oferece. Outros parâmetros de medição, como a qualidade e a satisfação dos clientes foram suplantados recentemente. Se uma empresa deseja que as necessidades de seus clientes sejam satisfeitas e ao mesmo tempo oferecer valor, a gestão da cadeia de suprimentos é crítica. • Precificação inteligente: neste aspecto, empresas como companhias aéreas, hotéis e locadoras de automóveis têm aplicado as estratégias de gestão de receitas com sucesso. Neste caso, a empresa integra a precificação e o estoque, de forma a influenciar a demanda do mercado e melhorar o desempenho do FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 26 GESTÃO DA CADEIDA DE SUPRIMENTOS E DISTRIBUIÇÃO JULIANO BERTOLOTTI MOURA ponto de partida. Uma variante destas técnicas tem sido aplicada pelas empresas, tais como transportadoras, varejistas e diversos fabricantes, com o propósito de melhorar o desempenho da cadeia de suprimentos. É importante destacar que, embora haja uma evolução global no tocante a cadeia de suprimentos, o aumento da competitividade do mercado traz atrelado aos benefícios problemas que precisam ser avaliados e tratados de forma que as atividades pertinentes à gestão da cadeia de suprimentos sejam monitoradas e melhoradas através de planos de ação para os novos problemas que possam surgir durante a realização das atividades. Isto está na rede O papel da área de suprimentos no supply chain. Fonte: Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=fk8nY_NdaEI. Acesso em: 11 de mar. 2020. Isto acontece na prática A Coca-Cola Femsa – maior engarrafador Coca-Cola na América Latina e Brasil –, anuncia a compra de 480 caminhões Mercedes-Benz. De acordo com a empresa, o objetivo da aquisição é padronizar a frota das transportadoras terceirizadas que prestam serviços no estado de São Paulo. Todos os veículos já estão em operação. O lote negociado inclui 435 caminhões semipesados Atego 1718 para entrega urbana de bebidas nos pontos de venda – localidades próximas a São Paulo, Jundiaí, Campinas, Santos e litoral norte – e 45 unidades dos pesados Axor 2540 e 2640, empregados para o transporte de produtos ente as fábricas, instaladas em Jundiaí, Jacareí e Mogi das Cruzes, e os centros de distribuição da Coca-Cola Femsa. No redesenho da logística de transporte entre as fábricas e os Cds, a Coca- Cola Femsa resolveu substituir carretas de 48 mil quilos de peso total bruto combinado (PTBC) por caminhões com maior capacidade de transporte. O objetivo é aproveitar ao máximo a relação peso e espaço ocupado no caminhão, levando em conta a Lei da Balança. Leia mais em: https://www.tecnologistica.com.br/portal/noticias/36365/coca- cola-femsa-padroniza-frota/. Acesso em: 11 de mar. 2020. FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 27 GESTÃO DA CADEIDA DE SUPRIMENTOS E DISTRIBUIÇÃO JULIANO BERTOLOTTI MOURA Anote isso A cadeia de suprimentos é um conjunto de atividades funcionais (transportes, controle de estoques, etc.), que se repetem por várias vezes ao longo do canal no qual as matérias-primas são transformadas em produtos acabados aos quais agrega-se valor ao consumidor (BALLOU, 2007). FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 28 GESTÃO DA CADEIDA DE SUPRIMENTOS E DISTRIBUIÇÃO JULIANO BERTOLOTTI MOURA AULA4 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS Fonte: https://pixabay.com No início dos anos 2000, as empresas investiam em tecnologia para implementarem estrutura de custos e reengenharia de processos, especificamente no que diz respeito à área financeira. Com o aumento da competitividade global nos dias atuais, houve a introdução de novos produtos que possuem um ciclo de vida menor, a expectativa dos clientes foi aumentada em termos de eficiência operacional, além das exigências com a alta qualidade dos serviços de atendimento, forçaram as empresas a reavaliarem o foco de seus negócios. O volume de informações produziu grandes mudanças no mercado de tecnologia da informação com o aumento na produção de softwares com diversas finalidades (GONÇALVES, 2013). A utilização de softwares específicos para serem utilizados no gerenciamento da cadeia de suprimentos, permitiu que as empresas se tornassem rápidas para realizarem o planejamento e assim, suprirem materiais e serviços conforme a demanda e exigências de seus clientes. Esse processo possibilitou aos varejistas o acesso a um conjunto de direcionamentos para a tomada de decisão, que segundo Gonçalves FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 29 GESTÃO DA CADEIDA DE SUPRIMENTOS E DISTRIBUIÇÃO JULIANO BERTOLOTTI MOURA (2013), são: disponibilidade de produtos na manufatura, preços de ofertas, distribuidores e fornecedores de determinadas regiões, da mesmo forma que qualquer parceiro ao longo da cadeia, seja de montante para jusante ou vice-versa. 4.1 Integração da Cadeia de Suprimentos via Tecnologia da Informação Por se tratar de uma forma de conexão entre os diversos parceiros da cadeia de suprimentos (varejistas, distribuidores, manufatura, fornecedores, compradores etc.), a interligação do sistema é o que possibilita as melhorias operacionais estendidas a todos os parceiros. Embora haja a interligação entre os parceiros envolvidos, a otimização global do sistema só poderá ser atingida por meio da proposta de se haver visibilidade da cadeia de suprimentos através da utilização de sistemas de informação integrados e de um sincronismo perfeito entre todos os parceiros conectados a cadeia (GONÇALVES, 2013). Por volta da década de 1980, as informações entre as empresas eram realizadas por meio de documentos impressos. Esta forma de se comunicar entre as empresas se tornou o motivo da lentidão nas transações. Além disso, as empresas estavam sujeitas a muitos erros devido à redação das transcrições dos documentos serem feitas de forma manual. A utilização da tecnologia da informação permitiu a criação da competitividade nos negócios frente aos novos e complexos apresentados as empresas (GONÇALVES, 2013). Com a utilização da tecnologia da informação nos negócios em geral e nos logísticos, Segundo Gonçalves (2013, p. 76), três fatores sofreram um grande impacto. São eles: • A satisfação dos clientes passou a ser uma obsessão para as empresas. • Ficou patente que um serviço mais eficiente ao cliente é fator fundamental para o sucesso nos negócios. • As informações que fluem nos processos são de capital importância para o gerenciamento dos materiais e da cadeia de suprimentos. A Figura 9 apresenta o objetivo da cadeia de suprimentos com o uso da tecnologia da informação. FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 30 GESTÃO DA CADEIDA DE SUPRIMENTOS E DISTRIBUIÇÃO JULIANO BERTOLOTTI MOURA Figura 9- Objetivo da cadeia de suprimentos utilizando a TI Fonte: Adaptado de Gonçalves (2013, p.77) 6.2 Softwares de Gestão da Cadeia de Suprimentos A sigla ERP (enterprise resource planning) é um sistema de gestão empresarial que integra vários módulos, entre eles, alguns são específicos ou voltados para a cadeia de suprimentos. Quando se trata de manufatura, os módulos envolvidos em um sistema ERP, segundo Gonçalves (2013, p. 79), são: • MRP – material requirement planning (em português, planejamento das necessidades de materiais). • MPS – master production scheduling (em português, plano mestre de produção). • CRP – capacity resource planning (em português, planejamento das capacidades de recursos). • DRP – distribution resource planning (em português, planejamento dos recursos de distribuição. FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 31 GESTÃO DA CADEIDA DE SUPRIMENTOS E DISTRIBUIÇÃO JULIANO BERTOLOTTI MOURA O sistema MRP é voltado para a produção e tem a finalidade de assegurar que os materiais necessários estejam disponíveis para atender os pedidos em carteira e a previsão de vendas. O CRP é utilizado para verificar a quantidade de ativos (máquinas, equipamentos e recursos humanos) é suficiente para atender os requisitos exigidos para produzir os bens conforme os pedidos em carteira e as previsões de vendas. O MSP realiza os cálculos dos prazos de produção, conforme as exigências dos clientes fixadas nos pedidos em carteira e as estimativas de consumo baseada nas previsões de vendas. O DRP indica qual o produto e em que quantidade este deverá estar disponível no cliente em um determinado prazo estabelecido e na localidade indicada pelo cliente (GONÇALVES, 2013). A seguir, a Figura 10 apresenta as aplicações dos sistemas ERP e a Figura 11 apresenta a interligação entre o sistema MRP e CRP. Figura 10- Aplicações dos sistemas ERP Fonte: Adaptado de Gonçalves, (2013, p. 79) Figura 11- Sistema MRP e CRP interligados Fonte: Adaptado de Gonçalves (2013, p. 80) FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 32 GESTÃO DA CADEIDA DE SUPRIMENTOS E DISTRIBUIÇÃO JULIANO BERTOLOTTI MOURA Outro software muito utilizado é o APS. Este software utiliza modelos matemáticos para aperfeiçoar as operações nos processos de manufatura e na própria estrutura da cadeia de suprimento, ou seja, no planejamento de programação da produção, métodos de previsão de demanda, planejamento da distribuição etc. O APS foca em projeto e no planejamento das unidades produzidas, e, por não possuírem módulos de operação, normalmente são vinculados aos sistemas de gestão, podendo fazer interligações entre muitos sistemas de gestão empresarial (GONÇALVES, 2013). A Figura 12 apresenta um exemplo desta interligação. Fonte: Adaptado de Gonçalves (2013, p. 81). 1.2 Sistemas de Informações Logísticas Fonte: https://pixabay.com FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 33 GESTÃO DA CADEIDA DE SUPRIMENTOS E DISTRIBUIÇÃO JULIANO BERTOLOTTI MOURA O sistema de informações logísticas (LIS) foi desenvolvido para gerir, controlar e medir o desempenho das atividades logísticas, sendo este de extrema importância para a eficiência e a eficácia das operações (GONÇALVES, 2013). Ainda segundo Gonçalves (2013), o foco de um projeto LIS deve atender os seguintes objetivos: • Garantir o desenvolvimento das funções operacionais logísticas para atender os requisitos dos clientes com o menor custo possível. • Auxiliar no planejamento e no controle das atividades logísticas com relação ao acompanhamento das metas fixadas. • Elevar a capacidade de a empresa melhorar o planejamento tático e estratégico e assim beneficiar os clientes e tornar a empresa mais competitiva. • Manter os clientes informados da disponibilidade de produtos e serviços, situação das encomendas e programação do envio dos produtos. • Melhorar o planejamento dos recursos e consequentemente reduzir os níveis de estoques e a necessidade de recursos humanos. • Fazer a ligação entre os departamentos de marketing, financeiro e o sistema de informações da fábrica, bem como suprir a alta gerência de informações que os auxiliem no desenvolvimento de estratégias da empresa. • Ter uma plataforma de TI capaz de responder à demanda por produtos e serviços com rapidez e eficiência, implementando um sistema de operações puxado. O LIS pode, segundo Gonçalves (2013), ter uma configuração diversificada, pois o trabalho é realizado por meio de uma estrutura modular utilizando uma variedade de técnicas que possibilitam a evolução do sistema. A seguir, segundo Gonçalves (2013, p.82), são apresentadas as configurações possíveis do LIS. • Sistema de informações de vendas. • Sistema de informações de compras. • Sistema de informações de “chão de fábrica”. • Sistema de manutenção da fábrica. • Sistema de gestão da qualidade. • Sistema de informações do varejo. • Sistema de informações de transporte. Hoje em dia, o ambiente empresarial se difere bastante quando comparado ao ambiente vivido em décadas anteriores. Atualmente, os mercados globalizados estão presentes em todas as atividades. Um exemplo desta globalização dos mercados é FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 34 GESTÃO DA CADEIDA DE SUPRIMENTOS E DISTRIBUIÇÃO JULIANO BERTOLOTTI MOURA a criação de um novo produto que é projetado em um país, fabricado em outro e a montagem em outro (GONÇALVES, 2013). Portanto, ser competitivo nos tempos atuais implica em ter habilidades para realizar a otimização dos custos logísticos e melhorar consideravelmente os níveis de serviços aos clientes. Isto está na rede Cadeia de Suprimentos: 7 dicas para otimizar sua gestão logística: Fonte: Disponível em: https://endeavor.org.br/operacoes/cadeia-suprimentos/. Acesso em: 27 de fev. 2020. Isto acontece na prática Fundada nos anos 90 nos Estados Unidos, a Amazon oferece uma gama imensa de produtos em seu site e coleciona milhares de acessos. Para dar conta do grande volume de pedidos e clientes, a empresa apresentou um avanço estrondoso quando seu fundador, Jeff Bezos, percebeu que era indispensável investir alto em logística. Leia mais em: https://patrus.com.br/blog/conheca-5-empresas-que-sao- exemplo-de-logistica-como-diferencial/. Acesso em: 27 de fev. 2020 Anote isso Ser competitivo nos tempos atuais, implica em ter habilidades para realizar a otimização dos custos logísticos e melhorar consideravelmente os níveis de serviços aos clientes (GONÇALVES, 2013). FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 35 GESTÃO DA CADEIDA DE SUPRIMENTOS E DISTRIBUIÇÃO JULIANO BERTOLOTTI MOURA AULA 5 ESTRATÉGIAS DE REDES DE SUPRIMENTOS Fonte: https://pixabay.com As empresas, ao logo do século XX, estabeleceram várias estratégias produtivas, entre elas a de manufatura ágil, responsiva, flexível e enxuta. As estratégias estabelecidas têm sido implantadas de forma a atingir os objetivos de desempenho da produção nos quais estão envolvidos custos, flexibilidade, rapidez, qualidade e confiabilidade. Estes objetivos são responsáveis por manter a competitividade das empresas no mercado e permanecem sendo utilizados como direcionadores da gestão da produção até os dias de hoje (REIS, 2015). Segundo estudos realizados por Lee (2002), conforme citado por Reis (2015, p. 35), as incertezas de demanda bem como de suprimentos que tem relação com as estratégias de redes e aos tipos de produtos foram divididos em funcionais e inovadores, como apresentado na Figura 13. FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 36 GESTÃO DA CADEIDA DE SUPRIMENTOS E DISTRIBUIÇÃO JULIANO BERTOLOTTI MOURA Figura 13 - Tipologia de cadeias de suprimento Fonte: Adaptado de Reis (2015, p. 36) A análise das características de um produto é uma das formas de determinar se um produto é inovador ou funcional. As principais características de um produto inovador e um produto funcional são apresentadas na Tabela 1. Por outro lado, também é importante saber quais as características determinam se um produto em uma rede tem uma incerteza de suprimento alta ou baixa, sendo estas características apresentadas na Tabela 2. CARACTERÍSTICAS DE PRODUTOS COM RELAÇÃO À DEMANDA Funcional Inovador Baixa incerteza de demanda Alta incerteza de demanda Demanda previsível Demanda volátil Demanda estável Demanda variável Longo ciclo de vida do produto Curto ciclo de vida do produto Baixo custo de estoque Alto custo de estoque FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 37 GESTÃO DA CADEIDA DE SUPRIMENTOS E DISTRIBUIÇÃO JULIANO BERTOLOTTI MOURA Pequena margem de lucro Alta margem de lucro Pequena variedade do produto Grande variedade do produto Alto volume de produção Baixo volume de produção Baixo custo em caso de falta de estoque Alto custo em caso de falta de estoque Baixa obsolescência Alta obsolescência Tabela 1- Características dos produtos quanto a incertezas da demanda Fonte: Adaptado de Reis (2015, p. 37) Características da Incerteza no Suprimento Estável Em Expansão Menos interrupções e falhas Vulnerável a interrupções Estável e rendimento/volume maior Variável e rendimento menor Menos problemas de qualidade Problemas de qualidade potenciais Mais fontes de suprimento Fontes de suprimento limitadas Fornecedores confiáveis Fornecedores não confiáveis Menos mudanças no processo Mais mudanças no processo Menores restrições de capacidade Restrições de capacidade potenciais Mais fácil de substituir Mais difícil de substituir Tempo de atendimento confiável Tempo de atendimento variável Tabela 2 - Características da incerteza no suprimento Fonte: Adaptado de Reis (2015, p. 37) Para que a empresa ou organização adote uma estratégia de rede de suprimento que seja adequada a cada produto é necessário que saiba se o produto é funcional ou inovador, conforme as características apresentadas nas Tabelas 1 e 2, bem como se as incertezas geradas pelos fornecedores são altas ou baixas (REIS, 2015). FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 38 GESTÃO DA CADEIDA DE SUPRIMENTOS E DISTRIBUIÇÃO JULIANO BERTOLOTTI MOURA A seguir, serão abordadas individualmente as estratégias de produção enxuta, flexível, responsiva e ágil. 5.1 Redes Enxutas No século XX houve uma grande mudança nos paradigmas produtivos, pois a manufatura enxuta tem o objetivo de eliminar todos os desperdícios. Por volta de 1950, Taiichi Ohno, um engenheiro japonês que trabalhava na empresa fabricante de automóveis Toyota, observou que o sistema de produção da empresa funcionava com o sistema de uma estamparia. Assim, desenvolveu técnicas simples de troca de moldes, utilizando carrinhos e sistemas de ajustes simples. Desta forma, Taiichi reduziu o tempo de troca de três dias para somente um dia. Nos anos 80, o sistema foi difundido no Ocidente e ficou conhecido como Just-in-Time (JIT). A filosofia JIT tem o objetivo de atender imediatamente a demanda com qualidade e sem desperdícios (REIS, 2015). Três elementos da filosofia JIT, conforme Reis (2015, p. 39), são: “eliminação de desperdícios em todas as suas formas; participação de todos os funcionários no aprimoramento; a ideia de que todo o aprimoramento deve acontecer em regime contínuo”. Alguns fatores de desperdícios estão ligados ao mau aproveitamento de transporte, movimentação inadequada, excesso de estoques, falta de confiabilidade em fornecimento e serviços, remuneração de mão de obra mal qualificada. Tornar a cadeia de suprimentos mais eficiente implica em eliminar os desperdícios e assim permitir ganhos de valor aos participantes da cadeia e para o consumidor final, conforme Reis (2015). 5.2 Redes Flexíveis Com o surgimento das novas tecnologias, materiais e aumento da renda e demanda mundial, houve uma explosão de produtos e serviços, fazendo com que a indústria de transformação sofresse um grande impacto. Diferentes projetos são desenvolvidos por designers que antes não eram pensados devido às condições técnicas e processos de produção. Concomitantemente às mudanças, as empresas tiveram que lidar com a necessidade de redução de custos sem que a qualidade dos produtos fosse prejudicada (REIS, 2015). FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 39 GESTÃO DA CADEIDA DE SUPRIMENTOS E DISTRIBUIÇÃO JULIANO BERTOLOTTI MOURA Quando se trata de uma rede de empresas, é fundamental que haja flexibilidade para poder permanecer no mercado. Portanto, uma cadeia de suprimento deve ter a capacidade de mudar rapidamente o que envolve a suas operações, seja produção, logística, marketing ou fornecimento, através da circulação das informações entre os diversos elos da cadeia. A flexibilidade da cadeia de suprimentos envolveas dimensões que têm maior impacto nos clientes, sendo as responsabilidades distribuídas entre duas ou mais funções ao longo da cadeia de suprimentos, podendo ser estas internas (marketing ou manufatura) ou externas (fornecedores, membros do canal) (REIS, 2015). 5.3 Redes Responsivas As redes de suprimentos responsivas consistem, segundo Reis (2015, p. 44), “[...] na habilidade de reagir intencionalmente e numa escala apropriada de tempo às demandas e mudanças no mercado, mantendo assim uma vantagem competitiva”. A estratégia se baseia no tempo de resposta da rede no atendimento das necessidades dos clientes, assim, quanto menor o tempo de resposta, maior será a responsividade da rede. As empresas, através da redução dos tempos de seus processos podem conseguir uma vantagem competitiva sustentável em um mercado volátil ou na não disposição do cliente em esperar (REIS, 2015). Segundo Reis (2015), a estratégia de responsividade foi a que evoluiu para o ambiente de rede de suprimentos com maior rapidez. A capacidade de reduzir tempos de atendimento ao cliente e o custo dos processos é um dos requisitos para que a empresa possa manter-se competitiva em seu segmento. Portanto, uma rede de suprimentos pode ser considerada responsiva se for capaz de responder às incertezas da demanda e a variabilidade de produtos, desde que a qualidade dos produtos e dos serviços sejam controladas antes de chegarem ao mercado consumidor. 5.4 Redes Ágeis Talvez o maior destaque entre as várias estratégias de redes de suprimentos seja a rede de suprimentos ágeis, pois as inovações tecnológicas, diminuição do ciclo de vida dos produtos, a variedade de produtos, o aumento da competitividade FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 40 GESTÃO DA CADEIDA DE SUPRIMENTOS E DISTRIBUIÇÃO JULIANO BERTOLOTTI MOURA internacional, a alteração da relação de oferta e procura, e as mudanças no perfil do mercado (REIS, 2015). Segundo Kidd (1994 apud REIS, 2015, p. 46), a manufatura ágil pode ser considerada como uma estrutura na qual as empresas podem desenvolver estratégias próprias de negócios e produtos, em que são sustentadas por meio da organização, das pessoas e da tecnologia. O conceito de agilidade tem o objetivo da manufatura na qual os dois principais fatores são: Responder de forma correta e no tempo devido quando houver mudanças inesperadas; • Explorar as mudanças inesperadas como sendo uma oportunidade de obter lucro. A capacidade de uma rede em responder a requisitos dinâmicos e turbulentos da demanda de rede está na capacidade de os seus membros se alinharem rapidamente. O foco principal está intrínseco na estrutura do ambiente de negócios e que deve estar em um nível adequado de agilidade de forma que responda e que antecipe proativamente às mudanças, de forma a encontrar novas oportunidades emergentes. Segundo Reis (2015, p. 48, apud CHRISTOPHER, 2004), uma cadeia de suprimentos, para ser considerada ágil, deve apresentar algumas características. São elas: • Sensibilidade ao Mercado (Market Sensitive): a cadeia de suprimento ágil é sensível ao mercado, deve ser capaz de conhecer e responder à demanda real é adequado a situações em que a previsão de demanda é difícil e pode variar repentinamente realçando a sensibilidade deste tipo de rede. • Virtual: a utilização da tecnologia da informação em compartilhamento de dados entre os fornecedores e compradores gera uma cadeia de suprimentos virtual. Ao invés de ser baseada em seus estoques, uma cadeia de suprimentos é considerada ágil quando é baseada na informação, tais como: produtos acabados, produtos em processo de produção, produtos que estão sendo distribuídos na rede e, por fim, a existência e a gerência dos estoques presentes na rede são imprescindíveis para a competitividade em mercados ágeis. • Integração de Processos (Process Integration): a integração do processo está relacionada com o trabalho colaborativo envolvendo clientes e fornecedores no desenvolvimento de produtos, sistemas e compartilhamento de informações em uma rede de suprimentos. • Redes (Network Based): a reunião dos atores da rede é o quarto estágio da agilidade, assim, a competição entre as empresas passam a ser entre as redes de negócios e não mais entre as empresas, fazendo com que a direção das organizações apontem para a obtenção de uma estrutura melhor, além de FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 41 GESTÃO DA CADEIDA DE SUPRIMENTOS E DISTRIBUIÇÃO JULIANO BERTOLOTTI MOURA coordenar e gerenciar os seus relacionamentos. Neste caso, as redes ágeis só podem existir por meio da aplicação dos conceitos de agilidade em todos os atores da rede. A estrutura de trabalho, segundo Ismail e Sharifi (2006 apud REIS, 2015, p. 49), o mercado é quem indica o ponto de partida para a agilidade, pois indica os produtos que necessita, qual tecnologia deve ser utilizada, a competição mercadológica e o ambiente de negócios no qual as empresas competem classificando os produtos, o mercado, identificação de turbulências e o ambiente onde a empresa está estabelecida, formando, juntamente com os requisitos do mercado, o que se denomina mercado e estratégia de produto. 5.5 Redes Leagile As redes Leagiles, embora não façam parte das quatro estratégias de redes apresentadas anteriormente, consiste em uma proposta de junção entre as estratégias enxutas até certa etapa do processo e a após este ponto utilizar uma configuração ágil. O ponto para a divisão desses modelos é denominado Ponto de Dissociação (Decoupling Point). Este ponto deve estar localizado entre o fabricante e os consumidores, podendo ser localizado em diferentes etapas da rede de suprimentos. Assim, antes do ponto de dissociação a produção é orientada pela previsão de vendas e, depois do ponto de dissociação é orientado pela geração da demanda do mercado, conforme demonstrado na Figura 14. Figura 14- Pontos de dissociação Fonte: Adaptado de Reis (2015, p. 51) FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 42 GESTÃO DA CADEIDA DE SUPRIMENTOS E DISTRIBUIÇÃO JULIANO BERTOLOTTI MOURA Em uma rede Leagile, segundo Reis (2015), a montante (antes) do ponto de dissociação é utilizada a estratégia de rede enxuta, desta forma os desperdícios dos processos de fabricação, transporte e montagem são eliminados e a jusante (depois do ponto de dissociação) é utilizada a estratégia ágil, buscando abastecer o mercado de forma adequada e com produtos e serviços inovadores. Para que uma estratégia dê certo é necessário que haja um certo grau de padronização e modularização dos processos em que os modelos sejam derivados uns dos outros e montados de forma modular, ou seja, pela junção de módulos padrões. Isto está na rede Sua estratégia de suprimentos está funcionando? Fonte: Disponível em: https://www.ecommercebrasil.com.br/artigos/sua- estrategia-de-suprimentos/. Acesso em: 02 de mar. 2020. Isto acontece na prática Com mais de 1,8 milhão de consultoras pelo país e 7.000 funcionários, a Natura é a maior empresa brasileira de venda direta e uma das líderes do mercado de cosméticos. Fundada em 1969, a companhia nasceu com a premissa de um negócio preocupado com o impacto social, econômico e ambiental que causa, além do uso de insumos vegetais a partir da biodiversidade brasileira para a criação de seus produtos. Leia mais em: https://exame.abril.com.br/negocios/o-caminho-dos-produtos- da-natura-da-fabricacao-ao-consumo/. Acesso em: 02 de mar. 2020. Anote isso Três elementos da filosofia JIT são: “eliminação de desperdícios em todas as suas formas; participação de todos os funcionários no aprimoramento; a ideia de que todo o aprimoramento deve acontecer em regime contínuo” (REIS, 2015). FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 43 GESTÃO DA CADEIDA DE SUPRIMENTOS E DISTRIBUIÇÃO JULIANO BERTOLOTTI MOURA AULA 6 MODELOS APLICADOS NA SCM – PARTE I Fonte: https://pixabay.com O Supply Chain Management, ou gerenciamento da cadeia de suprimentos, segundo Pires (2016), é um tema contemporâneoe tem sido discutido em diversos setores, tanto no meio acadêmico quanto no meio empresarial. No que diz respeito aos modelos aplicados ao SCM, nesta aula serão abordados quatro modelos que têm objetivos e escopos diferentes, porém podem ser utilizados como complementos. Dos quatro modelos aplicados no SCM, três serão descritos como A, B e C, assim evita-se que sejam criados rótulos inadequados (PIRES, 2016). FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 44 GESTÃO DA CADEIDA DE SUPRIMENTOS E DISTRIBUIÇÃO JULIANO BERTOLOTTI MOURA 5.1 Modelo A Este modelo destaca a natureza do relacionamento da SCM e a necessidade de realizar o trabalho por meio de várias etapas para formar e gerenciar uma cadeia de suprimento (SC) com sucesso. A Figura 15 apresenta um framework contendo três elementos inter-relacionados que formam a estrutura da SC (network structure), os processos de negócios da SC e por fim os componentes gerenciais da SCM, ou seja, a estrutura apresenta as empresas que são membros da cadeia e suas interligações, e os processos de negócios nas atividades que resultam em uma saída específica de valor para o cliente (PIRES, 2016). Figura 1 - Elementos do modelo A Fonte: Adaptado de Pires (2016, p. 74) 6.1.1. Estrutura da SC Esta estrutura busca definir quem são os principais membros SC e com quais deles os processos serão integrados. Toda empresa, segundo Pires (2016), integra a cadeia de suprimentos, o que resta saber é o quanto estas cadeias necessitam de gerenciamento, pois depende de fatores como a complexidade dos produtos, fornecedores e materiais disponíveis, entre Fonte: https://pixabay.com FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 45 GESTÃO DA CADEIDA DE SUPRIMENTOS E DISTRIBUIÇÃO JULIANO BERTOLOTTI MOURA outros. Deve-se considerar nesta estrutura o tamanho da SC e o número de fornecedores e de clientes em cada um de seus níveis (elos). Outra questão é o quanto desses ramos e raízes precisam ser gerenciados, pois muitas empresas participam de mais de uma cadeia de suprimentos, e na maioria das empresas de manufatura, a cadeia de suprimentos se apresenta como uma árvore na qual cada ramo pode representar respectivamente, os clientes e os fornecedores. A seguir, será abordado cada um dos aspectos estruturais da configuração da SC. • Identificação dos membros da SC: os membros de uma SC são todas as empresas ou organizações que interagem direta ou indiretamente com a empresa focal, na direção da montante e jusante, desde a fonte da matéria-prima até o consumidor final. Neste caso, os membros da SC podem ser divididos em: • Membros primários: são todas as empresas que agregam valor operacional ou gerencial às atividades de negócios desenvolvidas para produzir um produto ou serviço para um cliente ou mercado específico. • Membros suporte: são empresas que providenciam para os membros primários da SC o conhecimento, as facilidades ou os recursos. Neste caso os membros suportem pode incluir vários tipos de companhias, tais como bancos, proprietários de armazéns que alugam espaços, empreiteiras, segurança patrimonial etc. A distinção entre empresas que formam o grupo primário e os de suporte nem sempre é realizado de forma fácil, mas, segundo Pires (2016), pode ser um facilitador para o identificador dos elementos-chave da cadeia de suprimentos. Outra vantagem dos membros primários ou secundários é a de poder definir forma clara o ponto de origem e o ponto de consumo de uma SC. Neste caso, no ponto de origem só há membros fornecedores suportes e nenhum fornecedor primário. No ponto de consumo não há valor adicional acrescentado e o produto ou serviço é consumido (PIRES, 2016). • Dimensões estruturais: este modelo destaca que para descrever, analisar e gerenciar uma cadeia de suprimentos é necessário considerar três dimensões. São elas: Fonte: https://pixabay.com FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 46 GESTÃO DA CADEIDA DE SUPRIMENTOS E DISTRIBUIÇÃO JULIANO BERTOLOTTI MOURA • Estrutura horizontal: diz respeito ao número de níveis medido horizontalmente, fazendo com que as cadeias sejam mais longas (cadeia de automóveis) ou curtas (cadeia do cimento). • Estrutura vertical: diz respeito à quantidade de fornecedores ou clientes estabelecidos em cada um dos níveis identificados na cadeia horizontal, fazendo com que a cadeia tenha uma estrutura larga ou estreita em cada um de seus níveis horizontal, ou seja, tendo muitos ou poucos fornecedores ou clientes em cada nível horizontal. • Posição horizontal da empresa em foco: esta estrutura determina o quanto a empresa está posicionada em relação ao ponto de origem ou do ponto de consumo da SC, podendo estar próxima ou distante. O processo de reestruturação e de consolidação das relações nas SCs, segundo Pires (2016), tem provocado alterações significativas nas dimensões estruturais das cadeias de suprimentos. 6.1.2 Os processos de negócios da SC Fonte: https://pixabay.com Neste caso, a principal questão a ser levantada é quais os processos de negócios deveriam ser tratados em conjunto ao longo da cadeia de suprimentos sob a perspectiva da empresa focal. Para um gerenciamento da cadeia de suprimentos efetiva é necessária FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 47 GESTÃO DA CADEIDA DE SUPRIMENTOS E DISTRIBUIÇÃO JULIANO BERTOLOTTI MOURA uma mudança para o modelo de gestão dos processos de negócios-chave da SC. Assim, a integração e gerenciamento de uma cadeia de suprimentos exige um fluxo contínuo de informações, podendo colaborar muito para criar um fluxo melhor de materiais. Segundo Pires (2016), o foco da SC é o atendimento do cliente final, tornando-se necessário o processamento das informações de maneira precisa e em tempo hábil para que se responda à demanda do cliente final de forma adequada. Neste modelo, existem oito processos de negócios-chave em uma cadeia de suprimentos, conforme descritos suscintamente a seguir. Gestão das Relações com os Clientes (Customer Relationship Management): trata- se do processo que providencia a estrutura para que o relacionamento com o cliente seja desenvolvido e mantido. Normalmente, os clientes-chave são identificados e os grupos de clientes para os quais são estabelecidas metas. As equipes que têm o foco nestes clientes trabalham para que os processos sejam melhorados e a variação da demanda e de atividades que não agregam valor aos clientes seja eliminada. Ao mesmo tempo, são elaborados relatórios para medir o retorno proporcionado por cada um dos clientes-chave. Gestão do Serviço ao Cliente (Customer Service Management): este processo apresenta a empresa aos clientes, transmitindo informações em tempo real e firmando compromissos tais como datas de expedição e de disponibilidade de produtos por meio de interligação direta dos clientes com as áreas funcionais, como a produção e logística, bem como a assistência ao cliente em todos os estágios do atendimento, ou seja, desde a pré até o pós-vendas. Gestão da Demanda (Demand Management): é considerado o negócio-chave da empresa para que a SCM seja efetiva. Este processo busca fazer o balanceamento das necessidades dos clientes com a capacidade do fornecedor. Neste caso, o importante é gerenciar a demanda e os estoques através da integração de todos os elos-chave da SC. Atendimento dos Pedidos (Order Fulfillment): trata-se de outro processo de negócio- chave das SCM e tem o foco no atendimento às crescentes necessidades dos clientes em vários fatores (quantidade, prazo, qualidade etc.) explicitados em seus pedidos. O maior objetivo é proporcionar um atendimento do pedido da forma mais efetiva possível, sendo que, para isso, é fundamental conhecer a atual SCM. Gestão do Fluxo de Manufatura (Manufacturing Flow Management): neste caso, comumente as empresas que têm a sua produção voltada para o estoque (make-to- FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 48 GESTÃO DA CADEIDA DE SUPRIMENTOS E DISTRIBUIÇÃO JULIANO BERTOLOTTI MOURA sotck), trabalham com base na previsãode demandas e empurram seus produtos para a rede de distribuição. Embora a teoria aponte para a produção puxada (com base na demanda do cliente) do que a produção empurrada (produção para estoque), a produção tende a fugir do controle da empresa, e quando foge do controle, a produção volta a seguir o padrão estabelecido pelo mercado. Gestão das Relações com os Fornecedores (Supplier Relationship Management): é o processo que define a forma com que a empresa se relaciona com os seus fornecedores e pode ser considerada uma “imagem espelho” no que diz respeito à gestão das relações com os clientes. O maior objetivo deste processo é construir uma relação ganha-ganha e envolver os fornecedores-chave desde o início do processo até a saída do produto final. Desenvolvimento do Produto e Comercialização (Product Development and Commercialization): trata do trabalho em conjunto entre os clientes e fornecedores com o principal objetivo de atrasar o tempo de lançamento do produto (time-to-market). Os atrasos no desenvolvimento e lançamento de novos produtos em tempos cada vez mais reduzidos se tornam essenciais para que a empresa se mantenha competitiva no mercado. Gestão dos Retornos (Returns Management): trata-se dos processos que envolvem o fluxo de retornos de materiais e/ou produtos. Este é o único processo, dentre os oito apresentados que caminham na direção do fornecedor original (montante). Segundo Pires (2016), em vários países industrializados o processo de gestão dos retornos já sofre uma grande e crescente influência das questões legais ligadas ao respeito e não à degradação do meio ambiente. Tipos de gestão aplicados aos processos de negócios A lógica do gerenciamento total de uma SC é um modelo mais complexo do que o gerenciamento de uma empresa. No entanto, a disponibilidade de recursos par executar a gestão continuam praticamente iguais ou, em muitas vezes, vão se reduzindo aos poucos. O modelo descrito tem como base para proceder com a classificação o tipo de relação de trabalho que a empresa focal quer ter com cada empresa (elo) da cadeia de suprimento. Neste modelo, segundo Pires (2016, p. 80), são definidos quatro tipos FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 49 GESTÃO DA CADEIDA DE SUPRIMENTOS E DISTRIBUIÇÃO JULIANO BERTOLOTTI MOURA de gestão para aplicação no desenvolvimento de gerenciamento dos processos de negócios. São eles: • Processos gerenciados: os processos de negócios conduzidos com um conjunto-chave de empresas ao longo da SC serão tratados e gerenciados de forma integrada. • Processos monitorados: não são tão críticos para a empresa focal quanto os processos gerenciados, mas é importante que eles estejam integrados e constantemente monitorados. • Processos não gerenciados: os processos não gerenciados são aqueles com que a empresa focal decide não se envolver em sua gestão porque não são considerados críticos nem para serem monitorados. • Processos de não membros: esses não membros não são considerados parte da SC da empresa focal, mas eles podem afetar o desempenho deles (empresa focal e sua SC). Sabemos que, de fato, muitas vezes uma SC é influenciada por uma decisão oriunda em outra SC a ela conectada. Por exemplo, uma decisão tomada por um concorrente da empresa focal pode provocar turbulências em um fornecedor comum para as duas SCs com reflexos diretos no cotidiano da empresa focal. Normalmente, os tipos de gestão apresentados pelo modelo podem ser muito úteis à empresa focal quanto à reestruturação e consolidação das relações na cadeia de suprimentos. Segundo Pires (2016), há dificuldade ou inviabilidade de se estabelecer um padrão único (entre os quatro sugeridos), para o gerenciamento dos processos entre as empresas da cadeia de suprimento. Isto está na rede SCM – Supply Chain Management aplicada à logística Fonte: Disponível em: https://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos07/698_ SUPPLY%20CHAIN%20MANAGEMENT%20SEGeT%202007.pdf . Acesso em: 25 de mar. 2020. Isto acontece na prática Já chegou numa loja ou supermercado e não encontrou aquele produto que você mais gosta? É frustrante, né. Qual foi a sua reação? Procurou outro estabelecimento? Deixou de frequentar aquele lugar? Quando isso acontece, pode ter certeza que houve um problema de Supply Chain. Em alguns casos, FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 50 GESTÃO DA CADEIDA DE SUPRIMENTOS E DISTRIBUIÇÃO JULIANO BERTOLOTTI MOURA um erro como esse é mortal para um negócio, que pode ver um cliente ir embora e nunca mais voltar! Quando falamos em Supply Chain, estamos nos referindo ao Supply Chain Management (SCM) ou, traduzindo para português, Gestão de Cadeia de Suprimentos. Essa ideia surgiu em uma entrevista dada ao jornal Financial Times em 1982 pelo consultor de negócios Keith Oliver, tido hoje como o pai do termo. Leia mais em: https://inbrasc.liveuniversity.com/2018/07/17/supply- chain-como-ele-funciona-nas-empresas/. Acesso em: 25 de mar. 2020. Anote isso Para um gerenciamento da cadeia de suprimentos efetiva é necessária uma mudança para o modelo de gestão dos processos de negócios-chave da SC (PIRES, 2016). FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 51 GESTÃO DA CADEIDA DE SUPRIMENTOS E DISTRIBUIÇÃO JULIANO BERTOLOTTI MOURA AULA 7 MODELOS APLICADOS NA SCM – PARTE II 7.1 Os componentes gerenciais da SCM Fonte: https://pixabay.com/ A principal questão levantada sobre o modelo se refere ao tipo de integração e de gestão que a empresa focal deveria aplicar em cada etapa do negócio realizado com as empresas fornecedoras e clientes. Pires (2016) sugere nove possíveis componentes gerenciais que devem receber atenção quando da efetivação de um gerenciamento da cadeia de suprimentos. São eles: a) Planejamento e controle de operações: considera-se como componentes gerenciais-chave para movimentar a empresa ou SC em uma direção desejada. Neste caso, a colaboração no planejamento é vital para o SCM, enquanto que o controle deve contemplar as medidas para se avaliar o desempenho da SCM. FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 52 GESTÃO DA CADEIDA DE SUPRIMENTOS E DISTRIBUIÇÃO JULIANO BERTOLOTTI MOURA b) Estrutura de trabalho: indica como é realizada as tarefas e atividades da empresa ou da SC. c) Estrutura organizacional: indica o nível de integração dos processos ao longo da cadeia de suprimentos e envolve cada vez mais a participação de equipes multiorganizacionais, integralizando o trabalho em várias etapas da SC. d) Estrutura facilitadora do fluxo de produto: diz respeito à estrutura de abastecimento, à manufatura e à distribuição ao longo da SC. e) Estrutura facilitadora do fluxo de comunicação e informação: trata-se de um componente-chave para que as informações sejam transmitidas de forma adequada ao longo da SC. f) Métodos de gestão: englobam a filosofia corporativa e as técnicas de gestão ao longo da SC. g) Estrutura de poder e liderança: diz respeito ao exercício do poder e jogo de forças entre os elementos da SC. h) Cultura e atitude: considera a importância da cultura na corporação e das atitudes de cada pessoa e o seu grau de compatibilidade ao longo da SC, incluindo questões como a valorização e incorporação dos colaboradores na gestão da empresa. i) Estrutura de risco e recompensa: a definição clara da política de riscos e de recompensa afeta a realização de acordos estabelecidos da cadeia de suprimentos de forma geral. 7.2 Modelo SCOR O primeiro modelo a ser construído para descrever, comunicar, avaliar e melhorar o desempenho da SCM, foi o SCOR (Supply Chain Operations Reference model) considerado o modelo de referência. Segundo Pires (2016), um modelo de referência busca descrever, caracterizar e avaliar um sistema de produção complexo. De certa forma, o modelo visa representar um complexo processo de gestão, de forma que possa ser descrito de forma única e consistente. Um modelo de referência, segundo Pires (2016), um modelo de referência pode ser considerado um desdobramento, no qual um primeiro
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