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O FMEA COMO FERRAMENTA DE AÇÃO PREVENTIVA APLICADO ÀS NORMAS DE GESTÃO DA QUALIDADE NO PROCESSO DE VULCANIZAÇÃO DA BOLSA PARA ÁGUA QUENTE Marcelo Eduardo Barbian1 Gilberto Jesus Avila2 RESUMO Este artigo tem como objetivo estudar a aplicação da ferramenta FMEA (Análise de Modo e Efeito de Falha) para análise das falhas do processo de vulcanização da bolsa para água quente. A problemática deste estudo se relaciona a sistemas de gestão das organizações que não possuem ou usam de forma deficiente métodos focados na prevenção, como o FMEA. Para tanto, realizou-se uma pesquisa descritiva, por meio de um estudo de caso das atividades do processo de vulcanização da bolsa para água quente, que apresentam riscos ambientais, sociais e econômicos. Os principais resultados indicam que a utilização do método FMEA, com base nas normas de gestão do processo produtivo, mostrou-se uma adequada alternativa para a organização que busca uma gestão de processos e produtos sustentáveis, minimizando, assim, suas falhas. Palavras-Chave: FMEA, Sustentabilidade, Normas de Gestão e Controle Preventivo de Falhas. ABSTRACT This article aims to study the application of the tool FMEA (Failure Mode and Effect Analysis Failure) for analysis of the failures of the vulcanization process of hot water bag. The problem of this study relates to management systems of organizations that have no use or poorly focused on prevention methods such as FMEA. To this end, we carried out a descriptive research through a case study of the activities of the curing process of hot water bag, which present environmental risks, social and economic. The main results indicate that using the FMEA method, based on the management standards of the production process proved to be a suitable alternative for an organization seeking to manage processes and sustainable products, thus minimizing its flaws. 1 Graduando do Curso de Administração da Faculdade Dom Alberto. 2 Professor do Curso de Administração de Empresas da Faculdade Dom Alberto, Engenheiro de Produção (UNISINOS), Mestre em Administração (UNISINOS). Key-words: FMEA, Standards of Quality Management and Preventive Control Failure 1 Introdução Os sistemas de gestão da qualidade evoluíram ao longo do tempo, tornando- se necessários nas organizações principalmente nas últimas décadas. Embora a execução de cada atividade ou processo seja feita de forma eficiente, produtos defeituosos chegam ao cliente final devido aos processos não serem totalmente eficientes. Na busca da padronização das atividades e melhoria da qualidade dos produtos e serviços, houve uma proliferação de normas, abordando a gestão da qualidade (ISO 9000 e ISO/TS 16949), gestão ambiental (ISO 14000), gestão em responsabilidade social (SA 8000) e gestão da segurança e saúde do trabalho (OHSAS 18000), que abordam, de maneira objetiva, ações pró-ativas, buscando minimizar prejuízos oriundos de deficiências do processo (SILVA; TIN; OLIVEIRA, 1997). Nos últimos anos, muitas organizações têm usado a ferramenta FMEA (sigla em inglês para Failure Mode and Effect Analysis) na análise dos seus produtos e processos de fabricação. Isso teve início em função da extinta norma para o setor automotivo QS-9000 (substituída atualmente pela ISO/TS 16949), que determina o uso deste método pelas empresas e seus fornecedores durante o processo de desenvolvimento de um novo produto ou processo. Este fato trouxe uma visão diferenciada sobre a necessidade da utilização da ferramenta FMEA (FERNANDES, 2005). Os sistemas de gestão da qualidade das organizações carecem de foco preventivo, causado pela falta ou uso deficiente de métodos focados na prevenção, como o FMEA. Outro ponto que deve ser levado em consideração é que a sustentabilidade industrial que, além de ser uma medida ética, produtiva e de exigência legal, também ganha um espaço cada vez maior em relação à aceitabilidade dos consumidores (FERNANDES, 2005). Tendo em vista este contexto, este estudo tem como objetivo geral estudar a aplicabilidade da ferramenta FMEA (Análise de Modo e Efeito de Falha) para análise prévia das falhas do processo de vulcanização da bolsa para água quente. A problemática deste estudo se relaciona a sistemas de gestão das organizações que não possuem ou usam de forma deficiente métodos focados na prevenção, como o FMEA. Os objetivos específicos são: identificar as normas de gestão em que a empresa é certificada, assim como o seu conhecimento sobre a ferramenta FMEA; aplicar no processo de vulcanização da bolsa para água quente a ferramenta FMEA adaptada às normas de gestão, abrangendo o âmbito econômico, social e ambiental e, por fim, identificar e descrever as funcionalidades possíveis com a abordagem proposta. Por meio dos resultados obtidos, espera-se, com este estudo, que o modelo proposto seja utilizado pela empresa para a identificação das possíveis falhas no processo produtivo. Espera-se, também, melhorar a disseminação do conceito de sustentabilidade com a implantação da ferramenta FMEA, tendo como base as normas de qualidade (ISO 9000 e ISO/TS 16949), gestão ambiental (ISO 14000), gestão em responsabilidade social (SA 8000) e gestão da segurança e saúde do trabalho (OHSAS 18000). 2 Referencial Teórico Com o intuito de oferecer um melhor entendimento sobre o assunto estudado, na sequência serão relatados alguns temas considerados importantes, são eles: sistema de gestão de qualidade e sustentabilidade; ações preventivas e ferramenta FMEA (Análise de Modo e Efeito de Falha). 2.1 Sistemas de gestão de qualidade e sustentabilidade Antes de se iniciar a análise da literatura referente à integração das normas de gestão, é importante fazer um breve comentário sobre tais normas. A ISO 9000 é uma norma que fornece diretriz e requisitos para a garantia da qualidade. A ISO 14000 por sua vez, aborda o sistema de gestão ambiental da empresa. A norma SA8000 oferece padrões para o sistema de gestão social. Por fim, a norma OHSAS 18000 aborda o sistema de gestão da saúde e da segurança do trabalho (ALVAREZ, 2010). Estas normas buscam atender as necessidades dos clientes, que são produtos de qualidade e sustentáveis, as expectativas normalmente são em relação à conformidade com requisitos e à adaptabilidade ao uso, onde as principais partes interessadas são normalmente os clientes. Assim, a qualidade está diretamente relacionada em atender aos requisitos dos clientes (POSSO, 2007). Para atender aos requisitos dos clientes as empresas adquirem as normas de gestão da qualidade, meio ambiente, saúde e segurança e responsabilidade social, buscando a padronização e melhoria dos produtos, serviços e processos. Também visam à sustentabilidade e como conseqüência, facilita a tomada de decisão (SILVA; TIN; OLIVEIRA, 1997). A questão de sustentabilidade não foca apenas os três fatores clássicos: social, ambiental e econômico. Há componentes ligados ao ambiente externo e interno – processos e controles que envolvem stakeholders (partes interessadas) e shareholders (partes que compartilham) e implicam que a empresa sustentável deve ter estes três pilares (ABREU, 2010). Conforme Alvarez (2010, p. 215): Cabe as empresas adotar estas normas caso pretendam sobreviver aos tempos turbulentos que vivemos, transformando-se em entidades sociais com responsabilidade, oferecendo um produto de qualidade. Para isso, as empresas necessitam mudar seus conceitos para um melhor controle de seus processos e produtos, focando sempre na prevenção das possíveis falhas e levando em consideração que as normas exigem a adoção de ações preventivas em seus processos, faz-se necessário abordar este assunto. 2.2 Ações preventivas Uma ação preventiva é aquela que deve ser implantada para evitar que um problemapotencial venha a ocorrer através da eliminação de suas falhas (ABNT - NBR ISO 9000, 2005). As ações preventivas devem apoiar-se na possibilidade de ocorrer a não conformidade, fixando procedimentos para verificar as causas prováveis. Geralmente, a análise de risco efetuada quando da elaboração dos estudos de avaliação dos impactos ambientais, sociais e econômicos é valiosa fonte de informação para identificar a necessidade de adotar medidas preventivas (ALVAREZ, 2010). O controle operacional diz respeito à identificação das operações e atividades associadas aos perigos identificados, para os quais são necessárias medidas de controle constante para gerenciar os riscos a elas associados; o controle operacional também deve gerar medidas corretivas e preventivas, evitando a recorrência. Isso significa processos com acompanhamento constante (ALVAREZ, 2010). O sistema de gestão da qualidade deve prever ações de monitoramento e controle para verificar a existência de problemas e formas de corrigi-los antes que ocorram. Geralmente, as empresas estabelecem em documentos apropriados para controle da qualidade as características a serem medidas e as periodicidades de medição, sendo o FMEA (Análise de Modo e Efeito de Falha) a ferramenta sugerida por este estudo (ALVAREZ, 2010). Após, a análise referente às ações preventivas, abordar-se-á a partir deste momento, a ferramenta FMEA (Análise de Modo e Efeito de Falha) como ferramenta para controle da qualidade. 2.3 Ferramenta FMEA (Análise de Modo e Efeito de Falha) O FMEA é um método estruturado e formalmente documentado, utilizado para prevenir falhas. Rodrigues (2010, p. 288) relata o objetivo do FMEA: O principal objetivo do FMEA é identificar, delimitar e descrever as possíveis não-conformidades (modo de falha) de um processo, seus efeitos e causas, e criar condições organizacionais para minimizá-los ou eliminá-lo, através de ações de prevenção estruturada e realizada em prazo e por profissional devidamente indicado. Segundo Rodrigues (2010), o objetivo da ferramenta FMEA não é somente identificar, mas identificar as falhas previamente, para eliminar ou reduzir a falha identificada. Conforme descrito por Castilho (2007), a metodologia FMEA foi criada pela NASA (Agência Espacial Norte Americana), em 1963, durante a missão Apollo. A NASA desenvolveu um método para identificar, de forma sistemática, as falhas potenciais em sistemas, processos ou serviços antes que ocorressem. Desta forma, surge o conceito da Análise de Modo e Efeito de Falha - FMEA. Para Slack (2002, p. 638), “É um meio de identificar falhas antes que aconteçam, por meio de um procedimento de lista de verificação (check-list), gerando informações”. As etapas para preenchimento do check list é apresentação a seguir. As etapas para concepção de um FMEA (Análise de Modo e Efeito de Falha) são, definir o processo a ser analisado, definir a equipe, preferencialmente com visão multidisciplinar, definir o modo de falha, indicar os efeitos, indicar a causa básica e outras causas, hierarquizar as falhas através do índice de criticidade (nível de risco), agir preventivamente, através de ações de prevenção (detecção) e definir prazo e responsável pela ação preventiva (RODRIGUES, 2010). Após ter identificado as causas, os efeitos e os possíveis meios de detecção, busca-se verificar os índices de risco, hierarquizando, através de pesos atribuídos aos itens: Ocorrência da Causa (O); Gravidade do Efeito (G); e Detecção da Falha (D) (RODRIGUES, 2010). Para reduzir os riscos, é preciso reduzir a probabilidade de ocorrência da causa e gravidade do efeito, assim como, aumentar a probabilidade de detecção da falha. Geralmente, utiliza-se uma escala de 1 a 10 para hierarquização dos itens analisados no FMEA. A tabela 1, abaixo apresenta escala/peso para as ocorrências da causa e gravidade do efeito. Portanto, quanto maior o peso maior a ocorrência e gravidade da falha (RODRIGUES, 2010). TABELA 1 - Escala/pesos para os itens: Ocorrência de causa (O) e gravidade de efeito (G) Na tabela 2, é apresentada a escala/peso quanto a detecção da falha no processo. Assim, quanto maior o peso menor é a detecção da falha no processo (RODRIGUES, 2010). TABELA 2 - Escala/pesos para o item: Detecção de falha (D) A partir dos pesos, pode ser calculado o índice de risco (RPN – Risk Priority Number), ou seja, a possibilidade de uma variável causar danos e será representado pela expressão: Risco (RPN) = Ocorrência (O) X Gravidade (G) X Detecção (D). Quanto maior o RPN (índice de risco), maior a urgência de se adotar ações corretivas e preventivas (RODRIGUES, 2010). 3 Metodologia Este estudo caracterizou-se como uma pesquisa descritiva, pois visa identificar uma série de variáveis que podem servir de apoio quanto a decisão do problema, no caso a implantação da ferramenta FMEA no processo de vulcanização da bolsa para água quente. De acordo com Gil (2002), a pesquisa descritiva caracteriza-se pela utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados. Em relação aos procedimentos de pesquisa, adotou-se o estudo de caso, que, para Yin (2001), é um tipo de pesquisa empírica que permite a investigação de problemas contemporâneos em um contexto real. A coleta primária de dados foi realizada entre os meses de janeiro a maio de 2011. Foi realizada também, pesquisa documental e bibliográfica, pois conforme Marconi e Lakatos (2006), é baseado na coleta de dados, tendo o foco em documentos, escritos ou não, contribuindo o que se denominam fontes primárias. Os dados foram coletados mediante aplicação de entrevista, composta por quatro perguntas: quais as normas de gestão que são utilizadas pela empresa; como é feito o gerenciamento das ações corretivas e preventivas na empresa; que falhas podem ocorrer no processo produtivo e qual é o conhecimento do grupo sobre a ferramenta FMEA. As entrevistas foram feitas com todos os membros da equipe de qualidade e processo da empresa estuda, totalizando seis pessoas. A análise dos dados foi realizada a partir do cruzamento de variáveis indicadas no formulário, através do software Excel. Logo após, foram criados gráficos com o intuito de facilitar a compreensão e análise dos dados obtidos. A seguir apresentam-se os dados e análises do tema pesquisado, que objetivam propor uma forma de aplicação do FMEA a ser realizada no processo de vulcanização da bolsa para água quente. 4 Avaliação da gestão da qualidade atual O estudo foi realizado no processo produtivo de uma indústria de artefatos de borracha, que busca desenvolver produtos e processos sustentáveis. Visando identificar as normas de gestão da qualidade, observou-se que a empresa possui certificação na norma ISO 9001:2008. Percebeu-se, também, que as normas ISO 14000, SA 8000 e OHSAS 18000 já estão sendo analisadas pelo grupo de qualidade. A empresa se preocupa em atender às normas focadas em gestão ambiental e social, pois vão ao encontro aos novos direcionadores da empresa. No entanto, a empresa ainda não considera necessário obter algum tipo de certificação externa, sendo considerado mais importante transformar as diretrizes definidas pelas normas em ações conscientes pelos seus funcionários na tomada de ação ao desenvolver produtos ou processos. Através das entrevistas, observou-se que a empresa possui uma ferramenta chamada RAC (Registro de Ação Corretiva) ou RAP (Registro de Ação Preventiva) para análise corretiva ou preventiva de falhas internas, de todas as áreas da empresa. Uma ferramenta para analisar as falhas e identificar ações de contenção e correção. Com estas ferramentas, analisa-se um problema específico, verificam-se as causas e implantam-se as ações para eliminar a falha. Todavia, como demonstrado na Tabela 3, épossível observar que a empresa vem atuando acentuadamente de forma corretiva, ou seja, sempre atuando após a ocorrência da falha. TABELA 3 – Levantamento da RAC’s e RAP’s da empresa. Apesar de ter foco corretivo, observou-se que a empresa busca atuar também de forma preventiva, através das entrevistas feitas com a equipe de qualidade, disponibilizando esta ferramenta para melhorar a análise das falhas ou possíveis falhas. Porém, verificou-se, por meio da pesquisa documental, que a empresa não analisa seus processos como um todo, o que seria analisar a primeira tarefa até a última de cada processo ou atividade e não apenas atuando em uma operação isolada. Após, apresentar o sistema de gestão da qualidade da empresa estudada, cabe analisar o conhecimento da empresa sobre a ferramenta FMEA como ferramenta de para análise previa das falhas do processo produtivo. 4.1 Conhecimento da empresa sobre a ferramenta FMEA Este estudo está direcionado á análise preventiva das falhas do processo produtivo, utilizando como base as normas de gestão da qualidade. Com isso, buscou-se verificar se a empresa possuía conhecimento da ferramenta FMEA para a viabilidade da sua utilização no estudo proposto. Nesse sentido, foram realizadas entrevistas com os membros da equipe de processo e qualidade, totalizando seis pessoas, responsáveis pelo gerenciamento, controle do processo produtivo e suas normas de gestão. Ficou evidente, através da entrevista com as equipes de qualidade e processo que apenas os três membros dos seis, possuem conhecimento prático referente ao FMEA, devido às exigências dos clientes automotivos na produção de peças técnicas conforme norma ISO/TS 16949. Realizado estes apontamentos entre o conhecimento da empresa referente as normas de gestão da qualidade e a ferramenta FMEA (Análise de Modo e Efeito de Falha) para controle preventivo das falhas do processo produtivo, passar-se-á a analisar, a partir deste momento a aplicação da ferramenta FMEA no processo de vulcanização da bolsa para água quente. 4.2 Aplicação da ferramenta FMEA com a proposta do estudo Para a realização deste estudo, foi necessário preencher o formulário do FMEA, juntamente com a equipe de qualidade e processo, conforme as etapas descritas por Rodrigues (2010), o qual solicita primeiramente a identificação do processo produtivo a ser analisado. A escolha foi realizada juntamente com a equipe de processo e qualidade da empresa, a qual optou pelo produto bolsa para água quente. O fluxo do processo é verificado na figura 1. FIGURA 1 – Fluxo do processo de produção da bolsa para água quente. O fluxo do processo da bolsa para água quente, inicia na pesagem de mistura, onde os ingredientes são pesados (como uma receita de bolo); após os componentes são misturados e homogeneizados; posteriormente o composto de borracha é extrusado em tiras; a tira é vulcanizada em alta temperatura na forma da prensa; colagem da lapela (parte inferior da bolsa; é feito uma inspeção em 100% das bolsas e por fim, as bolsas são embaladas. Após a identificação do processo de vulcanização pela equipe de processo e qualidade, Para tanto, também se faz necessário hierarquizar, juntamente com a equipe de qualidade e processo as possíveis falhas do processo de vulcanização da bolsa para água quente, através de sua gravidade, ocorrência e detecção ilustrados nas tabelas 4, 5 e 6. TABELA 4 - Classificações de Gravidade Faixa Gravidade dos Impactos Ambientais, Sociais e Econômicos RPN Muito Alta O dano a empresa, ou processo, ou produto, ou funcionário 9 – 10 Alta O dano a empresa, ou processo, ou produto 7 – 8 Moderada O dano a empresa ou processo 4 – 6 Baixa O dano a empresa 2 – 3 Menor Não gera dano 1 Tendo em vista os dados da tabela 4, quanto maio o dano a empresa, ou processo, ou produto, ou funcionário, maior será o índice de risco da gravidade da falha identificada, a fim de priorizar as falhas que afeta a toda a organização. TABELA 5 - Classificações de Ocorrência Fluxo do processo BAQ Pesagem de mistura Elaboração e Cilindro Extrusão e Estampagem Vulcanização Colagem da lapela Vulcanização Embalar Inspeção e Teste Faixa Ocorrência dos Impactos Ambientais, Sociais e Econômicos RPN Muito Alta O dano não pode ser evitado e ocorrem várias vezes 9 – 10 Alta O dano pode ser evitado e ocorrem várias vezes 7 – 8 Moderada O dano ocorre ocasionalmente 4 – 6 Baixa O dano Ocorre poucas vezes 2 – 3 Menor Não ocorre dano 1 Após, descrever a classificação de ocorrência na tabela 5 percebe-se que quanto mais, o dano não puder ser evitado e ter uma ocorrência muito alta, maior será o índice de risco da ocorrência das falhas. TABELA 6 - Classificações de Detecção Faixa ais, Sociais e Econômicos Detecção dos Impactos Ambientais, Sociais e Econômicos RPN Não Detecção A falha não é identificada 9 – 10 Baixa Detecção A falha dificilmente é identificada 7 – 8 Média Detecção A falha às vezes é identificada 4 – 6 Alta Detecção A falha normalmente é identificada 2 – 3 Muito Alta Detecção A falha é facilmente identificada 1 Outra classificação a ser comentada é a de detecção da falha, conforme tabela 6. Assim, quanto à detecção, fica claro que quanto menor for à possibilidade de identificar a falha, maior será o índice de risco para detecção da falha. Essa identificação pode ser por meios de auditorias no processo, como por ferramentas utilizadas para identificar falhas no processo. Para o estudo foco deste trabalho o valor do RPN ficou definido como 100 pela equipe de qualidade e processo da empresa estudada, portanto, todos os valores de RPN ≥ 100 devem ser analisados pelo grupo. E para estes devem ser propostas ações de correção ou prevenção das falhas potenciais identificadas. De posse destes dados, foi possível começar a preencher a ferramenta FMEA (Análise de Modo e Efeito de Falha). Analisaram-se pela equipe de processo e qualidade os impactos ambientais, econômicos e sociais, conforme as normas de gestão de qualidade, citadas na tabela abaixo, buscando identificar no processo de vulcanização da bolsa para água quente, possíveis falhas. Utilizando para a análise e preenchimento da ferramenta FMEA as tabelas de classificação da gravidade, ocorrência e detecção, valores estes informados nas tabelas 4, 5 e 6. Isto é detalhado na tabela 7. TABELA 7 - FMEA do processo de Bolsa para Água Quente O impacto econômico, analisado no processo de vulcanização da bolsa, foi o refugo (peça defeituosa) devido à bolsa estar grudando na forma. O RPN (índice de risco) ficou em 288, resultado da multiplicação da gravidade de 8, ocorrência de 6 e detecção de 6, valores estes informados nas tabelas 4, 5 e 6. Este índice ficou acima do índice 100, definido pela equipe de qualidade e processo, sendo que tem uma prioridade maior, pois teve seu índice acima das demais falhas identificadas. No impacto ambiental, a análise do processo de vulcanização, identificou o vazamento de óleo no pistão da prensa, podendo gerar contaminação no solo. O RPN (índice de risco) ficou em 192, resultado da multiplicação da gravidade de 8, ocorrência de 6 e detecção de 4, valores estes informados nas tabelas 4, 5 e 6. Este índice ficou acima de 100, conforme definido pela equipe de qualidade e processo, também se faz necessário uma análise desta possível falha. Por fim, nos impactos de segurança, saúde e social, a análise do processo de vulcanização, identificou lesão física e queimaduras ao extrair a bolsa da presa de vulcanização. O RPN (índice de risco) ficou em 64, resultado da multiplicação da gravidade de 8, ocorrência de 2 e detecção de 4, valores estes informados nas tabelas 4, 5 e 6. Este índice ficou abaixo do índice de 100, conforme definido pela equipe de qualidade e processo, portanto não se faz necessário realizar ações para corrigir e prevenirestas falhas. Mas a equipe de qualidade e processo julgou pertinente realizar neste impacto, algumas ações para diminuir mais o índice de risco no processo. Com o intuito de diminuir o RPN o grupo definiu ações descritas na tabela 7 para melhorar o processo e após a conclusão das ações se observou uma redução do RPN (índice de risco). No mês de maio, foram verificadas as ações elaboradas pela equipe de qualidade e processo, para recalcular o índice de risco do processo de vulcanização da bolsa para água quente. As ações podem ser observadas na tabela 8 abaixo. TABELA 8 - FMEA do processo de Bolsa para Água Quente No impacto econômico, foram realizadas ações de limpeza das formas, parâmetros da borracha e etapas de inspeção durante o processo. O RPN (índice de risco) teve uma queda de 288 para 64. Também, teve uma melhora na análise do impacto ambiental, foram realizadas ações para manutenções preventivas no pistão da prensa, no setor de vulcanização de bolsa para água quente. O RPN (índice de risco) teve uma queda de 192 para 32. Para os impactos de saúde, segurança e social, as ações de conscientização, auxiliaram na diminuição do índice de risco de queimaduras e lesões físicas de um índice de risco de 64 para 32. Um aspecto que contribuiu para a realização deste trabalho é a busca da empresa em adotar meios de aplicar conceitos de sustentabilidade para as atividades operacionais e estratégicas, como também a existência de um sistema de gestão da qualidade que facilita uma possível utilização desta ferramenta. 5 Considerações finais A ferramenta FMEA pode ser um valioso método para análise prévia das falhas do processo produtivo de uma indústria de artefatos de borracha que busca desenvolver processos e produtos sustentáveis. Objetivando atender à sustentabilidade (do ponto de vista econômico, social e ambiental), a aplicação de ações preventivas sintonizadas com os pressupostos das normas de gestão da qualidade (ISO 9000 e ISO/TS 16949), gestão ambiental (ISO 14000), gestão em responsabilidade social (SA 8000) e gestão da segurança e saúde do trabalho (OHSAS 18000) proporciona outros aspectos a serem analisados pela ferramenta FMEA. Este estudo teve como proposta mostrar a importância de análise prévia das possíveis falhas do processo por meio da utilização de uma ferramenta para análise e monitoramento das falhas do processo produtivo. Além disso, serviu também para disseminar o conceito de sustentabilidade para o processo de operação da empresa estudada, facilitando uma análise dos impactos econômicos, ambientais e sociais. Recomenda-se que a empresa adquire as normas de gestão de qualidade relacionadas neste estudo para aumentar o conhecimento do seu grupo de trabalho sobre FMEA. Seria importante também proporcionar conhecimento para as pessoas da empresa por meio de um curso específico sobre a ferramenta FMEA (Análise de Modo e Efeito de Falha). Por fim, espera-se que este estudo sirva como forma de reflexão sobre o tema analisado e que possa contribuir para a melhoria dos processos produtivos da empresa. Espera-se, também, que seja uma motivação para trabalhos futuros, tendo em vista que o futuro de toda empresa pode depender de sua capacidade de adaptação de suas atividades ao conceito de sustentabilidade, ou seja, produtos e processos sustentáveis. 6 Referências ABREU, C. Sustentabilidade industrial: aplicando sustentabilidade na indústria. 2010. Disponível em: <http://www.atitudessustentaveis.com.br/ sustentabilidade/sustentabilidade-industrial-aplicando-sustentabilidade-industria/>. Acesso em: 10 set. 2010. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 9000: Sistemas de gestão da qualidade - fundamentos e vocabulário. Rio de Janeiro, 2005. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 14001: Sistemas de gestão ambiental – especificação e diretrizes para uso. Rio de Janeiro, 2004. ALVAREZ, M. E. B. Gestão da qualidade, produção e operações. São Paulo: Atlas, 2010. CASTILHO, K. A. 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