Buscar

Feminismo Negro e Direitos Humanos

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

AULA ATIVIDADE ALUNO 
AULA 
ATIVIDADE 
ALUNO 
 
 
 
 
 AULA ATIVIDADE ALUNO 
 
Disciplina: Homem, Cultura e Sociedade 
Teleaula: 04 
 
Prezado (a) discente, seja bem vindo(a) 
A aula atividade tem a finalidade de promover o autoestudo das competências e 
conteúdos relacionados ao debate sobre as Pluralidades no século XXI: debates sobre 
intolerâncias e gênero. A aula atividade terá a duração de 1h20min e está organizada 
em leituras e reflexões sobre protagonismo da mulher negra na luta pela existência e 
sobrevivência em uma realidade sócio-histórica racista e patriarcalista. 
Siga todas as orientações indicadas e conte sempre com a mediação do seu(sua) 
tutor(a) e a interatividade com a professora. 
Bons estudos! 
___________________***__________________ 
 
Avaliação de resultados de aprendizagem 
 
Objetivo da Atividade: 
A partir da leitura e compreensão dos textos de apoio, desenvolva um texto 
considerando a importância do debate sobre o feminismo a partir do recorte racial e 
dialogue com as discussões sobre a intelectualidade feminina negra. 
 
Orientações de como fazer: 
Desenvolva as seguintes reflexões: 
A. Quais são as condições históricas, culturais, sociais, econômicas e políticas que 
motivam a invisibilidade das mulheres negras? 
B. Quais os impactos da luta da mulher negra no campo de luta do feminismo? 
 
Após realizar as anotações da atividade, você deverá solicitar ao tutor(a) que 
encaminhem a síntese de entendimento dos conteúdos apresentados, para que 
 
 
 AULA ATIVIDADE ALUNO 
possamos interagir e dialogar sobre as discussões teóricas. 
 
Fragmento textual 1 
Uma perspectiva feminista negra para os direitos humanos 
 
A historiografia dos Direitos Humanos é marcada por uma série de ausências no que 
diz respeito a participação das comunidades internacionais que não estão inseridas no 
contexto do norte global. A inscrição de outras vivências e experiências no cânone 
acadêmico da teoria dos direitos humanos é recente, sendo a mesma marcada pela 
perspectiva decolonial, a qual possibilitou um profícuo debate que deslocou a 
homogeneidade eurocêntrica a respeito da construção histórica dos Direitos Humanos. 
O marco da construção de uma perspectiva decolonial da gramática do direito se dá a 
partir das experiências dos países localizados no que é denominado enquanto Terceiro 
Mundo, uma alternativa ao conceito de biopolítica, cuja gênese e centralidade se 
localiza nos Estados Unidos e na Europa (MIGNOLO,2017). 
Contudo, mesmo dentro da perspectiva decolonial, há ausências de percepções que 
deem conta das contribuições que as mulheres negras no contexto da diáspora 
trouxeram para a produção teórica e ativista dos direitos humanos. 
Considerando que o racismo e o sexismo são fatores sociais que impedem ou 
dificultam o acesso aos direitos humanos, é fundamental compreender os mecanismos 
de hierarquização racial e de gênero que estão empreendidos na construção do campo 
teórico dos Direitos Humanos, principalmente a partir do que Stuart Hall denomina 
como “economia sexual específica” (HALL, 2003, p.347), a qual na visão de Jurema 
Werneck manifesta-se no “menor acesso das mulheres negras ao ambiente público na 
condição protagonistas de narrativas capazes de expressar singularidades e 
semelhanças em relação aos demais grupos constitutivos das sociedades ocidentais, a 
partir de seus pontos de vista.” (WERNECK, 2007, p.18). 
Sueli Carneiro, Jurema Werneck e Sônia Beatriz dos Santos são três intelectuais negras 
que nos auxiliam na reflexão sobre o ponto de vista de mulheres negras como ponto 
de partida para pensar outros paradigmas na reflexão sobre direitos humanos no 
contexto brasileiro, uma vez que os Direitos Humanos devem ser compreendidos a 
 
 
 AULA ATIVIDADE ALUNO 
partir de uma integração que articule história, contexto e crítica. 
Analisar as condições históricas, culturais, sociais, econômicas e políticas que motivam 
a invisibilidade das mulheres negras nas narrativas dos direitos humanos no contexto 
nacional é básico para estabelecer um arco crítico que seja capaz de reconhecer que 
essas ausências são prejudiciais para o alcance de uma teoria de direitos humanos que 
desafie a perspectiva de universalidade do pensamento eurocêntrico. 
A racialização das mulheres da diáspora africana é resultado de uma lógica na qual as 
definições sobre quem eram essas mulheres, que características as colocavam numa 
mesma categoria, quais eram as formas mais efetivas de controlar as narrativas, 
trajetórias e histórias dessas mulheres, não foi inicialmente definida por elas. 
Essas mulheres, enquanto “sujeitos identitários e políticos, são resultado de uma 
articulação de heterogeneidades, resultante de demandas históricas, políticas, 
culturais, de enfrentamento das condições adversas estabelecidas pela dominação 
ocidental eurocêntrica ao longo dos séculos de escravidão, expropriação colonial e da 
modernidade racializada e racista em que vivemos. (WERNECK, 2016). 
O potencial do ativismo intelectual feminista negro tem organizado intervenções 
internacionais que desestabilizam as lógicas do colonialismo. Essas mulheres refletem 
pressupostos civilizatórios distintos daqueles que estão estabelecidos como 
“universais” pela hegemonia. É inegável a contribuição de mulheres negra para a 
agenda dos direitos humanos internacionais, sobretudo partir do final da década de 
1980 e início da década de 1990. 
Conforme Sueli Carneiro (2002) avalia em artigo sobre a III Conferência Mundial contra 
o Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerâncias Correlatas o ativismo dos 
movimentos negros brasileiros articulou-se de maneira relevante para organizar 
documentos que apontassem a situação dos direitos humanos da população afro-
brasileira. 
A construção de instrumentos estatais que analisam as condições dos direitos 
humanos das mulheres negras em nível nacional e internacional tem pautado as 
agendas de mulheres negras e também revelam como as instituições tem recebido as 
demandas das mesmas. 
Na última década documentos como Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça, 
 
 
 AULA ATIVIDADE ALUNO 
Dossiê Mulheres Negras (2013), Mapa da Violência (FLACSO, 1998-2016), Atlas da 
Violência, CPI do Assassinato de Jovens entre outros revela que as instituições 
judiciárias têm produzido documentos e normas que refletem a mobilização dessas 
mulheres por estratégias que que reflitam o cenário sócio-econômico da população 
negra em geral e das mulheres negras em específico. 
Por outro lado, a ausência de mecanismos que subvertam os quadros indiciados por 
esses documentos, fala muito alto sobre invisibilidade, o silenciamento e a 
desumanização da negritude no campo dos Direitos Humanos. 
Mesmo que as organizações nacionais e internacionais de direitos humanos tenham 
consciência dos altos índices de mortalidade, violência, desemprego, analfabetismo, e 
dos baixos indicadores no que diz respeito ao acesso à saúde, saneamento, transporte 
e moradia não há alterações significativas desses índices nos últimos 30 anos. 
Há, portanto, um “ostracismo imposto às vozes dissonantes” (VARGAS, 2010, p.32) 
uma disposição em excluir a população negra, especialmente as mulheres, através de 
ignorância e silêncio institucional. 
O silêncio sobre a centralidade das organizações de mulheres nas reivindicações e na 
agenda propositiva dos direitos humanos, tanto em nível nacional quanto em nível 
internacional, reflete a estrutura de hierarquização racial em vários campos, inclusive 
na produção epistemológica. 
Mas, além desse fator, também consubstancia o “pacto narcísico” (BENTO, 2002) da 
branquitude, o qual é “é responsável, em grande medida, por informar a renúncia da 
categoria raça das propostas que defendem a centralidade da classe, gênero ou 
sexualidade (PIRES, 2017)”. 
A perspectiva de enegrecimento do Direito a partir da atuação de mulheresnegras 
desloca as gramáticas estabelecidas até então e vai além do respeito às diferenças, 
exige um reconhecimento da supressão direitos, dos mais fundamentais, como o 
direito a reparação civilizatória pelos crimes correlatos da escravização, aos quais essas 
mulheres e suas comunidades estiveram submetidas. 
Coloca uma categoria extremamente subalternizada no centro das discussões e das 
análises a respeito dos direitos humanos. É preciso fazê-lo, ou seguimos reproduzindo 
silêncios. 
 
 
 AULA ATIVIDADE ALUNO 
(WINNIE BUENO. Uma perspectiva feminista negra para os direitos humanos. 
Disponível em: 
https://www.geledes.org.br/uma-perspectiva-feminista-negra-para-os-direitos-
humanos/?gclid=Cj0KCQjw0caCBhCIARIsAGAfuMzrVTrljbSYDzvKe3apX1ZlnKjii1pm45M
eYrZ3MouElwJmzBguY24aAq32EALw_wcB Acesso em 13 mar 2022) 
 
Fragmento textual 2 
Intelectuais Negras Visíveis 
 
Bell Hooks nos EUA. Conceição Evaristo no Brasil. Djaimilia Pereira em Portugal. 
Autoras que com suas obras colocam em primeiro plano o poder curativo que a escrita 
desempenha na vida de Mulheres Negras. Afetada por esse poder, a convite de 
Antonia Pellegrino, contínuo o papo, apresentando o fio de minha trama: se a palavra 
feminismo é branca e ocidental, a prática feminista é Negra e Diaspórica. Tal fio nos 
coloca diante da urgência de conversar sobre sentidos mais justos e profundos de 
feminismo. Nesse diálogo, que também se refere a protagonismo, capacidade de 
escuta e lugar de fala, façamo-nos as perguntas: Que histórias não são contadas? 
Quem, no Brasil e no mundo, são as pioneiras na autoria de projetos e na condução 
de experiências em nome da igualdade e da liberdade? De quem é a voz que foi 
reprimida para que a história única do feminismo virasse verdade? Na partilha 
desigual do nome e do como, os direitos autorais ficam com as Mulheres Negras, as 
grandes pioneiras na autoria de práticas feministas, desde antes da travessia 
do Atlântico. Como herdeiras desse patrimônio ancestral, temos em mãos o 
compromisso de conferir visibilidade às histórias de glória e criatividade que 
carregamos. Esse turning point nas nossas narrativas relaciona-se com a principal 
pauta do feminismo negro: o ato de restituir humanidades negadas. 
Narrar na primeira pessoa as nossas histórias de beleza, força e sucesso é parte dessa 
restituição, pois produzir nossos próprios saberes a partir de quem somos e do que 
sonhamos representa revidar com a poderosa arma da beleza, o anonimato, a 
pobreza, o preterimento e os alarmantes indicadores sociais como a história única pela 
qual somos vistas e narradas. Significa a aposta em um projeto de humanidade negra 
https://www.geledes.org.br/uma-perspectiva-feminista-negra-para-os-direitos-humanos/?gclid=Cj0KCQjw0caCBhCIARIsAGAfuMzrVTrljbSYDzvKe3apX1ZlnKjii1pm45MeYrZ3MouElwJmzBguY24aAq32EALw_wcB
https://www.geledes.org.br/uma-perspectiva-feminista-negra-para-os-direitos-humanos/?gclid=Cj0KCQjw0caCBhCIARIsAGAfuMzrVTrljbSYDzvKe3apX1ZlnKjii1pm45MeYrZ3MouElwJmzBguY24aAq32EALw_wcB
https://www.geledes.org.br/uma-perspectiva-feminista-negra-para-os-direitos-humanos/?gclid=Cj0KCQjw0caCBhCIARIsAGAfuMzrVTrljbSYDzvKe3apX1ZlnKjii1pm45MeYrZ3MouElwJmzBguY24aAq32EALw_wcB
 
 
 AULA ATIVIDADE ALUNO 
comprometido em conferir visibilidade a trajetórias que nos fazem enxergar a 
diversidade que nos constitui. As potências que carregamos, multiplicamos e que estão 
ausentes dos grandes meios de comunicação. 
Dada a história de preterimento dos espaços de poder — em especial os ligados à 
cultura escrita—, priorizar o como alimentamos práticas feministas de liberdade 
relaciona-se com valorizar a ação, o cuidado e o movimento como elementos que 
definem o que é ser uma Intelectual Negra. Historicamente à margem da academia, da 
política institucional, da grande mídia e de outros espaços de poder, nossa 
intelectualidade constrói-se através da percepção – em diversos níveis – de que somos 
Mulheres Negras 24 horas por dia. Como chefas e arrimas de família. Na condição de 
primeiras a acessarem a universidade e obterem um diploma que se estende à toda 
família. No ato político de cuidar e educar filhos nossos e dos outros. Na valorização do 
estudo como instrumento de libertação. No trabalho em movimentos sociais e 
comunidades religiosas. 
Todos esses protagonismos reverberam em um tipo de intelectualidade produzida a 
partir de saberes comuns, tecidos na interação entre Mulheres Negras de diferentes 
gerações. Até hoje quando estou em sala de aula como professora universitária, as 
imagens da vó Leonor, uma mulher semianalfabeta que segurou as minhas mãos para 
o traçado das primeiras letras no caderno de caligrafia, fazem-me lembrar por que sou 
quem sou. As emocionantes narrativas de estudantes que, após um semestre 
estudando a produção de Mulheres Negras, passaram a ver a si próprios, suas mães, 
avós, irmãs como intelectuais negras também são parte dessa jornada. 
Essas histórias, carregadas de ancestralidade e beleza, ensinam-nos que interpretar 
vivências de Mulheres Negras exclusivamente a partir da dor e da denúncia das 
vulnerabilidades e prejuízos econômicos que nos afetam encobre a potência e a 
diversidade que nos constituem como sujeitas históricas. O catálogo “Intelectuais 
Negras Visíveis”, obra pioneira que apresenta o trabalho de 120 profissionais negras 
no Brasil e que será lançado no dia 29 de julho, na 15ª Flip, insere-se no projeto 
coletivo de restituição de humanidade. Se é tudo uma questão de ponto de vista, para 
mim, o Feminismo é e sempre será uma prática Linda e Preta”. 
“Você pode substituir Mulheres Negras como objeto de estudo por Mulheres Negras 
 
 
 AULA ATIVIDADE ALUNO 
contando a sua própria história.” 
 
(Intelectuais Negras Visíveis. Disponível em: https://lpeqi.quimica.ufg.br/n/99196-
intelectuais-negras-visiveis Acesso em 15 mar 2022). 
 
Conte sempre com o(a) seu(sua) tutor(a) a distância e a professora da disciplina para 
acompanhar sua aprendizagem. 
 
Bons Estudos! 
Professora Maria Gisele de Alencar 
 
 
https://lpeqi.quimica.ufg.br/n/99196-intelectuais-negras-visiveis
https://lpeqi.quimica.ufg.br/n/99196-intelectuais-negras-visiveis

Outros materiais