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CARLOS DAUMAS – ESTÁCIO – LICENCIATURA EM HISTÓRIA - 4º SEMESTRE DE 2015 FORMAÇÃO DO SISTEMA INTERNACIONAL Entendendo a disciplina: procura descrever a formação de um sistema durante a modernidade, que mudou radicalmente as relações internacionais, a geopolítica e geografia da Europa e das Américas. Para começar a entender a formação da modernidade, necessitamos entender as causas que puseram fim ao medievo e ao feudalismo. O FIM DO MEDIEVO – ENTENDENDO O FEUDALISMO O feudalismo é um produto do esfacelamento do Império Romano do Ocidente, que fragmentou a Europa em pequenos e médios reinos. Esses reinos ao longo de suas trajetórias políticas foram se fragmentando em feudos, que, como consequência, diminuiu o poder central. Os Francos se apresentaram nesse período como o grupo invasor mais organizado que colonizaram a Europa após a queda do Império Romano. Duas grandes dinastias se constituíram entre esse grupo, primeiro os Merovíngios e depois os Carolíngios, que colonizaram e dominaram uma área entre a atual França, Alemanha e parte Norte da Espanha, conhecida como Francia. Após a morte de Carlos Magno essa região foi dividida entre seus filhos, e segundo a tradição franca, após a morte desses sucessores, seus herdeiros continuaram a dividir as possessões de terras entre os novos herdeiros, processo que levou toda a região a uma grande fragmentação. Essa região era muito conflituosa e permanecia constantemente em guerra, e quando estas terminavam os soldados que se destacassem eram recompensados com possessões de terras, como reconhecimento dos valorosos serviços prestados. Esse processo de recompensa deu origem aos feudos e as relações políticas de suserania e vassalagem, onde o vassalo jurava fidelidade ao suserano, que em troca lhe garantia o uso perpétuo das terras concedidas e ajuda para defender suas possessões em caso de conflito ou invasão, em troca o vassalo se dispunha a ajudar o suserano em caso de guerras e ao pagamento de tributos, nascia uma elite conhecida como nobreza ou aristocracia. Nesse período a terra passa a ser o símbolo do poder político, assim, quanto mais terras um nobre possuísse, maior era seu poder político decisório. Essa tradição criou situações em que um vassalo possuísse mais poder político que seu suserano. Formou-se uma aristocracia cuja a representação se dá por meio do direito consuetudinário, com base na tradição oral, de origem militar de fidelidade (direito de ban ou banalidades – direito consuetudinário), que se estendeu ao campesinato e a servidão. A economia desse período é fiduciária, de base agrária, a terra produz todas as coisas necessárias à manutenção dos feudos e os excedentes fazem a economia feudal funcionar. Nesse sistema os camponeses e servos estão presos aos seus senhores feudais. Tributos feudais de com base no direito consuetudinário: - A homenagem – juramento de vassalagem; - A mão morta – reposição da mão de obra; - A corveia – utilização de espaços produtivos, manufaturas de serviços e trabalhos; e - A talha – imposto da produção dos servos, 50% da produção era entregue aos senhores feudais. CARLOS DAUMAS – ESTÁCIO – LICENCIATURA EM HISTÓRIA - 4º SEMESTRE DE 2015 A IMPORTÂNCIA DOS REIS NA IDADE MÉDIA Os reis eram chamados de suserano dos suseranos. Eles possuíam grande legitimidade, mas, em muitos casos, pouco poder político, visto que o poder era baseado no volume de terras e servos. Muitos vassalos tinham mais terras que o próprio rei, retendo para si mais poder político, que encontrava apoio no próprio direito consuetudinário (com base na tradição). Os reis eram considerados relíquias vivas, venerados pelo povo, sua figura é valorizada, porém, simbólico, com pouca capacidade de decidir a política no seu reino e no cenário internacional. A SERVIDÃO DA GLEBA Dentro do sistema feudal não possuir terras é também não possuir poder político, os servos não tinham terras, consequentemente não possuíam poder, eram excluídos do processo político feudal. Contudo, em alguns lugares da Europa, principalmente na Alemanha, existiu um campesinato livre e autônomo, diferente do campesinato francês, de cunho feudal senhorial, sem muita autonomia e liberdade. Na Alemanha as relações de suserania e vassalagem eram mais diluídas, com menos verticalização do poder senhorial. Diferente na França, o campesinato senhorial, devido a pouca autonomia e liberdade, por muitas vezes se revoltaram com seus senhores, revoltas conhecidas como jacquerie, as lutas de classes da idade média. A BURGUESIA MEDIEVAL Os burgos datam de antes do século IX, o comércio era sua principal atividade. Os burgueses ou mercadores circulavam entre os feudos. Todavia, essa atividade não era forte o suficiente para ser compreendido como um padrão econômico ou político nesse período, de forte tendência agrária. O INÍCIO DO RENASCIMENTO E AS REFORMAS RELIGIOSAS A CRISE NO SISTEMA FEUDAL Entre os séculos XIII e XV as cidades europeias começaram a experimentar uma revolução, o fortalecimento do poder monárquico, Portugal aparece como sendo o primeiro reino a se unificar, foi durante a Revolução de Avis, que destronou o rei de Borgonha e colocou no poder o rei de Avis, dando origem ao primeiro Estado Moderno da Europa Continental. Nesse mesmo período a Europa experimentou o Renascimento Cultural e as Reformas de Religião. Esse período gestou aquilo que se mercantilismo e a modernidade. A crise no sistema feudal começou com a ruptura das cidades, que começaram a experimentar o aumento do comércio, por meio da intensificação das rotas comerciais, fazendo a economia circular. As cidades portuárias também se tornaram importantes com esse aumento do comércio, enriquecendo os burgueses, comerciantes habitantes dos burgos. Nesse momento não existe pressão desse grupo sobre a política e economia, só a partir do século XIX, essa classe começa assumir papeis importantes. Alguns nobres apoiavam o renascimento e o aumento do comércio, o mais ilustre desses nobres foi o rei francês Francisco I, grande incentivador das artes e do comércio francês e italiano. Francisco I representou um símbolo de uma elite que apostava nas mudanças políticas e econômicas, o que possibilitou o início das alianças entre reis e a burguesia. Os reis começaram a entender a importância do domínio de terras para a conquista do poder além da legitimidade, todavia, necessitavam de um exército bem armado e tecnologicamente superior aos dos seus vassalos, para expandir seus domínios. A cavalaria dominava os campos de batalha, na idade moderna a infantaria e as armas de cerco são largamente utilizadas. Os reis começaram a comandar grandes exércitos, auxiliados por seus aristocratas, os antigos vassalos que gradualmente perderam seus domínios e passaram a formar a elite aristocrática cortesã. Os recursos para essas monarquias se consolidarem vieram dos burgueses, que financiaram os exércitos reais. A geopolítica na Europa começou a mudar e novos contornos são incorporados nas agendas internacionais de poder político, CARLOS DAUMAS – ESTÁCIO – LICENCIATURA EM HISTÓRIA - 4º SEMESTRE DE 2015 a terra gradativamente vai perdendo seu prestígio, sendo substituída pelo comercialismo controlado pelo Estado. AS REFORMAS RELIGIOSAS O movimento reformista protestante pode ser entendido como um processo político que possibilitou aos príncipes europeus uma maior autonomia sobre suas possessões, principalmente na região da atual Alemanha. Martinho Lutero e João Calvino são os precursores das reformas religiosas, embalados pelas ideias renascentistas. A burguesia também é responsável pelas propostas reformistas, que desejavam maior liberdade comercial para lucrar, práticacriticada pela Igreja Católica, mesmo esta sendo muito rica desde o final da idade média. O problema é que o Homem desse tempo não existia sem uma religião. A burguesia percebeu nas ideias reformista uma nova forma de praticar o cristianismo sem deixar de lado o lucro e o enriquecimento. Em 1517 Martinho Lutero publica suas 95 teses contra a Igreja Católica e o Papado. Lutero era um monge agostiniano e humanista, de base erasmiana (Erasmo de Roterdã). Parte dos príncipes da Europa aderem às ideias reformistas, visto que desejavam mais poder, com o Estado acima da Igreja. Os príncipes começaram a criar ligas militares para defenderem as reformas religiosas. a Esmalcada é a principal liga militar protestante, que entrou em combate com o Sacro Império Romano-Germânico de Carlos V comandante da Liga Sagrada, que só termina em 1555 com a Paz de Augsburgo, tendo como consequência a possibilidade dos príncipes do Império Romano Germânico de escolher para sua região qual fé cristã seria cultuada no seu território. Todavia, isso causou muitos problemas para os moradores dessas regiões que eram seguidores de outras ideologias cristãs, fato que causou uma grande migração de famílias por toda Europa. Porém, possibilitou o início das mudanças na geopolítica de algumas regiões da Europa Continental e da política internacional. O SISTEMA DE ESTADOS MODERNOS Após a Paz de Augsburgo em 1555, a reforma protestante se consolida, principalmente nos principados do Sacro Império Romano-Germânico, que sofre de problemas políticos há muito tempo com o processo de centralização do poder. Carlos V é reconhecido como o maior líder desse período. A Paz de Augsburgo é reconhecida pela historiografia como uma breve trégua entre os reis católicos e os príncipes protestantes. Em 1618 começou a Guerra dos 30 Anos, motivada por vários acontecimentos mais políticos que religiosos (rivalidades, sucessões dinásticas, territórios e comercial), sendo esta apenas o pano de fundo desse processo. As lutas são travadas em sua maioria no território alemão. Foi uma guerra extremamente cruel, não só para os capturados em batalha, várias vilas foram barbaramente trucidadas durante as campanhas. Em 1648 a guerra termina com a celebração da Paz de Vestfália. O resultado desse conflito foi a modificação da geografia da Europa Continental, principalmente nos territórios pertencente à Espanha e a França, que disputavam a hegemonia política na Europa Continental, manipulando e influenciando conforme suas conveniências alguns dos lados envolvidos. A França emerge como a “nova grande potência europeia”, são criadas as Repúblicas da Holanda e Suíça. Porém, para a Alemanha, a fragmentação de seu território continuou, atrasando sua unificação. Foi uma guerra que não só envolveu a Europa, mas, o Continente Americano, quase se tornando um conflito mundial. Como o equilíbrio do poder entre as nações europeias era frágil, existia uma disputa pelas possessões de terras ultramarinas por parte de alguns países europeus, como a França, que não aceitavam a divisão geopolítica do mundo entre Portugal e Espanha por meio do Tratado de Tordesilhas. Um elemento estranho envolvido nesse conflito foi Império Turco-Otomano, principalmente após a queda de Constantinopla em 1453, que desejava conquistar possessões de terras dentro do Continente Europeu, conseguindo chegar às portas de Viena no ano de 1529, mas, durante o conflito viu seu território ser invadido pelos Augsburgos. CARLOS DAUMAS – ESTÁCIO – LICENCIATURA EM HISTÓRIA - 4º SEMESTRE DE 2015 A diplomacia foi fundamental para o fim da guerra, o que contribuiu para uma nova mudança nas relações internacionais e políticas no continente europeu que passaram a respeitar a soberania dos reinos, os príncipes poderiam escolher sua orientação religiosa. Todavia, mesmo sendo a religião o centro do conflito, o poder político é disputado por duas casas reais católicas, os Augsburgos (Sacro Império Romano-Germânico) e os Bourbons (França). A Guerra dos 30 Anos possibilitou a formação das monarquias absolutistas de direito divino, ao final das disputas, com a assinatura da Paz de Vestfália, foi criado um novo sistema de Estados, afirmando o conceito de soberania, que começam a se reconhecer como soberano os Estados, o que transformou o sistema vestfaliano inquestionável, que possibilitou o respeito ao direito de escolha da identidade religiosa, e futuramente a política e econômica. AS REVOLUÇÕES BURGUESAS São chamadas de Revoluções Burguesas os processos históricos protagonizados pela classe burguesa, ligada ao comércio e às finanças, e que foram fundamentais para que várias sociedades europeias superassem o sistema absolutista. Ao abandonar o feudalismo, os países europeus passavam a se estruturar como estados nacionais, governados por uma monarquia absolutista que detinha o controle sobre todas as suas fronteiras. No século XVII, porém, este sistema de monarquia centralizadora começava a entrar em colapso, especialmente a partir do desenvolvimento de uma nova classe, a burguesia, responsável pelas trocas monetárias. Os burgueses logo entraram em choque com o sistema absolutista e os seus maiores beneficiados, a nobreza em torno do soberano. Os processos históricos que consolidam o poder econômico da burguesia, bem como sua ascensão ao poder político ao longo dos séculos XVII e XVIII, apresentará a burguesia como uma classe social revolucionária, destruindo a ordem feudal, consolidando o capitalismo e transformando o Estado para atender seus interesses. As chamadas Revoluções Burguesas foram: as Revoluções Inglesas do século XVII (Puritana e Gloriosa ), a Independência dos EUA, a Revolução Industrial e a Revolução Francesa. AS REVOLUÇÕES INGLESAS DE 1640 e 1689 – PURITANA E GLORIOSA Já em 1640, durante a Revolução Puritana, conflito ocorrido entre a monarquia de Carlos I e o Parlamento, em função do rei não aceitar a intervenção política dos parlamentares, o rei passou a governar de forma autoritária. O conflito termina com a prisão e morte do rei, em seu lugar assume o Lorde Protetor Oliver Cromwell, que instala uma república com tendências anticatólicas e antianglicanas, governa de forma autoritária, excluindo as camadas mais pobres das decisões políticas. Durante seu governo os ingleses perceberam que o mar seria o ponto de partida para transformar o país numa grande potência política e econômica de grande hegemonia marítima, dessa forma começou a combater a Holanda, que tinha uma grande frota mercantil e a monopolizar os mares. Após a morte de Cromwell, seu filho Richard o substituiu no Protetorado, porém, não tinha autoridade ou legitimidade para sua permanência no poder, carecia de apoio militar. Foi deposto em 1660 pelo Parlamento eleito, e em seu lugar foi restaurado a monarquia por meio de Carlos II, filho de Carlos I que foi criado na corte francesa. Substituído em 1685 por seu irmão Jaime II, que não teve muita habilidade para administrar os problemas políticos. Aproximou-se da Igreja Católica e iniciou práticas que desagradou às elites protestantes puritanas e anglicanas. Jaime II não cumpriu o rito da ausência do preceito da irresponsabilidade monárquica, que determinava a imparcialidade do rei sobre a política interna ou formar laços políticos, tornando-se imparcial aos processos de Estado. O rei nomeou pessoas de sua confiança de orientação católica para cargos importantes de seu governo, fato que desagradou o Parlamento, o que fez este desenvolver violenta oposição ao rei, por perceber neste práticas autoritárias. Em 1688 eclode uma revolta que rapidamente substituiu Jaime II por seu genro Guilherme Henrique, casado com sua filha Maria CARLOSDAUMAS – ESTÁCIO – LICENCIATURA EM HISTÓRIA - 4º SEMESTRE DE 2015 Stuart. O Parlamento é uma instituição que exerce força e pressão sobre a monarquia, tanto que obrigou Guilherme I a assinar a “Carta dos Direitos” (Bill of Rights) em 1689, que limitava definitivamente o poder monárquico. Esses eventos trouxeram várias modificações políticas para a Inglaterra, que de certa forma foi responsável por influenciar decisões por toda a Europa. Cromwell possibilitou uma nova inserção da Inglaterra no sistema econômico internacional. A Revolução gloriosa depois James II e consolidou definitivamente o Parlamento como força política em lugar da legitimidade decisória, e a carta dos Diretos foi um documento precursor do liberalismo político inglês, com reflexos no restante da Europa. A INDEPENDÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA - 4 DE JULHO DE 1776 O processo de independência dos Estados Unidos começa bem antes, durante a época da colonização daquele território, no século XVII. Entre os anos de 1756 e 1763 ocorreu a chamada Guerra dos 7 Anos, onde a Inglaterra e a França lutaram pela posse dos territórios da América do Norte e a Inglaterra venceu. Mas as consequências do território devastado pelas batalhas caíram sobre os colonos que o habitavam, principalmente os que moravam no norte: os colonos que ajudaram na guerra, reivindicaram algo em troca por terem arriscado suas vidas e as de suas famílias, contudo, a Inglaterra não só os ignorou como aumentou os impostos para se recuperarem mais rápido da guerra, já que o território havia sido afetado. E também criou novas leis que tiravam a liberdade dos norte-americanos, cheias de restrições que desagradaram os colonos. Em 1774, os colonos fizeram um congresso (Primeiro Congresso da Filadélfia) em resposta ao que os ingleses estavam fazendo, queriam o fim das leis e medidas restritivas. Mas o rei inglês George III não só recusou as propostas do congresso, como adotou ainda mais medidas controladoras. Já o Segundo Congresso da Filadélfia, que ocorreu em 1776, tinha como objetivo maior a independência dos Estados Unidos, que já não aguentava a repressão da Inglaterra. Foi durante este congresso que o famoso Thomas Jefferson escreveu a Declaração de Independência dos Estados Unidos da América. Mais uma vez, a Inglaterra não aceitou aquilo, só que os colonos continuaram com seus objetivos e declararam independência (no famoso 4 de julho), o que resultou na chamada Guerra da Independência das Treze Colônias. Os Estados Unidos, apoiados pela França (inimiga da Inglaterra) e Espanha, venceram essa guerra, que ocorreu entre 1776 e 1783. Os Estados Unidos e sua independência tiveram um grande significado político, pois conseguiram dar origem à primeira nação livre daquele continente. Em 1783, os Estados Unidos tiveram sua independência reconhecida pela Inglaterra. Eles adotaram um sistema político republicano e federalista. A Constituição dos Estados Unidos ficou pronta em 1787. Ela possuía fortes características do Iluminismo. Nela, garantia-se a propriedade privada (para o interesse da burguesia), estava mantida a escravidão e defendia-se os direitos e garantias individuais do cidadão estadunidense. A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL Foi um conjunto de mudanças que aconteceram na Europa nos séculos XVIII e XIX. A principal particularidade dessa revolução foi a substituição do trabalho artesanal pelo assalariado e com o uso das máquinas. A Inglaterra foi precursora na Revolução Industrial devido a diversos fatores, entre eles: possuir uma rica burguesia, o fato do país possuir a mais importante zona de livre comércio da Europa, o êxodo rural e a localização privilegiada junto ao mar o que facilitava a exploração dos mercados ultramarinos. A revolução industrial é formada por três fases, a primeira ficou quase que restrita a Inglaterra a partir de 1760. A segundo a partir de 1860 começou a envolver outros países da Europa como Alemanha, França, Rússia e Itália. A terceira fase têm considerado os avanços tecnológicos do século XX e XXI. CARLOS DAUMAS – ESTÁCIO – LICENCIATURA EM HISTÓRIA - 4º SEMESTRE DE 2015 A REVOLUÇÃO FRANCESA DE 1789 Grande símbolo divisor de águas é reconhecida como o marco que encerrou a Idade Moderna. Uma revolução de características burguesas, reflexo de sua politização ao longo dos anos, principalmente a partir das ideias liberais, que pregava a não interferência do Estado na vida política, econômica e social, e ainda, limitava o poder do Estado. O liberalismo se tornou a ideologia das burguesias desejosa da não interferência do Estado na economia, outro fator importante para a deflagração da revolução, um processo histórico que atingiu seu ápice em 1789, composta de diferentes fases. FASE DA MONARQUIA CONSTITUCIONAL -1789 a 1792 A França passava por sérias dificuldades econômicas, fruto de anos de má administração econômica, guerras e gastos exorbitantes com a luxúria real e da nobreza. Luís XVI, rei da França nesse período, se vê obrigado a convocar os Estados Gerais, para discutir a política de cobrança de impostos. Os Estados Gerais eram divididos em Primeiro Estado a nobreza, o Segundo Estado o Clero e o Terceiro Estado o restante da população. O problema é que só o Terceiro Estado era obrigado a pagava impostos. Durante a reunião não foi possível se chegar a um acordo, o Terceiro Estado se retira e se autoproclama Assembleia Nacional Constituinte, o embrião da Revolução Francesa, que estava determinada a criar uma Constituição e transformar a monarquia absolutista em monarquia constitucional. O rei e a nobreza não reconhece a Assembleia Nacional Constituinte, que rapidamente monta uma milícia, toma a Bastilha, invade o Palácio de Versalhes acompanhados por uma procissão de mulheres que prende o rei e a família real e os levam para o Palácio das Tulherias, local onde Luís, ajudado por asseclas, planejou uma fuga para a região de verennes (a fuga de verennes), porém, a família real é reconhecida e presa no meio do caminho. Luís XVI é novamente preso, julgado pela Assembleia Nacional Constituinte é declarado culpado de traição e guilhotinado. Essa fase é marcada por muitas pressões internacionais dos países monárquicos, que tinham receio de suas populações se insurgirem em função da declaração dos direitos dos homens na França. FASE DO TERROR OU DA CONVENÇÃO – 1792 a 1794 Após a morte do rei em 1793 se instala na França a fase conhecida como “terror”. A Convenção Republicana tinha o interesse de elaborar uma nova Constituição, garantindo uma maior participação popular na administração do Estado, além de impedir o retorno de uma monarquia absoluta. Nesse período houve o aparecimento de divergências políticas internas, o que resultou na divisão entre girondinos, jacobinos e a planície. Com a consolidação da República, foi inaugurado um novo calendário, tendo o ano de 1792 como o ano I. Através do período do Terror, subiram ao poder os jacobinos liderados por Robespierre. A nova Constituição entrou em vigor, garantindo o voto a todos os homens maiores de 21 anos. Muitos problemas internos e conflitos foram responsáveis pela morte de centenas de pessoas, inimigos do sistema e até aliados, são mortas por suposta oposição à nova ordem política. No final, até os líderes da convenção são executados, primeiro Danton, a mando de Robespierre, que logo depois é morto. FASE DO DIRETÓRIO – 1794 A 1799 A queda dos jacobinos representou a subida ao poder da alta burguesia. O Diretório era composto por cinco membros, e existiam ainda duas assembleias: a dos Anciãos e a dos Quinhentos. Essa fase representou o fortalecimento da burguesia e a volta de alguns privilégios, como o voto censitário e o fim das leis sociais do períodoanterior. As disputas internas e as guerras externas criaram as condições para o fortalecimento do exército e de um dos seus principais generais, Napoleão Bonaparte. FASE DO CONSULADO – 1799 A 1804 Fruto de um Golpe de Estado, acolhido pela própria Assembleia Nacional, que acreditava que o Diretório era fraco. O Consulado responsável pela consolidação das instituições liberais buscou alcançar o equilíbrio entre CARLOS DAUMAS – ESTÁCIO – LICENCIATURA EM HISTÓRIA - 4º SEMESTRE DE 2015 as conquistas militares e questões que afligiam internamente a França. No plano econômico a primeira medida consistiu na criação de um banco nacional (Banco da França) que deveria controlar a emissão de moeda e financiar os negócios da burguesia. Dessa forma, o projeto industrialista francês contaria com a participação direta do Estado. A centralização política observada no período deu poderes para que Bonaparte controlasse o país de maneira absoluta. No plano educacional estipulou que o ensino seria uma obrigação a ser cumprida pelo Estado. Diversos internatos escolares, chamados liceus, foram criados nessa época. Além disso, instituições de ensino superior foram criadas para suprir a demanda por funcionários públicos e oficiais do Exército. No ano de 1804 foi criado o Código Civil Napoleônico. Nele, todos os anseios da burguesia foram garantidos por meio da defesa do direito a propriedade. Em âmbitos mais gerais, a nova constituição ainda defendeu o principio de igualdade e liberdade a todos os cidadãos franceses. Nas colônias, o pacto colonial fora restabelecido visando claramente fomentar o desenvolvimento da economia francesa. Um dos mais importantes pontos da constituição, no entanto, tratava do poder designado a Napoleão Bonaparte. De acordo com a nova lei, ele passou a ser considerado cônsul vitalício. Com tal medida, abriram- se portas para que Bonaparte assumisse poderes de imperador. Naquele mesmo ano foi feito um plebiscito que o promoveu ao cargo de imperador com o título de Napoleão I. O ABSOLUTISMO, A REVOLUÇÃO CIENTÍFICA E O ILUMINISMO O ABSOLUTISMO EUROPEU – SÉCULOS XIV AO XVIII Na idade média o poder político era parcelarizado, não se reconhecia grandes centros de poder, era a fragmentação medieval, não havia como reconhecer o a centralização do poder, como aconteceria na idade moderna, por meio do absolutismo monárquico de direito divino. A legitimidade e o poder político se diferenciam no medievo, fundamentados numa lógica fiduciária, que dificultava a centralização do poder nas mãos dos reis. O absolutismo começa a se formar em 1385, com a Revolução de Avis, o renascimento das cidades e do comércio, processo que se formou gradualmente, com ajuda da classe burguesa, que financiou os reis para que esses pudessem consolidar o poder em suas mãos, processo esse que se consolida no século XVII, modificando as relações dos Estados Europeus nas relações internacionais. O poder absoluto dos reis europeus não pode ser entendido como se ele fosse o controlador supremo do Estado, existe entorno dele uma aristocracia que o ajuda a governar. Além desse fator, existia a necessidade de negociar com outros setores da sociedade as políticas de Estado, mesmo que essas negociações não fossem relativamente equilibradas, mas, existiam. O centro sempre negociava com a periferia, existiam os ouvidores, as intendências e a magistratura, que mesmo de forma assimétrica se relacionava com o poder central, todavia, existia um espaço para que a sociedade revindicasse suas necessidades, que poderiam ser atendidas dentro da disponibilidade dos monarcas. Dentro desse processo a própria nobreza negocia e revindica com os reis por mais poder político. O sistema absolutista proporciona ao rei possuir dois corpos, um físico e outro institucional, que representa o próprio Estado, concentrando em torno de si todas as instâncias políticas, jurídicas e administrativas. Contudo essa apropriação de poder desagrada principalmente à nobreza, que há muito tempo desejava maiores poderes políticos, fato que iniciou o processo de transformar as monarquias absolutas em uma monarquia constitucional, movimento esse consolidado no século XIX. CARLOS DAUMAS – ESTÁCIO – LICENCIATURA EM HISTÓRIA - 4º SEMESTRE DE 2015 A REVOLUÇÃO CIENTIFICA DO SÉCULO XVII Foi um movimento de grande euforia experimental, que mudou a forma de se pensar a ciência. Influenciou o Iluminismo do século XVIII e o cientificismo do século XIX. Criou três grandes paradigmas existentes até nossos dias: o Racionalismo Cartesiano, o Empirismo de Locke e a Física Newtoniana. Principais nomes: René Descartes; Issac Newton; Galileu Galilei; Francis Bacon; Nicolau Copérnico, Louis Paster, Francesco Redi e Blaise Pascal, entre outros. O ILUMINISMO Movimento intelectual do século XVIII na Europa, que defendeu o uso da razão contra o antigo regime, que era visto como trevas. Pregava maior liberdade, principalmente econômica e política, fato que deu origem ao liberalismo econômico e político. O Iluminismo provocou mudanças políticas, econômicas e sociais por toda Europa. Baseados no ideais de liberdade, igualdade e fraternidade, lema que seria utilizado pela Revolução Francesa de 1789. A grande característica do Iluminismo ou Ilustração foi a promoção das ideias russonianas de vontade geral, além de pensar a divisão do poder do Estado em três esferas: Executiva; Legislativa e Judiciária, legitimando mais tarde o sistema representativo e constitutivo. Immanuel Kant afirmou que o Iluminismo seria a saída do Homem da menoridade, se encaminhando para lutar a favor de seus direitos. O Iluminismo propões a desconstrução da ordem política moderna, fruto da Revolução Científica que foi responsável por criar um ambiente intelectual especulativo e questionador, que no século XVIII se transformou nas propostas Iluministas para a sociedade. O PENSAMENTO POLÍTICO ILUMINISTA Causou grande espanto por suas ideias inovadoras, que não reconhecia mais o poder monárquico de direito divino, o que forçou algumas monarquias da Europa a promover reformas em suas administrações e políticas públicas, motivadas pelo receito de revoltas internas. Esses monarcas ficaram conhecidos como “Déspotas Esclarecidos”, visto que começaram a aplicar algumas práticas Iluministas em seus reinos, principalmente no campo da economia, surgiu o liberalismo econômico na Europa. O Iluminismo não desenvolveu uma crítica somente às monarquias europeias, o Papado foi fortemente criticado, todavia, precisamos entender que o movimento não é anticristão, mas, anticlerical, visto que apresentava uma para as sociedades europeias várias propostas de reforma. Principais nomes do Iluminismo: Volter, d´Alembert, Diderot, Immanuel Kant, Montesquieu, John Locke, Russo e David Hume, entre outros. Principais déspotas esclarecidos: Catarina II da Rússia; Jose II da Áustria; Frederico II da Prússia e o Marques de Pombal. MERCANTILISMO E A COLONIZAÇÃO O MERCANTILISMO Muitos se perguntam se o mercantilismo é uma transição ou um modo de produção? Atualmente podemos entender esse processo como possuidor de um modo de produção próprio e não apenas como uma transição entre o modo de produção feudal e o capitalismo. O mercantilismo marca o início da economia mundo, embalado pelas mudanças ocorridas na geopolítica da Europa e de seus movimentos políticos e culturais, que mudaram as relações de poder político e econômicos praticamente no mundo. Para muitos, o início da globalização, criado a partir do macrossistema europeu ligado a expansão marítima. O mercantilismo é CARLOS DAUMAS – ESTÁCIO – LICENCIATURA EM HISTÓRIA - 4º SEMESTRE DE 2015 atravessado pela ideia de transição, mas é possuidora de característicase ideias próprias, que passa pelo renascimento urbano, comercial e a ascensão da burguesia, que construíram práticas protocapitalistas. Mesmo atravessado por práticas feudais e ao mesmo tempo apontar para uma futura ordem liberal capitalista, o mercantilismo pode ser compreendido concretamente como um modo de produção de aspectos próprios e diosincrasias, como o monopolismo, comercialismo e colonialismo. A COLONIZAÇÃO A principal marca dos Estados Modernos no mercantilismo é a intervenção política na economia, e a criação de novas práticas econômicas. Com a descoberta de novas terras, a partir de 1492, inicia-se i o processo de colonização por parte da Espanha e Portugal, que dividiram geopoliticamente o mundo por meio do Tratado de Tordesilhas, no qual o colonialismo faria parte das práticas mercantilistas através da criação do pacto colonial, um sistema altamente lucrativo. Neste sistema o metalismo se transformou em um padrão para medir a riqueza de uma Nação, fato que colocou a Espanha como a maior potência metalista do século XVI. A Holanda, outra grande potência mercantil, todavia, de ordem comercial e industrial, visto que não possuía grande expressão de terras coloniais ultramarinhas. Esse sistema entra em colapso a partir do século XVIII, motivado por movimentos como o Iluminismo, a guerra de sucessão na Espanha, a Independência dos Estados Unidos, a Revolução Industrial e a expansão napoleônica, fatores responsáveis pelo desmonte do sistema colonial mercantil, e como consequência as revoltas e revoluções por emancipação no século XIX. A ERA NAPOLEÔNICA – 1801 A 1815 A era napoleônica foi responsável por mudanças na geopolítica da Europa Continental e nas Américas. O processo de hegemonia da França inicia-se com a tentativa de isolar a Inglaterra da Europa Continental, fato conhecido como o Bloqueio Continental, uma tentativa do governo francês de diminuir a hegemonia da Inglaterra. Esse movimento é um legado do movimento republica francês de 1789 e o reconhecimento da Inglaterra como potência econômica. A França sempre lutou por sua hegemonia como a grande nação no Continente Europeu, fato que representa para a história do sistema internacional, um processo contínuo da busca por afirmação como a grande potência econômica da Europa, e durante a era moderna, em outras partes do mundo, muito anterior a Napoleão Bonaparte, contudo, o legado da Revolução Francesa se consolida no período napoleônico, que começou a mudar a agenda política do país, mais preocupada com os problemas internos, passando para uma agenda que via na geopolítica externa, um caminho para a consolidação da França como a grande potência europeia. Já em 1798 a França invade o Egito. A Ascensão de Napoleão Bonaparte ao poder, inicia-se com o golpe de 18 de Brumário de 1789, quando dissolve o Diretório e cria em seu lugar o Consulado, acompanhado de Roger Ducos e Emmanuel Joseph Sieyès. Em 1804 Napoleão dissolve o Consulado e proclama a si mesmo imperador, passando a ser denominado de Napoleão I. Esse período é um momento paradoxal da história francesa, é marcado pela hegemonia internacional do país e por uma política de unidade interna, fundamentada na institucionalização das ideias da Revolução Francesa. O código napoleônico, a emancipação dos protestantes e judeus, são exemplos da ordem liberal napoleônica. Após assumir o poder como imperador, Napoleão começa a costurar alianças para consolidar ainda mais seu governo. Reata laços com a Igreja Católica, relações essas abaladas durante a Revolução Francesa. Esse processo ficou conhecido como Concordata. Procura se aproximar da Áustria , casa-se com Maria Luiza da Áustria, fato que tem por finalidade minimizar os problemas ocorridos na Revolução, como a decapitação de Maria Antonieta, Duquesa da Áustria e esposa de Luís XVI. Prove ações que favorecem a burguesia francesa, que mais tarde seria reconhecida como a mais liberal entre os anos de 1830 e 1848. Napoleão desenvolve práticas econômicas que fortalecem o comercialismo interno. Além de tentar melhorar as práticas políticas internas e externas, Napoleão promoveu o desenvolvimento do capitalismo industrial francês, o que não representa a Revolução Industrial Francesa, ocorrida só em 1830, mas, constrói as bases desse processo. Começa também um profundo controle ideológico, são criadas escolas públicas, internatos e escolas de ofícios, tudo sobre o controle do Estado. O código civil napoleônico e outra produção desse período que reforçou os ideários da Revolução Francesa e o liberalismo, nesse, enfatiza as liberdades ideológicas e filosóficas, os direitos civis, a igualdade jurídica, a propriedade privada e CARLOS DAUMAS – ESTÁCIO – LICENCIATURA EM HISTÓRIA - 4º SEMESTRE DE 2015 o princípio da laicidade do Estado. O código civil napoleônico é considerado uma brilhante peça da história do Direito. Contudo, não podemos achar que nesse período se vivia na França sobre um mar de rosas, outros problemas políticos e sociais não foram saneados por Napoleão, e uma parcela da burguesia e algumas elites não estavam confortáveis com o autoritarismo do imperador, principalmente aos fatos relacionados a política externa, considerada extremamente agressiva. Napoleão Bonaparte desejava redesenhar a política internacional, para atingir seu objetivo, colocou em prática o bloqueio continental, que tinha por finalidade isolar a Inglaterra do Continente Europeu, porém, essa política napoleônica foi responsável por fazer a Inglaterra voltar sua política expansionista para o Mar, e como consequência, uma avalanche de situações motivadas pelo ideário liberal. A Corte Portuguesa é obrigada a transferir a sede do Governo para o Brasil, que logo após transformou a colônia brasileira em Reino Unido, fato que desagradou a burguesia mercantil portuguesa, que reage deflagrando em 1820 a Revolução do Porto, que desejava o retorno da família real para Portugal, a volta do Brasil a condição de colônia e a reafirmação do pacto colonial, processo que levou o Brasil a se libertar de Portugal em 1822, ano da proclamação da independência. Várias colônias nas Américas começaram a se insurgir contra suas metrópoles, principalmente contra a Espanha, a maior detentora de colônias nas Américas. O caso da desconstrução das colônias está associado à dependência delas dos países europeus, isolados pela França napoleônica. Ao final do ano de 1815 o império napoleônico chega ao fim, a dinastia de Bourbon foi restaurada na França por meio de Luís XVIII. A Inglaterra emergiu no final do conflito como a grande potência europeia e construiu aquilo que ficou conhecido como a “Pax Britânica”, passando a ser o novo poder hegemônico na geopolítica internacional do século XIX. HISTÓRIA POLÍTICA E DAS RELAÇÕES INTERNACIONAL DA EUROPA DO SÉCULO XIX A passagem do século XVIII para o século XIX inaugura o que, convencionalmente, se denomina de história contemporânea. Depois de quase quatro séculos de acumulação de capital, de comércio colonial, de sucessivas guerras hegemônicas e contra-hegemônicas, da desestruturação do feudalismo, da expansão da linguagem escrita e do ensino, da lenta conquista e subjugação de outras civilizações, a Europa teve de enfrentar uma profunda transformação de seu processo histórico, que reafirmava tendências anteriores. Assim, o desenvolvimento da burguesia desencadeou as duas grandes revoluções, a Francesa e a Industrial, que marcaram o início de uma nova era. Entretanto, a vitória da burguesia trazia consigo também diversas contradições. A ideologia libertadora, impulsionada pelo iluminismo liberal, impulsionou a radicalização do pensamento e da prática social. Assim, o século XIX conviveu com novas e velhas tendências, que disputavam a hegemonia da Europa, como chave para a hegemonia do mundo. Liberalismo,feudalismo, socialismo, comunismo, anarquismo, racionalismo, positivismo e romantismo foram algumas das expressões da Europa em transformação. O império de Napoleão mudou as estruturas sociais da Europa Ocidental e de muitas das da Europa Central, e alterou permanentemente as ideias dos homens sobre o que era desejável ou atingível. A reconstrução da Europa após a era napoleônica partiu dos entendimentos entre Rússia e Inglaterra, e convinha aos dois Estados restabelecer a Áustria e a Prússia como grandes potências independentes, nominalmente iguais a eles próprios. Eles haviam entendido as vantagens da ordem e da tranquilidade que o império de Napoleão havia trazido às grandes áreas da Europa que ele havia controlado. A contradoutrina da legitimidade dinástica e o desejo prático de administrar o sistema pareceram aos estadistas, em Viena, justificar igualmente as intervenções ideológicas para reprimir tentativas revolucionárias de tomar o poder em qualquer Estado. Durante o século XIX, a nação começou a ser aceita como unidade política básica, e outras formas de identidade e lealdade tiveram de acomodar-se. A própria definição da democracia procurava legitimar a nação. A guerra não seria mais feita por mercenários contratados pelas unidades dinásticas, mas pelo recrutamento do cidadão. Até 1815, a luta pela supremacia mundial entre duas grandes potências, França e Inglaterra, dominou o sistema interestatal europeu. O grande conflito culminou com a vitória da Inglaterra, já que a proposta CARLOS DAUMAS – ESTÁCIO – LICENCIATURA EM HISTÓRIA - 4º SEMESTRE DE 2015 hegemônica francesa alterou o cenário europeu e era potencialmente desestabilizadora, ao incentivar a participação popular e a mobilização. Assim, a Inglaterra liderou a aliança de forças primordialmente dinásticas e conservadoras; contudo, como uma potencia liberal do ponto de vista econômico, tentou moldar o mundo a sua imagem. Mas a Inglaterra fez mais, criando o imperialismo de livre comércio, um sistema mundial de governo que se expandiu e suplantou ou sistema construído nos tratados de Vestfália. Após o grande ciclo de guerras e conflitos, o sistema europeu construído no congresso de Viena era basicamente conservador, mas tinha a flexibilidade suficiente para tentar acomodar as novas forças políticas e sociais que surgiam, dentro e fora dos Estados nacionais. Formou-se uma sociedade europeia, com regras, valores e princípios comuns, como a legitimidade, a restauração, o nacionalismo, a soberania, que regularia as relações entre os países. A Europa aparecia, assim, em relação ao resto do mundo, como uma unidade, e assim se apresentariam para colonizar a África e a Ásia, numa tentativa de recuperar o espaço perdido na América Latina, agora formalmente independente. O século XIX foi o século da hegemonia inglesa, tanto quanto foi o século do concerto europeu, da formação da sociedade europeia. Os ideais de progresso e desenvolvimento fortaleceram a crença de que o mundo estava em rápida transformação e que a Europa do século XIX estava no ápice do processo civilizatório. A dupla revolução significou dois movimentos da revolução burguesa, que se alimentavam mutua- mente, ao conquistar o Estado e dominar os meios de produção. Entretanto, a modernização constituiu novas forças sociais, que seriam os novos atores políticos nas próximas décadas. A Revolução Industrial era a contrapartida econômica da dupla revolução que estava ocorrendo no final do século XVIII e que marcaria a política e a economia mundial até o tempo presente. Entre as consequências da Revolução Industrial, figura a formação de um mercado de massa. A revolução industrial também criou uma indústria de carvão, o desenvolvimento das ferrovias e a expansão do capital. As ferrovias seriam o principal ponto de investimento capitalista nos outros continentes. Entre os resultados da Revolução Industrial, pode- se verificar também a subordinação das diferentes formações sociais à dinâmica capitalista, aumento da produção, estímulo comercial, urbanização, aumento populacional, divisão técnica do trabalho, proletarização e assalariamento da força de trabalho, maquinização da produção, concentração industrial, nova configuração social, acirramento da luta de classes, mundialização da economia, surgimento dos monopólios e a corrida imperialista.
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