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Para se considerar um texto como sendo do tipo dissertativo-argumentativo, é necessário que, além de expor fatos e informações, o autor apresente ideias e defenda uma opinião acerca de determinado tema, utilizando, para isso, argumentos claros, objetivos e organizados, com o intuito de convencer o leitor sobre o ponto de vista apresentado. É esperado, ainda, que essa tipologia textual seja composta pela seguinte sequência: • Introdução – proposição da tese (ponto de vista) a ser discutida. • Desenvolvimento – apresentação, fundamentação e explicação dos argumentos. • Conclusão – reafirmação das ideias debatidas e proposições (para reflexão ou para solução). Essa composição diz respeito à produção que envolva a argumentação, seja ela de um vestibular que proponha, por exemplo, a redação de um artigo de opinião, seja do Enem, que tradicionalmente requer a elaboração de um texto dissertativo-argumentativo. Para construir tal estrutura, o autor do texto deve ser capaz de refletir sobre o tema, • definindo o ponto de vista que será defendido; • selecionando as ideias, os fatos e as informações do seu repertório sociocultural (conhecimentos adquiridos na escola, na vida social e familiar, etc.), interpretando-os e relacionando-os à tese a ser defendida; • organizando os argumentos escolhidos de maneira clara e objetiva, selecionando os mais relevantes, sempre em favor da defesa do ponto de vista; • desenvolvendo e relacionando os argumentos de forma a manter a coerência e a coesão das ideias apresentadas e conduzir o leitor pelo caminho de sentidos traçado. Como podemos observar, a produção de um texto dissertativo-argumentativo requer seleção, organização, hierarquização e desenvolvimento de ideias, portanto precisa ser planejada. Como planejamento pressupõe um método, aqui será estudado como utilizar os esquemas e os mapas mentais, que são maneiras eficientes de organizar os conhecimentos e as ideias que vão surgindo enquanto se reflete sobre o tema a ser desenvolvido. Acesse os QR Codes a seguir. Neles, há um conteúdo sobre como fazer um mapa mental e uma ferramenta para tal. Para exemplificar o planejamento textual empregando esses métodos, será utilizada uma redação do Enem, que comumente propõe a escrita de um texto dissertativo- -argumentativo sobre um tema que envolve uma questão social brasileira. O assunto abordado pelo exame em 2016 foi a intolerância religiosa; o tema, “Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil”. Observe que assunto e tema são conceitos distintos. O primeiro refere-se a uma abordagem mais ampla e genérica; o segundo, a um recorte específico no contexto dessa abordagem. Dentro do assunto “intolerância religiosa”, que é o exemplo, pode-se recortar os temas “as religiões afro-brasileiras”, “as festas religiosas brasileiras”, “os mitos das religiões indígenas”, “as tradições católicas”, enfim, vários eixos temáticos que possibilitem refletir sobre o preconceito e a discriminação às religiões. Não observar essa diferença faz com que o participante tangencie o tema, ou seja, aborde somente o assunto, não aprofundando e desenvolvendo um recorte (tema) desse assunto. Para que isso não ocorra, em primeiro lugar, é preciso identificar quais são as palavras-chave do tema. Elas dizem respeito ao que deve ser abordado e orientam sobre o ponto de vista (tese) a ser defendido. No tema da redação do Enem de 2016, essas palavras são: “caminhos”, “combate”, “intolerância religiosa”, “Brasil”. Nesse sentido, o participante deve escrever um texto que • afirme a existência da intolerância religiosa no Brasil (uma vez que o próprio tema já faz essa asserção); • defenda e mostre que ela precisa ser combatida; • aponte quais são os caminhos para combatê-la. MÓDULO 03 FRENTE A 3Bernoulli Sistema de Ensino PORTUGUESA LÍNGUA Planejamento do Texto Dissertativo-Argumentativo Entender claramente o que se pede na proposta é um importante passo para construir um texto que tenha um posicionamento. Sendo assim, é possível iniciar a esquematização das ideias fazendo, por exemplo, as seguintes perguntas: Intolerância religiosa – O que é? Quais suas causas? Quais as consequências? É um problema. É histórico. Afeta várias religiões. Precisa ser combatido. Por quê? O que causou esse problema? Quando surgiu? Por que ainda continua sem solução? Quais as consequências do problema? Como ele afeta a sociedade? O que ele acarreta? Como mudar a situação? Quem pode resolver? De que forma? Ao entender o tema e se perguntar sobre ele, seus conhecimentos prévios são ativados, aqueles que foram adquiridos na leitura dos textos de apoio (que frequentemente estão presentes na proposta de redação dos vestibulares e do Enem), nas aulas a que assistimos na escola e nas interações da vida social (informações adquiridas na Internet, leituras, conversas com amigos, televisão, revistas, jornais, etc.). Enfim, tudo aquilo que foi aprendido até o momento da escrita, que é chamado de repertório sociocultural ou “conhecimento de mundo”, é acionado na busca por dados e informações que possam ajudar na construção do texto. Assim, diante das ideias expostas e dos questionamentos feitos, inicie o planejamento do que será escrito. Para este estudo, será escrito um texto que tenha de quatro a cinco parágrafos (mas, dependendo do contexto de escrita, ele pode ter mais que isso) e, em cada um deles, será desenvolvida uma dessas ideias: Esquematização do tema “Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil” 1º parágrafo – introdução. Apresentar o que é a intolerância religiosa, quais são suas raízes e a necessidade de combatê-la, extingui-la ou minimizá-la. 2º parágrafo – primeiro argumento. Fazer o percurso histórico, explicitando as causas dessa intolerância, que ainda persiste; apresentar as religiões mais afetadas e o que isso acarreta para as pessoas que as seguem. 3º parágrafo – segundo argumento. Apresentar e explicar o porquê das discriminações e discorrer sobre a intolerância de indivíduos de algumas religiões em relação a outras. 4º parágrafo – ampliação de argumentos. Contextualizar o problema na atualidade e apresentar dados e outras informações que possam ser úteis para a defesa do ponto de vista, como a existência da “bancada evangélica” no Congresso Nacional, podendo discutir, nesse sentido, a questão da laicidade do Estado. 5º parágrafo – conclusão. Traçar caminhos para combater a intolerância religiosa, assim, pode-se, nesse espaço, incluir uma ou mais propostas para tentar resolver esse problema. Embora nada impeça que essas sugestões de combate venham junto com a argumentação, no decorrer do texto, pode-se apresentá-las na conclusão. Feito o esquema e o planejamento, deve-se partir para a escrita do texto. A produção a seguir é um exemplo possível que seguiu o planejamento detalhado anteriormente. Leia-o, observando os trechos destacados. Ser intolerante é ser inflexível, é não aceitar determinada ação, vontade ou regra. No caso da religião, é a não aceitação da fé professada pelo outro. É claro que, para muitos, tal pensamento pode parecer inconcebível na atualidade, em que se fala e se prega tanto a liberdade em toda a sua amplitude. Porém, para outros tantos, é perfeitamente aceitável – e até compreensível – visto que o preconceito pode, muitas vezes, sobrepujar a indulgência e a empatia, sentimentos tão indispensáveis na vida em sociedade. Tal pensamento faz com que voltemos no período colonial brasileiro, no qual encontramos a raiz desse problema que ainda persiste, principalmente entre aqueles que receberam como herança as religiões de matriz africana, alvo de ódio e humilhação desde os tempos passados. Por essa razão, faz-se necessário extinguir, de uma vez por todas, a permanência e o desenvolvimento desse preconceito. Desde o período da colonização brasileira, com a vinda dos padres jesuítas para catequizaros índios que aqui estavam e que mantinham crenças politeístas, iniciou-se o processo de aculturação no novo país. Firmes nas suas convicções cristãs e católicas, os portugueses, tal qual fizeram com os indígenas, também subjugaram e abominaram os negros africanos durante todo o processo histórico da escravidão, proibindo-os de seguir suas religiões, praticar seus ritos e cultuar seus deuses e símbolos, com a acusação de pertencerem ao demônio e causarem males e sofrimentos. Infelizmente, depois de anos de acabada a servidão, atitudes de desprezo e preconceito contra os praticantes da Umbanda, Quimbanda, Candomblé e outras religiões espíritas ainda existem e causam constrangimento e revolta a quem as segue, assim como foi no passado. Frente A Módulo 03 4 Coleção 6V De acordo com o filósofo prussiano Kant, os homens devem ser valorizados como pessoas que possuem dignidade, já que a dignidade é o valor de que se reveste tudo aquilo que não tem preço. Sendo assim, observa-se que a sociedade brasileira, que guarda resquícios de um passado escravocrata, puritano e retrógrado, ainda permanece coisificando e menosprezando aqueles que possuem crenças não tradicionais, ou mesmo aqueles que não professam nenhuma fé, humilhando-os nas ruas, em manifestações, em redes sociais, e até mesmo agredindo-os fisicamente, demonstrando o quão despreparados alguns indivíduos estão para viver em sociedade, o que implica viver com respeito às escolhas e às diferenças. Apesar de todo o quadro que ainda insiste em permanecer na sociedade brasileira, a nossa Constituição, no seu Artigo 5º, garante a liberdade de crença e religião: “é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos”, o que quer dizer que todos os indivíduos são iguais perante a lei e que o Estado, sendo laico, tem o dever de assegurar a inviolabilidade desse direito a todo cidadão. Entretanto, o que se percebe é um descaso governamental quanto à observância dessa liberdade, haja vista a existência de uma bancada evangélica no Congresso Nacional, com indivíduos dispondo de seus cargos para difundir e legitimar conceitos e preceitos de sua religião em um lugar onde deveria haver respeito e equidade. Portanto, é imprescindível que se façam intervenções para mudar essa realidade e minimizar a intolerância religiosa que separa e violenta o país. Nesse contexto, o Estado, em conjunto com o Ministério da Educação, poderia promover práticas públicas, como a inserção do conteúdo denominado “Religiões” nas disciplinas de Sociologia e Filosofia, a fim de apresentar e esclarecer os princípios de cada uma das religiões, debatendo os prós e os contras, de maneira aberta e respeitosa. Assim, cada aluno poderá conhecer antes de julgar e aprender para contestar, ao mesmo tempo que ressignifica conceitos preestabelecidos ao longo do tempo. Dessa forma, com o engajamento das instâncias superiores, poderemos dizer que vivemos em um país que é justo, que respeita a pluralidade de crenças e é efetivamente laico. Observe agora o planejamento de um texto dissertativo- -argumentativo sobre o tema “O desperdício de alimentos no mundo”. Analisando as palavras-chave relacionadas a esse tema – “desperdício”, “alimentos”, “mundo” –, nota-se que ele é bastante amplo. O assunto “desperdício” a ser tratado no texto refere-se ao mundo inteiro, e não somente ao Brasil. O desperdício de alimentos no mundo O que é? Quais são as causas? Quais são as consequências? É um problema. É mundial. É incoerente. Produção em excesso pelas agroindústrias. Manuseio, transporte e estocagem inadequados. Afeta populações que sofrem com o problema da fome, enquanto alimentos ainda possíveis de serem consumidos são descartados. Precisa ser divulgado, debatido e minimizado. Por quê? O que ou quem causa esse problema? Qual sua dimensão? Onde acontece com maior recorrência? Por que ocorre nesses lugares? E no Brasil, ele existe? Quais? Como? O que esse problema acarreta? Como? Por quem? De que forma? Como são várias as informações que surgem das perguntas levantadas, é preciso selecioná-las, relacionando-as. Dessa forma, deve-se não só responder a essas perguntas, mas também desenvolver as respostas. Com base nas perguntas orientadoras do quadro anterior, faça o planejamento do texto, inserindo as ideias que cada parágrafo deve conter. Tome como referência o que está descrito na linha “1º parágrafo”. Planejamento do tema “O desperdício de alimentos no mundo” 1º parágrafo – a definição do ponto de vista. Abordar o fato de que existe, no mundo, uma contradição no que se refere às questões da alimentação: muito desperdício de alimentos e grande número de pessoas em situação de fome. Nesse parágrafo, podem ser apresentados dados que indiquem ser este um problema mundial, que deve ser debatido e combatido. LÍ N G U A P O R TU G U ES A 5Bernoulli Sistema de Ensino Planejamento do Texto Dissertativo-Argumentativo 2º parágrafo – 3º parágrafo – 4º parágrafo – 5º parágrafo – A partir do seu planejamento, redija um texto sobre o tema “Desperdício de alimentos”. Perceba que a escrita do texto, baseada nesse esquema, torna-se menos complexa, uma vez que o roteiro a ser seguido já está pronto. Leia, agora, uma versão do planejamento e da redação de um texto que seguiu a esquematização proposta sobre o tema “Desperdício de alimentos no mundo”. Faça um comparativo entre a sua produção (esquema e texto) e o exemplo a seguir para verificar o que pode ser aperfeiçoado em seu planejamento e / ou sua redação. Planejamento do tema “O desperdício de alimentos no mundo” 1º parágrafo – a definição do ponto de vista. Abordar o fato que existe, no mundo, uma contradição no que se refere às questões da alimentação: muito desperdício de alimentos e grande número de pessoas em situação de fome. Nesse parágrafo, podem ser apresentados dados que indiquem ser este um problema mundial, que deve ser debatido e combatido. 2º parágrafo – o primeiro argumento. Apresentar as causas do desperdício de alimentos, quem são os responsáveis e onde (em quais países) esse desperdício é maior. Contar com informações dos textos motivadores da proposta. 3º parágrafo – a fundamentação. Apresentar a situação no Brasil e explicar por que no país ainda há desperdício enquanto muitos indivíduos passam fome. 4º parágrafo – o segundo argumento. As consequências do desperdício e o que poderia ser feito com os alimentos que, apesar de ainda serem consumíveis, são descartados. 5º parágrafo – conclusão. Retomar o problema, os argumentos e sugerir uma possível intervenção dos países no sentido de acabar com o desperdício. A cada ano, 1,3 bilhão de toneladas de alimentos são desperdiçados a nível global, e essa realidade preocupante mostra seu impacto no problema da fome. Segundo a ONU, há quase 1 bilhão de famintos no mundo e mais de 20 mil crianças morrem de inanição por dia em todo planeta. Dados alarmantes, tendo em vista o paradoxo da situação: muita comida sendo jogada fora enquanto muita gente passa fome. Dessa forma, torna-se urgente e indispensável o debate sobre o combate à fome e ao desperdício de alimentos, assim como a criação de alternativas para minimizar ou superar esse problema. A agroindústria, responsável pelo abastecimento alimentício mundial, é uma das grandes responsáveis por parte desse cenário contraditório, pois cerca de dois terços da comida produzida em países em desenvolvimento é perdida após a colheita, por manuseio indevido, transporte e armazenamento inadequado. Quase 56% do desperdício mundial é de responsabilidade de países desenvolvidos, que rejeitam alimentos que não têm a aparência esperada (cor, formato, tamanho) ou a qualidade desejada (sabor e consistência), mesmo que estejam bons para o consumo. Além disso, o prazo de validade dos produtos impostopelas indústrias alimentícias é rígido; e as multas, altas para quem desrespeita esse prazo e comercializa os produtos, causando, assim, o seu imediato descarte. No Brasil, a situação não é diferente. Apesar de sermos um país com grande capacidade agropecuária, o desperdício é grande, especialmente no transporte, que é basicamente feito pela malha rodoviária, com estradas mal conservadas, acessos difíceis e demorados, prejudicando e atrasando a entrega dos produtos, que, muitas vezes, deterioram antes mesmo de chegar ao seu destino. Há também a “lei da oferta e da procura”, causando a diminuição do preço e desvalorização do produto, que acaba estragando sem ser comercializado. Além disso, há o consumo em excesso, as compras feitas sem planejamento, aproveitando as “ofertas”, em que alimentos ficam estocados nas casas dos consumidores, apodrecem ou perdem a “validade” e são descartados sem serem nem abertos. Em contrapartida, em pontos do globo, inclusive no Brasil, onde há baixo desenvolvimento técnico, faltam alimentos para abastecer a população. As más condições de trabalho no meio agrícola, somadas à ausência de investimentos nos setores produtivos, transformam a fome em um dos principais riscos de saúde no mundo. Pessoas procuram no lixo aqueles produtos que não servem mais para uns, mas que podem ser consumidos por quem não tem nada. Há um descaso por parte de quem produz, distribui, comercializa ou consome, que prefere jogar fora a doar para quem precisa. Existem leis sanitárias rígidas, ao menos no Brasil, as quais proíbem restaurantes, lanchonetes ou padarias de doarem o seu excedente a quem precisa, com possibilidade de receberem multas altíssimas caso infrinjam as regras e aconteça de alguém adoecer com tal alimento. Frente A Módulo 03 6 Coleção 6V Diante de um problema tão sério, medidas precisam ser adotadas. Pensando em desperdício, órgãos de influência mundial deveriam adotar tratados que punissem financeiramente as indústrias agrícolas que desperdiçassem um contingente significativo de alimentos, além de prever isenções fiscais para empresas que doassem parte de seu excedente aos países e regiões necessitadas. Ademais, uma maior distribuição de terras férteis e investimentos governamentais nos setores produtivos, em áreas carentes, combateriam a forme e a miséria de forma significativa. Outra boa maneira de planejar um texto é por meio dos mapas mentais, pois trabalham com as ideias que vão surgindo no momento em que se reflete sobre determinado assunto e tema e servem para registrar uma “explosão de ideias”, que são reflexo dos nossos conhecimentos, leituras, informações que circulam socialmente. Para a elaboração de um mapa mental, o primeiro passo é estabelecer o foco, ou seja, colocar o tema ou um título, por exemplo. No caso de um mapa para produzir uma redação, a sugestão é usar, como ponto de partida, o próprio tema proposto, para orientar melhor o seu mapeamento das ideias. Observe a temática: “A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira”. Ela pode vir no topo da folha ou no centro, pois, a ela, serão associadas as ideias. Oriente-se por este passo a passo: • Marque as palavras-chave do tema: “persistência”, “violência”, “mulher”, “sociedade brasileira”. • Escreva o que vem à sua mente ao pensar nessas palavras-chave (o ideal é também usar palavras e expressões curtas para o seu mapa ficar claro e objetivo). • Relacione essas palavras usando setas para representar cada nova associação. • Insira no seu mapa as palavras / informações importantes relacionadas ao tema: contexto histórico, influências, fatores de causa, consequências, entre outros. • Inclua ou retire informações, caso necessário, visualizando a representação do que você vai desenvolver no texto. A PERSISTÊNCIA DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER NA SOCIEDADE BRASILEIRA Raiz histórica Abuso Humilhação Assédio Agressão Reflexão Luta Empoderamento Liberdade Legislação mais rígida: • Lei Maria da Penha • Lei do Feminicídio Família (pais, maridos, namorados) Mercado de trabalho Mídia / Espaço público Estado Cultura do estupro Feminicídio Sociedade patriarcal Misoginia Machismo Discriminação Naturalmente, ao esquematizar o tema, muitas palavras relacionadas surgem, cada uma representando uma ou várias ideias. Por meio dessas relações estabelecidas entre as palavras e as ideias, o mapa vai sendo criado, ramificando-se e, ao final, apresentando diferentes possibilidades de abordagem do tema, que serão utilizadas na construção do texto. É importante notar que não é apenas escrevendo as palavras ligadas ao tema que o percurso argumentativo de um texto é traçado. Assim como nos esquemas, é preciso selecionar e relacionar as ideias e informações, uma vez que, mesmo com a elaboração de um mapa mental, pode-se produzir um texto pouco claro ou com informações que não se completam ou não estão coerentes e interligadas. Por isso, os ajustes devem ser feitos (inclusão e exclusão de palavras, ideias) à medida que o mapa vai sendo elaborado. Como exemplo de texto que trata do assunto abordado no Enem de 2015, leia o artigo “Por uma cultura de respeito às mulheres”, do professor e escritor José Carlos de Souza. Observe as marcações coloridas ao longo do texto: as cores identificam a relação entre as partes do texto e os tópicos (palavras / expressões) do mapa mental anterior. LÍ N G U A P O R TU G U ES A 7Bernoulli Sistema de Ensino Planejamento do Texto Dissertativo-Argumentativo Por uma cultura de respeito às mulheres O estupro vivido por uma adolescente, no Rio de Janeiro, colocou a discussão em torno desse tipo de violência na pauta dos recentes debates da grande mídia e das redes sociais. O esforço de algumas pessoas em promover uma reflexão responsável em torno do tema teve que rivalizar com um conjunto de discursos falaciosos e posições preconceituosas que se disseminaram com contornos que beiraram a histeria. Em muitos desses discursos surpreende o fato de que um dos princípios básicos que deve marcar as relações entre as pessoas foi quase que completamente ignorado: a ideia do respeito à dignidade humana. Talvez, não seja demais supor que o momento de imoralidade política que o país experimenta contribua para a legitimação de discursos dessa ordem, reforçando que é possível manter uma posição de relativismo diante de semelhantes crimes. Alguns dados estatísticos parecem reforçar isso. No Brasil, ocorrem anualmente cerca de 50 mil casos de estupros, mais da metade das vítimas são crianças e adolescentes. O constrangimento da situação e a dificuldade de se comprovar o crime mantêm boa parte dos agressores, muitas vezes pessoas próximas às vítimas, livres. Nessas circunstâncias, é inevitável que elas se vejam sujeitas a uma segunda violência, a violência da impunidade. Nossa sociedade machista e patriarcal institui e valoriza práticas sociais que desqualificam ou preterem as mulheres. Essas práticas contribuem para o que muitos chamam de cultura do estupro, um espaço em que homens são levados a crer que têm o direito de cometer diversos tipos de violência contra a mulher, inclusive sexual. Nesse sentido, meios de comunicação, instituições públicas e a própria família sistematicamente vão legitimando papéis que meninos e meninas desde cedo são convidados a desempenhar. A instituição escolar não está isenta dessas práticas. O assédio a alunas e professoras é mais frequente do que se supõe, com circunstâncias que vão desde simples insinuações até abordagens mais agressivas, pautadas por ameaças ou violação da intimidade. Os dados sobre a violência contra a mulher são absurdos e exigem de todos uma crescente consciência do seu significado e de como atuar para mudá-los. A escola como espaço privilegiado de formação e socialização precisa acolher essa discussão, ajudando os estudantes a compreender esse tema em toda a sua complexidade e extensão, implicando-os comopossíveis sujeitos transformadores. Isso pode começar dentro da escola com a proposição de uma vivência cotidiana que reflita um compromisso efetivo com o respeito a todas as mulheres em tudo aquilo que elas mesmas reconhecem como aspectos marcantes de sua identidade. SOUZA, José Carlos de. Por uma cultura de respeito às mulheres. Carta Capital. Disponível em: <http://www. cartaeducacao.com.br/aulas/medio/por-uma-cultura- derespeito-as-mulheres/>. Acesso em: 24 out. 2017. O texto apresentado não é uma redação do Enem, ou seja, não foi feito com base na proposta desse exame. Trata-se de um artigo de opinião veiculado em uma revista de grande circulação. Mas, lendo esse artigo e o comparando com o mapa mental, nota-se a ocorrência de palavras e ideias em comum, evidenciando que o conhecimento acerca desse tema, amplamente divulgado e comentado pela mídia, faz parte do repertório sociocultural adquirido também na vida social e, desse modo, ele se revela em uma “explosão de ideias”, no mapa mental. Agora, analise o planejamento a seguir e escreva um texto dissertativo-argumentativo com base nele. Planejamento do tema “A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira” 1º parágrafo – introdução do tema: exemplo de um caso de estupro veiculado pela mídia, a repercussão do fato, a reação das pessoas e a apresentação do pensamento preconceituoso e machista de ampla parcela da sociedade brasileira. 2º parágrafo – ponto de vista: pessoas preocupadas em discutir não se importam com a dignidade humana, no caso, a dignidade feminina da jovem que foi violentada. 3º parágrafo – argumento: dados sobre a violência contra mulheres jovens e meninas, o porquê da impunidade, as práticas machistas e a cultura do estupro. 4º parágrafo – ampliação dos argumentos: o estereótipo dos papéis masculinos e femininos, o assédio e a agressão, nas escolas, contra meninas e professoras. 5º parágrafo – retomada do problema / reafirmação da tese e apresentação de uma ou mais propostas de intervenção. O planejamento textual é importante, pois, além de facilitar a escrita, estimula a capacidade criadora, promove a intertextualidade, acrescenta informatividade (a inclusão de ideias que indicam a progressão dos argumentos), colabora para o estabelecimento da coerência do texto e contribui para a construção da coesão – requisitos básicos, como foi visto anteriormente, para a produção de um bom texto argumentativo. Agora, com base nas reflexões acerca do planejamento textual: 1. Elabore um esquema sobre o tema “Os desafios do descarte de lixo eletrônico”. Faça a você mesmo as perguntas sobre esse assunto. Depois, dê respostas curtas para elas. Pesquise. Faça o planejamento, especificando o que será abordado em cada parágrafo. Em seguida, escreva um texto dissertativo- -argumentativo com base no que foi planejado. 2. Faça um mapa mental sobre o tema “Jovens infratores: ressocialização ou mais rigor penal?”, seguindo o modelo apresentado. Frente A Módulo 03 8 Coleção 6V Utilize uma folha de papel em branco, identifique o foco de seu mapa (sugestão: colocar o tema); destaque as palavras-chave e vá ligando uma ideia a outra, sempre se perguntando: “Por quê?”, “Qual a causa?”, “Quem ou o que provoca isso?”, “O que pode ser feito?”. Após isso, faça o planejamento, especificando o que será abordado em cada parágrafo. Em seguida, pesquise sobre o assunto e escreva um texto dissertativo- -argumentativo com base no que foi planejado. 3. Leia o texto a seguir, sobre o tema “Como conter o bullying nas escolas”, que foi redigido por um aluno do Ensino Médio. Analise como ele foi planejado, identificando os possíveis problemas. Em seguida, pesquise e escreva um texto dissertativo-argumentativo sobre o mesmo tema. Sabe-se que o bullying é um tipo de agressão física e / ou psicológica que tem como objetivo intimidar outra pessoa por motivos injustificáveis, simplesmente por ser diferente. Tais práticas violentas vêm crescendo constantemente, visto que o principal local para a execução dessas práticas são as escolas. A escola é um local no qual existem alunos de todas as classes, etnias e particularidades, portanto tal instituição tem o dever de manter certa igualdade entre eles, para que o desrespeito não se mantenha no interior escolar. A escola, no entanto, possui diversos obstáculos; dentre eles, o maior é conter o bullying. Empurrões, humilhação, ameaças, insultos são algumas formas de agressões entre alunos. De acordo com pesquisas realizadas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 2015, 46,6% dos alunos entrevistados alegaram ter sido vítimas de bullying dentro do colégio, sendo que mais de 18% afirmaram ter sido agredidos devido a sua aparência. Ignorar esses números é imprescindível. Todos estão sujeitos a tais boçalidades levando como consequência problemas psicológicos e sucessivamente uma queda no aprendizado escolar. Visto que o bullying é um dos maiores problemas encontrados no ambiente escolar, os professores devem rever as atitudes diante de tal situação. É necessário, portanto, punir alunos que praticam tal banalidade e ficar atento a todos os alunos, sejam agressores ou vítimas. As famílias devem ser avisadas e, junto com a escola, tomar medidas cabíveis a tal comportamento. Textos dissertativo-argumentativos 2 Nesta videoaula, vamos saber mais sobre as características dos textos dissertativo-argumentativos. EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM 01. (Unicamp-SP–2019) Alguém já escreveu que a Internet é um instrumento democrático. Tomada ao pé da letra, essa afirmação é falsa. Eu gostaria de corrigi-la, acrescentando: a Internet é um instrumento potencialmente democrático. Para fazer uma pesquisa navegando na web, precisamos saber como dominar os instrumentos do conhecimento: em outras palavras, precisamos dispor de um privilégio cultural que é ligado ao privilégio social. As escolas precisam da Internet, mas a Internet precisa de uma escola onde o ensino real acontece. A Internet não apenas faz referência aos livros, mas pressupõe livros. A leitura fragmentada em palavras e frases isoladas do contexto integral sempre foi parte da leitura de cada um, mas o livro é o instrumento que nos ensina a dominar a extraordinária velocidade da Internet – para ser capaz de usá-la, você precisa aprender a “ler devagar”. Não consigo imaginar que alguém possa aprender sozinho, sem modelos, a prática profundamente artificial da leitura lenta. Daí a Internet pressupor não apenas os livros, mas também aqueles que ensinam a ler livros – ou seja, professores em carne e osso. CARLO Ginzburg: a Internet é um instrumento potencialmente democrático. Disponível em: <http://www.fronteiras.com/ artigos/carlo-ginzburg-ainternet-nao-apenas-remete-aos- livros-como-tambem-pressupoe-livros-1427135419>. Acesso em: 02 set. 2018. A) De que argumentos o autor se vale para refutar a afirmação de que a Internet é um instrumento democrático? B) Explique por que a Internet pressupõe “professores em carne e osso” e livros. 02. (UFPR–2016) NEIL DEGRASSE TYSON NOS CONTA COMO CIENTISTA QUERO QUE TODOS TENHAM OPORTUNIDADE DE PENSAR EM FORMAS DE MELHORAR NOSSA CIVILIZAÇÃO. SE ISAAC NEWTON TIVESSE NASCIDO NA ÁFRICA E SE PREOCUPASSE EM NÃO MORRER, TALVEZ NUNCA TERIA CONSEGUIDO CHEGAR AONDE CHEGOU. TALVEZ O PRÓXIMO EINSTEIN ESTEJA MORRENDO DE FOME NA ETIÓPIA... ...E NUNCA SABEREMOS UMA DAS PIORES TRAGÉDIAS DA ATUALIDADE É QUE POUCOS TÊM A OPORTUNIDADE DE SER TUDO O QUE PODEM SER. INFELIZMENTE, EM MUITOS PAÍSES, EM DESENVOLVIMENTO, A CORRUPÇÃO E O MAL GOVERNO TORNAM ISSO QUASE IMPOSSÍVEL. COMO A DESIGUALDADE SOCIAL AFETA A CIÊNCIA Disponível em: <http://www.nc.ufpr.br/ concursos_institucionais/ufpr/ps2017/provas2fase/ compreensao-texto.pdf >. Acesso em: 15 maio 2019. LÍ N G U A P O R TU G U ES A 9Bernoulli Sistema de Ensino Planejamento do Texto Dissertativo-Argumentativo Escrevaum texto em que você explicite e desenvolva a linha de raciocínio do autor. Seu texto deve: • ter no mínimo 6 e no máximo 8 linhas; • ser desenvolvido em dois parágrafos; • citar, de forma contextualizada, pelo menos um dos cientistas apresentados no quadro. 03. (UFPR–2019) Leia o texto a seguir: A web já faz parte do cotidiano de pesquisadores, editoras e instituições científicas. Publicamos e lemos periódicos online, e utilizamos plataformas da web social (Twitter, Facebook, blogues, YouTube, etc.) para divulgar nossos trabalhos, fazer contatos, encontrar novos colaboradores… Nossas produções e resultados de pesquisa também circulam no ambiente online, recebendo curtidas e comentários, sinalizando um interesse que, até pouco tempo atrás, era muito mais difícil de acompanhar. O padrão ouro da avaliação dos artigos científicos até a década passada era a citação. Diante da possibilidade de se ver e monitorar todo esse diálogo da ciência em ação na Internet, não seria interessante considerar essa uma nova forma de medir os impactos da ciência? Quando olhamos para as citações que um artigo recebeu, estamos considerando um grupo relativamente limitado de pessoas que o usaram: aquele grupo que se interessou, leu e utilizou aquele texto para construir e publicar o seu próprio trabalho. Esse grupo com certeza é muito importante – afinal, é assim que se faz ciência, com pesquisadores usando trabalhos de outros pesquisadores para construir conhecimento novo. Mas a citação não é o único uso que um artigo científico pode ter. Estudantes leem artigos como parte da sua formação profissional. Profissionais leem artigos para ficar em dia com novas tendências da área e para resolver questões específicas, como definir um diagnóstico médico. Pacientes, gestores, ativistas, amadores, wikipedistas, curiosos, muita gente pode se interessar pela literatura científica, pelos mais diversos motivos. Hoje, nas redes sociais, encontramos traços desses interesses por artigos científicos e pela ciência. O biólogo compartilha seu artigo novo no Facebook. A astrônoma explica sua pesquisa em um vídeo no YouTube. A cientista social escreve uma sequência no Twitter mostrando com o que a pesquisa acadêmica pode contribuir para a sociedade... São atos que não necessariamente geram citações, mas demonstram que a utilidade da ciência não se resume ao que é publicado formalmente em periódicos consagrados. As métricas dessa disseminação de trabalhos científicos nas redes sociais, que chamamos altmetrias (do inglês altmetrics, encurtamento da expressão alternative metrics – métricas alternativas, em português), vão aos poucos se incorporando ao nosso cotidiano. Em alguns periódicos e repositórios, encontramos, junto aos dados de download, informações sobre quantas vezes o arquivo foi compartilhado. Para alguns, as altmetrias podem ser indicadores do impacto social da ciência, algo importante para a sociedade que quer e deve acompanhar o que se faz com os recursos públicos investidos em ciência. Mas quais seriam essas métricas? Podemos lançar o olhar para a disseminação dos conteúdos em tuítes e posts de divulgação, ver a interação dos usuários a partir desses posts (as tais curtidas e reações do Facebook e corações do Twitter), os downloads dos artigos e sua incorporação em gestores de referência como o Mendeley e a geração de conteúdo a partir do uso dos artigos em documentos como blogues, sites e Wikipedia. Podemos avaliar quantitativamente as diferentes reações (no caso do Facebook), redes de relações e compartilhamentos dos usuários, ler os comentários e respostas, enfim, ver todo esse processo que vai da divulgação científica ao diálogo entre pares, em um olhar sobre a ciência e sua disseminação e comunicação. Outro ponto importante é reconhecer os diferentes níveis de engajamento representados por cada ato nas redes sociais. Um clique no botão ‘curtir’, por exemplo, é um tipo de engajamento superficial, que pode ser uma demonstração de interesse, mas demanda pouco esforço do usuário. Se queremos transformar os tais polegares e corações em indicadores, eles precisam estar refletindo mais do que mera repercussão viral e ir mais fundo. Fábio Castro Gouveia (Fundação Oswaldo Cruz) e Iara Vidal Pereira de Souza (UFRJ). Revista Ciência Hoje, edição 348, outubro de 2018. Disponível em: <http://cienciahoje.org.br/ artigo/a-ciencia-compartilhada-na-rede/> (Adaptação). Com base nessa leitura, escreva um texto argumentativo sobre a relação entre ciência e redes sociais, procurando dar uma resposta à questão que se levanta no primeiro parágrafo: não seria interessante considerar a altmetria uma nova forma de medir os impactos da ciência? Seu texto deverá: • contextualizar o tema; • conter um posicionamento, com as devidas justificativas, acerca do uso da altmetria para avaliar os impactos da ciência; • identificar e opor pontos positivos e pontos negativos do uso da altmetria; • apresentar os elementos formais e discursivos característicos de um texto argumentativo. Frente A Módulo 03 10 Coleção 6V 04. (UFSC–2016) Considere os textos a seguir e escreva uma dissertação sobre o papel das festas populares na continuidade de uma memória coletiva. As festas podem ser examinadas do ponto de vista da atividade lúdica, mas também como um acontecimento de integração da realidade das comunidades envolvidas, no sentido de avaliar seu potencial como formadora da cidadania, da conscientização e da participação social. [...] Ao expor a cultura, a memória histórica e os usos dos povos, as festas populares podem subverter as propostas de turismo predatório, beneficiando as comunidades envolvidas em tal atividade. FERREIRA, Maria Narareth. Comunicação, resistência e cidadania: as festas populares. Comunicação e informação, v. 9, n. 1, p. 111-117, 2006 (Adaptação). Disponível em: <http://tokdehistoria.com.br/tag/ariano- suassuna>. Acesso em: 01 out. 2015. As festas populares são momentos ímpares de expressão e de manifestação da cultura popular, de sociabilidade, integrando diversas tradições, nas quais as camadas populares se envolvem com intensidade. As festas possuem um potencial para se tornarem um momento de manifestação popular ou mesmo de quebra de comportamentos padronizados. SOUZA, João Carlos de. O caráter religioso e profano das festas populares: Corumbá, passagem do século XIX ao XX. Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 24, n. 48, p. 331-351, 2004. EXERCÍCIOS PROPOSTOS Instrução: Leia o texto a seguir para responder às questões de 01 a 04. Lembrando e pensando a TV Houve um tempo em que a TV − acreditem, ó jovens! − ainda não existia. Ouvia-se rádio, ia-se ao cinema. Mas um dia chegou às casas das pessoas um aparelho com o som vivo do rádio acoplado a vivas imagens, diferentes das do cinema, imagens chegadas de algum lugar do presente, “ao vivo”. Logo saberíamos que todas as imagens do mundo, inclusive os filmes do cinema, poderiam estar ao nosso alcance, naquela telinha da sala. Modificaram-se os hábitos das famílias, seus horários, sua disponibilidade, seus valores. A TV chegou para reinar. A variedade da programação já indicava o amplo alcance do novo veículo: notícias, reportagens, musicais, desenhos animados, filmes, propagandas, seriados, esportes, programas humorísticos, peças de teatro − tudo desfilava ali, diante dos nossos olhos, ainda no tubo comandado por grandes válvulas e com imagem em preto e branco. Boa parte dos primeiros aparelhos de TV tinham telas de 16 a 21 polegadas, acondicionadas numa enorme e pesada caixa de madeira. Havia uns três ou quatro canais, com alcance bastante limitado e programação restrita a cinco ou seis horas por dia. Mais tarde as transmissões passariam a ser via satélite e ocupariam as 24 horas do dia. Os custos da programação eram pagos pela publicidade, que tomava boa partedo tempo de transmissão. Vendia-se de tudo, de automóveis a margarina, de xaropes para tosse a apartamentos. Filmetes gravados e propagandas ao vivo sucediam-se e misturavam-se a notícias sobre exploração espacial, enquanto documentários estrangeiros falavam da revolução russa, da II Guerra, do nazismo e do fascismo, das convicções pacifistas de Gandhi, das ideias do físico Einstein sobre a criação e a legitimação da ONU etc. etc. Já as incursões históricas propiciadas pelos filmes nos levavam ao tempo de Moisés e do Egito Antigo, ao Império Romano e advento do Cristianismo, tudo entremeando-se ao humor de Chaplin, às caretas de Jerry Lewis e às trapalhadas das primeiras comédias nacionais do gênero chanchada. Houve também o tempo em que as famílias se agrupariam diante dos festivais da canção, torcendo por músicas de protesto, baladas românticas ou de ritmos populares “de raiz”. Enfim, a TV oferecia a um público extasiado um espetáculo variadíssimo, tudo nas poucas polegadas do aparelho, que não tardou a incorporar outras medidas, outros sistemas de funcionamento, projeção em cores e controle remoto. As telas de plasma, o processo digital e a interface com a informática foram dotando a TV de muitos outros recursos, até que, bem mais tarde, tivesse que enfrentar a concorrência de outras telas, muito menores, portáteis, disponíveis nos celulares, carregados de aplicativos e serviços. Apesar disso, nada indica que a curto prazo desapareçam da casa os aparelhos de TV, enriquecidos agora por incontáveis dispositivos. No plano da cultura e da educação, a televisão teve e tem papel importante. Os telecursos propiciam informação escolar específica nas áreas de Matemática, Física, História, Química, Língua e Literatura, fazendo as vezes da educação formal por meio de incontáveis dispositivos pedagógicos, inclusive a dramatização de conteúdos. Aqui e ali há entrevistas com artistas, políticos, pensadores e personalidades várias, atualizando ideias e promovendo seu debate. No campo da política, é relevante, às vezes decisivo, o papel que a TV tem na formação da opinião pública. LÍ N G U A P O R TU G U ES A 11Bernoulli Sistema de Ensino Planejamento do Texto Dissertativo-Argumentativo A ecologia conta, também, com razoável cobertura, informando, por exemplo, sobre os benefícios da reciclagem de lixo, da cultura de produtos orgânicos e da energia solar. Seja como forma de entretenimento, veículo de informação, indução aos debates e repercussão atualizada dos grandes temas de interesse social, a TV vem garantindo seu espaço junto a bilhões de pessoas no mundo todo. Por meio dela, acompanhamos ao vivo momentos agudos da política internacional, a divulgação de um novo plano econômico do governo, a escalada da violência urbana. Ao toque de uma tecla do controle remoto, você pode se transferir, aleatoriamente, do palco de um ataque terrorista para o final meloso de uma comédia romântica. Numa espécie de espelhamento multiplicativo e fragmentário da nossa vida e dos poderes da nossa imaginação, a TV vem acompanhando os passos da vida moderna e ditando, mesmo, alguns deles, sem dar sinal de que deixará tão cedo de nos fazer companhia. Percival de Lima e Souto, inédito. 01. (PUC-Campinas-SP–2018) É correto afirmar que o autor do texto, A) dialogando com jovens que não conhecem a história da TV, tem como objetivo levá-los, pela narrativa de fatos reais, a reconhecer a boa qualidade da televisão no tempo da sua chegada às casas de seus avós, quando concentrava seu interesse em grandes temas: revoluções, Gandhi, Einstein, tempos históricos. B) adotando o ponto de vista de quem não somente viveu a chegada da TV em sua casa, mas também o processo gradativo da transformação desse veículo, expõe essa trajetória, associando a exposição a comentários acerca da presença e valor da televisão. C) comparando o tempo em que a TV ainda não existia e o tempo em que surgiu, busca comprovar que a chegada do veículo inaugurou avanço cultural; para isso, descreve e analisa os hábitos das pessoas nos distintos momentos, assim como o conteúdo veiculado no início das transmissões. D) dissertando sobre a TV – seu surgimento e sua constante atualização –, valoriza o modo de captação de recursos quando a televisão ainda não conhecia a projeção em cores ou o controle remoto, com a finalidade de estabelecer comparação com o que ocorre na atualidade. E) baseando-se na memória de um tempo em que a TV não existia, faz um levantamento do que se ganhou e se perdeu com a presença da televisão nas casas das pessoas, com o propósito de comprovar que a televisão já teve um papel social relevante na vida familiar. 02. (PUC-Campinas-SP–2018) Entende-se corretamente do parágrafo 1: A) Os hábitos, em certo tempo, de ouvir-se rádio e ir-se ao cinema determinaram o fato de, nesse tempo, a TV ainda não existir. B) A estranheza que o aparelho de TV causou nas pessoas que o viram pela primeira vez produziu tal efeito que passaram a imaginar indevidamente que “todas as imagens do mundo” poderiam estar ao alcance delas. C) O conjunto de modificações ocorridas no interior das famílias constitui evidência de que “A TV chegou para reinar”. D) A presença conjunta de frases sem sujeito determinado (“Ouvia-se rádio” / “ia-se ao cinema”) e frase com sujeito marcado (“nós”, em “Logo saberíamos”) mostra que as pessoas referidas como “nós” não tinham o costume de ouvir rádio e ir ao cinema. E) Em “acreditem, ó jovens!”, está expressa uma súplica, que deixa transparecer a ideia subentendida de que os jovens não acreditarão no autor, pois não acreditam naquilo que não vejam com seus próprios olhos. 03. (PUC-Campinas-SP–2018) Considere o último parágrafo do texto e leia as afirmações que seguem. I. A TV reflete, em modo próprio, não somente o que experimentamos de fato no nosso cotidiano, como também o que nosso imaginário pode produzir. II. A TV e a sociedade em que ela se insere chegam a espelhar-se mutuamente. III. A vida moderna é tão repetitiva e truncada que a TV, por sua natureza multiplicativa e fragmentária, torna-se o veículo mais adequado para representar a contemporaneidade. O parágrafo confirma o que está apenas em A) I. B) II. C) III. D) I e II. E) I e III. 04. (PUC-Campinas-SP–2018) O segmento do texto que está traduzido sem que o sentido original seja prejudicado é: A) “fazendo as vezes da educação formal” / substituindo, em algumas circunstâncias, o papel das escolas tradicionais. B) “por meio de incontáveis dispositivos pedagógicos” / pela aquisição de aparelhos pedagógicos numerosos demais. Frente A Módulo 03 12 Coleção 6V C) “Aqui e ali há entrevistas” / entrevistas alcançam desde as áreas mais próximas até as mais longínquas. D) “é relevante, às vezes decisivo, o papel que a TV tem na formação da opinião pública” / nem sempre o papel da TV na formação da opinião pública se sobressai ou se torna decisivo. E) “A ecologia conta, também, com razoável cobertura” / É boa a participação de reportagens, também, no campo da ecologia. Instrução: Leia o texto a seguir para responder às questões 05 e 06. Consumidor controlado: um produto à venda O capitalismo contemporâneo se ergue sobre uma imensa capacidade de processamento digital e metaboliza as forças vitais e as práticas da vida cotidiana com voracidade inaudita, criando necessidades e lançando constantemente novas mercadorias, serviços e subjetividades. Estas últimas constituem produtos muito especiais, que são adquiridos e de imediato descartados pelos diversos tipos de consumidores aos quais se destinam, alimentando uma espiral de consumo em aceleração crescente. Assim, a ilusão de uma identidade fixa e estável, característica da sociedade moderna e industrial, vai cedendo terreno aos “kits de perfis-padrão” ou “identidade prêt-à-porter”, segundo as denominações da psicanalista brasileira Suely Rolnik. Trata-se de modelossubjetivos efêmeros, descartáveis, sempre vinculados aos voláteis interesses do mercado. Atualmente, tanto as noções de massa e de povo quanto a própria ideia de indivíduo moderno estão perdendo força. No lugar dessas figuras, outras emergem. O papel do consumidor, por exemplo, assume relevância cada vez maior. Mais do que integrar uma massa ou um povo – como os cidadãos dos Estados-nação da era industrial –, ele faz parte de diversas amostras, nichos de mercado, segmentos de público e bancos de dados. O sujeito da sociedade contemporânea detém cada vez mais cartões, chips e senhas de acesso – todos dispositivos digitais. De maneira crescente, a identificação do consumidor passa pelo seu perfil: uma série de dados sobre sua condição socioeconômica, seus hábitos e suas preferências de consumo. Todas essas informações se acumulam por meio do preenchimento de fichas de cadastro e formulários de pesquisa, que são processados digitalmente para serem armazenados em bancos de dados conectados em rede. Estes, por sua vez, serão acessados, vendidos, comprados e usados pelas empresas em suas estratégias de marketing. Desse modo, o consumidor passa a ser, ele mesmo, um produto à venda. Uma amostra desse processo é uma tendência bem atual que se verifica, sobretudo, na Internet, onde as empresas mais cotadas do momento oferecem uma variedade de serviços gratuitos a grandes quantidades de usuários, em troca dos quais estes devem fornecer dados sobre seus perfis. Tais informações são muito valiosas em termos de marketing, pois permitem enviar publicidade direcionada de acordo com cada tipo de consumidor, além de terem uma infinidade de outros usos, atuais e futuros. Assim, sem pedir dinheiro em troca, são oferecidos serviços cada vez mais fundamentais para os sujeitos contemporâneos: contas de correio eletrônico ou páginas nas redes sociais, espaço para armazenar ou compartilhar arquivos, bem como para publicar sites ou blogs, acesso ao conteúdo de revistas e jornais, sistemas de busca de informações, inclusive a própria conexão à Internet. Mas, em todos esses casos, o produto comprado e vendido é ele: o consumidor. SIBILIA, Paula. O homem pós-orgânico: a alquimia dos corpos e das almas à luz das tecnologias digitais. 2. ed. Rio de Janeiro: Contraponto, 2015. p. 34-36 (Adaptação). 05. (UEG/UAB–2017) De acordo com a argumentação da autora, o sujeito social contemporâneo A) investe uma grande quantidade de recursos financeiros na aquisição de produtos tecnológicos e digitais como meios para alcançar a realização pessoal. B) tem sua identidade e seu valor constituídos a partir dos dados presentes em seus perfis digitais e dos papéis que ocupa na sociedade de consumo. C) elabora seus projetos particulares, especialmente aqueles relacionados à carreira profissional e ao lazer, tendo como base modelos culturais tradicionais. D) fundamenta sua trajetória social na noção de divisão de classes, cada vez mais enfatizada pelos modos de consumo da sociedade contemporânea. E) constrói sua imagem corporal a partir dos cuidados com o corpo e com a manipulação das imagens fotográficas exibidas no mundo digital. 06. (UEG/UAB–2017) O quarto parágrafo do texto desempenha a seguinte função argumentativa: A) desenvolve uma contra-argumentação à ideia defendida pela autora. B) expõe um quadro comparativo para contrastar duas ideias opostas. C) exemplifica a ideia apresentada no final do parágrafo anterior. D) explica, a partir de conceitos abstratos, o cenário social. E) apresenta uma síntese conclusiva das ideias do texto. LÍ N G U A P O R TU G U ES A 13Bernoulli Sistema de Ensino Planejamento do Texto Dissertativo-Argumentativo SEÇÃO ENEM 01. (Enem–2019) Emagrecer sem exercício? Hormônio aumenta a esperança de perder gordura sem sair do sofá. A solução viria em cápsulas O sonho dos sedentários ganhou novo aliado. Um estudo publicado na revista científica Nature, em janeiro, sugere que é possível modificar a gordura corporal sem fazer exercício. Pesquisadores do Dana-Farber Cancer Institute e da Escola de Medicina de Harvard, nos EUA, isolaram em laboratório a irisina, hormônio naturalmente produzido pelas células musculares durante os exercícios aeróbicos, como caminhada, corrida ou pedalada. A substância foi aplicada em ratos e agiu como se eles tivessem se exercitado, inclusive com efeito protetor contra o diabetes. O segredo foi a conversão de gordura branca – aquela que estoca energia inerte e estraga nossa silhueta – em marrom. Mais comum em bebês, e praticamente inexistente em adultos, esse tipo de gordura serve para nos aquecer. E, nesse processo, gasta uma energia tremenda. Como efeito colateral, afinaria nossa silhueta. A expectativa é que, se o hormônio funcionar da mesma forma em humanos, surja em breve um novo medicamento para emagrecer. Mas ele estaria longe de substituir por completo os benefícios da atividade física. “Possivelmente, existem muitos outros hormônios musculares liberados durante o exercício e ainda não descobertos”, diz o fisiologista Paul Coen, professor assistente da Universidade de Pittsburgh, nos EUA. A irisina não fortalece os músculos, por exemplo. E para ficar com aquele tríceps de fazer inveja só o levantamento de controle remoto não daria conta. LIMA, F. Galileu. São Paulo, n. 248, mar. 2012. Para convencer o leitor de que exercício físico é importante, o autor usa a estratégia de divulgar que A) a falta de exercício físico não emagrece e desenvolve doenças. B) se trata de uma forma de transformar a gordura branca em gordura de emagrecer. C) a irisina é um hormônio que apenas é produzido com o exercício físico. D) o exercício é uma forma de afinar a silhueta por eliminar a gordura branca. E) se produzem outros hormônios e há outros benefícios com exercício. 02. (Enem–2017) Textos e hipertextos: procurando o equilíbrio Há um medo por parte dos pais e de alguns professores de as crianças desaprenderem quando navegam, medo de elas viciarem, de obterem informação não confiável, de elas se isolarem do mundo real, como se o computador fosse um agente do mal, um vilão. Esse medo é reforçado pela mídia, que costuma apresentar o computador como um agente negativo na aprendizagem e na socialização dos usuários. Nós sabemos que ninguém corre o risco de desaprender quando navega, seja em ambientes digitais ou em materiais impressos, mas é preciso ver o que se está aprendendo e algumas vezes interferir nesse processo a fim de otimizar ou orientar a aprendizagem, mostrando aos usuários outros temas, outros caminhos, outras possibilidades diferentes daquelas que eles encontraram sozinhos ou daquelas que eles costumam usar. É preciso, algumas vezes, negociar o uso para que ele não seja exclusivo, uma vez que há outros meios de comunicação, outros meios de informação e outras alternativas de lazer. É uma questão de equilibrar e não de culpar. COSCARELLI, C. V. Linguagem em (Dis)curso, n. 3, set. / dez. 2009. A autora incentiva o uso da Internet pelos estudantes, ponderando sobre a necessidade de orientação a esse uso, pois essa tecnologia A) está repleta de informações confiáveis que constituem fonte única para a aprendizagem dos alunos. B) exige dos pais e professores que proíbam seu uso abusivo para evitar que se torne um vício. C) tende a se tornar um agente negativo na aprendizagem e na socialização de crianças e jovens. D) possibilita maior ampliação do conhecimento de mundo quando a aprendizagem é direcionada. E) leva ao isolamento do mundo real e ao uso exclusivo do computador se a navegação for desmedida. 03. (Enem–2016) O livro A fórmula secreta conta a história de um episódio fundamental para o nascimento da matemática moderna e retrata uma das disputas mais virulentas da ciência renascentista. Fórmulas misteriosas, duelos públicos, traições, genialidade, ambição – e matemática! Esse é o instiganteuniverso apresentado no livro, que resgata a história dos italianos Tartaglia e Cardano e da fórmula revolucionária para resolução de equações de terceiro grau. A obra reconstitui um episódio polêmico que marca, para muitos, o início do período moderno da matemática. Frente A Módulo 03 14 Coleção 6V Em última análise, A fórmula secreta apresenta-se como uma ótima opção para conhecer um pouco mais sobre a história da matemática e acompanhar um dos debates científicos mais inflamados do século XVI no campo. Mais do que isso, é uma obra de fácil leitura e uma boa mostra de que é possível abordar temas como álgebra de forma interessante, inteligente e acessível ao grande público. GARCIA, M. Duelos, segredos e matemática. Disponível em: <http://cienciahoje.uol.com.br>. Acesso em: 06 out. 2015 (Adaptação). Na construção textual, o autor realiza escolhas para cumprir determinados objetivos. Nesse sentido, a função social desse texto é A) interpretar a obra a partir dos acontecimentos da narrativa. B) apresentar o resumo do conteúdo da obra de modo impessoal. C) fazer a apreciação de uma obra a partir de uma síntese crítica. D) informar o leitor sobre a veracidade dos fatos descritos na obra. E) classificar a obra como uma referência para estudiosos da matemática. 04. (Enem) Embora particularidades na produção mediada pela tecnologia aproximem a escrita da oralidade, isso não significa que as pessoas estejam escrevendo errado. Muitos buscam, tão somente, adaptar o uso da linguagem ao suporte utilizado: “O contexto é que define o registro da língua. Se existe um limite de espaço, naturalmente, o sujeito irá usar mais abreviaturas, como faria no papel”, afirma um professor do Departamento de Linguagem e Tecnologia do Cefet-MG. Da mesma forma, é preciso considerar a capacidade do destinatário de interpretar corretamente a mensagem emitida. No entendimento do pesquisador, a escola, às vezes, insiste em ensinar um registro utilizado apenas em contextos específicos, o que acaba por desestimular o aluno, que não vê sentido em empregar tal modelo em outras situações. Independentemente dos aparatos tecnológicos da atualidade, o emprego social da língua revela-se muito mais significativo do que seu uso escolar, conforme ressalta a diretora de Divulgação Científica da UFMG: “A dinâmica da língua oral é sempre presente. Não falamos ou escrevemos da mesma forma que nossos avós”. Some-se a isso o fato de os jovens se revelarem os principais usuários das novas tecnologias, por meio das quais conseguem se comunicar com facilidade. A professora ressalta, porém, que as pessoas precisam ter discernimento quanto às distintas situações, a fim de dominar outros códigos. SILVA JR., M. G.; FONSECA, V. Revista Minas Faz Ciência, n. 51, set. / nov. 2012 (Adaptação). Na esteira do desenvolvimento das tecnologias de informação e de comunicação, usos particulares da escrita foram surgindo. Diante dessa nova realidade, segundo o texto, cabe à escola levar o aluno a A) interagir por meio da linguagem formal no contexto digital. B) buscar alternativas para estabelecer melhores contatos online. C) adotar o uso de uma mesma norma nos diferentes suportes tecnológicos. D) desenvolver habilidades para compreender os textos postados na web. E) perceber as especificidades das linguagens em diferentes ambientes digitais. 05. (Enem) Palavras jogadas fora Quando criança, convivia no interior de São Paulo com o curioso verbo pinchar e ainda o ouço por lá esporadicamente. O sentido da palavra é o de “jogar fora” (pincha fora essa porcaria) ou “mandar embora” (pincha esse fulano daqui). Teria sido uma das muitas palavras que ouvi menos na capital do estado e, por conseguinte, deixei de usar. Quando indago às pessoas se conhecem esse verbo, comumente escuto respostas como “minha avó fala isso”. Aparentemente, para muitos falantes, esse verbo é algo do passado, que deixará de existir tão logo essa geração antiga morrer. As palavras são, em sua grande maioria, resultados de uma tradição: elas já estavam lá antes de nascermos. “Tradição”, etimologicamente, é o ato de entregar, de passar adiante, de transmitir (sobretudo valores culturais). O rompimento da tradição de uma palavra equivale à sua extinção. A gramática normativa muitas vezes colabora criando preconceitos, mas o fator mais forte que motiva os falantes a extinguirem uma palavra é associar a palavra, influenciados direta ou indiretamente pela visão normativa, a um grupo que julga não o ser o seu. O pinchar, associado ao ambiente rural, onde há pouca escolaridade e refinamento citadino, está fadado à extinção? É louvável que nos preocupemos com a extinção de ararinhas-azuis ou dos micos-leão-dourados, mas a extinção de uma palavra não promove nenhuma comoção, como não nos comovemos com a extinção de insetos, a não ser dos extraordinariamente belos. Pelo contrário, muitas vezes a extinção das palavras é incentivada. VIARO, M. E. Língua Portuguesa, n. 77, mar. 2012 (Adaptação). LÍ N G U A P O R TU G U ES A 15Bernoulli Sistema de Ensino Planejamento do Texto Dissertativo-Argumentativo A discussão empreendida sobre o (des)uso do verbo “pinchar” nos traz uma reflexão sobre a linguagem e seus usos, a partir da qual compreende-se que A) as palavras esquecidas pelos falantes devem ser descartadas dos dicionários, conforme sugere o título. B) o cuidado com espécies animais em extinção é mais urgente do que a preservação de palavras. C) o abandono de determinados vocábulos está associado a preconceitos socioculturais. D) as gerações têm a tradição de perpetuar o inventário de uma língua. E) o mundo contemporâneo exige a inovação do vocabulário das línguas. 06. Texto I [...] Os objetivos da educação mudaram muito e com isso mudaram também os desafios que a escola enfrenta, sendo estes hoje muito mais exigentes do que no passado. Hoje é necessário que todos os jovens frequentem a escola e que todos aprendam. Esta mudança nos objetivos da educação requer alterações profundas na configuração dos sistemas de ensino, nos princípios de organização das escolas, no estatuto e no papel dos professores, no trabalho pedagógico, nos recursos e nos instrumentos de ensino, nas exigências e responsabilidades que são colocadas aos agentes do sistema de educação. Uma das principais alterações é que, hoje, as escolas, os professores e os sistemas educativos são considerados tanto melhores quanto menor for o insucesso escolar e quanto melhores forem os resultados escolares obtidos pelos alunos. A tradução prática desta alteração profunda chama-se diversidade e o principal problema é de integração desta diversidade. Quando todos os jovens de um país estão na escola aumenta muito a heterogeneidade dos alunos no que respeita à origem social, às condições económicas e background escolar das famílias, aos recursos educativos em casa, às capacidades individuais e vocacionais, aos ritmos de aprendizagem e à diversidade dos interesses. A sociedade inteira, com todos os problemas de desigualdade, passa a estar no interior da escola. [...] A diversidade dos problemas requer diversidade de soluções. A desigualdade na escola requer medidas e ações que permitam mitigar os efeitos dessa desigualdade: requer diversidade de instrumentos, de meios, de estratégias, de agentes, requer uma nova geração de políticas que permitam às escolas e aos professores diversificar os meios de ação para, com mais autonomia profissional, acionarem as competências técnicas e profissionais, tomarem as decisões que se revelam necessárias à resolução dos problemas. [...] RODRIGUES, Maria de Lourdes. © CIES – Centro de Investigação e Estudos de Sociologia. Os desafios da política de educação no século XXI. Disponível em: <https://journals.openedition.org/spp/904>. Acesso em: 08 nov. 2019. [Fragmento] Texto II Conheça o Brasil – População – Educação [...]O nível de instrução foi estimado para as pessoas de 25 anos ou mais de idade, pois pertencem a um grupo etário que já poderia ter concluído o seu processo regular de escolarização. 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 3,6% 33,8% Sem insrução Fundamental incompleto Nível de instrução das pessoas com 25 anos de idade ou mais (Brasil – 2017) Fundamental completo Médio incompleto Médio completo Superior incompleto Superior completo IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) 2017. Frente A Módulo 03 16 Coleção 6V No Brasil, a proporção de pessoas de 25 anos ou mais de idade que finalizaram a educação básica obrigatória, ou seja, concluíram, no mínimo, o ensino médio, passou de 45,0%, em 2016, para 46,1%, em 2017. Também em 2017, 49,5% da população de 25 anos ou mais de idade estava concentrada nos níveis de instrução até o ensino fundamental completo ou equivalente; 26,8% tinham o ensino médio completo ou equivalente; e 15,7%, o superior completo. O acesso à Educação de qualidade é direito fundamental para o desenvolvimento da cidadania e ampliação da democracia. Os investimentos públicos em educação são de extrema importância para a redução da pobreza, criminalidade e ampliação do crescimento econômico, bem-estar e acesso aos direitos fundamentais pela população. Disponível em: <https://educa.ibge.gov.br/jovens/conheca-o- brasil/populacao/18317-educacao.html>. Acesso em: 18 jan. 2019. Texto III Prioridade para 2019 é implementar o PNE, afirmam deputados ligados à educação Na opinião de parlamentares da Comissão de Educação, a falta de recursos está inviabilizando a implementação do Plano Aprovado pelo Congresso Nacional em 2014 e com vigência de 10 anos, o Plano Nacional de Educação (PNE) é umas prioridades para este ano, na opinião de deputados que atuam na área. Implementado de forma desigual, o PNE já conseguiu, por exemplo, que cerca de 92% das crianças entre quatro e cinco anos tenham acesso à educação infantil. A meta era universalizar esse item até 2016, o que só deve acontecer em 2024. Outras metas, no entanto, estão bem distantes de serem cumpridas. No item que trata da formação de jovens e adultos integrada à educação profissional, o índice está muito abaixo do previsto até 2024. A meta é oferecer, no mínimo, 25% das matrículas de educação de jovens e adultos, nos ensinos fundamental e médio, com cursos profissionalizantes. Em 2015, o percentual era de 3%, mas esse índice caiu para 1,5% em 2017. Evasão Para 2019, a expectativa é que o tema continue sendo discutido. Afinal de contas a educação envolve 49 milhões de estudantes, baixos índices de aprendizagem e quase três milhões de crianças e jovens fora da escola. [...] A evasão escolar e o aprendizado deficiente têm maior impacto entre as famílias mais pobres, onde os alunos frequentam escolas sem estrutura que garanta a qualidade do ensino. Outro grande problema da educação no Brasil é o alto índice de evasão escolar entre os alunos de 15 a 17 anos, faixa na qual 15% deles não vão à escola. Disponível em: <https://www2.camara.leg.br/camaranoticias/ noticias/EDUCACAO-E-CULTURA/570527-PRIORIDADE- PARA-2019-E-IMPLEMENTAR-O-PNE,-AFIRMAM-DEPUTADOS- LIGADOS-A-EDUCACAO.html>. Acesso em: 10 jan. 2019. [Fragmento] Proposta de redação A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em norma- -padrão da Língua Portuguesa sobre o tema A educação no Brasil do século XXI: avanços e desafios, apresentando proposta de ação social, que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. 07. (Enem) A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo- -argumentativo em norma-padrão da Língua Portuguesa sobre o tema Publicidade infantil em questão no Brasil, apresentando proposta de intervenção, que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. Texto I A aprovação, em abril de 2014, de uma resolução que considera abusiva a publicidade infantil, emitida pelo Conselho Nacional de Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), deu início a um verdadeiro cabo de guerra envolvendo ONGs de defesa dos direitos das crianças e setores interessados na continuidade das propagandas dirigidas a esse público. Elogiada por pais, ativistas e entidades, a resolução estabelece como abusiva toda propaganda dirigida à criança que tem “a intenção de persuadi-la para o consumo de qualquer produto ou serviço” e que utilize aspectos como desenhos animados, bonecos, linguagem infantil, trilhas sonoras com temas infantis, oferta de prêmios, brindes ou artigos colecionáveis que tenham apelo às crianças. Ainda há dúvidas, porém, sobre como será a aplicação prática da resolução. E associações de anunciantes, emissoras, revistas e de empresas de licenciamento e fabricantes de produtos infantis criticam a medida e dizem não reconhecer a legitimidade constitucional do Conanda para legislar sobre publicidade e para impor a resolução tanto às famílias quanto ao mercado publicitário. Além disso, defendem que a autorregulamentação pelo Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) já seria uma forma de controlar e evitar abusos. IDOETA, P. A.; BARBA, M. D. A publicidade infantil deve ser proibida? Disponível em: <www.bbc.co.uk>. Acesso em: 23 maio 2014 (Adaptação). LÍ N G U A P O R TU G U ES A 17Bernoulli Sistema de Ensino Planejamento do Texto Dissertativo-Argumentativo Texto II Autorregula- mentação Não há leis nacionais, o setor cria normas e faz acordos com o governo Alerta Mensagens recomendam consumo moderado e alimentação saudável Proibição parcial Comerciais são proibidos em certos horários ou para determinadas faixas etárias Personagens Famosos e persona- gens de desenhos não podem aparecer em anúncios de alimentos infantis Proibido Não é permitido nenhum tipo de publicidade para crianças COREIA DO SUL BRASIL ITÁLIA FRANÇA IRLANDA NORUEGA SUÉCIA BÉLGICA AUSTRÁLIA DINAMARCA REINO UNIDO QUÉBEC (Canadá) ESTADOS UNIDOS CHILE Texto III Precisamos preparar a criança, desde pequena, para receber as informações do mundo exterior, para compreender o que está por trás da divulgação de produtos. Só assim ela se tornará o consumidor do futuro, aquele capaz de saber o que, como e por que comprar, ciente de suas reais necessidades e consciente de suas responsabilidades consigo mesma e com o mundo. SILVA, A. M. D.; VASCONCELOS, L. R. A criança e o marketing: informações essenciais para proteger as crianças dos apelos do marketing infantil. São Paulo: Summus, 2012 (Adaptação). GABARITO Aprendizagem Acertei ______ Errei ______ 01. • • A) O autor afirma que a Internet é apenas potencialmente democrática. Para ser de fato democrática, é necessário que os usuários dominem os instrumentos do conhecimento, o que exige a possibilidade de acesso à aprendizagem de leitura e escrita e, evidentemente, de acesso à Internet, possibilidades essas associadas a privilégios culturais e sociais. • • B) A utilização da Internet pressupõe professores de “carne e osso” para o ensino de leitura. Segundo o autor, não se aprende a ler naturalmente; aprende-se devagar, e é preciso saber ler para navegar na Web. Além disso, embora essa leitura se faça de forma fragmentada e rápida, são os livros, cujo uso se aprende na escola, que ensinam a dominar a velocidade da Internet. • • 02. A questão exige a leitura e o desenvolvimento das ideias implícitas na tirinha para expor o raciocínio do cientista Neil Degrasse sobre a necessidade de haver um contexto socioeconômicoadequado para que os gênios surjam. Ele defende que ciência, tecnologia e qualidade de vida estão interligados e, somente onde há garantias do Estado, os dois primeiros se desenvolvem. Por exemplo, Albert Einstein, físico e cientista, considerado um dos maiores gênios do século XX, nasceu na Europa, um continente mais desenvolvido. E, mesmo no contexto da Segunda Guerra, em que foi perseguido pelo nazismo, a origem de Einstein garantiu-lhe refúgio nos EUA e condições socioeconômicas para desenvolver sua genialidade, legando-nos, por exemplo, a formulação da Teoria da Relatividade. Em contrapartida, nos países periféricos, como aqueles pertencentes ao continente africano, não seriam oferecidas oportunidades de as pessoas desenvolverem plenamente seus talentos, sua capacidade cognitiva, fazendo com que os gênios possam surgir. Segundo Neil Degrasse, a corrupção e o mau governo causam as desigualdades sociais que, por sua vez, impedem a descoberta e o desenvolvimento do potencial de conhecimentos das pessoas. Nesse sentido, para ele, o próximo Einstein pode estar morrendo na Etiópia, pois as condições sociais, econômicas e políticas onde está inserido impossibilitam que vá além da luta pela sobrevivência. • • 03. A questão propõe a redação de um texto dissertativo-argumentativo respondendo à questão: não seria interessante considerar a altimetria uma nova forma de medir os impactos da ciência? Essa pergunta está contida no texto-base. Para respondê-la, deve-se seguir o roteiro da proposta, que pode servir de referência para fazer o planejamento do texto, como trabalhado no módulo. Meu aproveitamento Frente A Módulo 03 18 Coleção 6V Para isso, é preciso: • contextualizar o tema (Quem perguntou? Onde? Qual argumento usou?) – Nesse momento da introdução da redação, cabe citar o texto-base e os autores que fizeram o questionamento e, também, expor a posição deles; • conter seu posicionamento, com as devidas justificativas, acerca do uso da altmetria para avaliar os impactos da ciência (Qual é a posição a que defenderei? Concordo com os autores? Discordo deles?) – Essa parte é a formulação da tese (ainda na introdução do texto), em que se afirma o posicionamento sobre o tema, de modo a responder à questão; • identificar e opor pontos positivos e pontos negativos do uso da altmetria (Quais argumentos fundamentam minha posição? Quais argumentos são contrários a ela? Por que esses argumentos contrários não se sustentam ou são limitados?) – Essa etapa do planejamento é o levantamento de argumentos para desenvolver o texto, em que são pensadas as ideias, os fatos, as opiniões que sustentam a sua posição a partir de argumentos favoráveis a ela e, posteriormente, a refutação dos argumentos contrários a esse ponto de vista. Pode-se apresentar um parágrafo de desenvolvimento com os argumentos fundamentando a tese e outro parágrafo com os argumentos contrários, mas de modo a refutá-los ou mostrar suas limitações; • reafirmar o ponto de vista (tese) – No parágrafo final, deve-se retomar a tese e reafirmá-la. É importante redigir o texto de acordo com a norma-padrão da Língua Portuguesa, organizando-o de maneira clara, coerente e coesa. • • 04. Nessa proposta, baseando-se nos textos apresentados na coletânea, deve-se redigir uma dissertação sobre o papel das festas populares na continuidade de uma memória coletiva. O primeiro texto trata do potencial cidadão intrínseco às festas populares, que teriam o poder de minimizar o que se chama de “turismo predatório”, trazendo benefícios para as comunidades, e não para grandes instituições, por exemplo. O segundo texto traz a representação de uma festa popular em xilogravura, técnica muito utilizada nos cordéis, também uma manifestação cultural popular. Já o terceiro texto enfatiza o caráter social dessas manifestações, que promoveriam certo sentido de comunidade, um momento que desvincularia um grupo de pessoas específicos de padrões sociais generalizados. No desenvolvimento do tema, pode-se partir dos textos motivadores para apresentar exemplos de festas populares vivenciados e observados no cotidiano, os quais podem validar um posicionamento em relação aos benefícios culturais dessas festas em qualquer localidade, seja nos centros urbanos ou no interior, uma vez que elas são capazes de gerar identificação entre os indivíduos e o espaço. Independentemente das considerações feitas na redação, é importante que o texto seja organizado de maneira clara, coerente e coesa, de acordo com a norma-padrão da língua. Propostos Acertei ______ Errei ______ • • 01. B • • 02. C • • 03. D • • 04. E • • 05. B • • 06. D Seção Enem Acertei ______ Errei ______ • • 01. E • • 02. D • • 03. C • • 04. E • • 05. C • • 06. Nessa proposta, deve-se elaborar um texto dissertativo-argumentativo sobre o tema “Educação brasileira no século XXI: avanços e desafios”. É importante observar o contexto da análise que é o século XXI, ou seja, o momento atual. Outro ponto é a exigência de se refletir sobre os avanços da educação brasileira e não somente enfocar os seus problemas (desafios). O tema já orienta quanto à possível organização do texto: contextualizar a educação brasileira atual, apontar e discutir avanços e desafios para, em seguida, apresentar a(s) proposta(s) de ação que contribua(m) para a superação dos problemas. O texto I serve para situar o tema, ao expor como a atualidade exige alterações significativas nos modelos educacionais, já que as escolas apresentam uma diversidade de perfis sociais, o que exige também uma diversidade de estratégias didático-pedagógicas e infraestrutura para atendê-los. LÍ N G U A P O R TU G U ES A 19Bernoulli Sistema de Ensino Planejamento do Texto Dissertativo-Argumentativo Há, assim, o avanço de uma maior inclusão social, a partir da democratização do acesso à educação formal, mas persiste desafio de se atender a esse público diverso. O texto II traz dados que mapeiam o nível de instrução dos jovens maiores de 25 anos no Brasil, ou seja, uma parcela significativa da população economicamente ativa, com idade para ter concluído, pelo menos, o Ensino Médio. Percebe-se um quadro desafiador, já que menos da metade dos jovens tem ensino básico, e isso tem impactos sociais, culturais e econômicos significativos. Por um lado, houve o avanço na conquista da educação como um direito de todos; por outro, esse direito não foi concretizado, o que representa mais um entrave à formação educacional do brasileiro. O texto III também pode servir de referência para fundamentar a sua argumentação, já que traz informações sobre o PNE (Programa Nacional de Educação), um documento que estabelece metas para a educação brasileira e orienta a adoção de políticas públicas para o setor. Novamente percebem-se avanços, como o próprio documento que define índices quantificáveis para a melhoria da educação do país, com prazos para isso ser cumprido; mas há os desafios, como a falta de recursos (pode-se discutir, nesse caso, o impacto dos cortes e retenção das verbas para educação), a evasão escolar e a própria falha no cumprimento das metas do PNE por parte dos governantes. Os textos fornecem, assim, informações e dados que possibilitam a abordagem consistente do tema. Também, a partir deles, podem-se pensar as propostas para superação dos desafios, como a adoção de medidas para cumprir o PNE, por exemplo, a implementação de leis que garantam a manutenção das verbas previstas para a educação nos orçamentos da União e dos Estados, impedindo-se que haja o corte ou o contingenciamento (retenção) desses investimentos por parte dos governantes. É importante planejar o texto e redigi-lo de acordo com a norma-padrão da Língua Portuguesa, organizando-o de maneira clara, coerente e coesa. • • 07. Nessa proposta, deve-se construir uma redação de acordo com as características do texto dissertativo-argumentativo, problematizando a publicidade
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