Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
SGSO para Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC) Módulo 2 – Conceitos Fundamentais de Segurança Operacional 1 SGSO PARA PROVEDORES DE SERVIÇOS DE AVIAÇÃO CIVIL (PSAC) MÓDULO 2 CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE SEGURANÇA OPERACIONAL SGSO para Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC) Módulo 2 – Conceitos Fundamentais de Segurança Operacional 2 Conceitos Fundamentais de Segurança Operacional 1 Objetivos Ao final deste módulo, você será capaz de: • Identificar o conceito de segurança operacional; • Reconhecer como o entendimento sobre segurança operacional vem evoluindo ao longo do tempo; • Identificar os conceitos de falhas ativas, condições latentes, defesas e as causas dos acidentes no modelo de Reason; • Descrever o acidente organizacional; • Identificar o papel das interações entre o indivíduo e seu ambiente de trabalho nas falhas de segurança operacional, com o apoio do modelo SHELL; • Descrever o conceito de cultura organizacional e reconhecer a sua importância para o gerenciamento da segurança operacional; • Identificar os conceitos de erros e de violações; • Descrever os aspectos relevantes da cultura organizacional para a segurança operacional; • Reconhecer o gerenciamento da segurança operacional. Nas próximas páginas, iremos bater um papo sobre os conceitos fundamentais de segurança operacional. No decorrer dos textos, alguns assuntos serão destacados em negrito para fixação do conteúdo. Ao final de cada módulo, haverá um resumo do que foi estudado. Mas, antes de prosseguirmos, citemos a principal referência utilizada nesse módulo, o documento chamado Safety Management Manual (Doc. 9859) da ICAO, quarta edição (ICAO, 2018). Outras referências também foram utilizadas, e serão indicadas durante a aprendizagem. SGSO para Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC) Módulo 2 – Conceitos Fundamentais de Segurança Operacional 3 2 Introdução No passado, o foco da segurança estava na abordagem puramente técnica. Os gestores das organizações de aviação atuavam exclusivamente na parte técnica das empresas, discutindo os assuntos de segurança operacional apenas no escopo interno. Embora os fatores humanos tenham se destacado ao longo dos anos como os principais fatores contribuintes aos acidentes aéreos, ficou claro que fatores organizacionais tinham uma participação importante. Esses fatores, em um sentido mais amplo, só passaram a ser considerados anos depois, com a incorporação das melhores práticas à indústria de aviação, bem como de noções de administração de empresas, tratando a segurança operacional de forma mais integrada no campo da gestão. Nesta Unidade estudaremos os principais fundamentos da segurança operacional, notadamente os conceitos que formam a base do gerenciamento da segurança operacional. Primeiramente, será apresentado o conceito de segurança operacional, e como ele foi evoluindo ao longo do tempo. 3 A Segurança Operacional Caro aluno, esta seção apresenta o conceito de segurança operacional e como a sua percepção foi evoluindo ao longo dos anos. Vamos então iniciar nossa jornada? 3.1 O Conceito de Segurança Operacional O transporte aéreo é parte importante da sociedade atual, conectando diferentes países e culturas para fomentar o crescimento econômico e o desenvolvimento global. A aviação civil está em um estágio de desenvolvimento no qual as operações se tornaram excepcionalmente confiáveis, sustentáveis e seguras. Este último aspecto, a segurança das operações, será discutido nesta seção. Mas antes de começarmos a conversar sobre o tema, observe a imagem a seguir e reflita. Essa é a aviação que queremos? Como podemos contribuir para uma aviação segura? SGSO para Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC) Módulo 2 – Conceitos Fundamentais de Segurança Operacional 4 Na aviação, o conceito de segurança operacional pode ter diversas conotações, dependendo da perspectiva. Na visão dos passageiros, segurança operacional está relacionada a fazer uma viagem sem acidentes ou incidentes sérios. A segurança operacional também está relacionada à ausência de perigos, isto é, de fatores que podem causar danos, prejuízos ou lesões. Ou ainda, para os que atuam na aviação, a segurança está ligada à atitude frente a atos ou condições inseguras, ou também a ações para evitar erros. Finalmente, do ponto de vista dos gestores, a segurança envolve cumprir com os regulamentos vigentes. Todas essas concepções possuem um denominador em comum: o controle absoluto de todos os fatores envolvidos na aviação que, de uma maneira ou de outra, podem contribuir para um evento indesejável (acidente ou incidente grave). No entanto, dado o caráter dinâmico e complexo da aviação, esse controle absoluto não é realizável. Não existe obra do ser humano que possa existir ou funcionar sem perigos ou erros operacionais. Assim, a segurança precisa ser entendida como um conceito relativo, dentro do qual os riscos inerentes às operações são aceitáveis. Com isso, a segurança operacional foi definida pela OACI (Organização de Aviação Civil Internacional) da seguinte maneira (ICAO, 2018): Segurança Operacional é o estado no qual os riscos associados às atividades da aviação, assim como às atividades relacionadas ou de suporte direto às operações de aeronaves, são reduzidos e controlados a um nível aceitável. Esta definição está apresentada de maneira diferente da definição clássica de segurança operacional, que aparece nas edições mais antigas do Safety Management Manual (ICAO, 2009). A definição clássica era: “Segurança Operacional é o estado no qual a possibilidade de lesões às pessoas ou de danos materiais é reduzida e SGSO para Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC) Módulo 2 – Conceitos Fundamentais de Segurança Operacional 5 mantida em um nível aceitável, ou abaixo desse nível, por meio de um processo contínuo de identificação de perigos e gerenciamento de riscos”. Não devemos ver a nova definição como uma ruptura em relação à definição clássica. A nova definição é uma evolução, assim não temos mais explicitamente escrito no conceito o trecho: “processo contínuo de identificação de perigos e de gerenciamento de riscos”. Na nova definição, a identificação de perigos e o gerenciamento de riscos estão cobertos pela redução e controle de riscos. Também na nova definição não vemos explicitamente “lesões às pessoas ou danos materiais”. Temos, no entanto, que o foco são os riscos associados às atividades da aviação, inclusive aqueles inerentes às atividades relacionadas ao suporte das operações de aeronaves. Esta abordagem engloba a questão das lesões e dos danos, e dá ênfase às interfaces que existem entre as diversas atividades da aviação. 3.2 A Evolução do Pensamento de Segurança Operacional Nesse tópico iremos apresentar a evolução do pensamento a respeito da segurança operacional, que se aperfeiçoou com o desenvolvimento da aviação, identificando três etapas distintas desse processo. As referências para esta parte da Seção 3 são o Safety Management Manual, segunda edição (ICAO, 2009) e quarta edição (ICAO, 2018). Vamos conhecer quais são essas etapas? A primeira etapa caracterizava-se pela ideia de que a segurança operacional poderia ser garantida por meio do cumprimento dos regulamentos. Nos seus anos iniciais, a aviação comercial se caracterizava pela baixa regulamentação, tecnologia pouco desenvolvida, falta de infraestrutura adequada, supervisão limitada, compreensão insuficiente dos perigos associados às operações e poucos recursos para satisfazer as demandas de transporte. Deste modo, o transporte aéreo evoluía em um contexto com muitos acidentes. A frequência alta de acidentes necessitava de ações de prevenção, cuja principal fonte era a investigaçãode acidentes. Com as melhorias tecnológicas resultantes da investigação de acidentes, em conjunto com um incremento sensível da infraestrutura aeronáutica e dos regulamentos existentes, a taxa de acidentes começou a diminuir gradualmente. Na década de 1950, a aviação havia se tornado uma das indústrias mais seguras e regulamentadas do mundo. SGSO para Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC) Módulo 2 – Conceitos Fundamentais de Segurança Operacional 6 A segunda etapa está ligada à noção de que a segurança operacional estaria, de alguma forma, relacionada com as atitudes dos funcionários da empresa frente a atos ou condições inseguras, para evitar erros. Portanto, no caso de uma ocorrência de acidente ou incidente grave, a investigação deveria buscar primeiramente se havia tido alguma falha tecnológica ligada à falha de segurança operacional. Não havendo tais falhas, passaria a buscar por um ato inseguro ou falha ativa, isto é, ações ou omissões das pessoas diretamente envolvidas com as operações da empresa que resultou na ocorrência. Ou seja, buscava-se a identificação de ações ou omissões por parte do pessoal envolvido com a operação que estariam diretamente associadas a uma falha de segurança operacional. Um dos resultados da investigação era a possibilidade de atribuição de culpa e eventual punição àquele que não executou seu trabalho de maneira segura. Outro resultado era a geração de recomendações de segurança diretamente ligadas à falha ativa, identificada como causadora da ocorrência, sem maiores preocupações com o contexto operacional e com as condições lá presentes. A terceira etapa se caracteriza pela busca de uma compreensão plena das falhas de segurança operacional. A perspectiva da segunda etapa foi bastante eficaz na análise das falhas de segurança operacional, ao determinar O QUE aconteceu, QUEM foi o responsável e QUANDO aconteceu. Por outro lado, essa perspectiva não era eficaz ao tentar revelar o PORQUÊ e COMO a falha aconteceu, aspectos de extrema importância para a compreensão das falhas operacionais. A evolução do pensamento sobre a segurança operacional pode ser dividida esquematicamente em “eras” ao longo das últimas décadas, como ilustra a Figura 1. Observe que no futuro é esperado uma abordagem integral de todos os aspectos da aviação, considerando inclusive as interfaces entre os atores envolvidos na prestação dos serviços. Agora que você já sabe quais são a etapas. Vamos prosseguir com os estudos SGSO para Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC) Módulo 2 – Conceitos Fundamentais de Segurança Operacional 7 Figura 1 - Evolução do pensamento de segurança operacional - adaptado de ICAO (2018) Você sabia que, a partir do final da Segunda Guerra Mundial, as preocupações de segurança operacional estavam principalmente relacionadas a fatores técnicos, marcando assim o início da “Era Técnica”? Bem, na parte inicial da “Era Técnica”, o transporte aéreo experimentou um grande crescimento, ainda que a tecnologia fosse relativamente incipiente. Assim, as falhas tecnológicas tinham grande participação nas ocorrências de segurança operacional. Em consequência, os esforços para melhoria da segurança operacional se concentraram na investigação das ocorrências e no desenvolvimento dos fatores técnicos da aviação. Com o desenvolvimento técnico da aviação, com motores a jato, pilotos automáticos, radares mais capazes, comunicações mais eficientes e outras tecnologias para aumentar o desempenho do transporte aéreo, o sistema foi se tornando cada vez mais complexo. Isso colocou em evidência a questão dos fatores humanos para a segurança da aviação. O início da década de 1970 foi o começo da “Era dos Fatores Humanos”, pois os esforços de segurança operacional passaram a considerar o desempenho dos indivíduos e suas diversas interações, incluindo a interface entre o homem e a máquina. Muitos investimentos foram feitos para tentar controlar e reduzir o erro humano. No SGSO para Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC) Módulo 2 – Conceitos Fundamentais de Segurança Operacional 8 entanto, mesmo com o desenvolvimento notável na questão dos fatores humanos na aviação, as falhas de segurança operacional continuavam a ocorrer. O foco em fatores humanos tinha um ponto fraco, o foco no indivíduo, e a pouca atenção ao ambiente dentro do qual ele realizava suas tarefas. Na década de 1990, chegou-se ao reconhecimento de que os indivíduos operavam dentro de um ambiente definido por aspectos organizacionais. Já vimos que a segurança operacional teve inicialmente um foco bem forte em aspectos técnicos. Depois, vimos que os fatores humanos foram ganhando destaque nas preocupações de segurança operacional. Agora, na evolução do pensamento sobre a segurança operacional, um novo aspecto entra em jogo: a organização. Vamos conhecer a “Era dos Fatores Organizacionais”? O chamado erro humano, que era visto como a causa de falhas de segurança operacional, passou a ser compreendido como um sintoma de problemas e de deficiências na organização. Dentro deste contexto, a percepção do papel do erro humano foi aprimorada. Assim, ao se identificar um erro do indivíduo, percebeu-se que não se chegava à causa de um acidente, mas sim ao ponto de partida para a busca dos fatores contribuintes. Nesta nova abordagem, a influência de fatores organizacionais na segurança operacional tornou-se bastante relevante. A segurança operacional passou a ser tratada de maneira sistêmica, incluindo os fatores organizacionais. Esta é a chamada “Era dos Fatores Organizacionais”, na qual o erro humano é visto como um sintoma de problemas organizacionais. A cultura organizacional passou a ter um impacto sobre a maneira com a qual os riscos eram enfrentados e mitigados. Nesta era, houve avanços no tratamento da segurança operacional que são a base para o que se faz hoje, em particular, a ênfase nos dados para fundamentar as tomadas de decisão, o monitoramento dos riscos e as análises de tendências para evitar ocorrências. Até agora, a segurança operacional vinha considerando os fatores técnicos, os fatores humanos e os fatores organizacionais como causadores dos acidentes. Porém, uma organização não trabalha isolada e sim de forma integrada. Ela se relaciona com outras organizações na prestação de serviços de aviação civil, por isso, este relacionamento tem uma influência na segurança operacional, e compreender esta influência tem se tornado cada vez mais importante na percepção da segurança. SGSO para Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC) Módulo 2 – Conceitos Fundamentais de Segurança Operacional 9 As organizações não trabalham isoladas no sistema de aviação civil. A inter-relação entre as organizações em um sistema tão complexo como a aviação é um fator que pode causar falhas na segurança operacional. Vamos conhecer a “Era do Sistema Integrado”? Bem, a partir do início do século XXI, diversos Estados e provedores de serviços de aviação civil (PSAC) começaram a atingir um grau de maturidade mais notável, com base em experiências das abordagens de segurança da aviação de anos anteriores. O gerenciamento da segurança operacional passou a ser realizado de forma mais efetiva nos provedores pela implementação de um Sistema de Gerenciamento da Segurança Operacional (SGSO), como parte das exigências estabelecidas pelos Programas de Segurança Operacional dos Estados (State Safety Program ou SSP, em inglês), resultando em melhorias na segurança. Entretanto, o foco deste gerenciamento ainda está voltado a um escopo mais localizado, centrado na organização e com uma percepção bem limitada a respeito do sistema da aviação como um todo. O reconhecimento da complexidade do sistema e da interação entre os seus diversos componentes vem indicando quea questão da segurança precisa ser tratada sob um ponto de vista integrado. Assim chegaríamos ao que chamamos de a “Era do Sistema Integrado”. Nesta seção, aprendemos sobre o conceito de segurança operacional e como o pensamento a respeito da segurança operacional veio evoluindo ao longo das últimas décadas. Dentro desta evolução, pudemos perceber que o desempenho humano tem uma participação de destaque no contexto da segurança. A seguir, estudaremos alguns conceitos relacionados aos fatores humanos, considerando a sua importância para o gerenciamento da segurança operacional. 4 Fatores Humanos no Gerenciamento da Segurança Operacional Nesta seção, abordaremos a influência dos fatores humanos no gerenciamento da segurança operacional, considerando o erro humano e as violações como decorrentes do desempenho normal dos indivíduos no contexto operacional. SGSO para Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC) Módulo 2 – Conceitos Fundamentais de Segurança Operacional 10 4.1 A importância dos Fatores Humanos Conforme destaca o Safety Management Manual (Doc. 9859 da ICAO, 2018), um fator que tem uma importância muito grande no desempenho da segurança operacional de uma organização é a maneira com a qual as pessoas interagem entre si para desempenhar as suas atividades, e também como elas encaram as suas responsabilidades em relação à segurança. Ainda de acordo com o mesmo manual, o gerenciamento da segurança operacional precisa abordar como as pessoas podem contribuir, tanto positivamente, quanto negativamente, para a segurança operacional da organização. Para tanto, é necessário levar em consideração os fatores humanos, isto é, buscar a compreensão de como as pessoas interagem com o seu ambiente, assim como, de suas capacidades e de suas limitações. É necessário abordar também como influenciar a atividade humana, visando melhorar o seu desempenho. 4.2 A Avaliação dos Fatores Humanos no Desempenho Operacional Diversos modelos já foram propostos para auxiliar na avaliação dos fatores humanos no desempenho da segurança operacional. Dentre eles, o modelo SHELL se destaca por oferecer uma visualização direta da interação entre o ser humano e os diferentes componentes do sistema de aviação civil, buscando esclarecer, conceitualmente, os fatores humanos envolvidos na interação entre o ser humano e o ambiente da aviação. O modelo foi proposto em 1972 pelo Professor Elwyn Edwards em 1972, e foi colocado sob a forma de diagrama de blocos, em 1975, por Frank Hawkins. Além do Safety Management Manual (Doc. 9859, ICAO, 2009), uma referência muito boa sobre este assunto é o CAP 718: Human Factors in Aircraft Maintenance and Inspection, da Autoridade de Aviação Civil do Reino Unido (CAA, 2002). O nome do modelo é um acrônimo formado pelas iniciais dos componentes do sistema da aviação considerados: • Software: representando procedimentos, treinamento, suporte, etc.; SGSO para Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC) Módulo 2 – Conceitos Fundamentais de Segurança Operacional 11 • Hardware: representando máquinas e equipamentos; • Environment: representando as circunstâncias operacionais em que os outros componentes do sistema devem funcionar; • Liveware (no centro): representando o indivíduo no local de trabalho; • Liveware: representando outras pessoas. Com o auxílio do modelo SHELL, é possível buscar um entendimento melhor do desempenho operacional e de como os diversos componentes do ambiente da aviação podem afetar esse desempenho. No centro do diagrama está o indivíduo que realiza suas atividades na aviação, representado pelo bloco Liveware. O indivíduo é o componente mais crítico do sistema, ao mesmo tempo em que é o mais flexível. Na Figura , a interface do indivíduo com os demais componentes do modelo é rugosa, buscando representar as dificuldades que o indivíduo encontra para se adaptar ao ambiente em que trabalha. Figura 2 - Modelo SHELL - adaptado de CAA (2002) Tensões no ambiente de trabalho, que são representadas no modelo por um encaixe com falhas nas interfaces entre os blocos, favorecem o erro humano. Assim, é necessário conhecer como se dão as conexões entre o Liveware e os demais blocos do diagrama SHELL, que afetam o desempenho humano. É preciso, portanto, compreender a relação existente entre as pessoas e o contexto operacional, visando evitar a ocorrência de erros. Vamos conhecer logo abaixo as possíveis interações entre o Liveware e os demais componentes do modelo SHELL são: SGSO para Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC) Módulo 2 – Conceitos Fundamentais de Segurança Operacional 12 • Liveware-Hardware (L-H) – a interface entre o indivíduo e as máquinas/equipamentos envolve questões de ergonomia, ao tratar de como o ser humano interage com o ambiente físico de trabalho. Tendo em vista a tendência natural do ser humano a se adaptar às eventuais incompatibilidades L-H, existe a possibilidade de deficiências graves serem mascaradas e evidenciadas apenas após uma ocorrência. • Liveware-Software (L-S) – a interface entre o indivíduo e os sistemas de apoio e de orientação encontrados no ambiente de trabalho (normas, publicações, manuais, software de computador, etc.) inclui questões de facilidade de utilização pelo indivíduo, que precisa se adaptar a variáveis como atualização, precisão, formato e apresentação, vocabulário, clareza e simbologia. • Liveware-Liveware (L-L) – a interface entre o indivíduo e as demais pessoas do ambiente de trabalho envolve aspectos como interação com a liderança, cooperação, trabalho de equipe e personalidade. Programas como o CRM (Crew Resource Management) são exemplos de como essa interface deve ser trabalhada no ambiente da cabine da aeronave. A interface L-L também é influenciada por fatores como o relacionamento entre os funcionários da empresa e a alta administração, a cultura corporativa, o clima organizacional e as pressões operacionais. Enfim, para que sejam evitados erros operacionais, é preciso observar as interações entre os elementos do sistema de aviação e tratar as potenciais falhas de conexão que possam acontecer. Por exemplo, máquinas e equipamentos podem ter características de desempenho bem desenvolvidas para as condições especificadas de operação, e essas condições podem ser bem definidas durante o processo de certificação pelas autoridades reguladoras. A organização pode desenvolver Procedimentos Operacionais Padronizados (Standard Operations Procedures, ou SOPs), e fornecer treinamentos iniciais e recorrentes para seu quadro operacional. 4.3 Erros Operacionais O erro operacional é frequentemente colocado como um fator contribuinte na maioria dos acidentes da aviação (ICAO, 2009). Não é surpreendente reconhecer que erros humanos acontecem e são um dos produtos de qualquer atividade desempenhada por seres humanos. Isso tem uma relevância ainda mais notável na aviação, que vem SGSO para Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC) Módulo 2 – Conceitos Fundamentais de Segurança Operacional 13 experimentando um crescimento bem robusto nas últimas décadas. Esse crescimento tem se dado com o apoio de soluções tecnológicas que procuram em primeiro lugar atender à demanda pelo transporte, mantendo o nível de segurança operacional existente. Ou seja, a melhoria da segurança operacional não é necessariamente um fator preponderante na incorporação de novas tecnologias. Assim, considerando o crescimento do transporte aéreo e a introdução de tecnologias no sistema principalmente para atender a demanda pelo transporte, o pessoal operacional pode encontrar dificuldades ao desempenhar suas atribuições, notadamente na interface entre o indivíduo e os equipamentos (L-H) do modelo SHELL. Uma perspectiva prática para se descrever a origem do erro operacional é vê-lo comouma falha na interface L-H (indivíduo – tecnologia), em contraposição à abordagem de supor que o erro humano tem sua fonte na pessoa e em seus aspectos psicológicos. Desta maneira, podemos atuar efetivamente sobre essa interface para tentar dominar as possíveis falhas através do gerenciamento da segurança operacional. Considerando que os desajustes e as falhas de conexão entre os blocos do modelo SHELL são inevitáveis, o alcance dos erros humanos na aviação é enorme. É preciso buscar compreender como esses desajustes podem afetar o desempenho humano e, com base nisso, procurar implementar estratégias de gerenciamento de segurança operacional. Ainda que não se possa evitar completamente os erros humanos, existem alternativas que podem auxiliar a gerenciá-los, como a aplicação de novas tecnologias, treinamentos pertinentes e normas e procedimentos apropriados. Assim, o erro humano precisa ser gerenciado segundo uma abordagem ampla, considerando fatores organizacionais, regulatórios e ambientais, tal como descrito pelo modelo SHELL. Na aviação, sabe-se que milhões de erros operacionais são cometidos todos os dias antes que uma grande falha de segurança operacional ocorra. Mais precisamente, para cada milhão de ciclos de produção (em termos de operações), ocorre um erro operacional com potencial de derrubar as defesas do sistema e gerar uma ocorrência grave. É, portanto, muito importante que você tenha a noção de como o contexto operacional influencia o desempenho operacional e também os erros operacionais. Existe uma percepção de que é possível atribuir uma relação linear entre o erro SGSO para Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC) Módulo 2 – Conceitos Fundamentais de Segurança Operacional 14 operacional e as suas consequências. Porém, essa percepção é equivocada e um mesmo erro pode ter consequências muito diferentes, dependendo do seu contexto e independente de quem o tenha cometido. A Figura 3 ilustra esse conceito, que tem um impacto significativo nas estratégias de mitigação do erro operacional. Figura 3 - Erro humano e o contexto operacional - adaptado de ICAO (2009) Diariamente, os desajustes ou falhas de conexão nas interfaces entre os blocos do modelo SHELL geram dezenas de milhares de erros operacionais nas operações normais da aviação. Esses erros operacionais, todavia, são contidos pelas defesas do sistema, que acabam por mitigar o potencial de danos. O controle de erros operacionais ocorre diariamente através do desempenho eficaz das defesas do sistema. 4.4 Erros Versus Violações Até o momento, a discussão está sendo ao redor dos erros operacionais, que foram caracterizados como um componente normal de sistemas em que existe a interação entre seres humanos e tecnologias, como é o caso da aviação. É preciso também tratar de outro aspecto que, como os erros operacionais, também provoca falhas no sistema e pode levar a situações perigosas: a violação. Portanto, deve-se estabelecer a diferença entre erros e violações para que o gerenciamento da segurança operacional seja realizado satisfatoriamente. Em essência, a diferença entre erros e violações está na intenção (ICAO, 2009). Enquanto erros operacionais são involuntários, as violações são atos deliberados. Indivíduos que cometem erros operacionais estão tentando fazer a coisa certa mas, por SGSO para Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC) Módulo 2 – Conceitos Fundamentais de Segurança Operacional 15 causa do erro, não chegam a cumprir seus objetivos. Os erros podem ser as consequências de lapsos de memória, enganos ao fazer o que se pretendia ou o resultado de erros conscientes por opinião. Já os indivíduos que cometem uma violação estão infringindo voluntariamente regras, cometendo desvios de procedimentos, protocolos, normas ou práticas operacionais estabelecidas. É importante para a organização garantir uma comunicação livre e proativa e a implantação de uma política não punitiva no que diz respeito a erros não premeditados ou inadvertidos, exceto em casos que envolvam negligência ou violação intencional, os quais não deverão ser tolerados. 5 A Organização e a Segurança Operacional Vimos na seção anterior conceitos importantes relacionados ao desempenho do ser humano no sistema da aviação civil. Agora, vamos demonstrar como a organização para evitar falhas de segurança operacional. Falaremos um pouco sobre a existência de falhas diretamente ligadas ao ser humano – as falhas ativas – e as falhas que estão intimamente ligadas à organização, que resultam das chamadas condições latentes. Você sabia que o papel das falhas ativas e das condições latentes em uma ocorrência de segurança operacional, seja ela um acidente ou um incidente grave, pode ser melhor compreendido com auxílio do modelo desenvolvido pelo Professor James Reason (ICAO, 2009)? Vamos entender melhor observando a Figura , abaixo. Figura 4 - Causalidade dos acidentes no modelo de Reason - adaptado de ICAO (2009) SGSO para Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC) Módulo 2 – Conceitos Fundamentais de Segurança Operacional 16 O modelo de Reason representa a operação do sistema de aviação civil sob condições de perigo. Nesse modelo, o acidente é resultante de sucessivas violações de múltiplas defesas por meio da combinação de condições latentes (aspectos organizacionais) e falhas ativas (desempenho humano). Assim, fatores isolados não resultam em um acidente, pois as defesas do sistema atuam de maneira a evitar a catástrofe. O modelo representa as camadas representativas da organização (englobando decisões gerenciais e processos organizacionais), do local de trabalho (englobando as condições de trabalho), das pessoas (englobando erros e violações) e as camadas de defesas. Os orifícios nas camadas representam as falhas em partes distintas do sistema. Caso esses orifícios venham a se alinhar, fica estabelecido um caminho que leva a um comprometimento da segurança operacional e a um eventual acidente ou incidente. Para que um acidente ocorra, é necessário que uma série de fatores isolados se unam de maneira favorável para romper as defesas do sistema. As defesas não são intransponíveis. Existem brechas nas defesas que são consequências de decisões tomadas nos níveis mais elevados do sistema (alta chefia, diretoria, alta direção). Essas brechas permanecem latentes até que sejam ativadas por circunstâncias específicas, como erros humanos na operação. Como foi dito anteriormente, os acidentes resultam de uma combinação de condições latentes (ligadas a aspectos organizacionais) e falhas ativas (ligadas ao desempenho humano na operação). Sob tais circunstâncias específicas, as falhas humanas no nível operacional agem como gatilhos das condições latentes. Aqui, cabe uma pergunta: Como podemos identificar o que são as falhas ativas? As falhas ativas são ações ou omissões, incluindo erros e violações, que têm um efeito adverso imediato. As falhas ativas são vistas como atos inseguros e são geralmente associadas ao pessoal operacional (pilotos, controladores de tráfego aéreo, mecânicos de manutenção aeronáutica, etc.). As falhas ativas ocorrem em um contexto operacional que inclui as chamadas condições latentes. E o que são as condições latentes? Vamos entender melhor! As condições latentes são as condições presentes no sistema em um estado adormecido, bem antes da ocorrência de uma falha de segurança operacional, que se tornam evidentes por fatores desencadeantes específicos. SGSO para Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC) Módulo 2 – Conceitos Fundamentais de Segurança Operacional 17 Por conta de sua natureza, as condições latentes só têm a sua natureza nociva evidenciada após uma ocorrência de segurança operacional, e é a partir daí que elas são reconhecidas como sendo falhas. As condições latentesusualmente são ligadas ao pessoal da administração da empresa, isto é, aqueles que tomam decisão. Cada organização possui um contexto operacional específico que pode ser definido como um conjunto de condições que definem como a empresa trabalha: a utilização dos seus recursos, a certificação da ANAC, a comunicação, o programa de treinamento, o relacionamento com clientes, as interações com fornecedores, as instalações da empresa, os procedimentos técnicos, os processos de trabalho, o sistema de controle de qualidade, enfim, todos os aspectos que são importantes para que a empresa desenvolva as suas atividades ou operações. Por sua vez, o ambiente operacional é definido pela alta administração da empresa: diretores, gestores, presidentes e vice-presidentes, e todos os nomes possíveis para os tomadores de decisão. Mas, este ambiente não é perfeito. Por mais que os tomadores de decisão busquem fazer as coisas da melhor maneira possível, não é possível atingir a perfeição. Ainda existirão lacunas que os planejamentos não cobriram. Em outras palavras, existem condições latentes, ocultas ou disfarçadas, que não ficam evidentes à primeira vista, mas que estão presentes no sistema, influenciando a rotina da empresa. O conceito de condição latente é particularmente útil no processo de investigação de acidentes, uma vez que encoraja o estudo dos fatores contribuintes que podem ter ficado escondidos por um longo período até finalmente contribuírem para a ocorrência. Mas é preciso ter algo em mente: Devemos esperar um acidente para identificar as condições latentes ou esperamos descobri-las antes que os acidentes aconteçam? De fato, nosso objetivo é identificar as condições latentes antes dos acidentes acontecerem. A empresa precisa identificar perigos e gerenciar riscos para dominar as condições latentes e evitar que algo pior aconteça e comprometa a segurança das operações. As defesas são recursos fornecidos pelo sistema para proteger contra os riscos de segurança operacional que organizações geram e devem controlar. No sistema de aviação, há várias defesas que são incorporadas em profundidade para proteger contra flutuações no desempenho humano ou contra decisões deficientes em todos os níveis da organização, desde o pessoal operacional até a alta administração, passando pelos níveis de supervisão e de gerência. SGSO para Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC) Módulo 2 – Conceitos Fundamentais de Segurança Operacional 18 As defesas do sistema são agrupadas em três camadas: tecnologia, treinamento e regulamento. Barreiras tecnológicas, pessoal operacional treinado, regulamentos tanto internos, como externos à organização, são alguns exemplos dessas defesas. Com essas noções, a percepção do acidente sob o aspecto organizacional visa identificar as condições latentes ao longo de todo o sistema, reduzindo as falhas ativas. Essas, por sua vez, devem ser vistas como sintomas de problemas na segurança operacional, e não a causa desses. Uma outra perspectiva do acidente organizacional pode ser vista a partir do diagrama de blocos mostrado na Figura 5. Processos organizacionais são aqueles em que a organização possui controle direto em grau razoável, tais como, a formulação de políticas, planejamento, comunicação e supervisão. Quando existem deficiências em processos organizacionais, dentre elas, comunicação inadequada, procedimentos ambíguos, programações não razoáveis, recursos insuficientes e orçamentos irrealistas, cria-se a possibilidade do surgimento de erros operacionais. Nesse contexto, os dois processos de relevância primordial para a segurança operacional são a alocação de recursos e a comunicação. Deficiências nesses processos são a origem de um caminho duplo para falhas de segurança operacional que levam ao acidente: o caminho das condições latentes e o das condições do local de trabalho. Figura 5 - Noção de acidente organizacional - adaptado de ICAO (2009) O primeiro desses caminhos é o caminho das condições latentes. Como vimos anteriormente, as condições latentes estão em geral relacionadas com as decisões tomadas pela administração da organização. Condições latentes podem surgir quando SGSO para Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC) Módulo 2 – Conceitos Fundamentais de Segurança Operacional 19 a organização não fez adequadamente a identificação de perigos à segurança operacional, e o gerenciamento dos riscos associados, de maneira que as consequências dos perigos poderão se manifestar em um momento específico. As condições latentes também podem existir quando a organização tolera os desvios de procedimentos, ou as situações onde a exceção se tornou regra, indicando a normalização de um desvio, ainda que informal. Nessa situação, a criação de atalhos que envolvem desvios de procedimentos tem o potencial de se solidificar na cultura da organização, podendo contribuir para a diminuição da adesão aos procedimentos corretos. O segundo caminho é o caminho das condições do local de trabalho. Essas condições são os fatores que influenciam diretamente o desempenho e a eficiência dos trabalhadores, favorecendo assim o surgimento de falhas ativas. Elas incluem estabilidade, qualificação e experiência, moral, credibilidade da gestão e fatores ergonômicos. Sob a perspectiva do acidente organizacional, os esforços de segurança operacional devem ser direcionados para monitorar os processos organizacionais e identificar condições latentes, para então reforçar as defesas do sistema. Ao mesmo tempo, esse monitoramento permitirá melhorar as condições do local de trabalho para conter as falhas ativas. Desta maneira, evitando o encadeamento de todos esses fatores, os esforços de segurança operacional podem intervir na ocorrência de acidentes ou incidentes graves. Esses esforços de segurança operacional são mostrados esquematicamente na Figura 6. Figura 6 - O acidente organizacional e o gerenciamento da segurança operacional - adaptado de ICAO (2009) SGSO para Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC) Módulo 2 – Conceitos Fundamentais de Segurança Operacional 20 6 Cultura de Segurança Operacional Vimos nas seções anteriores como o desempenho humano interfere no escopo da segurança operacional. Em seguida, estudamos sobre o papel das organizações no mesmo contexto. Agora vamos falar sobre cultura de segurança operacional, como as pessoas se comportam diante das diversas interações realizadas no dia a dia de trabalho, ao se depararem com os perigos inerentes à atividade aérea. As organizações são essencialmente grupos de pessoas e, desta forma, não estão imunes a considerações culturais. A cultura afeta praticamente todos os tipos de interações interpessoais e entre organizações. Podemos entender a cultura de segurança operacional como uma consequência natural da existência de seres humanos no sistema de aviação. Cultura de segurança operacional é o padrão de comportamento das pessoas em relação à segurança operacional e aos riscos identificados, quando ninguém está observando (ICAO, 2018). A cultura de segurança operacional é a expressão de como a segurança é percebida, valorizada e priorizada pelos funcionários e pela alta direção. Ela se expressa quando indivíduos e grupos: • Estão conscientes dos riscos e conhecem os perigos encontrados pela organização em suas atividades; • Estão continuamente se comportando para preservar e aumentar a segurança; • São capazes de acessar os recursos requeridos para realizar operações seguras; • São dispostos e capazes a se adaptar quando encontram problemas de segurança; • Estão dispostos a comunicar problemas de segurança; • Avaliam de maneira consistente os comportamentos relacionados à segurança através de toda a organização. A forma como são incorporados os valores de segurança operacional pelaorganização afeta diretamente o desempenho da segurança operacional e essa influência pode ser positiva ou negativa. Podemos perceber uma influência negativa quando se acredita que segurança não é tão importante, podendo resultar em soluções SGSO para Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC) Módulo 2 – Conceitos Fundamentais de Segurança Operacional 21 alternativas, atalhos ou decisões inseguras, especialmente quando o risco é percebido como baixo ou quando não há consequência ou perigo aparente. Por outro lado, quando a organização possui uma cultura positiva de segurança operacional, e esta é visivelmente apoiada pelos superiores, o pessoal operacional tende a sentir uma responsabilidade compartilhada em atingir os objetivos de segurança operacional da organização. Dessa forma, o estabelecimento de uma cultura positiva com relação à segurança operacional passa pelo estabelecimento de cima para baixo de um ambiente favorável para tal, isto é, com a sua origem nos níveis superiores da organização. Ela deve contar com um alto grau de confiança e respeito entre os funcionários e a administração. Os funcionários precisam acreditar que suas ações em prol da segurança operacional serão apoiadas pela chefia. Eles também precisam compreender que as violações de segurança operacional não serão toleradas. 7 O Gerenciamento da Segurança Operacional Como vimos nas seções anteriores, as pessoas, as organizações e a cultura de segurança são elementos determinantes para a segurança operacional. Nesta seção, iremos conhecer como estes elementos são gerenciados de modo a evitar falhas no ambiente organizacional. 7.1 Descrição e Objetivo do Gerenciamento da Segurança Operacional Esta seção é baseada no artigo Safety Management da SKYBRARY (SKYBRARY, 2017). O gerenciamento da segurança operacional pode ser definido da seguinte maneira: Gerenciamento da segurança operacional é entendido como a aplicação de um conjunto de princípios, estrutura, processos e medidas de prevenção de acidentes, lesões e outras consequências negativas que podem ser causadas por meio de um serviço ou produto. O gerenciamento da segurança operacional é uma função organizacional, que assegura que todos os riscos à segurança operacional são conhecidos, avaliados e SGSO para Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC) Módulo 2 – Conceitos Fundamentais de Segurança Operacional 22 mitigados de maneira satisfatória. Esta função existe para auxiliar os gestores a buscar o melhor cumprimento de suas responsabilidades dentro da organização, através de quaisquer previsões de deficiências do sistema antes da ocorrência de erros ou da identificação e correção de deficiências do sistema por meio de uma análise profissional de ocorrências de segurança operacional. O gerenciamento da segurança operacional está relacionado a uma abordagem sistemática de gerenciamento, incluindo a estrutura organizacional necessária para tal, as responsabilidades (remetendo ao termo accountabilities), as políticas da organização e os procedimentos. O artigo de referência para esta seção considera duas perspectivas para o gerenciamento da segurança operacional: a reativa e a proativa. Além destas perspectivas, há também a perspectiva preditiva. Assim, o objetivo do gerenciamento da segurança operacional é prevenir lesões às pessoas ou perda de vidas, e evitar danos a propriedades ou ao meio ambiente. Para tanto, o gerenciamento da segurança operacional se concentra na segurança dos voos e de todos os serviços relacionados e que pode ter um impacto na segurança operacional. É importante ressaltar que questões de higiene e segurança do trabalho não são tratadas diretamente pelo gerenciamento da segurança operacional, ainda que se reconheça que tenham influência sobre ela. 7.2 As Estratégias para o Gerenciamento da Segurança Operacional Você sabia que existem três estratégias que auxiliam o gerenciamento da segurança operacional? Veja abaixo, em negrito quais são elas: • Estratégia reativa: é baseada na premissa de que se deve esperar uma falha do sistema antes de corrigi-lo. É apropriada para situações que envolvem falhas tecnológicas ou eventos inusitados. O valor da abordagem reativa para o gerenciamento da segurança depende da profundidade com que se conduz a investigação, indo além das causas imediatas e da atribuição de culpa e incluindo todos os fatores contribuintes e a constatação dos riscos. A investigação de acidentes e incidentes graves são exemplos de estratégia reativa de gerenciamento da segurança operacional. • Estratégia preventiva: baseada na premissa de que as falhas do sistema podem ser minimizadas. Identifica os perigos à segurança operacional existentes no sistema antes que ele falhe e toma as ações necessárias para SGSO para Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC) Módulo 2 – Conceitos Fundamentais de Segurança Operacional 23 reduzir os riscos que afetam a segurança operacional. Sistema de relatos mandatórios e voluntários, auditorias e pesquisas de segurança são exemplos de estratégia preventiva de gerenciamento da segurança operacional. • Estratégia preditiva: baseada na premissa de que o gerenciamento da segurança operacional pode ser otimizado quando se busca os problemas, sem esperar que eles apareçam. É caracterizada pela busca agressiva de informações de diferentes fontes que podem revelar riscos emergentes à segurança operacional. Sistemas de reportes confidenciais, análises dos dados de voo e vigilância das operações normais são exemplos de estratégia preditiva de gerenciamento da segurança operacional. 7.3 Princípios do Gerenciamento da Segurança Operacional Agora que já conhecemos o conceito de gerenciamento da segurança operacional, podemos identificar os seus oito princípios (ICAO, 2009): • Compromisso da alta direção no gerenciamento da segurança operacional. O comprometimento da alta direção com a segurança operacional vai facilitar a alocação de recursos para as atividades que envolvem a segurança. • Relato efetivo de informação de segurança operacional. As informações obtidas pelo relato efetivo das informações de segurança operacional vão permitir a identificação de perigos e o gerenciamento dos riscos associados. Há um ditado que diz: “Você não pode gerenciar o que você não pode medir”. Portanto, é preciso que a organização seja capaz de desenvolver um ambiente em que o fluxo de informações de segurança operacional seja favorecido. • Monitoramento permanente por meio de sistemas que coletam, analisam e compartilham os dados de segurança operacional das operações normais. Além de coletar e armazenar os dados de segurança operacional, a organização precisa extrair informações úteis destes dados. E estas informações precisam ser compartilhadas com o pessoal operacional, que poderá utilizá-las em sua rotina. • Investigação das ocorrências que afetam a segurança operacional, para identificar as deficiências sistêmicas de segurança operacional, em vez de SGSO para Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC) Módulo 2 – Conceitos Fundamentais de Segurança Operacional 24 procurar culpados. A resiliência do sistema pode ser incrementada se a organização atuar sobre as deficiências, no lugar de remover os indivíduos supostamente “culpados”. • Compartilhamento de lições aprendidas e de melhores práticas de segurança operacional por meio de um intercâmbio ativo de informações de segurança. A aviação é uma indústria que se destaca por ter uma tradição no compartilhamento de lições aprendidas e de melhores práticas, e esta tradição tem um lugar de destaque no gerenciamento da segurança operacional. • Integração do treinamento de segurança operacional (incluindo Fatores Humanos) para o pessoal operacional. Raramente os treinamentos para o pessoal operacionalincluem treinamento de segurança operacional dedicado, tendo em vista a concepção equivocada de que o pessoal operacional já é por si só um especialista em segurança operacional. Assim, é preciso incluir um treinamento que dê noções básicas do gerenciamento da segurança operacional para todo o pessoal operacional da organização. • Implementação efetiva de procedimentos operacionais padronizados, tais como lista de verificação, briefings e Procedimentos Operacionais Padrão (SOP). Estas ferramentas são maneiras efetivas para o pessoal operacional desempenhar as suas atividades, e são vistas como uma manifestação de como a alta direção da organização espera ver as operações sendo conduzidas. • Melhoria contínua do nível geral da segurança operacional. O gerenciamento da segurança operacional não é um esforço que dá resultados consistentes de uma hora para outra. Os resultados são colhidos diariamente e o sucesso do gerenciamento será obtido através da melhoria contínua. O resultado de adotar esses oitos princípios é uma cultura organizacional que favorece práticas seguras, incentiva a comunicação sobre segurança efetiva e gerencia ativamente a segurança com a mesma atenção com que trata a gestão financeira. 7.4 Benefícios do Gerenciamento da Segurança Operacional O gerenciamento da segurança pode trazer diversos benefícios para uma organização. Vamos analisar alguns exemplos para identificar como o gerenciamento SGSO para Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC) Módulo 2 – Conceitos Fundamentais de Segurança Operacional 25 da segurança operacional pode contribuir para cada um desses elementos (ICAO, 2018). • Cultura de segurança reforçada: Quando a gestão de uma organização tem um comprometimento visível e define a segurança operacional como uma prioridade, envolvendo todo o pessoal no gerenciamento dos riscos, a cultura de segurança operacional é fortalecida. • Abordagem documentada e baseada em processos para garantir a segurança: Com a implantação do gerenciamento da segurança operacional, é possível estabelecer uma abordagem clara e documentada para atingir a segurança das operações de forma que seja possível explicar para pessoas externas e que seja compreendida pelos funcionários da organização. • Melhor compreensão das interfaces e relações que podem impactar a segurança: A documentação e descrição das interfaces pode contribuir para um melhor entendimento dos inter-relacionamentos dos processos aumentando o entendimento do processo de ponta-a-ponta e expondo oportunidades de melhoria. • Aprimorar a capacidade de detecção antecipada de perigos e riscos: A identificação proativa de riscos possibilita que assuntos emergentes de segurança possam ser detectados antes que causem acidentes e incidentes. • Tomada de decisões de segurança orientada por dados: A coleta de dados para a realização de análises de segurança possibilita que decisões sejam tomadas de maneira mais informada, influenciando aspectos importantes como a alocação de recursos em áreas de maior necessidade ou atenção. • Comunicação aprimorada de segurança: A promoção de uma linguagem de segurança comum à organização e à indústria, é um facilitador no entendimento dos objetivos e resultados alcançados. Os objetivos e indicadores de segurança operacional indicam a direção e a motivação, fazendo com que o pessoal esteja mais consciente do progresso feito e como eles contribuíram para o sucesso da organização. Essa linguagem comum também possibilita a troca de informações entre as diversas SGSO para Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC) Módulo 2 – Conceitos Fundamentais de Segurança Operacional 26 organizações, o que é importante para gerenciar as interfaces do sistema de aviação civil. • Evidência de que segurança é uma prioridade: Através da demonstração de como a gestão apoia a segurança operacional, como os riscos operacionais são identificados e gerenciados, e pela melhoria contínua do desempenho de segurança operacional, é possível aumentar a confiança da comunidade de aviação civil, interna e externamente à organização. • Possível economia financeira: Os resultados do sistema de gerenciamento da segurança operacional podem gerar descontos em seguros e indenizações. • Melhor eficiência: A integração com outros sistemas de gestão interna ou externamente e a identificação de ineficiências existentes em processos e sistemas pode possibilitar a redução de custos operacionais. • Evitar custos: O gerenciamento dos riscos da segurança operacional e a identificação proativa de perigos presentes nas operações possibilita que custos oriundos de acidentes e incidentes sejam evitados. 7.5 Espaço de Segurança Operacional O gerenciamento da segurança operacional é uma função organizacional e pode ser visto também como um negócio principal da organização que desenvolve atividades de aviação civil. Desta maneira, o gerenciamento da segurança operacional está relacionado em linhas gerais a objetivos de proteção. Além dos objetivos de proteção, a organização presta serviços com o objetivo de ganhar dinheiro, ou seja, ela possui objetivos de produção. O principal objetivo de uma organização empresarial é gerar lucros. A organização precisa ganhar o máximo de dinheiro, minimizando os seus custos. Isso faz com que os objetivos de proteção e de produção sejam relacionados entre si. Quando a organização deseja aumentar a sua produção, ou seja, prestar mais serviços ou transportar mais pessoas ou cargas, há um aumento dos riscos envolvidos. Sob essa óptica, surge um dilema em que os objetivos de produção e de proteção competem entre si pelos recursos da organização. Essa competição pode levar a desequilíbrios com consequências indesejáveis. SGSO para Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC) Módulo 2 – Conceitos Fundamentais de Segurança Operacional 27 Ao privilegiar a alocação de recursos para os objetivos de produção em detrimento dos objetivos da proteção, mais próxima estará a organização de vivenciar a ocorrência de uma catástrofe. Por outro lado, quando se privilegia os objetivos de proteção em detrimento dos objetivos de produção, a organização vai se aproximar da condição de falência. Fica claro então que nível gerencial da organização precisa atuar para buscar um equilíbrio na alocação dos recursos entre estes dois objetivos, visando a geração de lucros com um nível aceitável de segurança operacional. Há uma situação na qual a alocação de recursos resulta em objetivos de produção e de proteção que são saudáveis no sentido de não levar a organização à falência ou a uma catástrofe. Trata-se de uma situação que é bem delimitada, com suas fronteiras definidas pelo gerenciamento financeiro e pelo gerenciamento da segurança operacional. Esta situação é conhecida como espaço de segurança operacional, e é ilustrada na Figura 7. Figura 7 - Espaço de segurança operacional (adaptado de ICAO (2009)) 7.6 Deriva Prática Nos estágios iniciais do projeto de um sistema, as interações entre as pessoas e as tecnologias e o contexto operacional são levados em conta para levantar limitações de desempenho e identificar perigos. Durante essa fase inicial de projeto, três premissas fundamentais são consideradas: se a tecnologia necessária para atingir os objetivos de produção está disponível; se as pessoas estão adequadamente treinadas para operar esta tecnologia; e se os regulamentos e procedimentos determinarão o comportamento tanto do sistema, quanto das pessoas. Essas premissas definem o desempenho de referência do sistema. SGSO para Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC) Módulo 2 – Conceitos Fundamentais de Segurança Operacional 28 Terminado o projeto e iniciada a operação, o sistema terá o desempenho projetado na maior parte do tempo. Em outras ocasiões,o desempenho operacional se afasta do desempenho de referência, por mais bem projetado que o sistema tenha sido. Como consequência da operação no cotidiano do sistema, face às condições reais de funcionamento, acontece um desvio gradual do desempenho do sistema em relação ao desempenho de referência. Esse desvio gradual é chamado de “deriva prática”. A deriva prática é uma ferramenta teórica que busca explicar a razão pela qual o desempenho de um sistema se distancia do desempenho projetado, ou desempenho de referência (ou baseline), à medida em que a organização não tem meios de antecipar todas as situações que ocorrem no cotidiano da operação do sistema. As condições reais de operação do sistema são o motor da Deriva Prática. Vejamos abaixo, alguns exemplos: • A tecnologia empregada no sistema não tem o desempenho especificado o tempo todo; • Em algumas ocasiões, as pessoas não conseguem executar os procedimentos exatamente como eles foram escritos; • Os regulamentos podem se mostrar inaplicáveis em determinados contextos; • Durante a vida do sistema, pode haver a incorporação de modificações no mesmo, com a adição de novos componentes ou modificação de componentes existentes; • A influência de outros sistemas. Com o sistema operando fora de seu desempenho de referência, é normal que as pessoas busquem por soluções criativas para fazer com que o sistema entregue o resultado desejado, ficando o desempenho operacional cada vez mais longe da referência. Muitas vezes, a operação do sistema fora do desempenho de referência não resulta em situação adversa, pois as defesas existentes (tecnologia, treinamento e regulamento) são capazes de evitar os acidentes ou incidentes. No entanto, quando a Deriva Prática torna o desempenho operacional do sistema muito distante do desempenho de referência, as defesas podem não ser capazes de cumprir sua função. O resultado é o acidente ou o incidente. A Figura 8 ilustra o conceito de Deriva Prática. O gerenciamento da segurança operacional precisa monitorar o desempenho operacional do sistema, procurando diminuir a deriva prática. SGSO para Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC) Módulo 2 – Conceitos Fundamentais de Segurança Operacional 29 Figura 8 – O Conceito de Deriva Prática 7.7 A Necessidade da Mudança de Foco O sistema de aviação civil vem evoluindo com o passar dos anos em um ritmo bastante intenso. Desde os primeiros passos do transporte aéreo até os dias atuais, muitas inovações tecnológicas vêm sendo incorporadas ao sistema para contribuir com a eficiência deste setor na economia global. O crescimento da aviação tem sido bem robusto. Em um estudo de 2013 (ICAO, 2013), a ICAO mostrou que o tráfego de passageiros da aviação civil cresceu 4.6% ao ano em média de 1995 até 2010, e a projeção de crescimento de 2010 até 2030 é de 4.5% ao ano em média. Na região da América Latina e Caribe, a taxa média de crescimento anual de 1995 até 2010 foi de 6.2%. A projeção de crescimento é de 5.9%. Tendo em vista este cenário de crescimento da aviação e aumento da complexidade do sistema, visando realizar o transporte aéreo com eficiência, os métodos tradicionais de controle de riscos à segurança operacional começaram a mostrar limitações para manter o nível de segurança em um nível aceitável. Portanto, são necessários métodos alternativos para efetuar o gerenciamento da segurança operacional. A abordagem tradicional para a segurança operacional, que se baseia em investigação de acidentes e incidentes, estava associada a um modelo que assume que o sistema de aviação funciona na maior parte do tempo de acordo com as especificações de projeto, buscando a conformidade com requisitos e é orientado para SGSO para Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC) Módulo 2 – Conceitos Fundamentais de Segurança Operacional 30 as consequências ou resultados. Já a nova abordagem para a segurança operacional, que considera o aumento de complexidade e de tráfego aéreo, reconhece que a aviação é um sistema em que ocorrem desvios conforme explicado pelo fenômeno da deriva prática. Reconhece também que o sistema de aviação precisa trabalhar considerando o desempenho, além do cumprimento dos requisitos regulamentares. Por fim, o sistema é orientado para os processos. Adicionalmente, a complexidade da aviação tem colocado em evidência as dificuldades que podem surgir no relacionamento que as organizações prestadoras de serviços desenvolvem entre si e também com os órgãos reguladores. Esta nova condição se coloca como mais um desafio a ser enfrentado no escopo da segurança operacional. 8 Resumo Neste módulo, aprendemos sobre os conceitos fundamentais envolvidos no estudo da segurança operacional. Vimos o conceito mais atual de segurança operacional, e como ele evoluiu em relação ao conceito tradicional. Percebemos como a ideia de segurança operacional foi sendo aprimorada nas últimas décadas e como o desempenho das pessoas nas atividades da aviação civil interferem na segurança operacional devido as diversas interações dos indivíduos e o comportamento por eles adotado dentro das organizações. Após estudarmos sobre fatores humanos e sua relevância para entender os problemas de segurança, abordamos sobre o gerenciamento da segurança operacional como função organizacional e como um negócio principal da organização para gerar benefícios. Por fim, podemos concluir que os valores centrais de uma organização são aqueles ideais que formam a fundação sobre a qual a organização conduz suas atividades. Assim, cabe a organização estabelecer o gerenciamento da segurança operacional como um valor central, tornando-a parte integral do seu sistema de gestão, visando a formação de uma cultura de segurança operacional em um ambiente colaborativo e integrado. Nesse sentido a gerenciamento da segurança operacional irá englobar um conjunto de ações, métodos e procedimentos a serem adotados, no âmbito de uma organização, para a prevenção de acidentes aeronáuticos, visando à melhoria contínua de toda a operação. SGSO para Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC) Módulo 2 – Conceitos Fundamentais de Segurança Operacional 31 No próximo módulo do nosso curso falaremos sobre o que é um Sistema de Gerenciamento da Segurança Operacional (SGSO) e como ele é formado, em outras palavras, falaremos sobre a Estruturação do SGSO. Atividade Chegamos ao fim deste Módulo. Vamos agora fixar o que aprendemos sobre os Conceitos Fundamentais de Segurança Operacional. Para tanto, retorne à página inicial do curso e realize o exercício, respondendo corretamente as questões. Até o próximo Módulo... SGSO para Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC) Módulo 2 – Conceitos Fundamentais de Segurança Operacional 32 9 Referências BRASIL. ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil). Apostila do curso “Familiarização em SGSO”. Brasília: ANAC, 2016. BRASIL. Ministério da Defesa. Comando da Aeronáutica. DECEA (Departamento de Controle do Espaço Aéreo). Cultura de Segurança Operacional – MCA 63-19. Rio de Janeiro: DECEA, 2017. CAA (U.K. Civil Aviation Authority). CAP 718: Human Factors in Aircraft Maintenance and Inspection. London: CAA, 2002. ICAO (International Civil Aviation Organization). Human Factors Digest No. 16: Cross- Cultural Factors in Aviation Safety (Circular 302-AN/175). 1st ed. Montreal: ICAO, 2004. ICAO (International Civil Aviation Organization). ICAO Circular 333: Global Air Transport Outlook to 2030 and Trends to 2040. 1st ed. Montreal: ICAO, 2013. ICAO (International Civil Aviation Organization). Safety Management Manual (SMM): Doc. 9859 AN/474. 2nd ed. Montreal: ICAO, 2009. ICAO(International Civil Aviation Organization). Safety Management Manual (SMM): Doc. 9859 AN/474. 4th ed. Montreal: ICAO, 2018. SKYBRARY. ICAO SHELL Model. SKYBRARY. Safety Management. SGSO para Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC) Módulo 2 – Conceitos Fundamentais de Segurança Operacional 33
Compartilhar