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181 BIOSSEGURANÇA: Implicações na Técnica de Microagulhamento BIOSAFETY: Implications in Thetechnique of Microneedling Ana Beatriz de Andrade - abeatrizandradee@gmail.com Ana Elisa Cardoso da Silva - anaelisa9815@gmail.com Inaiá Oliveira Martins - inaiaoliveiraa@gmail.com Graduandas em Estética – UniSALESIANO Lins Prof.ª Ma. Luciana Marcatto Fernandes Lhamas –Docente no curso de Bacharel em Estética – UniSALESIANO Lins – lucianamarcatto@hotmail.com RESUMO O presente trabalho teve como objetivo verificar o conhecimento dos profissionais da área da Estética sobre a biossegurança na técnica de microagulhamento. Foi utilizado questionário com questões de múltipla escolha o qual demonstrou que 92% das voluntárias possui conhecimento sobre as práticas de biossegurança; 69% utilizam todos os equipamentos de proteção individual (EPI’s), sendo eles: touca, jaleco, máscara, luva e sapato fechado; 84% realizam a higienização das mãos antes e após os procedimentos; todas as voluntárias afirmaram higienizar o ambiente a cada cliente, retiram quaisquer acessórios para a higienização das mãos, mantém as embalagens fechadas e datadas até o momento da utilização do roller, nenhuma delas faz a reutilização do mesmo e o que é imprescindível todas as profissionais afirmaram ser habilitadas para trabalharem com a técnica. Os resultados mostraram que os profissionais da área da Estética possuem o conhecimento sobre biossegurança, porém é sempre importante reforça-lo, colaborando assim para a prevenção de implicações com a técnica. Palavras-chave: Biossegurança. Microagulhamento. Profissionais. ABSTRACT The present work had the objective of verifying the knowledge of the professionals of the area of Aesthetics on the biosafety in the microagulation technique. A multiple choice questionnaire was used, which showed that 92% of volunteers have knowledge about biosafety practices; 69% use all personal protective equipment (PPE), including cap, lab coat, mask, glove and closed shoe; 84% perform hand hygiene before and after procedures; all the volunteers affirmed to clean the environment to each client, remove any accessories for hand hygiene, keep the packages closed and dated until the time of use of the roller, none of them reuses the same and what is essential all professionals said be enabled to work with the technique. The results showed that professionals in the field of Aesthetics have the knowledge about biosafety, but it is always important to reinforce it, thus collaborating to prevent implications with the technique. Keyword: Biosafety. Microagulamiento. Professionals. 182 INTRODUÇÃO A Estética é um dos mercados que mais cresce no mundo, e com ela várias opções de tratamentos são oferecidas à população que se preocupa com sua beleza e bem-estar. Dentre esses tratamentos o microagulhamento é uma das opções para quem busca uma melhor aparência do tecido, podendo melhorar os aspectos de cicatrizes, manchas e rejuvenescimento. O equipamento utilizado é um dermaroller, coberto em média 540 agulhas, que causam micro danos no tecido com o objetivo de induzir a formação de novas fibras colágenas. (NEGRÃO, 2017). Durante o procedimento Estético, principalmente os perfuro cortantes, em que a contaminação por agentes contaminados se torna mais fácil, uma vez que o cliente possa apresentar alguma doença transmissível, o profissional pode acidentalmente se expor e expor outros clientes no caso da reutilização desses equipamentos, sendo assim fundamental a utilização das normas de biossegurança nas clínicas. Diante do exposto surgiu o seguinte problema, os profissionais de Estética têm conhecimento sobre biossegurança na técnica de microagulhamento? Em resposta a esse questionamento, como hipótese, acredita-se que devido à falta de aprimoramento técnico científico dos profissionais da área de Estética ainda ocorram complicações relacionadas à técnica. As clinicas de Estética são consideradas estabelecimento de interesse à saúde, “pois podem representar um risco para seus usuários e profissionais, se as boas práticas de biossegurança não forem adotadas’’. (SOBRINHO et al., 2010, p. 343). Neste contexto, o presente estudo assume relevância para os profissionais de Estética, de modo a conscientizar e disseminar a importância do conhecimento desses profissionais sobre a biossegurança, assim como para a saúde do profissional e do cliente. 1 BIOSSEGURANÇA 1.1 Biossegurança em Estética 183 Segundo Piatti (2013), durante a prestação de serviços, a biossegurança atua na proteção da saúde, como nos casos das clínicas de estética, tendo como principal método de proteção a utilização dos equipamentos de proteção individual (EPI’S). Em suma, refere-se a um grupamento de técnicas, métodos, ações, procedimentos e dispositivos aptos a inibir ou diminuir riscos às atividades de pesquisa, elaboração, ensinamento, evolução tecnológica e prestação de serviços, que comprometem a saúde do homem, dos animais, meio ambiente ou qualidade dos serviços prestados. (PIATTI, 2013). A biossegurança é uma preocupação mundial, não estando restrita apenas à área da saúde, pois consiste em uma mudança do padrão cultural, proporcionando novas medidas de comportamento no que se refere ao cumprimento da conservação do meio ambiente e da própria vida. Diante de problemas relativos à biossegurança acaba prejudicando a qualidade da função desenvolvida (PIATTI, 2013). Os serviços relacionados com esta área oferecem vários riscos ao profissional e aos pacientes, pois sendo uma ciência da saúde e se o estabelecimento não tomar as devidas precauções em relação à segurança, estes serviços prestados podem oferecer riscos à saúde pública. Existem várias medidas a serem realizadas pelos profissionais no setor da Estética, toda equipe existente no ambiente de saúde, deve ser convocada para serem feitos exames de saúde pré-admissão periódicos, e obter o conhecimento das formas mais seguras para laborar, desta forma não ocorrendo nenhuma forma de contaminação. (VIEIRA; ANDRADE; [s.a] p. 03). Essas “medidas de prevenção” auxiliam na minimização de riscos de patógenos pelo meio de fluídos corporais e sangue. Em todas as condições de terapias e independente do diagnóstico são adequadas para todos os pacientes. As prevenções ajudam os profissionais nas conduções apropriadas, por sentir a necessidade de proporcionar aos clientes condições biologicamente seguras; ao mesmo tempo em que se importam em indicar o uso dos EPI’S, garantindo qualidade da assessoria e redução de gastos. (PIATTI, 2013). 1.2 Equipamentos de proteção individual (EPI’S) Os equipamentos de proteção individual (EPI’S) têm o objetivo de inibir os micro-organismos provenientes de contato com o sangue, fluídos orgânicos, 184 secreções e excreções de possíveis contaminações entre os profissionais. Os EPIS são luvas - devendo ser trocadas a cada atendimento - avental impermeável, gorro, óculos de proteção e máscara. (PIATTI, 2013). O Ministério do Trabalho e Emprego (TEM), na Norma Regulamentadora 6 – NR6, da Portaria nº 3.214/1978, considera Equipamento de Proteção Individual EPI, todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho. (PIATTI, 2013, p. 108). Os microrganismos contaminantes são transferidos para os profissionais e o principal contaminador é pelo contato das mãos. Quando os profissionais tocam as superfícies contaminadas, microrganismos podem ser transferidos aos instrumentos, como também nariz, boca, olhos, lesões de pele e mucosas. (PIATTI, 2013). Neste contexto, as luvas são usadas como barreira de proteção, prevenindo contra contaminação das mãos ao manipular materiais contaminados, reduzindo a probabilidadede que microrganismos presentes nas mãos sejam transmitidos durante procedimentos. As luvas servem como barreira mecânica para as mãos, sendo consideradas como uma “segunda pele”. O uso de luvas não descarta a precisão de lavar as mãos, visto que as luvas podem ter diminutos orifícios irreparáveis, ou estragar durante o uso, podendo infectar as mãos quando retiradas. (PIATTI, 2013). O termo “lavagem das mãos” foi alterado para “higienização das mãos” devido à maior abrangência deste procedimento. O termo compreende a higienização simples, a higienização antisséptica, a fricção antisséptica e a antissepsia cirúrgica das mãos. (PIATTI, 2013). Os jalecos fornecem uma barreira de proteção e é uma forma de inibir a transmissão de microrganismos. Já o uso do gorro, evita a queda dos cabelos (que é uma grande fonte de infecção, já que podem conter inúmeros microrganismos), na área do processo. (PIATTI, 2013). A máscara retrata uma enorme forma de preservação das mucosas da boca e do nariz, contra os microrganismos. Retrata também a medida mais importante de proteção das vias superiores em combate aos microrganismos presente durante a fala, tosse ou espirro. Devem ser utilizadas no atendimento de todos os clientes e são necessariamente descartáveis. (PIATTI, 2013). 185 Os óculos de proteção também caracterizam uma barreira de proteção importante de transmissão de infecções e irritações oculares. Necessitam ser usados para impedir que sangue, exsudatos (como pus ou secreções como saliva), atinjam os olhos do especialista durante o procedimento. (PIATTI, 2013). 1.3 Equipamentos de proteção coletiva (EPC’s) Como o próprio nome sugere, os Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC’s) dizem respeito ao coletivo, devendo proteger todos os trabalhadores e clientes expostos a determinado risco. (PEREIRA, 2010). A cabine de segurança biológica, é utilizada para a proteção do profissional e do ambiente laboratorial de substâncias que podem ser espalhadas durante a manipulação. As capelas de exaustão química protegem os profissionais na hora da manipulação de substâncias que possam liberar vapores tóxicos, que são utilizados em laboratórios clínicos para a descontaminação. O chuveiro de emergência é manuseado em casos de acidentes em que apresente projeção de grande abundância de sangue, substâncias químicas ou outro material biológico sobre o profissional. Nos laboratórios clínicos deve conter kit de primeiros socorros e kit de desinfecção nos casos de acidentes com materiais biológicos, devendo treinar os funcionários para a sua manipulação. (ALVES; PACHECO, 2015). 2 MICROAGULHAMENTO 2.1 A técnica e seus efeitos sobre a pele O microagulhamento é uma técnica mecânica que consiste em causar micro lesões no tecido a fim de aumentar a produção de colágeno, auxiliando também na permeação de ativos e resultando na melhora do aspecto tecidual no local. A técnica de microagulhamento descende da Acupuntura, que faz parte da Medicina Oriental Chinesa. Nos anos 1960, na França, surgiram os primeiros achados da técnica considerada Nappage, que se tratava de pequenas incisões na pele para a administração de fármacos, cujo objetivo era o rejuvenescimento facial. Em 1995, Orentreich defendeu a técnica subcision com agulhas para tratamento de rugas periorais. Já em 2006, Fernandes elaborou a técnica de indução de colágeno (TIC), que se utilizava de um rolo 186 com agulhas de aço visando melhorar cicatrizes e rugas finas (TRINDADE et al, [s.d] p. 05). O microagulhamento cria mais de 500.000 canais em 5 minutos, até a derme, que é a maior obstrução à penetração de ingredientes ativos, e pelo fato de a epiderme ficar intacta, o período de cicatrização é rápido e mais colágeno pode ser produzido naturalmente (MENEZES, 2017). Realizado através de um roller, composto em média por 540 agulhas, que causam micro danos no tecido com o objetivo de induzir a formação de novas fibras colágenas. De acordo com o tamanho da agulha os rollers da técnica de microagulhamento são classificados em epidérmicos (0,2-0,5mm) e dérmicos (acima de 0,5mm) e devem ser utilizados de acordo com a espessura da pele do cliente. O mecanismo do microagulhamento promove a indução do processo de reparo do tecido, no qual após a lesão ocorre uma sequência de fases que dão início a esse reparo. Essas fases são: 1) Fase Inflamatória, 2) Fase proliferativa e 3) Fase de Remodelamento. 1) Fase Inflamatória: ocorre migração de inúmeros mediadores químicos, das células inflamatórias, os macrófagos e os linfócitos, além dos leucócitos polimorfonucleares (PMN), responsáveis pela fagocitose das bactérias. Sugere-se que os fatores de crescimento são os responsáveis pela migração de células e mediadores químicos para o local de reparo. 2) Fase Proliferativa: é a fase responsável pelo “fechamento” da lesão, no qual ocorre a subfase de Reepitelização devido à migração dos queratinócitos não danificados das bordas da ferida e dos anexos epiteliais; e à subfase de Fibroplasia e formação da matriz, extremamente importante na formação do tecido de granulação, rico em fibroblastos, células inflamatórias, componentes renovasculares e da matriz extracelular - como a fibronectina, as glicosaminoglicanas e o colágeno. A formação do tecido de granulação depende da proliferação e diferenciação celular das células de fibroblasto, que longe de ser apenas produtor de colágeno, produz também elastina, fibronectina, glicosaminoglicanas e proteases, estas últimas responsáveis pelo desbridamento e remodelamento fisiológico. Nesta subfase ocorre a indução da neocolagênese (formação de colágeno) e anfigênese (neovascularização), que é essencial para o suprimento de oxigênio e nutrientes para a cicatrização. Sugere- se que os fatores de crescimento são os responsáveis pela indução da proliferação e diferenciação celular (aumento das mitoses e hiperplasia do epitélio-epiderme). Após a fase de proliferação ocorre a contração da ferida que é o movimento centrípeto das bordas. 187 3) Fase Remodelamento: é a fase onde ocorre a substituição do colágeno III (frouxo) pelo colágeno I (denso) e estruturação das biomoléculas presentes na matriz extracelular. (MENEZES, 2017, p.164-5). A técnica de microagulhamento pode ser utilizada em diversos protocolos envolvendo estética facial, corporal e capilar, já que viabiliza diretamente os ativos na pele, potencializando assim diversos tratamentos de disfunções estéticas. 2.2 Equipamentos utilizados Aqui, no Brasil, todos os equipamentos para a área da saúde devem ser aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) a fim de preservar a saúde tanto do profissional como do cliente. Alguns dos equipamentos utilizados como, por exemplo, os que contêm agulhas, são de uso único e exclusivo devendo ser descartados após o procedimento. Roller é o equipamento utilizado para a realização da técnica, possui uma ponta redonda contendo agulhas encravadas, geralmente feitas de aço inoxidável ou titânio. De acordo com a ANVISA deve ser incluído no rótulo da embalagem: a expressão “proibido reprocessar”, informações do fabricante, importador e o número de registro na ANVISA. De acordo com Negrão (2017), para a aplicação da técnica é sugerido que o profissional tenha em mãos materiais como: algodão ou gaze, soro fisiológico, luvas, anestésico (caso necessário), borrifador, e os cosméticos de sua preferência. 2.3 O procedimento Segundo Negrão (2017) a aplicação do roller deve ser por quadrantes, trabalhando regiões pequenas, além de precisar ser feita detalhadamente e com calma. Ainda segundo a autora, a aplicação deverá ser feita nas regiões horizontal, vertical, diagonal direita e esquerda (Figura 1), devendo ser passada 10 vezes em cada direção com movimentosde .vai e vem, para depois trocar o sentido. 188 O microagulhamento é um procedimento técnico-dependente, a familiarização com o aparelho usado e o domínio da técnica são cruciais e influenciam diretamente nos resultados (NEGRÃO, 2017, p.101). Figura 1 – Direções do microagulhamento Fonte: NEGRÃO, 2017. 2.4 Disfunções Estéticas tratadas com microagulhamento A técnica de microagulhamento é indicada para diversas disfunções, tanto faciais e corporais como capilares, antes da realização da mesma é necessário estar atento às possíveis complicações que podem surgir após o procedimento. De acordo com Negrão (2017) temos diversas indicações da técnica, entre elas: estrias, flacidez tissular ou dérmica, olheiras, hidrolipodistrofiaginoide (HLDG), peles desvitalizadas e desnutridas; melasmas e hipercromia; aumento na viabilidade de retalhos cutâneos e prevenção de processos fibróticos; melhora na qualidade da pele, cicatrizes atróficas e hipertróficas; alopecias não cicatriciais e rejuvenescimento íntimo. 2.5 Contra-indicação da Técnica Existem diversas contraindicações para a realização da técnica, devendo ser respeitadas criteriosamente a fim de evitar acidentes e complicações para a saúde do paciente, que segundo Tosti; Beer; Pia; (2015) são: os pacientes que não realizarem um preparo da pele para receber a técnica, presença de qualquer 189 infecção, câncer, verrugas ou cerastoses solares; acne ativa ou herpes labial; o uso dos anticoagulantes Varfarina ou Heparina, ou outros coagulantes orais que podem causar sangramento excessivo; suspender o uso de ácido acetilsalicílico por pelo menos 3 dias antes do procedimento; alergia aos agentes anestésicos; pacientes em tratamento de quimioterapia; doses altas de corticosteroides ou radioterapia; diabetes melito não controlado; pacientes que realizaram cirurgia facial nos últimos 6 meses ou cicatrizes com menos de 6 meses de surgimento; preenchimento com material permanente nos últimos 6 meses ou histórico de queloide grave. 3 BIOSSEGURANÇA NA TÉCNICA DE MICROAGULHAMENTO 3.1 Requisitos de Boas Práticas de Funcionamento para os Serviços de Saúde A apresentação pessoal e a postura do profissional são aspectos muitos importantes na área da beleza, pois podem relevar, ao primeiro contato, a seriedade e o envolvimento com que o profissional encara seu trabalho e seus clientes. O profissional deve apresentar-se ao trabalho: utilizando jaleco ou uniforme; com os cabelos presos; não usar joias, bijuterias e relógios, caso utilize que seja discreto; mãos sempre higienizadas; unhas curtas e limpas, preferencialmente sem esmalte; calças compridas e sapatos fechados; não fumar, beber ou comer algo no local de trabalho; sempre utilizar luvas nos atendimentos; a bancada de trabalho deve estar sempre limpa; o aparelho celular deve ser desligado durante o trabalho e a atenção e a segurança deve ser constante. (PEREIRA,2010). O espaço físico deverá contemplar ambientes com dimensões compatíveis com as atividades propostas. O dimensionamento dos espaços internos deve atender a uma lógica de organização espacial e fundamental de acordo com os serviços a serem oferecidos. (PEREIRA, 2010, p.168). Fundamentalmente, um estabelecimento de beleza deverá contemplar as seguintes características arquitetônicas e estruturais: a) o piso deverá ser liso, impermeável, lavável e resistente a saneamento, com o menor número de juntas; b) paredes devem ser revestidas de material liso, resistente, impermeável e 190 lavável; c) ser bem iluminado e ventilado, com janelas amplas em todo o estabelecimento; d) a eletricidade necessita ser planejada para suprir a demanda de equipamentos a serem instalados; e) os sanitários para clientes e funcionários deverão conter: pia, sabonete líquido, lixeira com tampa e pedal, toalhas descartáveis, organizado e limpo; f) em todas as salas de procedimentos é necessário conter: pia, sabonete líquido, lixeira com tampa e pedal, toalhas descartáveis para a higienização do profissional antes e após o atendimento; g) deve conter estufa ou autoclave para desinfecção ou esterilização; h) recomendável que tenha um local apropriado para produtos químicos; i) possuir um local específico para descarte de lixos gerados pelos setores do estabelecimento; j) conter armários para os profissionais guardarem pertences e deve conter áreas exclusivas para armazenamento de manuseios de materiais de limpeza; k) o estabelecimento deve conter meios de sinalização de cada setor, para facilitar a circulação dos clientes e profissionais e; l) a sinalização precisa estar também nos armários, equipamento e produtos. (PEREIRA, 2010). 3.2 Habilitação do Profissional De acordo com os artigos 2º, 3º e 5º da lei Nº 13.643, aprovada em 3 de abril de 2018, o profissional Esteticista é livre por todo o território brasileiro, e são considerados profissionais da área os habilitados em curso técnico oferecido por instituições brasileiras ou estrangeiras, com revalidação do certificado, ou diploma brasileiro devidamente reconhecido pelo Ministério da Educação; ou também se comprovar a atuação na área por no mínimo 3 anos, contando desde a validação dessa lei, terá o direito de exercer a profissão. O profissional da área pode executar procedimentos faciais, corporais e capilares, utilizando cosméticos, técnicas e 191 aparelhos aprovados pela ANVISA, solicitando, caso necessário, outro profissional para complementar a anamnese, atentando-se às prescrições médicas caso o cliente apresente. (TEMER; JARDIM; YOMURA; 2018). Segundo a lei nº 595, aprovada em 2003, o esteticista é proibido de anunciar a cura de qualquer enfermidade, fazer o uso de títulos que não seja habilitado (especializado); agir de modo desleal com outros colegas de profissão ou clientes, prescrever qualquer medicamento ou praticar atos cirúrgicos e injetar substâncias. (TEMER; JARDIM; YOMURA; 2018). 4 METODOLOGIA A presente pesquisa trata-se de um estudo descritivo e exploratório, realizada em clínicas de Estética da cidade de Lins com profissionais da área da saúde - sendo fisioterapeutas e esteticistas que trabalham com a técnica de Microagulhamento - no período de julho a setembro de 2018. O estudo recebeu aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium por meio do Parecer nº 2.686.126 (CAAE: 88008818.0.0000.5379) em 30/05/2018. Contamos com a participação de 13 voluntárias, uma vez que 7 recusaram-se a responder o questionário, sendo que todas são do sexo feminino, com idade entre 24 a 51 anos. O critério de inclusão foi considerado para profissionais acima de 18 anos que trabalham em clínicas de Estética (regulamentada pela Prefeitura da cidade de Lins/SP), que realizam a técnica de microagulhamento e que aceitasse a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), como critério de exclusão, profissionais que não respondessem 50% do questionário. Para a coleta dos dados foi utilizado um questionário padronizado, composto pelas autoras, com 23 questões de múltipla escolha, o qual foi distribuído após a assinatura do TCLE. Os resultados foram analisados através da análise descritiva dos questionários, utilizando o programa Microsoft Office Excel 2010 para estatísticas e construção dos gráficos. 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 192 Na presente pesquisa 100% das voluntárias foram do gênero feminino, com idades variadas entre 24 a 51 anos, sendo elas 77% esteticistas e 23% fisioterapeutas. Das entrevistadas, 100% responderam ter cursos específicos para trabalharem com a técnica, o que confirma a hipótese do trabalho, as quais 54% atuam de 3 a 6 anos e 46% de 1 a 3 anos.Das voluntárias, 38% afirmaram que atendem de 5 a 10 clientes mensais, enquanto 62% atendem de 1 a 5 clientes. Dentre as profissionais, 46% trabalham com carga horária diária de 10 horas, 23% por 8 horas, 16% por mais de 10 horas e 15% por 5 horas. Antes de iniciar o tratamento, é necessário que se faça uma boa avaliação, registros fotográficos de antes, durante e ao término do tratamento, é necessário que o paciente assine um termo de consentimento em duas vias, com todas as informações do tratamento inclusive os cuidados a serem tomados em casa (ALBANO; PEREIRA; ASSIS, 2018, p. 469). Neste estudo 92% das voluntárias fornecem um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) a ser assinado pelo paciente e 8% não fornecem, assim sendo, podendo colaborar para que se tenham complicações com a técnica. Gráfico 1. Antes de qualquer procedimento você esclarece o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para a assinatura dos seus clientes? Fonte: elaborado pelos autores, 2018 Todas as profissionais retiram quaisquer acessórios para higienizarem as mãos, mas somente 84% fazem a higienização antes e após o procedimento, 8% fazem somente antes e 8% somente após. Segundo a autora Piatti (2013, p.100), “as mãos devem ser higienizadas no início e no término de cada procedimento e sempre que necessário for”. Gráfico 2. Qual produto é utilizado para a higienização da pele do cliente? 92% 8% Sim Não 193 Fonte: elaborado pelos autores, 2018 Para realizar a higienização da pele do cliente 62% fazem o uso de Clorexidine, 23% utilizam álcool 70% e Clorexidine e 15% somente álcool 70%. Lembrando que a literatura recomenda: “para a antissepsia loção antissépticas, Gluconato de Clorexidina ou álcool 70%’’. (NEGRÃO, 2017 p. 102). Das profissionais entrevistadas 46% executam a técnica na área facial, 46% facial e corporal e 8% facial e capilar. Todas as entrevistadas afirmaram manter as embalagens fechadas e datadas até o momento de utilização do roller, a maioria das profissionais, sendo 38%, trabalham com a agulha de 0,5mm e o restante com agulhas diversas - entre 0,5mm e 1,0mm – e nenhuma delas faz a reutilização do roller. Segundo Albano; Pereira; Assis, (2018, p. 469): “Seu cabo é de polietileno, impedindo que o equipamento seja autoclavado. Após o uso, necessário que se faça o descarte juntamente com o material perfurocortante”. Gráfico 3. Utiliza o mesmo roller mais de uma vez? Fonte: elaborado pelos autores, 2018 Das voluntárias 77% disseram que a iluminação do local a ser praticada a técnica é ótima e 23% disseram que é boa, 100% disseram que fazem a higienização do ambiente a cada cliente. 100% das voluntárias confirmam que 62% 23% 15% Clorexidine Álcool 70% e clorexidine Álcool 70% 0% 100% Sim Não 194 possuem as vacinações em dia, sendo imprescindível, conforme Pereira (2010, p.15) afirma: “em virtude do contato frequente com pacientes ou com material infectados, muitos trabalhadores da área da saúde estão expostos a riscos de adquirir doenças transmissíveis, mas que são imunopreníveis por meio de vacinação”. Todas as voluntárias disseram que nunca tiveram problemas com a técnica, sendo que 69% utilizam todos os equipamentos de proteção individual (toucas, jaleco, luvas, máscaras e sapato fechado) e 31% apenas não fazem a utilização do sapato fechado. Dias; Silva (2017, p. 1475), descrevem: “Os profissionais de estética não podem deixar de frisar a importância do uso da proteção coletiva e individual perante a este tratamento, já que profissional/paciente estão expostos a agentes patológicos a todo tempo”. Gráfico 4. Faz o uso de equipamentos de proteção individual? Fonte: elaborado pelos autores, 2018 De acordo com Dias; Silva (2017, p. 1475) descrevem: “Sendo assim é imprescindível o conhecimento da biossegurança a fim de preservar e/ ou minimizar os riscos nas atividades desenvolvidas”. De acordo com a pesquisa, 92% afirmaram possuir conhecimento sobre as práticas de biossegurança e apenas 8% afirmaram que possuem pouco conhecimento, respondendo à pergunta problema do trabalho, a maioria das entrevistadas tem o conhecimento sobre as práticas de biossegurança. CONCLUSÃO Os resultados desse trabalho indicam que as profissionais da área possuem conhecimento sobre as boas práticas de biossegurança, sendo assim, o presente 69% 31% Fazem uso de todos os equipamentos de proteção individual Não utiliza apenas sapatos fechados 195 estudo assumiu relevância para os profissionais de Estética, de modo a conscientizar e disseminar a importância do conhecimento desses profissionais tanto sobre a biossegurança, quanto para a saúde do profissional e do cliente no dia a dia de trabalho, prevenindo-se das complicações com a técnica e assim evitando das doenças autoimunes. REFERÊNCIAS ALBANO, R.P.S., PEREIRA, L.P., ASSIS, I.B. 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