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1 FILOSOFIA DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 1 Sumário NOSSA HISTÓRIA .................................................................................... INTRODUÇÃO... ...................................................................................... 2 A FILOSOFIA DAS CIÊNCIAS SOCIAIS..................................................5 A filosofia pós - positivista das ciências sociais................................6 A filosofia como ciências sociais.......................................................8 A ciência como assunto da filosofia................................................12 HISTÓRIA DA FILOSOFIA DA CIÊNCIA................................................16 SOCIOLOGIA: DEFINIÇÃO....................................................................23 O Pensamento de Maquiavel e a Ciência Moderna..........................28 BIBLIOGRAFIA.......................................................................................35 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 Introdução Tomando a Filosofia e sua história por objeto, a Sociologia pode oferecer uma contribuição ao esforço desta disciplina para se liberar dos limites que a determinam. A Filosofia tende a solucionar a antinomia da historicidade e da verdade procedendo, por meio do comentário, a uma atualização das obras passadas, o que supõe uma negação mais ou menos completa da historicidade. As três maneiras de tratar explicitamente esta antinomia – a revelação originária (Heidegger), a construção retrospectiva das filosofias passadas como possibilidades teóricas (Kant) e a dialética que ultrapassa e conserva (Hegel) – tem em comum a recusa da história. Uma verdadeira história social, que recolocasse a Filosofia no campo da produção cultural e no campo social em seu conjunto, permitiria compreender as filosofias e sua sucessão para além da "filosofia filosofante da história", ao mesmo tempo em que permitiria aos filósofos do presente liberar-se do impensado instituído que está inscrito em sua herança. Uma das definições da Filosofia é a de que ‘’No âmbito das relações com o conhecimento científico, conjunto de princípios teóricos que fundamentam, avaliam e sintetizam as ciências particulares, contribuindo para o desenvolvimento de muitos destes ramos do saber. ’’ Já a Sociologia trata do ‘’Estudo científico da organização e do funcionamento das sociedades humanas e das leis fundamentais que regem as relações sociais, as instituições etc.’’ Mas de que forma ambos os campos de saber contribuem para a formação educacional? É comum ouvir que Filosofia não serve para nada ou que a Sociologia é a melhor aula para dormir. Regularizadas como disciplinas obrigatórias no Ensino Médio no ano de 2006 as matérias buscam a autonomia do pensamento e a visão crítica a respeito do mundo. Para o pós-doutorado e professora de Ciências Sociais, Elisabeth da Fonseca Guimarães, é um dos papéis da Sociologia a percepção diferenciada de situações que fazem parte da convivência do aluno. ‘’Por exemplo, a falta de interesse do governo local em atender às demandas de 4 sua escola ou de seu bairro, ou ainda, a violência física, praticada, cotidianamente, no ambiente escolar. Provocar o estranhamento e a desnaturalização é desenvolver a sensibilidade do aluno para enxergar sociologicamente o mundo, a partir de diferentes questões que o cercam diariamente. ’’ Já no âmbito filosófico é importante elucidar a sua contribuição nas descobertas. Como diz Araújo e Lima em seu artigo ‘’A relevância do ensino de Sociologia e de Filosofia para a formação dos jovens no século XXI‘’ a filosofia pode ser uma aliada na vida adolescente. ‘’Em outras palavras, se consideramos que os adolescentes são aqueles que estão numa fase de questionamentos e descobertas acerca dos sentidos de suas experiências cognitivas, afetivas, valorativas, etc., e, se tomamos a Filosofia em seu caráter dinâmico de atividade de questionamentos e elucidação conceitual sobre o sentido das coisas em geral, atividade a partir da qual é possível uma maior clareza a respeito dos fundamentos e princípios que constituem aquelas experiências humanas, então, desse modo, temos que admitir que a relevância do ensino de Filosofia na formação dos adolescentes consiste no fato de ela ser uma atividade capaz de levá-los a buscar e a adotar, de uma maneira consciente, livre e autônoma, os sentidos norteadores de suas vidas, dotando-os de instrumentos pelos quais eles possam fazer uma leitura do mundo de uma maneira crítica e não subserviente. ’’ A Filosofia das Ciências Sociais A filosofia das ciências sociais, quando concebida adequadamente, tem algo a oferecer aos cientistas sociais. Eles sempre adotam em suas pesquisas, ainda que de forma implícita, alguma filosofia de sua ciência. Mas, para evitar 5 impasses, é melhor explicitar essa filosofia e ser criticamente consciente de seus méritos. A filosofia das ciências sociais, por sua vez, não pode ser praticada sem um envolvimento íntimo com a pesquisa social. Vive-se um novo momento histórico, de intensas transformações sociais. Palavras como pós-modernidade, pós-industrial, pós-capitalista, informacional, sociedade global, sociedade do conhecimento, passaram a fazer parte do cotidiano na Sociologia, nas demais Ciências Sociais e nos meios de comunicação de massa. Elas pretendem indicar as mudanças sociais que estão em curso. A discussão mais acirrada coloca em oposição modernidade e pós- modernidade. Outro entendimento é de que o projeto da modernidade está em crise, mas as soluções estão ainda no próprio paradigma da modernidade. A Sociologia, no primeiro caso, está em questão junto com o projeto da modernidade; no segundo, ela precisa ser reformulada ou reconstruída. As teorias sociológicas clássicas elaboraram uma compreensão da sociedade industrial nacional em que a ênfase em determinados princípios gerais apontava para a sociedade que atualmente encontra-se em formação. A constatação da lei histórica da “preponderam progressiva da solidariedade orgânica”, feita por Durkheim, indica a possibilidade do processo atual, se por globalização entendermos a ampliação da divisão do trabalho, mesmo que esta tenha diferenças importantes daquela estabelecida na sociedade industrial. Faz- se a mesma afirmação sobre a tese de Weber da racionalização da sociedade ocidental e sobre as várias observações feitas por Marx em toda a sua obra sobre a tendência globalizante dos movimentos do capital para viabilizar o processo de acumulação. A dimensão societária tem sido amplamente discutidapela Sociologia em todo o mundo. Pode-se assegurar que os conhecimentos que temos sobre a “sociedade informacional global” foram, em grande parte, produzidos pela Sociologia, mesmo que em muitas universidades os recursos para pesquisa em Ciências Sociais tenham sido bastante reduzidos. Este fato não se deve a uma perda de capacidade da Sociologia de explicar o mundo social. 6 Pode-se dizer que a crise do Estado do Bem-Estar Social e a hegemonia do mercado na promoção do crescimento e da prosperidade foram fatores decisivos para definir um lugar “marginal” para a Sociologia na sociedade. Não é por acaso que hoje se observa um processo de aproximação dos movimentos e instituições sociais com o pensamento sociológico crítico. A rigor não há nenhuma novidade nisso, pois a Sociologia constituiu-se e se desenvolveu no âmbito das lutas sociais da modernidade. A Filosofia Pós-Positivista das Ciências Sociais A filosofia da ciência positivista caracteriza-se por um conjunto de ideias inter-relacionadas. A filosofia da ciência analisa a lógica dos conceitos científicos. A lógica é uma atividade a priori e, assim, a filosofia da ciência pode, idealmente, indicar por meio da análise conceitual em que consiste a boa ciência. A confirmação e a explicação têm uma lógica, e esta nos diz quais são as boas explicações e quais as ruins, além de quando uma evidência confirma uma 7 hipótese. A priori, há regras gerais de evidência que nos permitem passar das observações para o grau de confirmação de teorias rivais. A explicação diz respeito a deduções efetuadas com base em leis científicas. Estas são enunciadas universais que não fazem referência a coisas particulares. A ciência diz respeito à produção de teorias, e as teorias são conjuntos axiomatizados de leis. As origens sociais e psicológicas da ciência e as influências dessa ordem são irrelevantes para avaliar e entender a ciência, exceto nos casos de distorção e ciência malsucedida. Se as ciências sociais são ou não realmente científicas é uma questão aberta que deve ser decidida avaliando se elas a priori satisfazem ou não os critérios de explicação e confirmação. A ciência é neutra no que diz respeito a valores. Os valores podem estar envolvidos quando se trata de determinar quais projetos serão levados adiante, mas são irrelevantes para a explicação e a confirmação e causam distorções se estiverem envolvidos nesses processos. Há várias correntes pós-positivistas na filosofia da ciência. Uma delas adota a via niilista associada com algumas formas de construtivismo social, e sustenta que, como não há uma lógica da ciência e como é claro que os processos sociais são fundamentais para toda ciência, não há como falar em ciência boa e ruim. A ciência é apenas uma entre muitas outras instituições sociais e não tem nenhuma prerrogativa especial no que diz respeito ao conhecimento. Não endosso essa alternativa pós-positivista. Do fato de que não podemos estabelecer regras formais a priori para a confirmação e a explicação e de que a ciência é um processo social, não decorre que a ciência seja somente um processo social ou que não possamos apresentar argumentos convincentes sobre o que a evidência mostra. A ciência é um processo muito mais complexo do que a visão positivista admite. A alternativa pós-positivista que apoio sustenta uma filosofia da ciência relevante para as ciências sociais baseada no naturalismo de Quine (1998; cf. Kitcher, 1995; Kincaid, 1996, 2012). 8 A Filosofia como Ciências Sociais. É parte da própria ciência e está sujeita aos mesmos critérios amplos que a ciência. A filosofia da ciência não está acima ou fora da ciência, mas envolve um estudo científico de como a ciência funciona. Ela pode emitir juízos sobre a boa ciência, mas tais juízos são empíricos, baseados no estudo daquilo que promove as metas científicas. Essas são teses-chave das abordagens naturalistas ao conhecimento. Avaliar a evidência e fornecer explicações é processos contextuais que exigem o comprometimento com um conhecimento de fundo, as questões formuladas, as metas explicativas etc. (cf. Kincaid, 1996). Dificilmente as regras lógicas poderão estabelecer por si só até que ponto os dados apoiam as hipóteses. Pretender que as regras lógicas possam fazer isso leva a resultados 9 indesejáveis e não confiáveis. Os dados não são “brutos”, mas refletem uma variedade de pressupostos teóricos implícitos. Para grande parte da ciência, a explicação não exige leis universais, que são poucas e dispersas. Em vez disso, as explicações consistem em citar causas que são, muitas vezes, investigadas caso a caso. Teorias de amplo escopo dedutivamente organizadas são difíceis de encontrar na ciência, inclusive a física ( Wilson, 2008; Cartwright, 1983). São comuns, porém, os modelos de escopo restrito e as explicações causais isoladas. Além disso, há muito mais do que teorias na ciência. Há, por exemplo, os padrões da boa explicação e de confirmação, regras básicas para vincular os modelos à realidade e práticas sociais organizadas que possibilitam a pesquisa bem-sucedida. A ciência é um processo inteiramente social, e compreender os processos sociais é parte importante da avaliação de quão bem uma determinada área está funcionando. As normas das revistas sobre a publicação de resultados negativos, por exemplo, precisam ser levadas em conta na avaliação do que a evidência mostra ou não. Os processos sociais podem causar distorção, mas também podem ser a base da confiabilidade, aprimorando o ceticismo organizado. As ciências sociais podem incorporar os padrões mais amplos da ciência natural bem-sucedida e, nessa medida, as dúvidas relativas ao caráter científico das ciências sociais é um ceticismo sem fundamento. A dúvida sobre partes específicas das ciências sociais pode, é claro, ser fundada, mas julgar o estatuto das ciências sociais em geral em bases filosóficas é exigir da filosofia mais do que ela pode nos oferecer. Os valores estão envolvidos de modo complexo em várias partes da ciência ( Kincaid, 2006), o que pode ou não ser um obstáculo à objetividade. O estudo minucioso dos pressupostos valorativos específicos e dos papéis que desempenham é essencial. Esse quadro da filosofia pós-positivista tem, obviamente, algumas implicações para a prática das ciências sociais, relativas, por exemplo, às distinções entre pesquisa qualitativa e quantitativa, entre 10 observação e experimento, entre ciência social objetivaste e interpretativa e à importância da sociologia do conhecimento. As alegações de que as ciências “humanas” são fundamentalmente diferentes das ciências naturais – uma formulação clássica dessa posição é a de Taylor (1971) – por dependerem de processos interpretativos na coleta dos dados baseiam-se no falso pressuposto de que as ciências naturais não precisam empregar tais processos. Nenhuma ciência trabalha com dados inteiramente brutos ou não interpretados. A questão é o grau e a amplitude em que argumentos fundamentados podem ser elaborados. Por exemplo, a pesquisa demográfica sobre as tendências da população exige, provavelmente, menos pressupostos interpretativos do que a pesquisa em etologia sobre os sinais dos animais. É claro que a pesquisa interpretativa nas ciências sociais pode enfrentar problemas substanciais para apoiar suas conclusões com argumentos convincentes. Mas o mesmo se dá com as tentativas de algumas pesquisas quantitativas de extrair conclusões de dados observacionais medidos de forma imperfeita e baseados em técnicas estatísticas que se apoiamem pressupostos duvidosos. A distinção entre pesquisa quantitativa e qualitativa também parece menos fundamental para a visão pós-positivista. Se, em vez de tentar descrever regras a priori sobre a boa ciência, considerarmos como as ciências naturais realmente funcionam, perceberemos que muito da boa ciência natural é parcialmente qualitativa. A própria distinção é obscura e tem diferentes significados para diferentes audiências. Suponha-se que a distinção seja feita conforme a presença ou ausência de extensa mensuração ou de escalas de intervalo. Nesse caso, muito de nossa melhor biologia – molecular celular e evolutiva – é em grande medida qualitativa. Técnicas como o bloqueio de uma via – de um receptor ou de um produto gênico – mostram o efeito causal sem que mensurações quantitativas desempenhem um papel importante. Os argumentos de Darwin em favor da evolução pela seleção natural são em grande parte qualitativos. Além disso, como veremos a seguir, a mensuração quantitativa presente nos paradigmas de regressão múltipla não é eficaz para 11 identificar causas. Grande parte da ciência social e comportamental das décadas passadas aliou-se à ideia positivista de que a boa ciência consiste em generalizações quantitativas. Mas, para a visão pós- -positivista de que a ciência proporciona generalizações causais localizadas, as generalizações quantitativas são menos importantes, pois são de valor incerto para a identificação de causas. Por fim, os desenvolvimentos pós-positivistas na filosofia da ciência encorajam e apoiam outro caminho importante para a pesquisa social. As investigações da sociologia do conhecimento a respeito das ciências naturais e sociais são necessárias e talvez promovam contribuições importantes para a compreensão das forças e das fraquezas de várias práticas e tradições de pesquisa. Há, por exemplo, uma crescente evidência de que a pesquisa biomédica não pode ser replicada e que talvez seja inteiramente fraudulenta. Os processos sociais de avaliação pelos pares, de publicação e de financiamento, que são parte dessa história, são bons alvos para a sociologia do conhecimento. Em economia, os dados com frequência são considerados exclusivos e não disponibilizados para o público. Quando disponibilizados, os resultados costumam ser de difícil reprodução. A pesquisa sociológica sofisticada de tais fenômenos pode ser esclarecedora. Os estudos sociais sobre a ciência sempre foram uma parte essencial da ciência pós-positivista, mas seria bom se tivéssemos mais contribuições dos sociólogos e mais atenção dada às ciências sociais. 12 A Ciência como assunto da Filosofia A filosofia, entendida como atitude humana e até como um modo de vida, consiste na tendência a examinar, para melhor compreender, tudo quanto é objeto da nossa experiência. Aristóteles caracterizou a atitude filosófica como um “admirar-se” ante aquilo que, para quem não filosofa, é trivial, insignificante ou já “sabido”. Filosofar não quer dizer, é claro, que o ser humano deva dedicar-se a explorar literalmente tudo quanto vivencia, pois seria uma tarefa impraticável. Filosofa quem examina algo (ou melhor, o que acha que sabe sobre algo) por sentir que, sem esse exame, algo falta, por assim dizer, na sua vida, e que se ele chegar a uma melhor compreensão daquilo que motiva sua reflexão, viverá, de algum modo, “melhor”. Esta é uma forma de explicitar a palavra filosofia na sua etimologia. Como vocês já sabem, Philo-sophia significa literalmente “amor à sabedoria”. Pois bem, essa sabedoria diz respeito não a qualquer tipo de saber, mas a um saber viver. Quem filosofa o faz porque deseja viver de outra maneira que aquela em que até então vivia. Filosofia é, pois, desejo de saber para viver melhor. E esse viver “melhor” inclui poder dar uma razão Figura 1 Karl Jaspers 13 pessoalmente elaborada ou assumida de nossas crenças, valorações e ações. Poder responder pelo que pensamos e praticamos, em vez de justificar- nos alegando que “todo o mundo” pensa ou age assim, que é “normal” essa maneira de pensar, ou que uma determinada autoridade (que pode ser até a de um filósofo famoso!) explicou ou demonstrou que “assim são as coisas”. Por isso, à admiração ou estranheza como motiva para filosofar, devemos acrescentar outros dois, apontados pelo filósofo alemão Karl Jaspers (1883-1969). O ser humano filosofa não só quando se admira de algo, mas também quando duvida das suas crenças, ou quando se encontra em situações-limite, como o sofrimento, a presença da morte, a perda da fé ou uma catástrofe física ou social. A inquietação filosófica não é privilégio dos filósofos profissionais, certamente. Qualquer ser humano filosofa, ainda que não use esta palavra e até ignorando que ela existe, toda vez que pratica aquele exame motivado pelo desejo de viver melhor. Em obras literárias encontramos reflexões filosóficas (como nos textos de Eurípedes, Shakespeare, Jorge Luis Borges ou Guimarães Rosa), e até de forma implícita em quadros (o “Guernica” de Picasso exprime um questionamento da guerra). Grandes cientistas (como Einstein) formularam questões filosóficas. Os filósofos, ou seja, os seres humanos reconhecidos como tais, são (ou foram) aquelas pessoas para as que essa vontade de examinar as convicções para melhor viver é constante, abrange diversos aspectos da sua existência e os leva a formular doutrinas que ficam para a posteridade. O filósofo é aquela pessoa que faz do filosofar a sua ocupação principal e permanente. Entre os diversos assuntos que podem ocupar uma mente filosófica está como vocês já sabem o tema do conhecimento, mais especificamente, as razões ou critérios de que dispomos para distinguir entre o que “achamos” e o que verdadeiramente sabe-se um tema que vocês estudaram na disciplina Teoria do Conhecimento e que constitui sem dúvida uma questão filosófica central. Kant afirmou que a filosofia “em sentido mundano”, não “escolar”, reduzia-se a quatro questões: Que podemos conhecer?; Como devemos agir?; Que nos cabe esperar?; e: Que é o homem? Como não querer saber em que consiste saber? Mas o saber ou conhecimento tem como vocês já estudaram diversas 14 modalidades (conhecimento proposicional e perceptivo, direto ou indireto, saber enunciativo e saber-fazer). A essas modalidades vamos acrescentar agora tipos ou classes de conhecimento tendo como pano de fundo a vida cultural. Como vocês provavelmente sabem, a palavra cultura designa, em seu sentido antropológico, o modo de vida de uma comunidade. Usado na sua máxima abrangência, “cultura” designa o modo de vida do ser humano, em geral, à diferença dos outros animais. A cultura inclui modos de pensar, de valorar e de agir, bem como os produtos, materiais ou abstratos, dessas atividades (tanto uma panela quanto um teorema são produtos culturais). No que tange o âmbito do pensamento, isto é, da maneira como os seres humanos compreendem (ou acreditam compreender) o mundo, é possível distinguir entre o conhecimento vulgar, possuído por qualquer membro de uma dada sociedade, e conhecimentos específicos, vinculados a determinadas profissões ou ocupações. Na sociedade atual, cuja cultura resultou da universalização da cultura europeia moderna, o conhecimento científico tem, sabidamente, uma posição de privilégio. A referência à sociedade “atual” e à “universalização” da cultura “europeia” como se fossem expressões incontestes é provisória. A ciência é praticada em determinadas organizações sociais e em locais específicos (institutos de pesquisa, universidades, laboratórios industriais), utilizando-se amiúde de instrumentos sofisticados e exigindodiversos recursos (financeiros, humanos, materiais e simbólicos). Dizer que a ciência é uma atividade, e social, implica reconhecer que a ciência é algo que fazem determinados seres humanos em conjunto e até em equipes. Até o pesquisador que trabalha em aparente isolamento depende para seu trabalho da informação e da opinião de colegas com os quais compartilha determinadas convicções e propósitos. Os cientistas não apenas têm ideias acerca do seu objeto de pesquisa, mas também formulam, aceitam ou rejeitam ideias, utilizam instrumentos e julgam teorias, hipóteses ou dados como adequados, bem confirmados, confiáveis, duvidosos etc. 15 A ciência é, pois, uma atividade, e essa atividade estão institucionalizadas, ou seja, configura uma estrutura social permanente (à maneira como são instituições o Estado, a família ou a educação), à qual cabe uma função na manutenção da sociedade. Cabe lembrar que isso nem sempre foi assim: em outras épocas e culturas não houve uma instituição dedicada à produção sistemática desse tipo de conhecimento que denominamos científico, considerado desejável e até imprescindível. Em outros tempos, a produção desse conhecimento foi casual, ou praticada por poucos homens, ou não considerada relevante, ou até hostilizada. Na nossa sociedade ocorre o contrário: a ciência tem um lugar de destaque na cultura. Ela é considerada imprescindível, como forma de ampliar o saber confiável, como produtora de saber útil nas suas aplicações tecnológicas, como elemento precioso na educação. 16 História da Filosofia da Ciência Nossa disciplina é, conforme o critério utilizado, muito antiga ou relativamente novo. Ela é antiga, pois já os filósofos gregos a cultivaram, de algum modo, ao refletirem sobre o conhecimento humano. Constituem um exercício embrionário de filosofia da ciência, bem como de metafísica, as doutrinas de Pitágoras (sobre os números) e dos atomistas. No entanto, o primeiro precursor da filosofia da ciência foi Aristóteles, que, principalmente na sua obra Segundos Analíticos (uma das partes do Organon), se ocupou de caracterizar a epistême, o saber seguro, obtido metodicamente, à diferença da mera opinião (doxa). Para Aristóteles, uma autêntica epistême (palavra que podemos traduzir por ciência), consistia na obtenção de conclusões certas deduzidas de primeiros princípios auto evidentes como verdadeiros. Para Aristóteles, portanto, o conhecimento científico tinha o caráter de verdade necessário, uma noção de ciência que haveria de perdurar no Ocidente durante dois mil anos. De particular importância dentro do que podemos denominar a teoria aristotélica da ciência é a sua doutrina das quatro causas (material, formal, eficiente e final) imprescindíveis para a existência de qualquer coisa, outra noção que teve longa aceitação. Apesar dessa contribuição, não existia no sistema aristotélico uma disciplina denominada filosofia da ciência, o que se compreende porque, para ele e para a generalidade dos filósofos antigos e medievais, o que nós denominamos ciências (por exemplo, a física) fazia parte da filosofia, a ciência primeira e mais importante. Isso explica que, até o século XVIII, as pesquisas de física fossem chamadas de “filosofia natural”. A ocupação dos filósofos com o saber científico durante a Antiguidade e a Idade Média coincidiu assim com suas reflexões ou teses sobre o conhecimento, subordinadas a questões de ontologia e metafísica. Na Idade Média, estavam subordinadas também a questões teológicas. 17 O interesse filosófico pela ciência modificou-se grandemente quando do surgimento da ciência experimental moderna (séc. XVII), cujo modo de indagar a Natureza era diferente da maneira em que os filósofos procuravam compreendê-la. À medida que a prática da física e da astronomia, inicialmente, e da química e da biologia mais tarde, começou a produzir conhecimentos aceitos como verdadeiros e que se mostravam úteis (na mineração, na engenharia, na navegação, na guerra), o contraste entre filosofia e ciência instalou-se de um modo que perdura até hoje. À parte o mérito da utilidade (o saber filosófico tinha sido sempre entendido como contemplação desinteressada da realidade), o novo tipo de conhecimento impressionava os filósofos pelo consenso que produzia entre os pesquisadores e pelo acúmulo de informações confiáveis sobre o mundo que ia gerando. Tudo isso, à diferença da filosofia, ou melhor, dos diversos sistemas filosóficos em perpétuo conflito entre si. Esse conflito endêmico havia alimentado, desde a época dos gregos, posições céticas com relação ao conhecimento da Natureza (incluindo a natureza humana). Mas agora, isto é, no início do que denominamos Idade Moderna, um novo tipo de atividade gerava um conhecimento sobre o qual não parecia possível haver dúvidas. É verdade que a nova ciência foi sendo estimulada também por escritos de filósofos que criticavam a aparente esterilidade do saber cultivado nas Universidades, que se reduzia a conservar, repetir e comentar as obras de grandes mestres, a começar pelo próprio Aristóteles. Esses filósofos reivindicavam um novo tipo de saber, procurando fundamentá-lo teoricamente. As duas figuras principais e emblemáticas desse período são as de Francis Bacon e René Descartes (1596-1650). O primeiro escreveu, entre outros livros, o Novum Organon (novo instrumento do saber), em explícita oposição ao Organon de Artistóteles. Bacon pregava a necessidade de que o cientista se pusesse em guarda contra os pré-conceitos (“ídolos”, na sua terminologia) que impediam alcançar autêntico conhecimento dos fatos naturais, pré-conceitos esses que incluíam a excessiva reverência com relação aos autores famosos. 18 Bacon insistia também na importância de acompanhar as observações da Natureza com experimentos, ou seja, modificações sistemáticas dos fenômenos, que permitissem descobrir seu modo de produção. Já Descartes, em seu famoso Discurso do Método (de significativo subtítulo: “para bem conduzir a razão e encontrar a verdade nas ciências”), colocou as bases da atitude racionalista analítica da ciência moderna. Sem desdenhar a importância da observação, Descartes enfatizou a importância das matemáticas na ciência natural, uma importância reivindicada também (na teoria e na prática) pelo seu contemporâneo Galileu Galilei (1564-1642) ao afirmar que “o livro da Natureza está escrito em caracteres matemáticos”. Enquanto reflexão sobre o conhecimento humano, vista como prévia ao tratamento de todo assunto filosófico, surgiu com a Idade Moderna e constitui um dos seus fenômenos culturais característicos. Pois bem, pode considerar-se que as reflexões epistemológicas modernas, enquanto inspiradas pela emergência da ciência moderna, representam um segundo antecedente da disciplina que atualmente denominamos filosofia da ciência. De Descartes a Kant (séc. XVIII), os filósofos refletiram sobre a “ciência” (scientia, em latim), sobre um saber bem fundamentado em que queriam poder incluir a filosofia, ou mais precisamente a metafísica, o (desejado) conhecimento da realidade “em si mesma” e seus “primeiros princípios”. Essa tentativa, como vocês já estudaram, mostrou-se impossível, na medida em que Kant, ao explicar o sucesso das ciências empíricas pela razão de que as mesmas se limitam ao mundo “fenomênico” (isto é, à realidade tal como ela aparece condicionada pelas nossas estruturas “transcendentais”), mostrou que a tentativa da filosofia metafísica tradicional era inatingível. A Crítica da Razão Pura (complementada pela Crítica da Razão Prática no que tange ao âmbito da moral) equivaleu adeclarar que tão somente as pesquisas matemático-experimentais mereciam ser reconhecidas como “ciência”, como autêntico saber. Essa conclusão foi endossada (ainda que rejeitando os argumentos Figura 2 Auguste Comte 19 kantianos no que diz respeito a uma “subjetividade transcendental”) pelo Positivismo, sobretudo na sua formulação por Auguste Comte (1798-1857). Refiro-me também aqui a um assunto que vocês já estudaram, e devem lembrar que para Comte (conforme a sua pretensa “lei dos três estados” da evolução do conhecimento humano), a ciência empírica especializada, que renuncia à pretensão de um saber absoluto, totalizador e definitivo, dedicando- se estabelecer fatos e leis que permitam explicá-los e predizer a sua ocorrência, representava a forma madura, adulta, do saber humano. A ciência, substituindo a religião e a metafísica, devia guiar e fundamentar a organização da sociedade, cada vez melhor graças ao progresso científico, técnico e industrial. A filosofia de Comte (bem como a de outros positivistas como John Stuart Mill) constitui um terceiro momento significativo na evolução do que ainda não se denominava “filosofia da ciência”. É o momento de glorificação do saber científico, que não cessava de expandir-se (durante o século XIX, além do crescimento e diversificação interna das ciências naturais dá-se a constituição das ciências sociais tais como hoje as conhecemos: sociologia, história, antropologia, psicologia etc). Mesmo sem ter essa denominação, a filosofia de Comte é já filosofia da ciência (embora não apenas isso). Comte não apenas situa o saber científico na evolução social da humanidade, como se detém em identificar os traços desse saber: a renúncia a especular sobre entidades não observáveis, o controle da imaginação pela observação, a substituição da noção de causa pela de lei e, sobretudo, o caráter relativo e progressivo de toda explicação científica. Esses atributos davam razão, para Comte, da superioridade da ciência sobre o saber vulgar e a legitimidade com que devia tomar o lugar que ocupavam, ainda naquela época, as ilusões metafísicas e religiosas. Durante a segunda metade do século XIX e começo do século XX, fizeram contribuições isoladas à filosofia da ciência diversas cientistas e filósofos (de formação científica). Entre os primeiros podemos lembrar Claude Bernard (1813-1878), William Whewell (1794-1866) e Pierre Duhem (1861-1916). 20 Entre os filósofos, Ernst Mach (1838-1916) (que ocupou uma cátedra de epistemologia), Hans Vaihinger (1852-1933) e Alfred North Whitehead (1861- 1947). A profissionalização da filosofia da ciência começou, no entanto, pelos esforços dos filósofos do “Círculo de Viena” (Rudolf Carnap, Otto Neurath, Moritz Schlick etc), sustentadores da posição filosófica conhecida como empirismo lógico ou neopositivismo, que já lhes foi apresentada na disciplina de epistemologia. Os empiristas lógicos tinham por objetivo substituir a filosofia tradicional, de cunho metafísico, por uma nova concepção da filosofia, entendida como a atividade de analisar a linguagem científica tendo como ferramenta de análise a nova lógica matemática. Por isso, no coração da filosofia da ciência estavam para eles os problemas do significado das expressões linguísticas e da verificação das teorias (problemas que retomaremos no capítulo II). Esta maneira de filosofar, denominada “filosofia analítica”, tornou- se dominante nesta disciplina e típica da filosofia da ciência em língua inglesa. Para isso contribuiu a dispersão dos pensadores do Círculo de Viena, vários dos quais eram judeus, quando da ascensão do Nazismo. Eles emigraram para Inglaterra, Escandinávia e os Estados Unidos. Os empiristas lógicos e os filósofos da ciência por eles influenciados (como Carl Hempel e Ernst Nagel) cultivaram uma filosofia da ciência de caráter marcadamente lógico, independente de questões históricas e psicológicas. Ou seja, para eles o filósofo não se devia ocupar da evolução histórica da ciência ou com as circunstâncias sociais em que surgiram as teorias. Tampouco era assunto filosófico a maneira de pensar ou as crenças, motivações e atitudes dos cientistas produtores do conhecimento científico. Aos empiristas lógicos está associada por isso a noção de que a filosofia da ciência se propõe a reconstruir 21 a lógica da ciência (mediante a análise das expressões em que se formula o conhecimento científico). Cabe mencionar que na França a filosofia da ciência teve um caráter diferente, mais ligado à consideração da história e da prática efetiva dos cientistas. O principal representante desta maneira de filosofar foi Gaston Bachelard (1884-1962). Simultaneamente aos esforços do Círculo de Viena foram surgindo as ideias de outro pensador austríaco, também ele emigrado da sua pátria por algum tempo: Karl Popper (1902-1994). Este autor, ainda que em diálogo com os empiristas lógicos, criticava diversas teses dos mesmos, principalmente a convicção daqueles filósofos de que a ciência nada tinha a ver com a metafísica e que a filosofia da ciência consistia na análise da linguagem científica. Para Popper, a nossa disciplina tinha por missão identificar a lógica da pesquisa (esta expressão corresponde ao título da obra mais importante de Popper), concebendo a produção do conhecimento como um processo evolutivo movido pela interação das teorias propostas para explicar os eventos e o teste das mesmas, que pode resultar na sua rejeição – “Conjecturas e refutações” (o título de outro dos seus livros): eis a mola propulsora do “jogo” da ciência, segundo Popper. As teorias científicas, por sua vez, ainda que diferentes das doutrinas metafísicas (conforme veremos melhor no capítulo IV) incluíam para Popper suposições metafísicas e/ou derivavam de doutrinas metafísicas. Dessa maneira, a filosofia da ciência, tal como praticada por Popper e seus seguidores (os que se autodenominaram “racionalistas críticos”), tornou-se uma disciplina mais abrangente da complexidade da ciência, extrapolando a pura análise da linguagem científica. No entanto, Popper manteve a distinção entre a filosofia da ciência e outras disciplinas que tem por objeto a atividade científica: história, psicologia e sociologia da ciência. Isso fez com que, apesar das diferenças, o empirismo lógico e o racionalismo crítico compartilhassem a convicção de que a filosofia da ciência se ocupa exclusivamente com o “contexto de validação” (ou de “justificação”) das teorias, e não com o “contexto de descoberta”. Figura 3 Gaston Bachelard 22 Definição: Sociologia Todos os dias as pessoas, em qualquer parte do mundo, realizam atos bastante simples, necessários à vida: consomem alimentos, cultivam a terra, vão e voltam do trabalho, levam os filhos à escola, conversam com os amigos, fazem exercícios físicos, enfrenta o trânsito caótico das metrópoles, a vida calma das pequenas cidades. São atos tão rotineiros que na maioria das vezes são executados de forma mecânica, como se não tivessem consciência de que os estão realizando. Por um momento apenas vamos nos colocar como observadores de tais cenas cotidianas. Pode ser que a nossa reação fosse de simples registro das pessoas e dos seus atos. Assim, não perceberíamos nada de diferente no mundo dos homens. Pode ser, contudo, que por alguma razão nos motivássemos a ir além da percepção mais imediata das pessoas e dos seus atos. Por exemplo, perceber 23 que embora os atos realizados sejam semelhantes – ir ao trabalho – as pessoas que os realizam são diferentes; ou, ao contrário, que pessoas semelhantes realizam trabalhos diferentes. A partirdessa questão inicial pode-se ir além: perguntar o que faz as pessoas serem diferentes ou porque existem trabalhos diferentes. Mais ainda: – As pessoas vão para o trabalho utilizando-se de transporte coletivo ou individual; – Elas estão vestidas de terno e gravata ou um simples macacão. – Se uma pessoa vai ao trabalho de automóvel e usa terno e gravata pode ter alguma ideia da sua renda e assim relacionar o tipo de escola que os seus filhos frequentam, diferentemente da pessoa que veste um macacão e se utiliza de transporte coletivo. A segunda postura, que vai além do simples registro dos atos observados, indica uma forma de pensar que pode ser identificada como sociológica. Pensar sociologicamente significa olhar os fatos humanos considerando as relações que eles mantêm entre si. Essas relações não são visíveis a um simples olhar; elas só podem ser vistas por meio de um olhar conduzido por regras determinadas. Desenvolve-se mais um exemplo: o ato de comer um pedaço de pão. Pode ser um ato simples de uma pessoa que precisa saciar a fome. Se avançarmos, porém, na busca das relações envolvidas nesse ato, a conclusão será surpreendente. A primeira questão para construir a relação da pessoa com a coisa (pão) pode ser colocada pela pergunta sobre quem é a pessoa? A resposta pode ser: trabalhador, empresário, cristão, muçulmano, universitário, analfabeto, entre outras. As pessoas são diferentes pelo lugar que ocupam no processo de trabalho, pela identidade (visão de mundo), pelo grau de educação, etc. Se o pão é um produto do trabalho humano, podemos perguntar como ocorre a sua produção: é um processo artesanal ou industrial? No primeiro caso pode ser feito por um trabalhador autônomo; no segundo, por um trabalhador assalariado de um empresário capitalista. 24 A matéria-prima – a farinha – é produzida em pequenos moinhos, pelas cooperativas ou por grandes empresas capitalistas globalizadas? E o trigo ou o milho? Qual o processo técnico adotado? Ele produz destruição do meio ambiente? As tecnologias empregadas na produção envolvem relações entre países? Em que período histórico elas ocorrem: na era do globalíssimo? Há outras possibilidades, no entanto: se o ato de comer um pedaço de pão tem um sentido simbólico (um ato religioso, por exemplo). Atualmente muitos sociólogos insistem em que devemos considerar a identidade como categoria fundamental para explicarmos os comportamentos humanos. Uma análise mais cuidadosa, contudo, evidencia que a Sociologia nunca negligenciou esse aspecto. A diferença é que hoje, em razão da revolução informacional e da globalização, a identidade gerada tanto pelo trabalho quanto pela Nação, por exemplo, estão sofrendo um processo profundo de desconstrução. A busca de uma identidade é um objetivo fundamental dos seres humanos no momento atual. Enfim, podemos a partir de um ato simples estabelecer o conjunto de relações sociais que estão contidas na pessoa e no pão. Como se pode depreender do exemplo, as relações econômicas, políticas e ideológicas de uma determinada época histórica estão contidas em todos os atos humanos. Esta é a primeira manifestação da natureza do pensamento sociológico: a perspectiva da totalidade. As ações humanas não têm condições de existir isoladamente. Sempre que alguém realiza uma ação ela repercute sobre outros. Se ela aparentemente se dirige para apanhar uma fruta silvestre, por exemplo, este ato está carregado de um significado universal na medida em que incorporam de alguma forma, práticas humanas anteriores. Uma ação individual não existe fora da sociedade ou, dito de outra forma, a sociedade existe em cada ação singular. A reflexão feita até agora nos permite expor outra característica da Sociologia: a existência da sociedade. A criação da Sociologia deu visibilidade à dimensão social da condição humana, portanto permitiu compreender o homem como ser social. O homem existe como ser social e não como um indivíduo que existe em si e para si. As implicações deste fato são óbvias: os atos de cada indivíduo singular repercutem 25 nos demais indivíduos, cada ação realizada por um indivíduo implica em sua responsabilidade social por aquilo que foi feito. A sociedade se torna, assim, o palco fundamental das ações humanas. A Sociologia possibilita a compreensão das ações humanas como ações sociais, bem como as interações entre as diferentes ações humanas. Uma mesma pessoa pode agir como ser-que-trabalha (que faz o pão do nosso exemplo), como um ser-cidadão (membro de uma comunidade política), como um ser-que-produz-ideias (membro da comunidade científica, por exemplo). Podemos fazer a seguinte pergunta: essas dimensões têm a mesma importância na constituição do ser social ou há dimensões condicionantes das demais? O desenvolvimento da Sociologia demonstrou que essa pergunta comporta diferentes respostas, que determinaram a formação de diferentes teorias sociológicas. Antes de aprofundarmos a problemática das teorias sociológicas cabe ainda a explicitação do papel mais profundo da Sociologia: o autoconhecimento (ou autoconsciência) da sociedade. A criação da Sociologia, ao mesmo tempo em que permitiu afirmar o caráter social da condição humana, constituiu-se como um conhecimento da sociedade que incide sobre ela, exercendo uma ação decisiva na reprodução da sociedade, no sentido da conservação ou da transformação das relações sociais vigentes. Obviamente, antes da criação da Sociologia havia outras formas de pensamento social, como é o caso do contratualíssimo. A diferença fundamental é que o contratualíssimo parte do homem como ser natural (o animal racional) que pode estabelecer um pacto (contrato) entre todos, criando assim a sociedade civil ou sociedade política, enquanto para a Sociologia, como vimos anteriormente, o ser natural já é um ser social, portanto a sociedade existe independentemente do contrato. Também a Sociologia é um ato social porque os conceitos elaborados não serão conhecidos e empregados apenas pelo sociólogo. O grande sociólogo brasileiro Florestan Fernandes denominou esse fenômeno de “a natureza sociológica da Sociologia”. Esses conceitos serão de alguma forma, disseminados para o conjunto da sociedade, tendo mais ou menos influência social. Mais adiante vamos nos referir aos autores que 26 fundaram a Sociologia e por isso os denominamos de “clássicos”. Muitos outros, no entanto, escreveram sobre a sociedade, elaborando ideias até mesmo originais, mas que não foram apropriadas pela sociedade como as ideias dos “clássicos”. Poderíamos formular a seguinte hipótese: além da profundidade da análise social feita apelos “clássicos”, ela foi apropriada pelas classes fundamentais da sociedade porque sistematizava os interesses das classes de forma mais coerente. O Pensamento de Maquiavel e a Ciência Moderna A Ciência moderna começa a se constituir efetivamente a partir das reflexões feitas por Maquiavel (1469-1527) sobre o Estado e a política. As lições elaboradas por Maquiavel em O príncipe (1513) e nos Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio (escritos entre 1513 e 1519) estabelecem uma nova maneira de produzir o conhecimento. Maquiavel abandona a ideia de estabelecer as coisas como elas deveriam ser, para analisar as coisas como elas são. Afirma ele (1998): Sendo meu intento escrever algo útil para quem me ler, parece-me mais conveniente procurar a verdade efetiva da coisa do que uma imaginação sobre ela. Muitos imaginaram repúblicas e principados que jamais foram vistos e que nem se soube se existiram de verdade, porque há tamanha distância entre como se vive e como se deveria viver, que aquele que trocar o que se faz por aquilo que se deveria fazer aprendeantes sua ruína do que sua preservação. Esta afirmação é confirmada pelo conteúdo dos dois livros citados. Na verdade Maquiavel, mediante a observação, estabelece princípios sobre o homem e a natureza do Estado, bem como das ações que levaram certos “príncipes” a serem vitoriosos e outros derrotados. O fato de os homens serem “ingratos, volúveis, simulados e dissimulados, fogem dos perigos, são ávidos de ganhar” determina a necessidade do Estado, como instituição capaz de estabelecer alguma ordem entre os homens, que obviamente se transformará em desordem, considerando as características imutáveis dos homens. Também justifica a necessidade do Estado o fato de existirem duas forças em confronto 27 nas sociedades: “o povo não quer ser comandado nem oprimido pelos grandes, enquanto os grandes desejam comandar e oprimir o povo” (1998). A observação detalhada das ações dos grandes homens (governantes, chefes militares) e da sua própria, como dirigente da República de Florença, lhe permite construir um conjunto de regras necessárias para a conquista e manutenção do poder político. Por exemplo, uma regra fundamental para o bom governante é considerar que é mais adequado ser temido do que ser amado, posto que a condição preferível – uma combinação das duas – é muito difícil de ser alcançada. O temor coloca a questão do uso da crueldade; o governante bem- sucedido não deve ter o escrúpulo de empreender ações cruéis se elas forem necessárias para manter o poder do Estado. Deve, no entanto, proceder de forma adequada, “quando houver justificativa conveniente e causa manifesta”, evitando sempre “atentar contra os bens dos outros”. A violência é, portanto, intrínseca ao governante e ao Estado. Maquiavel emprega duas categorias analíticas para a compreensão das ações políticas: virtú e fortuna. Considerando que muitos defendem que as ações humanas são governadas pela fortuna e por Deus, Maquiavel posiciona-se da seguinte maneira: “já que o nosso livre-arbítrio não desapareceu, julgo possível ser verdade que a fortuna seja árbitro de metade de nossas ações, mas que também deixe ao nosso governo a outra metade, ou quase” (1998). A fortuna pode ser traduzida como sorte ou, mais precisamente, como a indeterminação, o acaso. A virtú representa a ação determinada ou o conhecimento da situação. Se fôssemos inteiramente governados pela deusa fortuna pouco teria a fazer; como somos apenas em parte governados pela fortuna, podemos, por meio da virtú, dominá-la. Maquiavel cita o exemplo dos rios caudalosos, que durante as enchentes arrasam tudo o que está próximo. Quando volta a calmaria nada impede que os homens construam diques para controlar a fúria das águas na próxima enchente. O que isso significa? É a efetiva presença da virtú, ou seja, da capacidade dos homens observarem um fenômeno natural e inventarem estruturas de proteção. 28 Assim, a fortuna é controlada pela virtú; os homens conquistam sua liberdade. A política é uma atividade humana, desvinculada dos deuses e da ética; ela é governada pela capacidade dos homens em conhecer e transformar o mundo. O governante vitorioso é aquele que é capaz de desenvolver a virtú, transformando-se num verdadeiro sujeito do conhecimento e da política. Ele precisa conhecer as diferentes forças sociais, a capacidade das mesmas em mobilizar recursos para a disputa pelo poder, as estratégias políticas tradicionais e novas e, principalmente, conhecer a si próprio, as suas próprias forças. Na modernidade, o governante é o partido político, que tem um plano de ação administrativa (programa de governo), capaz de expressar os interesses da maioria da população, de tal modo que ela o assume como seu (hegemonia). O método de investigação adotado por Maquiavel o coloca como um dos precursores da Sociologia. Gérald Namer identifica-o como o fundador da Sociologia do conhecimento. É claro que as perspectivas são diferentes: o governante, o povo e, contemporaneamente, o sociólogo. O próprio Maquiavel adverte para esse problema: “para conhecer bem a natureza dos povos, é preciso ser príncipe, e, para conhecer a natureza dos príncipes, é preciso ser povo” (1998). Como há sempre uma oposição na sociedade, os conhecimentos são relativos e respondem aos interesses concretos do povo ou do príncipe. Além disso, há uma dimensão fundamental a ser observado pelo príncipe, que sobrepõe o parecer ser ao ser. Essa falta de transparência se manifesta, por exemplo, em relação à palavra empenhada para o povo. Como ninguém é absolutamente bom, novas circunstâncias podem obrigar o príncipe a mudar de posição. É nesse momento que deve aparecer uma habilidade inerente ao príncipe: saber disfarçar, ser um grande simulador e dissimulador. Por isso, não é necessário que o príncipe efetivamente tenha as qualidades que ele afirma ter, como a integridade, a humanidade, a piedade, a fé, a bondade, a convicção democrática, etc., “mas é indispensável parecer tê-las”. Por isso, precisa “não se afastar do bem, mas entrar no mal, se necessário” (1998). Há duas verdades: a do príncipe e a do povo. 29 Poderíamos julgar, apressadamente, que este é o pior dos mundos, na medida em que ele nos impede de chegar a um conhecimento universal ou ao mundo do “bem absoluto”. Lembremo-nos, porém, de que o príncipe (ou o Estado) é necessário para instaurar a ordem no mundo dilacerado pelos egoísmos e os conflitos inerentes ao homem. Maquiavel sentencia: Como não há tribunal onde reclamar das ações de todos os homens, e principalmente dos príncipes, o que conta por fim são os resultados. Cuide pois o príncipe de vencer e manter o estado: os meios serão sempre julgados honrosos e louvados por todos, porque o vulgo está sempre voltado para as aparências e para o resultado das coisas (1998). Há várias passagens, no entanto, em que ele afirma o papel decisivo do povo na política. O povo aparece como o ator decisivo para a preservação da liberdade e da República (“a desunião entre o povo e o Senado de Roma foi a causa da grandeza e da liberdade da República”). Também quando afirma que um príncipe deve “valorizar os grandes”, ele não se descuida quanto ao papel do povo, pois o príncipe não pode “se fazer odiar pelo povo”. Talvez seja inútil o esforço intelectual no sentido de encontrar a verdadeira perspectiva teórica de Maquiavel. As suas lições indicam a relatividade das posições políticas. As teses de que os fins justificam os meios e da violência como instrumento do Estado transformaram Maquiavel no grande demônio da política, num símbolo do mal. A obra de Maquiavel sobreviveu, sendo incorporada definitivamente na formação do pensamento ocidental. Uma obra nunca produz unanimidade de pensamento, por isso ela só pode se destacar pela sua capacidade de despertar o pensamento crítico. É assim que se desenvolve o pensamento de Maquiavel. A equação política maquiavelizada não tem solução. Mesmo que o povo se torne príncipe ele terá de oprimir aqueles que foram seus opressores. A modernidade engendrou novas equações políticas e novas soluções, como o Estado 30 democrático de direito, que tem oscilado entre uma forma liberal e outra social, e o socialismo. O Concílio de Trento encerra o movimento renascentista italiano. O Confronto entre Racionalismo e Empirismo A história da Ciência terá ainda novos confrontos importantes. A imagem do mundo construída de Copérnico a Newton abre novos confrontos, apesar da condenação de Galileu pela Igreja. Dois movimentos importantes vão se constituir: um deles vai colocar a necessidade de submeter a experiência ao domínio da razão – o racionalismo cartesiano; o outro vai afirmar a experiência como fundamento elimite do conhecimento – o empirismo. Descartes publicou, em 1637, uma obra que se tornou clássica no pensamento ocidental: o Discurso do Método – para conduzir bem sua razão e procurar a verdade nas ciências. A questão que ele analisa refere-se à validade dos conhecimentos científicos. Por isso, a problemática do método como condição para buscar a verdade adquire um lugar central na reflexão cartesiana. Os conhecimentos adequados devem ser “úteis à vida”, considerando a perspectiva de os homens tornarem-se “como que senhores e possuidores da natureza”. Descartes para estabelecer um método que é o próprio processo de produção do conhecimento. Inspirado na Matemática, ele estabelece quatro regras para conduzir a res cogitans no seu propósito de conhecer. Na verdade, trata-se de suspender ou pôr em dúvida todos os conhecimentos existentes. São elas: Jamais aceitar alguma coisa como verdadeira que não soubesse ser evidentemente como tal, isto é, de evitar cuidadosamente a precipitação e a prevenção; dividir cada uma das dificuldades em tantas partes quantas possíveis; conduzir por ordem meus pensamentos, a começar pelos objetos mais simples e mais fáceis de serem conhecidos, para galgar, pouco a pouco, como que por graus, até o conhecimento dos mais complexos; fazer em toda a parte enumerações tão completas e revisões tão gerais que eu tivesse a certeza de nada ter omitido (Descartes, 1989). Além disso, Descartes estabeleceu uma “moral provisória”, que define o contexto em que o pensamento deve operar. Essa questão é importante, pois 31 ela estabelece os limites políticos do conhecimento. Nem tudo o que existe será negado. São as seguintes as regras morais: Obedecer às leis e aos costumes de meu país, tendo presente constantemente a religião; ser eu o mais firme e o mais resoluto possível em minhas ações; procurar sempre vencer a mim próprio do que ao destino, e de modificar mais os meus desejos do que a ordem do mundo; aplicar toda a minha vida em cultivar a razão, avançando, o mais que pudesse, no conhecimento da verdade, segundo o método que me prescrevera (Descartes, 1989). Definidas as regras do método e a moral provisória, Descarte começa as suas “meditações”. O método adotado implica rejeitar tudo aquilo que é incerto. Os sentidos podem nos levar a enganos, ilusões, de modo que nada indica que uma coisa realmente exista. Mesmo os raciocínios matemáticos podem nos levar a erros. Se a existência de qualquer corpo ou pensamento pode ser posta em dúvida, então o que pode ser considerado verdadeiro? Descartes responde: Concluí que, enquanto eu queria pensar que tudo era falso, cumpria necessariamente que eu, que pensava, fosse alguma coisa. E, notando que esta verdade “penso, logo existo” era tão firme e segura que as mais extravagantes suposições dos céticos não seriam capazes de abalá-la, julguei que podia aceitá-la sem escrúpulo como o primeiro princípio da Filosofia que procurava. 32 Bibliografia Binmore, K. (2007), Does game theory work? The bargaining challenge. Cambridge, mit Press. Bowles, S. (2006), Microeconomics: behavior, institutions, and evolution. Princeton, Princeton University Press. Cartwright, N. (1983), How the laws of physics lie. Oxford, Oxford University Press. Day, T. & Kincaid, H. (1994), “Putting inference to the best explanation in its place”. Synthese, Demeulenaere, P. (2013), Analytical narratives and social mechanisms. Cambridge, Cambridge University Press. Doris, J. (2002), Lack of character. Cambridge, Cambridge University Press. Elster, J. 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