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Resenha Marxismo Ocidental - Teoria Critica - Camilly e Maiara

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RESENHA1
MERQUIOR, José Guilherme (1987) O Marxismo Ocidental. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira.
Camilly Sara Vasconcelos de Barros Dias2
Maiara Gomes Ferreira3
O Marxismo Ocidental de José Guilherme Merquior (1941 – 1991), teve sua primeira
edição publicada em Londres sob o título de Western Marxism, em 1986. Escrito em 1984 e
divulgado dois anos depois, a obra reflete o resultado de discussões com diversos nomes
internacionais importantes sobre a temática do marxismo ocidental, como o francês Raymond
Aron e o historiador polonês Leszek Kolakowski. O propósito dessa resenha é evidenciar o
momento inicial da escola de Frankfurt tratada pela visão de Merquior, crítico literário,
ensaísta, diplomata, sociólogo e cientista político brasileiro. A obra se divide em quatro
partes, porém neste trabalho o foco se direciona para o terceiro capítulo, nomeado “O
pós-guerra”.
A intitulada “Teoria Crítica" surge em 1924, com a formação do Institut Für
Sozialforschung (Instituto de Pesquisas Sociais) e da escola de Frankfurt. Em um período
histórico marcado pelo nazismo, stalinismo e pela II Guerra, a teoria crítica traz em suas
investigações uma grande quantidade de dados e elementos a serem analisados. Os principais
representantes da primeira geração da Escola de Frankfurt foram os intelectuais Walter
Benjamin, Theodor Adorno e Max Horkheimer, que tinham por referência o Marxismo e seu
método4. Apesar de fazer parte da escola de Frankfurt, no geral, os integrantes não seguiam o
mesmo ponto de vista, por não estarem nas mesmas áreas de conhecimento.
4 “O modelo da crítica economia política (é justamente esse o subtítulo da obra máxima de Marx, O Capital).”
(NOBRE, 20018: 10)
3 E-mail institucional: maiara.ferreira@ufpe.br
2 E-mail institucional: camilly.vasconcelos@ufpe.br
1 Docente Cynthia Hamlin de Teoria Sociológica 2. Código da turma: CS 653.
mailto:maiara.ferreira@ufpe.br
mailto:camilly.vasconcelos@ufpe.br
Sob um prisma geral, afirma-se que a teoria crítica está fundamentada em uma
interpretação materialista com uma abordagem interdisciplinar, e isso se dá pelo fato de Max
Horkheimer ter traçado um novo programa de investigação e funcionamento no instituto, o
que foi uma grande inovação para a época pois deu sentido positivo as especializações das
ciências humanas e, segundo o filósofo Marcos Nobre (2008: 12):
Isto foi feito de modo a, de um lado, valorizar a especialização em seus aspectos
positivos e, de outro, garantir certas unidades para os resultados das pesquisas de
cada um desses ramos do conhecimento. E essa unidade era dada justamente pela
referência à obra de Marx.
Essa nova experiência ficou conhecida como “materialismo interdisciplinar”, que
consiste em manter a tradição Marxista viva e que Max Horkheimer tem total predomínio
intelectual, o que deu, também, o primeiro sentido de “teoria crítica” teorizada por
Horkheimer.
Para os sujeitos do comportamento crítico, o caráter discrepante do todo social, em
sua figura atual, passa a ser contradição consciente. Ao reconhecer o modo de
economia vigente e o todo cultural nele baseado como produto do trabalho humano,
e como a organização de que a humanidade impôs a si na mesma época atual,
aqueles sujeitos que se identificam, eles mesmos, com esse todo e o compreendem
como vontade e razão: ele é o seu próprio mundo. 5
Em seu artigo “Teoria Tradicional e Teoria Crítica”, Horkheimer define e
contextualiza o conceito de teoria, conectando a teoria tradicional as ciências naturais, como
física e matemática, e dizendo que as outras ciências – do homem e da sociedade – tem
procurado seguir o mesmo modelo sistemático dedutivo que as ciências naturais possuem.
Horkheimer entende isso como problemático, criticando o caráter plenamente descritivo, e
considera a teoria crítica o comportamento crítico do indivíduo em relação ao que observa.
Esse comportamento crítico dos teóricos orienta os integrantes da escola de Frankfurt, que se
localizam no contexto histórico para observar a realidade.
Posto isto, cabe pontuar a relação que a escola de Frankfurt tem com a teoria crítica.
Para os Frankfurtianos, a dialética era o cerne da linguagem, porém, para entender tais
pontos, faz-se necessário uma análise do pensamento crítico que autores como Horkheimer,
Adorno e Marcuse procuraram desenvolver. Para eles, mais especificamente para Horkheimer,
a teoria crítica teria a função de compreender um fenômeno ou uma conexão de fenômenos,
5 HORKHEIMER, 1983: 136
assim o pensamento crítico, segundo Merquior “Embora não tivesse a oferecer qualquer
imagem positiva de uma sociedade redimida, aferraram-se a ideia de que o mundo tal como
está é algo radicalmente necessitado de redenção" (1997: 158).
Nesse sentido, “A filosofia como ‘teoria crítica’ encontrou seu alvo: visava destruir o
conceito de progresso” (1987: 161), nota-se, que os Frankfurtianos eram menos otimistas nas
suas expectativas e acabaram articulando o potencial revolucionário do proletariado para
criticar o pensamento burguês, de acordo com Merquior. Além disso, outro ponto central da
teoria crítica era alinhar suas teses contra o capitalismo, pois continham uma interferência
pessimista sobre o curso da história. Evidentemente, esse alinhamento influencia a produção
acadêmica e, mesmo quando a crítica ao capitalismo não faz parte do ponto central da
produção, ela fica presente em um dos problemas apresentados. Por exemplo, na publicação
de 1946 “Propaganda fascista e anti-semitismo" de Theodor Adorno6, o artigo tem em foco o
cunho psicológico da natureza fascista e anti-semita das propagandas. Entretanto, em
determinado trecho, relaciona o formato de propagandas dos Estados Unidos da América,
especificamente costa oeste, que apresenta o “comunista”7 e cria uma imagem sem relação de
fato com a realidade, apontando-o como o vilão para a sociedade capitalista americana.
Ademais, os pensadores e teóricos frankfurtianos se valeram do tema weberiano de raciocínio
para interpretar o fator de dominação do homem sobre o homem. Entretanto, para eles, a
racionalidade presidira ao crescimento da divisão do trabalho.
Para tentar entender as formas do capitalismo, precisou-se estudar o arranjo social
intitulado de “bem-estar social”8 e suas novas formas de produção cultural, de arte e das
novas configurações de controle social. Apesar desses serem os principais temas voltados para
produção na escola de Frankfurt, nota-se que se centram na ideia de uma teoria crítica, assim,
pode-se dizer que a intitulada Escola de Frankfurt representa uma intervenção
político-intelectual.
No que tange ao termo “Escola de Frankfurt”, observa-se que há uma rejeição, dado
que que passa a ideia de que todos os autores partilhavam de uma doutrina comum, mas muito
pelo contrário, pontuou o filósofo Nobre (2008: 13) em sua obra “A Teoria Crítica”. Sobre o
tema ele diz:
8 Se caracteriza pela intervenção do Estado na vida social e econômica.
7 “1. A propaganda fascista não ataca oponentes reais mas [....]. Isto é, constrói uma imagem do judeu, do
comunista, para depois parti-la em pedaços, sem cuidar muito da maneira como essa imagem se relaciona com a
realidade.”
6https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/208/o/Theodor_Adorno_-_Propaganda_fascista_e_anti-semitismo___1946
__.htm?1349568169
O desenvolvimento da teoria crítica mostra que havia acirradas divergências entre os
colaboradores do Instituto, não só porque a própria obra de Marx se presta a
interpretações divergentes, mas também pelo fato de que as maneiras de se utilizar
de Marx para compreender o tempo são diversas.
Desse modo, constata-se que não há critérios que tenham se mostrado eficazes, pois há
enormes divergências de diagnósticos entre os colaboradores já citados, assim, infere-se que a
intitulada escola de Frankfurt se entrelaça com a teoria crítica porque “Demarca um campo
teórico e estimula a pluralidade de modelos teóricos em seu interior” (NOBRE, 2008: 16) e
nesse sentido, a escola de Frankfurtdiz respeito a um determinado momento e a uma
determinada relação com a teoria crítica.
Em contrapartida, o cientista político Merquior (1987: 163) pontua “Na verdade, o
caráter nada sociológico das suas noções ultra genéricas e holísticas sobre dominação
tecnológica manteve os frankfurtianos presos a um fútil exorcismo de supostas tonalidades
maléficas”. Para ele, essa demonização e depreciação da cultura de massa ajudou a autorizar
as democracias liberais na mesma categoria das tiranias fascistas de 1945. Horkheimer (1983:
150) diz que “Do mesmo grupo que, exercendo o poder sobre os meios de produção, mantém
à força o núcleo da ordem social dominante, partem os ensinamentos políticos de que a
propriedade improdutiva e a renda parasitária teria que desaparecer”, portanto reforça a visão
negativa das produções de massa, pois estão sobre o controle de poderosos que influenciam
uma ideologia a favor dos interesses da classe dominante.
Diante disso, Merquior sinala que a “Deusa Práxis” se tornou terrivelmente
preguiçosa, mas, para Horkheimer, a práxis ainda consistia em “um momento de prática
correta”9. Em sua evolução, Horkheimer exibe características da escola de Frankfurt que será
desenvolvida, junto ao seu método, na obra de Theodor Adorno, intitulado por Merquior
como “O virtuoso da dialética obstrusa como língua de redenção frutada” (1987: 164).
Decorrente da análise da obra de Merquior, entende-se o que constitui a teoria crítica,
um modelo que pretende compreender a realidade e, além disso, busca fazer uma
reinterpretação do Marxismo e da sociologia política do século XX. O autor assume uma
posição crítica do Marxismo Ocidental e da formação da escola de Frankfurt, com escrita fácil
e conseguindo abordar pontos essenciais para o entendimento desse momento de formação de
conceitos como, racionalidade, dialética e pensamento crítico, que fazem parte substancial da
análise em sua obra.
9 MERQUIOR, 1987: 164
Bibliografia
ADORNO, Theodor (1946) Propaganda fascista e anti-semitismo. Publicado originalmente
em Ernts Simmel (org.), Anti-semitism: A social disease. Madison: International University
Press, 1946. Reproduzido em Gesammelte Schriften Vol. 9, T. I [Soziologische Schriften]
Frankfurt: Surhkamp Verlag, 1975, p. 397-407. Traduzido por Francisco Rüdiger. Disponível
em:
<https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/208/o/Theodor_Adorno_-_Propaganda_fascista_e_anti-
semitismo___1946__.htm?1349568169>. Acesso em: 12 dez. 2021.
HORKHEIMER, Max (1983). “Teoria Tradicional e Teoria Crítica”. In: Benjamin,
Habermas, Horkheimer e Adorno: Textos Escolhidos. Coleção Os Pensadores. São Paulo:
Abril Cultural.
MERQUIOR, José Guilherme (1987) O Marxismo Ocidental. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira.
NOBRE, Marcos (2008). A Teoria Crítica. Rio de Janeiro: Zahar.
https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/208/o/Theodor_Adorno_-_Propaganda_fascista_e_anti-semitismo___1946__.htm?1349568169
https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/208/o/Theodor_Adorno_-_Propaganda_fascista_e_anti-semitismo___1946__.htm?1349568169

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