Buscar

Aspectos culturais de língua espanhola

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 181 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 181 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 181 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

2018
Aspectos culturAis dA 
línguA espAnholA
Prof. Carlos Rodrigo de Oliveira
Copyright © UNIASSELVI 2018
Elaboração:
Prof. Carlos Rodrigo de Oliveira
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
O48a
 Oliveira, Carlos Rodrigo de
 Aspectos culturais da língua espanhola / Carlos Rodrigo de 
Oliveira. – Indaial: UNIASSELVI, 2018.
 173 p.; il.
 ISBN 978-85-515-0160-3
1.Língua espanhola – Brasil. I. Oliveira, Carlos Rodrigo de 
II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
CDD 468.2469
Impresso por:
III
ApresentAção
Aprender uma nova língua também inclui conhecer uma série de 
significados e códigos culturais que fazem parte da realidade social em que 
essa língua se insere. Formar frases e pronunciá-las não basta para dominá-
la; é preciso saber analisar, refletir e contextualizar histórica e culturalmente 
nossos enunciados, os quais são atravessados por singularidades e visões de 
mundo diversas.
A disciplina de Aspectos Culturais da Língua Espanhola tem um 
importante papel nesse sentido, pois através dela você poderá compreender 
esse movimento social da língua, bem como relacioná-lo ao conceito de 
cultura, aplicando ambos conceitos (língua e cultura) ao ensino de espanhol 
à luz da contemporaneidade. Além disso, esta é uma disciplina reflexiva, com 
temas pertinentes à realidade da diversidade escolar, linguística e cultural. 
Os conteúdos apresentados nas unidades desenvolvem-se, principalmente, 
em torno de teorias antropológicas e sociológicas, que têm sido aprofundadas 
pela Linguística Aplicada dentro de seus propósitos interdisciplinares.
 
Este conteúdo está dividido em três unidades: a primeira trata de 
conceitos como cultura e identidade e os discute historicamente e sob a 
perspectiva da pós-modernidade; a segunda unidade abrange estudos 
sobre interculturalidade, multiculturalismo e hibridação cultural, muito 
pertinentes ao ensino de espanhol, uma língua caracterizada por sua 
variedade linguística e cultural; e a terceira e última unidade aborda a língua 
como prática social e sua relação com a cultura, seguido pelos estereótipos 
e os estigmas, finalizando com uma contextualização do tema das unidades 
com a prática pedagógica. 
A cada tópico deste livro de estudos, você será desafiado a analisar 
conceitos e dialogar sobre eles, para isso, use seus conhecimentos prévios 
e percepções, contribuindo com perspectivas semelhantes ou diferentes às 
apresentadas. 
Esperamos que aproveite ao máximo esse momento de aprendizagem, 
e que os conhecimentos trazidos ajudem na transformação de sua prática em 
sala de aula.
Um abraço,
Professor Carlos.
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto 
para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos 
materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais 
os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais 
que possuem o código QR Code, que é um código 
que permite que você acesse um conteúdo interativo 
relacionado ao tema que você está estudando. Para 
utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos 
e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar 
mais essa facilidade para aprimorar seus estudos!
UNI
V
VI
VII
UNIDADE 1 – APROFUNDANDO AS NOÇÕES DE CULTURA E IDENTIDADE ................. 1
TÓPICO 1 – O PERCURSO HISTÓRICO DO CONCEITO DE CULTURA ................................ 3
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3
2 CULTURA: UM CONCEITO HISTORICAMENTE EM TRANSFORMAÇÃO ....................... 3
3 CULTURA HOJE ................................................................................................................................... 7
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 14
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 15
TÓPICO 2 – CULTURA E MODERNIDADE ..................................................................................... 17
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 17
2 AS RAÍZES DO CULTO, POPULAR E MASSIVO ........................................................................ 17
3 O NASCIMENTO DAS CULTURAS NACIONAIS ...................................................................... 24
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 32
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 33
TÓPICO 3 – É POSSÍVEL DEFINIR CULTURA? .............................................................................. 35
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 35
2 AS DEFINIÇÕES DE CULTURA NAS CIÊNCIAS SOCIAIS ..................................................... 35
3 AS DEFINIÇÕES DE CULTURA NA LINGUÍSTICA APLICADA ............................................ 39
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 42
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 43
TÓPICO 4 – O QUE É IDENTIDADE? ................................................................................................ 45
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 45
2 A FORMAÇÃO DE NOSSAS IDENTIDADES .............................................................................. 45
3 A EVOLUÇÃO NA CONCEPÇÃO DE IDENTIDADE ................................................................. 49
4 A IDENTIDADE NA PÓS-MODERNIDADE................................................................................. 51
5 A IDENTIDADE E A DIFERENÇA ................................................................................................... 53
LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................................59
RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................ 60
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 61
UNIDADE 2 – OS DIFERENTES ENFOQUES SOBRE A DIVERSIDADE CULTURAL .......... 63
TÓPICO 1 – O MULTICULTURALISMO ........................................................................................... 65
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 65
2 AS VERTENTES DO MULTICULTURALISMO ............................................................................ 65
3 O MULTICULTURALISMO E A COEXISTÊNCIA ENTRE CULTURAS ................................. 69
4 O MULTICULTURALISMO CRÍTICO ............................................................................................ 72
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 77
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 78
sumário
VIII
TÓPICO 2 – O PROCESSO DE HIBRIDAÇÃO CULTURAL ......................................................... 81
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 81
2 O QUE É HIBRIDAÇÃO CULTURAL? ............................................................................................ 81
3 A INDÚSTRIA CULTURAL ............................................................................................................... 84
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 89
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 90
TÓPICO 3 – A INTERCULTURALIDADE ......................................................................................... 91
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 91
2 FACES SOCIAIS DA INTERCULTURALIDADE .......................................................................... 91
3 A INTERCULTURALIDADE CRÍTICA ........................................................................................... 96
4 A INTERCULTURALIDADE NO ENSINO DE LÍNGUAS ......................................................... 100
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 104
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 105
UNIDADE 3 – ASPECTOS CULTURAIS NO ENSINO DA LÍNGUA ESPANHOLA ............... 111
TÓPICO 1 – A RELAÇÃO ENTRE LÍNGUA E CULTURA ............................................................. 113
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 113
2 A LÍNGUA COMO PRÁTICA SOCIAL E CULTURAL ................................................................ 113
3 LÍNGUAS EM CONTATO E CHOQUES CULTURAIS ................................................................ 119
4 O RELATIVISMO CULTURAL .......................................................................................................... 122
5 COMO ENSINAR A LÍNGUA NA RELAÇÃO COM A CULTURA? ......................................... 125
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 130
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 131
TÓPICO 2 – DA DIVERSIDADE À INTOLERÂNCIA .................................................................... 133
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 133
2 DIVERSIDADE OU DIFERENÇA? ................................................................................................... 133
3 O QUE SÃO ESTEREÓTIPOS? .......................................................................................................... 135
4 O QUE SÃO ESTIGMAS? ................................................................................................................... 146
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 151
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 152
TÓPICO 3 – A PRÁTICA INTERCULTURAL DE ENSINO DE LE ............................................... 155
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 155
2 A IMPORTÂNCIA DO ENSINO DE LÍNGUAS PARA SUPERAÇÃO DA 
 INTOLERÂNCIA ................................................................................................................................. 155
3 DA TEORIA À PRÁTICA: O DIÁLOGO SOBRE PRECONCEITOS NAS AULAS DE LE...... 158
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 166
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 167
REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................... 169
1
UNIDADE 1
APROFUNDANDO AS NOÇÕES DE 
CULTURA E IDENTIDADE
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir dessa unidade, você será capaz de:
• discutir o percurso histórico do conceito de cultura;
• localizar historicamente o nascimento de noções de culto e cultura nacio-
nal;
• relacionar aspectos históricos, políticos e sociais às concepções hegemôni-
cas em torno do conceito de cultura;
• relacionar os estudos sobre culturas nas ciências sociais com a linguística 
aplicada;
• perceber cultura como um conceito amplamente discutido e aberto;
• identificar a relação entre identidade e cultura.
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer da unidade você 
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – O PERCURSO HISTÓRICO DO CONCEITO DE CULTURA
TÓPICO 2 – CULTURA E MODERNIDADE 
TÓPICO 3 – É POSSÍVEL DEFINIR CULTURA?
TÓPICO 4 – O QUE É IDENTIDADE?
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
O PERCURSO HISTÓRICO DO CONCEITO DE 
CULTURA
1 INTRODUÇÃO
Este é o primeiro tópico do nosso livro de estudos da disciplina de Aspectos 
Culturais da Língua Espanhola. Através dele você vai se aprofundar sobre o 
conceito de cultura, um termo que você já leu ou estudou em outras disciplinas, 
não é mesmo? Sobretudo em disciplinas de língua, costuma ser associado aos 
aspectos, características individuais e coletivas de sujeitos hispano-falantes.
 Em algum momento do curso, você se perguntou como e quando surgiu 
essa associação? Além disso, o que mais a palavra cultura lembra? Sugiro que 
pense a respeito. Em seguida, inicie a leitura do tópico, pois esta reflexão ajudará 
a entender melhor as raízes do termo e a fazer correlações com o uso deste na 
atualidade.
Então vamos lá! O tópico está dividido em quatro partes, a primeira 
compreende o surgimento da noção de cultura e sua relação histórica com outros 
conceitos, por exemplo, civilização; a segunda parte trata da cultura nos dias de hoje.
2 CULTURA:UM CONCEITO HISTORICAMENTE EM 
TRANSFORMAÇÃO
Você consegue imaginar o que significava cultura em seus primórdios? 
Para ajudá-lo a desvendar este mistério, trazemos a seguir três imagens. Apenas 
uma delas remete ao significado da palavra cultura no século XIII. ¡A descubrirla!
FIGURA 1 – ARTESANATO
FONTE: Disponível em: <https://pixabay.com/pt/cestaria-vannier-
vime-artes%C3%A3o-m%C3%A3o-1958239/>. Acesso em: 
28 out. 2017.
UNIDADE 1 | APROFUNDANDO AS NOÇÕES DE CULTURA E IDENTIDADE
4
FIGURA 2 – CULTIVO AGRÍCOLA
FONTE: Disponível em: <https://pxhere.com/es/photo/1058995>. Acesso 
em: 28 out. 2017.
FIGURA 3 – APRECIAÇÃO DA ARTE EM MUSEU
FONTE: Disponível em: <https://pixabay.com/pt/exposi%C3%A7%C3%A3o-
galeria-de-arte-galeria-362163/>. Acesso em: 28 out. 2017.
Agora, observando as três imagens, responda: qual delas remete à noção 
de cultura no século XIII? 
a) Saber produzir adereços, retratada na primeira imagem.
b) Saber cultivar a terra, conforme mostra na segunda imagem.
c) Saber o significado de uma obra artística e apreciá-la, conforme a terceira 
imagem.
Se você respondeu saber cultivar a terra, opção b, ¡Enhorabuena! Você 
acertou. Segundo Eagleton (2011, p. 10), este foi o primeiro significado de cultura, 
o qual derivou do latim colere.
TÓPICO 1 | O PERCURSO HISTÓRICO DO CONCEITO DE CULTURA
5
Achou curioso esse significado? Se sim, talvez seja pelo mesmo motivo que 
eu, ele nos mostra como o conceito de cultura evoluiu e se afastou do seu sentido 
original, sendo usado nos dias de hoje para fazer referência a bens materiais e 
intelectuais, que praticamente desconsideram o valor do trabalho e da vida no 
campo, comenta Eagleton. 
Dentre as transformações do termo cultura, esta parece ser a mais 
interessante e, talvez, a mais radical.
Devemos nos lembrar que o sentido de cultura como cultivo ou cuidado 
mantém-se nos dias de hoje, principalmente ligado a termos como agricultura, floricultura etc.
IMPORTANT
E
Segundo Eagleton (2011), é importante saber que historicamente, 
adaptando-se às diferentes sociedades e suas realidades políticas, a palavra 
foi ganhando associações com outros termos e, consequentemente, outras 
conotações. Uma delas é a sua relação com a noção de colonialismo (colonus), 
estando ligado a princípios de habitação/ocupação.
Você já ouvir falar, por exemplo, em aculturação? Este termo representa 
a ligação de cultura com colonização, já que significa, segundo o Dicionário 
Priberam (2008) de Língua portuguesa, “fenômeno pelo qual um indivíduo ou 
um grupo humano de uma cultura definida entra em contato permanente com 
uma cultura diferente e se adapta a ela ou dela retira elementos culturais”. 
Assim, o termo cultura associado à ideia do estabelecimento de colônias 
indica, mesmo que de forma impositiva, a relação entre culturas e a produção de 
novas a partir dessa relação. Um exemplo, talvez um tanto traumático, desse tipo 
de processo foi a colonização das Américas portuguesa e espanhola, em que os 
europeus, de forma violenta, tentavam erradicar a cultura dos índios, tentando 
libertá-los de suas origens e costumes para assumir outras, por exemplo, o 
catolicismo enquanto religião.
Sobre o conceito de cultura, outra interferência conceitual importante de 
ser mencionada é a que passou no século XVIII, época do Iluminismo, quando 
cultura (termo alemão) era associado ao termo civilização (termo francês), e ambos 
usados em função do progresso geral e intelectual das nações (EAGLETON, 
2011). Para os iluministas, em oposição ao natural, cultura dizia respeito aos 
conhecimentos adquiridos e transmitidos pelo ser humano durante sua vida, 
sendo esses conhecimentos o seu diferencial em relação aos animais (CUCHE, 
2002, p. 11). 
UNIDADE 1 | APROFUNDANDO AS NOÇÕES DE CULTURA E IDENTIDADE
6
Desse modo, o refinamento intelectual do indivíduo é que fazia dele um 
sujeito “culto”, ou com cultura. Esse refinamento acontecia, por sua vez, através 
do processo de instrução, o qual tinha a função de preparar esse sujeito para a 
convivência e atuação em sociedade; caso este sujeito não possuísse esses saberes 
essenciais, era reconhecido socialmente como uma pessoa irracional e sem cultura 
(SOUZA, 2010).
FIGURA 4 – O PROCESSO DE INSTRUÇÃO TINHA O PAPEL DE ‘TORNAR CULTO’ 
DURANTE O ILUMINISMO
FONTE: Disponível em: <https://pixabay.com/photos/blackboard-school-frame-green-
 2640979/>. Acesso em: 05 mai. 2020.
Como você já deve saber, o Iluminismo foi o movimento de ideias ocorrido 
nos dois últimos decênios do século XVII e no século XVIII, na Europa Ocidental. Também 
conhecido como Filosofia das Luzes, esse movimento desafiava a tradição e a autoridade, e 
tinha como principais características a crença na razão humana e no progresso (LEÃO, 2011, 
p. 72).
NOTA
TÓPICO 1 | O PERCURSO HISTÓRICO DO CONCEITO DE CULTURA
7
Em contrapartida, o conceito iluminista com relação à cultura ganha, ao 
longo do tempo, uma face descritiva e passa a narrar a realidade da sociedade. 
Sendo que nos dias de hoje o termo nos remete ao que está em nossa volta. No 
entanto, o conceito não conseguiu livrar-se totalmente das conotações relativas 
a normatizações e homogeneizações do passado, mantendo-se, nesse conflito de 
ideais, entre os modelos de cultura uniformes e a realidade da diversidade. 
Ressaltando a importância desse reconhecimento da diversidade, foi 
cunhado na conferência mundial sobre políticas culturais, a Mondiacult, que 
ocorreu no México em 1982, o conceito de cultura como:
Conjunto dos traços distintivos espirituais e materiais, intelectuais e 
afetivos que caracterizam uma sociedade ou um grupo social e que 
abrange, além das artes e das letras, os modos de vida, as maneiras 
de viver juntos, os sistemas de valores, as tradições e as crenças 
(UNESCO, 2002, s. p.). 
Esta visão é próxima da compartilhada socialmente, não é mesmo? Sua 
visão sobre cultura coincide com esta? Na modernidade, ainda resiste a noção de 
culto relacionado às artes e letras. Esta definição faz questão de ressaltar que a 
noção de cultura, da qual a expressão culto deriva, vai muito além desses aspectos, 
e corresponde a tudo aquilo que é construído pelo ser humano e modifica a sua 
realidade.
3 CULTURA HOJE
Considerando a multiplicidade de interferências que o conceito de cultura 
sofreu, fica difícil chegar a uma conclusão sobre o que é cultura, não é mesmo? O 
conceito da Unesco que você viu se aproxima do que entendemos por cultura, no 
entanto ainda precisamos desmembrar esse conceito, afinal ele não é só formado 
por coisas materiais, mas também comportamentais e espirituais.
Segundo Canedo (2009, p. 4), existem pelo menos “três concepções 
fundamentais sobre cultura que ajudam a explicá-la na atualidade. A primeira 
delas, Canedo chama de modos de vida que caracterizam uma coletividade, 
que estão relacionados aos significados atribuídos dentro do grupo, ou seja, 
aquilo que ao mesmo tempo une o grupo, o diferencia de outros. Você deve 
estar se perguntando se isso é material, espiritual ou comportamental, acertei? 
Essa divisão é muito mais complexa, porém, para simplificarmos, podemos falar 
em significados, e aspectos espirituais e comportamentais. São construídos na 
linguagem e funcionam como uma interpretação, ou seja, atribuímos juízo de 
valor coletivamente aceito. Vejamos um exemplo: 
UNIDADE 1 | APROFUNDANDO AS NOÇÕES DE CULTURA E IDENTIDADE
8
FIGURA 5 – GESTO CULTURAL DE PONTUALIDADE
FONTE: Disponível em: <https://pixabay.com/pt/vectors/em
 pres%C3%A1rio-tempo-de-rel%C3%B3gio-311337/>. 
Acesso em: 05 mai. 2020.
Já sabe a qual situação do dia a dia a imagem acima se refere?
 A figura inserida se refere a um aspecto muito importante para alguns 
argentinos, segundo Romanzoti (2015). Você pode até não ligar muito para 
essa questão, mas na Argentina, assim como em outras culturas que prezam a 
pontualidade, o atraso pode significar desrespeito com o outro e gerar conflitos. 
Significa que ao atribuir um horário, costuma ser comumnão haver atrasos, é 
uma ideia culturalmente aceita.
Se você não se considera uma pessoa pontual, quando viajar à Argentina, 
faça um esforço de chegar uns minutos antes de seus companheiros, pois ajudará 
você a conviver em harmonia com alguns dos nossos hermanos. 
O que o gesto a seguir, ilustrado na imagem, significa para você?
TÓPICO 1 | O PERCURSO HISTÓRICO DO CONCEITO DE CULTURA
9
FIGURA 6 – GESTO CULTURAL DE INVEJA
FONTE: Disponível em: <https://www.tudointeressante.com.
br/2014/03/cuidado-com-as-maos-conheca-alguns-
gestos-simples-que-significam-coisas-bem-rudes-em-
outros-paises.html>. Acesso em: 28 out. 2017.
A imagem retrata um sujeito fazendo um gesto de dor de cotovelo, o que 
no nosso dia a dia significa aquela invejinha básica, não é mesmo?
Em algumas regiões do México este gesto pode significar outras coisas. Se 
você fizer esse gesto ou bater com o cotovelo à mesa, há grandes chances de você 
ser mal interpretado, pois tradicionalmente, é como se você estivesse chamando 
o indivíduo de mesquinho, conforme explica Hilton (2014). Curioso?
AUTOATIVIDADE
Você já foi ao México ou Chile? Descreva as curiosidades, costumes e 
etnias encontradas nesses países.
Se você gostou dos exemplos anteriores, pode encontrar outros. Acesse o 
link a seguir, leia sobre o Turismo sem mico: veja 35 dicas para fugir de gafes em viagens 
a 12 países.
Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/turismo/2015/07/1653142-turismo-sem-mico-
veja-35-dicas-para-fugir-de-gafes-em-viagens-a-12-paises.shtml>.
NOTA
UNIDADE 1 | APROFUNDANDO AS NOÇÕES DE CULTURA E IDENTIDADE
10
Essas são questões culturais que perpassam a linguagem dos sujeitos, 
e estão relacionadas à maneira como nosso grupo cultural cria e compartilha 
significados, interagindo entre si e com outras culturas, porém esses gestos não 
são os únicos, tampouco são de uso unânime entre os sujeitos desses países, 
pois toda nação é diversa, mas eles nos ajudam a entender como um gesto pode 
variar de uma cultura para outra, e como essa diversidade é riquíssima. Segundo 
Canedo (2009, s. p.), são “obras e práticas da arte, da atividade intelectual e do 
entretenimento”. Observe agora as imagens a seguir:
FIGURA 7 – CAÑAR, LUGAR TURÍSTICO NO EQUADOR
FONTE: Disponível em: <http://www.viajeros.com/destinos/ingapirca/
fotos/1819712>. Acesso em: 28 out. 2017.
FIGURA 8 – TECNOLOGIAS
FONTE: Disponível em: <https://pixnio.com/it/oggetti/computer/
tecnologia-legno-lavoro-tazza-di-caffe-computer-scrivania-
elettronica>. Acesso em: 8 jan. 2018.
TÓPICO 1 | O PERCURSO HISTÓRICO DO CONCEITO DE CULTURA
11
FIGURA 9 – LIVRO DE DON QUIJOTE
FONTE: Disponível em: <https://www.flickr.com/photos/
juantiagues/26614788755>. Acesso em: 18 fev. 2018.
 Segundo Canedo (2009), a partir das figuras inseridas, a cultura nesta 
segunda concepção está relacionada ao material, ou seja, aos bens e patrimônios 
culturais produzidos pelos seres humanos. Na primeira imagem está um 
patrimônio histórico, Cañar, que além de remeter à capital arqueológica e cultural 
do Equador, é um lugar de apelo turístico. Na Figura 8 foram apresentadas as 
tecnologias da comunicação e informação, que são retratos da evolução material 
dos seres humanos. Na terceira concepção, no dizer de Canedo (2009), foram os 
livros, sendo um deles reconhecido mundialmente, Don Quijote. Cultura nessas 
imagens remete às atividades artísticas e intelectuais, que, além de servirem 
como forma de expressão e representação, movimentam as sociedades modernas 
e o mercado cultural.
ESTUDOS FU
TUROS
Nesta unidade, o subtópico intitulado As raízes do culto, popular e massivo, 
abordaremos melhor as concepções elitistas, mercadológicas, e materiais de cultura; uma 
discussão que será complementada no subtópico A Indústria Cultural da segunda unidade 
deste livro de estudos.
A terceira e última concepção de cultura que vamos abordar está 
relacionada ao fator de desenvolvimento humano, ou seja, a cultura em prol da 
sociedade, em que as práticas culturais têm um papel de montar uma sociedade 
melhor.
UNIDADE 1 | APROFUNDANDO AS NOÇÕES DE CULTURA E IDENTIDADE
12
Sob esta ótica, as atividades culturais são realizadas com intuitos 
socioeducativos diversos: para estimular atitudes críticas e o desejo 
de atuar politicamente; no apoio ao desenvolvimento cognitivo de 
portadores de necessidades especiais ou em atividades terapeutas 
para pessoas com problemas de saúde; como ferramenta do sistema 
educacional a fim de incitar o interesse dos alunos; no auxílio ao 
enfrentamento de problemas sociais, como os altos índices de 
violência, a depredação urbana, a ressocialização de presos ou de 
jovens infratores (CANEDO, 2009, s.p.).
FIGURA 10 – A ESCOLA COMO ESPAÇO CULTURAL
FONTE: Disponível em: <https://pixabay.com/pt/sala-de-aula-escola-
educa%C3%A7%C3%A3o-2093744/>. Acesso em: 18 fev. 2018.
FIGURA 11 – IGREJAS E RELIGIÕES COMO TRANSMISSORAS DE VALORES MORAIS
FONTE: Disponível em: <https://www.flickr.com/photos/soldon/6767196259/>. 
Acesso em: 18 fev. 2018.
TÓPICO 1 | O PERCURSO HISTÓRICO DO CONCEITO DE CULTURA
13
FIGURA 12 – POLÍTICAS DE UNIÃO POR UM MUNDO MELHOR
FONTE: Disponível em: <https://catracalivre.com.br/geral/cidadania/
indicacao/8-atitudes-simples-por-um-mundo-melhor/>. Acesso em: 
18 fev. 2018.
Nas imagens apresentadas, vemos suportes de acesso a esse tipo de 
atividade cultural que teria o papel de nos apresentar o mundo e suas leis, fazer 
superar práticas como a corrupção, o descaso com o meio ambiente etc. Dos três 
apresentados, você acredita haver um mais efetivo? Qual?
Dando continuidade a nossos estudos, lembra quando mencionamos 
anteriormente o conceito de culto? Canclini (2015) discute a fundo essa noção 
de cultura associada a bens e patrimônios intelectuais. Dessa forma, no próximo 
tópico entraremos em uma discussão sobre o conceito de cultura na modernidade, 
mas antes vamos praticar um pouquinho o conhecimento adquirido.
14
Nesse tópico, você aprendeu que:
• A relação histórica do conceito de cultura com outros, por exemplo, culto e 
civilização, tem influência ao longo do tempo.
• A importância da noção de cultura ao lado do termo civilização, no Iluminismo, 
reforçando a hierarquia entre os sujeitos com e sem cultura, com base em 
critérios como instrução e comportamento social.
RESUMO DO TÓPICO 1
15
1 Explique o contexto de surgimento dos significados do termo cultura.
AUTOATIVIDADE
Cuidado ou 
Cultivo 
Colonialismo
Sinônimo de 
instrução
2 Leia os trechos a seguir, e relacione-os com as explicações listadas.
(1) “A Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul – Aprosoja/
MS é uma entidade representativa de classe sem fins lucrativos, constituída 
por produtores rurais ligados às culturas de soja, milho e outros grãos de 
Mato Grosso do Sul”.
FONTE: Disponível em: <http://aprosojams.org.br>. Acesso em: 28 out. 2017.
(2) “Colonização é o ato de colonizar, ou seja, quando pessoas de um 
determinado país ou região vão para outra região (desabitada ou com 
nativos) para habitar ou explorar. No processo de colonização, ocorre a 
influência ou transferência cultural dos colonizadores para os colonizados 
e vice-versa”.
FONTE: Disponível em: <http://aprosojams.org.br>. Acesso em: 29 out. 2017.
(3) “Culto é um conjunto de ritos que se prendem à adoração ou homenagem 
a divindades em qualquer de suas formas e em qualquer religião, como 
também a antepassados ou outros seres sobrenaturais”. 
FONTE: Disponível em: <https://www.significados.com.br/culto/>. Acesso em: 29 out. 2017.
(4) “Culto é um adjetivo que qualifica aquela pessoa que tem cultura, que é 
instruída, civilizada ou informada, que tem conhecimento sobre vários 
assuntos”. 
FONTE: Disponível em: <https://www.significados.com.br/culto/>. Acesso em: 29 out. 2017.
a) ( ) Cultura relacionada ao termo cultus, do latim.
b) ( ) Cultura do latim, colere.
c) ( ) Cultura relacionada ao termo colonus, do latim.
d) ( ) Cultura como instrução.
16
17
TÓPICO 2
CULTURAE MODERNIDADE
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
No tópico anterior vimos como a cultura evoluiu historicamente e possui 
uma gama de definições que o tornaram um conceito relativo e aberto. 
A partir deste tópico veremos uma perspectiva mais crítica sobre o 
conceito, tendo em vista estudos recentes sobre a modernidade cultural, que 
buscam problematizar culturas hegemônicas, rótulos e identidades nacionais.
Para desenvolvermos este tema, o tópico está dividido em duas partes. 
No primeiro veremos as expressões relacionadas à cultura: culto e as relações 
de superioridade sobre o popular e o massivo, no que se refere às manifestações 
artísticas e literárias; a segunda parte esclarece a noção de culturas nacionais e as 
estratégias políticas e sociais que a sustentam.
2 AS RAÍZES DO CULTO, POPULAR E MASSIVO
Quantas vezes sua maneira de falar já foi corrigida e reprimida por distanciar-se 
da gramática normativa língua portuguesa? Ou, ainda, em quantas ocasiões você já foi 
criticado por preferir a leitura de um livro de autoajuda, ou um best-seller, a um clássico 
da literatura? E quanto ao seu estilo musical, já sofreu algum tipo de comparação com 
outros de outras décadas considerados de maior ou menor qualidade? 
Embora possam parecer ultrapassadas, distinções culturais associadas ao 
intelecto, ao poder aquisitivo, a identidades e comportamentos sociais mantêm-
se presentes no interior de nossas relações sociais. Dentro das culturas dos países 
hispano-falantes, essa constatação não é diferente. Situações de supervalorização 
de alguns aspectos culturais em relação a outros podem ser observadas em distintos 
contextos, e estas impactam negativamente na percepção de um indivíduo sobre 
o outro, bem como na relação entre grupos. Vejamos como exemplo o reggaeton. 
O reggaeton é um ritmo musical urbano que tem origem em Porto Rico e 
que se espalhou pelo mundo, alcançando o topo das paradas musicais e milhares 
de reproduções nas plataformas digitais. Contudo, uma parcela da sociedade, 
tanto em seu país de origem, quanto em outras regiões da América Latina, resiste 
em reconhecer a cultura por trás desse estilo musical em virtude de sua sonoridade 
e apelo popular. De forma negativa, o gênero costuma ser associado à falta de 
poder aquisitivo e ‘intelectual’, e também é visto como produto meramente 
comercial, da grande massa, pela sua abrangência e preferência a nível mundial.
UNIDADE 1 | APROFUNDANDO AS NOÇÕES DE CULTURA E IDENTIDADE
18
ESTUDOS FU
TUROS
Entenderemos adiante o argumento usado em críticas ao reggaeton e à cultura 
da massa em geral, normalmente associadas a uma homogeneização cultural.
Sobre este tema, a Revista ISTOÉ publicou, em junho de 2017, uma 
reportagem com o título “O triunfo do reggaeton: da marginalização ao 
Despacito” dando ênfase ao sucesso do reggaeton para além do país de origem. 
Nessa reportagem, a revista destaca a dimensão alcançada pela música Despacito, 
que recebeu prêmios e bateu recordes, sendo a primeira música em espanhol a 
dominar o mercado anglo-saxão desde “Macarena”. No entanto, a revista fez a 
mesma ressalva: o ritmo é historicamente marginalizado e censurado, tanto por 
sua relação com os porto-riquenhos de classes menos favorecidas, quanto por ser 
constantemente associado a temas como as drogas, o crime e a sexualidade.
DICAS
Para ler na íntegra a reportagem ”O triunfo do reggaeton: da marginalização 
ao Despacito”, acesse o link a seguir: Disponível em: <https://istoe.com.br/o-triunfo-do-
reggaeton-da-marginalizacao-ao-despacito/>. Acesso em: 05 mai. 2020.
Luis Fonsi é o cantor da Música Despacito, ao lado de Daddy Yankee. Além 
deles, outros nomes do reggaeton são difundidos na América Latina, como Maluma e J. 
Balvin.
NOTA
TÓPICO 2 | CULTURA E MODERNIDADE
19
FIGURA 13 – LUIS FONSI, CANTOR PORTO-RIQUENHO
FONTE: Disponível em: <https://www.billboard.com/files/styles/article_ma
 in_image/public/media/luis-fonsi-march-2017-live-billboard-1548.
jpg>. Acesso em: 27 nov. 2019.
FONTE: Disponível em: <https://e.an.amtv.pe/espectaculos-lista-verdaderos-
nombres-cantantes-reggaeton-n364287-624x352-561966.jpg>. Acesso 
em: 27 nov. 2019.
FIGURA 14 – OUTROS CANTORES DE REGGAETON
Infelizmente, como nos mostra esse exemplo do reggaeton, ainda existe 
no senso comum uma falsa ideia de que somente as culturas de elite são culturas 
propriamente ditas. As demais são marginalizadas e colocadas de lado, quando 
não são tachadas negativamente. Obviamente, estereótipos como estes, comuns 
dentro e fora do ambiente de circulação do gênero, devem ser contestados e 
superados no ensino de línguas estrangeiras e na sociedade de modo geral.
DICAS
Ainda sobre o tema do reggaeton, vale a leitura do artigo: ‘Cartografias do 
reggaeton: Mainstream na América Latina, marginal no Brasil’. Disponível em: http://www.
intercom.org.br/papers/nacionais/2014/resumos/R9-2309-1.pdf
UNIDADE 1 | APROFUNDANDO AS NOÇÕES DE CULTURA E IDENTIDADE
20
AUTOATIVIDADE
Com base nos estudos realizados até aqui, analise as imagens e faça 
uma breve reflexão sobre o aspecto valorativo presente nelas.
FIGURA 15 – MEME SOBRE O REGGAETON
FONTE: Disponível em: <https://tvyfarandula.com/wp-content/uploads/
 2018/07/chabvo.jpg>. Acesso em: 28 nov. 2019.
FIGURA 16 – MEME SOBRE REGGAETON COMO CULTURA
FONTE: Disponível em: <http://es.memegenerator.net/instance/37945107/
 yo-dawg-que-el-reggaeton-es-cultura-jajajajajajaaajajajaja>
 Acesso em: 28 nov. 2019.
TÓPICO 2 | CULTURA E MODERNIDADE
21
O objetivo da atividade é que você reflita sobre como o uso da linguagem 
pode levar-nos a criar hierarquizações culturais. Nos discursos presentes nas 
imagens que você refez, foram estabelecidas posições antagônicas de superioridade 
e inferioridade, favorecendo um único modelo de manifestação cultural.
Canclini (2015, p. 20) explica que a modernidade foi responsável por 
essa distinção e categorização das culturas, dando origem à classificação das 
culturas de acordo com culto popular e massivo. Observando a imagem a 
seguir, você conseguirá perceber claramente a partir de quais critérios essas 
divisões são construídas.
FIGURA 17 – AS CATEGORIZAÇÕES CULTURAIS NA MODERNIDADE
FONTE: Disponível em: <https://www.augustonascimento.com.br/branding-tudo-
junto-e-misturado-bob-dylan-premio-nobel-literatura-e-editora-abril/>. 
Acesso em: 28 out. 2017.
Segundo mostra a figura 17, a cultura de elite é composta pelo conhecimento 
erudito, pela escolaridade formal e por uma noção de cultura ‘codificada’. Isto 
é, na modernidade, quanto mais acesso e domínio o sujeito tiver dos códigos 
culturais associados à escolarização e a obras artísticas e literárias canonizadas, 
mais próximo ele estará do ideário de ‘sujeito culto’. É nessa perspectiva que 
frases como “Joãozinho é culto porque lê obras clássicas” e “Mariazinha é culta 
porque vai ao teatro e ao museu” se perpetuam, e com certeza, você já ouviu 
alguma parecida com essa.
UNIDADE 1 | APROFUNDANDO AS NOÇÕES DE CULTURA E IDENTIDADE
22
A escolha desses conhecimentos cultos, no entanto, não foi despretensiosa; 
esteve ligada aos interesses da burguesia, que os usava para justificar seus 
privilégios sociais como não sendo resultantes apenas do fator econômico, mas 
também intelectual (CANCLINI, 2015). Reforçava-se dessa maneira a ideia de 
meritocracia, embora os conhecimentos que davam crédito a esse mérito fossem 
escolhidos tendenciosamente. Tanto é que, na América Latina, ser culto era 
associado a ser letrado, e menos da metade da população tinha oportunidade e 
acesso à escola em 1920 (CANCLINI, 2015, p. 69), “o que explica a cultura popular 
ser relacionada com práticas orais”, como é mostrado na imagem.
DICAS
É importante que você saiba localizar a modernidade enquanto período 
histórico. Inicia no final do século XV e, relativamente (uma vez que já se fala em pós-
modernidade), dura até os dias de hoje. Segundo Canclini (2015), foi o momento de 
descobertas científicas, desenvolvimento industrial e ideais de expansão.Nesse momento, a 
educação e a arte eram importantes para uma evolução racional e moral.
Agora você já sabe que em oposição aos saberes cultos, “constituía-se, 
a partir de práticas e comunidades culturais minorizadas, a cultura popular, 
respaldada pelos estudos da antropologia e do folclore” (CANCLINI, 2015, p. 
21). Essas práticas eram consideradas menores por não terem o respaldo da 
ciência e tampouco exigirem rebuscamentos que a cultura de elite fazia questão 
de estabelecer. O apagamento e a extinção de línguas e culturas de populações 
indígenas e africanas em grandes nações como o Brasil, por exemplo, em 
detrimento à exaltação da língua e da cultura dos colonizadores, mostram como 
a escolarização ajudou a determinar o que é superior e inferior na lógica cultural 
europeia. A figura a seguir mostra algumas práticas culturais dentro do que se 
considera esse universo popular.
TÓPICO 2 | CULTURA E MODERNIDADE
23
FIGURA 18 – AS CAVEIRAS COMO SIMBOLO CULTURAL DO DIA DOS MORTOS NO 
MÉXICO: UM EXEMPLO DA DITA ‘CULTURA POPULAR’
FONTE: Disponível em: https://pxhere.com/pt/photo/858883
Acesso em: 14 set. 2021
 Como as sociedades modernas, com seus ideais de expansão, dependiam 
da venda e consumo de produtos, aos poucos, as indústrias geravam o que se 
chamaria de cultura massiva (CANCLINI, 2015, p. 21). Assim, com o objetivo 
de movimentar esse mercado e obter lucro, produtos culturais de apelo popular 
eram criados e divulgados à grande massa. No entanto, essa vasta divulgação, o 
acesso facilitado e o consumo crescente passaram a gerar sociedades homogêneas, 
o que não interessava à elite, que usa até os dias de hoje a distinção do ‘culto’ a 
fim de frear os efeitos dessa massificação (CANCLINI, 2015, p. 37). 
Meios de comunicação são aliados da indústria por trás da cultura massiva. 
A TV, por exemplo, é um dos meios de divulgação que alimenta o mercado, e pelo 
fácil acesso à população e apelo visual de seus conteúdos, é associada à indústria 
do entretenimento, o que faz com que esta seja estigmatizada, como podemos ver 
a partir da representação do sujeito na imagem a seguir:
UNIDADE 1 | APROFUNDANDO AS NOÇÕES DE CULTURA E IDENTIDADE
24
FIGURA 19 - A TELEVISÃO E A CULTURA MASSIVA
Disponível em; https://pixabay.com/es/illustrations/tv-serie-simplificaci%c3%b3n-
cr%c3%adtica-1945130/ Acesso em: 30 ago. 2021
O termo hegemonia (adjetivado como hegemônico) será usado ao longo deste 
livro, é um termo de interesse aos estudos culturais. É definido pelo Dicionário Houaiss da 
Língua Portuguesa como sendo o “poder dominador de uma cidade, país, povo sobre outros, 
bem como refere-se à liderança, predominância” (2011, p. 493).
IMPORTANT
E
Dessa maneira, a concepção de cultura que mencionamos no início deste 
texto está ligada à noção de culto na modernidade, a qual diferencia grupos 
hegemônicos da sociedade. Um dos objetivos da perspectiva pós-moderna de 
cultura é a superação dessas divisões. 
AUTOATIVIDADE
A partir dessa discussão, você acha possível superarmos as divisões 
históricas que separam as culturas entre superiores e inferiores? Como 
professor, de que maneira você pode contribuir para que isso aconteça?
3 O NASCIMENTO DAS CULTURAS NACIONAIS
Todos nós, em maior ou menor intensidade, nos identificamos de alguma 
forma com nossa nação de origem e sua cultura. Prova disso é que quando 
nos perguntam nossa nacionalidade, não hesitamos em dizê-la. No entanto, o 
TÓPICO 2 | CULTURA E MODERNIDADE
25
processo de construção dessa cultura única, dita ‘nacional’, sobretudo em países 
da América Latina, envolveu momentos de conquista violenta e subalternização 
de povos nativos (HALL, 2005). Esse percurso fez com que determinadas culturas 
ocupassem o status de ‘nacionais’ deixando outras em posição menor ou de 
apagamento, como é caso das culturas indígenas.
Reflita. Você concorda que essa relação de poder relacionada à cultura não 
é única, que boa parte das culturas nacionais também nasceu por meio de processos de 
conquista violenta?
NOTA
Para Stuart Hall, grande nome dos estudos culturais, uma cultura 
nacional nunca se limitou ao espírito de lealdade e traços comuns dos sujeitos, 
“ela é também uma estrutura de poder cultural” (2005, p. 59). Isto é, para o autor, 
a unificação cultural de um país está relacionada ao poder exercido sobre ele, 
uma vez que, mesmo sendo permeado por culturas diversas, uma única cultura, 
por cima de todas as outras, será privilegiada. Por isso, defende que uma cultura 
nacional, além de funcionar como um sistema de representação, pode produzir 
significados culturais e servir como objeto de identificação (HALL, 2005).
DICAS
Stuart Hall foi um importante pensador crítico dos estudos culturais. Discursou 
sobre temas como cultura, raça, gênero e identidade. Sua foto ilustrou a capa de um dos 
livros com seus escritos, trata-se do livro Da diáspora: identidades e mediações culturais, 
como você pode observar a seguir. Nasceu em fevereiro de 1932 na Jamaica, e vivia na 
Inglaterra desde 1951. Faleceu em 2014, aos 82 anos de idade.
UNIDADE 1 | APROFUNDANDO AS NOÇÕES DE CULTURA E IDENTIDADE
26
FIGURA 20 – FOTO DE STUART HALL, CAPA DO LIVRO DA 
DIÁSPORA: IDENTIDADES E MEDIAÇÕES CULTURAIS
FONTE: Disponível em: <http://www.publicbooks.org/wp-content/
uploads/2017/01/Stuart-Hall-double.jpg>. Acesso em: 28 
out. 2017.
DICAS
Sugerimos a leitura do livro sobre as ideias de Stuart Hall, “A identidade cultural 
na pós-modernidade”, o qual temos por base nas discussões sobre identidade e cultura nas 
unidades deste livro didático.
Essa identificação dos sujeitos com a sua cultura nacional nasce, segundo 
Hall (2005), a partir de uma história que é contada, a qual é construída como se 
fosse um ritual, conforme alguns elementos.
Uma cultura nacional, por essência:
• Explica a nossa missão nacional, por que existimos e por que, na 
efemeridade da vida, estamos ligados a essa nação.
• Destaca historicamente as origens, e o perpetuamento das tradições, 
que independentemente do tempo se mantêm vivas.
• Inventa tradições outras com base em normas e valores, de natureza 
ritual ou simbólica, disseminando-as socialmente por meio da 
reprodução pelos sujeitos.
• Estabelece um mito fundacional, ou seja, o momento em que nasce e 
torna-se uma nação independente.
• Relaciona sua história com a de um povo, uma comunidade; a qual 
não ocupa o lugar de poder nessa nação (HALL, 2005, p. 52-55).
TÓPICO 2 | CULTURA E MODERNIDADE
27
DICAS
Para reflexão: Com base nesses cinco elementos escolhidos por Hall, você 
consegue estabelecer uma ponte entre a história do Brasil e a narrativa das culturas nacionais? 
Você já pode ir pensando sobre sua resposta para esta questão, pois ao final deste tópico 
você será convidado a expor suas ideias sobre o tema.
Em síntese, com base no que vimos até aqui, e nos preceitos de Hall (2005), 
podemos considerar a cultura nacional como um discurso influenciador e construtor de 
sentidos, já que este modifica nossa forma de ver a nação e a maneira como essa se organiza.
IMPORTANT
E
O terceiro elemento citado nos mostra como essa construção de uma 
cultura nacional pode ter uma natureza simbólica, a qual nem sempre tem 
ligação com a realidade. Se essa história que nos é contada sobre a nação é sempre 
limitada, apenas um lado, uma parte, um princípio, precisamos descontruir ideias 
generalizantes sobre nações de língua espanhola, principalmente da América 
Latina, tais como México, o país da pimenta, Paraguai, o país do comércio e 
venda etc. Não porque esses aspectos não fazem parte do cotidiano de sujeitos 
desses países, mas porque a origem dessas associações pode estar em políticas 
segregacionistas que desconsideram o valor das diferenças culturais. Afinal, 
não existe uma essência que determine que, por ter nascido no México, todos os 
mexicanos têm o paladar preparado para a pimenta, a destreza da preparação de 
pratos tradicionais e a preferência por eles. Tudo isso são construções sociais e 
políticas,que não refletem uma sociedade diversa (GRIMSON, 2000, p. 26).
No que se refere à construção da cultura nacional argentina, por exemplo, 
Grimson confirma o seu caráter político ao afirmar que durante muito tempo 
tentou-se nacionalizar o tango, e distinguir o espanhol falado na Argentina do 
de outros países. No entanto, esses ideais esbarraram no fato de muitos outros 
ritmos, como o rock, terem o mesmo apreço pelos argentinos, e na dificuldade de 
diferenciar o espanhol argentino de países vizinhos que compartilham o mesmo 
sotaque, principalmente em regiões fronteiriças. Desse modo, o autor ressalta 
que essa universalização nunca houve na prática, e esses símbolos difundidos 
são resultados de políticas oficiais e das ações do Estado, bem como de culturas 
hegemônicas que tentavam se instaurar através da escola e dos meios de 
comunicação. Isso não significa que os argentinos não tenham ritmos e sotaques 
em comum, e sim que se trata de um país diverso e que não se restringe a apenas 
uma cultura (OLIVEIRA, 2017). 
UNIDADE 1 | APROFUNDANDO AS NOÇÕES DE CULTURA E IDENTIDADE
28
Essa diversidade musical é retratada no mapa musical a seguir, com 
alguns dos ritmos de acordo com regiões da Argentina. É importante ressaltar 
que, embora usemos essa imagem como exemplo de diversidade, os limites 
geográficos são imaginários e muitos outros ritmos para além desses, ou 
mesclados com esses, podem existir.
FONTE: Disponível em: <https://girademiel.wordpress.com/el-taller-
musica-popular-argentina-para-ninos/>. Acesso em: 28 out. 
2017.
FIGURA 21 – MAPA MUSICAL DA ARGENTINA DE ACORDO COM 
ESTILOS MUSICAIS 
TÓPICO 2 | CULTURA E MODERNIDADE
29
Observando este mapa, podemos constatar que o tango é um ritmo bastante 
presente em Buenos Aires, o que confirma a afirmação de Grimson (2000) de que 
a escolha do tango como um ritmo nacional tem a ver com a sua importância na 
história desta cidade, e o lugar de destaque atribuído a ela pelas políticas oficiais 
do país. Também confirmamos que diante do tango, todos estes, e possivelmente, 
outros ritmos acabam sendo apagados, e pouco conhecidos mundo afora.
Além do fator histórico do tango, pesa o fator econômico, já que as 
culturas nacionais, a partir da ampla divulgação, ajudam no mercado das nações 
no sentido de alimentarem o turismo. Observe, por exemplo, como esse fôlder 
turístico de La Rioja, na Espanha, vende lugares, patrimônios e atividades que 
representam a cidade para os visitantes.
FONTE: Disponível em: <https://www.pinterest.cl/pin/476326098058852058/>. Acesso em: 28 
out. 2017.
FIGURA 22 – FOLHETO TURÍSTICO DE LA RIOJA
Você deve estar pensando, esses lugares não existem? Essas práticas não 
são culturais, e não devem ser valorizadas? Com certeza, devem. Desde que não 
nos levem a uma impressão reducionista e estereotipada. A sua impressão sobre 
o lugar e sobre as pessoas não deve se limitar apenas aspectos mercadológicos. 
Desse modo, a partir de um critério de nacionalidade, a modernidade tem 
sido responsável por separar em gavetas cada cultura existente. Na modernidade, 
UNIDADE 1 | APROFUNDANDO AS NOÇÕES DE CULTURA E IDENTIDADE
30
dentre as mais variadas identidades culturais dos sujeitos, a identidade nacional 
é a que se sobressai (HALL, 2005). Byram e Fleming (2009, p. 15) reforçam essa 
ideia, pois defendem que a identidade nacional, demarcada pelo idioma, tende a 
ser a primeira identidade a ser reconhecida quando falamos com um estrangeiro. 
Após verificar a identidade nacional desse sujeito, costumamos refletir sobre a 
nossa própria identidade, e buscar similaridades e diferenças entre ambas. Você 
concorda com esses dois autores?
DICAS
Você deve estar se perguntando, mas a que eles se referem com identidade 
cultural? Discutiremos sobre a noção de identidade e sua relação com a cultura no tópico 4 
desta unidade.
AUTOATIVIDADE
DESAFIO
1 A cultura nacional é formada por tradições ou patrimônios que representam 
uma nação como um todo e a diferenciam de outras. Considere as 
representações das culturas nacionais da Bolívia, Peru e México, a seguir. 
A partir delas, pesquise pelo menos outros dois aspectos que demonstrem 
a diversidade interna dessas nações. Em seguida, escreva um pouco sobre 
eles.
a)
FONTE: Disponível em: <http://www.boliviacultural.com.br/ver_noticias.php?id=348>. Acesso 
em: 2 jan. 2018.
TÓPICO 2 | CULTURA E MODERNIDADE
31
b)
c)
FONTE: Disponível em: <http://historiadomundo.uol.com.br/inca/machu-picchu.htm>. 
Acesso em: 2 jan. 2018.
FONTE: Disponível em: <http://beta.visitmexico.com/pt/musica-e-exponentes-de-mariachi-
em-guadalajara>. Acesso em: 2 jan. 2018 e Disponível em: <http://livepuntamita.
com/mariachi-mexicos-musical-gift-to-the-world/>. Acesso: 26 out. 2017.
32
RESUMO DO TÓPICO 2
Nesse tópico, você aprendeu que:
• As concepções modernas de culto, referindo-se à arte e à literatura de elite, e 
as relações de superioridade sobre o popular, cultura folclórica do povo, na 
modernidade. 
• O papel da noção de cultura nacional na modernidade e seu lado reducionista, 
deixando de lado a diversidade que é inerente.
• As relações de poder que são próprias da cultura nacional.
33
1 A noção de cultura passou por transformações históricas que 
a tornaram um conceito complexo, imerso em contradições e 
relações de poder que perduram até os dias de hoje. Com base 
nas relações de poder estudadas ao longo do tópico, assinale 
com V para verdadeira e F para falsa.
a) ( ) A cultura popular é aquela minorizada pela elite, diferenciada pelas 
suas práticas e tradições que fogem à racionalidade do ‘culto’ moderno.
b) ( ) O conceito de culto é sinônimo de cultura da massa, já que esta última 
nada mais é do que tudo que é produzido pelo ser humano.
c) ( ) Cultura e civilização eram termos parecidos na época do Iluminismo, 
cujos ideais valorizavam, sobretudo, o lado racional do ser humano e a 
possibilidade de progresso social e individual.
d) ( ) Como forma de frear a massificação dos produtos culturais na 
modernidade, a elite reforçava a diferenciação entre a sua e a cultura 
do povo.
e) ( ) O conceito de culto nasceu na modernidade, remetendo ao sujeito 
escolarizado e pertencente à cultura de elite, como uma forma de justificar 
os privilegias que este setor tinha sobre o setor mais pobre.
2 Segundo Hall (2005, p. 49), “as pessoas não são apenas cidadãos/ãs legais 
de uma nação; elas participam da ideia da nação tal como representada 
em sua cultura nacional”. 
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Tradução de Tomaz Tadeu da 
Silva e Guacira Lopes Louro. 10. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2005.
Com base nessa afirmação e nas informações apresentadas no tópico 
estudado, explique por que podemos dizer que a representação de uma 
cultura nacional não é fiel à realidade dos países.
3 Uma cultura nacional:
• Explica a nossa missão nacional, por que existimos e por que, 
na efemeridade da vida, estamos ligados a essa nação.
• Destaca historicamente as origens, e o perpetuamento das 
tradições, que independentemente do tempo se mantêm vivas.
• Inventa tradições outras com base em normas e valores, de 
natureza ritual ou simbólica, disseminando-as socialmente por 
meio da reprodução pelos sujeitos.
• Estabelece um mito fundacional, ou seja, o momento em que 
nasce e torna-se uma nação independente.
• Relaciona sua história com a de um povo, uma comunidade; a qual 
não ocupa o lugar de poder nessa nação (HALL, 2005, p. 52-55).
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Tradução de Tomaz Tadeu da 
Silva e Guacira Lopes Louro. 10. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2005.
AUTOATIVIDADE
34
Estes itens são importantes na construção de uma cultura unificada no 
imaginário nacional, e foram apresentados anteriormente no texto sobre 
Culturas Nacionais do Tópico 2. Escolha um país hispano-falante, pesquise 
sobre ele. A partir dos itens mencionados pelo autor Hall (2005), e do conteúdo 
do tópico, liste características que remetem à construçãoda cultura nacional 
desse país. Você pode usar os tópicos a seguir, como referência para sua 
resposta:
• Origem da nação.
• Tradições em comum entre os nativos.
• Mito fundacional.
• Povo ou comunidade simbólicos. 
35
TÓPICO 3
É POSSÍVEL DEFINIR CULTURA?
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico do nosso livro didático da disciplina de Aspectos Culturais 
da Língua Espanhola, vamos estudar noções históricas sobre o termo cultura, 
principalmente as construídas sob um viés científico. O termo está presente tanto 
em Ciências Sociais, como Antropologia e Sociologia, quanto em ciências da 
linguagem, como a Linguística Aplicada. 
Você conseguiria definir cultura sem cair em reducionismos? Esse é um 
dos desafios dos estudos na área nos dias de hoje, sobretudo na Linguística 
Aplicada, já que esta tem o desafio de discutir o ensino e verificar possibilidades 
de superação de noções pretensiosas que perpassam a linguagem. 
Para organizar melhor esta discussão, este tópico está dividido em duas 
partes: a primeira parte compreende a noção de Cultura nas Ciências Sociais; e a 
segunda parte compreende a Linguística Aplicada. Como você definiria cultura?
2 AS DEFINIÇÕES DE CULTURA NAS CIÊNCIAS SOCIAIS
ATENCAO
Para que você entenda a proposta desse tópico, é necessário primeiramente 
que você saiba que as noções do termo se dividem principalmente em dois momentos: 
concepções da modernidade e da pós-modernidade. Como vimos até aqui, as concepções 
modernas, que se estendem às ciências, estavam mais preocupadas com a verdade das coisas, 
e a universalização dessa verdade. Na pós-modernidade essas verdades são questionadas, e 
as barreiras entre as ciências se diluem.
É bem provável que ao se perguntar o que é cultura, muitas informações 
venham à sua mente, desde as mais variadas manifestações artísticas até as 
realidades sociais mais distantes da sua. 
36
UNIDADE 1 | APROFUNDANDO AS NOÇÕES DE CULTURA E IDENTIDADE
FIGURA 23 – MAS, AFINAL, O QUE É CULTURA?
FONTE: O autor
Se de fato isso ocorre, não se assuste. Você não é o único a não encontrar 
uma resposta objetiva para esta pergunta, já que o conceito de cultura durante 
anos foi reconhecido pelas ciências como um conceito amplo, cujo significado 
abarca todas as nossas relações sociais, convicções, comportamentos e bens 
patrimoniais.
Essa visão abrangente sobre cultura não é recente, mas, também, não é 
o único olhar direcionado ao conceito ao longo de sua história. Como vimos no 
tópico anterior, cultura esteve ligada a relações de poder, e tem como reflexo, 
nos dias de hoje, usos indiscriminados do termo, referindo-se aos sujeitos mais e 
menos escolarizados. 
Embora o termo já figurasse pelas sociedades muito antes, a primeira 
definição científica de cultura deu-se por Edward Tylor em 1871. Sua definição 
partiu de dois termos já conhecidos por nós, cultura (do alemão kultur) e 
civilização (do francês civilization). Segundo Laraia (1999, p. 25), Tylor assim 
definiu, “tomado em seu amplo sentido etnográfico é este o todo complexo que 
inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra 
capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade”. 
TÓPICO 3 | É POSSÍVEL DEFINIR CULTURA?
37
Segundo Mendes, esse conceito de cultura é reconhecido como o primeiro 
conceito antropológico de cultura, e Tylor como o fundador da antropologia britânica (2015, 
p. 206).
NOTA
Mendes, a partir da obra de Cuche, A noção da cultura nas Ciências 
Sociais, explica que muito antes dessa definição antropológica, a Sociologia e a 
Etnologia já haviam sido fundadas enquanto ciências, e buscavam de alguma 
forma descrever as culturas. Além de tentar superar a dificuldade na precisão 
do termo, a busca por uma definição de cultura tinha o intuito de fazê-lo ganhar 
credibilidade como saber científico, e para isso, durante algum tempo, buscou-
se construir um conceito que desse conta de abarcar não só a diversidade das 
sociedades, como também a unidade biológica do ser humano. 
Mendes explica que, para tentar entender as culturas nesse primeiro momento, 
os pensadores se basearam em teorias em evidência no final do século XIX e início do século 
XX: o determinismo biológico e o determinismo geográfico, “essas teorias defendiam a ideia 
de que a diversidade cultural humana é condicionada por duas principais variáveis: o caráter 
biológico e o espaço geográfico” (2015, p. 206).
NOTA
Quanto ao conceito cunhado por Tylor mais tarde, embora sua aceitação 
não tenha sido unânime devido à sua ideologia evolucionista implícita, 
diferenciadora de culturas como primitivas e avançadas (MENDES, 2015), foi 
considerado um passo importante em direção ao aprofundamento sobre o tema, 
uma vez que depois de sua definição muitas outras surgiram, inclusive em 
direções opostas a essa. 
38
UNIDADE 1 | APROFUNDANDO AS NOÇÕES DE CULTURA E IDENTIDADE
FIGURA 24 – O EVOLUCIONISMO SEGUNDO DARWIN
FONTE: Disponível em: <https://darwinismo.files.wordpress.com>. Acesso em: 28 out. 2017.
Com base de estudo que tivemos desde o primeiro tópico, sobre cultura, 
podemos acompanhar a seguir a linha do tempo e sua evolução:
FIGURA 25 – O CONCEITO DE CULTURA NO TEMPO 
FONTE: O autor
Você deve estar se perguntando o que são os Estudos Culturais no último 
marco da linha do tempo. No século XX, autores com engajamento em temas de 
justiça social dão origem aos Estudos Culturais, que segundo Moura (2005, p. 77), 
trata-se de “uma escola de pensamento transdisciplinar nascida na Inglaterra, 
nos anos setenta”. Transdisciplinar porque as teorias que predominam nessa 
escola não se fecham a ciências específicas, pelo contrário, elas interagem entre 
TÓPICO 3 | É POSSÍVEL DEFINIR CULTURA?
39
si. As discussões que realizamos sobre culturas nacionais, e conceitos de culto, 
popular e massivo, no primeiro tópico, têm como base autores dessa escola, como 
Hall (2005) e Canclini (2015), que são constantemente trazidos para discussões 
no campo da Linguística Aplicada, uma vez que esta é considerada como uma 
ciência transdisciplinar por Celani (1998, p. 117).
DICAS
Estudos futuros. Tema de interesse dos Estudos culturais é o tema da identidade. 
Falaremos sobre ele no Tópico 3.
3 AS DEFINIÇÕES DE CULTURA NA LINGUÍSTICA APLICADA
Em algum momento do curso você se perguntou por que o conceito de 
cultura é um conceito tão importante para a área de letras? Como você acha que 
ele pode nos ajudar na nossa prática escolar enquanto professores de Espanhol? 
Sugiro que ao longo deste tópico você reflita sobre estas questões, pois as respostas 
para elas ajudarão a contextualizar melhor o conteúdo deste tópico. 
No Brasil, a Linguística Aplicada (LA) tem atuado de maneira independente 
em relação aos pressupostos da Linguística formal, caracterizando-se como um 
campo de estudo mestiço e indisciplinar (MOITA, 2006; 2013), ou transdisciplinar, 
como sugerimos antes. Isto é, a LA rompe fronteiras disciplinares e transita por 
outros campos que ajudam a entender temas relacionados à linguagem em seu 
uso social. Sua implicação na homogeneização do sujeito, no apagamento de sua 
história, identidade, gênero, classe etc. (OLIVEIRA, 2017, p. 15). Embora não 
atue só no ensino de línguas, é nessa área que a maioria de seus estudos está 
concentrada, sendo o ensino de línguas estrangeiras (LE) um de seus focos.
Assim, dentro do ensino de LE muitos pesquisadores têm se debruçado 
sobre o tema da cultura (ALMEIDA, 2011; MENDES, 2015), tentando compreender 
a sua relação com a língua nesse contexto, o funcionamento social dos estereótipos 
e das representações culturais do outro (OLIVEIRA, et al., 2015; OLIVEIRA, 2017). 
Baseando-se, principalmente, em pressupostos de ciências como a Antropologia e 
a Sociologia, que estudam o tema há mais tempo.
No que se refere às tentativas de definir cultura na Linguística Aplicada, 
algumas no campo do ensino podem ser citadas, em Oliveira (2017). No entanto, 
não podemos esquecer que os conceitos na LAcostumam ser assumidos a partir 
de um viés pós-moderno, ou seja, sob uma perspectiva que não considera teorias 
40
UNIDADE 1 | APROFUNDANDO AS NOÇÕES DE CULTURA E IDENTIDADE
científicas como verdades prontas e acabadas (LYOTARD, 1979). Com a noção 
de cultura não é diferente; na vertente crítica da LA, as diferentes conceituações 
produzidas concordam em pelo menos um aspecto, no sentido de reconhecer a 
diversidade e a inexistência de essências culturais. 
Reforço que a Linguística Aplicada é uma realidade brasileira da área, como 
destaca Moita (2013, p. 17). Existem, porém, em outros países, e até mesmo aqui, outras 
vertentes da LA, que seguem pressupostos completamente diferentes. Visando diferenciar 
essas outras visões de LA da concepção transdisciplinar, Pennycook (1998) usa a expressão 
Linguística Aplicada Crítica.
NOTA
Desse modo, Mendes (2015, p. 218) explica que antes de decidir por 
apontar um conceito universal de cultura, acredita ser primordial reconhecer os 
princípios que juntos remetem a esse termo. De modo a tornar esse tópico mais 
didático, a seguir no Quadro 1, acompanhe as características da cultura:
Cultura para Mendes Minha leitura
a) “engloba uma teia complexa de 
significados que são interpretados 
pelos elementos que fazem parte de 
uma mesma realidade social, os quais 
a modificam e são modificados por ela. 
Esse conjunto de significados inclui 
as tradições, os valores, as crenças, as 
atitudes e conceitos, assim como os 
objetos e toda a vida material”;
Cultura vai além, e os sujeitos não 
só compartilham características e 
patrimônios culturais herdados, como 
também criam novas realidades e 
interagem com outros grupos.
b) “não existe sem uma realidade social 
que lhe sirva de ambiente; ou seja, 
é a vida em sociedade e as relações 
dos indivíduos no seu interior que 
vão moldar e definir os fenômenos 
culturais, e não o contrário”;
As culturas não são estruturas prontas, 
modelos a serem seguidos. Durante 
muitos anos tentam demonstrar alguns 
grupos através de categorizações como 
culto e popular, e culturas nacionais. 
As culturas são o que os sujeitos 
fazem dela, pois deles depende a sua 
existência.
QUADRO 1 – CARACTERÍSTICAS DA CULTURA
TÓPICO 3 | É POSSÍVEL DEFINIR CULTURA?
41
c) “não é estática, um conjunto de 
traços que se transmite de maneira 
imutável através das gerações, mas um 
produto histórico, inscrito na evolução 
das relações sociais entre si, as quais 
transformam-se num movimento 
contínuo através do tempo e do 
espaço”;
Não representa todos os sujeitos da 
mesma forma, e em todos os momentos.
d) “não é inteiramente homogênea e 
pura, mas constrói-se e renova-se de 
maneira heterogênea através dos fluxos 
internos de mudança e do contato com 
outras culturas”;
A interação com outras culturas é que a 
mantém viva.
e) “está presente em todos os produtos 
da vivência, da ação e da interação 
dos indivíduos; portanto, tudo o que é 
produzido, material e simbolicamente, 
no âmbito de um grupo social, é 
produto da cultura desse grupo”.
Pode ser tanto espiritual, quanto 
comportamental e material.
FONTE: Adaptado de Mendes (2015)
Amparados nesses princípios e nos de outros estudos, em Oliveira (2017, 
p. 22) encontramos o conceito de cultura como um termo que:
Faz referência a um conjunto de significados compartilhados, que se 
manifestam nos comportamentos, personalidades, materialidades, 
crenças, valores, sentimentos, gestos e movimentos dos sujeitos 
envolvidos, bem como em sua maneira de organizar, interpretar 
e conduzir a realidade em sociedade. Significados construídos na 
linguagem, e que estão sempre sujeitos à ressignificação.
Adiante tentaremos entender a relação entre cultura e identidade, mas 
antes você deverá resolver alguns exercícios para sua prática.
42
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que: 
• O percurso histórico da noção de cultura dentro das Ciências Sociais, como 
a definição de Edward Tylor, que abriu portas para o estudo da cultura na 
Antropologia.
• Pressupostos dos Estudos Culturais, relacionados com as noções de cultura 
nacional, entre outros conceitos.
• O que é Linguística Aplicada e como a noção de cultura, em diálogo com os 
Estudos Culturais, contribui com os estudos na área.
43
1 Relacione os pressupostos dos Estudos Culturais com a Linguística, e 
explique por que há diálogo entre as áreas.
2 Na sua opinião, qual a importância de entender cultura para atuação em sala 
de aula? Responda considerando os pressupostos da Linguística Aplicada 
discutidos anteriormente.
AUTOATIVIDADE
44
45
TÓPICO 4
O QUE É IDENTIDADE?
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Hall afirma que na modernidade, dentre as mais variadas identidades 
culturais dos sujeitos, a identidade nacional é a que se sobressai (2005), mas a que 
ele se refere com identidade cultural? O que é identidade para você? Pense sobre 
essa questão, e a discutiremos neste tópico.
Neste tópico serão apresentadas as diferentes concepções de identidade, 
e historicamente como essas identidades eram constituídas; a identidade na pós-
modernidade, aquela que costuma ser a atual concepção de identidade para as 
diversas ciências, e por último, trazemos a relação entre identidade e cultura.
2 A FORMAÇÃO DE NOSSAS IDENTIDADES
AUTOATIVIDADE
Para aquecermos nossa discussão, escreva a seguir o nome de três países 
da América Latina que vêm à cabeça. Atenção! Não prossiga a leitura do texto 
antes de escrevê-los.
1º
2º
3º
Em Oliveira (2017), foi realizada uma pesquisa com integrantes de um 
grupo de estudo, em um evento na Universidade Federal de Santa Catarina em 
2016, com o objetivo de descobrir, informalmente, se os visitantes do evento 
identificavam o Brasil como uma nação “latina”. Para isso, cada um escreveu o 
nome de três países pertencentes à América Latina em um papel e colocou em um 
recipiente. Ao final do evento, com a análise quantitativa desses dados, constatou-
se que aproximadamente 28% dos participantes não mencionaram o Brasil dentre 
os três nomes. Embora esse resultado seja relativamente baixo e não represente 
46
UNIDADE 1 | APROFUNDANDO AS NOÇÕES DE CULTURA E IDENTIDADE
a maioria, entende-se que, na ocasião, reforçava a hipótese de uma tendência à 
diferenciação entre as identidades latina e brasileira, uma vez que a dissociação é 
mais recorrente em situações espontâneas. 
 Você já se perguntou por que os brasileiros tendem a referir-se aos sujeitos 
hispanofalantes de países vizinhos como latinos? Os brasileiros também não são 
latinos? O Brasil está entre os três nomes que você escreveu?
AUTOATIVIDADE
Agora que você já sabe do que se trata a pesquisa, antes de prosseguir a 
leitura, conte-nos se você espontaneamente também utiliza o termo latino para 
referir-se aos países vizinhos, e por que você acha que isso costuma acontecer.
Essa divisão entre latinos e brasileiros é claramente uma questão de 
identidade. A não identificação com a América Latina, além de estar relacionada à 
política nacional e à mídia, que fazem questão de apagar essa relação (OLIVEIRA 
et al., 2015), tem a ver com a nossa memória histórica, que difere dos países 
vizinhos por sua colonização espanhola (GRIMSON, 2000). Esses são alguns dos 
fatores, dentre outros, que você pode ter citado na sua resposta, que fazem com 
que nossas realidades se distanciem desses países, e identidades separadas sejam 
formadas. Mas, afinal, o que é uma identidade? Como ela se forma?
Silva afirma que uma identidade nada mais é do que um conjunto de atos 
linguísticos, construído sócio e culturalmente (SILVA, 2014, p. 76). Nessa mesma 
perspectiva, Moura (2005, p. 80) define identidade como um texto, o qual pode 
dizer respeito tanto ao perfil de um indivíduo, quanto aos objetivos e objetos de 
um grupo. 
Ficou clara essa concepção de identidade? Um outro modo de entender a 
identidade: é “um sentimento de pertencimento a um determinado grupo cultural; este 
grupo, por sua vez, é representado e constituído por sentidos esímbolos que refletem na 
caracterização dessa mesma identidade” (OLIVEIRA, 2017, p. 16).
NOTA
TÓPICO 4 | O QUE É IDENTIDADE?
47
O fato é que a partir de nossas memórias construímos nossa versão de nós 
mesmos, e estas nos garantem essas identificações (MOURA, 2005). Isto é, se eu 
me considero feminista é porque, a partir de associações, histórias e lembranças, 
eu construí essa identificação, mas construí como? Na linguagem, por meio de 
frases como “sou feminista”, que repito e carrego comigo quando me perguntam 
sobre ela. 
AUTOATIVIDADE
Que tal tentar entender na prática a formação da sua identidade 
nacional? Boa ideia, não é mesmo? Analise as imagens a seguir e, em seguida, 
responda as questões sobre elas:
ATENCAO
Caso você não seja ou não se considere brasileiro, proponho que faça as 
adaptações necessárias na atividade para que compreenda a formação da identidade 
nacional à qual você se sente pertencido.
FIGURA 26 – BANDEIRA DO BRASIL
FONTE: Disponível em: <https://pixabay.com/pt/brasil-bandeira-
p%C3%A1tria-1581233/>. Acesso em: 18 fev. 2018.
48
UNIDADE 1 | APROFUNDANDO AS NOÇÕES DE CULTURA E IDENTIDADE
FIGURA 27 – CARNAVAL DO RIO DE JANEIRO
FIGURA 28 – O FUTEBOL
Com certeza estas imagens são familiares para você, o que não significa que você se 
sinta conectado 100% com elas, concorda? Dentre as imagens apresentadas, alguma 
delas foi essencial para a formação da sua identidade brasileira? Além do espírito de união 
e lealdade, o que te faz considerar-se como brasileiro?
• Verifique se ela é composta por lembranças, histórias, tradições.
É composta? Então, com certeza estas são as memórias que te fazem afirmar com 
automaticidade que você é ‘brasileiro’, ou da nacionalidade com que você se identifica.
• Analise se sua resposta abrange questões biológicas.
Não abrange, certo? Isso quer dizer que, como toda identidade, a sua identidade nacional 
não é inata, ela se constituiu histórica e socialmente.
• Ainda, se possível, compare a sua resposta com o colega.
FONTE: Disponível em: https://pixabay.com/es/photos/rio-de-janeiro-
carnaval-4965438/ Acesso em: 30 ago. 2021
Fonte: Disponível em: https://pxhere.com/pt/photo/1046804
Acesso em: 14 set. 2021.
TÓPICO 4 | O QUE É IDENTIDADE?
49
Comparou? Você deve ter observado que mesmo sendo a mesma 
identidade, brasileiro, vocês enxergam e assumem essa identidade por distintas 
razões. Hall (2005, p. 63) explica isso da seguinte maneira, as identidades nacionais 
“são atravessadas por profundas divisões e diferenças internas, sendo "unificadas" 
apenas através do exercício de diferentes formas de poder cultural”, ou seja, os 
símbolos nacionais são meras representações, sendo as nações formadas por uma 
ampla diversidade cultural, na qual vocês se encontram. 
É preciso lembrar que, assim como ressalta Moura (2005), o processo de 
constituição de uma identidade pode ser visto de vários ângulos, isso implica que a visão 
sobre uma determinada concepção de identidade será, de certa forma, relativa.
NOTA
Os três tópicos que você usou para a análise de sua resposta podem 
ser aplicados a qualquer outro tipo de identidade (de religião, gênero, raça, 
sexualidade etc.), mesmo o último tópico, voltado principalmente às identidades 
nacionais, já que durante muitos anos foi considerada a identidade-mãe e 
unificadora dos sujeitos. Ao longo do tempo, essa concepção de identidade foi 
mudando a ponto de hoje tornar-se um termo complexo e amplo, assim como a 
cultura. 
Não podemos reduzir as culturas e as identidades à nacionalidade. Como 
veremos adiante, embora a identidade nacional seja aquela que ganha bastante atenção em 
nossa área por estar ligada à língua e à cultura, existem muitas outras identidades (de gênero, 
raça, credo etc.) que também estão imersas nas discussões sobre a homogeneização e a 
heterogeneidade das identidades.
IMPORTANT
E
3 A EVOLUÇÃO NA CONCEPÇÃO DE IDENTIDADE
Você observou que no Tópico 1 o conceito de cultura foi discutido 
principalmente a partir da oposição entre concepções abertas e fechadas? Agora 
você constatará que com o conceito de identidade não foi muito diferente. 
Identidade e cultura são termos que conversam histórica e politicamente, sendo 
a junção identidades culturais muito presente na literatura sobre o tema, como no 
próprio título do livro do Hall (2005) “A Identidade Cultural na Pós-Modernidade”.
50
UNIDADE 1 | APROFUNDANDO AS NOÇÕES DE CULTURA E IDENTIDADE
DICAS
Sugestão de leitura o livro A indentidade cultural na Pós-Modernidade, autor 
Hall (2005).
Essa concepção é discutida em Oliveira (2017). Identidades culturais referem-
se às representações dos sujeitos que nascem a partir de práticas e símbolos de um grupo.
IMPORTANT
E
Assim como o conceito de cultura passou por uma evolução desde 
o Iluminismo, o de identidade também. Isso porque os ideais do Iluminismo, 
ligados à razão, terminavam por estabelecer sujeitos uniformes. Na concepção de 
Hall (2005), as identidades nunca foram uniformes. Entretanto, o que houve foi 
uma transformação na concepção da identidade cultural do sujeito, a qual passou 
por três etapas:
SUJEITO DO ILUMINISMO  SUJEITO SOCIOLÓGICO  
SUJEITO PÓS-MODERNO
O sujeito do Iluminismo tinha uma identidade unificada que nascia com 
ele, se desenvolvia e nunca mudava, “era uma concepção muito individualista do 
sujeito e de sua identidade” (HALL, 2005, p. 10).
O sujeito sociológico, por sua vez, tinha uma identidade negociada 
socialmente, ou seja, identidade = eu + sociedade. Nesse caso, a identidade 
estabilizava essa relação, funcionando como uma troca. 
De acordo com essa visão, que se tornou a concepção sociológica 
clássica da questão, a identidade é formada na interação entre o eu e a 
sociedade. O sujeito ainda tem um núcleo ou essência interior que é o 
eu real, mas este é formado e modificado num diálogo contínuo com 
os mundos culturais exteriores e as identidades que esses mundos 
oferecem (HALL, 2005, p. 11).
O sujeito pós-moderno rompe com as identidades pré-moldadas, 
ocorrendo a fragmentação da identidade do sujeito. Identidades deslocadas pelo 
processo de globalização. “O sujeito assume identidades diferentes em diferentes 
momentos, identidades que não são unificadas ao redor de um eu coerente. 
TÓPICO 4 | O QUE É IDENTIDADE?
51
Dentro de nós há identidades contraditórias, empurrando em diferentes direções, 
de tal modo que nossas identificações estão sendo continuamente deslocadas” 
(HALL, 2005, p. 13).
 Como expoentes desse processo de transformação, ele traz como exemplos 
grandes nomes, passando por Freud, Saussure, Derrida, Foucault e o feminismo.
É problematizando esse exercício de poder que, segundo Moura (2005), a 
visão estática sobre a identidade nacional, imposta em países colonizados, passa 
a ganhar notoriedade. Até então as identidades eram baseadas em narrativas 
prontas e fiéis que diferenciavam as nações umas das outras. Nesse momento, as 
identidades do sujeito passam a ser desmembradas, e deixam de ser vistas como 
uma coisa só, como permanentes. 
DICAS
Não é novidade para você que Hall associa culturas e identidades nacionais a 
relações de poder e as problematize, não é mesmo? Caso tenha dúvidas sobre esta questão, 
retome o assunto sobre Culturas Nacionais.
4 A IDENTIDADE NA PÓS-MODERNIDADE
Esses conflitos entre concepções homogêneas e heterogêneas é que Hall 
(2005) vai chamar de crise de identidade, que nada mais é do que o deslocamento, 
desmembramento e diluição dessa identidade nacional sólida. Você deve estar 
se questionando: como assim? Voltamos à ideia de uma identidade brasileira, 
os símbolos que visualizamos nas imagens anteriores sobre a formação de 
nossas identidades, na verdade, foram escolhidos para remeter à ideia de cultura 
nacional, na qual todos os sujeitos das nações são representados. No entanto, o 
Carnaval, tal como é posto na Figura 27, é uma cultura ligada ao Rio de Janeiro, 
diferenciando-se do carnaval de outros estados brasileiros, bem como de estados

Continue navegando