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MATERIAL DIDÁTICO - CONFORTO AMBIENTAL E ECODESIGN

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Conforto Ambiental e Ecodesign - Unidade 1
Apresentação da Disciplina
O que significa conforto ambiental e ecodesign?
Neste livro, você vai entender os conceitos básicos desses temas, os quais estão relacionados com condições térmicas, luminosas e energéticas, tendo em vista os projetos arquitetônicos.
Na primeira unidade, intitulada Noções de Conforto Ambiental e Ecodesign, vamos começar a tratar dos fatores que podem interferir no conforto dos indivíduos dentro e fora do edifício. Abordaremos os vários aspectos da reutilização de materiais e a importância da sustentabilidade ocorrer com o uso de matérias-primas sustentáveis, por exemplo. Serão tratadas a definição de ecodesign, a sua eficiência, as razões para o reuso de elementos e seu o uso consciente. Ainda, nesta unidade você estudará os benefícios, a relevância, as características e as certificações do design sustentável, bem como a construção de materiais renováveis e o uso do bambu, do ecomosaico e de ecoplacas.
Relação homem e ambiente é o tema da segunda unidade, onde explicaremos a influência do clima na arquitetura e qual a importância de se conhecer o clima local para realizar um bom projeto. Abordaremos como essa relação vem se modificando e como é possível ao ser humano se adaptar às diferentes condições ambientais. Conheceremos também o processo de evolução urbana e como ela se relaciona com as noções de conforto e quais são seus impactos no consumo de energia. Além disso, conceitos-chave, como conforto, sustentabilidade e eficiência energética, serão apresentados também nessa unidade.
Por sua vez, a terceira unidade vai tratar do Zoneamento e arquitetura bioclimática e as estratégias de controle ambiental, abordando alguns métodos de análise do clima, algumas ferramentas gráficas, o uso da carta solar e dos programas de simulação. Você terá um panorama quanto ao consumo energético gerado pelas edificações no Brasil e às conquistas já alcançadas com o uso da energia solar e dos sistemas fotovoltaicos. Será detalhada ainda nessa unidade a análise do conforto de várias cidades brasileiras, buscando estabelecer os critérios para proporcionar maior conforto nas edificações habitacionais. Para além disso, também serão abordados o papel da vegetação como um elemento significativo para o conforto ambiental e algumas vantagens e desvantagens da relação entre vegetação e arquitetura.
E, finalmente, na quarta unidade, Soluções Ecológicas, será apresentado o uso do gesso ecológico na arquitetura de interiores. Você também aprenderá sobre o tijolo de solo cimento, bem como sobre a utilização de luminárias em LED e de materiais recicláveis e reutilizáveis, como tecido e cortiça, madeiras de demolição, garrafas PET e papelão. Por fim, será destacada novamente a importância da sustentabilidade ocorrer com o uso de matérias-primas sustentáveis.
APRESENTAÇÃO DO PROFESSOR
JOSÉ STROESSNER SILVA CRUZ
É graduado em Geografia na área de Urbanismo, pela a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), especialista em Educação Ambiental, pela Faculdade Frassinetti do Recife (FAFIRE) e mestre em Geociêcias, pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Além disso, possui experiência na área ambiental desde 2008, atuando em trabalhos de utilização e confecção de materiais ecologicamente corretos, palestras e análises de riscos ambientais. Ainda, leciona em cursos técnicos e superiores na área ambiental desde 2010. 
Presidente do Conselho de Administração: Janguiê Diniz
Diretor-presidente: Jânyo Diniz
Diretoria Executiva de Ensino: Adriano Azevedo
Diretoria Executiva de Serviços Corporativos: Joaldo Diniz
Diretoria de Ensino a Distância: Enzo Moreira
DADOS DO FORNECEDOR
Análise de Qualidade, Edição de Texto, Design Instrucional,
Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico e Revisão.
© Ser Educacional 2021
Rua Treze de Maio, nº 254, Santo Amaro
Recife-PE – CEP 50100-160
*Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência.
Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos.
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.
Imagens de ícones/capa: © Shutterstock
Introdução
Olá, estudante! Tudo bem?
Bem-vindo(a) à Unidade 1: Noções de Conforto Ambiental e Ecodesign. 
Nos capítulos 1 e 2, você vai conhecer os conceitos básicos de conforto ambiental, relacionados às condições térmica, luminosa e acústica. Além disso, entenderá a relação entre o edifício e o seu entorno próximo, bem como a construção desse edifício, que pode interferir no meio ambiente e vice-versa.
Posteriormente, nos capítulos 3 e 4, você vai estudar a respeito do modo como o ecodesign pode influenciar positivamente nos ambientes, trazendo baixo impacto ambiental e exclusividade. Nessa unidade, também serão tratados alguns materiais renováveis: o bambu, as ecoplacas e os ecomosaicos.
Não se esqueça de participar das atividades, acessar os vídeos e os links disponíveis para aprimorar seus conhecimentos. 
Bons estudos!
Objetivos da Unidade
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 1. Nosso objetivo  é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos.
Conhecer os conceitos básicos de conforto ambiental. 
Aprender como as condições térmicas, lumínicas e acústicas interferem no bem-estar das pessoas.
Compreender a importância do ecodesign para o desenvolvimento sustentável e a exclusividade dos produtos oferecidos pelo designer de interiores. 
Noções de Conforto Ambiental
O estudo do conforto ambiental é essencial para alcançar propostas de projeto arquitetônico que sejam compatíveis com as condições ambientais locais. Veremos aqui alguns conceitos básicos e tipos de abordagens distintas. Nesse sentido, grande parte da bibliografia sobre o assunto define o conforto ambiental como uma avaliação relacionada à subjetividade, dependente de fatores físicos, fisiológicos e psicológicos. O termo também possui sentido amplo e costuma ser dividido em áreas específicas.
1.1 Conceitos básicos
Muitos são os parâmetros usados na avaliação do conforto do homem. 
À vista disso, podemos dizer que o conforto ambiental está relacionado às sensações humanas, à qualidade de vida e ao bem-estar. Mas é algo difícil de se mensurar, pois se trata de uma avaliação pessoal e subjetiva e, portanto, apresenta várias dimensões diferentes de conforto. Os sentidos, o tato, o olfato, a visão e a audição, trazem ao ser humano as sensações térmicas, visuais e auditivas e, consequentemente, definem o grau de satisfação de uma determinada pessoa.
Você já deve ter observado em um dado momento, dentro de uma sala ou de um ambiente qualquer, que algumas pessoas se queixam do calor enquanto outras estão satisfeitas ou até sentem frio. Por outro lado, às vezes, o som de uma música pode lhe atrapalhar num certa tarefa, já em outro momento, você deseja colocar aquela mesma música no ambiente. Isso acontece, porque conforto é uma avaliação pessoal e abstrata, então, dependendo da pessoa, momento e lugar, o resultado será diferente. Afinal, como já mencionado, essa subjetividade advém de fatores físicos, fisiológicos e psicológicos (LAMBERTS, 2016).
O termo conforto ambiental, visto de maneira bastante ampla, inclui os fatores térmicos, visuais/lumínicos, acústicos, olfativos e de movimento. Para uma avaliação completa do conforto ambiental na arquitetura, consideramos diversos aspectos, como os relativos às sensações:
· térmicas;
· acústica;
· de qualidade do ar;
· e de ergonomia/movimento.
Figura 1 - Aspectos trabalhados no conforto ambiental
Fonte: https://br.pinterest.com/pin/289848926025236044/?d=t&mt=login
O conforto antropodinâmico costuma ser abordado quando se fala em ergonomia e acessibilidade. No entanto, o conforto térmico e o conforto lumínico estão mais relacionados ao consumo energético. Por isso, o estudo desses dois tipos de confortose tornou uma premissa básica para se alcançar a arquitetura sustentável e com eficiência energética.
O empenho dos estudiosos no assunto demonstra que é possível descrever e quantificar quais são os principais parâmetros de conforto que realizarão o diagnóstico em determinado local. Conscientes de tantas variáveis, os pesquisadores se esforçam na elaboração de estudos detalhados com medições lumínicas, acústicas e higrotérmicas em diversos ambientes, o que contribui para precisar os resultados das avaliações de modo cada vez melhor. Apesar disto, é possível encontrar abordagens e classificações distintas nos trabalhos de outros pesquisadores; mesmo assim, as maneiras de organizar os conceitos acabam sendo definidas de maneira semelhante. Os softwares existentes ajudam nos métodos e nas avaliações sobre os conceitos e parâmetros.
No grupo cultural, incluem-se os fatores de ordem moral, social e histórica. Já no fisiológico, estão os fatores geológicos, luminosos, sonoros, térmicos, espaciais, de movimento e geográficos. Esses elementos ainda passam por outros fatores limitantes, por exemplo, os econômicos e as necessidades de cunho físico e emocional. É importante lembrar que as necessidades emocionais e psicológicas interferem na avaliação do conforto. (BARBOSA, 2002).
Nesse sentido, o que de fato preocupa as pessoas é a sensação de desconforto, justamente porque ela incomoda e atrapalha a realização das tarefas do dia a dia. Buscando resolver essa questão, arquitetos e pesquisadores se dedicam a encontrar soluções que eliminem o problema ou, pelo menos, minimizem os seus danos. O desconforto afeta o bem-estar e reduz a produtividade do indivíduo, então, para controlar essa situação desagradável, as pessoas se utilizam de aparelhos de condicionamento do ar, por exemplo, o que se define como a ausência das condições mínimas necessárias ao bem-estar comum; isto também acaba interferindo na saúde, na disposição, na alegria, no humor, entre outros.  
Figura 2 - Desconforto témico
Fonte: retirada do Facebook
1.2 Necessidades ambientais no conforto higrotérmico
Desde os tempos mais remotos, no período Paleolítico, o homem busca um local para habitar e se proteger das intempéries e dos animais. Desse modo, as cavernas se tornaram locais de abrigo e conforto para aquela época. Com a busca pelo conforto e igualmente pelo uso do instinto de sobrevivência, hoje, contamos com medições e inúmeras técnicas disponíveis.
Os estudos de conforto térmico na atualidade visam, principalmente, analisar e estabelecer as condições necessárias para a concepção de ambientes adequados ao homem nas suas diversas tarefas cotidianas. Contamos com métodos e princípios já estabelecidos para uma avaliação térmica detalhada de um ambiente. Nesse sentido, as trocas de calor ocorrem entre o homem e o meio ambiente e também entre as edificações e o seu entorno próximo. 
Por isso, segundo Frota et al. (2007), é necessário conhecer os fenômenos de trocas térmicas para melhor compreender o comportamento térmico das edificações. Dito isto, antes de seguirmos adiante, é importante diferenciarmos essas trocas térmicas: as trocas secas envolvem diferença de temperatura, como a convecção, a radiação e a condução; já as trocas úmidas envolvem mudança de estado, como a evaporação e a condensação. Por fim, as trocas térmicas entre os corpos acontecem por meio de uma destas duas condições básicas: a existência de corpos que estejam em temperaturas diferentes e a mudança de estado de agregação.
Muitas vezes, utiliza-se o termo conforto higrotérmico no lugar de conforto térmico para expressar o elemento umidade como participante na avaliação do conforto térmico. A sensação de conforto depende não apenas da temperatura do ar, mas também é influenciada pela umidade relativa do ar e pelas trocas de calor do corpo com o ar em movimento.
Segundo Lamberts (2016), a importância do estudo de conforto térmico se baseia essencialmente em três fatores: satisfação humana, performance e conservação de energia. Com isso, consegue-se ajustar as condições ambientais, proporcionando uma melhor qualidade de vida e um aumento na produtividade tanto em termos de atividades físicas como de raciocínio, além de haver uma redução do consumo energético que ocorreria com o uso equipamentos de aquecimento e refrigeração.
A partir do momento em que determinadas construções aderiram e passaram a optar por desenvolver cômodos mais enclausurados, tentou-se solucionar o problema do desconforto térmico através desse uso de diversos equipamentos e máquinas de condicionamento. Entretanto, o uso desses sistemas mecanizados consumiam muita energia e, consequentemente, aumentavam as cargas térmicas e o custo energético.
Desse modo, as variáveis arquitetônicas de conforto serão definidas com base no conhecimento das variáveis ambientais e variáveis humanas, ou seja, conhecendo bem o clima, as condições peculiares do microclima, o perfil dos usuários e função da edificação, teremos as informações necessárias para tomar as decisões construtivas cabíveis. E são essas decisões que determinarão a forma do edifício, os dispositivos de controle, os materiais de construção e acabamento, a cobertura do edifício e todo o tratamento da envoltória da edificação a serem empregues.
A claraboia é um exemplo prático de elemento arquitetônico de controle ambiental; ela se trata de uma abertura no alto das edificações que é destinada a permitir a entrada de luz ou a passagem de ventilação e é formada por materiais transparentes que vedam o perímetro da construção por caixilho com vidro ou outro elemento para garantir essa iluminação do espaço interior.
Figura 3 — Exemplos de claraboias 
Fonte: https://www.weg.net/tomadas/blog/decoracao/iluminacao-natural-com-claraboias/
É claro que a forma plástica e a aparência estética do projeto são uma parte importante, mas nem por isso o conforto ambiental deve ser ignorado. As soluções da arquitetura bioclimática não limitam a criatividade do arquiteto como alguns pensam. Saber utilizar técnicas compatíveis para prover o conforto ambiental e a sustentabilidade na arquitetura, considerando ainda a legislação e os fatores humanos envolvidos, exigirá do arquiteto muita reflexão e criatividade, sendo, assim, considerada até uma expressão de arte.
Por ser um país de grande extensão territorial, o Brasil detém vários tipos climáticos que, segundo a classificação de Strahler, são: equatorial, tropical, semiárido, subtropical, tropical litorâneo e tropical de altitude. Além disso, uma extensa área tropical abrange os estados das regiões Centro-Oeste, Nordeste, Norte e Sudeste. 
Para o arquiteto projetar nessas regiões tendo como objetivo principal o conforto ambiental, será necessário se familiarizar com o clima tropical. Corbella et al. (2015) afirma que algumas estratégias de controle ambiental em regiões de clima tropical brasileiro permitem boas condições de habitabilidade.
Figura 4 - Climas do Brasil
Fonte: https://www.coladaweb.com/geografia-do-brasil/climas-do-brasil-2
Dica
Ao se elaborar um projeto de conforto ambiental, é necessário se atentar a determinadas situações, como as apresentadas abaixo:
· controle da radiação solar incidente no verão e aproveitamento do Sol no inverno; para isso, será preciso utilizar a carta solar e pesquisar as opções de brise-soleil e outros dispositivos;
· redução das áreas envidraçadas nas coberturas e fachadas ou, pelo menos, sombreamento delas; esses elementos favorecem a entrada de luz natural no interior, no entanto, devem tanto ser aplicados com moderação quanto estar bem localizados para não gerar efeito estufa no edifício;
· ventilação para reduzir a umidade, renovação do ar interno e resfriamento; prever, nesse caso, a abertura de entrada e saída do ar, preferencialmente de acordo com os ventos predominantes;
· isolamento, quando o ambiente for climatizado artificialmente, impedindo a saída do ar interno por frestas ou qualquer outro tipo de abertura.
· inserção de paredes com alta inércia térmica, quando fizer partedas estratégias recomendadas no zoneamento bioclimático para aquela cidade; materiais de alta inércia térmica atuam no amortecimento das variações da temperatura externa, assim, essa estratégia pode ser utilizada quando se pretende utilizar a ventilação noturna para resfriamento (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2013); 
· inserção de paredes com baixa inércia térmica, quando for utilizar o recurso da ventilação natural diurna. Nesse caso, os materiais da envoltória são mais leves.
· adequação do projeto aos elementos do entorno, considerando as informações coletadas no diagnóstico microclimático: topografia, vegetação, presença de brisas marinhas, etc.
A inércia térmica é uma propriedade dos materiais que está relacionada ao peso, ao calor específico e à condutividade térmica. Esses materiais têm a capacidade de gerar um atraso térmico na variação da temperatura e no amortecimento dessa variação.
Por exemplo, o Método Fanger destaca-se entre as tentativas utilizadas na avaliação de conforto térmico. Através de experiências, Fanger elaborou uma equação geral de conforto considerando as variáveis ambientais: temperatura média radiante, velocidade do ar, umidade relativa, temperatura do ar, atividade física e vestimenta. É importante destacar que esse método é mais indicado para ambientes climatizados artificialmente. Durante a sua análise, Fanger avaliou o conforto em pessoas de diferentes nacionalidades, sexos, raças, obtendo o Voto Médio Predito (em inglês, Predicted Mean Vote — PMV) para determinadas condições ambientais. O PMV é um valor numérico que qualifica a sensação humana em relação ao frio e ao calor. Quando o PMV é zero, qualificamos como conforto; quando é negativo, sensação de frio; e quando é positivo, sensação de calor. (LAMBERT et al. 2013).
Além do uso da equação, gráficos e tabelas também são usados nesse tipo de avaliação. Atualmente, utilizamos os programas de análise de simulação de conforto térmico: Analysis-BIO e Analysis-CST, os quais substituem esses cálculos. Esses softwares auxiliam no processo de adequação do projeto de arquitetura ao clima local. Para isso, o Analysis-BIO utiliza arquivos climáticos anuais e seus respectivos horários.
Confortos lumínico e acústico
Os confortos lumínico e acústico são parâmetros distintos de análise do conforto ambiental na arquitetura. Para se chegar a um bom projeto bioclimático, é preciso considerar todas as ações integradas. Não seria sensato prover um bom conforto hidrotérmico, se a proposta traz desconforto acústico ou lumínico. Os seres humanos sentem o ambiente como um todo, isto é, os parâmetros de conforto se fundem no processo avaliativo do usuário, e este traduz numa resposta pessoal de satisfação ou insatisfação naquele momento e naquele lugar. Essa divisão dos “confortos” é utilizada por causa das suas peculiaridades e para facilitar o entendimento.
2.1 Conforto lumínico
Todo ser humano possui necessidades lumínicas. Não se vive sem a presença da luz por questões de saúde e de comunicação. O sentido da visão é intensamente solicitado pelas atividades cotidianas, pois traz a percepção de profundidade e a distinção de formas, cores, brilhos e volumes. A luz e as cores influenciam nossas experiências, nosso estado de ânimo e nosso comportamento no tempo e espaço, mesmo que seja de maneira inconsciente.
Figura 5 — Diferença entre iluminância, fluxo luminoso e intensidade luminosa
Fonte: https://clubarqexpress.com.br/blogs/clubarqexpress/o-que-e-luminancia.
Em termos físicos, o espectro eletromagnético é definido como a distribuição das ondas eletromagnéticas a partir dos valores dos comprimentos de onda e da frequência das radiações. Tal distribuição é classificada em luz visível e luz não visível, o que se dá de acordo com a frequência e o comprimento de onda característico de cada radiação.
A relação entre a luz e a arquitetura é fundada nos princípios da física. O olho humano capta as ondas luminosas e as transforma em impulsos nervosos que, através do nervo ótico, estimulam o cérebro, onde se processa a interpretação das diferentes intensidades de luz. Assim, a visão espacial depende da saúde dos olhos, do campo visual, da capacidade de acomodação e adaptação do olho e da mobilidade da cabeça. Essa capacidade visual, por sua vez, varia de pessoa para pessoa, podendo ser prejudicada por deficiências visuais, desgaste devido à idade e/ou mau uso da visão.
Definição
De acordo com Barbosa (2002), o conforto lumínico pode ser definido como resultado da criação de condições para o indivíduo exercer as atividades visuais no espaço arquitetônico com o menor esforço possível e o máximo de acuidade, para, assim, trabalhar com eficiência, rapidez e segurança e proporcionar um ambiente visual agradável.
A expressão conforto visual geralmente é utilizada quando se quer avaliar as sensações de maneira mais abrangente, como a visão da paisagem, da composição das cores, das figuras e os fatores psicológicos, que são incluídos na avaliação, além das considerações quantitativas da luz. Os confortos visual e lumínico, portanto, estão relacionados ao bem-estar e à distinção clara dos elementos observados.
O conforto lumínico é relativo à quantificação de luz necessária para cada tipo de atividade. Essa quantificação varia de acordo com a função do espaço, o tipo de tarefa, o tempo de execução e a idade das pessoas envolvidas. A orientação em projetos de iluminação e procedimentos para avaliação do conforto lumínico podem ser encontradas em normas. Nesse sentido, a ABNT dispõe de algumas normas que são utilizadas de acordo com o tipo de projeto que se necessita realizar, veja a seguir algumas delas que contemplam o tema da iluminação e do conforto lumínico:
· NBR ISO/CIE 8995-1/2013 — Iluminação de ambientes de trabalho;
· NBR 5461 – 1991 — Iluminação: terminologia;
· NBR 5382 – 1985 — Verificação de iluminância de interiores: procedimento;
· NBR 15215 – 2004 — Iluminação natural – Parte 1: conceitos básicos e definições;
· NBR 15215 – 2004 — Iluminação natural – Parte 2: procedimentos de cálculo para a estimativa da disponibilidade de luz natural;
· NBR 15215 – 2004 — Iluminação natural – Parte 3: procedimento de cálculo para a determinação da iluminação natural em ambientes internos;
· NBR 15215 – 2004 — Iluminação natural – Parte 4: verificação e método de medição;
· NBR 15575:2013 – Edificações habitacionais — Desempenho.
A NBR 15575:2013 (ASSOSCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2013) é uma norma que trata do desempenho de edificações habitacionais com o objetivo de proporcionar o conforto, a acessibilidade, a higiene, a estabilidade, a vida útil da construção, a segurança estrutural e os contra incêndios. É uma norma bem detalhada e está dividida em seis partes:
· requisitos gerais;
· sistemas estruturais;
· sistemas de pisos;
· sistemas de vedações verticais internas e externas;
· sistemas de coberturas;
· sistemas hidrossanitários.
A parte 1 da NBR 15575:2013 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2013) estipula níveis requeridos de iluminação natural e artificial visando o desempenho lumínico e estabelecendo alguns critérios. Quanto à luz natural, a norma exige uma quantidade mínima de iluminação no projeto. Todos os ambientes de permanência prolongada, como sala, quarto e cozinha, devem ter no mínimo 60 luxes de luz natural no centro do ambiente; caso tenha 90 luxes, considera-se um nível intermediário de luz natural; se tiver 120 luxes, considera-se um nível superior. A medição nos ambientes pode ser feita por simulações a partir da utilização de softwares, que fazem várias considerações, tais como: latitude, obstruções de sombreamento vindas do entorno, cores no ambiente interno, tipo de vidro nas janelas etc. Outra forma de medição é ir ao local e empregar um aparelho de medição chamado luxímetro. Nessa situação, a norma estabelece uma metodologia para esses procedimentos.
A norma também traz recomendações mínimas para os níveis de iluminamento geral para iluminação artificial. Para ambientes como a de sala deestar, o dormitório, o banheiro e a área de serviço, a norma exige um mínimo de 100 luxes. Para a copa e a cozinha é exigido que haja, no mínimo, 200 luxes. Corredores, escadas e garagens cobertas devem ter, no mínimo, 75 luxes.
Como premissas de projeto visando o desempenho lumínico, a NBR 15575:2013 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉNICAS, 2013) determina na parte 1, item 13.2.5:
Os requisitos de iluminância natural podem ser atendidos mediante adequada disposição dos cômodos (arquitetura), correta orientação geográfica da edificação, dimensionamento e posição das aberturas, tipos de janelas e de envidraçamentos, rugosidade e cores dos elementos (paredes, tetos, pisos etc), inserção de poços de ventilação / iluminação, eventual introdução de domus de iluminação, etc; 
A presença de taludes, muros, coberturas de garagens e outros obstáculos do gênero não podem prejudicar os níveis mínimos de iluminância especificados;
Nos conjuntos habitacionais integrados por edifícios, as implantações relativas dos prédios, de eventuais caixas de escada ou de outras construções, não podem prejudicar os níveis mínimos de iluminância especificados. 
Dica
A falta de um bom projeto luminotécnico pode ocasionar numa quantidade excessiva de luz no ambiente ou aquém da necessária, o que também prejudicará o conforto e o desempenho das tarefas. O posicionamento das luminárias, bem como a escolha das fontes luminosas precisam ser feitas com consciência. Desse modo, para cada tipo de lâmpada e de sistema de iluminação existe uma aplicação recomendada.
Aproximadamente 50% da radiação solar recebida na superfície da Terra é qualificada como luz visível, isto é, trata-se de radiação eletromagnética visível aos nossos olhos. A luz natural chega até nós de forma direta (diretamente do Sol), difusa (quando vem da abóboda celeste, não considerando a luz direta do solo) ou refletida (proveniente do reflexo do entorno, também chamado de albedo) (CORBELLA e CORNER, 2015).
2.2 Conforto acústico
A audição é um dos sentidos mais importantes na percepção do espaço, na comunicação e no bem-estar. Os sons da natureza se somam aos sons produzidos pelo homem, pelas máquinas e pelos diversos equipamentos com uma série de variações de intensidade e tempo de propagação. O tema é bastante complexo, mas, através do desenvolvimento de pesquisas, já se consegue chegar a recomendações oportunas para a arquitetura, o design de interiores e a construção civil.
Você Sabia?
A acústica produz um forte impacto na caracterização de um lugar, e no estudo da acústica arquitetônica, encontramos duas áreas de estudo importantes.
· Defesa contra o ruído: trata da eliminação ou do amortecimento dos ruídos indesejáveis, sejam de fontes internas, sejam de fontes externas.
· Controle dos sons no recinto: visa melhorar a comunicação sonora no recinto e a preservação da inteligibilidade evitando defeitos acústicos comuns — ecos, ressonâncias, reverberação excessiva.
O estudo do conforto acústico engloba os princípios básicos de emissão e propagação do som e a interferência das formas como o som no homem, considerando as propriedades acústicas dos materiais, forma e tamanho dos locais, disposição dos diferentes elementos etc. (BARBOSA, 2002). Assim como no conforto hidrotérmico a avaliação pode diferir de uma pessoa para outra, o mesmo acontece no conforto acústico. De acordo com o indivíduo, sua idade, tarefa e momento, a sensação acústica pode ser positiva ou negativa. Um determinado som, a voz humana, um som de pássaros ou uma música, por exemplo, pode ser motivo de prazer em determinado momento, mas em outro momento ser um fator incomodativo. 
A física define o som como uma perturbação que se propaga nos meios materiais e é capaz de ser detectada pelo ouvido humano. Portanto, o som é uma sensação auditiva gerada por uma onda acústica. A onda acústica, por seu turno, é resultado de uma vibração que gera uma série de compressões e rarefações em um meio elástico, como o ar, a terra ou qualquer tipo de material de construção (BARBOSA, 2002).
Um local é considerado confortável acusticamente quando uma pessoa é capaz de realizar as tarefas sem incômodos auditivos e sem sons de interferência, além de ser um local possível de ouvir informações com clareza. Nesse cenário, as interferências sonoras no ambiente são consideradas ruído, e esses ruídos podem advir de fontes internas ou externas à edificação. Por isso, o primeiro passo em uma avaliação acústica, tendo como objetivo a defesa contra os ruídos, é identificar quais são as fontes perturbadoras e onde estão situadas, pois a melhor maneira de combater tais ruídos é na própria fonte, eliminando ou reduzindo a sua intensidade sonora. Quando não for possível, a correção é feita no percurso do som entre a fonte e o ouvinte. 
Figura 6 — Níveis de decibéis (NBR 15.575)
Fonte: https://www.hafele.com.br/pt/info/servi-os/not-cias/desempenho-ac-stico/63843/
Saiba Mais
· A ABNT NBR 16313:2014 Acústica — Terminologia estabelece termos e definições em acústica. 
· Já a ABNT NBR 10152:2017 — Acústica — Níveis de pressão sonora em ambientes internos a edificações versa sobre os procedimentos para execução de medições de níveis de pressão sonora em cômodos internos a edificações, os valores de referência de níveis de pressão sonora para estudos e os projetos acústicos de ambientes internos a edificações, em função de sua finalidade de uso, etc. 
· Por fim, a ABNT NBR15575:2013 faz observações quanto ao desempenho acústico a partir da seguinte recomendação:
A edificação habitacional deve apresentar isolamento acústico adequado das vedações externas, no que se refere aos ruídos aéreos provenientes do exterior da edificação habitacional, e isolamento acústico adequado entre áreas comuns e privativas.
Além disso, é importante observar os ruídos urbanos e outras fontes externas existentes nas vizinhanças e definir as melhores ações corretivas a fim de dificultar a penetração desses ruídos externos no ambiente. Veja algumas recomendações a respeito de controle do ruído externo e interno. 
Como estratégias de controle dos ruídos externos, são orientadas algumas ações.
· Ação na fonte: caso esteja em desacordo com a legislação local, pode-se procurar meios legais obrigando a reduzir a intensidade sonora.
· Ação no percurso: na implantação, a construção deve ser posicionada o mais distante possível das fontes ruidosas urbanas. O tratamento pode ser feito no entorno da edificação, por meio de muros, taludes e vegetação, por exemplo.
· Ação na envoltória da edificação: quando não for possível resolver o problema junto às fontes de ruído, pode-se utilizar materiais isolantes nas fachadas da edificação, nesse caso, as esquadrias também precisam ter propriedade isolante. Como a edificação receberá as ondas sonoras, é preciso empregar materiais isolantes que impeçam a entrada do ruído no interior. Pode-se usar materiais refletores de som, que devolvem a as ondas sonoras para fora, ou materiais absorventes, que reduzem a energia sonora incidente das paredes externas.
· Ação no interior da edificação: priorizar os ambientes que necessitam de silêncio para o melhor posicionamento, os mais afastados possível das fontes de ruído. Certos ambientes de menores exigências acústicas poderão servir de filtro, sendo posicionados entre a fonte e os demais ambientes que requeiram silêncio.
Já como estratégias de controle dos ruídos internos, outras ações são orientadas.
· Ação na fonte: a prioridade é, sempre que possível, resolver o problema na fonte de emissão do ruído. A troca de um aparelho ruidoso por um silencioso ou o ajuste dos horários de uso podem resolver o problema. A indústria costuma informar a intensidade do ruído produzido pelos seus produtos, por isso, é necessário se familiarizar com essas medições para saber se o equipamento será ou não um elemento perturbador. O confinamento de máquinas é utilizado em indústrias para que a propagação não se espalhe por toda edificação. Neste caso, é importante ter o devido cuidado com o calor.
· Açãono percurso: quando o ruído é produzido dentro da edificação, porém num outro ambiente, procura-se colocar anteparos entre os dois cômodos, por exemplo, corredor, vasos de plantas, jardins internos, armários, estantes com livros.
· Ação no interior da edificação: quando o ruído é produzido dentro do próprio ambiente que se deseja ter conforto, é preciso utilizar materiais absorventes do som que irão abafar e reduzir a reverberação sonora. Tapetes, cortinas, almofadas, quadros e forros acústicos costumam resolver bem esse problema. Neste sentido, é importante lembrar que quando o som é absorvido pelo material há uma transformação da energia sonora em energia térmica, portanto, há mais calor no ambiente.
É muito comum recorrer a projetos de acústica após a construção ter sido executada, o que gera tratamentos acústicos caros e muitas vezes inviáveis. Por isso, é interessante considerar a questão do conforto acústico desde o início do desenvolvimento projetual para proporcionar melhores resultados. A escolha da implantação, por exemplo, é definida no início, e o posicionamento de certos ambientes ruidosos distantes dos ambientes que necessitam de silêncio também precisa ser observado no estudo preliminar. As sacadas e varandas podem ser uma boa solução de redução sonora, funcionando como ambientes de transição entre o ruído externo e o espaço interno.
Outro aspecto importante no conforto acústico é em relação a lei da massa. Quanto maior a massa, ou densidade de uma parede, melhor o seu desempenho acústico; massas maiores reduzem a ocorrência de vibrações e a transmissão sonora pelo sistema de vedação. Sendo assim, o isolamento sonoro de uma parede está ligado à sua massa.
DICA
É sabido que certos tipos de edificação, como teatro, auditórios, sala de cinema, sala de concerto, igrejas, casa de shows e estúdio de gravação, são projetos específicos, e, para realizá-los, recomenda-se um estudo mais aprofundado e, em alguns casos, com uso de softwares específicos de controle acústico. Entretanto, a definição da forma dos ambientes, o posicionamento em planta baixa e o volume de ar são questões básicas que não podem deixar de ser bem resolvidas no projeto arquitetônico.
Nesse sentido, existem gráficos e tabelas próprios para o ajuste do tempo de reverberação nos ambientes e o controle da inteligibilidade. Para cada tipo de projeto, auditório, igreja, estúdio, sala de aula ou sala de reuniões, existe um valor do tempo de reverberação ideal (TR), e o controle se faz através dos ajustes na altura do pé direito e da colocação de materiais absorventes ou isolantes. Os valores de TR ideais estão disponíveis nas normas de acústica NBR 12179:1992 —Tratamento Acústico em Recintos Fechados (ASSOCIAÇÃO DE NORMAS TÉCNICAS, 1992).
Noções Gerais de Ecodesign
A terminologia do ecodesign surgiu na década de 1990 devido à imprescindibilidade de se conceber produtos que viabilizassem uma criação ecológica que reduzisse os impactos na natureza e aumentasse o ciclo de vida. Dessa maneira, o ambiente formaria elementos importantes dentro de critérios como qualidade, eficiência, estética e funcionalidade.
Em face da problemática de concepção de novos produtos e desejos, o pensamento em torno da redução de custos econômicos, ambientais e sociais colocou em voga os benefícios do ecodesign, os quais foram transformados na objetificação de matérias-primas em sua ordem final, isto é, os produtos.
Dentre os benefícios do ecodesign, podemos citar:
•  Produção eficiente (economia de energia e recursos naturais, menor uso de matéria-prima);
• Redução das emissões de CO2 (meio de transporte e o consumo dos combustíveis);
• Qualidade do produto (materiais duráveis e versáteis);
• Consumidores satisfeitos (produtos atrativos para o púbico alvo);
• Indústrias sustentáveis (empresas comprometidas com o meio ambiente e com capacidade de inovação tecnológica);
• Competitividade no mercado (concorrência entre os fabricantes, resultando em agregação em qualidade nos produtos).
Assim, percebemos a relevância do ecodesign por meio da produção, da distribuição e do consumo, de maneira a se adequar a critérios ecológicos. Para tanto, o ecodesign parte das ações da economia circular, a qual agrega valor ao produto e o isenta de resíduos, fazendo com que ele permaneça num circuito com ajustes e os bens sejam reciclados em novas condições. Já a economia linear, comumente vista no dia a dia, parte das ações de compra, uso e descarte.
De acordo com Manzini et al. (2002), procurar o equilíbrio entre inovações culturais e tecnologia promove a integração máxima dos processos produtivos e do consumo aos ciclos naturais, o que é chamado de biocompatibilidade. Conforme toda a estrutura em que o design sustentável se encontra, percebemos algumas de suas características, por exemplo:
1.  Facilitação do processo de reciclagem, evitando perda do tempo no processo de desmonte;
2.  Prolongamento da vida útil do produto e redução do uso de materiais em prol da otimização de energia;
3.  Utilização de materiais biodegradáveis;
4.  Emprego de inovações tecnológicas;
5.  Difusão do conceito de sustentabilidade.
Em relação ao desenvolvimento econômico na sociedade, existe, atualmente, a chamada economia verde. Ela fornece os requisitos necessários para a criação de propostas de sustentabilidade, como a geração de materiais reaproveitados na produção, a otimização, a não acumulação e o retorno do material ao local de origem. Reconhecer as origens da cultura sustentável, identificar processos para obter materiais e desenvolver práticas sustentáveis em projetos são premissas para aplicar o reaproveitamento em materiais recicláveis.
O grande impacto negativo causado pelo excesso de consumo abarca consigo um aspecto positivo: o desenvolvimento econômico. Por essa razão, é notável a utilização e a distribuição consciente dos recursos em seus vários ramos do progresso, o ecológico, o econômico ou o social. Numa sociedade, conquistar bases sólidas para prospectar um futuro para todos é saber equalizar os espaços e conservar a ética e os direitos ao acesso na mesma ordem sem distinguir qualquer tipo de classe.
De acordo com Mazini et al. (2002), o ciclo do consumo sustentável é dividido em quatro etapas.
· Pré-produção: obtenção de matéria-prima, produção e transformação dos materiais;
· Distribuição: embalagem dos produtos, transporte e armazenamento;
· Uso: consumo do produto e manutenção dele;
· Descarte: reaproveitamento, reciclagem ou descarte correto.
O uso deste ciclo visa melhorar a qualidade de vida de milhões de pessoas, por meio da redução da pobreza, do aumento da competitividade e da redução dos custos econômicos, ambientais e sociais. Na arquitetura e no design de interiores, uma das formas de realização disso é através da escolha pelo ecodesign. Segundo Papaneck (1990), o ecodesign é o desenvolvimento de produtos com baixo impacto ambiental, sem perda da funcionalidade, de modo a reduzir os impactos em toda a cadeia e focar no ciclo da vida. Veja a seguir alguns dos seus benefícios:
· facilita a reciclagem;
· é duradouro, ou seja, prolonga a vida útil do produto;
· utiliza menos material, otimizando energia e o próprio material, além disso, protege recursos e reduz emissões de gases na atmosfera;
· utiliza materiais biológicos de um só tipo, sendo ele biodegradável, mesmo sendo derivado do natural;
· é multifuncional, reciclável e reutilizável, nesse sentido, um só produto é usado de variadas formas para variadas funções e é fabricado com materiais advindos da reciclagem;
· utiliza a inovação no emprego da tecnologia, no intuito de melhorar a eficiência e promover a sustentabilidade;
· reduz a emissão de dióxido de carbono (CO2);
· transmite uma mensagem ecológica para o mundo, difundindo o conceito de sustentabilidade.
Os produtos considerados como de design sustentável são credenciados de acordo com três certificações: Cradle to Cradle — C2C; ISO 14062 e ISO 14001. Essas certificações fornecem base para todo o plano do uso desses materiais dentro do eixo dasustentabilidade. Sendo assim, o tema sustentabilidade se delineia dentro de um sistema em que se conserva e se mantém algo, pretendendo prover uma cultura sustentável que estabeleça uma relação entre as pessoas e o planeta com vistas para a redução de impactos e conservação de recursos.
Materiais renováveis e o design de interiores
Reconhecer a origem da cultura sustentável, identificar processos para obter materiais e desenvolver práticas sustentáveis em projetos são premissas para a aplicação de materiais renováveis. Além disso, sabemos que o consumo em grande escala é o sustentáculo para o crescimento e desenvolvimento econômico. Porém, este consumo causa impactos negativos no planeta. Por isso, é de grande importância a distribuição consciente dos recursos tanto no âmbito ecológico como no âmbito econômico. Saber conviver com outros indivíduos no meio em que vivemos e, acima de tudo, procurar reduzir os impactos ambientais são as bases para a cultura sustentável, ou seja, é fundamental preceituar o princípio da equidade como um fator ético em que todos têm o direito ao acesso com a mesma ordenação de recursos naturais. 
Figura 7 — Os benefícios do ecodesign
Fonte: https://www.iberdrola.com/compromisso-social/eco-design-produtos-sustentaveis
Conforme se dão o caminhar e o desenvolvimento do crescimento econômico vinculados à proteção de recursos naturais e atrelados a questões sociais, como pobreza e segurança alimentar, surge a economia verde, que parte de quatro requisitos para se obter uma sociedade sustentável:
1. produção de recursos renováveis;
2. otimização de recursos não renováveis como o ar, o lixo e a água;
3. redução do acúmulo de lixo e retorno das substâncias aos seus devidos locais de origem;
4. garantia de que as diferentes classes sociais gozem do mesmo espaço ambiental disponível.
Para tanto, é indispensável se atentar à chamada hierarquia dos 3 R’s.
· Redução de consumo e serviço;
· Reutilização do material descartado;
· Reciclagem.
Brandão (2007) afirma que a redução dos impactos ambientais são um conjunto de fatores sociais e de atuação. Por isso, é importante, diante da utilização de materiais recicláveis, valer-se, por exemplo, de tecnologia limpa, além de também reeducar a própria sociedade.
Para o design, essa utilização de materiais recicláveis e reutilizáveis vai além de um projeto elementar: trata-se do planejamento de um sistema, visto que cabem estratégias que englobam fatores para extensão da vida de um produto. Como exemplos disso, temos o descarte correto, o consumo energético adequado, a não contemplação de processos industriais e de transformação e o envolvimento de atores principais na composição do material, como prestadores de serviços, fornecedores, consumidores, entre outros.
O profissional da decoração ou da arquitetura sustentável tem um considerável papel social ao criar um produto ou um serviço dentro de uma sociedade utilizando abordagens heterogêneas nas práticas sustentáveis, por exemplo, arquétipo na escolha de materiais mobiliários e objetos decorativos; além disso, ele faz girar a lógica da sustentabilidade econômica de forma cíclica. Diferentes etapas relacionadas às atividades do design para desenvolver produtos podem causar impactos ambientais, como a escolha de material, o processo de fabricação, a embalagem e o acabamento do produto, o transporte e a geração de resíduos.
Confira abaixo os fatores relacionados à sustentabilidade no design e na construção de interiores.
Mobiliária e decoração
É por meio da reutilização de materiais feitos com artesanato ou produtos manufaturados que é reduzido o consumo no transporte e é fomentada a economia local.
Reutilização de produtos descartados
Ao reutilizar um material empregando criatividade nele, pode se apresentar uma nova roupagem e/ou outro tipo de uso para aquela peça ou objeto. As garrafas de vidro são amplamente utilizadas como luminárias, por exemplo.
Concepção de um projeto
Na fase inicial de um projeto de interiores, desenvolver maneiras que possibilitem o uso de algum espaço, de modo a economizar energia natural, é de grande valia, como a utilização de uma janela ou de uma esquadria para aproveitamento da luz natural, por exemplo.
Seguir diretrizes de certificações ambientais
Umas das certificações mais propagadas no meio do design sustentável se chama LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), que significa Liderança em Energia e Design Ambiental; ou seja, é uma entidade que preconiza critérios ao consumo de energia e ao ciclo de vida sustentável dos materiais, assim sendo, cada certificação avança no nível de sustentabilidade em cada projeto, sendo Silver, Gold e Platinum.
Abaixo exemplificamos dois grupos de materiais, mas no decorrer do texto citaremos vários outros.
4.1 Bambu
O bambu, no que se refere às fontes renováveis e ao consumo consciente, tem uma ótima relação custo-benefício. Ele possui diversas aplicações, na construção civil, na arquitetura, no design e até na moda, e o seu uso se vincula à sua grande durabilidade.
Conforme diz Recht (1994), o bambu possui um sistema de raízes, colmos e galhos abaixo da terra, e qualquer uma das três partes tem a mesma composição alternando entre nós. Cada nó é envolvido por uma folha de caule que protege e se fixa ao nó anterior e ao anel do caule.
Devido à leveza, à resistência e à durabilidade, o bambu se torna um material excelente e renovável. No entanto, o conhecimento científico aprofundado em relação ao bambu se torna indispensável, pois a quantidade de espécies, o tratamento e as formas para a sua produção influenciam na inserção dele nessas temáticas. Além disso, temos normas técnicas que direcionam o uso adequado deste material para cada ocasião.
Também é necessário alçar a interdisciplinaridade que o material dispõe, pois suas características fazem com que ele seja empregado tanto in natura como processado. Assim, a diversificação e a tecnologias são elementos que impulsionam o uso do bambu, principalmente, no que tange às áreas de arquitetura, construção e design, visto que ele tem um grande aproveitamento e potencial.
Alguns autores informam que existem mais 1000 espécies de bambu, por isso há esta característica de rápido crescimento. O Brasil, por sua vez, possui uma ampla variedade de espécies, e nele também se verifica uma disseminação da cultura do bambu.
No país, notamos que há uma formação de redes para divulgar o uso do bambu, como:
· A Organização Mundial do Bambu (WBO);
· A Rede Brasileira de Bambu (RBB) e os seus desmembramentos estaduais;
· A Associação Americana de Bambu e a Associação Australiana de Bambu (ABS);
· A Rede Internacional para o Bambu e Rattan (INBAR);
· A Agência Bambu de Conhecimento (ABC).
 
Ao estudarmos a respeito da cadeia de produção do bambu, descobrimos o seu ciclo de vida, que é dividido nestas etapas:
1. Silvicultura: plantio normalmente desenvolvido em solos arenosos e com boa drenagem. 
2. Colheira: momento em que se extrai o bambu, de preferência nas épocas secas do ano.
3. Pós-colheita: processo de limpeza das varas (remove folhas e seca), com duração em trono de 4 meses; em seguida, ele é tratado contra pragas e novamente seca.
4. Processamento: transporte do bambu seco.
5. Industrialização: processo de transformação do bambu, no qual a matéria-prima é modificada para produção elaborada de industrialização. O bambu industrializado no design de interiores pode se mostrar em formato de lâminas ou de placas, que se distinguem em: placa de aglomerado, placas de OSB, placas de MDF, placas de bambu prensado, o compensado de bambu e a placa de bambu laminado colado. Esse uso do bambu se assemelha à produção da madeira, ou seja, são feitos os cortes, os tratamentos e a secagem do bambu e, logo em seguida, ocorre a colagem, a prensa, a montagem e o acabamento com verniz.
 
Em relação à utilização do bambu na arquitetura e no design de Interiores, as tramas de bambu são largamente usadas em peças de decoração, desse modo, além de revestir o ambiente, com esse toque rústico, anaturalidade imposta pelo bambu traz aconchego ao ambiente. Já o laminado é usado na fabricação de piso, que lembra o piso de madeira, porém, apresenta menor custo e maior resistência contra a umidade e o risco. Existe também o uso do laminado para confeccionar imobiliários, pois o bambu dá elasticidade aos objetos e faz com que eles adquiram formas curvilíneas. 
Figura 8 — Ideias para usar o bambu
Fonte: https://sustentarqui.com.br/ideias-sustentaveis-para-usar-o-bambu/.
As alternativas para usar o bambu em projetos de interiores são variadas tanto em áreas residências quanto comerciais; a rusticidade que este material produz garante ao ambiente um toque sofisticado e moderno, além de transmitir naturalidade e conforto. Confira a seguir alguns dos seus usos.
Bambu como divisória, parede ou muro: utilizado com o intuito de separar espaços, fazer parte de cômodos como o lavabo, separando a pia do vaso sanitário, ou estar em cima da pia da cozinha, separando-a da área externa.
Bambu como cobertura: utilizado geralmente em ambientes externos como varandas.
Bambu para a decoração de parede: misturado com uma iluminação amarela, cria um ar intimista. É comum vermos esse tipo de decoração em spa, pois fornece um ar de tranquilidade para o ambiente formando painéis entre um ambiente e outro.
4.2 Ecoplacas e ecomosaicos 
As ecoplacas e os ecomosaicos entram no rol de materiais que visam a redução dos impactos ambientais por serem provenientes de materiais reciclados.
No caso das ecoplacas, normalmente usam-se plásticos, embalagens, alumínio, papel; tratam-se de placas que possuem dimensões e espessuras diferentes. Com isso, é possível fazer a moldagem conforme o tamanho no local onde serão inseridas.
Figura 9 - Exemplo de utilização de ecoplacas
Fonte: https://oglobo.globo.com/ela/decoracao/novos-revestimentos-ecologicos-exploram-texturas-materiais-reciclados-renovaveis-16951928.
Este material é comumente usado como divisórias e forros; por ter resistência acústica e térmica, as ecoplacas são usadas como superfícies que vedam áreas, possuem baixa absorção da umidade. O método usado para construir é a seco, isso faz com que o consumo de água sejam baixo, reduzindo, consequentemente, outros materiais e o tempo, no caso de uma obra.
Dica
Como mencionado, as indicações de uso das ecoplacas são para divisórias, vedações, na confecção de mobiliário e algumas peças. A manipulação deste material se dá de maneira semelhante a de uma placa de madeira, podendo ser parafusada e cortada.
Todo este aparato que envolve e constrói a ecoplaca é revestido por uma dupla de materiais: o plástico, dando um visual com transparência ao mostrar a coloração da ecoplaca, isto é, a matéria-prima, fazendo com que ela disponha de inúmeras colorações na mesma placa; e o revestimento com papel cartão duplo ou sanduíche, que possibilita outros tipos de acabamento, como pintura, textura, argamassa. 
Já o ecomosaico, é um material que é extraído do restante das pedras de grandes placas, como as rochas. Ao sofrer o beneficiamento ou o polimento da peça, a pedra bruta é transformada numa peça polida; logo, suas características se referem à própria matéria-prima e à similaridade entre ela e o produto final.
Assim, as dimensões das pedras residuais se tornam irregulares, fazendo com que a peça transformada adquira um estilo rústico e uma variedade de cores e texturas.
O manuseio do ecomosaico se dá de forma artesanal, com a reutilização dos materiais, e o processo manufaturado não chega a transformar a utilização do produto, pois o revestimento conceituado de início será empregado novamente. É para potencializar o uso do ecomosaico que as pedras são dispostas de maneira que formem um mosaico irregular. Além disso, a superfície a ser aplicada pelo ecomosaico deverá ser firme e resistente, pois o peso das pedras pode sucumbir a extensão, e para assentar, é necessário utilizar cimento com argamassa.
O ecomosaico é ideal na utilização do revestimento de superfícies, como revestimento de pisos e paredes. Encontramos muito este tipo de revestimento em varandas antigas. Como o processo é manual e é um costume ter cautela ao inserir cada peça, o tempo para o produto final ficar pronto pode ser longo. Por isso, usar peças ortogonais pode ser uma boa solução, mas o repasse delas peças no mercado é pouco veiculado. Outra vertente desse uso é a confecção de objetos feita por meio do mesmo método de revestir superfícies, como bancos e mesas.
Sintetizando
A relação do meio ambiente fica muito clara quando percebemos que para haver um bom conforto não basta apenas ter um imóvel que respeite os padrões construtivos e um mobiliário moderno e confortável, mas é necessário também que as questões ambientais sejam consideradas. Assim, o imóvel terá um conforto ambiental que proporcionará um diferencial em termos de qualidade vida e valor aos seus moradores e ao planeta.
Referências Bibliográficas
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RECHT, C. et al. Bamboos. London: B.T. Batsford Ltd, 1994.
Conforto Ambiental e Ecodesign - Unidade 2
Introdução
Olá, estudante! Tudo bem?
Bem-vindo(a) à Unidade 2: Relação Homem e Ambiente.
Aqui, você vai entender tanto a influência do clima na Arquitetura quanto a importância do clima do local para a elaboração de um bom projeto. Você também estudará a respeito da relação do homem com o ambiente e como ela vem se modificando, tendo como objetivo o conforto em diferentes condições ambientais. Além disso, apreenderá alguns conceitos-chave, como os de conforto, de sustentabilidade e de eficiência energética, e conhecerá o processo de evolução urbana, sabendo como esta se relaciona com as noções de conforto e quais são seus impactos no consumo de energia.
Bons estudos!
Objetivos da Unidade
Conhecer melhor a relação e a influência que há entre o clima e a arquitetura.
Entender como o homem se adapta e se relaciona com o ambiente.
Aprender sobre a evolução urbana e a relação dela com o conforto.
Compreender conceitos-chave como sustentabilidade e eficiência energética.
Introduzir o conceito de cartas bioclimáticas.
Humanidade e ambiente
O ser humano sempre dependeu do ambiente para sobreviver. Porém, com o passar do tempo, a interação com ele vem se modificando. De acordo com Mesquita et al. (2017), os povos primitivos consideravam a natureza como um sinônimo de Deus; enquanto no Antropocentrismo prevalecia o entendimento de que a natureza era um objeto que deveria satisfazer às necessidades humanas. Por último, já na visão mais atual, percebe-se que há uma dependência entre o ser humano e a natureza.
No entanto, com a utilização e a exploração indiscriminada dos recursos ambientais, a humanidade gerou um grande desequilíbrio ecológico, resultando em diversas mudanças climáticas. Isso acentuou a preocupação com a preservação do meio ambiente, surgindo, então, estratégias a serem adotadas que visam mudar a relação do homem com o ambiente. Dentre essas estratégias, temos as seguintes:
· redução do desperdício de comida;
· economia da água;
· diminuição da poluição;
· utilização fontes renováveis de energia;
· aumento da eficiência energética;
· desenvolvimento de hábitos de consumo mais conscientes. 
A relação da humanidade com o ambiente também pode ser analisada numa escala mais próxima: o ser humano busca o conforto ambiental, que consiste num conjunto de condições que o permitam experienciar as sensações de bem-estar acústico, antropométrico, olfativo, visual e térmico. É importante ressaltar que, principalmente no que diz respeito ao conforto térmico, existe uma influência do ser humano, das questões fisiológicas e das ações dele no ambiente.
Isso posto, urge a questão da sustentabilidade, que deriva da relação com o desenvolvimento sustentável. Esse desenvolvimento se estabelece na formação de um conjunto de ideias, estratégias e outras atitudes que, com frequência, dizemos ser ecologicamente corretas, socialmente justas e, até mesmo, economicamente praticáveis. 
De acordo com Claro et al. (2008, p. 289-290):
O termo sustentabilidade está cada vez mais presente no ambiente empresarial. A definição de sustentabilidade mais difundida é a da Comissão Brundtland (...), a qual considera que o desenvolvimento sustentável deve satisfazer às necessidades da geração presente sem comprometer as necessidades das gerações futuras. Essa definição deixa claro um dos princípios básicos de sustentabilidade, a visão de longo prazo, uma vez que os interesses das futuras gerações devem ser analisados.
Ainda segundo Claro et al. (2008), a maioria dos estudos sobre sustentabilidade afirma que ela é composta por três dimensões que se inter-relacionam: a econômica, a ambiental e a social. Veja a seguir as suas definições.
Dimensão econômica 
Inclui não só a economia formal, mas também as atividades informais que proveem serviços para indivíduos e grupos e que aumentam, assim, a renda monetária e o padrão de vida dos indivíduos.
Dimensão ambiental
Estimula empresas a considerarem o impacto de suas atividades sobre o meio ambiente, pela forma de utilização dos recursos naturais, e contribui para a integração da administração ambiental na rotina de trabalho.
Dimensão social
Corresponde ao aspecto social relacionado às qualidades dos seres humanos, como suas habilidades, dedicação e experiências, abrangendo tanto o ambiente interno da empresa quanto o externo.
À vista disso, a sustentabilidade é entendida como a conservação e, até mesmo, como a manutenção de um determinado cenário, que vai prevenir possíveis ameaças. Esse conceito é algo que ouvimos com frequência nos últimos trinta anos, e a cada período percebemos o quanto é necessário fazermos a nossa parte para a salvação do planeta. Nesse sentido, quando atrelamos a sustentabilidade a um projeto arquitetônico, estamos pensando na redução do esgotamento de recursos.
De acordo com Sustentarqui (2018), um projeto arquitetônico sustentável deve:
· reduzir, ou evitar completamente, o esgotamento de recursos críticos, como energia, água, terra e matéria-prima;
· prevenir a degradação ambiental causada por instalações e infraestruturas;
· construir ambientes que sejam habitáveis, confortáveis, seguros e produtivos.
O pensamento sustentável é uma das preocupações mais decorrentes deste século, quando se trata da construção civil. Nos últimos anos, muitas empresas brasileiras e estrangeiras têm trabalhado investigando materiais sustentáveis. O objetivo desses centros é criar alternativas para a substituição dos plásticos em embalagens. Assim, a harmonia entre o meio ambiente e a indústria de construção é um grande desafio para a construção sustentável. Para tanto, o conceito de sustentabilidade deve guiar todas as etapas do projeto construtivo, incorporando, por exemplo, o uso de materiais sustentáveis que proporcionem menor impacto no meio ambiente.
Sustentarqui (2018) também destaca os seis princípios fundamentais da sustentabilidade que devem orientar a arquitetura sustentável, princípios esses que veremos nos tópicos a seguir.
Aperfeiçoar o potencial da edificação
A criação de edifícios sustentáveis começa com a seleção adequada do local, considerando a reutilização e/ou a reabilitação de edifícios existentes. A localização, a orientação e o paisagismo de um edifício também afetam os ecossistemas locais, os métodos de transporte e o uso de energia. O local de um edifício sustentável deve reduzir e controlar o escoamento de águas pluviais.
Otimizar o uso de energia
Com o crescimento dos recursos de combustíveis fósseis e das preocupações a respeito da independência e da segurança energéticas, além do fato dos impactos das mudanças climáticas globais estarem se tornando mais evidentes, é importante encontrar maneiras de reduzir a carga de energia, aumentar a sua eficiência e maximizar o uso de fontes renováveis nos seus imóveis à venda.
Proteger e preservar os recursos hídricos
Como a construção modifica fundamentalmente as funções ecológica e hidrológica das terras não construídas, um edifício sustentável deve procurar minimizar a cobertura impermeável criada por meio de práticas que possam reduzir esses impactos. Por isso, a água deve ser consumida de maneira eficiente, reutilizando-a ou reciclando-a para uso local, quando possível. O esforço para levar água potável para as nossas torneiras domésticas consome enormes recursos energéticos nos processos de bombeamento, transporte e tratamento. Muitas vezes, substâncias químicas potencialmente tóxicas são empregadas para tornar a água potável, e, além disso, os custos ambientaise financeiros do tratamento de esgoto são muito significativos.
Otimizar o espaço de construção e o uso de materiais
Com o crescimento da população mundial, o consumo de recursos naturais continuará a aumentar e a demanda por bens e serviços adicionais continuará a reduzir os recursos disponíveis. Desse modo, os materiais utilizados em um edifício sustentável minimizam os impactos ambientais do ciclo de vida de um prédio, como o aquecimento global, o esgotamento de recursos e a toxicidade, reduzem os impactos na saúde humana e no meio ambiente e contribuem para a melhoria da segurança e da saúde dos trabalhadores e para redução dos custos de descarte.
Melhorar a qualidade ambiental interna 
A qualidade ambiental interna de um edifício tem um impacto significativo na saúde, no conforto e na produtividade dos ocupantes. Dentre outros atributos, um edifício sustentável maximiza a iluminação natural, tem ventilação e controle de umidade apropriados, otimiza o desempenho acústico e evita o uso de materiais com emissão de Compostos Orgânicos Voláteis (COVs).
Otimizar as práticas operacionais e de manutenção
Considerar questões operacionais e de manutenção de um edifício durante a fase de projeto preliminar de uma instalação contribui para a melhoria dos ambientes de trabalho, para uma maior produtividade, para a redução de custos de energia e de recursos e para a prevenção de falhas no sistema estrutural. É importante, também, incentivar os operadores de edifícios e o pessoal de manutenção a participar das fases de projeto e desenvolvimento, a fim de garantir as operações e as manutenções ideais do edifício e de seus recursos, como as instalações de águas pluviais, projetadas para reduzir o impacto do edifício sobre o solo.
Segundo o Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos (ONU-Habitat), a população urbana mundial, hoje em dia, já é cinco vezes maior, em relação aos anos de 1950, além do número de pessoas que vivem nas grandes cidades também já superar a quantidade de indivíduos no meio rural. Assim, a aglomeração populacional cresce aceleradamente nas grandes regiões metropolitanas, e a perspectiva, segundo a mesma instituição, é que o meio urbano reúna 75% dos indivíduos, em 2050 (ONU-HABITAT, 2018).
De acordo com Dias (2016), as cidades são alvos de grandes processos migratórios, o que resulta em mudanças nos espaços urbano-arquitetônicos e em transformações nas suas características climato-geográficas. Consequentemente, as metrópoles se tornam cada vez mais inseridas em um crescimento insustentável. Por isso, para amenizar os impactos gerados no entorno urbano, seria necessário adotar, conforme o autor (2016, p. 15) diz, “o planejamento de uma boa arquitetura, adaptada ao local que está inserida”.
Se o tema da sustentabilidade na Arquitetura tem influenciado novas abordagens, na Arquitetura de Interiores também marca presença tanto na parte estrutural como nos acabamentos internos e externos para revestimentos e luminotécnica.
Saiba Mais
O descarte de materiais é certamente um dos fatores que geram o aumento de resíduos que serão excretados nos aterros sanitários. Muitos deles vêm da construção civil, por isso, existe a necessidade de criar projetos com materiais duráveis e robustos, de modo que haja menos desperdício.
1.1 Evolução urbana
Desde que os povos nômades resolveram se fixar, a evolução urbana começou a crescer (e continua) em um ritmo cada vez mais acelerado. A prática da arquitetura e do desenho urbano vem se modificando ao longo dos anos, tornando necessário o entendimento dessas transformações que compõem a evolução urbana para entender sua relação com o conforto e com a energia.
Nos primórdios, não existia, ainda, a figura do arquiteto, de modo que eram utilizados conhecimentos empíricos, transmitidos de geração em geração para construir a chamada arquitetura vernacular. Romero (2001) afirma que, ao observar esse tipo de arquitetura, é possível notar como o ser humano fazia naturalmente o seu abrigo, tornando-o perfeitamente adaptado e em harmonia com o meio. Muitas vezes esse abrigo e a paisagem do ambiente se confundiam por estarem muito associados. Ferreira (1999), por sua vez, declara que essa arquitetura é genuína, pura, correta e livre de estrangeirismos. Já Lambertz et al. (2013) diz que ela ensina muitos conceitos, técnicas e princípios sustentáveis e bioclimáticos, os quais podem ser usados em edificações que buscam uma alta eficiência energética. Para eles, o primeiro desses princípios era, na maioria das vezes, aproveitar as características desejáveis do clima e evitar as indesejáveis.
Figura 1 — Exemplo de arquitetura vernacular, oca indígena no Xingu (Brasil)
Fonte: ugreen.com.br.
De acordo com os mesmos autores, foi na Roma antiga que surgiu o primeiro sistema de aquecimento artificial conhecido. Nele, era utilizada a queima de madeira e carvão em fornalhas, porém, esse sistema era insustentável, visto que as reservas de madeira se esgotavam. Então, foi necessário que eles buscassem tecnologias mais sustentáveis para construir num local onde o sol era considerado a principal fonte de calor. No início desse processo, Plínio, um escritor da época, construiu sua casa utilizando a técnica solar dos gregos antigos, que consistia em priorizar a captação do sol durante todo o dia, uma técnica que ele batizou de Heliocaminus. Essa lei versava que qualquer objeto que obstruísse a passagem da luz solar em uma casa criaria sombra onde o próprio sol era absolutamente necessário, o que configuraria uma violação do direito ao sol do heliocaminus.
Para se aprofundar um pouco mais nesse assunto, acesse o seguinte link: https://staticsshoptime.b2w.io/sherlock/books/firstChapter/6843657.pdf
Já os arquitetos Paladio e Faventino, escreveram manuais de técnicas com enfoque sustentável, os quais hoje denominamos de técnicas de autoconstrução. Elas incluíam a reutilização da água, o aproveitamento do calor dos banhos quentes e do calor solar, além da utilização de cores escuras, para absorver o calor, e de cores claras, para refletir o calor. Lambertz et al. (2013) também fala sobre o que hoje é definido como a primeira legislação ambiental que se tem notícia: uma lei no século VI, que tratava da importância do acesso solar e foi registrada pelo imperador Justiniano. 
Lambertz et al. (2013) ainda cita outros povos que adaptavam suas construções ao clima, por exemplo, alguns povos no norte da China e na Tunísia, que construíam habitações subterrâneas para se proteger dos extremos de temperatura; ou os habitantes do deserto do Colorado, nos Estados Unidos, onde as habitações eram protegidas pelas encostas de pedra, evitando o sol no verão e garantindo o sol no inverno; ou em Sevilha, na Espanha, onde toldos sombreavam as ruas, um artifício que é utilizado até hoje em algumas ruas, durante o verão.
Até o Período Gótico, o artesão e o arquiteto trabalhavam juntos, isto é, a concepção e a construção eram simultâneas. Nesse período, surgiram novas técnicas estruturais que permitiram mais aberturas nas paredes. No mesmo contexto, a partir do Renascimento, o arquiteto se desvinculou do artesão, o que afastou o projetista de um rico vocabulário de soluções arquitetônicas da época e limitou o conhecimento que, antes, na Arquitetura vernacular, era passado de pai para filho.
Lambertz et al. (2013) mostra que a Revolução Industrial trouxe novos materiais, como o aço e o concreto armado, que desafiaram a tradição de construir em alvenaria de pedra, um costume que existia desde o Egito Antigo. Todavia, essa tradição construtiva persistiu até a Segunda Guerra Mundial e, a partir dela, grandes transformações econômicas, sociais e técnicas mudaram a arquitetura drasticamente.
No período entre guerras, surgiu o Estilo Internacional, o que transformou totalmente os conceitos da arquitetura. Durante esse tempo, Le Corbusier lançou as ideias da planta livre, do esqueleto estrutural, do terraço-jardim, dos pilotis e do Modulor. Este último relaciona as proporções do homem ao espaço arquitetônico projetado.Entretanto, Lambertz et al. (2013) cita que, depois das ideias lançadas por Le Corbusier, os arquitetos passaram a apenas reproduzir as ideias se atentando para questões mais estéticas do que propriamente funcionalistas. Em paralelo, avanços em áreas particulares do processo de construção, como o conforto ambiental, já não eram mais assimilados pelos arquitetos. Nesse sentido, foi Mies van der Rohe quem trouxe as cortinas de vidro e criou um verdadeiro ícone de edifícios de escritórios.
Figura 2 — Pavilhão de Mies van der Rohe, Barcelona (Espanha)
Fonte: Miguel(ito), Shutterstock, 2020.
O conforto é um fator extremamente importante e indispensável, por isso, para que o ser humano possa viver em um local, é necessário se adaptar ao clima. Para tanto, utilizam-se mecanismos como a arquitetura, que, ao longo do tempo, ganhou cada vez mais importância quando se trata de conforto. Cabe ressaltar a relevância do conforto não apenas nas edificações, mas também nos espaços abertos da cidade, incentivando, assim, o seu uso e gerando vitalidade urbana, que impacta na segurança, na economia e no bem-estar.
Ao analisar a evolução da Arquitetura e das cidades, fica claro que a maioria das mudanças e evoluções surgiram da busca por mais conforto. No entanto, chegou um momento em que a internacionalização da arquitetura e a preocupação apenas estética fizeram com que o conforto ambiental não fosse mais uma premissa sem a adequação do edifício ao clima. Com isso, os sistemas artificiais passaram a ser largamente utilizados na busca pelo conforto que havia sido perdido, e, a partir daí, a relação da evolução urbana com o conforto passou a impactar no aumento desenfreado do uso da energia.
Por fim, Lambertz et al. (2013) afirma que a consequência disso tudo é que o edifício-estufa foi exportado como símbolo de poder, com seus sistemas sofisticados de ar-condicionado e megaestruturas de aço e concreto; mas não foi readaptado para as características culturais e climáticas dos locais em que seriam implantados, dificultando, então, o conforto e aumentando muito o consumo energético.
1.2 Impacto da edificação no meio ambiente 
Atualmente, após um longo período de produção arquitetônica de alto consumo energético e momentos de crise a nível mundial, verifica-se que há precisão de mudança no sistema. Construir com o clima não é mais uma posição ideológica, mas uma necessidade quando se analisa o panorama mundial da evolução do consumo em relação à disponibilidade de energia. (MASCARÓ, 1991).
Nesse sentido, a construção civil interfere, de modo direto, no meio ambiente. Os projetos arquitetônicos e urbanísticos, quando não bem planejados, podem causar um impacto ambiental negativo, prejudicando a qualidade de vida da população. Esse impacto ocorre tanto pelo consumo de recursos naturais e energéticos quanto pelos seus efeitos poluidores. (BARROSO-KRAUSE, C. et.al, 2012)
Devido à crescente industrialização e aos costumes da sociedade contemporânea, as pessoas passam grande parte de suas vidas em ambientes fechados e condicionados artificialmente. Sendo assim, é fundamental conhecer os parâmetros relativos ao conforto térmico a fim de se evitar desperdícios com o uso do ar-condicionado para calefação ou refrigeração, muitas vezes desnecessários. (LAMBERTS, 2016). 
O sistema econômico, o estilo de vida contemporâneo e a evolução demográfica, relacionados ao crescimento de edificações residenciais, impactam de diversas maneiras no consumo energético do Brasil. Segundo Gonçalves et al. (2015), a ampliação dos recursos energéticos com utilização de fontes renováveis se tornou uma preocupação no mundo contemporâneo. A partir dos anos 1990, as discussões sobre o impacto ambiental de edifícios ganharam peso na agenda de muitos países. Atualmente, os edifícios procuram aproveitar e valorizar sua relação com o meio externo, pelo aproveitamento do ar fresco e da luz natural, pelo contato entre o ambiente interno/externo ou pela visão da paisagem. (GONÇALVES et al., 2015).
A partir da conferência RIO 92 e da Agenda 21, a atenção ao desenvolvimento das cidades e as questões ambientais se tornaram temas de pesquisas e de políticas públicas em vários países. (BARROSO-KRAUSE et.al., 2012). Fruto da conferência internacional Eco-92 realizada no Rio de Janeiro e sistematizada pela Organização das Nações Unidas (ONU), a Agenda 21 se caracteriza por ser um conjunto de resoluções. Nessa conferência, participaram 179 países, os quais se comprometeram a tomar medidas para conciliar o crescimento econômico e social com a preservação do meio ambiente. Cada país definiu quais seriam suas premissas, visando o desenvolvimento sustentável com esse compromisso de preservar o meio ambiente.
Os objetivos da Agenda 21 e os temas abordados têm ligação com nossos estudos sobre o conforto ambiental e a arquitetura sustentável. Veja alguns exemplos:
• Proteção da atmosfera;
• Planejamento e ordenação no uso dos recursos da terra;
• Combate ao desmatamento das matas e florestas, à desertificação e à seca;
• Controle dos diversos tipos de resíduos;
• Educação como forma de conscientização para as questões ambientais.
Esse assunto vem sendo discutido até os dias de hoje, como pôde ser observado nos encontros e preparativos para a conferência Rio+20, ocorrida em 2012. A Rio+20 propôs uma agenda moderna, do século 21, com uma visão que apontou a intersecção entre o desenvolvimento sustentável e as áreas ambiental (clima, perda de biodiversidade), social (desemprego, desigualdade) e econômico-financeira.
Nessa conjuntura, para superar a crise energética no Brasil, a produção de eletricidade teve que crescer muito. Esse cenário trouxe os inconvenientes do impacto ambiental causado por novas usinas, o que gerou, por sua vez, as inundações e o deslocamento da população para que houvesse a instalação de hidrelétricas. Somando-se a esses fatores, ocorreram altos investimentos do governo, aumento da poluição e dos riscos com a segurança pública (termoelétricas e nucleares). A partir de todas essas informações, é possível concluir que é mais barato economizar energia do que fornecê-la.
Definição
As decisões de projeto com propostas mais eficientes e sustentáveis incluem, por exemplo, o aproveitamento da iluminação natural, a ventilação, as energias solar e eólica, a vegetação na cobertura e no entorno da edificação, o reuso da água e a escolha de materiais abundantes na região para evitar gastos com transporte. É papel do arquiteto e do designer de interiores considerar esses aspectos a fim de propor uma arquitetura com conforto ambiental e eficiência energética.
A concepção de projeto arquitetônico é responsável pelos índices de conforto térmico, lumínico, acústico, de qualidade do ar e de mobilidade. É preciso ter em mente como se dá a interdependência entre o edifício e o ambiente urbano e quais são as relações entre o interior e exterior na concepção dos edifícios (GONÇALVES et al., 2015).
Outro importante aspecto no estudo da arquitetura e do meio ambiente está na escolha dos materiais de construção; tais materiais são processados antes de serem utilizados na obra e de se tornarem parte do edifício, e durante esse processamento, há um consumo de energia e geração de resíduos (ROAF et al., 2006.).
É diante desse quadro de tomada de consciência a respeito das relações entre a edificação e o meio ambiente que renasce uma arquitetura preocupada com a integração ao clima local, que visa uma construção centrada no conforto ambiental do ser humano e na sua repercussão no planeta, a arquitetura bioclimática.
1.3 Efeito estufa e ilha de calor 
O efeito estufa, gerado na atmosfera e no interior das edificações, e a ilha de calor, gerada nas grandes metrópoles, representam sérios desafios para os dias atuais. Como arquitetos, urbanistas e profissionais da construção civil, precisamos estar atentos a esses fenômenos que são comuns no mundo contemporâneo.
A princípio, o efeito estufa é um fenômeno natural que possibilita a vida humana na Terra; parte da energia solar que chega

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