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Vict�ria K. L. Card�so Bibli�grafia: Tratado de Geriatria e Ger�nt�l�gia Queixas c�muns n�s c�nsultóri�s Introdução Pontos importantes a lembrar: ● São comuns as apresentações atípicas. ● Muitas vezes, as queixas resultam de duas ou mais causas simultâneas. ● Deve-se sempre avaliar as medicações em uso e revisar os possíveis efeitos adversos das medicações, evitando a cascata iatrogênica. Tratamento geral: ● Tratamento farmacológico, por curto intervalo de tempo com antidepressivos inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS), esperando no mínimo 4 semanas para o início da resposta. ○ A medicação deve ser suspensa em caso de piora dos sintomas ou na ausência de melhora após 6 a 8 semanas. ● Abordagem multidisciplinar + orientações gerais → psicoterapia, higiene do sono, informações quanto ao quadro clínico e grupos terapêuticos. Obs: correção de deficiência de ferro em pacientes não anêmicos pode melhorar o quadro. Tontura Conceito: termo inespecífico que descreve sintomas relativos a alterações do equilíbrio (vertigem, pré-síncope, desequilíbrios ou sensações inespecíficas), sintomas como plenitude auditiva, zumbido e sintomas digestivos. ● É uma queixa prevalente na Geriatria. ● Aumenta o risco de quedas, causa perda funcional, institucionalização e até mesmo morte. ● Características comuns de estarem associadas: ○ Ansiedade. ○ Sintomas depressivos. ○ Infarto agudo do miocárdio prévio. ○ Hipotensão ortostática. ○ Polifarmácia → > 5 medicamentos simultâneos. ○ Baixa acuidade auditiva. Queixas comuns associadas: ● Sensação de movimento inexistente, não necessariamente rotatório -> Vertigem. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ● Sensação de balançar, como um barco -> Desequilíbrio. ● Sensação de desfalecimento, escurecimento visual -> Pré-síncope. ● Sensação de atordoamento, "cabeça vazia" -› Atordoamento. Pesquisa para diagnósticos diferenciais: ● Tempo de evolução (agudo, recorrente, crônico). ● Desencadeadores (postura, Valsalva, mudança de postura). ● Fatores agravantes (movimento da cabeça). ● Outros: ○ Nistagmo. ○ Instabilidade postural. ○ Perda de audição. ○ Ataxia e fraqueza. ○ Alteração da voz ou da visão. Desequilíbrio Características: ● Sensação de instabilidade principalmente ao caminhar. ● Pode ser causada por: ○ Distúrbios neurológicos (neuropatia periférica, Parkinson, alterações vestibulares e cerebelares). ○ Diminuição de acuidade visual. ○ Alterações musculoesquelética (sarcopenia e osteoartrose). Principal causa em idosos: deficiência sensorial múltipla, muito associado a fraqueza de membros inferiores e uso de medicações. ● Alterações do sistema visual. + ● Alterações proprioceptivas. + ● Alterações vestibulares. Avaliações fundamentais: ● Marcha. ● Acuidade visual. ● Coordenação de movimentos. ● Exclusão do diagnóstico de parkinsonismo. Tratamento: tratar a(s) causa(s) de base. ● Tratar o parkinsonismo. ● Tratar deficiência de vitamina B. ● Correção de déficits sensoriais. ● Fortalecimento muscular. ● Treinamento de equilíbrio e de marcha → fisioterapia. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ● Adequação de medicações. ● Orientações quanto ao risco de queda. Vertigem Conceito: sintoma de assimetria aguda do sistema vestibular. ● Descrição: sensação de movimento (próprio ou do ambiente), na maioria das vezes em rotação. ● Pode decorrer de causas periféricas ou centrais. ● Avaliação precisa na anamnese e no exame clínico minucioso. Causas mais comuns: ● Alterações periféricas: muito associadas a náuseas, vômitos e sintomas auditivos. ● Alterações centrais: é potencialmente mais grave e estão geralmente associadas a alterações no equilíbrio. Sintomas de vertigem: costumam durar algumas semanas, mesmo quando há lesão permanente, pois o sistema nervoso central se adapta. ● Deve-se sempre diferenciar entre sintomas agudos recorrentes e queixas crônicas, sugerindo outros tipos de tontura. Principais pontos a avaliar no exame clínico: ● Motricidade ocular. ● Nistagmo. ● Alterações de coordenação motora. ● Déficits focais. ● Manobra de Dix-Hallpike: ○ Manobra: colocar o paciente sentado com as pernas sobre a maca, inclinando a cabeça em 60 graus para trás e a 45 graus para um dos lados. ■ O examinador deita o tronco do paciente rapidamente, sem modificar a posição de sua cabeça. ○ Caso positiva, diagnostica vertigem posicional paroxística benigna (VPPB). ○ Há a possibilidade de resolução pela manobra de Epley, a não ser que haja estenose de carótida, doença arterial coronariana sintomática ou limitação importante da movimentação cervical, que contraindicam a manobra. ○ Manobra de Epley: com o paciente sentado na maca, pede-se para ele virar a cabeça para a frente, segurando-a com uma mão de cada lado; a seguir, o examinador girará a cabeça para a direita, em um ângulo de 45 °, mantendo a posição por 30 segundos. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so Tratamento sintomático: antivertiginosos (meclizina, dimenidrinato) por curto período em vigência de crises e reabilitação vestibular para maioria dos casos. Pré-síncope Características: ● Conceito: perda iminente da consciência, durante segundos ou minutos. ○ Pode apresentar palidez cutânea pela redução de fluxo sanguíneo cerebral, como na hipotensão postural, em cardiopatias e em episódios vasovagais. ● Avaliação de hipotensão postural, exame cardiovascular completo e exames complementares. Tratamento: ● Principalmente: correção da causa base. ● Medidas não farmacológicas na hipotensão postural: ○ Uso de meias elásticas. ○ Hidratação. ○ Manobras para mudança de decúbito em três tempos. Atordoamento Características: ● É de difícil caracterização. ● Sempre importante investigar: ○ Causas psiquiátricas (depressão, ansiedade, etilismo…). ○ Hiperventilação. ○ Hipoglicemia. ○ Medicações (antidepressivos, anticolinérgicos e fármacos com retirada abrupta). ○ Casos leves de vertigem ou pré-síncope. ● Muitas vezes ocorre pelo medo de cair ou pelo medo de ter novamente um quadro vertiginoso (vertigem fóbica). Insônia Conceito: dificuldade de iniciar e/ou manter o sono, o que causa um comprometimento da qualidade e/ou da quantidade de sono, levando prejuízo das atividades do dia. ● Muito comum em > 80 anos. ● Está relacionado com aumento de risco de doenças cardiovasculares, depressão, infecções e morte. ● Ao envelhecimento há alteração do ciclo sono-vigília, com redução das horas de sono (cerca de 6 horas por noite). ○ Há também redução das fases mais profundas e restauradoras do sono (fases 3 e 4 → mais profundas) e @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so aumento do período de latência para atingir essas fases. ● A insônia pode ser primária ou secundária (causada por outras comorbidades, como dor crônica, depressão, insuficiência cardíaca, problemas sociais e psicológicos e medicações). ● Na Geriatria, deve haver cuidado para diferenciar depressão de insônia. ○ Depressão → causa alterações do sono. ○ Insônia → pode piorar os sintomas depressivos. ○ Em ambos → perda de concentração e fadiga. Ciclo do sono normal no idoso: ● É mais superficial. ● Possui despertares noturnos. ● Não costuma haver sonolência diurna ou dificuldade nos afazeres do cotidiano (por essas alterações). ○ Portanto, sempre se verifica se as queixas de sono possuem prejuízo no dia a dia. Critérios diagnósticos: insatisfação com a qualidade ou quantidade de sono, com pelo menos um dos seguintes sintomas: ● Dificuldade para iniciar o sono. ● Dificuldade para manter o sono, com despertares frequentes ou dificuldade para voltar a dormir após acordar. ● Despertar muito antes do horário programado e não conseguir voltar a dormir. Prejuízo nas atividades diárias: ● Fadiga ou pouca energia. ● Sonolência diurna. ● Perda de atenção, concentração ou memória. ● Distúrbios do humor. ● Alterações de comportamento. ● Prejuízo no trabalho ou nos estudos. ● Prejuízo interpessoal ou social. ● Efeito negativo sobre o cuidador ou os familiares. Obs:a dificuldade no sono ocorre pelo menos 3x por semana, por pelo menos 3 meses e ocorre em condições adequadas de sono. Diagnóstico de insônia primária: é essencialmente clínico, então investiga-se… ● Horário que se deita. ● Tempo até iniciar o sono. ● Hora que se levanta. ● Cochilos durante o dia. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ● Número e duração de despertares durante a noite. ● Sintomas durante o dia (sonolência/cansaço). ● Ambiente (quarto, iluminação e ruído). ● Outros questionamentos: roncos, movimentos durante o sono ou desconforto de MMII. Obs: deve-se realizar um diário do sono, com registros por 1 a 2 semanas, dando ênfase em horários, problemas do sono e avaliação subjetiva da qualidade do sono. Causas de insônia: ● Clínicas: ○ Cardiológicos (insuficiência cardíaca). ○ Dermatológicos (lesões de pele). ○ Endocrinológicas (diabetes, hipertireoidismo). ○ Gastroenterológicos (doença do refluxo). ○ Neurológicos (síndrome demencial, Parkinson). ○ Osteoarticulares (dores). ○ Renais (noctúria, incontinência urinária, prostatismo). ○ Respiratórios (doença pulmonar obstrutiva crônica, apnéia obstrutiva do sono). ● Psiquiátricas: ○ Alcoolismo. ○ Ansiedade. ○ Depressão. ● Farmacológicas: ○ Antidepressivos. ○ Betabloqueadores. ○ Cafeína. ○ Corticosteróides. ○ Diuréticos. ○ Neurolépticos. ○ Sedativos e hipnóticos. ○ Simpaticomiméticos. ○ Teofilina. ○ Tiroxinas. ● Ambientais ○ Hábito de dormir tarde. ○ Ficar até de manhã lendo, assistindo à televisão… Diagnósticos diferenciais: ● Sono curto: é constitucional, o paciente tem menor necessidade de sono. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ○ Não há prejuízo no dia a dia. ● Distúrbio do ritmo circadiano: desperta durante a madrugada, pois se deita muito cedo (avanço da fase do sono). ● Restrição crônica de sono: há predomínio de prejuízo no dia a dia → dorme quando tem oportunidade. ● Distúrbios ambientais do sono: prejuízo por conta de um ambiente desfavorável para dormir. ● Síndrome das pernas inquietas: desconforto intenso nos MMII na hora de dormir. ● Movimento periódico dos membros inferiores: parassonia → o acompanhante refere movimento dos MMII no sono. ● Síndrome da apneia obstrutiva do sono: microdespertares durante o sono, por hipoxemia em virtude de apeia/hipopneia. ● Distúrbio comportamental sono REM: ausência de atonia durante o sono REM, resultando em movimentos do corpo durante o sonho. Tratamento: ● Atuar nas possíveis causas. ● Revisar os medicamentos em uso. ● Orientar medidas de higiene do sono. ● Terapia cognitivo-comportamental para insônia. ● Terapia farmacológica (agonistas benzodiazepínicos e antidepressivos). ○ Evita-se o tratamento farmacológico, pois há maior risco de efeitos adversos (sedação excessiva, agitação, confusão mental, distúrbios do equilíbrio, aumento do risco de quedas e fraturas) ● Casos refratários: associação de ambos, com encaminhamento para um especialista de sono. Orientações para higiene do sono: ● Ir para a cama apenas quando estiver com sono. ● Evitar ficar na cama sem fazer nada. ● Levantar se tiver dormido o suficiente. ● Manter uma rotina de horários para dormir e acordar, mesmo aos finais de semana. ● Evitar usar a cama para trabalhar, ler ou assistir à televisão. ○ A cama deve estar associada somente com dormir e a atividade sexual. ● Fazer atividade física regular, preferencialmente de manhã ou no início da tarde. ● Evitar café, álcool, cigarro ou muito líquido 6 horas antes de se deitar. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ● Evitar deitar-se com fome, mas evitar comidas pesadas antes de dormir. ● Manter o quarto agradável: calmo, com luz e temperatura adequadas. ● Evitar levar problemas e angústias para a cama. ● Estabelecer rotina de relaxamento ● Evitar cochilos após as 14 horas. ○ Se inevitável, máximo de 30 minutos. ● Aumentar tempo de exposição ao sol Tratamento farmacológico: ● O medicamento depende do tipo de insônia (inicial ou manutenção) e da duração do efeito. ● Medicamentos de curta duração: para insônia inicial (lorazepam, zolpidem, melatonina). ● Medicamentos de longa duração: para insônia de manutenção (zolpidem de liberação prolongada). ● Duração: via de regra, de 6 a 8 semanas. ● Medicações como os antidepressivos atípicos: (trazodona e mirtazapina, especialmente em doses baixas) não têm evidência de benefício, mas na prática clínica tem bons resultados e efeitos adversos mais favoráveis em relação aos benzodiazepínicos. Fármacos de acordo com as queixas: ● Lorazepam e zolpidem (agonista receptor benzodiazepínico): sonolência diurna, ataxia, amnésia anterógrada e alterações complexas do sono (sonambulismo…). ● Trazodona (antidepressivo): sonolência diurna e hipotensão ortostática. ● Mirtazapina (antidepressivo): sonolência diurna, efeitos anticolinérgicos e ganho de peso. ● Gabapentina (anticonvulsivante): sonolência diurna, tontura e ganho de peso. Fadiga Características: ● Conceito: sensação sustentada de exaustão durante ou após as atividades habituais e de capacidade diminuída para realização de esforço físico e mental, comumente relatada pelo paciente como "cansaço" exagerado. ○ Fadiga crônica: duração > 6 meses. ● Pode ocorrer pela sobreposição de muitas doenças crônicas ou por causa primária. ● Há importante redução na funcionalidade. ○ O que contrasta com o esperado na senescência, pois nesse caso, devido às adaptações, não há @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so prejuízo para a funcionalidade do indivíduo. Etiologia: multifatorial. ● Há concomitância de um diagnóstico clínico ou uma doença psiquiátrica que justifique os sintomas. ● Destaque: síndrome de fragilidade do idoso, multimorbidades, depressão e insônia. ● Quadros idiopáticos: conhecidos como síndrome da fadiga crônica e fadiga crônica idiopática. ● É importante uma anamnese e exame físico detalhados. ○ Usam-se perguntas abertas como "o que você entende por fadiga?" ou "por favor, descreva o que você sente" → é importante que o paciente descreva com as próprias palavras. Importante: ● Determinar o impacto na vida diária e na funcionalidade. ● Avaliar: ○ Perda ponderal. ○ Sudorese noturna. ○ Medicações em uso. ○ História psiquiátrica. ○ Qualidade do sono. ○ Avaliação social. ○ Sinais de violência doméstica. Principais exames laboratoriais: ● Hemograma completo. ● VHS (velocidade de hemossedimentação). ● Função renal e eletrólitos (Na, K, Ca, P, Mg). ● Glicemia. ● TSH e T4 livre. ● Proteínas totais e frações. ● Enzimas hepáticas e canaliculares. ● CPK (se houver dor ou fraqueza muscular associada). ● Sorologias para HIV e hepatites. ● Urina tipo l. Principais causas de fadiga crônica: ● Psiquiátricas: ○ Depressão. ○ Transtornos ansiosos. ○ Transtornos somatoformes. ○ Abuso de álcool ou drogas. ● Farmacológicos: @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ○ Hipnóticos. ○ Betabloqueadores. ○ Antidepressivos. ○ Relaxantes musculares. ○ Anti-histamínicos de primeira geração. ○ Opioides. ● Endocrinológicos ou metabólicos: ○ Síndrome de fragilidade. ○ Hipotireoidismo/hipertireoidismo. ○ Diabetes melito. ○ Doença de Cushing. ○ Hipercalcemia. ○ Insuficiência adrenal/doença de Addison. ○ Doença renal crônica. ○ Insuficiência hepática. ○ Obesidade significativa. ● Idiopáticas: ○ Síndrome da fadiga crônica. ○ Fadiga crônica idiopática. ● Oncológicas e hematológicas: ○ Neoplasia oculta. ○ Anemia. ○ Linfoma. ● Infecciosas: ○ Endocardite. ○ Tuberculose. ○ Doença de Lyme. ○ Hepatite. ● Doenças parasitárias: ○ HIV. ○ Citomegalovírus. ○ Influenza. ○ Mononucleose ● Cardiopulmonares: ○ Doença pulmonar obstrutiva crônica. ○ Insuficiência cardíaca congestiva. ● Reumatológicas: ○ Fibromialgia. ○ Síndrome de Sjögren. ○ Polimialgia reumática. ○ Arterite de células gigantes. @p�sitivamed
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