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DIREITO INTERNO E DOGMATICA JURIDICA

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DIREITO INTERNO E DOGMÁTICA JURÍDICA 
Direito interno possui a função de regular a relação do estado com 
os seus próprios indivíduos. A teoria da separação dos poderes, 
elaborada por Montesquieu no século XVIII, na qual se baseiam os 
Estados ocidentais modernos em sua maioria, defende distinção e 
independência dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, bem 
como limitações mútuas. Por exemplo: numa democracia 
parlamentar, o poder legislativo limita o executivo, que deve garantir 
apoio ao parlamento, poder representativo da vontade do povo. Os 
mandatários políticos são submissos às leis promulgadas, e existe 
respeito à hierarquia das normas, à separação dos poderes e aos 
direitos fundamentais. O termo Estado Democrático de Direito 
conjuga dois conceitos distintos que juntos definem a forma de 
funcionamento tipicamente assumida pelos Estados: o respeito à 
democracia e ao direito. Partindo-se dessa definição de Estado de 
Direito, num âmbito interno, as normas jurídicas vinculam a todos, 
sendo válidas as sanções em caso de violação. Dessa forma, deixa 
clara a relação de subordinação entre o Estado e os destinatários de 
suas normas, ainda que sejam estes estrangeiros. Em outras 
palavras, o direito interno é composto por aquelas normas que têm 
sua vigência em determinado Estado, como acontece com o Direito 
brasileiro, com o Direito americano, entre outros. Desta forma, um 
brasileiro, um americano, ou um francês que esteja em território 
brasileiro, estará sujeito as leis do Direito Interno brasileiro. 
Já a dogmática, o sistema de normas é um dado, o ponto de partida 
de qualquer investigação, que os agentes do direito aceitam e não 
negam. O sistema de normas constitui uma espécie de limitação, 
dentro do qual os profissionais de direito podem explorar as 
diferentes combinações para a determinação operacional de 
comportamentos jurídicos possíveis. Esta limitação teórica pode 
conduzir a exageros, havendo quem faça do estudo do direito um 
conhecimento muito restrito, legalista e cego para a realidade como 
um fenômeno social. 
 Muitos autores utilizam Dogmática Jurídica como sinônimo do 
termo Teoria Geral do Direito, enquanto outros preferem distinguir os 
referidos termos, identificando a Teoria Geral do Direito como exame 
das estruturas formais e dos conceitos jurídicos fundamentais 
comuns a todas as ordens jurídico-positivas cabendo a Dogmática 
descrever, interpretar e sistematizar as normas de uma ordem 
jurídica vigente. 
 Enquanto a Teoria Geral do Direito quer estabelecer o objeto 
comum dos diversos sistemas jurídicos, a ciência jurídica positiva ou 
a Dogmática Jurídica concentra seus esforços de generalização e de 
sistematização sobre o que podemos chamar de direito positivo 
nacional e histórico, isto é, as regras emanadas do poder 
competente, em espaço e tempo determinados. 
 Tanto a Teoria Geral do Direito como a Dogmática Jurídica 
só se ocupam do direito positivo. A Dogmática jurídica consiste na 
descrição das regras jurídicas em vigor. Seu objeto é a regra positiva 
considerada como um dado real. Veiculada pelo ensino jurídico, a 
dogmática dificulta assim, a apreensão da dimensão histórico-crítica, 
afastando as demais dimensões do direito. 
 Dessa forma, a dogmática passa a ter a mesma vida do 
direito, ao passo que se cria uma injustificada antinomia entre teoria 
e prática jurídica, completamente contrárias entre si, jamais se 
encontrando. 
 Para Escola Analítica do Direito, a Dogmática Jurídica, seria a 
análise da própria linguagem da dogmática. 
 Os juristas procuraram justificar a epistemologia da Dogmática 
do Direito adotando o modelo do positivismo jurídico, destacando a 
exigência de neutralidade axiológica e objetividade do conhecimento 
científico. Na concepção de Reale (1994, p. 34), em sua obra 
Filosofia do Direito, “o cientista do direito já pressupõe a vigência de 
regras jurídicas. O jurista, enquanto jurista, não pode dar uma 
definição do direito, porque, no instante que o faz, já se coloca em 
momento logicamente anterior a sua própria ciência.” 
Em relação à neutralidade axiológica das ciências, Karl Popper 
difundiu a idéia de que não existe ciência neutra. Para ele, a ciência 
não é uma descrição isenta pois introduzimos nela valores 
constantemente. 
 Fica claro que a Teoria Geral do Direito possui grande 
proximidade com a Dogmática Jurídica. É de se ressaltar que a 
Teoria Geral do Direito, em outras épocas já foi prisioneira de dogmas 
ultrapassados, mas modernamente apresenta uma proposta de visão 
global do fenômeno jurídico, reconstruindo conceitos e institutos do 
direito. Assim, ela não deve excluir, por exemplo, a Política, a 
Sociologia, a Economia, e principalmente a Deontologia e Filosofia, 
reveladoras da idéia de justiça. Não existe conhecimento isolado, 
havendo uma interdisciplinaridade do direito e outras ciências. Tal 
abordagem interdisciplinar entraria em contraste, por exemplo, em 
relação as propostas de Alf Ross e Hans Kelsen. 
 Ross compartilhava da idéia que apenas as ciências naturais 
forneceriam o único modelo de cientificidade do conhecimento. 
Entendia também que no âmbito de um discurso que pretendesse ser 
rigorosamente científico as proposições não analíticas deveriam ser 
verificadas por procedimento empírico. O conhecimento científico, 
por fim, forneceria uma previsão dos eventos futuros que através de 
uma verificação empírica poderiam ser verificados ou negados. O 
comportamento das autoridades jurídicas confirmaria ou não a 
verdade ou falsidade das proposições teórico-descritivas que 
constituiriam a linguagem da ciência jurídica, a exemplo de quando 
uma proposição jurídica é acatada numa sentença judicial, ou seja, 
quando é efetivamente aplicada pelos tribunais. Sua concepção é 
evidentemente anti-filosófica. 
É de se salientar que a Dogmática não exprime todas as dimensões 
do Direito, como afirma o positivismo jurídico, não podendo afastar 
outras abordagens complementares à apreensão de seu ser. Para 
alcançar uma concepção totalizadora do direito, é necessária a visão 
da Filosofia e da Sociologia do direito. Se não houver essa 
complementação, acarretará problemas. 
Conforme Vera Regina de Andrade, p. 18: 
(…) na autoimagem da Dogmática Jurídica ela se identifica com a 
idéia de Ciência do Direito que, tendo por objeto o Direito Positivo 
vigente em um dado tempo e espaço e por tarefa metódica a 
construção de um sistema de conceitos elaborados a partir da 
interpretação do material normativo, segundo procedimentos 
intelectuais de coerência interno, tem por finalidade ser útil à lide, isto 
é, à aplicação do Direito. Trata-se de uma ciência de “dever ser” 
(normativa), sistemática, descritiva, a valorativa (axiologicamente 
neutra) e prática. 
Finalmente, torna-se extremamente necessário encerrar esta 
pesquisa transcrevendo um trecho da obra de Azevedo, com suas 
sábias palavras: 
Nunca será demais insistir, face à tendência obstinada e 
insidiosamente contrária tantas vezes e por tantas formas 
historicamente perceptível no pensamento jurídico, que a Dogmática 
Jurídica deve atentar para a moldura social em que se realiza, para 
as necessidades, reclamos e objetivos humanos em função de que 
precisamente deve cumprir-se sua tarefa. Há que se lutar sem 
tréguas contra os excessos logicistas que desembocam no 
formalismo jurídico, que pode ser caro aos juristas formados em sua 
viciosa atmosfera, mas desservem o povo – destinatário final desse 
trabalho – que não compreende, não se interessa e não leva desse 
sutil exercício intelectual que teima em ignorá-lo (1989,p. 15). 
 
Conclui-se que há divergências sobre o assunto, sendo a Ciência do 
Direito difícil de ser definida e limitada, em razão dos termos Ciência 
e Direito apresentarem muita equivocidade, mas é possível afirmar 
que o Direito é ciência. A Dogmática Jurídica é espécie do gênero 
Ciência do Direito, tendo na atividadeinterpretativa seu objeto por 
excelência, realizando esta prática através de paradigmas teóricos, 
com o fim precípuo da segurança jurídica. 
 
The end...

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