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INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL DO ALTO URUGUAI FACULDADES IDEAU CURSO RELAÇÕES INTERNACIONAIS Bagé/ RS 2016 2 RICARDO RODRIGUES REIS DA SILVA A (DES)CONSTRUÇÃO DA IMAGEM DO BRASIL E SEUS IMPACTOS NA IMIGRAÇÃO Trabalho de conclusão apresentado ao Curso de Relações Internacionais, do Instituto de Desenvolvimento Educacional do Alto Uruguai, como parte dos requisitos para obtenção de título de Bacharel em Relações Internacionais. Orientador: Prof. Vinicius Freitas de Menezes Bagé / RS 2016 3 INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL DO ALTO URUGUAI FACULDADES IDEAU CURSO RELAÇÕES INTERNACIONAIS A comissão examinadora, abaixo assinada, aprova o Trabalho de Conclusão de Curso A IMAGEM DO BRASIL: O SEU IMPACTO SOBRE A IMIGRAÇÃO NO PAÍS ELABORADA POR RICARDO RODRIGUES REIS DA SILVA como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Relações Internacionais COMISSÃO EXAMINADORA: QUÉLEN KOPPER (IDEAU) VIVIAN BRUSIUS CASSAL (IDEAU) Bagé / RS 2016 4 AGRADECIMENTOS O agradecimento mais importante certamente vai para o meu orientador, Vinicius Menezes, que sempre esteve disponível para ajudar, e tornou esse trabalho possível. Também sou muito grato pelas revisões de texto realizadas por minha tia Antônia Zago e meu tio Ayrton Rodrigues Reis. Agradeço também a todos os professores da Faculdade IDEAU, pela excelente jornada, que agora chega ao fim. E por último, mas não menos importante, um agradecimento ao meu pai Juarez Silva e à minha mãe Maria Cristina Reis, por estarem sempre do meu lado, me apoiando nos meus sonhos e nas minhas aventuras, e acima de tudo, acreditando em mim. 5 “É muito melhor lançarse em busca de conquistas grandiosas, mesmo expondose ao fracasso, do que alinharse com os pobres de espírito, que nem gozam muito nem sofrem muito, porque vivem numa penumbra cinzenta, onde não conhecem nem vitória, nem derrota.” (Theodore Roosevelt) 6 RESUMO O presente trabalho busca levantar relações entre a imagem apresentada do Brasil no exterior com o fluxo imigratório no país através de uma avaliação dos fatores positivos e/ou negativos com o que isso possa representar em relação à vontade de imigração de estrangeiros para o país. Sendo esse o seu tema e principal objetivo, o trabalho também busca explorar e relatar sobre o contexto histórico da percepção de como o Brasil é visto no exterior; pesquisar sobre os métodos utilizados pelo Brasil para promover uma boa imagem internacionalmente e analisar a proporção e origem de imigrantes recentes no Brasil. A imagem de um país representa um ativo fundamental para a consolidação de um polo, a imagem do país é um pilar importante, pois é um retrato dos demais pilares e de alta relevância para atrair talentos e empresas. Tendo isso em mente, foi verificado como isso também pode afetar as imigrações para o país. A metodologia deste projeto consiste em uma pesquisa qualitativa, de cunho bibliográfico, descritivaexplicativa. A imagem externa do Brasil é um reflexo da sua cultura e da própria imagem interna. Para se ter uma melhor visão internacionalmente trabalhase na imagem interna. Palavraschave: Brasil; Exterior; Imagem; Imigração. 7 ABSTRACT The present work seeks to arise correlations between the Brazilian image presented abroad in accordance with the actual migratory flow in this country, through an assessment of the positive and/or the negative factors and how these aspects take form in relation to foreigners’ desire to choose Brazil. Being the main topic and goal, this work also seeks to explore and report about the historical context of the ways Brazilians are perceived abroad; searching as to the methods used by Brazil to internationally promote a good image and analyze the proportion and origin of the recent immigrants in Brazil. The image of a nation represent a key asset to the consolidation of a flattering base, the image of a country is an important essence, since it is a visualization of the other pillars and highly relevant to attract worldwide talents and companies. Keeping this in point, it was also verified how this mindset can affect the immigration for the country. The methodology of this project consists in a qualitative research from a bibliographic nature as descriptiveexplanatory. The outer Brazilian outlook is a reflection of their culture and their own internal persona. In order to exhibit a better international insight, this internal image has to be honed. Keywords: Brazil; Image; Immigration; International 8 LISTA DE FIGURAS Estatísticas de povoamento: imigração no Brasil (18201970)........................... Tabela 1: Avaliação do povo brasileiro 2001…………………………………….. Tabela 2: Personalidades brasileiras mais conhecidas no exterior 2001…….. Tabela 3 Motivo para conhecer o Brasil 2001………………………………….. Capas da revista The Economist………………………………………………….... The Economist Brazil’s Fall………………………………………………………….. Charge New York Times.…………………………………………………………… 25 35 36 36 37 39 40 9 SUMÁRIO INTRODUÇÃO………………………………………………………………………… 1.0 CONCEITO DE IMAGEM………………………………………………………... 1.1 A Importância da imagem para o país………………………………………… 2.0 CONSTRUÇÃO DA IMAGEM DO BRASIL…………………………………… 2.1 A formação da identidade cultural brasileira…………………………………… 2.2 Métodos utilizados para promover sua imagem………………………………. 3.0 AS TRANSFORMAÇÕES MIGRACIONAIS………………………………….... 3.1 Evolução da imigração no Brasil………………………………………………... 3.2 Dados atuais sobre a imigração no Brasil……………………………………... 3.3 Política de Imigração brasileira…………………………………………………. 4.0 IMAGEM DO BRASIL……………………………………………………………. CONSIDERAÇÕES FINAIS…………………………………………………………. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS………………………………………………… 10 12 13 16 17 19 24 25 27 29 32 42 44 10 INTRODUÇÃO O presente trabalho tem como tema principal a imagem do Brasil no exterior e seu impacto para a imigração no país. A problemática da pesquisa consiste em descobrir de que maneira o Brasil é visto no exterior e avaliar os fatores positivos e/ou negativos que isso possa representar em relação à vontade de imigração de estrangeiros para o país. O objetivo geral deste estudo é: Analisar de que maneira a escolha do Brasil como opção para imigração é afetada de acordo com a imagem do país no exterior. Quanto aos objetivos específicos; o primeiro busca explorar e relatar sobre ocontexto histórico da percepção de como o Brasil é visto no exterior, pelos últimos 50 anos. A intenção é verificar se o que o estrangeiro pensa do Brasil/brasileiro mudou recentemente ou continua do mesmo jeito. Para o segundo objetivo específico, buscase analisar a proporção e origem de imigrantes recentes no Brasil. Será analisada a quantidade de imigrantes que está entrando atualmente no Brasil e procurar saber o motivo dessa vinda. O terceiro objetivo específico é pesquisar sobre os métodos utilizados pelo Brasil para promover uma boa imagem internacionalmente. Ver o que o Brasil está fazendo para melhorar sua imagem no exterior ou o que pode estar acontecendo inevitavelmente no país que esteja causando impacto positivo ou negativo na sua imagem. A percepção positiva externa sobre as condições gerais de um país representa um ativo fundamental para a consolidação de um polo, a imagem do país é um pilar importante, pois é um retrato dos demais pilares e de alta relevância para atrair talentos e empresas. Importante também à consciência que não se conseguem ganhos significativos e sustentáveis de imagem somente por meio do trabalho de influência de percepção – é necessário fundamentála em uma realidade condizente. Essa imagem traz efeitos positivos e negativos, dependendo de como ela está formada. Na situação atual do país é mais provável que esteja de forma negativa aos olhos dos demais países do mundo (e internamente também). E se está 11 negativa é bem provável que afete a vinda de estrangeiros para o Brasil os quais são essenciais para o desenvolvimento da cultura e também da economia. Com esses dados em vista, é interessante um estudo nessa área, para verificar qual é a verdadeira imagem do Brasil no exterior e como ela está impactando nas imigrações. Neste trabalho serão utilizados como referência teórica, as obras de autores como: Antônio Brasil e Rudimar Baldisse, bem como obras de revistas internacionais, como a The Economist. A metodologia deste projeto consistirá em uma pesquisa qualitativa, de cunho bibliográfico, descritivaexplicativa que buscará identificar os aspectos e característicasde como a escolha do Brasil como opção para imigração é afetada de acordo com a imagem do país no exterior. A pesquisa bibliográfica será feita através da revisão crítica da literatura publicada em relação ao assunto, como artigos científicos e livros centrados no assunto estudado. É conhecido pelos demais países do mundo, principalmente pelos países bem desenvolvidos, que o Brasil enfrenta muitas dificuldades em relação à sua economia, infraestrutura, corrupção e outros. Isso é provavelmente um fator negativo quando se trata de escolher o Brasil como novo lar. Imigrações são essenciais para o enriquecimento da cultura do país e também favoráveis para economia. O Brasil deve promover a sua imagem internacionalmente para que se possam receber mais imigrações. 12 1.0 CONCEITO DE IMAGEM O termo imagem não é fácil de ser definido, pois como ele é utilizado por diversas áreas, e não apenas em relações internacionais, ele pode conter opiniões divergentes, de acordo com cada autor. Porém, para este trabalho, buscamos as definições mais relevantes. De acordo com Bignami (2005), a imagem de um país de destino é assimilada pelos turistas a partir de informações adquiridas em diferentes processos de conhecimento, como comentários de amigos, informações da internet, visualização de materiais promocionais do local, reportagens, livros, filmes, etc. Ou seja, a imagem de um lugar é formada por um processo cognitivo, que envolve a assimilação de informações verdadeiras ou não, difundidas pelos setores envolvidos com atividades turísticas, bem como de conceitos fornecidos pela produção cultural e pelos meios de comunicação, como filmes, canções, ou reportagens. (BIGNAMI, 2005, p. 23) Compreendemos que a imagem já pode ser preexistente e pode ser produzida, conforme Bignami. Já Morgan e Pritchard têm um conceito diferente: O termo imagem é usado comumente para se referir às representações organizadas de um objeto, uma pessoa ou um lugar a partir de um sistema cognitivo de um indivíduo e compreende tanto a definição deste objeto, pessoa ou lugar quanto o reconhecimento de seus atributos. Consequentemente, as imagens representam constructos mentais, e objetos, povos e lugares estão todos sujeitos a diferentes imagens.(MORGAN & PRITCHARD,1998, p. 30) Para eles a imagem depende do sistema cognitivo de cada observador, podendo ser variável e dependente da interpretação de quem observa. Segundo Kotler e Gertner (2004), tais imagens muitas vezes não passam de simplificações que não necessariamente correspondam à realidade do local. Muitas vezes são informações desatualizadas, baseadas em exceções ao invés de padrões e interpretações ao invés de fatos. Essas imagens podem vir à tona pela simples menção do nome. O conceito de imagem tomado por Suzana Gastal (2005, p. 47 e 48) diz que a sociedade contemporânea encaminha o termo imagem para sua aplicação como 13 visualidade concreta, propriamente dita; por concreto, aquele aspecto do mundo natural sustentado na especificidade tridimensional do seu significante e, a partir daí, unidade de manifestação autossuficiente como um todo de significação, suscetível de análise. Ou seja, a imagem é um suposto de comunicação visual, no qual se materializa um fragmento do universo perceptivo e que apresenta a característica de prolongar a sua existência ao longo do tempo. Podemos então afirmar que a imagem não é um conceito tão fácil de ser definido e que pode variar de acordo com a interpretação do observador, porém é importante para a construção do país. 1.1 A Importância da imagem para o país A percepção positiva externa sobre as condições gerais de um país é um fator fundamental ou melhor um, fator de suma importância, visto que para a consolidação de um polo, a imagem do país é um pilar importante, pois é um retrato dos demais pilares e de alta relevância para atrair talentos e empresas. Rudimar Baldissera destaca, utilizando suas palavras e as do autor Weber, que um determinado país utiliza de grandes esforços para, através de discursos e outros, criar, manter e projetar a imagem do seu estado. Disputando visibilidade, organizações, instituições e sujeitos políticos “buscamconceitos positivos submetendose à engenharia de fabricação e manutenção da imagem, através de discursos informativos e persuasivos num jogo ininterrupto de aparências, espelhos e máscaras no qual prevalece a lógica do consumo” (Weber, 1999, p. 71). Cultura, imaginário e processos identificatórios parecem enunciar, em uníssono, que “imagem é tudo”, e as práxis tendem a corroborar e a (re)afirmar tal sentença. Importa, então, pela relevância que assume, estudar a polissêmica noção de imagem (do latim, imago;do grego eikon), buscando compreendêla e explicála. Para isso, propõese a tríade: imagem físicovisível, imagemlinguagem e imagemconceito. (BALDISSERA, 2008, p.197) Baldissera (2008) afirma que os atores sempre buscam conceitos positivos de sua imagem, e para isso submetemse a um jogo de aparências, espelhos e máscaras. A cultura também entra no jogo da imagem. Ele também explica a sua importância utilizando três tipos de imagem: Imagem físicovisível, imagemlinguagem e imagemconceito. 14 Imagem físicovisível é a imagem física, aquilo que se vê com os olhos. O que se enxerga, quando há presença de luz. Já, a imagemlinguagem, é a imagem como forma de linguagem. Imagem codificada e com um significado, como por exemplo, desenho, pinturas, fotografias, e etc. E por último, a imagemconceito, é aquela que tem juízo de valor, apreciação, conceito que uma mente humana atribui a alguém, a algo ou a alguma coisa. É uma representação: Assim como a imagem, em seu sentido comum, visual, representa ou apresenta algo para alguém assim também o faz a imagem em seu sentido figurado, por exemplo, a imagem do Brasil que têm os credores internacionais p.198 Os efeitos derivados da informação do país de origem são diretamente afetados pela imagem do país. Além de ser um traço da qualidade de um produto, o país de origem também se refere às emoções, identidade, orgulho e memórias. Esses fatos simbólicos e emocionais transformam o país de origem em um atributo de imagem. Esses atributos têmse mostrado determinantes significativos das preferências dos consumidores e uma fonte importante de valor da marca. (GIRALDI e CARVALHO, 2008) p.25 Para explicar melhor, os autores dão exemplos: (...) os estereótipos de um país compreendem uma série de crenças sobre a paisagem, cultura e economia desse país. Exemplos são ‘a Espanha é ensolarada’, ‘a GrãBretanha é tradicional’ e ‘os japoneses são eficientes’. Juntas, essas crenças formam uma estrutura mental complexa, que permite aos consumidores fazer inferências acerca dos atributos dos produtos, ou fazer uma primeira avaliação de seu desempenho. Dessa forma, os autores conceituaram os estereótipos de um país com três dimensões: estrutura socioeconômica, cultura e geografia. (GIRALDI E CARVALHO, 2008, p.25) Porém é importante saber que a imagem de um país não é algo que possui apenas um lado, é algo que pode ser visto por mais de um lado ao mesmo tempo, sendo por exemplo, positiva e negativa simultaneamente: (...) devese ressaltar, em primeiro lugar, que a imagem de um país não é um construto único, unidimensional. Existem algumas dimensões que definem a imagem de um país, algumas positivas e outras negativas. Dessa forma, ao analisar a imagem de um país, devem ser consideradas todas as dimensões, de modo que as causas de uma imagem positiva ou negativa possam ser compreendidas.(GIRALDI e CARVALHO, 2008, p.35) 15 A imagem formada pela aceitação de um estereótipo ocorre no indivíduo a partir de uma realidade já conhecida em que ele se encontra. Ao aprender e se socializar, o indivíduo interioriza e aceita os estereótipos e também a divulga, espalhando para todos suas verdades. Mas para diferenciar imagem de estereótipo, Kajihara (2008) diz que o estereótipo seria uma imagem largamente mantida, bem deformada e simplificada de algo, que levaria a pessoa a ter uma atitude positiva ou negativa com relação ao objeto. Já a imagem seria algo muito mais pessoal. Isso explica como determinados eventos acabam se tornando símbolos de toda uma nação, como por exemplo, o carnaval brasileiro, que virou uma característica do país inteiro e passou a ser conhecido mundialmente como “o país do carnaval”. Esses tais estereótipos acabam influenciando o processo de formação das imagens subjetivas, ao passo que são vastamente espalhados e aceitos na sociedade. Isso faz com que o observador reproduza o objeto observado da maneira como ele o entendeu e aprendeu, mediante suas imagens previamente constituídas e memorizadas em seu processo de aprendizagem. A imagem estereotipada de um país pode ser prejudicial no momento em que o mesmo fica reconhecido apenas por certas características, atraindo só indivíduos que se interessam por elas. Isso também faz que outras características de grande importância para o país não sejam visualizadas com intensidade, ficando em segundo plano e deixandoo menos atrativo. Segundo a opinião de Kotler & Gertner (2004), outro fator negativo, é que as imagens dos países podem ser duradouras e difíceis de mudar, pois, geralmente, as pessoas resistem a ajustar suas estruturas cognitivas ou conhecimento anterior diante de novos fatos. Não se esforçam para corrigir visões equivocadas, preferem se ater àquilo que confirma suas expectativas e ignoram o que as desafia, valendose para isso, de um processo denominado confimation bias 1 1 Significa: Viés de confirmação. 16 2.0 A CONSTRUÇÃO DA IMAGEM DO BRASIL A formação da imagem de um país pode ser algo bem complexo, uma vez que não é algo tangível ou limitado. Ela é dinâmica e afetada por vários fatores sociais, culturais, históricos, de identidade, dentre outros. Kajihara oferece uma explicação sobre isso, afirmando que a imagem, que é construída através de diversos fatores, como culturais e estereótipos, está vinculada a conhecimentos ativos e pode se modificar com o tempo. O processo de construção da imagem de uma localidade se caracteriza pela dinamicidade e está vinculado a conhecimentos ativos e contínuos que podem se modificar com o tempo. Para Caponero (2007), a construção da imagem se dá por meio de um conjunto de fatores que compreende processos de conhecimentos históricos e sociais da nação, fatores culturais, linguagem, discurso da imprensa, meios de comunicações, identidade nacional,estereótipos, entre outros. Tais fatores atuam como filtro ao despertar nas pessoas conhecimentos e curiosidades. A assimilação de informações das instituições sociais, como família, igreja, estado, escola também possuem grande influência no processo de formação da imagem de um destino. (KAJIHARA, 2008, p.21) Para concluir esse pensamento, Bignami reafirma que a construção da imagem se trata de algo complexo e dependente de vários outros fatores: (...) a formação da imagem é um pouco mais complexa, uma vez que se encontra inserida em um contexto limitado, social e historicamente, mas decorrente de um amplo processo dinâmico onde entram em jogo variáveis como relações internacionais, identidade nacional, discurso, linguagem, conhecimento, história e meio de comunicação, entre outros. (BIGNAMI, 2005, p. 15 e 16) Apesar da complexidade desse conceito de formação de uma imagem, é constatado que está bem relacionado com a cultura e a identidade nacional, que são amplamente conectados. A partir disso analisaremos a formação da identidade cultural brasileira, bem como o contexto histórico da sua imagem no exterior. 17 2.1 A formação da identidade cultural brasileira Não existe um consenso quanto à definição de cultura, assim como acontece com o conceito de imagem, que já foi apontado. Por isso, é importante mencionar o que é entendido por cultura e como o conceito será utilizado durante o trabalho. De acordo com Neves (2003), o senso comum identifica cultura como o domínio de certos conhecimentos e habilidades que permitem a algumas pessoas compreender e usufruir de bens ditos superiores, como obras de arte, literatura erudita, espetáculos teatrais, etc. Culto é aquele que tem informações e conhecimentos formais. Neves completa dizendo que o conceito antropológico de cultura estende essa noção a todos os seres humanos, postulando que todos os homens são portadores de capacidades, sendo, portanto, capazes de desenvolver atividades complexas, como a linguagem.p. 49 e 50 Entretanto, para Darlton e Klingemann (2007), na Ciência Política o termo cultura pode ser sintetizado como algo moldado pelas condições sociais, econômicas e históricas da nação. Neste sentido, estudos culturais são particularmente importantes nos estudos que dizem respeito à democracia e democratização, uma vez que analistas buscam identificar os requisitos culturais de uma democracia. Toda a sociedade possui uma cultura, mas como se trata de um produto da criatividade humana, a cultura não é estanque, varia de acordo com cada sociedade e cada sociedade tem uma cultura própria e diferente. Nesse sentido, cada sociedade é definida por sua cultura e particularidades culturais. Da mesma forma que a realidade social é essencialmente a realidade cultural e cada sociedade é a personificação de um modelo cultural particular, o mesmo deve ser entendido em relação aos aspectos da realidade social, como é o caso da política (GREENFELD, 2006).p. 136137 Arantes complementa o pensamento sobre cultura, afirmando que ela não é estática, e sim dinâmica: (...) a cultura é um processo dinâmico; transformações (positivas) ocorrem, mesmo quando intencionalmente se visa congelar o tradicional para impedir a sua ‘deterioração’. É possível preservar os objetos, os gestos, as palavras, os 18 movimentos, as características plásticas exteriores, mas não se consegue evitar a mudança de significado que ocorre no momento em que se altera o contexto em que os eventos culturais são produzidos. Para que se entenda isso, é preciso que se pense a cultura no plural e no presente e que se parta de uma concepção não normativa e dinâmica. (ARANTES, 1987, p. 2122) Considerando o pensamento pósmoderno, Banducci Jr e Barretto (2001) esclarecem que a identidade é vista como algo móvel, sempre em construção, que vai sendo moldado no contato com o outro e na releitura permanente do “universo circundante”. E também afirma que a identidade turística dos lugares é uma construção social, feita de tradições inventadas e de construções culturais atendendo aos mais diversos interesses. 8 e 19 Já sobre a cultura brasileira, podese afirmar que ela é múltipla e diversa, mas a “cultura brasileira”, que sustenta certa identidade nacional é resultado da construção simbólica de sujeitos sociais definidos em um determinado tempo histórico. (MORAES, S/A) p.4 No século XIX, a definição do que era ou deveria ser considerado “cultura brasileira” dependia da força política de alguns personagens como Nina Rodrigues, Sílvio Romero ou Manoel Bonfim. Porém, na chegada do século XX, eram outras questões: Antonio Cândido definiu, para a década de 1930, dois marcos no âmbito da produção cultural deste século. O primeiro, representado pelo ano de 1922, com o aparecimento de propostas revolucionárias no campo da produção cultural (literatura, música e artes plásticas). Em 1922 também ocorreu um acontecimento de grande valor nessa década que foi a Semana da Arte Moderna, onde se inicia o processo de reconstrução cultural do país. O segundo teria se realizado a partir de 1930, quando a modernidade alcança o cotidiano através de fatos como a reforma educacional promovida pelo Estado, do surgimento de movimentos políticos e militares que abalaram a sociedade e pela superação vagarosa e irreversível da estética tradicional, em consonância com o cenário internacional. Também nessa década ocorreu um fato relevante, que foi o Estado Novo de Vargas a partir de 1937, o qual durou oito anos e foi considerado um governo ditatorial. (MORAES, S/A) p.4 Nas representações artísticas, há um esforço para afastar o brasileiro comum da visão do “malandro”. O brasileiro agora é o homem da fábrica, do trabalho. Essa operação acontece pela mudança da sensibilidade, mas também muito pelo esforço 19 político de um Estado que quer alcançar o homem comum e integrálo ao seu projeto. (MORAES, S/A) p.4 Já na década de 1940, o discurso sobre a cultura brasileira, no campo da literatura, busca cada vez mais valorizar a pesquisa interior, ignorando a preocupação com a referência obrigatória ao local e ao popular. Em 1950, a criação do Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB) marca momento em que o Estado se preocupou em negar a influência americana sobre nosso cenário cultural, com umdiscurso de crítica à “cultura alienada”. (MORAES, S/A)p.4 Na década de 1960 foi realizado o desenvolvimento do Centro Popular de Cultura (CPC), vinculado à UNE (União Nacional dos Estudantes) que se voltava uma vez mais ao popular, mas numa visão política comprometida com a esquerda. Surge nesse contexto uma arte comprometida e revolucionária, que perde seu fôlego no período pósditadura e desemboca, já nos anos 1980, em uma produção cultural cada vez mais desenraizada. (MORAES, S/A) p.4 Assim, chegase ao período mais atual, que é representado pela globalização que marca a cultura no mundo e, consequentemente, a cultura no Brasil. Tendo isso em vista; podemos conceituar globalização como: En términos generales, la globalización constituye una nueva fase del desarrollo capitalista, cuyos rasgos básicos son la desregulación de los mercados, de los procesos laborales y de la fuerza de trabajo, la privatización de las economías, sobre la base de cambios tecnológicos centrados en el uso de la microelectrónica y la generalización en el uso de nuevas tecnologías como la robótica, la automatización, la informática, la biotecnología y la biogenética. (MARTÍNEZ, SALAS y MÁRQUEZ, 1997) Explicando e complementando o pensamento dos autores acima: globalização é um processo de integração econômica, cultural, social e política. Esse fenômeno é gerado pela necessidade do capitalismo de conquistar novos mercados, principalmente se o mercado atual estiver saturado. 2.2 Métodos utilizados para promover sua imagem Os países, de uma forma geral, aspiram a uma boa imagem e reputação no cenário internacional. Uma imagem positiva não aparece automaticamente; portanto, 20 muitas vezes, devem ser realizados esforços para que o mundo tenha uma boa visão do seu país. No caso do Brasil, através de observações realizadas por alguns autores, é possível enxergar a maneira pela qual o país lida com a sua imagem externa. Os autores Mello e Silva fazem uma importante observação sobre como começar a pensar sobre essa imagem: (...) a imagem de "quem queremos ser no mundo" não pode ser desligada daquela de "quem somos em casa" ou, melhor dizendo, quais são as nossas características nacionais intrínsecas, e, mais ainda, quais os "modelos" que gostaríamos de seguir. (MELLO E SILVA, 1995, p.34) De acordo com esse pensamento, para começar a se pensar em ter uma boa imagem externamente, primeiro se deve pensar em moldar a sua imagem interna. Seguindo esse pensamento, podemos analisar como o Brasil se encontra internamente e prever a maneira que isso será refletido internacionalmente em forma de imagem. Nesse sentido, Silveira afirma que há um decréscimo da pobreza e uma redução da desigualdade: Uma das consequências mais expressivas do decréscimo da pobreza é a melhoria nos indicadores de distribuição de renda. O Coeficiente de Gini demonstra, assim, uma redução constante na desigualdade brasileira. Apesar da evolução, porém, o país ainda é um dos que apresenta a maior diferença de rendimentos entre ricos e pobres. (SILVEIRA, 2011, p.63) Esse é um ponto positivo, que contribui para o aspecto positivo interno do país, e consequentemente o externo, porém, como foi mencionado, o país ainda enfrenta um grande problema com a diferença de rendimentos entre ricos e pobres. Também é positivo o fato de o país estar conseguindo realizar a diminuição da pobreza através de políticas internas: Em relação aos índices de caráter sócioeconômico, concluise que o Brasil vem alcançando níveis satisfatórios no que diz respeito a diversos quesitos. Um dos mais expressivos tem sido a diminuição constante da pobreza, por meio de políticas internas de distribuição de benefícios a famílias carentes. (SILVEIRA, 2011, p.63) 21 Além de uma política interna que pode ser considerada de sucesso nos últimos anos, também se focam esforços na política externa, no que se diz respeito a relações em outros países: Para se penetrar melhor nas concepções de Araújo Castro sobre a política externa brasileira, é importante assinalar a distinção por ele mesmo construída entre política externa e política internacional. A primeira diz respeito ao já consolidado acervo diplomático permanente — equilíbrio de poder no Prata, relações amistosas com os EUA, posição e contribuição nas guerras mundiais, defesa da igualdade soberana das nações e da solução pacífica das controvérsias —, percebido como um fator de continuidade e consistência. Já a segunda se refere à definição de uma norma de conduta brasileira no âmbito da comunidade das nações, à fixação de uma política frente aos problemas do mundo contemporâneo. A necessidade de formulação de uma política internacional advém das próprias possibilidades de irradiação diplomática que o país detém, ancoradas em suas condições geográficas, econômicas e culturais e na própria eficácia da implementação de sua política externa. Tratavase, portanto, de explorar as “pontes naturais” que o Brasil possuía com todos os continentes, e que lhe conferiam o direito e mesmo o dever de desempenhar um papel mais ativo no cenário internacional… (MELLO E SILVA, 1995, p.31) A autora faz uma importante distinção sobre política externa e política internacional, explicando a importância dessas políticas para a relação do Brasil com outros Estados, em que pode haver um benefício mútuo. Uma análise feita pela autora Giovana Silveira, afirma que o Brasil sim mostra sinais positivos de evolução, porém ainda não é o suficiente para se comprar aos países desenvolvidos: Da mesma maneira que o Coeficiente de Gini, grande parte dos indicadores sócio econômicos brasileiros demonstra notável evolução. O contraponto, todavia, reside no fato de que nenhum deles ainda pode ser equiparado àqueles apresentados pelos países cujo grau de desenvolvimento é considerado muito elevado. A enorme desigualdade que permeia a realidade brasileira, confirmada por dados recentes do Censo 2010, marca o país desde o momento no qual o índice começou a ser medido. Esse abismo existente entre as condições econômicas daqueles considerados ricos e dos outros – tidos como pobres – é um dos principais motivos pelo atraso social do país, o que acaba por gerar violência e inacreditáveis casos de mortalidade infantil e de desnutrição, comparáveis – em algumas regiões do país – a índicesencontrados em países cujo IDH é menor que 0,4, considerado baixo. (SILVEIRA, 2011, p.64) 22 Se focarmos no lado positivo desse crescimento, podese constar que o Brasil não é mais o que costumava ser um país parado. Isso é ainda mais reforçado em outra afirmação da autora: Claramente, portanto, o Brasil não é mais o “gigante adormecido”, conforme por muitos fora denominado em fins do século passado. O país cresce e participa com vigor de importantes foros multilaterais, imprimindo um diálogo evolutivo, tanto com representantes das maiores economias mundiais – como ocorre no Fórum Econômico Mundial de Davos – quanto com os países cujo desenvolvimento ainda está em vias de constituição, vide reuniões do G77. Em foros de importância estratégica, por seu turno, como o G20 e os encontros dos BRICs, o país vem demonstrando destacada atuação, surgindo como um dos líderes naturais nas reuniões. (SILVEIRA, 2011, p.65) Realmente o Brasil não é mais aquele “gigante adormecido”. Apesar de ainda não se equiparar com as grandes potências como Estados Unidos, por exemplo, o país teve um crescimento notável em diversos pontos, como mencionado. Agora, partindo para o ponto externo da imagem, o ponto internacional, destacase o principal veículo condutor da imagem a mídia. Analisando as notícias publicadas pela Rede Globo, que se pode considerar a principal emissora de televisão do país, o autor Antônio Brasil fez considerações a respeito: Foi constatado que uma parcela significativa das imagens do Brasil que os correspondentes das agências internacionais de notícias levam para o exterior é adquirida junto à Rede Globo, especialmente quando são matérias para a televisão. Também são produzidas algumas matérias sob encomenda das editorias em Londres e Washington. Os dados obtidos confirmam que as representações do Brasil no exterior são fortemente baseadas em estereótipos sobre o país do carnaval, do futebol e da violência. Essas imagens, no entanto, refletem as representações que criamos e divulgamos de nós mesmos. Ou seja, geramos e divulgamos nossos próprios estereótipos. Por outro lado, os estudos sobre o fluxo de notícias internacionais igualmente indicam a necessidade de aprofundarmos a compreensão dos processos de construção, desconstrução e controle da identidade brasileira pela mídia internacional. Consideramos a hipótese secundária ainda em fase de aprofundamento investigativo teórico e conceitual de que a imagem nacional não seja única nem estável. Ela seria dinâmica, em constante mutação. Ao contrário do que acreditamos, seria essencialmente produto da nossa própria percepção pela mídia nacional. Em essência, a influência dos agentes externos para a produção dos jornalistas internacionais é limitada. Mas ainda existe a predominância de estereótipos, confirmação de expectativas ou imagens préconcebidas sobre o Brasil por parte dos correspondentes e editores internacionais. Além de noticiar os grandes desastres ou acontecimentos, os correspondentes tambémmostram regularmente o que nós consideramos ser a imagem do Brasil. As agências internacionais ainda adquirem aqui no Brasil parte considerável das imagens que serão veiculadas pelas emissoras de TV estrangeiras. As matérias produzidas tendem a confirmar as expectativas dos correspondentes e seus editores internacionais a respeito de nosso país. Em 23 relação à imagem do Brasil, foi constatado que o grande problema é que conferimos demasiada importância e relevância a essas representações. (BRASIL, 2012, p.792 e 793) Podemos fechar esse pensamento de Antônio Brasil afirmando que a imagem do Brasil que “vaza” para o exterior é um reflexo da nossa própria imagem interna. A imagem interna e a externa, sendo assim, idênticas Para finalizar esse ponto, a autora Giovana Silveira conclui que a imagem do Brasil melhorou, mas ainda falta para ser “positiva”. Ainda falta muito para que a imagem do Brasil seja genuinamente positiva. Temos graves problemas de ordem social dentro de nossas fronteiras, aos quais a solução ainda parece distante. Finalizase este trabalho, porém, com a esperança – embasada em indicadores sócioeconômicos que vem apresentando evolução de cunho positivo e respaldada pelas publicações de jornais como “The New York Times” – de que o país consiga superar estas questões de caráter social e seja capaz de equiparar o grande crescimento econômico à melhoria real das condições de vida dos brasileiros. (SILVEIRA, 2011, p.65) Apesar de ainda não estarmos “lá”, a imagem do Brasil deu uma melhorada nos últimos anos. É necessário que siga nesse ritmo ou ainda, em um ritmo melhor para que se possa ter uma imagem genuinamente positiva. O importante é não retrogredir. 24 3.0 AS TRANSFORMAÇÕES MIGRACIONAIS De acordo com a revista ONG Repórter Brasil (2012), o recente crescimento econômico do Brasil e a crise mundial contribuíram para aumentar significativamente o número de estrangeiros no país nos últimos anos. De acordo com dados do Ministério da Justiça, só de 2010 até abril de 2012, o número de estrangeiros em situação regular no Brasil aumentou em 60%. Passou de 960 mil para 1,54 milhão de pessoas nessas condições. A região Sudeste é, de longe, a que mais recebe imigrantes, mais precisamente o Estado de São Paulo. Acredito que isso se dê pela maior oferta de empregos e oportunidades na região. A maior parte dos que chegam são trabalhadores dos países vizinhos. De 2009 a abril de 2012, o número de imigrantes peruanos em situação regular aumentou em 378%, o de bolivianos em 160% e o de paraguaios em 148%. Enquanto isso, a imigração de europeus apresentou um crescimento bem mais discreto. Mas esses números não dão conta de toda a realidade dos estrangeiros no país. Estimase que haja no Brasil entre 60 mil e 300 mil pessoas de outros países em situação irregular, principalmente latinoamericanos, chineses e africanos. De um lado, a maioria dos imigrantes latinoamericanos no Brasil representam uma mão de obra que teve pouco acesso à escola e à qualificação profissional, que vem para trabalhar nas confecções, no comércio, na construção e nos trabalhos domésticos. Do outro, estão os europeus que costumam ter mais qualificação, nível universitário elevado, e vêm trabalhar emempregos com melhores salários. p.15 As trajetórias de migrações estão em constante mudança e os deslocamentos entre as regiões do país têm diminuído nas últimas décadas. 2000 2009 ano 3,3 milhões 2 milhões número de migrantes no Brasil. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística registrou queda da migração para a região Sudeste e também no número de migrantes que deixam os estados da região Nordeste. Ainda assim, Bahia e Maranhão são os estados de onde mais saíram migrantes nos últimos dez anos. Surgiram ainda novos eixos de deslocamento da população, como, por exemplo, a migração para cidades médias no interior do país (com menos de 500 mil habitantes). Os deslocamentos cada vez mais são de curta duração e percorrem distâncias menores, e os principais movimentos ocorrem dentro das próprias regiões e no âmbito dos próprios estados. Verificouse também uma tendência de retorno dos migrantes aos estados de origem. Isso pode ter ocorrido por vários motivos, entre eles: esgotamento da geração de postos de trabalho no CentroSul, expansão de oportunidades econômicas nas outras regiões do país, crescimento da 25 violência e as más condições de vida oferecidas nas metrópoles. (ONG Repórter Brasil, 2012, p.21) De acordo com essa afirmação, o número de imigrantes no Brasil diminuiu bastante dentre os anos 2000 a 2009, fato que, provavelmente, decorrente da situação atual do país e das outras ofertas de vida em países diferentes. 3.1 Evolução da imigração no Brasil No Brasil, a política migratória externa pode ser dividida nas seguintes fases: a primeira, de estímulo à imigração, principalmente após a abolição da escravidão, em 1888, visando à substituição de mãodeobra escrava na lavoura cafeeira e também o ‘embranquecimento da população’, quando acreditavam que isso resultaria em uma melhor imagem do país; a segunda, de controle à imigração, a partir de 1934, no governo de Vargas, devido à crise econômica internacional na década de 30. E a terceira a partir de 1930, exatamente quando o Brasil passou a 26 ter um maior declínio nas imigrações, chegando a possuir um saldo migratório negativo. O enfoque desse trabalho se dá a partir da terceira fase, uma vez que se pode ter dados mais atuais e relevantes. Em um período na década de 1980, saíam mais pessoas do Brasil do que entravam, gerando um saldo migratório negativo, como apontou o estudo de Oliveira: A partir da década de 1940, os fluxos migratórios internacionais deixaram de ser algo relevante na agenda nacional, até o momento que começamos a perceber importantes volumes de saída nos anos 1980, inicialmente em direção aos Estados Unidos. De forma inédita, o país experimentava saldos migratórios internacionais negativos. Estudos elaborados por Carvalho (1996) e Oliveira et al. (1986) estimam que o balanço das migrações resultou num saldo negativo de aproximadamente 1,5 milhão de pessoas. Nas duas décadas seguintes, continuou o movimento de saídas, que passou a incorporar a Europa, destacandose Portugal, Reino Unido, Espanha e Itália, bem como o Japão entre os destinos principais. (OLIVEIRA, 2015, p.48) Embora nos anos 1980 e 1990 a corrente migratória principal fosse no sentido do exterior, nesse mesmo período, o país recebeu imigração significativa de bolivianos e paraguaios, devido aos problemas no desenvolvimento econômico e social nesses países. Em menor escala, foi notada a presença de dirigentes de empresas e técnicos europeus, que chegaram em função do processo de privatização das empresas públicas brasileiras. (OLIVEIRA, 2015, p.48) Logo depois, em 2010, conforme apontado por Oliveira, foi constatado que o saldo migratório do Brasil saiu da negatividade e chegou a zero, devido à chegada de estrangeiros por conta da crise que afetou os países mais desenvolvidos: Os resultados do Censo Demográfico de 2010 sinalizam que, ao final dos anos 2000, com a forte crise econômica que assolou os países desenvolvidos, incluindo aqueles que estariam entre os principais destinos da emigração brasileira, combinado com o próspero momento da economia no Brasil, teriam ocorridos movimentos de retorno de nacionais e chegada mais intensa de estrangeiros, o que pode ter representado um saldo migratório muito próximo a zero nessa década. (OLIVEIRA, 2015, p.48) O volume de imigrantes no Brasil apresentou tendência de declínio nas últimas décadas antes da realização do Censo Demográfico 2010. Isso se explica pelo principal fato de esses imigrantes terem chegado ao Brasil já há algum tempo, 27 como demonstram os próprios dados do Censo no que se referem à data de chegada no país. Porém em 2010 foi constado um leve aumento em comparação há algumas décadas, atingindo a neutralidade. Com esses dados foi possível perceber que, no início dos anos 2010, o movimento de atração de estrangeiros inclusive se intensificou. Isso levou o IBGE a considerar, em suas hipóteses para as projeções populacionais que o país até 2035 experimentaria saldo migratório ligeiramente positivo. (OLIVEIRA, 2015, p.49) 3.2 Dados atuais sobre a imigração no Brasil Ao analisar alguns dados atuais sobre a imigração no Brasil, é possível se ter conhecimento do perfil dos imigrantes que chegam ao país, bem como seus locais de origem, sexo e grau de educação ou trabalho. O primeiro ponto que pode ser analisado, é a origem dos imigrantes que chegam ao Brasil; Os países com a maior participação nas imigrações do Brasil são: Portugal, Japão, Paraguai, Bolívia, Itália e Espanha. Pelo fenômeno já apontado anteriormente, Argentina, EUA, China e Peru também têm peso importante na imigração, além dos alemães, que fazem parte do que consideramos imigração histórica. (OLIVEIRA, 2015, p.51) Oliveira também analisa que há um grande aumento dos imigrantes latino americanos e um declínio de imigrantes Europeus, como observa: Quando analisamos a migração pela nacionalidade do migrante também nos deparamos com diferenças de comportamento em relação a tendência de declínio no volume de imigrantes. Enquanto Europa, com exceção do Reino Unido e França, e Japão, países de migração histórica diminuem sua participação, a migração mais recente fez aumentar o peso dos países das Américas, destacandose EUA, Bolívia, Paraguai e Peru, além da China. (OLIVEIRA, 2015, p.50) Quandose faz a análise dos países com números é possível confirmar que só na América do Norte e Latina se tem 51,9% dos imigrantes no Brasil; Em relação às origens da imigração, notamos a maior presença dos países das Américas do Norte e Latina, que em 2000 foram responsáveis pela emissão de 51,9% dos fluxos que chegaram ao Brasil, aumentando essa participação para 56,1% em 2010. Do ponto de vista dos valores absolutos, Bolívia, Paraguai, 28 Estados Unidos, Argentina e Portugal foram os principais países emissores. Além desses, destacamos o aumento da participação relativa de México, Colômbia, Espanha e China com mais que o dobro de emissões no período analisado...(OLIVEIRA, 2015, p.60) Um aspecto a ser ressaltado diz respeito à desagregação da imigração por nacionalidade, dado que entre os naturalizados destacase a presença de imigrantes do Paraguai, dos Estados Unidos e Japão, algo que pode estar associado à migração de retorno do contingente de naturalizados. Também é analisado por Oliveira, o sexo dos imigrantes e para quais estados brasileiros eles preferiram ir, onde atualmente os homens estão em maior quantidade: Os fluxos migratórios internacionais nos anos 2000 experimentaram um aumento substantivo em relação à década anterior, incremento próximo a 70%, tanto de estrangeiros quanto de naturalizados brasileiros, que mais que dobraram de volume. Nas duas décadas analisadas observamos uma maior presença do sexo masculino, cerca de 60%, embora na década de 2000, tenha aumentado a participação relativa das mulheres. (OLIVEIRA, 2015, p.59) Já sobre o principal destino dos imigrantes foi feita a seguinte análise, que, no caso, comprova que os principais destinos são São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Rio de Grande do Sul: Como podemos verificar na Tabela 3.12, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Rio de Grande do Sul e Distrito Federal foram destino de 46,4% e 43,4% dos fluxos, respectivamente em nas décadas de 2000 e 2010. Contudo, devese destacar o aumento da participação absoluta e relativa na atração de imigrantes observadas nas UFs de Goiás, Ceará, Mato Grosso do Sul e Amazonas, que duplicaram o volume dos fluxos, além da Bahia, com acréscimo entre as décadas superior a 80%. (OLIVEIRA, 2015, p.60) De acordo com os dados do site Portal Brasil, houve um grande aumento do número de trabalhadores imigrantes no mercado brasileiro. O que se torna algo positivo. Entre 2011 e 2012, o crescimento no número de trabalhadores imigrantes no mercado formal brasileiro foi de 19%. Entre 2012 e 2013, esse total foi de 26,8%. Entre 2011 a 2013 o salto foi de 50%. As regiões mais procuradas foram os estados do Sul e do Sudeste. As nacionalidades mais presentes até 2013 são de países latinoamericanos e caribenhos, especialmente Argentina, Bolívia e Paraguai. Da Europa, o maior número de imigrantes veio de Portugal. Os haitianos, no entanto, foram a população que mais cresceu em território 29 brasileiro, passando de 814, em 2011, para 14,5 mil, em 2013. (Portal Brasil acesso em 16/03/2016) Segundo Silveira, a imigração se torna benéfica na medida em que cada vez aumenta o número estudantes e pesquisadores estrangeiros interessados em vir ao nosso país para entender de perto o funcionamento da dinâmica própria à nação Ademais, cresce, anualmente, o número de estudantes e pesquisadores estrangeiros interessados em vir ao nosso país para entender de perto o funcionamento da dinâmica própria à nação. Da mesma forma, observase uma evolução na magnitude de especialistas em Brasil nas principais universidades a nível internacional, aliado ao crescimento e à criação de institutos voltados à pesquisa de temas e indicadores relacionados à realidade brasileira. (SILVEIRA, 2011, p.64) Com os dados relatados é possível concluir que o número de imigrantes no Brasil está aumentando, e, são principalmente originários da América Latina. E, pode ser algo benéfico, uma vez que, cada vez mais chegam imigrantes trabalhadores e estudantes, podendo fornecer cérebro e mão de obra para o país. 3.3 Política de Imigração Brasileira De acordo com a revista Focus Migration, o governo brasileiro não busca uma política de imigração ativa; embora a entrada no Brasil seja facilitada para o altamente qualificado, uma vez que foram avaliados pelo Conselho Nacional de Imigração. Quanto maior for a escola ou a qualificação universitária, mais frequentemente uma autorização de trabalho ou de residência é concedida, conforme dados do Ministério do Trabalho e Emprego mostram para os anos de 2004 a 2007. A política de imigração para a qual o Conselho Nacional de Imigração tem se esforçado nos últimos anos facilita a migração sendo que o foco é sobre as seguintes áreas principais:o a tecnologia moderna, o investimento de capital estrangeiro, o desenvolvimento da ciência e da cultura e de reagrupamento familiar. 2 2 Traduzido do inglês. 30 The Brazilian government does not pursue an active immigration policy; although entry into Brazil is made easier for the highly qualified once they have been assessed by the National Immigration Council. The higher the school or university qualification, the more often a work or residence permit is granted, as figures from the Brazilian Ministry of Labour and Employment show for the years 2004 to 2007. The immigration policy for which the National Immigration Council has striven in recent years facilitates migration where the focus is on the following main areas: modern technology, investment of foreign capital, science and culture development and family reunification. (FOCUS MIGRATION, 2008, p.3) A política de imigração atual é baseada na Lei nº 6.815, de 19 de Agosto de 1980. O "Estatuto dos Estrangeiros", que decorre desde o tempo da ‘ditadura militar’, tem sido objeto de disputa desde o momento em que entrou em vigor. Segundo a crítica popular, há uma contradição entre o motivo primário da lei de servir a segurança nacional, que deixa a imigração mais difícil e a válida constituição de 1988, que coloca uma ênfase especial no valor dos seres humanos e seus direitos fundamentais. A Constituição revoga numerosos artigos do Estatuto dos Estrangeiros. Current immigration policy is based on Law No. 6,815 of 19 August 1980. The “Foreigners’ Statute”, whichstems from the time of the military dictatorship, has been an object of dispute since the time it came into effect. Particular criticism is levelled at the contradiction between the law’s primary purpose of serving national security, thereby making immigration more difficult, and the valid constitution of 1988 which places special emphasis on the value of human beings and their fundamental rights. The constitution revokes numerous articles of the Foreigners’ Statute. (FOCUS MIGRATION, 2008, p.3) A lei de 1980 também criou o Conselho Nacional de Imigração (CNIg) como um órgão do governo. É responsável pela formulação da política de imigração e pela regularização de estrangeiros. O Conselho de Imigração é controlado pelo Ministério do Trabalho e é composto por membros de vários outros ministérios, sindicatos e associações. Pela força de concessão dos sete tipos de vistos e com a ajuda de setenta e nove resoluções, atualmente, ele tem uma influência ativa sobre a atividade de migração. Atuais perguntas de discussão sobre a validade do restritivo Estatuto dos Estrangeiros é uma das razões pelas quais a tão esperada imigração mais forte de migrantes qualificados e empresariais nunca se materializou. Inúmeras tentativas de trazer uma nova legislação para a imigração estrangeira, como a proposta de lei No. 1813/19 introduzida em 1991 pelo executivo no Congresso 31 Nacional, caíram em conflito com os procedimentos burocráticos complicados e disputas na Câmara dos Deputados. The 1980 law also created the National Immigration Council (Conselho Nacional de Imigração, CNIg) as a government body. It is responsible for formulating immigration policy and for the settlement of aliens. The Immigration Council is controlled by the Ministry of Labour and is composed of members of many other ministries, trade unions and associations. By dint of granting the seven types of visa and with the aid of 79 resolutions at present, it has an active influence on migration activity. Current discussion questions whether the validity of the restrictive Foreigners’ Statute is one of the reasons why the hopedfor stronger immigration of qualified and entrepreneurial migrants has never materialised. Numerous attempts to bring about new legislation for foreign immigration, such as the proposed law No. 1813/19 introduced in 1991 by the executive in the National Congress (Congresso Nacional), have fallen afoul of complicated bureaucratic procedures and disputes in the Chamber of Deputies (Câmara dos Deputados). (FOCUS MIGRATION, 2008, p.3) O assunto merece atenção do governo porque a questão da imigração vai se colocar cada vez mais. O Ministério da Justiça e a sociedade brasileira precisam se mobilizar para enfrentar esse problema que deve crescer ao longo dos anos. 32 4.0 IMAGEM DO BRASIL Com análises e pesquisas realizadas em materiais publicados internacionalmente, é possível termos uma ideia de como o Brasil é visto mundo afora, e qual a imagem que ele transmite. Antônio Brasil realizou uma pesquisa em matérias sobre o Brasil disponíveis nos bancos de dados das agências APTN e ThompsonReuters e pôde destacar os tópicos mais recorrentes: • Meio Ambiente – destaque: Amazônia, desmatamento, movimentos agrários; invasões de terras; • Política – destaque: presidente Lula, eleições, denúncias de corrupção, movimentos trabalhistas, reuniões internacionais; • Questões internacionais e latinoamericanas – MERCOSUL, segurança, tráfico de drogas, terrorismo, tráfico de mulheres, imigração ilegal, diáspora brasileira; • Violência – destaque: Rio de Janeiro, atentados contra turistas, crimes contra menores, pedofilia; • Economia – destaque: greves, produção industrial, agricultura, inflação, exportação; • Esportes – seleção brasileira de futebol, campeonatos regionais, campeonato nacional; • Cultura, comportamento, música: novidades nacionais e repercussão de grupos estrangeiros que visitam o Brasil, moda, celebridades, modismos, excentricidades (fait divers); • Carnaval – Rio de Janeiro, desfiles, sexo, turistas, mortes; turismo sexual • Religião – destaque: religiões afrobrasileiras, avanços das igrejas protestantes, crise na Igreja Católica, aborto. • Notícias gerais: acidentes, desastres naturais; Segundo dados coletados junto à agência de notícias da Rede Globo, principal fornecedor de matérias e imagens sobre o Brasil para os correspondentes das agências internacionais APTN e ThompsonReuters, aproximadamente 80% das imagens compradas pelas TVs e agências internacionais reportam os seguintes temas: 33 1. Violência em geral e catástrofes naturais; 2. Assuntos de natureza política (decisões do governo brasileiro, novas medidas e declarações de políticos); 3. Histórias envolvendo estrangeiros, especialmente casos ligados à violência, como assaltos, assassinatos, violações, expatriações; 4. Temas relacionados ao mundo do futebol e matérias de comportamento. (BRASIL, 2012, p. 790 e 791) De acordo com essa pesquisa de Antônio Brasil, é possível constatar que externamente o Brasil é mais visto de uma forma tão negativa quanto positiva, com a constante citação de violência e política. Do lado positivo se tem a imagem do carnaval e futebol brasileiro. Já com a pesquisa realizada por Kajihara, (2008) foi constatado que para vender o Brasil no exterior muitas vezes são utilizadas imagens estereotipadas que o país possui. Algumas imagens destas existem desde a época do descobrimento, já outras são mais recentes. Isso faz com que a imagem do Brasil transmitida ao exterior muitas vezes não corresponda à realidade atual do país. Em termos de atratividade turística, a imagem do país de um modo geral se qualifica pelas seguintes categorias: • Brasil Paraíso: ideia relacionada ao Éden, aos atrativos naturais e paisagísticos e às características descritas na carta de Pero Vaz de Caminha na época do descobrimento. • Lugar de Sexo Frágil: relacionase à ideia de sensualidade, libertinagem e à beleza da mulher brasileira. • Brasil do Brasileiro: incluemse todas as características relacionadas ao povo brasileiro, como a musicalidade, a hospitalidade, a malandragem, a alegria, a cordialidade e a falta de preconceito. • País do Carnaval: é a síntese do imaginário que associa o Brasil com grandes eventos na mídia, com o carnaval, o futebol e a música. • Lugar do Exótico e do Místico: relacionase às manifestações religiosas, à culturanegra e indígena, aos ritos e rituais em geral. 34 Esses estereótipos caracterizam o país de uma forma simplificada, sendo que o diferencial do país se fundamenta quase que só pela beleza dos seus recursos naturais, na luxúria das festas e na beleza das mulheres. O Brasil, por ser um país com ampla riqueza natural e diversidades regionais consegue reunir tantos atrativos turísticos, com beleza e sedução incomparáveis, acrescido ainda de todo o seu processo históricocultural que dá uma beleza única ao seu povo. Todos esses atrativos fazem com que o Brasil entre na rota dessa vergonhosa atividade chamada de “turismo sexual”, principalmente as regiões Norte e Nordeste. Segundo Oliveira, o turismo Sexual significa a exploração de meninos, meninas, adolescentes e jovens por visitantes, em geral, procedentes de países desenvolvidos ou mesmo turistas do próprio país, envolvente à cumplicidade por ação direta ou omissão de agências de viagem e guias turísticos, hotéis, restaurantes e outros. Assim, o país é vendido principalmente através do carnaval e suas praias ensolaradas, com suas mulheres seminuas. (OLIVEIRA, 2000, p.2) De acordo com o artigo Social Impacts of tourism in Brazil, escrito por Lucía Terrero, os locais com mais ocorrência de turismo sexual são: Belém (Pará), Fortaleza (Ceará), Natal (Rio Grande do Norte), Recife (Pernambuco), Salvador (Bahia), Rio de Janeiro, Porto Murtinho (PR), e Campo Grande em Coruma Coxim (Mato Grande do Sul). (TERRERO, 2014, p.28) A autora Kelly Kajihara (2008) utilizou a pesquisa “Temas Políticos e Econômicos Internacionais e a Percepção sobre o Brasil”, realizada no período de 15 de Agosto a 10 de Outubro de 2001 pela Confederação Nacional do Transporte (CNT). Realizada em 21 países, a pesquisa teve como um de seus objetivos verificar qual a imagem do Brasil no exterior. Os dados da primeira tabela indicam que o povo brasileiro é visto como alegre e hospitaleiro por grande parte dos entrevistados (68,2%). 35 Tabela 1: Avaliação do povo brasileiro 2001 Na tabela verificase que a hospitalidade é uma característica marcante do povo brasileiro, mundialmente conhecido pela recepção calorosa aos visitantes, e essencial para a interação social.(SILVA E MATTAR, 2013, p.120) É preciso levar em consideração que a pesquisa foi realizada em 2001 e que muitas personalidades atuais do Brasil ainda não eram amplamente conhecidas. De qualquer forma, a pesquisa mostra que os brasileiros mais conhecidos estão relacionados ao esporte. O exjogador de futebol Pelé, o jogador de futebol Ronaldo e o piloto de automobilismo Ayrton Senna são as três personalidades do Brasil mais conhecidas no exterior. 36 Tabela 2: Personalidades brasileiras mais conhecidas no exterior 2001 Podese observar que os que indicaram vontade de conhecer o Brasil se sentem motivados pelo sol, praias e a natureza (22,7%), pela floresta Amazônica (12,3%) e pelo carnaval do país (10,2%). Tabela 3 Motivo para conhecer o Brasil 2001 37 É possível perceber que os estrangeiros ainda têm uma visão estereotipada do Brasil. O carnaval e o futebol ainda são elementos muito fortes na identificação do país. Entre as personalidades mais conhecidas do país estão dois jogadores de futebol: Pelé e Ronaldo “Fenômeno”. Os dados também indicam que os aspectos naturais do país ainda são seus principais atrativos e o povo possui características de alegre e hospitaleiro. (...) gera novas paisagens, consome outras, traz a cena novos sujeitos sociais, elimina ou marginaliza outros e redesenha as formas de apropriação do espaço urbano, substituindo antigos usos e elegendo novas paisagens a serem valorizadas para o lazer (LUCHIARI, 2000, p. 109) Em 2009 a revista inglesa The Economist fez uma publicação com um capa referente ao Brasil, com o Cristo Redentor decolando. Porém em setembro de 2013 a situação mudou, e a nova capa, que puxara o assunto para o Brasil, era o Cristo Redentor, que havia decolado, perdendo o seu rumo. Figura 2: visualização da capa da revista The Economist em 2009 e 2013, respectivamente. Fonte: The Economist . 38 A explicação é a seguinte: Quatro anos atrás, este jornal colocou em sua capa uma foto da estátua do Cristo Redentor subindo como um foguete da montanha Corcovado, no Rio de Janeiro, sob a rubrica "O Brasil decola". A economia, tendo estabilizado sob Fernando Henrique Cardoso, em meados da década de 1990, acelerouse sob Luiz Inácio Lula da Silva no início de 2000. Ela mal tropeçou após o colapso do Lehman em 2008 e em 2010 cresceu 7,5%, seu melhor desempenho em um quarto de século. Para adicionar à magia, o Brasil foi premiado tanto com o próximo ano da Copa do Mundo de futebol e as Olimpíadas de verão de 2016. Com a força de tudo isso, Lula convenceu os eleitores no mesmo ano para escolher como presidente sua protegida tecnocrática, Dilma Rousseff. Desde então, o país voltou para a terra com um solavanco. Em 2012, a economia cresceu 0,9%. Centenas de milhares de pessoas tomaram as ruas em junho nos maiores protestos de uma geração, queixandose dos custos de vida elevado, serviços públicos pobres e da ganância e corrupção dos políticos. Muitos já perderam a fé na ideia de que o seu país estava indo para órbita e diagnosticaram apenas um outro ‘voo de galinha’, como eles apelidaram os surtos econômicos de curta duração anteriores. Há desculpas para a desaceleração: Todas as economias emergentes têm retardado. Alguns dos impulsos por trás da explosão anterior o lucro do Brasil de acabar com a inflação galopante e abertura ao comércio, os aumentos de preços de commodities, grandes aumentos no crédito e consumo jogaramse para fora. E muitas das políticas de Lula, como o Bolsa Família que ajudou a levantar 25 milhões de pessoas da pobreza, eram admiráveis” . (The Economist acesso em 3 17/03/2016) Analisando uma publicação mais recente da revista The Economist, divulgada no início de 2016, ela nos diz que a presidente Dilma Rouseff terá um ano desastroso pela frente: 3 Traduzido do inglês. 39 Figura 3: Capa da revista The Economist evidenciando a presidente Dilma: Fonte: The Economist A matéria diz que no início de 2016 o Brasil deveria estar e um ótimo humor, por motivo dos Jogos Olímpicos que se iniciam em agosto
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