Buscar

conceitos básicos em demografia

Prévia do material em texto

COMPOSIÇÃO DA POPULAÇÃO SEGUNDO DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL, 
SEXO E IDADE 
 
 
 
(Versão preliminar) 
Não reproduzir nem citar sem autorização do autor 
 
 
 
 
 
Laura L. Rodríguez Wong (*) 
 
 
 
 
 
Belo Horizonte, Fevereiro/2004 
 
 
 
(*) CEDEPLAR/FACE/UFMG 
 2 
 
Conteúdo 
 
CAPÍTULO 1: NOTAS PRELIMINARES 
 
1.1. O conceito de composição da população e suas dimensões demográficas 
1.2. A importância de se conhecer composição demográfica da população 
1.3. A visão transversal e a noção de coorte como instrumentos de avaliação e análise - a informação 
disponível 
 
 
CAPÍTULO 2: TAMANHO DA POPULAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA POPULAÇÃO 
1. Tamanho da População 
2. Distribuição Espacial 
2.1. Densidade Demográfica 
2.2. Área de residência Urbano/Rural – Grau de urbanização 
2.3. Critério político–administrativo 
2.4. Tamanho dos aglomerados urbanos – Regiões metropolitanas 
 
 
CAPÍTULO 3: COMPOSIÇÃO DA POPULAÇÃO POR SEXO E IDADE 
3.1. A informação segundo sexo 
3.2. A informação segundo idade 
3.3. A classificação por idade e sexo da população 
3.3.1. A Razão de sexos por idade 
3.3.2. A pirâmide etária 
3.3.3. A distribuição da população em grandes grupos etários 
3.4. Indicadores da estrutura etária 
3.4.1 Idade Mediana 
3.4.2 Razões de Dependência 
3.4.3 Índice de Envelhecimento 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
REFERÊNCIAS ESTATÍSITICAS 
 3 
CAPÍTULO 1: 
NOTAS PRELIMINARES 
 
 
1.1. O conceito de composição da população e suas dimensões demográficas 
 
A palavra composição remete a conceitos diversos, entre os quais, pode-se mencionar o ato de 
compor um todo, combinando as partes. Quando se fala em composição da população, consequentemente, 
trata-se daqueles elementos, características ou atributos que, juntos, permitem qualificar uma população e 
que, dependendo da forma como eles se apresentam (ou, como estão distribuídos) determinam sua 
especificidade. 
Vidal (1974), afirma que o objetivo de estudar a composição da população é descrever a situação 
populacional de um determinado território num dado momento com relação a certos atributos. Ter-se-ia, 
assim, um inventário da população caracterizada e diferenciada de outros conglomerados humanos em outras 
regiões, países ou áreas. Pare este autor, o conhecimento detalhado que implica esta descrição, constitui a 
base para estudos posteriores, tanto demográficos como não demográficos. 
Neste trabalho, interessa definir o que se entende por composição da população e quais seriam essas 
características demográficas, uma vez que a população –sem fugir do enfoque populacional– pode ser 
examinada e classificada segundo os mais variados e inúmeros aspectos, entre os quais: 
- Genético/biológicos: Segundo idade; sexo; prevalência de determinados genes, etc. 
- Sanitários: Segundo prevalência de doenças infecto-contagiosas ou degenerativas 
- Político/ideológicos: Populações comunistas, socialistas, capitalistas etc. 
- Econômicos: Populações ricas e pobres; desenvolvidas e em desenvolvimento, etc. 
- Religiosos: Católicos, Muçulmanos, Budistas, etc. 
- Lingüisticos: Segundo idiomas de origem latino, saxão, etc. 
- Étnicos: Segundo características somáticas como cor da pele ou outros traços físicos. 
Quando trata-se de definir a composição da população segundo componentes demográficas –pode-se 
inferir à luz dos exemplos anteriores– há uma grande dificuldade para atingir um consenso sobre quais 
características deve incluir uma composição, dita, demográfica. Embora, minimamente, considera-se que 
atributos biológicos, como sexo e idade, são ao mesmo tempo, demográficos, sempre haverá discordância 
sobre o que, adicionalmente, deve ser contemplado numa caracterização demográfica. (Veja, a este 
propósito, no Quadro 1.1 as definições implícitas ao tratar da composição da população em alguns 
dicionários demográficos). 
Propõe-se, aqui, que o termo ‘composição da população’ segundo um enfoque demográfico seja 
entendido como aquele que abrange as características que, potencialmente, influem - ou condicionam- o 
perfil das três principais variáveis que definem a dinâmica demográfica de uma sociedade: 
- mortalidade, 
- fecundidade, e 
- migrações. 
Em outras palavras, uma descrição da composição demográfica de uma sociedade teria como 
objetivo oferecer um marco de referência para o estudo da dinâmica populacional dessa sociedade. Assim, o 
 4 
estudo da composição segundo sexo, idade e nível sócio econômico de uma população, por exemplo, 
constituir-se-ia o primeiro passo para a compreensão dessa dinâmica. 
A seleção das características para o estudo da composição da população atendendo a este critério, 
claramente, não deixa de ser subjetiva, uma vez que, tomando o exemplo dado, sempre haverá divergências 
sobre o que deva ser considerado 'nível sócio-econômico'. De qualquer maneira a potencialidade de influir 
sobre as três principais variáveis demográficas seria o critério divisor de águas para definir quais 
características devem ser consideradas para definir a composição demográfica de uma dada população. 
Assim, considerando o estado das artes da demografia, particularmente nos países em 
desenvolvimento, este trabalho considera que a descrição do perfil demográfico mínimo da população deve 
estar dado pela composição das seguintes características do indivíduo: sexo, idade, distribuição espacial, 
níveis de instrução, status marital, etnia e características econômicas. Destes aspectos, serão considerados: a 
fonte de onde pode ser obtida a informação, a forma como devem ser avaliados e analisados e como eles 
podem se relacionar com a dinâmica demográfica. 
Os capítulos 2 e 3 incluídos neste documento(*) enfocam a composição da população segundo: (a) 
distribuição espacial, e (b) sexo e idade. 
Finalmente, a fim de ilustrar a forma em que as características selecionadas para definir a 
composição da população determinam sua dinâmica demográfica, exemplos associados a países 
desenvolvidos e em desenvolvimento, assim como indicadores de bem-estar social são freqüentemente 
utilizados. 
 
 
 
1.2. A importância de se conhecer composição demográfica da população 
 
Conhecer a composição da população atendendo, pelo menos, às características acima citadas, 
obedece a vitais necessidades sociais, econômicas e de planejamento nas mais diversas atividades humanas. 
Devido a sua obviedade, menciona-se apenas, a título de exemplo, a necessidade de conhecer a distribuição 
por sexo e idade da população para o planejamento das atividades de saúde, emprego, educação, consumo e 
moradia, entre outros. 
Pelo interesse didático/demográfico deste trabalho, ressalta-se, mais uma vez, a razão de conhecer a 
composição da população: ela é o pano de fundo para a compressão da dinâmica demográfica. Sua 
composição permite entender as tendências passadas e as que será possível esperar. Alguns exemplos: 
a) Há países com alta proporção de crianças, numerosa população habitando em áreas rurais e 
dedicada a atividades econômicas eminentemente extrativistas. Uma população assim composta, 
terá, muito provavelmente altos níveis de mortalidade, e, sem uma intervenção, esses níveis 
tenderão a prevalecer. 
b) Há países altamente industrializados onde homens e mulheres têm altos e iguais níveis de 
educação superior e participação no mercado formal de trabalho. Nestas condições, muito 
 
(*) A versão completa deste texto deverá incluir aspectos sócio econômicos tais como educação, 
características econômicas, étnicas e estrutura familiar com detalhe do status marital.5 
provavelmente, a fecundidade encotrar-se-á em níveis bastante baixos e com poucas chances de 
aumento, mesmo que se enfrente risco de diminuição populacional. 
c) Países ou grandes aglomerados que no passado recente experimentaram acelerada urbanização e 
crescimento exagerado de sua(s) maior(es) cidade(s) sem o necessário desenvolvimento social. 
Estas populações provavelmente deixarão de receber fluxos migratórios que no passado recente 
puderam ter sido importantes, e ao mesmo tempo terão uma forte pressão por diminuir seu nível 
de fecundidade. 
Por outro lado, é importante conhecer a composição da população e suas interrelações, pois elas dão 
importantes pistas sobre a qualidade e consistência da informação que se está utilizando. Considere-se como 
exemplo, as estatísticas de uma população presumidamente fechada às migrações –isto é, não recebe nem 
expulsa seus indivíduos– em três momentos do tempo, separados por intervalos de 10 anos. O que deverá 
ser esperado, atendendo à: 
d) A composição por idade e condição marital: 
O volume de população solteira com 15 anos de idade existente no primeiro momento, quando 
captada nos outros dois momentos, em que o indivíduo tem 25 e 35 anos de idade 
respectivamente, deve ser sempre igual (todos continuam solteiros) ou menor, pois se por um 
lado, alguns morreram, por outro lado a passagem de solteiro para não-solteiro é irreversível, isto 
é, uma vez abandonada a condição de solteiro, pode-se ser divorciado, viuvo, re-casado, etc., mas 
jamais solteiro. 
e) A composição por idade e etnia: 
O volume daquele segmento étnico que no primeiro momento tinha 50 anos de idade, por 
exemplo, será igual ao volume existente no segundo momento com 60 anos de idade - no 
improvável caso de não houver mortes- ou menor, devido -unicamente- à ocorrência de óbitos. Se 
o nível da mortalidade é conhecido (ou pode ser estimado), a quantidade de pessoas, segundo 
etnia, com 60 anos existente no segundo momento e com 70 anos no terceiro momento será 
bastante previsível. 
f) A composição por idade e analfabetismo: 
A proporção de pessoas classificadas como alfabetos funcionais (isto é, que receberam ao menos 
três anos de instrução básica) entre aqueles com 30 anos de idade no primeiro momento e com 
40 e 50 anos de idade nos seguintes momentos, deverá se manter constante ou mostrar leve 
aumento. Isto porque, em tese, um alfabeto funcional não esquece de ler e escrever, e após a 
idade 30 - se não existir intervenção- a população analfabeta que tende a mudar esta condição, 
costuma ser mínima. 
Estes exemplos, considerando a composição da população segundo determinadas características, 
justificam a importância de analisar a composição da população. As divergências com relação a os 
parâmetros dados indicam a presença de alguns destes aspectos: 
- precária qualidade da informação e erro nos dados 
- diferenças de cobertura entre os censos/pesquisa. 
- falta de compatibilidade nas definições e/ou fontes utilizadas. 
- não cumprimento dos pressupostos 
 6 
1.3. A visão transversal e a noção de coorte como instrumentos de avaliação e análise - a informação 
disponível 
 
No primeiro grupo de exemplos acima citados com relação à dinâmica da população descrita pela 
composição de algumas características, mostra-se, introdutoriamente, como é possível traçar o futuro perfil 
dessa população. Note-se - particularmente os exemplos (a) e (b) – que o exercício de prospeção utiliza 
informação para, apenas, um determinado momento. Realiza-se, assim uma análise transversal - ou de 
momento - dos dados. Esta é a forma mais freqüente de considerar os dados para descrever a composição da 
população. 
No segundo grupo de exemplos, com relação à avaliação que é possível fazer da qualidade dos dados 
ao analisar a composição da população, utilizou-se como principal ponto de apoio a comparação de um 
mesmo segmento populacional em diversos momentos. Trata-se de uma geração ou coorte1 identificada, 
basicamente, pelas características que tem num momento inicial. Assim, no exemplo (e) intenta-se identificar 
a geração ou coorte de determinada etnia num primeiro momento e que tinha 50 anos de idade. Esta coorte, 
isto é, a mesma geração, 10 anos depois, tem 60 anos de idade, e 10 anos mais tarde, 70 anos. Sendo a 
mesma população e conhecendo como ela é composta, é possível definir um comportamento esperado da 
mesma. 
Em outras palavras, para o estudo da composição da população a noção de coorte é, também, um 
instrumento bastante valioso, tanto para a avaliação dos dados como para a análise propriamente dita. 
Por último, com relação à informação utilizada neste trabalho, salienta-se que ele privilegia 
basicamente os dados de tipo censitário. Isto obedece ao objetivo de desenhar a composição da população 
numa situação de dados precários como acontece no contexto subdesenvolvido, onde, no geral, dispõe-se 
apenas deste tipo de dados. Eventualmente, utiliza-se estatísticas contínuas ou vitais, e dados de pesquisas 
especiais disponíveis para países subdesenvolvidos, como é o caso das Pesquisas de Demografia e Saúde2. 
 
 
1 Em Demografia, entende-se por coorte ou geração o “grupo de pessoas que vive um mesmo tipo de sucessos durante um lapso de 
tempo” (Pressat, 1970, p. 31, ed cubana). Em outra palavras: : 
a) experimentam algum tipo de evento inicial - ou uma característica, no sentido mais amplo- 
b) a partir de um mesmo momento ou período. 
Assim, constituem uma coorte ou geração: os nascidos ao longo de 2000; as mulheres com 15-19 anos no quinquênio 1930-35; as 
crianças – de qualquer idade– matriculadas no primeiro ano da primeira série em 1995; os que se aposentaram em 1950, os 
sobreviventes da destruição do World Trade Center, etc. Em espanhol e francês utiliza-se ademais, o termo "promoção". Para maior 
aprofundamento sobre este conceito, consultar: Pressat, Cap. 2 (1970) e Wunsch & Termote (1978), Cap. 1 
2 Em todo caso, é importante considerar o trabalho sobre fonte de dados, realizado por Hakkert (1996), o mesmo que, dedicado ao 
Brasil, detalha o conteúdo e deficiências dos censos e das estatísticas de registro civil. 
 7 
QUADRO 1.1 
Algumas definições sobre composição da população 
 
a) Tendência inglesa, baseada na idéia original do francês Roland Pressat: 
 Composição: É o termo usado para descrever a distribuição dos membros de uma população segundo características 
tais como idade, sexo, status marital, status sócio econômico etc. Os termos composição e estrutura são usados 
indiferentemente, embora este último seja, às vezes, restrito, apenas, à classificação por idade e sexo. (Veja 
Estrutura por idade e sexo). O termo distribuição da população usualmente refere-se unicamente à distribuição 
espacial embora, possa aparecer como sinônimo de composição e estrutura. 
 Estrutura por idade e sexo: É a composição da população segundo o numero ou proporções de homens e mulheres 
em cada categoria de idade. A estrutura por sexo e idade de uma população está representada graficamente pela 
PIRÂMIDE POPULACIONAL. Quando expressa em proporções, os números são freqüentemente por 1000; 10.000, 
100.000, etc. Os grupos de idade utilizados variam de acordo aos objetivos de cada estudo. 
 A estrutura por sexo e idade da população é o resultado acumulado das tendências passadas de mortalidade 
fecundidade e migração y demonstra considerável variabilidade causada por diferenças nestes fenômenos. 
Populações com altas taxas de crescimento possuem populações jovens com altas proporções de crianças (até 
metade da população menor de 15 anos). 
Crescimento menor ou populações estacionárias possuem um menornúmero de crianças com, proporcionalmente, 
mais adultos e idosos. 
 A razão de sexo em cada idade é, também um fato de considerável importância devido ao impacto dos diferenciais 
por sexo na mortalidade e na migração. 
(Tradução livre de: WILSON C. (Ed.), 1985. The Roland Pressat Dictionary of Demography.- Blackwell Reference, 
Londres. Pags. 9 e 38). 
 
b) Tendência latino-americana, baseada em quatro fontes: dicionários demográficos francês, inglês e espanhol e 
a terminologia da demografia hispana do período 1965-85: 
 144-4. Em demografia os termos estrutura(*) y composição (*) costumam ser usados indistintamente para descrever a 
forma como se distribuem as características como idade sexo, situação matrimonial, nível de instrução, ocupação, 
etc. A palavra estrutura é usada, às vezes, com um sentido mais restrito, descrevendo a distribuição da população 
apenas com relação ao sexo e idade. 
 325. A distribuição por sexo e idade da população ou composição por idade apresenta-se, seja por anos individuais 
(simples) ou por grupos etários, especialmente em grupos qüinqüenais e também por grandes grupos etários, por 
exemplo, 0-19 anos; 20-59 anos; 60 anos e mais. A distribuição por idade denominada, também, estrutura por idade 
é substituída às vezes pela classificação segundo ano de nascimento. A distribuição por idade da população 
costuma-se representar mediante um histograma duplo, chamado pirâmide etária devido à figura triangular formada 
pelas barras superpostas que representam os diversos grupos etários. 
 (*) O termo distribuição da população refere-se em geral à sua distribuição espacial o geográfica. No entanto, quando 
se usa junto ao nome da característica ou atributo que se está analisando, o termo distribuição converte-se em 
sinônimo de estrutura ou composição. Assim, é freqüente encontrar referências à distribuição por idade, composição 
por sexo, estrutura por sexo y idade. 
Tradução livre de: MACCIÓ G. A. (Ed), 1985: Diccionario Demográfico Multilingue - Versão em espanhol – União 
Internacional para o Estudo Científico da população - Centro Latino Americano de Demografia. Segunda Edição, 
1985. Pags. 31 e 57. 
 
 8 
CAPÍTULO 2: 
TAMANHO DA POPULAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA POPULAÇÃO 
 
Entenda-se por Distribuição Espacial da População sua distribuição geográfica ou espacial, isto é, a 
ocupação de um determinado território por uma população num determinado período. 
Algumas das formas de se aproximar ao análise da composição da população atendendo a sua 
tamanho e distribuição espacial mais comuns, como seu tamanho, densidade populacional, os conceitos de 
Urbano/Rural e aglomerados urbanos são considerados neste capítulo. Indicadores de concentração 
populacional, como o Índice de Gini e graus de primazia, são, também, freqüentemente usados. 
 
 
 1. Tamanho da População3 
 
Quando se menciona a distribuição espacial da população a primeira informação que surge refere-se 
a seu tamanho ou volume, obtido através de estatísticas derivadas freqüentemente de censos nacionais. Isto 
se dá pela necessidade de obter um reconhecimento formalmente oficial e pelos altos custos que implica uma 
operação censitária, normalmente fora do alcance da iniciativa privada. 
O tamanho da população, num contexto nacional, requer uma definição da população total que pode 
variar segundo o tipo de coleta do dado. No geral, a população total de um país, área ou região é aquela que 
num determinado momento é declarada como residente. Em que pese a simplicidade da definição, a precisão 
para estimar o total de uma população depende por sua vez, do rigor das definições com relação à: território 
(ilhas, faixas litorâneas, bases militares, etc.) e residência (por um período determinado de tempo, residente 
de facto/jure, etc.)4. 
Apenas para percepção do crescimento e tamanho da população mundial, o Gráfico 1 mostra qual 
teria sido sua evolução somente desde a era cristã e o notável ponto de inflexão ocorrido, relativamente, 
muito recentemente. Em cifras, ao início desta era., a população era estimada em aproximadamente 300 
milhões, transcorrido o primeiro milênio, provavelmente não ultrapassava a casa dos 400 milhões; cinco 
séculos depois - isto é o ano de 1 500 , aproximadamente - seria de 500 milhões. Foi, em torno do século XX 
quando manifestou-se uma soberba expansão, podendo, desta vez, a população, ser contabilizada em bilhões: 
em 1900 o mundo tinha, aproximadamente 1,6 bilhões de habitantes, mais de 5 em 1990 e mais de 6 em 
2000. As projeções utilizando hipóteses médias de crescimento apontam algo em torno de nove bilhões de 
habitantes para 20505. 
 
3 Embora não é objetivo de presente trabalho se deter nos instrumentos de análise demográfica, é importante salientar que o estudo 
demográfico do tamanho da população deve privilegiar, em grande parte, o uso da taxa de crescimento, entendida como a variação 
anual média do tamanho da população observada entre dois momentos, geralmente expressa por cem e representada por 'r'. 
 
4 Maiores explicações podem ser encontradas em Shryock e Siegel (1973) Capítulos 1 a 6. 
 
5 Cifras mencionadas em: Nações Unidas (1995) 
 9 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Números mais detalhados apresentam-se na Tabela 2.1 que inclui a situação mundial para três 
momentos entre 1950 e 2050 tal como estimado pelas Nações Unidas. Mostra-se que num período de 100 
anos, o mundo incrementar-se-á em mais de 6 bilhões de habitantes, com uma distribuição regional que 
tende a variar no tempo por causa do crescimento diferenciado entre as regiões. O continente asiático 
continua desde antes dos anos 50 sendo o mais povoado; África será provavelmente o segundo continente 
mais povoado em 2050 e Europa e América do Norte tenderão a perder representatividade populacional ao 
nível mundial. A tabela mostra, ademais, o crescimento bastante diferenciado entre as regiões no período 
considerado. Entre 1950 e 2000, com exceção de Europa e América do Norte, o resto do mundo cresceu a 
uma taxa média anual próxima de 2,0 %. De acordo à mesma fonte, este valor foi maior nos últimos 25 anos 
do século quando alguns países latino-americanos e asiáticos e muitos países africanos, mostraram muito 
freqüentemente, taxas superiores a 3%. Ainda no início dos anos 90, este foi o caso para os países africanos 
de língua portuguesa - exceção feita para Guiné Equatorial e São Tomé e Príncipe, cujas populações 
somavam menos de 500 mil habitantes. 
Num primeiro intento de aproximação às relações demográfico/sociais de um país, a tabela 2.1 inclui, 
ademais, uma classificação sócio–econômica. Esta mostra o grande peso - e o contínuo aumento - das 
populações menos privilegiadas, fruto do crescimento populacional claramente diferente entre regiões mais e 
menos desenvolvidas. No passado recente, as primeiras mostraram um crescimento bastante pequeno, abaixo 
de 1,0%, todavia, espera-se decréscimos durante a primeira metade do século XXI. Já as regiões menos 
desenvolvidas continuarão crescendo, e de acordo às estimativas apresentadas, se até o ano 2000 foram as 
que mais aumentaram, no período 2000/2050 serão as únicas responsáveis pelo aumento populacional 
mundial. Vale salientar, como se explicará mais adiante, que isto acontecerá, em grande parte devido a uma 
configuração por idade, nestas regiões, já existente que favorece altas taxas de crescimento. Isto dar-se-á, 
independente de qualquer desenvolvimento econômico que estas regiões apresentem no período 2000/2050. 
 10 
TABELA 2.1 
População mundial - 1950-2050* segundo grandes Regiões e Desenvolvimento, distribuiçãoproporcional e taxa 
de crescimento 
 
Região 
População (em milhões) Distribuição relativa (%) 
Taxa média anual de 
crescimento (%) Período 
Incremento
1950/ 2050 
Período 
Incremento 
1950/ 2050 1950 2000 2050 1950 2000 2050 1950/2000 2000/2050 
Total 2.521.5 6.055.0 8.909.1 6.387.6 100,0 100,0 100,0 100,0 1,75 0,77 
África 220.9 784.4 1.766.1 1.545.1 8,8 13,0 19,8 24,2 2,53 1,62 
Ásia 1.402.0 3.682.6 5.268.5 3.866.4 55,6 60,8 59,1 60,5 1,93 0,72 
América Latina e Caribe 167.0 519.1 808.9 641.9 6,6 8,6 9,1 10,0 2,27 0,89 
Europa 547.3 728.9 627.7 80.4 21,7 12,0 7,0 1,3 0,57 -0,30 
Norte América 171.6 309.6 391.8 220.2 6,8 5,1 4,4 3,4 1,18 0,47 
Oceania 12.6 30.4 46.2 33.6 0,5 0,5 0,5 0,5 1,76 0,84 
Regiões mais Desenvolvidas(**) 812.7 1.188.0 1.155.4 342.7 32,2 19,6 13,0 5,4 0,76 -0,06 
Regiões menos Desenvolvidos(***) 1.708.8 4.867.1 7.753.7 6.044.9 67,8 80,4 87,0 94,6 2,09 0,93 
Países extremadamente menos 
Desenvolvidas(****) 
196.8 644.7 1.494.9 1.298.21 7,8 10,6 16,8 20,3 2,37 1,68 
(*) As estimativas para 2000 e 2050 correspondem a projeções de população considerando a variante média de fecundidade 
(**) América do Norte, Japão, Europa e Austrália/Nova Zelândia 
(***) África, América Latina e Caribe, Ásia (exceto Japão) e Melanêsia, Micronêsia e Polinesia. 
(****) Trata-se de um subgrupo de 48 países de Regiões menos desenvolvidas: 38 em África, 9 na Ásia, 1 na América Latina e 5 na Oceania. 
(Definidos pela Assembléia Geral das Nações Unidas de 1996). 
 
Fonte: United Nations (1999): World Population Prospects. The 1998 Revision. Population Division - Department of Economic and Social Affairs 
 
 
Em segundo lugar, é importante identificar, mais especificamente, as áreas que mais contribuem para 
modificar o tamanho da população. A este propósito, mostra-se a Tabela 2.2(a) com países cuja população, 
em 1998 era superior a 100 milhões. Juntos, constituem mais da metade da população mundial, e excetuando 
Estados Unidos e Japão, são considerados países subdesenvolvidos. Espera-se que até 2050, outros países se 
incorporem à lista, todos eles com economias subdesenvolvidas. Todavia, os únicos dois países que 
duplicarão sua população estão entre os mais pobres: Paquistão e Nigéria. Em 2050, países com mais de 100 
milhões de habitantes representarão quase 80 % da população mundial. 
Finalmente, é importante identificar os que mais contribuem para o aumento da população; pode-se 
visualizar isto na Tabela 2.2(b), que mostra os dez países que mais contribuíram ao aumento da população 
durante o quinquênio 1995-2000. Nota-se novamente que, com exceção dos Estados Unidos, todos 
pertencem a economias subdesenvolvidas. Todavia, em fines do século XX, estes dez países contribuíram 
com 60% do crescimento mundial da população. 
 
 11 
 
TABELA 2.2 
Incremento populacional mundial (em milhões) - Várias datas 
 
a) Países com população superior a 100 milhões, em 1998 e 2050 
Ano 
1998 2050 
Posição País População Posição País População 
1 China 1.256 1 Índia 1.529 
2 Índia 982 2 China 1.478 
3 Estados Unidos 274 3 Estados Unidos 349 
4 Indonésia 206 4 Paquistão 346 
5 Brasil 166 5 Indonésia 312 
6 Paquistão 148 6 Nigéria 244 
7 Federação Russa 147 7 Brasil 244 
8 Japão 126 8 Bangladesh 213 
9 Bangladesh 125 9 Etiópia 170 
10 Nigéria 106 10 R. D. do Congo 160 
 Total 3.536 11 México 147 
 12 Filipinas 131 
 13 Vietnã 127 
 14 Federação Russa 122 
 15 Irá 115 
 16 Egito 115 
 17 Japão 105 
 18 Turquia 101 
 Total 6.008 
b) Países que mais contribuíram ao aumento da população mundial durante o quinquênio 1995-2000 
Posição País 
Contribuição 
Absoluta (milhões) Relativa (%) Acumulada (%) 
1 Índia 15.999 20,6 20,6 
2 China 11.408 14,7 35,3 
3 Paquistão 4.048 5,2 40,5 
4 Indonésia 2.929 3,8 44,2 
5 Nigéria 2.511 3,2 47,5 
6 Estados Unidos 2.267 2,9 50,4 
7 Brasil 2.154 2,8 53,1 
8 Bangladesh 2.108 2,7 55,9 
9 México 1.547 2,0 57,8 
10 Filipinas 1.522 2,0 59,8 
 Resto do mundo 31.245 40,2 100,0 
 Total Mundial 77.738 100,0 
 
Fonte: United Nations, 1999. 
 
 
 
 
2. Distribuição Espacial 
 
Uma vez quantificado o todo, é importante conhecer como este se distribui internamente. Em termos 
populacionais há muitas formas de enfocar este aspecto. Considera-se aqui: a densidade populacional, 
segundo área de residência (urbano e rural) e as divisões político–administrativas.. 
 
 
 12 
2.1. Densidade Populacional 
 
A densidade populacional é um indicador do grau de concentração/dispersão da população em relação a 
áreas definidas por diversos critérios. Dois deles são considerados aqui: a superfície territorial e a terra 
cultiváveis. 
Com relação à superfície territorial, e freqüente encontrar este indicador construído como a razão entre a 
população e a superfície territorial de uma determinada divisão geopolítica, tal como aparece na segunda 
coluna da Tabela 2.3 . 
 
 
Tabela 2.3 
Regiões e países selecionados segundo densidade populacional (em milhes) por 
superfície territorial e terra cultivável - (circa 2000) 
Região 
Densidade populacional: habitantes por 
Km2 de superfície territorial 
1,000 Ha. de terra 
cultivável 
Total (média mundial) 44,7 4.423,9 
África 26,2 4.480,8 
 Ilhas Maurício* 600,0 12.000,0 
 Cabo Verde* 106,8 10.948,7 
 Moçambique 22,8 5.903,2 
 Egito 67,8 23.992,9 
 Angola 10,5 4.378,0 
 
Ásia 115,6 7.413,7 
 Coréia do Sul** 470,3 27.470,6 
 Japão 336,4 28.244,4 
 Emirados Árabes Unidos 4,9 31.780,5 
 Arábia Saudita 9,5 5.667,4 
 Índia 306,9 6.239,3 
 China Continental 132,9 10.274,8 
 
Europa 31,6 4.236,6 
 Países Baixos** 383,1 17.666,7 
 Portugal** 108,7 5.000,0 
 Reino Unido 244,5 10.067,8 
 Suécia 19,6 3.259,3 
 França 107,3 3.217,4 
 
América Latina e Caribe 25,3 4.335,8 
 Costa Rica** 78,3 17.777,8 
 Cuba** 101,0 3.085,4 
 Uruguai ** 18,9 2.538,5 
 Argentina 13,3 1.480,0 
 Brasil 19,9 3.203,0 
Superfície territorial: * Menor a 5,000 Km2 ** Entre 5,000 e 200,000 Km2 
- Fonte: United Nations (1999) e FAO, United Nations (Website 
http://apps.fao.org/page/collections?subset=agriculture) 
 
 
Esta forma de medição, no entanto, é bastante útil se as superfícies utilizadas e a distribuição da população 
são homogêneas. É o caso de aglomerados urbanos de tamanho relativamente reduzido, como, por exemplo, 
bairros, conjuntos habitacionais específicos (acampamentos, favelas, etc.), onde, altas densidades podem 
indicar quedas do bem-estar social. 
 13 
A Tabela no Anexo (A-1) mostra para todos as Unidades Federativas (UF) do Brasil a diversidade da 
densidade demográfica ao longo do período 1950-2000. Rio de Janeiro foi sempre, uma das UFs mais densa 
e continuamente povoadas; nas últimas décadas, São Paulo e o Distrito Federal que é a capital do pais, 
conjuntamente com UFs que possuem áreas metropolitanas litorâneas como por exemplo Alagoas e 
Pernambuco apresentam-se com relativamente alta densidade. UFs com grande participação na floresta 
amazônica (últimas nove linhas) destacam claramente a baixa densidade populacional. 
Finalmente, melhores indicadores da concentração/dispersão populacional estão dadas quando a densidade 
está ligada a características indicativas de condições de vida. Neste sentido, é muito mais relevante 
relacionar a densidade populacional com, por exemplo, superfície de terra cultiváveis, recursos hídricos, etc. 
A tabela anteriormente mencionada inclui a densidade populacional segundo a superfície de terra cultivável. 
Os valores oferecem uma imagem bastante diferente à do caso anterior.Os países de alta densidade 
demográfica com relação à terra cultiváveis (acima de 20 mil pessoas por hectare), são Arábia Saudita, 
Emirados árabes, Egito e Japão. Com exceção deste último, todos eles, pelo critério anterior eram 
praticamente despovoados; este segundo critério expressa o forte atrito entre população e os recursos naturais 
e tecnológicos a que estes países estão expostos. 
 
 
2.2 Área de residência Urbano/Rural – Grau de urbanização 
 
O fato de considerar uma população urbana ou rural, leva implícito, determinadas características dos 
seus integrantes. Daí que, freqüentemente, considere-se esta classificação como um indicador de 
desenvolvimento, uma vez que, populações com maior proporção de habitantes residindo em áreas rurais 
tenderiam, no geral, a ter desfavoráveis condições de vida. 
A complexidade deste indicador radica na definição do Urbano ou Rural. A classificação varia de 
país a país, podendo atender a critérios que vão desde o número de habitantes do aglomerado, até a 
disponibilidade de certos serviços, passando pelo tipo de atividade econômica e a densidade geográfica. 
Todavia, a definição de Urbano/Rural pode variar no tempo para uma mesma população, ficando evidente 
que a comparação no tempo e no espaço nem sempre é procedente. 
 14 
 
QUADRO 2.1 
Definições selecionadas sobre Urbano e Rural 
 
1. Dicionário demográfico multilíngue - IUSSP/CELADE (a) 
 Em demografia é dado um sentido particular às expressões área rural e área urbana pois a classificação em uma ou outra categoria 
é feita de acordo a critérios que variam de um país a outro e que consideram aspectos como: população total, importância do 
aglomerado principal, proporção de população que depende da agricultura, etc. Independentemente do critério usado para determinar 
a categoria rural ou urbana de uma unidade territorial, por convenção, a população que nela mora denomina-se população rural ou 
população urbana, segundo corresponda. Algumas definições de população rural e urbana diferenciam, ademais, outro grupo, a 
população semi–urbana, constituída pelos habitantes de localidades cuja população é pouco numerosa e onde a atividade principal é 
de tipo não agrícola (Macció, 1985. Pp. 53-54). 
2. Definições nacionais no Anuário Demográfico das Nações Unidas de 1995 a 1997 para países selecionados (b) 
África 
Botswana: Aglomerados de 5 000 ou mais habitantes onde 75 % da atividade econômica é de tipo não agrícola. 
Zâmbia Localidades de 5 000 ou mais habitantes, a maioria deles dependendo de atividades não agrícolas. 
Etiópia Localidades de 5 000 ou mais habitantes. 
Senegal Aglomerados de 10 000 ou mais habitantes 
África do Sul Lugares com algum tipo de autoridade local. 
Américas 
Canadá Lugares de 1 000 ou mais habitantes, com densidade populacional de 400 ou mais por Km2. 
Cuba População morando em núcleos de 2 000 ou mais habitantes. 
Panamá Localidades de 1 500 ou mais habitantes possuindo essencialmente características urbanas, tais como ruas, 
água potável, esgoto e energia elétrica. 
Equador Capitais de províncias e cantones 
EE. UU. Lugares de 2 500 ou mais habitantes e áreas urbanizadas. 
Peru Centros povoados com 100 ou mais domicílios contíguos. 
Uruguai Cidades 
Ásia 
Japão Cidade (shi) com mais de 50 000 habitantes com 60% ou mais dos domicílios localizados no área de maior 
concentração dos mesmos, com 60% ou mais da população (e seus dependentes) envolvidos em produção, 
comércio ou outro tipo de atividades urbanas. Alternativamente, um shi possuindo comodidades e condições 
urbanas de acordo às definições das suas prefeituras, é considerado urbano. 
Síria Cidades, centros Mohafaza e Matika e comunidades com 20 000 ou mais habitantes. 
Vietnã Cidades, povoados e distritos com 2 000 ou mais habitantes. 
Europa 
Checoslováquia (até 
sua extinção) 
Grandes povoados, usualmente de 5000 ou mais habitantes, com uma densidade de mais de 100 pessoas por 
hectares no área de maior concentração dos domicílios, água potável e esgoto na maior parte da localidade, 
pelo menos cinco médicos e um farmacêutico, uma escola secundaria, um hotel de pelo menos 20 camas, uma 
rede de comércio e distribuição de serviços que sirva à mais de um povoado, oportunidade de emprego para 
as populações vizinhas, terminal rodoviário e não mais de 10% da população ativa total dedicada à 
agricultura. Ademais, pequenos povoados, geralmente de 2 000 ou mais habitantes, com uma densidade de 
mais de 75 pessoas por hectares na área de maior concentração dos domicílios, água potável e esgoto na 
maior parte da localidade, pelo menos cinco médicos e um farmacêutico, algumas outras características ditas 
urbanas e não mais de 15% da população ativa total dedicada à agricultura. 
Rep. Checa Localidades de 2 000 ou mais habitantes 
Eslováquia 138 cidades com 5 000 ou mais habitantes 
Portugal Aglomerados de mais de 10 000 habitantes 
Suécia Comunas de 10 000 ou mais habitantes, incluindo subúrbios. 
3. Censo de 1991 do Brasil (c) 
 Situação do Domicílio segundo a Fundação IBGE (Com mínimas variações desde 1950): a localização do domicílio segundo 
situação, pode ser urbana ou rural, definida por lei municipal em vigor em 1ro de setembro de 1991. Na situação URBANA 
consideram-se as pessoas e domicílios recenseados nas áreas urbanizadas ou não, correspondentes às cidades (sedes municipais), 
às vilas (sedes distritais) ou às áreas urbanas isoladas. A situação RURAL abrange a população e os domicílios recenseados em 
toda a área situada fora desses limites, inclusive os aglomerados rurais de extensão urbana, os povoados e os núcleos. 
(a) Tradução livre do Espanhol para o Português - (b) Tradução livre do Inglês para o Português. - (c) FIBGE, 1991: Censo 
Demográfico de1991 - Resultados do Universo relativos às características da população e dos domicílios – Rio de Janeiro, 1991. 
 
 
 
 
 15 
O Quadro 2.1 apresenta a definição do dicionário demográfico multilíngue de IUSSP/CELADE, e 
uma seleção de definições nacionais que apareceram nos diferentes anuários demográficos das Nações 
Unidas. A pesar das diferenças, as definições procuram, ao menos, identificar a população urbana como 
aquela que mora de forma essencialmente gregária, derivando desta característica, seu modus vivendi 
(atividades, conforto, atitudes comportamentais, etc.) 
O termo “Grau de Urbanização”, alude freqüentemente à proporção de população residente em área 
urbana com relação ao total. O conceito “taxa de urbanização”, de mais complexa elaboração, está ligada à 
variação relativa num determinado período6. 
 
TABELA 2.4 
População mundial - 1999 : Grandes regiões, continentes e algumas sub-regiões, 
segundo condição urbana ou rural e proporção de população urbana (em milhões) 
 
Região Urbana Rural 
Proporção Urbana 
(%) 
Total 2.786.573 3.191.827 46,6 
África 285.877 480.745 37,3 
 Este 61.450 179.471 25,5 
 África Meridional 32.504 60.656 34,9 
 Norte 85.327 84.637 50,2 
 Sul 22.131 24.148 47,8 
 Oeste 84.465 131.833 39,1 
Ásia 1.316.836 2.317.443 36,2 
 Este 560.488 912.927 38,0 
 Centro–Sul 442.166 1.023.621 30,2 
 Sudeste 186.208 324.908 36,4 
 Oeste 127.974 55.987 69,6 
Europa 543.180 185.753 74,5 
América Latina e Caribe 383.073 128.273 74,9 
 Caribe 23.632 14.114 62,6 
 Centro América 89.041 43.803 67,0 
 Sul América 270.400 70.356 79,4 
Norte América 236.527 70.675 77,0 
Oceania 21.080 8.938 70,2 
Regiões mais Desenvolvidas (**) 898.267 286.907 75,8 
Regiões menos Desenvolvidos (***) 1.888.306 2.904.921 39,4 
Países extremadamente menos Desenvolvidos (****) 159.977 469.609 25,4 
 
(*) As estimativas para 2000 e 2050 correspondem a projeções depopulação considerando a variante média de fecundidade 
(**) América do Norte, Japão, Europa e Austrália/Nova Zelândia 
(***) África, América Latina e Caribe, Ásia (exceto Japão) e Melanêsia, Micronêsia e Polinêsia. 
(****) Trata-se de um subgrupo de 48 países de Regiões menos desenvolvidas: 38 em África, 9 na Ásia, 1 na América Latina e 5 na 
 Oceania. Definidos pela Assembléia Geral das Nações Unidas de 1996. 
Fonte: United Nations (1998): World Urbanization Prospects. The 1996 Revision. Population Division - Department of Economic 
and Social Affairs (Adaptado da Tabela A2) 
 
 
6 É comum, no entanto, encontrar na literatura este último termo referido à proporção de população urbana com relação ao total. 
 
 16 
Assim, com este denominador mínimo comum, na definição de urbano/rural, pode-se quantificar a 
situação mundial (Ver Tabela 2.4) Utilizando o critério de desenvolvimento citado antes, observa-se que 
quanto maior ele é, maior é a proporção de população considerada urbana, no caso, o intervalo entre os 
extremos (três últimas linhas) é de 75,8 a 25,4%. Os dados de 1999 por continentes e algumas regiões 
apresentam, também, esta associação. 
 
Em geral, regiões mais pobres possuem menores proporções de população urbana e uma tendência 
de aumento na dimensão temporal. Tomando o devido cuidado ao efetuar as comparações, é o que, a 
principio, deve-se esperar, qualquer seja o nível de desagregação utilizado (total de países, regiões 
fisiográficas, unidades federativas, municípios, províncias, etc.). A Tabela 2.5 apresenta a proporção de 
população urbana para as cinco regiões fisiográficas do Brasil, ordenadas de acordo aos valores de 1991 
e1996 e inclui o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) mais recente7. Nota-se que, ao longo do período 
considerado, a proporção de população urbana, em todos os casos tendeu ao aumento e, em linhas gerais, as 
regiões com menores proporções de urbanização, possuem os menores IDH. 
 
 
TABELA 2.5 
Brasil, 1970-1996: Proporção de população urbana segundo regiões fisiográficas e Índice de Desenvolvimento 
Humano em 1991 
 
Regiões 
Período 
IDH (1991) 
1970 1980 1991 1996 
Brasil 55,9 67,6 75,6 78,4 0,742 
Sudeste 72,7 82,8 88,0 89,3 0,775 
Centro Oeste 48,0 67,8 81,3 84,4 0,754 
Sul 44,3 62,4 74,1 77,2 0,777 
Nordeste 41,8 50,5 60,7 65,2 0,517 
Norte 45,1 51,6 59,0 62,4 0,617 
 
Fonte: IBGE - Censos Demográficos dos anos indicados e PNUD/IPEA/FJP/IBGE (1998). 
 
 
O gráfico 2.1 que mostra a relação entre a proporção de população urbana e IDH para países hispano 
e de língua portuguesa, confirma, mediante a linha pontilhada, produto de um ajuste logarítmico incluída no 
mesmo gráfico, a forte associação entre desenvolvimento e urbanização. 
 
 
 
7 O IDH é uma medida estabelecida pelas Nações Unidas como indicador do bem-estar social, e inclui aspectos demográficos, 
econômicos e sociais. Para maiores detalhes veja PNUD/IPEA/FJP/IBGE (1998). 
 17 
 
 
 
 
2.3. Critério político–administrativo 
 
Existe o critério político/administrativo (país, capital, sede, província, distritos, condado, etc.), de 
planejamento, fisiográfico, por tamanho de aglomerado, etc. para classificar a população de um país. Estes 
critérios - que são os mais utilizados - buscam agrupar a população sob o entendimento que a classificação 
usada identifica características comuns que a população, assim agrupada, teria. Isto possibilita, como sugere 
Welti (1997), definir unidades heterogêneas entre si mas homogêneas dentro de si. Têm o óbvio objetivo de 
facilitar a administração de um país, daí que este tipo de classificação dependa de aspectos como 
necessidades da população, possibilidades de comunicação, condições climáticas ou geográficas, etc. 
O Quadro 2.2 reproduz-se os tipos de divisão político administrativa para os países hispanos e de 
língua portuguesa tal como inventariado nos anos 80. Ele inclui ademais, o tamanho relativo que possui o 
correspondente maior aglomerado urbano, que na maioria dos casos é a capital (e sede administrativa) do 
país com relação ao total da população urbana. Relativizando a proporção apresentada por Guiné-Bisseau e 
São Tomé e Príncipe, cujas populações são bastante pequenas, nota-se em geral, a forte primazia que apenas 
uma cidade tem nesta seleção de países o que denota o forte desequilíbrio da distribuição espacial da 
população. Entre aqueles de tamanho relativamente pequeno, sobressaem Angola, Guatemala, Republica 
Dominica, Haiti e Uruguai, nos quais a cidade capital aglomera muito mais da metade de toda a população 
urbana. Note-se, ademais, que excetuando Uruguai, todos eles são países bastante pobres. 
 
Fonte: United Nations, 1999 e PNUD, 1997
Gráfico 2.2
 Países hispanos e de língua portuguesa segundo proporção de população
urbana e IDH - (circa 1995)
0,200
0,450
0,700
0,950
25,0 40,0 55,0 70,0 85,0
Pop. Urbana (%)
ID
H
 18 
QUADRO 2.2 
Países selecionados de língua hispana e portuguesa, peso relativo da cidade capital (ou de maior tamanho) e tipo 
de divisões político–administrativas (circa 1980/90) 
 
Região/País 
Cidade capital (ou de 
maior tamanho)* (%) 
Nome das divisões em ordem 
Decrescente de importância 
América Latina 
Argentina 37.93 
Província 
Capital Federal 
Departamento/ 
Partido 
 
Bolívia 26.80 Departamento Província Cantão 
Brasil** 12.99 Estado Município 
Colômbia 50.17 
Departamento 
Intendência 
Comisaria 
Distrito Especial 
Município 
Município 
Município 
Corregimento 
Corregimento 
Corregimento 
Costa Rica 52.78 Província Cantão Distrito 
Cuba 26.43 Província Região Município 
Chile 40.36 Região Província Comuna 
Equador** 26.24 Província Cantão Paróquia 
El Salvador 46.21 Departamento Município Cantão 
Guatemala 85.40 Departamento Município 
Haiti 62.14 Département Arrondissement Comuna 
Honduras 38.54 
Departamento 
Distrito Nacional 
 Município 
México 24.27 
Estado 
Distrito Federal 
 Município 
Delegacia 
Nicarágua 42.32 Departamento Município 
Panamá 64.47 Província Distrito Corregimento 
Paraguai 41.02 Departamento 
Distrito 
Município 
Companhia 
Povoado 
Peru 39.08 Departamento Província Distrito 
Puerto Rico Município 
República Dominicana 63.54 Província Município 
Cabeceira de 
Município o de 
Distrito - Seção 
Uruguai 78.72 Departamento Seção Judicial 
Venezuela 15.64 Estado Distrito Município 
África 
Angola 58.85 Província Município Comuna 
Cabo Verde 30.63 Concelho Freguesia 
Guinea-Bissau 96.68 
Guinea Equatorial 16.85 
Moçambique 35.35 Província Município Comuna 
S. Tomé e Príncipe 96.61 Distrito 
 (*) Com relação à população urbana total 
(**) Não correspondem às cidades capitais. Trata-se de São Paulo (Brasil) e Guayaquil (Equador) 
Fonte: Adaptado de Macció, 1985 e United Nations, 1998 - Demographic Yearbook . 
 
 
 
 
2.4. Tamanho dos aglomerados urbanos – Regiões Metropolitanas 
 
A relação direta entre proporção de população urbana e desenvolvimento e a necessidade de uma 
classificação político-administrativa de um país leva ao exame do tamanho dos aglomerados urbanos como 
outra forma importante de considerar a distribuição espacial da mesma. 
 19 
TABELA 2.6 
População das 15 maiores cidades do mundo, tal como publicadas pelas Nações Unidas 
Para os anos 1950, 1975, 2000 e 2015 
 
 
1950 
Ordem Cidade e País 
População 
(milhões) 
1 Nova Iorque, EUA 12.3 
2 Londres, Reino Unido 8.7 
3 Tóquio,Japão 6.9 
4 Paris, França 5.4 
5 Moscou, Federação Russa 5.4 
6 Shangai, China 5.3 
7 Essen, Alemanha 5.3 
8 Buenos Aires, Argentina 5.0 
9 Chicago, EUA 4.9 
10 Calcutá, Índia 4.4 
11 Osaka, Japão 4.1 
12 Los Angeles, EUA 4.0 
13 Pequim, China 3.9 
14 Milão, Itália 3.6 
15 Berlim, Alemanha 3.3 
1975 
Ordem Cidade e País 
População 
(milhões) 
1 Tóquio, Japão 19.8 
2 Nova Iorque, EUA 15.9 
3 Shanghai, China 11.4 
4 Cidade do México, México 11.2 
5 São Paulo, Brasil 10.0 
6 Osaka, Japão 9.8 
7 Buenos Aires, Argentina 9.1 
8 Los Angeles, EUA 8.9 
9 Paris, França 8.9 
10 Pequim, China 8.5 
11 Londres, Reino Unido 8.2 
12 Calcutá, Índia 7.9 
13 Rio de Janeiro, Brasil 7.9 
14 Moscou, Federação Russa 7.6 
15 Bombaim, Índia 6.9 
 
 
 
 
 
 2000 
Ordem Cidade e País 
População 
(milhões) 
1 Tóquio, Japão 26.4 
2 Cidade do México, México 18.1 
3 Bombaim, Índia 18.1 
4 São Paulo, Brasil 17.7 
5 Nova Iorque, EUA 16.6 
6 Lagos, Nigéria 13.4 
7 Los Angeles, EUA 13.1 
8 Calcutá, Índia 12.9 
9 Shanghai, China 12.9 
10 Buenos Aires, Argentina 12.6 
11 Dhaka, Bangladesh 12.3 
12 Karachi, Paquistão 11.8 
13 Deli, Índia 11.7 
14 Jakarta Indonésia 11.1 
15 Osaka Japão 11.0 
2015 
Ordem Cidade e País 
População 
(milhões) 
1 Tóquio, Japão 26.4 
2 Bombaim, Índia 26.1 
3 Lagos, Nigéria 23.2 
4 Dakha, Bangladesh 21.1 
5 São Paulo, Brasil 20.4 
6 Karachi, Paquistão 19.2 
7 Cidade do México, México 19.2 
8 Nova Iorque, EUA 18.0 
9 Jakarta, Indonésia 17.4 
10 Calcutá, Índia 17.2 
11 Deli, Índia 16.8 
12 Metro Manila, Filipinas 14.8 
13 Shanghai, China 14.6 
14 Los Angeles, EUA 14.1 
15 Buenos Aires, Argentina 14.1 
 
Adaptado de: United Nations (1999): World Urbanization Prospects. The 1999 Revision. Population Division - Department of Economic and 
Social Affairs of the United Nations Secretariat – página 95 - Tabela 56. 
 
 
O início da industrialização - grande passo para o desenvolvimento econômico - provocou, entre outros, o 
surgimento de grandes aglomerados urbanos que, paulatinamente, foram melhorando suas formas de 
subsistência, daí que, durante boa parte do século XX, morar numa cidade grande era sinônimo de acesso a 
relativamente melhores condições de vida. Nas últimas décadas, no entanto, esta observação começou a ser 
descaracterizada tal como o sugere a informação das Tabelas 2.5 e 2.6 e da qual seguem dois comentários. 
Em primeiro lugar, a Tabela 2.6, com uma seleção das 15 maiores cidades do mundo para vários 
momentos entre 1950-2015 permite afirmar o seguinte: 
 20 
a) Em 1950, muitas das, ditas, maiores cidades do mundo, poderiam ser qualificadas de 'desenvolvidas'. Por 
exemplo Tóquio, Londres e Paris. Note-se, ademais, que a exceção de Nova Iorque, as cidades tinham menos 
de 10 milhões de habitantes, muitas delas, ficando em torno de 5 milhões. 
b) Passados 25 anos (em 1975), várias das maiores cidades do mundo implicam aglomerados de mais de 10 
milhões de habitantes e fazem parte do "Terceiro mundo". Entre elas: Shangai, Pequim, Calcutá e Bombaim na 
Ásia; México, São Paulo e Rio de Janeiro na América Latina. 
c) Em 2000 a tendência de o Terceiro Mundo abrigar as cidades mais povoadas do planeta (todas elas com mais 
de 10 milhões de habitantes) acentua-se. Estima-se que neste ano, 11 das 15 maiores cidades pertencem a 
países subdesenvolvidos, todavia, metade delas, pertence a países com baixos IDH8. 
d) Em 2015, as perspectivas indicam a continuação da tendência acima mencionada. Depois de 2000, no geral, as 
grandes cidades localizadas em regiões menos desenvolvidas continuarão crescendo vertiginosamente ao 
mesmo tempo que cidades quase-megalópoles de países desenvolvidos praticamente interromperão seu 
aumento populacional. De fato, estima-se que muitas apresentem decremento populacional no período 2000-
2015. 
Em segundo lugar, em níveis mais desagregados, considere-se a evolução do tamanho das cidades ao 
interior de um país. Veja-se, para este propósito, o caso do Brasil (Tabela 2.7), tal como enfocado por Martine 
(1994). 
 
TABELA 2.7 
Brasil – 1950/91 
Número de Cidades segundo tamanho e Distribuição da População Urbana (%) 
 
Cidades por classe 
de tamanho 
(em mil) 
N de Cidades % da População Urbana 
1950 1960 1970 1980 1991 1950 1960 1970 1980 1991 
500 e mais 4 8 11 14 20 58.0 64.4 63.9 61.6 59.7 
100 a 500 9 19 37 60 72 20.1 14.0 16.7 19.4 18.2 
20 a 100 69 120 191 309 468 21.9 21.6 19.3 19.0 22.1 
Total 82 147 239 383 560 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 
 
Fonte: Adaptado de: Martine, 1994- Tabela 5, p. 25. 
 
 
Desde 1950 - época do 'despegue' da industrialização brasileira - e até 1980 o número de cidades 
aumentou vertiginosamente. Embora isto continuou em 1991, data do último recenseamento geral disponível, 
nota-se um arrefecimento, tanto no surgimento das cidades, como na concentração de população nas cidades de 
maior porte (São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Belo Horizonte, entre outras), pois é o número de cidades de 
menor porte o que mais aumenta. Na última década, as pequenas cidades (até 100 mil habitantes) aumentaram sua 
representatividade urbana proporcional em detrimento das maiores. Assim, seguindo a tendência notada na tabela 
sobre as principais cidades do mundo, também as quase–-megalópoles brasileiras estariam refreando o 
crescimento populacional. Todavia, uma inspeção ao IDH desagregado país mostra que não são estas as cidades 
com melhores condições de vida9. 
 
8 Bangladesh, Índia Paquistão e Nigéria apresentaram nos anos 90, segundo o PNUD (1997) valores de IDH inferiores a 0,5, num 
intervalo que oscila entre 0.98/0.96 até 0.15/0.17. 
9 Veja em PNUD/IPEA/FJP/IBGE (1998) a série detalhada de IDH para o Brasil e seus municípios para 1970, 1980 e 1991. 
 21 
CAPÍTULO 3: 
Composição da população por sexo e idade 
 
Sexo e idade são, provavelmente, as duas variáveis objeto de maior e mais detalhada análise 
demográfica. Com relação à primeira, em que pese a obviedade da sua importância vale a pena lembrar sua 
condição de inata e determinante principal das relações socioculturais e de gênero. Aos propósitos deste 
trabalho, é suficiente afirmar que ela é necessária, em primeiro lugar para o estudo de outras variáveis 
demográficas, tão importantes quanto o sexo: a mortalidade, a fecundidade, e ainda, a migração, uma vez que 
elas, principalmente no caso das duas primeiras, diferenciam-se, basicamente, em função do sexo. Em 
segundo lugar, por ser inata e invariável no tempo é importante referência sobre a qualidade e cobertura dos 
dados que se está utilizando. 
Com relação à idade, valem as afirmações anteriores, às que deve acrescentar-se o fato de a grande 
maioria das funções e necessidades biológicas e sociais (que por sua vez determinam a dinâmica 
demográfica da população) variarem amplamente com a idade. Como exemplo disto, considere-se a demanda 
por serviços (de saúde, escola, lazer ou moradia), o desempenho econômico do indivíduos, etc. 
 
 
3.1. A informação segundo sexo 
 
Classificar a variável sexo está , certamente, entre os mais fáceis operativos num processo de coleta 
de dados; demograficamente, tem duas únicas categorias e a formulação da pergunta dificilmente oferece 
variações de conteúdo ou conotações valorativas . 
Em condições consideradas normais, existe uma composição populacional por sexo relativamente 
constante, ainda, na presença de fatores comportamentais diferenciados por sexo, como movimentos 
migratórios, fatores climáticos, etc. A razão desta composiçãoconstante se deve, por um lado, á condição 
orgânica ou biológica que determina uma proporção por sexo, constante ao nascer e por outro lado, a uma 
mortalidade por idade, no geral, maior para os homens10. 
Uma forma inicial e simples de examinar uma população segundo sua distribuição por sexo é através 
da Razão de Sexos, RS11 (denominada, também, Índice de Masculinidade), e que pode ser vista desde, pelo 
menos, três ângulos: 
a) Ao nascer (RS0), ou à idade zero 
b) Na população total (RSt) 
c) Por idade x (RSx) 
 
10 No passado recente, e em situações de extrema precariedade, encontrou-se algumas vezes, maior mortalidade feminina devido, 
basicamente, a causas de morte ligadas à gravidez e que hoje têm menor incidência. 
11 RS = (H/M)*100 
 Onde: 
 RS é a Razão de Sexos 
 H, a população masculina, e 
 M, a população feminina 
 22 
A Razão de Sexos ao nascer, ou à idade zero (RS0), se não há intervenção exógena12, oscila entre 103 
a 107 nascidos vivos do sexo masculino por cada cem nascidos vivos do sexo feminino, aproximadamente, 
sendo comum, encontrar valores de RS0 em torno de 104/105. 
No total da população, a razão de sexos (RSt), por causa da mortalidade diferencial, costuma estar 
referenciada ao intervalo 100-95, aproximadamente, tendo, por isto, pouco poder explicativo. 
A RS por idade tem uma oscilação relativamente maior, mas este aspecto será mais detalhado ao 
tratar da variável idade. 
A qualidade da informação desagregada por sexo pode ser avaliada em função do condicionamento 
biológico acima mencionado. Variações além dos intervalos mencionados requerem explicações adicionais e 
por ser uma variável de relativamente fácil identificação, quando há indicações de informação deficiente, 
antes que erros na declaração, freqüentemente trata-se de cobertura deficiente, isto é de omissões em 
determinados grupos. 
No caso da RS ao nascer, a Tabela 3.1 mostra uma seleção de países onde, contra o que se considera 
razoável, esta relação é superior a 107, segundo as estatísticas mais recentes disponíveis. Deles pode-se 
aventurar as hipóteses de se tratar de países com estatísticas vitais deficientes discriminando crianças do sexo 
feminino ou com práticas de aborto seletivo por sexo do feto. 
 
 
TABELA 3.1 
Países com Razões de sexo ao nascer iguais ou superiores a 107.0 
(circa 1997) 
 
País RS0 (por cem) País RS0 (por cem) 
1. Cuba 118,0 10. Iugoslávia 108,6 
2. China 113,9 11. Líbia 108,5 
3. Coréia do Sul 113,4 12. Singapura 108,3 
4. Paquistão 110,9 13. Grécia 108,0 
5. Bulgária 110,0 14. Cabo Verde 107,8 
6. Hong Kong 109,7 15. Tunísia 107,3 
7. Venezuela 109,5 16. Albânia 107,1 
8. Egito 109,3 17. El Salvador 107,1 
9. Filipinas 108,7 18. Bangladesh 107,0 
Fonte: Razões calculadas a partir dos dados publicados no Demographic Yearbook de 1996 a 
1999.(United Nations, 1997 a 1999). 
 
 
 
As hipóteses vêm-se reforçadas ao ilustrar o comportamento da RS0 se considerada a idade da mãe 
ao momento do parto. O Gráfico 3.1, mostra este dado para os quatro países de maior RS0 da tabela acima. 
Este índice aumenta pelo menos até a idade 35, em três casos, o que sugeriria, basicamente, intervenções 
para evitar nascimentos do sexo feminino. No caso da Coréia do Sul, intervenções na gravidez de mulheres 
mais velhas seria maior ainda. Chama atenção o caso de Cuba, que, sabe-se, tem um nível de fecundidade 
inferior a dois filhos por mulher; pressupondo que não haveria razões para segregar os nascimentos 
femininos no Registro Civil, a alta RS0 sugere uma seletividade por sexo do feto na prevalência de abortos 
em favor do sexo masculino, em todas as idades. 
 
12 Isto é, onde os nascidos vivos são produto de gestações com duração média de 36 semanas e não há aborto induzido. 
 23 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Por último, estatísticas do segundo qüinqüênio dos anos 90 mostram para vários países 
desenvolvidos RS0 superior a 106. São populações onde não haveria razões para uma cobertura deficiente ou 
seletiva segundo sexo da criança, a fecundidade situa-se abaixo do nível de reposição, isto é, o forte controle 
do processo reprodutivo ocasiona taxas de crescimento nulas e a mortalidade nos primeiros anos de vida 
encontra-se em patamares bastante baixos. Itália, Espanha e Canadá são exemplos desta situação. 
 
A RS para o total da população, sendo esperado que se localize num dado intervalo de variação, 
costuma ser bastante regular e previsível, mesmo na presença de fatores exógenos. Exemplos disto, 
apresentam-se na Tabela 3.2. Trata-se de países que, sabidamente, estiveram expostos a fortes políticas 
migratórias ou grandes guerras no início ou fim do século XX. No primeiro caso encaixam-se Argentina, 
Brasil, Estados Unidos e Austrália: RSt acima ou muito próxima de 100 seria conseqüência do afluxo 
passado de população masculina estrangeira; a medida que a política de imigração cessa, observa-se que RSt 
tende a diminuir e situar-se no intervalo de referência. Esta evolução, em sentido contrario, é valida para 
Portugal, que durante amplos períodos de tempo originou fluxos emigratórios de importância. No caso de 
guerras, encaixam-se Itália, Franca e Japão, os dois últimos, com envolvimento relativamente mais intenso; 
nota-se RSt bastante baixa nos primeiros momentos, aumentando ao transcorrer o tempo até se localizar no 
dito intervalo de referência. Moçambique e Angola, ademais de ter altos níveis de mortalidade - o que 
redunda em, proporcionalmente, maiores perdas masculinas - vêm sofrendo situações violentas nas últimas 
décadas do século. Sendo que ambos fatores afetam mais a população masculina e independentemente de 
Fonte: United Nation - Demographic Yearbook, 1996 e 1997 
Gráfico 3.1 
Países selecionados (circa 1995) - Razao de sexo ao nascer segundo idade da mãe
100,0
115,0
130,0
15 20 25 30 35 40 45 50
Idade da mãe
RS
(o
)
Cuba: RS(0) =
118.0
Coréia. do Sul:
RS(0) = 113.4
China: RS(0) =
113.9
Paquistão: RS(0) =
110.9
 24 
eventual frágil confiabilidade do dado, justificar-se-ia RSt próxima a 90. O alto valor encontrado para Angola 
(RSt=108,9) precisa de mais explicações. 
 
 
TABELA 3.2 
Razão de sexo na população total para países e períodos selecionados 
 
País Ano do Censo 
Razão de Sexos 
(%) 
País Ano do Censo Razão de Sexos 
(%) 
Moçambique 
1940 90,5 
Portugal 
1940 92,6 
1950 91,7 1950 92,7 
1970 97,8 1970 89,8 
1980 94,5 1991 93,1 
Angola 
1940 90,3 
França 
1936 92,6 
1950 96,3 1954 92,2 
1970 108,9 1990 94,8 
Argentina 
1914 115,5 
Austrália 
1947 100,5 
1947 105,1 1954 102,4 
1970 98,6 1976 100,0 
1991 95,6 1991 98,5 
Brasil 
1940 99,8 
Japão 
1945 89,0 
1950 99,3 1955 96,5 
1970 98,2 1975 96,9 
1991 97,5 1995 96,2 
EE. UU 
1940 100,7 
China 
1953 107,6 
1950 98,6 1990 106,0 
1970 94,8 
Paquistão 
1951 112,8 
1990 95,1 1972 112,9 
Itália 
1936 94,3 1981 110,5 
1951 94,9 
Coréia do Sul 
1970 101,2 
1971 94,7 1995 100,8 
 
Fonte: Estimados a partir de dados publicados nos Anuários Demográficos das Nações Unidas (anos 1948, 1957,1979 e 1996) 
 
 
Os valores acima de 100,0 para China, Paquistão e Coréia do Sul, devem ser atribuídos, em parte à 
possibilidade de interrupção da gravidez diferenciada por sexo do feto, explicação sugerida ao constatar 
razões de sexo ao nascer anormalmente altas para estes países.. 
Finalmente,se a RSt pode ter um comportamento relativamente previsível, quando se trata de um 
país ou grandes aglomerados, o mesmo pode não ser observado em população menores expostas a 
comportamentos diferenciais por sexo. Por exemplo, a áreas rurais e urbanas, que respectivamente costumam 
expulsar e atrair fluxos migratórios, compostos por proporcionalmente mais homens que mulheres, 
localidades que abrigam bases militares, povoados com atividade mais apropriada para mão-de-obra 
masculina como extração de minério, etc. 
Em síntese, ao se tratar de Razão de sexos, seja ao nascer ou para o total da população, há de se 
procurar, sempre, uma explicação para valores fora dos intervalos de referência. 
 25 
3.2. A informação segundo idade 
 
Com relação à idade, ela é coletada basicamente através de duas formas: 
a) Data de nascimento. 
b) Idade em anos completos (ou por completar como é o caso de vários países asiáticos) 
Vários censos latino-americanos incluem desde antes dos anos 80, ambas formas, sendo o 
entrevistador, instruído a privilegiar a primeira alternativa. Esta prática permite controlar ambas respostas, dá 
mais confiabilidade aos dados e mais elementos para, eventualmente, corrigi-los. Ao contrario da variável 
sexo, a resposta sobre a idade está sujeita a erros, tanto, originados por uma deficiente coleta do dado, como 
motivados por fatores basicamente culturais13. Uma vez superados os primeiros, os segundos costumam 
persistir. 
Entre os padrões típicos de erro na informação sobre idade estariam: 
- omissão dos menores de um ano de idade - o que freqüentemente se estende ao grupo 1 a 4 anos); 
- preferência para o arredondamento a dígitos 0, 5, 2 e 8 (usualmente seguindo esta ordem); 
- melhor qualidade da resposta entre a população masculina; 
O Gráfico 3.2, baseado em informações censitárias mostra a declaração por idade para homens e 
mulheres, para Moçambique (1980), Brasil (1991) e Gana (1993). Em maior medida para primeiro, os 
padrões de erro citados estão presentes. As fortes oscilações indicam o deslocamento da idade a valores 
vizinhos, assim por exemplo, pessoas que preferiram declarar a idade 25, seriam provavelmente aquelas com 
idades reais de 23, 24, 26 ou 27, que, no gráfico, mostram-se desfalcadas. No caso do Brasil, acrescente-se 
que, a preferência por alguns dos citados dígitos permanece: ao considerar que o censo foi feito num ano 
terminando com o dígito 1, a preferência manifesta-se não na idade, mas na estimativa do ano de 
nascimento14. O gráfico ilustra ademais que os padrões de erro mencionados estão presentes, mesmo 
utilizando um procedimento de coleta mais cuidadoso, como o seriam as pesquisas amostrais de demografia 
e saúde. Este é o caso de Gana. 
Existem muitas formas de avaliar esta variável, assim como propostas de redistribuição15. A maioria 
delas baseia-se no pressuposto da regularidade; isto é, a menos que existam fenômenos que bruscamente 
alterem o comportamento demográfico de uma população, sua composição por idade deveria reproduzir um 
perfil suave ou regular. Se ao longo de todo ano nasce, morre, emigra ou imigra um determinado volume de 
pessoas, mesmo que este volume aumente ou diminua no tempo, não devem existir oscilações do tipo 
apresentado, por exemplo, pelos dados de Moçambique ou Gana. 
 
13 O predomínio da resposta 'idade ignorada' pode ter origem no pouco valor que culturalmente outorga-se à precisão para quantificar 
a idade, o que costuma se dar nas sociedades tradicionais. O culto à juventude e beleza feminina em sociedades ocidentais 
modernas explicariam a tendência de as mulheres declararem menos anos dos que realmente têm. 
14 Exemplificando: na preferência pelo digito 0 ou 5 e tendo se realizado o Censo em 1991, a pessoa com idade aproximada entre 25 
a 30 anos, tenderá a declarar que nasceu em, digamos, 1960 ou 1965. Isto deriva numa idade 26 ou 31. Se a preferência é 
sistemática - o que se reflete na idade - haverá, proporcionalmente, mais população com idades terminadas nos dígitos 6 e 1. 
15 Para diagnosticar a qualidade do dado veja-se por exemplo, o Índice de Myer que mede a preferência/rejeição de cada digito. O 
Índice de Whipple, que mede a preferência por determinados dígitos (0 ou 5 por exemplo). United Nations (1955). 
Propostas sobre a re-distribuicao de dados por idade defeituosos podem ser vistas em: United Nations, (1983), para suavizar as 
oscilações devidas a preferências por certas idades; utilizando diversos polinômios. Métodos baseados em médias moveis e uso de 
razões ou proporções podem ser vistas em Chackiel e Macció (1979). 
 26 
 
 
Gráfico 3.2 Mocambique (1980), Brasil (1991) e Gana (1993): População (%) por sexo e idades simples
Fonte: Para Moçambique: Gaspar, 1989; Brasil: IBGE; Gana: MACRO/DHS (1994)
a) Moçambique, 1980
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
0 10 20 30 40 50 60 70
Idade
P
o
p
u
la
ç
ã
o
 (
%
)
Homens
Mulheres
b) Brasil, 1991
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
0 10 20 30 40 50 60 70
Idade
P
o
p
u
la
ç
ã
o
 (
%
)
Homens
Mulheres
c) Gana, 1993
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
0 10 20 30 40 50 60 70
Idade
P
o
p
u
la
ç
ã
o
 (
%
)
Homens
Mulheres
 27 
Uma forma direta de avaliar a declaração por idade quando ela existe para mais de um momento no 
tempo é acompanhar as coortes no período definido por esses momentos. Assim, se fortes oscilações na 
declaração da idade entre várias coortes ou gerações num primeiro momento, são reais, assumindo que se 
trata de uma população que, no período não recebeu ou originou fluxos migratórios e que a mortalidade não 
mudou bruscamente, tais oscilações deverão se manter, entre as mesmas coortes, nos levantamentos 
posteriores. Um exemplo clássico é dado pelas bruscas oscilações na distribuição por idade de países 
expostos no passado a violentas guerras, como a Franca ou Japão. A irregularidade por idade dentro destas 
coortes, permanecerão, logicamente, até o desaparecimento das mesmas16. 
Outro exemplo está dado pelo Gráfico 3.3 que mostra o efetivo da população brasileira de 0 a 14 
anos de idade, tal como publicada no Censo de 1991 e posteriormente captadas pela Contagem de população 
de 1996 e o Censo de 2000. Pressupondo que nestas idades não há influência da migração internacional, 
cinco anos depois, quando esta população teria 5-20 anos de idade – ou 9 anos depois tendo 9-24 anos– sua 
distribuição por idade deveria ser similar, com o volume diminuído apenas pela incidência da mortalidade. 
Outros desvios devem ser creditados à qualidade diferencial do dado. No exemplo do Brasil, após a 
publicação dos resultados de 1991, aventara-se a possibilidade de uma séria omissão de população, hipótese 
baseada, entre outros, na comparação de duas coortes: a que, em 1991, tinha entre 0 e 4 anos de idade e a que 
tinha entre 5-9 anos. A primeira coorte foi, em volume, menor que a segunda. Isto é, mesmo esperando uma 
omissão entre a população de menor idade, esta teria sido, proporcionalmente, muito maior no grupo etário 
0-4 anos. A contagem de 1996 e o Censo de 2000, cinco e nove anos depois, permitem fazer algumas 
constatações: 
a) Tal como se observa no gráfico mencionado, confirma-se a relação anterior, localizadas, no 
levantamentos de 1996, nas idades 5-9 e 10-14, o volume da primeira coorte é, como antes, menor que 
o da segunda; ademais, reproduz, grosso modo as oscilações apresentadas em 1991. As constatações 
são válidas para ambos sexos. 
b) Se houve erros de cobertura, estes seriam semelhantes em 1991 e 1996 em cada uma das coortes. O 
menor volume das coortes de menor idade em 1991 deve-se atribuir,ademais, a, efetivamente, menor 
volume de nascimentos ocorrido. 
c) O censo de 2000, ao comparar os sobreviventes das mesmas coortes (que neste ano, estariam nove 
anos mais velhas, com idades 9-13 e 19-23 em 2000), mostra, contrariamente, um maior volume de 
indivíduos, tanto nos homens como nas mulheres. 
d) O efeito mortalidade (ou saída dos membros da coorte para fora do Brasil) quando a coorte apresenta-
se com menor volume, manifesta-se quando os indivíduos recenseados em 1991 estão com 20 anos ou 
mais, e mais acentuadamente no caso dos homens. 
A simples comparação dos números absolutos sugere que tais contradições devem-se a diferenças de 
cobertura nos três levantamentos, parcialmente, a eventual imigração internacional e mortalidade 
diferenciada por sexo. 
 
Finalmente, é importante salientar que as observações feitas com relação à idade, seus padrões de 
erro e suas possibilidades de avaliação, aplicam-se tanto à população propriamente, como a outras 
características a ela associadas: idade da mulher ao momento do parto, anos de estudo, tempo de residência, 
etc. Adicionalmente, embora não se aplique o conceito de coorte, as observações sobre padrões de erro –
 
16 Este fenômeno que pode ser visto no Gráfico 3.5, está, ademais, didaticamente explicado em Pressat, 1972. 
 28 
como preferencias por determinados dígitos– são válidas para respostas sobre idade ao morrer, duração da 
amamentação dos filhos, intervalo entre nascimentos, etc. 
 
 
Gráfico 3.3: Brasil - 1991 a 2000
Coortes com idades 0-15 em 1991, tal como captadas nos censos de 
de 1991 e 2000 e contagem de 1996 - por sexo, segundo idades simples. 
Fonte: IBGE - Censos Demográficos de 1991 e 2000 e Contagem de 1996 
a) Homens 
1.450
1.575
1.700
1.825
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Idade da coorte em 1991
P
o
p
u
la
ç
a
o
 
(e
m
 m
il
)
1991 1996 2000
b) Mulheres
1.450
1.575
1.700
1.825
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Idade da coorte em 1991
P
o
p
u
la
ç
a
o
 (
e
m
 m
il
)
1991 1996 2000
 29 
3.3. A classificação da idade e sexo da população 
 
A classificação por idade varia de acordo às necessidades de cada estudo. A desagregação em 
categorias simples ou individuais - como mostrada nos exemplos anteriores- é pouco usada, tendo por 
finalidade avaliar a qualidade do dado ou o estudo de características específicas da população. Entre elas, a 
mortalidade infanto-juvenil, a gravidez entre adolescentes ou o ingresso à aposentadoria, i.e., nos casos em 
que o fenômeno varia significativamente entre duas idades consecutivas. 
A classificação por grupos de idade qüinqüenais é, sem dúvida, a mais usada, o que se aplica não 
somente à população total, mas a qualquer outra estatística demográfica relacionada (óbitos, fluxos 
migratórios, idade da mãe, etc.). A vantagem inicial de agrupar as idades é obter uma distribuição menos 
irregular da população - uma vez que, como mencionado, as pessoas tendem a deslocar a resposta dentro de 
um dado intervalo - e lidar com um volume consideravelmente menor de dados. 
Se a classificação qüinqüenal considera, ademais, a variável sexo, seu poder explicativo - tal como se 
demonstra nos itens a seguir - aumentará significativamente. Trata-se, assim, de uma tabulação simples, 
geralmente, disponível em todo tipo de publicação de dados populacionais e costuma ser a primeira a ser 
apresentada. A seguir, após a referência às razões de sexo por idade, ilustra-se a mais freqüente e simples 
forma de analisar a composição da população por sexo e idade: a pirâmide segundo grupos qüinqüenais de 
idade. Grandes grupos etários, também serão considerados. 
 
3.3.1. A Razão de sexos por idade 
 
O potencial explicativo da composição por sexo aumenta ao considerar a RSx, isto é a razão de sexos 
por idade ou grupo etário x. Dado o caráter inato, já mencionado, do sexo, e a correlação da idade com o 
tempo, espera-se, em situações de relativa normalidade, como nos casos anteriores, um comportamento 
regular de RSx e dentro de intervalos determinados pela perda diferenciada de homens e mulheres devido à 
maior mortalidade dos primeiros. 
Como se viu, RS é praticamente determinada ao nascer, esperando-se que diminua ao aumentar a 
idade. Grandes aglomerados populacionais, com poucas variantes e independentemente do seu grau de 
desenvolvimento seguem esta tendência: o Gráfico 3.4 (a) com RSx da população mundial tal como 
compilada para 2000 comprova esta afirmação, inclusive, se consideradas populações pelo seu nível de 
desenvolvimento (o que implicitamente separaria as estatísticas segundo sua qualidade). As curvas têm um 
início comum e acima de 100; homens e mulheres tendem a se igualar em volume (RSx=100) em torno da 
idade 40 na região mais desenvolvida e em torno dos 50 no outro caso. RS continua diminuindo e a curva 
indica, para as idades finais, a sobrevivência de 60 a 40 homens para cada 100 mulheres. Os maiores valores 
correspondem à região menos desenvolvida. Dado o que se conhece sobre as relações de sobrevivência, esta 
maior diferença em favor das mulheres acontece, porque, ao aumentar a expectativa de vida, esta aumentaria, 
proporcionalmente mais, para elas. 
Desvios da RSx com relação à tendência acima descrita, são, portanto, explicados, seja pela 
qualidade excessivamente frágil das estatísticas, por desvios anormais da mortalidade ou por intensos fluxos 
migratórios. 
 30 
 
 
O Gráfico 3.4(b) com RSx para Brasil e França em duas datas selecionadas apresentam, no geral o 
tendência apontada; as explicações dadas na ocasião de descrever as pirâmides etárias (Ver item 3.3.2) e o 
diferente desenvolvimento social de ambos países, justificam os desvios e as diferenças entre ambos. 
Finalmente, o Gráfico 3.4(c), ilustra a RSx de três regiões brasileiras com uma historia migratória e 
desenvolvimento diferenciados, os mesmos que, a fim de justificar as diferentes RSx entre elas, podem ser 
assim resumidas: O Nordeste origina fluxos migratórios masculinos de relativa importância desde os anos 50 
e possui os maiores níveis de mortalidade. O Sudeste, é mais desenvolvido, ostentando, por tanto menor 
mortalidade e recebe fluxos migratórios também, importantes. O Centro-Oeste, por último, tem sido alvo de 
políticas migratórias orientadas ao povoamento de áreas de fronteira desde os anos 60, e por ser uma 
população pouco volumosa, a entrada de migrantes masculinos influencia mais a RSx que no caso do 
Sudeste. 
 
3.3.2. A pirâmide etária 
 
É um instrumento valioso para a análise da composição da população. Trata-se do gráfico de um 
duplo histograma horizontal, ou barras, por sexo e idade (ou coorte de idades) no qual a população mais 
jovem localiza-se na base. O nome deriva da configuração das barras, semelhante a uma pirâmide para a 
maioria das populações. Principalmente quando se trata de comparações, é apresentado em termos relativos à 
população total. 
A simples olhada a uma pirâmide etária permite, por um lado, afirmar se a população observada 
possui uma estrutura etária jovem ou envelhecida, característica que associa-se estreitamente ao tipo de 
demandas sociais que ela tem. Por outro lado, uma vez que, como sintetiza Pressat (1972), a área de cada 
barra está determinada por três fatores: o efetivo de nascimentos de uma geração ou coorte, a importância da 
mortalidade e a importância das migrações, é possível, com a informação contida, apenas, nas pirâmides, 
Gráfico 3.4 Razão de Sexo por idade para varias populações e periodos selecionados (%)
Fonte: Nações Unidas, 1998, Censos Demográficos Brasileiros e PRONEX/CEDEPLAR, 1999. 
b)

Continue navegando