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Teoria Geral do Direito Penal II - CADERNO

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TEORIA GERAL DO DIREITO PENAL II 
TEORIA DA PENA
AULA 01 | 17 de agosto de 2020
Princípios constitucionais que orientam a pena:
Humanidade das penas
A pena precisa respeitar o indivíduo como um ser humano. Apesar da pena ser uma medida ruim/grave, existem limites da gravidade dessa pena, de modo a não permitir que tal sanção desumanize o apenado.
· Art. 1º A República Federativa do brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
III – a dignidade da pessoa humana
· Art. 5º
XLVII - não haverá penas (justamente por serem penas que ferem a dignidade da pessoa humana, que desrespeitam o indivíduo como ser humano):
a) De morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX (algumas vertentes doutrinárias são contra a pena de morte em qualquer caso);
b) De caráter perpétuo (iria contra uma das funções da pena de reintegração social do apenado);
c) De trabalhos forçados;
d) De banimento;
e) Cruéis (termo vago, mas muito comum);
XLVIII – a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado;
XLIX – é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;
L – às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos durante o período de amamentação;
Essas condições são básicas para o respeito da pessoa humana e de sua dignidade: deve ter uma preocupação básica da administração pública para com a forma de aplicação da pena e todas as suas variáveis;
Convenção Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis. Desumanos ou Degradantes (Decreto40/1991 – incorporou a legislação brasileira):
Artigo 1º
Tortura: ato pela qual dores ou sofrimentos agudos, físicos ou mentais, são infligidos intencionalmente a uma pessoa a fim de obter, dela ou de uma terceira pessoa, informações ou confissões; de castiga-la por ato que ela ou uma terceira pessoa tenha cometido ou seja suspeita de ter cometido (...).
Casos em que se discute a crueldade das penas normalmente são passadas para as cortes regionais de Direitos Humanos – discutem e decidem sobre o termo “cruel/crueldade”.
Pessoalidade da Pena
Art. 5º
XLV – nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;
Individualização da Pena
Art. 5°
XLVI – a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:
a) Privação ou restrição da liberdade;
b) Perda de bens;
c) Multa;
d) Prestação social alternativa;
e) Suspensão ou interdição de direitos;
Para a individualização da pena, deverá ser considerada não somente a conduta de forma abstrata e isolada, mas também as circunstâncias do caso concreto e as características pessoais do indivíduo.
Princípio da Legalidade
Art. 5º
XXXIX – não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena prévia sem cominação legal;
XL – a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu
Culpabilidade
O princípio da humanidade das penas cabe, também, ao princípio da culpabilidade, no sentido se significar o quão reprovável se julga aquela conduta
Art. 1, III, CF – Dignidade da pessoa humana
Art. 32 – As penas são:
I – Privativas de liberdade;
II – Restritivas de direitos;
III – De multa;
*Pena comida = Pena descrita
Princípio da Proporcionalidade
Não está atrelado a nenhum dispositivo, mas está ligado ao conceito de justiça: a aplicação da pena deve ser proporcional ao delito;
Teorias dos fins da Pena
Existem duas teorias principais quanto às finalidades da pena:
Teoria absoluta da pena: ideia de justiça da punição – a sociedade aplica a pena por uma questão de justiça.
1. Teoria retributiva: a pena retribui o mal cometido.
Autores principais: Kant (aplicação da pena é um imperativo categórico, ou seja, uma necessidade da sociedade – mal pelo mal) e Hegel (reestabelecimento da ordem jurídica violada, negando a pena que é a negação do direito).
Teorias relativas da pena: finalidade socialmente útil da pena – as penas são um meio para se alcançar um objetivo/fim.
Autor principal da teoria da prevenção geral: Feuerbach
1. Teoria de prevenção geral negativa: a pena teria como objetivo dissuadir a coletividade a cometer crimes. Intimidar a generalidade das pessoas, causando medo nos possíveis infratores.
Espera-se que todas as pessoas, tendo conhecimento da lei, tenham medo de serem punidos ao cometerem um crime.
2. Teoria da prevenção geral positiva: pena se justifica na medida em que gera um efeito na coletividade. Esse efeito não se faz por meio do medo, mas sim por meio da educação, despertando na sociedade um senso de justiça de forma que as pessoas sejam estimuladas a cumprir a norma.
Teoria mais bem acolhida na doutrina, atualmente. Autores principais: Hassemer.
Autor principal da teoria da prevenção especial: von Liszt
3. Teoria da prevenção especial negativa: neutralização pela prisão. O Estado condena o autor de um crime, com o objetivo de devolver o mal praticado e impedir que ele cometa outros crimes.
4. Teoria da prevenção especial positiva: aplicação da pena com objetivo de reeducação do indivíduo e futura reinserção social. Ressocialização do indivíduo através da pena.
Essas teorias de prevenção especial são destinadas mais para o indivíduo, tendo uma característica humanista.
· Teoria unificadora/mista: junção das teorias absoluta e relativa
Visão de Roxin: função da pena e, consequentemente, do direito penal, é a de proteção subsidiária de bens jurídicos, mediante prevenção geral negativa na cominação da pena: prevenção geral e especial na aplicação da pena, limitada pela medida da culpa; e prevenção especial na execução da pena.
- Ou seja, a finalidade da pena se altera dependendo do momento em que se encontra;
Art. 59 – o juiz, (...), estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime.
A Constituição Federal não é expressa, mas segundo o art. 59 do CP faria referência a essas duas teorias. A lei de Execuções Penais também dá muitos indícios, através de institutos, que seriam a representação da Teoria de Prevenção Especial Positiva.
AULA 02 | 24 de agosto de 2020
ESPÉCIES DE PENAS
Penas privativas de liberdade
Prisão como principal sanção penal;
· Historicamente, a prisão não era uma forma de pena, mas sim uma “medida cautelar” para manter o acusado preso para que fosse, futuramente, executado;
É a pena principal no Brasil.
As penas privativas de liberdade são as de reclusão (pena para crimes mais severos, podendo se iniciar no regime fechado) e detenção (pena para delitos mais leves e não admite início no regime fechado).
Art. 33, caput – a pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semiaberto ou aberto. A de detenção, em regime semiaberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado.
Distinção entre reclusão e detenção vai se perdendo com o tempo – na prática é uma divisão relativamente superada;
Para contravenções penais: prisão simples – mais tênue que a detenção.
· Na prática também não tem essa diferença;
O tipo de prisão (detenção, reclusão) é definida pelo legislador, no tipo penal – não é o juiz ou o MP.
· Porém dependendo do caso concreto, o juiz pode substituir a pena de prisão por outras formas alternativas de pena;
Regimes Prisionais
Regime Fechado: estabelecimentos de segurança máxima isolamento noturno nas celas, presos tem obrigação de trabalho durante o dia dentro do estabelecimento, não podem sair para frequentar cursos externos;
· Em tese, com 1/6 da pena seria possível trabalhar fora do presídio durante o regime fechado, mas isso é muito incomum;
Regime Semiaberto: estabelecimentos de segurança média (colônias agrícolas/industriais) pensados para desenvolver o trabalho do reeducando, sem isolamento noturno nas celas, podem sair durante o dia para frequentar cursos externos, é possível trabalho externo,permitidas as saídas temporárias - art. 122 da Lei de Execuções Penais (promover o convívio social com a família, iniciar a reinserção na sociedade e criar um senso de disciplina).
· Regra de trabalho: não é um trabalho forçado – recebe salário e tem a pena remida;
Regime Aberto: casa do albergado em que o condenado dorme e passa fins de semana, saindo durante o dia para fazer suas atividades (reinserção na sociedade, com menos supervisão),
· Regime domiciliar (exceção) para aqueles cumprindo pena em regime aberto nas seguintes condições: maior de 70 anos, acometidos com doença grave, mulher gestante ou mulher com filhos menores de idade ou com doença mental) art. 117 da LEP;
Realidade brasileira: praticamente não existem casas do albergado (em SP não tem nenhuma), colônias agrícolas/industriais também quase não existem (as que tem faltam vagas em massa);
· Nos estabelecimentos pensados para o cumprimento de regime fechado, os sentenciados a regime semiaberto sem vaga podem sair durante o dia para trabalhar e retornam;
· No caso dos regimes abertos, admite-se com mais frequência a concessão do regime domiciliar, pois não existem as casas de albergado;
· Saída temporária: presos do regime semiaberto saem para usufruir esse direito estando dentro de prisões pensadas para o sistema fechado;
Teoria está muito longe da prática.
Art. 33, § 2º -   As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime mais rigoroso: 
        a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em regime fechado;
        b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito), poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semiaberto;
· “Poderá”: dever do juiz, ele não pode escolher;
        c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o início, cumpri-la em regime aberto.
O que prevalece no entendimento da doutrina e na jurisprudência é que, considerada a quantidade da pena e a condição de reincidência, o poderá deverá equivaler ao regime mais benéfico.
Crimes hediondos: em caso de crimes hediondos, o cumprimento da pena deve necessariamente ser iniciada no regime fechado.
Reincidência
Reincidência é uma situação que agrava a pena.
 1º momento 2º momento 3º momento
________________ | __________________________ | __________________
 Prática do 1º crime Condenação do 1º crime
A reincidência só passa a valer a partir do 3º momento, ou seja, após a condenação de fato do 1º crime presunção da inocência, possibilidade de acusação injusta ou de absolvição pelo crime.
______ | ___________ | __________________ | ________________ | _________
 Crime 1 Crime 2 Condenação 2 Condenação 1
Nesse exemplo não existe reincidência, pois na época de condenação do crime 2, não existe condenação por crime anterior e, na época da condenação do crime 1, não existe condenação de crime anterior, mas sim de crime posterior;
Limite de tempo: após o fim do cumprimento da pena, passados 5 anos ou data superior, não se considera mais a reincidência;
Reincidência específica, reincidência dolosa, reincidência hedionda lei faz a exigência
Reincidência: no momento de cometimento de um novo crime, já é condenado pela prática de um crime anterior.
Progressão e Regressão
Progressão: adquirir a liberdade aos poucos, começando a cumprir em regime mais rigoroso e progredindo para regimes mais brandos;
A progressão não pode ocorrer por saltos, mas deve ocorrer progressivamente;
Regime Fechado Regime Semiaberto Regime Aberto
Lei Anticrime: 13.964/2019
Essa lei deixou falhas (existem possibilidades que não foram contempladas).
· Reincidente – crime anterior com violência crime sem violência ou grave ameaça;
· Reincidente – crime anterior sem violência crime com violência ou grave ameaça;
· Reincidente – crime anterior não hediondo crime hediondo ou equiparado;
· Reincidente – crime anterior não hediondo com resultado morte crime hediondo ou equiparado com resultado morte;
Doutrina: lacunas devem ser preenchidas com as condições mais favoráveis ao acusado;
· Lei complicou demais, deixando lacunas e, agora, existem diversas opiniões e pensamentos sobre, mas não existe jurisprudência formada (assunto muito recente lei de 2019)
Lapso temporal: TCP necessário para a progressão;
Lei dos crimes hediondos: 8.072/90
· CF, art. 5º, inciso XLII: tratamento mais duro para a prática de tortura, tráfico de drogas, terrorismo e os definidos como crimes hediondos;
· Tortura, tráfico e terrorismo são crimes equiparados a crimes hediondos;
Caso das mulheres: maioria das mulheres são presas por tráfico privilegiado (assim, a lei beneficia bastante as mulheres).
Regressão (art. 118 da LEP): se a pessoa pratica um novo crime (doloso) durante o cumprimento da pena ou uma falta grave, ocorre a regressão;
· Pode ocorrer regressão por salto (ex.: aberto fechado);
Penas restritivas de direitos
Art. 44 – As penas restritivas de direitos são:
I – Prestação pecuniária;
II – Perda de bens e valores;
III – Limitação de fins de semana;
IV – Prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas;
V – Interdição temporária de direitos;
Pena de multa
A pena de multa é uma modalidade de pena pecuniária, imposta pelo Estado às pessoas condenadas pela prática de infrações penais. Trata-se de uma retribuição não correspondente ao valor do dano causado, considerada como sanção de natureza patrimonial, por representar pagamento em dinheiro por determinação judicial, em virtude de sentença condenatória.
Art. 49 – A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário da quantia fixada na sentença e calculada em dias-multa. Será, no mínimo, 10 (dez) dias-multa e, no máximo, 360 (trezentos e sessenta) dias-multa.
Art. 50 - A multa deve ser paga dentro de 10 (dez) dias depois de transitada em julgado a sentença. A requerimento do condenado e conforme as circunstâncias, o juiz pode permitir que o pagamento se realize em parcelas mensais. 
Constitucionalidade da lei dos crimes hediondos – proibição da progressão de regime
A lei de crimes hediondos definiu que aqueles condenados por esses tipos de crime não poderiam progredir de regime.
STF – legislador não poderia proibir a progressão em caso individualização da pena, pois o preso tem direito que a pena seja adapta a seu caso concreto e, dessa forma, é inconstitucional a proibição de progressão de regime.
· Legislador mudou a lei dos crimes hediondos, para que os crimes hediondos tivessem uma restrição mais rígida;
AULA 03 | 31 de agosto de 2020
Faltas Disciplinares
Durante o cumprimento da pena de prisão, o preso pode ter comportamentos que se classificam como faltas disciplinares (não são crimes por si só)
Art. 50 da Lei de Execução Penal (rol de faltas graves);
Pena não é aumentada, mas sofre punição na execução da pena falta grave transforma o comportamento em má conduta (impede a progressão)
Ainda, falta grave reinicia o início da contagem para a progressão de regime (tendo como pena base a pena restante) e aqueles em regime aberto e semiaberto regridem de regime;
Regime Disciplinar Diferenciado
Forma mais rígida e restritiva da pena de prisão, mais até do que o regime fechado (mas não é um regime);
RDD surgiu em SP, de forma não prevista em lei SAP, em 2000, começou a separar aqueles que participavam da facção criminosa do PCC.
· Virou lei em 2003;
· Discussão: isso não poderia ter sido criado pelo estado, sem lei; mas os estados teriam certa autonomia para estabelecer regras prisionais próprias para a execução da pena RDD estaria no âmbito da discricionariedade dos estados; 
· Hoje vigora no país inteiro;
· Cresceu com a Lei anticrime 
Art. 52 da LEP A prática de fato previsto como crime doloso constitui falta grave e, quando ocasionar subversão daordem ou disciplina internas, sujeitará o preso provisório, ou condenado, nacional ou estrangeiro, sem prejuízo da sanção penal, ao regime disciplinar diferenciado, com as seguintes características:
· Prática do fato já serve para mandar a pessoa para o RDD, não sendo necessário o trânsito em julgado do processo fato, não crime;
§ 1º O regime disciplinar diferenciado também será aplicado aos presos provisórios ou condenados, nacionais ou estrangeiros: 
I - Que apresentem alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento penal ou da sociedade; 
II - Sob os quais recaiam fundadas suspeitas de envolvimento ou participação, a qualquer título, em organização criminosa, associação criminosa ou milícia privada, independentemente da prática de falta grave.
· Hipótese bastante questionável por ser muito aberta muito sujeita a interpretação da administração/juiz;
· Alto risco e fundadas suspeitas: muito subjetivo;
Características do RDD:
· Recolhimento em cela individual;
· Visitas quinzenas de duas horas com duas pessoas (proibição de contato físico – fere a dignidade da pessoa humana?);
· Visita da família deve ser monitorada e caso o preso fique seis meses sem receber visita, pode ser permitido contato telefônico (2x por dia, 10 min);
· Fiscalização da correspondência (inviolabilidade da correspondência, sem privacidade?);
· Participação das audiências por vídeo conferência (medo da fuga – mas pode gerar obstáculos ao direito à defesa);
Lei anticrime: prorrogação (pode ser prorrogado sucessivamente);
Forma de se cumprir pena muito restritiva lei não restringe tempo máximo, o que dá a ideia de insegurança jurídica (pouca jurisprudência).]
Detração
Constituição + entendimento atual do STF: só se pode começar a cumprir pena quando a sentença é transitada em julgada;
· Todavia, muitas pessoas são presas em flagrante ou durante o processo, cautelarmente, pois podem atrapalhar o andamento do processo (apagar evidências, coagir testemunhas, fugir);
O tempo de prisão cautelar é descontado da pena final (art. 42 do CP).
Ex.: pessoa fica 2 anos presa, enquanto ocorre o andamento do processo + ao fim do processo, com a condenação, a pena é definida em 10 anos o total da pena será 8 anos (2 anos serão descontados);
Indenização erro judiciário;
Remição
Estímulo dado pelo Estado para que o preso trabalhe ou estude.
Trabalho: a cada três dias trabalhados, ocorre a remição de um dia da pena.
· Muitas vezes não tem vagas para todos;
· Jurisprudência traz uma nova lógica: remição por estudo;
No regime fechado/semiaberto: remição por trabalho e por estudo.
No regime semiaberto/aberto/livramento condicional: remição por estudo (trabalho já é um pré-requisito).
Derivações: remição por leitura (muitos juízes não aceitam);
Livramento Condicional
Art. 131 e seguintes da LEP + art. 83 e seguintes do CP
Indivíduo que está cumprindo pena privativa de liberdade, ao cumprir certos requisitos objetivos e subjetivos, poderá ser colocada em liberdade, devendo cumprir, ainda, condições impostas pelo juiz se tiver uma vida tranquila em liberdade, não volta para a prisão;
Requisitos:
· Pena privativa de liberdade igual ou superior a dois anos;
· 3 hipóteses de lapso temporal (requisitos objetivos):
· Cumprimento de 1/3 da pena não sendo reincidente em crime doloso e com bons antecedentes;
· Cumprimento de ½ da pena sendo reincidente em crime doloso;
· Cumprimento de 2/3 da pena cometendo crime doloso, mas não sendo reincidente específico;
· Reincidente específico em crime hediondo não tem direito ao LC;
· Crime hediondo com resultado morte (primário ou reincidente) também não tem direito ao LC;
· Requisitos subjetivos:
· Bom comportamento na execução penal;
· Sem faltas graves nos últimos 12 meses;
· Bom desempenho no trabalho (caso trabalhe);
· Indivíduo deve ter condições de prover seu sustento/subsistência;
· Condições impostas pelo juiz
· Condições obrigatórias: art. 132, parágrafo 1° da LEP (todos os casos) ter uma ocupação lícita dentro de um prazo razoável, comunicar periodicamente o juiz de sua ocupação, não mudar de cidade sem a autorização do juiz;
· Condições facultativas: art. 132, parágrafo 2° da LEP não pode mudar de casa sem autorização do juiz, toque de recolher estabelecido pelo juiz, proibição de frequentar certos locais (ex.: bar);
Revogação (art. 88 do CP): revogado o livramento, não poderá ser novamente concedido e, salvo quando a revogação resulta de condenação por outro crime anterior àquele benefício, não se desconta na pena o tempo em que esteve solto o condenado.
· Revogação facultativa (art. 87): se o liberado deixar de cumprir alguma das obrigações impostas ou se for condenado a crime ou contravenção penal cuja a pena não seja privativa de liberdade;
· Caso o juiz vote decida pela revogação: não conta o tempo + perde direito a nova concessão;
Monitoramento eletrônico: tornozeleira
· Introduzida no direito brasileiro em 2012;
Pode ser utilizada na saída temporária permitida no regime semiaberto e na prisão domiciliar.
· Antes as pessoas iam sem nenhuma fiscalização tornozeleira permite a fiscalização;
· Maior restrição da liberdade;
AULA 04 | 14 de setembro de 2020
Penas restritivas de direito
Arts. 43 a 48 do Código Penal
Não são as penas principais do ordenamento jurídico brasileiro – podem substituir a prisão, mas não definidas de primeira.
· Exceção: lei de drogas portar drogas para uso próprio não tem mais pena de prisão cominada
Art. 43 As penas restritivas de direitos:
I – Prestação pecuniária
· Condenado paga um valor em dinheiro;
· Pode ser destinado à vítima, aos dependentes da vítima (caso a tenha vítima morrido) ou a uma entidade pública ou privada com destinação social;
· Varia entre 1 e 360 salários mínimos – determinado pelo juiz;
· Se a vítima ou seus dependentes entram com uma ação civil indenizatória, o valor pago em uma prestação pecuniária para esses mesmos agentes pode ser descontado do valor dessa indenização;
· É possível ser pago em cestas básicas ou em coisas de outra natureza;
· Importa mais o réu do que o crime pode ser aplicada em qualquer crime, mas depende se o réu pode pagar ou não;
II – Perda de bens e valores
· Parecido com a prestação pecuniária;
· Faz referência ao patrimônio do condenado;
· Crime precisa ter causado prejuízo econômico para a vítima ou o autor ou terceiro deve ter tido um proveito econômico derivado do crime;
· É retirado do patrimônio lícito do condenado;
· Existe um limite de quanto pode ser retirando o máximo do prejuízo causado à vítima ou o máximo do proveito obtido com o crime;
· O dinheiro vai para um fundo penitenciário para ser usado na execução de penas;
III – Limitação de fim de semana
	Art. 48 A limitação de fim de semana consiste na obrigação de permanecer, aos sábados e domingos, por 5 (cinco) horas diárias, em casa de albergado ou outro estabelecimento adequado
· Quase não existem casas de albergado no Brasil;
· Dificuldade de fiscalização;
IV – Prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas;
· Serviço não remunerado realizado pelo condenado;
· Deve atender as aptidões do condenado e não pode atrapalhar o expediente de trabalho do mesmo
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando:  
I – Aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo; 
II – O réu não for reincidente em crime doloso;
III – A culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente.
§ 2o Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa ou por uma pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos.
§ 3o Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde que,em face de condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não se tenha operado em virtude da prática do mesmo crime.
· Juiz só não pode substituir se o réu for reincidente em mesmo crime doloso – reincidente específico (art. 44, II e art. 44, § 3o) entendimento da doutrina e jurisprudência;
 Art. 55. As penas restritivas de direitos referidas nos incisos III, IV, V e VI do art. 43 terão a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída, ressalvado o disposto no § 4o do art. 46.
· Pode cumprir em menos tempo, mas não em tempo menor do que a metade pena de 2 anos (730 horas de serviço comunitário – pode cumprir em no mínimo um ano);
AULA 05 | 21 de setembro de 2020
Pena de Multa
Arts. 49 a 52.
A pena de multa consiste num pagamento em dinheiro pelo condenado ao Estado sanção menos drástica no quesito de liberdade, mas dinheiro é importante no contexto social (pode ter impacto relevante na vida do condenado).
Vantagem: caráter intimidatório e absolutamente compatível com a vida social e familiar do condenado – não interfere no seu dia a dia, no seu trabalho, na sua liberdade de ir e vir;
Desvantagem: possibilidade muito real de causar injustiça e ter um efeito desigual quando aplicada a pessoas mais ricas e pessoas mais pobres
· Indivíduos tem patrimônios diferentes: se a mesma pena é aplicada para uma pessoa com mais dinheiro e com menos dinheiro, os efeitos vão ser completamente desproporcionais pessoa mais pobre pode ser muito prejudicada, enquanto a pessoa rica mal vai sentir os efeitos;
· Potencialidade de causar desigualdade;
Pena de multa sempre esteve presente no direito penal;
Código Criminal de 1830 – referência no sistema do dia-multa;
Sistema dia-multa.
· Tentativa de minimizar as desigualdades;
· Multa é aplicada numa grandeza medida por dia – pessoas serão condenadas por quantidade de dias multas e não por um valor x de dinheiro;
· Juiz estabelece essa quantidade de dias multa na aplicação da pena inicialmente, tem como referência a reprovação da conduta – quanto mais reprovável a conduta, maior a quantidade de dias multa;
· Depois de estabelecida a quantidade de dias multa, o juiz estabelece o valor do dia multa esse valor do dia multa leva em consideração a renda e o patrimônio do condenado;
· Juiz pode dosar: dia multa pode ter valor bem alto ou bem baixo momento em que a multa é adequada a condição social – diminuir as injustiças;
· Dois momentos:
· 1º: Culpabilidade (x dias multa);
· 2º: Condições sociais (valor do dia multa);
Na legislação vem apenas referenciada a multa, sem mais detalhes;
Art. 60 - Na fixação da pena de multa o juiz deve atender, principalmente, à situação econômica do réu.
Pena de multa pode passar da pessoa do condenado? Questão insolúvel a multa impacta na vida da família do condenado.
Multa x Prestação Pecuniária
· Multa é paga para o Estado, para um fundo penitenciário (dias multa);
· Prestação Pecuniária é paga para a vítima, seus dependentes ou para uma entidade social sem fins lucrativos (salários mínimos);
Cominação e aplicação da pena
Art. 59 e Art.68 guiam o juiz na aplicação da pena.
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: 
        I - As penas aplicáveis dentre as cominadas; 
        II - A quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos; 
        III - O regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade; 
        IV – A substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível.
AULA 06 | 28 de setembro de 2020
Fixação da Pena
 Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime:  
        I - as penas aplicáveis dentre as cominadas; 
        II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos; 
Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de diminuição e de aumento.
Método Trifásico
1. Pena-base (circunstâncias judiciais)
· Identificar margem penal (pena mínima e máxima determinada pela lei);
· Identificar as circunstâncias do art. 59 (caput) do CP culpabilidade, aos antecedentes, à conduta, social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima;
Não serão analisadas, necessariamente, todas essas circunstâncias – depende do caso concreto;
· Valorar as circunstâncias do art. 59 (caput) do CP (não pode ultrapassar as margens penais mínima e máxima);
2. Circunstâncias agravantes e atenuantes
· Identificar circunstâncias agravantes e atenuantes;
· Identificar quais circunstâncias são preponderantes;
Art. 67 - No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias preponderantes, entendendo-se como tais as que resultam dos motivos determinantes do crime, da personalidade do agente e da reincidência. Jurisprudência costuma seguir essa ordem, estabelecida pelo texto da lei.
· Mas..., existem outras circunstâncias não abordadas nesse artigo.
· Efetuar o aumento ou a diminuição (não pode ultrapassar as margens penais mínima e máximo) – jurisprudência: aumento e diminuição na razão de 1/6;
Juiz sempre precisa fundamentar sua decisão
3. Causas de aumento e causas de diminuição
· Identificar causas de aumento e causas de diminuição (se encontra na parte especial, junto com os tipos penais mas tem também na parte geral);
· Identificar se há concurso de causas;
· Efetuar o aumento ou a diminuição (pode ultrapassar limites legais mínimo e máximo);
Art. 68. Parágrafo único - No concurso de causas de aumento ou de diminuição previstas na parte especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente ou diminua.
Circunstâncias Agravantes
Importante: rol taxativo de circunstâncias não se aplica a analogia;
 Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime: 
        I - A reincidência; 
______________________________________________________________________
Reincidência (arts. 63 e 64)
Brasil adota a teoria de reincidência ficta 
  Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior. 
Art. 64 - Para efeito de reincidência:  
        I - Não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos, computado o período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer revogação;  
        II – Não se consideram os crimes militares próprios e políticos.
Art. 7° da Lei de Contravenções Penais – Verifica-se a reincidência quando o agente pratica uma contravenção depois de passar em julgados a sentença que o tenha condenado, no Brasil ou no estrangeiro, por qualquer crime, ou no Brasil, por motivo de contravenção
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        II - Ter o agente cometido o crime:  
a) por motivo fútil ou torpe;
· Motivo insignificante (fútil) ou repugnante, que causa repulsa (torpe);
b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime;
· Ex.: ocultação de cadáver para ocultar o crime de homicídio;
c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido;
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo,tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum;
· Perigo coletivo;
e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge;
· Necessidade de observar o princípio da legalidade ex.: companheiro derivado de união estável não se enquadraria;
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei específica;  
· Abuso de autoridade: pessoa com poder hierárquico em relação a outra, podendo ser uma autoridade formal ou informal (ex.: autoridade paterna);
· Violência contra mulher termos da Lei Maria da Penha;
        g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão;
        h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida;  
        i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade;
        j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública, ou de desgraça particular do ofendido;
· Desgraça particular do ofendido: pessoa perde o pai/mãe, vulnerável, e nesse momento alguém pratica uma ofensa contra essa pessoa;
        l) em estado de embriaguez preordenada.
Agravantes no caso de concurso de pessoas
        Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação ao agente que:  
        I - Promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais agentes;  
        II - Coage ou induz outrem à execução material do crime;  
        III - Instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade ou não-punível em virtude de condição ou qualidade pessoal;  
        IV - Executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de recompensa.
Circunstâncias atenuantes
        Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena:  
        I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na data da sentença;  
        II - o desconhecimento da lei; 
        III - ter o agente: 
        a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral;
        b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as consequências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano;
        c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima;
        d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime;
        e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o provocou.
        Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior ou posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei.
 Concurso de circunstâncias agravantes e atenuantes
        Art. 67 - No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias preponderantes, entendendo-se como tais as que resultam dos motivos determinantes do crime, da personalidade do agente e da reincidência.  
        Cálculo da pena
        Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de diminuição e de aumento.
AULA 07 | 05 de outubro de 2020
Concurso Material e Formal
 Concurso material
        Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela.  
        § 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de liberdade, não suspensa, por um dos crimes, para os demais será incabível a substituição de que trata o art. 44 deste Código.  
        § 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado cumprirá simultaneamente as que forem compatíveis entre si e sucessivamente as demais. 
        Concurso formal
        Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior.
· Duas hipóteses: 
a. Pessoa praticou a conduta gerando dois ou mais resultados – um dos crimes foi praticado “sem intenção;
Ex.: atira em uma pessoa para matar e o tiro sem querer também pega em outra pessoa homicídio + lesão corporal;
Pena: pena mais grave (homicídio simples – 6 a 20 anos) + 1/6 a ½ da pena menos grave (lesão corporal – três meses a um ano);
b. Teve a intenção de praticar mais de um crime;
Concurso formal é uma regra mais benéfica que a do concurso material.
· Mas no caso concreto, acaba levando a uma pena mais gravosa do que se as penas tivessem sido somadas;
· Parágrafo único do Art. 70 – Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código concurso material benéfico;
Crime continuado
Ficção: crimes praticados várias vezes nas mesmas condições de lugar, hora, e outros não é a prática de vários crimes, mas sim o mesmo crime que começou na primeira vez e continuou pelas próximas.
Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços.
· Jurisprudência tem um entendimento de que o espaço de tempo entre um crime e outro deve ser de, mais ou menos, 30 dias mas pode ser mais ou menos tempo;
Ex.: Maníaco do Parque;
Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código. 
 Erro na execução
        Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código.
AULA 08 | 19 de outubro de 2020
Aula especial
Conversa com a Jornalista Helen Braun
AULA 09 | 26 de outubro de 2020
Crimes qualificados e privilegiados
No Código Penal existem certos tipos penais que adicionam circunstâncias que alteram a margem penal, podendo ser esses crimes qualificados (maior gravidade) ou privilegiados (menor gravidade)
· Existem mais tipos penais qualificados do que privilegiados;
Qualificado: na estrutura do tipo penal, é adicionada uma circunstância que aumenta a gravidade do crime nova margem penal.
Ex.: homicídio simples (matar alguém, pena de 6 a 20 anos de reclusão) e homicídio qualificado (matar alguém + circunstância de maior gravidade, pena de 12 a 30 anos de reclusão);
Privilegiado: na estrutura do tipo penal, é adicionada uma circunstância que diminui a gravidade do crime.
Ex.: receptação (art. 180, pena de reclusão de 1 a 4 anos e multa), receptação qualificada (art. 180, parágrafo 1º, pena de reclusão de 3 a 8 anos e multa), receptação “privilegiada” (art. 180, parágrafo 3º, “Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre o valor e o preço,ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso” pena de detenção de 1 mês a 1 ano e multa);
Obs.: tráfico privilegiado (art. 33, parágrafo 4°) não é tecnicamente uma hipótese de tipo penal privilegiado o que qualificaria como essa circunstância de privilégio na verdade é causa de diminuição (bons antecedentes, réu primário).
Resolução do caso – método trifásico. 
*Suspensão condicional da pena*
Parecido com o livramento condicional – juiz aplica a pena e a pessoa deve comparecer ao fórum e obedecer às condições impostas pelo juiz, e se passado esse tempo sem problemas, a pena é extinta.
É um caso muito raro em geral, nos casos em que poderia caber essas hipóteses, não se aplica.
 Art. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que: (adiciona as hipóteses do Código Penal).
Medida de Segurança
É uma sanção penal – resposta a um crime.
· Finalidade de prevenção especial: tratamento dado ao indivíduo para que essa pessoa deixe de ter comportamento perigoso;
Aplicada aos semi-imputáveis e aos inimputáveis que praticaram um fato típico e antijurídico;
· Semi-imputáveis: entendimento limitado juiz faz uma análise se existe ou não culpabilidade;
· Inimputáveis: sem entendimento do caráter ilícito do fato e de orientar sua conduta (pessoas doentes);
O fato deve ser tanto típico, quanto antijurídico – se falta um desses requisitos, não tem crime;
Periculosidade ≠ culpabilidade
Culpabilidade olha para o momento do fato, no passado, e julga quão reprovável ele é, e a periculosidade olha para o fato e quer saber do perigo do indivíduo a sociedade hoje.
Medida de Segurança impõe, em geral, num tratamento psiquiátrico.
· “Manicômios judicias”: hospitais de custódia e de tratamento psiquiátrico.
O tempo que a pessoa ficará sob tratamento é variável e depende do progresso – indivíduo ficaria lá até deixar de ser perigosa (exame cessação de periculosidade);
· Crítica: o Código Penal estabelece um mínimo de tempo para se passar nesses lugares (1 a 3 anos), mas não estabelece um limite máximo (pessoas poderiam ficar lá pra sempre – mesmo que a Constituição defina que são proibidas penas perpétuas);
· Pessoas desses lugares não tem a sua disposição os melhores tratamentos psiquiátricos, o lugar é ruim e precário, pois o Estado não investe muito comum que a pessoa seja internada e nunca saia;
· Corrente jurisprudencial: o máximo de internação em manicômio judicial deveria ser o máximo da pena do crime praticado, poderia sair antes, mas se não puder, o máximo seria esse limite mas não está na lei;
Medida de segurança nem sempre é proporcional a pena estabelecida ao crime, a gravidade do fato.
· Se a pena for de detenção, a medida de segurança pode determinar um tratamento ambulatorial, e não de internação (faculdade do juiz);
Sistema penal não admite que a pessoa seja condenada a cumprir pena e medida de segurança simultaneamente.
Não existe desinternação progressiva, assim como existe a progressão de regime. Só existe a possibilidade de estar interno ou de estar liberado.
AULA 09 | 26 de outubro de 2020
Ação Penal
Pode ser pública ou privada.
Publica: denúncia ao juiz, feita pelo Ministério Público regra geral das ações penais.
a. Incondicionada (mais comum): não depende da manifestação de vontade de nenhuma parte, é derivada simplesmente da ocorrência de um crime;
b. Condicionada: processo é seguido da mesma forma, mas deve haver manifestação de vontade por parte da vítima para que o MP seja requisitado e haja uma ação penal;
Manifestação de vontade da vítima = Representação (irretratável após o oferecimento da denúncia);
Privada: queixa feita pelo ofendido totalmente na mão da vítima, pois somente ela poderia propor a ação (petição inicial)

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