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21/05/2022 22:56 Atividade Física No Envelhecimento https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=0%2fJfhFIp8rdvuKgtsJ1yBg%3d%3d&l=P2JtT2MSr3AEeHUGu1O9gQ%3d%3d&cd=1rHya5… 1/16 ATIVIDADE FÍSICA NO ENVELHECIMENTO CAPI�TULO 2 - O IMPACTO DA ATIVIDADE FI�SICA NO ENVELHECIMENTO E NAS SI�NDROMES GERIA�TRICAS Luis Fernando Ferreira 21/05/2022 22:56 Atividade Física No Envelhecimento https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=0%2fJfhFIp8rdvuKgtsJ1yBg%3d%3d&l=P2JtT2MSr3AEeHUGu1O9gQ%3d%3d&cd=1rHya5… 2/16 Introdução Nesta unidade nos dedicaremos a estudar o impacto da atividade fı́sica no envelhecimento, tendo como foco principal os indicadores de vida do indivı́duo idoso. E� importante compreendermos, antes de tudo, que a ciência acerca desse tema é bastante desenvolvida e também bastante dinâmica. Ou seja, a cada dia surge um novo conhecimento sobre o assunto, muitas vezes reforçando e aprofundando o que já se conhecia, mas também desfazendo alguns conhecimentos anteriores e indicando formas melhores de atuação nessa área. O quanto você conhece da área de geriatria e gerontologia? Você sabia que nessas áreas nós lidamos com as patologias não-transmissı́veis mais comuns nos idosos? Essas patologias são divididas cinco grandes grupos, conhecidos como “os 5 Is da geriatria”. Você verá que em alguns autores esse tema também será tratado como “os grandes da geriatria”. Mas o que seriam, então, esses 5 Is? Cada um dos campos de entendimento contidos nos 5 Is têm raı́zes que geralmente se entrelaçam, sendo a autonomia e a independência os dois pontos mais importantes para a vida do idoso, ou seja, eles são a raiz primária que irão gerar os 5 Is. A autonomia diz respeito, basicamente, aos aspectos psicológicos do indivı́duo, isso é, de que forma sua cognição e seu humor são afetados pelo envelhecimento, e de que forma o indivı́duo consegue reagir a isso, com o mı́nimo de impacto para a sua vida. Já a independência, como o próprio tı́tulo sugere, engloba aquelas capacidades que tornam o idoso autônomo no seu dia-a-dia. Ora, se um idoso tem um caso de depressão leve, e está medicado, embora ele possa apresentar alguma incapacidade cognitiva, ele ainda pode ser autônomo. Por outro lado, um idoso com suas capacidades cognitivas e humorais perfeitas, porém com dé�icits de mobilidade, por exemplo, acaba se tornando um idoso dependente. A independência engloba dois outros campos: a mobilidade e a comunicação. Nesta unidade, portanto, vamos conhecer melhor cada um desses aspectos envolvendo o envelhecimento, buscando compreender melhora de que forma a atividade fı́sica pode impactar as diversas sı́ndromes geriátricas. Vamos lá? 2.1 As síndromes geriátricas As sı́ndromes geriátricas, ou os “5 Is da geriatria”, têm em sua raiz a autonomia e a independência do indivı́duo. Elas darão, por sua vez, origem, respectivamente, a cognição e ao humor; e a mobilidade e comunicação. 21/05/2022 22:56 Atividade Física No Envelhecimento https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=0%2fJfhFIp8rdvuKgtsJ1yBg%3d%3d&l=P2JtT2MSr3AEeHUGu1O9gQ%3d%3d&cd=1rHya5… 3/16 Enquanto a cognição compreende as funções básicas para a sobrevida, e a compreensão geral do idoso frente ao meio ambiente, afetando diretamente a sua adaptabilidade, o humor compreende os fatos ligados à sua motivação em continuar vivendo, e continuar desfrutando da vida. Figura 1 - Grá�ico dos 5 I’s da geriatria Fonte: Elaborada pelo autor, 2020. 21/05/2022 22:56 Atividade Física No Envelhecimento https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=0%2fJfhFIp8rdvuKgtsJ1yBg%3d%3d&l=P2JtT2MSr3AEeHUGu1O9gQ%3d%3d&cd=1rHya5… 4/16 A capacidade cognitiva do idoso compreende a memória, as funções executivas, a linguagem, as funções visuais e espaciais, a gnosia (capacidade de reconhecer objetos ou situações por meio de um dos sentidos) e a praxia (em suma, a motricidade). Quando um ou mais desses campos é afetado pelo envelhecimento, o idoso pode estar caminhando para uma incapacidade cognitiva, que compreende o grupo de patologias ligadas à demência. Já o humor do idoso, que muitas vezes é equivocadamente confundido com o fato de o idoso ser “bem- humorado”, compreende, na verdade, as alterações que podem levar à quadros de depressão. Em suma, quadros depressivos são alterações de humor, tanto que a maioria dos instrumentos de triagem de psicopatologias é tratada como instrumento de avaliação das alterações de humor (como o GDS e o PHQ-9). Ou seja, o fato de o idoso ser ou não “bem-humorado” pouco importa para esse campo, e sim se o idoso tem traços de depressão. Da mesma forma que as alterações na cognição, quadros graves de alterações de humor (doenças psiquiátricas) podem levar a quadros de incapacidade cognitiva (o primeiro dos 5 Is). VOCÊ SABIA? Muitos autores consideram que o suicıd́io é o ápice dos casos de depressão. Um dado importante sobre o suicıd́io é que ele é maior entre a população idosa e, infelizmente, tem crescido exponencialmente nas últimas décadas. Segundo o IBGE, os suicıd́ios de idosos subiram mais de 215% entre 1980 e 2012. Se você quiser saber mais sobre o assunto, leia a reportagem especial sobre esse tema, feita por Oliveto (2017) para o Correio Brasiliense. Disponıv́el no endereço: http://especiais.correiobraziliense.com.br/crescem-os-casos-de-suicidio-entre- idosos-no-brasil (http://especiais.correiobraziliense.com.br/crescem-os-casos-de- suicidio-entre-idosos-no-brasil) http://especiais.correiobraziliense.com.br/crescem-os-casos-de-suicidio-entre-idosos-no-brasil 21/05/2022 22:56 Atividade Física No Envelhecimento https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=0%2fJfhFIp8rdvuKgtsJ1yBg%3d%3d&l=P2JtT2MSr3AEeHUGu1O9gQ%3d%3d&cd=1rHya5… 5/16 Trata-se todo esse processo como sendo um ciclo retroalimentado, porém quando falamos de mobilidade, esse ciclo é ainda mais facilmente observado, ou seja, o ser humano move-se menos porque perdeu massa muscular, e perdeu massa muscular porque moveu-se menos. E assim o é para quase todos os campos com os quais lidaremos nesta unidade. VOCÊ QUER VER? Diversos �ilmes mostram os declıńios cognitivos do idoso. Porém o �ilme “Iris”, do diretor Richard Eyre, de 2001, se destaca, por contar com delicadeza e realidade as adaptações pelas quais as famıĺias precisam passar para acolher o idoso demenciado. Vale a pena assistir para conhecer as sutilezas e complexidade da situação. 21/05/2022 22:56 Atividade Física No Envelhecimento https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=0%2fJfhFIp8rdvuKgtsJ1yBg%3d%3d&l=P2JtT2MSr3AEeHUGu1O9gQ%3d%3d&cd=1rHya5… 6/16 A falta de mobilidade do idoso pode ocorrer, como apresentado na �igura, devido a perda da massa muscular, ou por dores ocasionadas por outras patologias, ou mesmo por desânimo (incapacidade cognitiva). De qualquer modo, a imobilidade sempre leva aos mesmos �ins: uma falha na postura, o que afetará a capacidade de �icar em pé, ou mesmo de deambular, e; a baixa capacidade aeróbia, o que fará com que simples atividades, como ir ao mercado, ou limpar a casa, tornem-se atividades exaustivas e custosas, o que nos leva aos segundo e terceiro dos 5 Is: a instabilidade postural e a imobilidade. Ainda no campo da mobilidade, temos um ponto crucial de incapacidade para o idoso: a continência es�incteriana. Ainda que um idoso seja lúcido e �isicamente ativo, se ele tem problemas com sua continência, ele acaba �icando restrito a um ambiente seguro e confortável, para evitar “acidentes”. Assim, aquelas doenças que o tornam incapaz de controlar seus movimentos es�incterianos, seja do sistema urinário, seja do sistema digestório, acabam por tornar o idoso imóvel. Essa é o quarto dos 5 Is: a incontinência es�incteriana. A comunicação, que engloba as ações de fala, e os sentidos de audição e visão, é outro importante ponto incapacitante para um indivı́duo. Ainda que um indivı́duo tenha preservados todos os campos sobre osquais falamos anteriormente, se ele não consegue comunicar-se com e�icácia, seja por não conseguir ouvir o que lhe é dito, não conseguir enxergar informações simples, ou não conseguir articular sua fala, isso faz com que ele se torne dependente de algo ou alguém que lhe transmita as sensações exteriores, e retransmita seus sentimentos de volta. Embora as di�iculdades de comunicação sejam, muitas vezes, atenuadas ou mesmo resolvidas com o uso de órteses (como óculos, ou ampli�icadores auriculares), elas não são sempre resolvidas em sua totalidade, e geralmente são progressivas, ou seja, continuarão se deteriorando, fazendo com que, eventualmente, a órtese não sirva mais aos propósitos dos idosos. Figura 2 - Esquema do ciclo dos fatores relacionados à incapacidade funcional nos idosos Fonte: Elaborada pelo autor, 2020, baseado em HUNTER et al., 2004. 21/05/2022 22:56 Atividade Física No Envelhecimento https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=0%2fJfhFIp8rdvuKgtsJ1yBg%3d%3d&l=P2JtT2MSr3AEeHUGu1O9gQ%3d%3d&cd=1rHya5… 7/16 2.2 As síndromes geriátricas e seus modos de enfrentamento Tendo o amplo entendimento sobre a raiz e as consequências das sı́ndromes geriátricas, podemos então pensar em práticas corporais que possam ser utilizadas para o enfrentamento de cada especi�icidade de�icitária do indivı́duo idoso. Muito se tem sido discutido na literatura sobre modelos de treinamento fı́sico que possam ser utilizados para o enfrentamento das diversas sı́ndromes geriátricas, e esses assuntos, cada vez mais especı́�icos, têm sido os maiores alvos de pesquisas e publicações na área da educação fı́sica. Vamos assistir a uma videoaula para entendermos melhor a relação entre exercı́cios fı́sicos, envelhecimento e estilos de vida? Acompanhe a seguir. E� consenso na literatura da área que todo indivı́duo, quando se trata do enfrentamento dos efeitos deletérios do envelhecimento, deve estar inserido em um programa de treinamento misto, que englobe atividades de força, cardiorrespiratórias, de equilı́brio e de �lexibilidade. Porém, isso somente é verdade quando o indivı́duo é saudável e completamente funcional. Quando o idoso já tem comorbidades, devemos pensar, em um primeiro momento, em enfrentar os problemas especı́�icos que ele apresenta naquele momento. E� como um paciente doente, com gripe, por exemplo. Embora seja recomendado que todos devem praticar atividades fı́sicas, naquele momento especı́�ico, o indivı́duo com gripe deverá apenas repousar. 2.2.1 Incapacidade cognitiva Quando o idoso se encontra com alguma incapacidade cognitiva, devemos primeiro saber qual dos problemas elencados na árvore dos 5 Is foi o principal fator contribuinte para a sua condição. Devemos, assim, focar primariamente nesse ponto. Se o idoso tem problemas de memória, aquelas atividades que fortaleçam vı́nculos com outras pessoas são as mais aconselhadas, pois assim elas aumentarão seu ciclo de convı́vio, melhorando a apreensão de novos conhecimentos. Já sobre os modelos especı́�icos de treino, devemos focar nas atividades lúdicas ou esportivas que façam com que ele precise aprender, a cada dia, novas regras, em pequenas doses, para conseguir praticar. Nesses casos, os esportes em equipe são as melhores opções, como o nilcon, o vôlei ou o basquete, adaptados, e as danças em grupo. Aulas de ginástica que possuam coreogra�ias pouco complexas também são ótimas opções. Essas mesmas atividades podem ser desenvolvidas para os idosos que chegaram até à incapacidade cognitiva por perda de função executiva, perda de linguagem e redução da função visuoespacial. Se os problemas advêm da agnosia ou apraxia, devemos fazer uma análise mais profunda e especializada, tentando compreender exatamente qual a maior di�iculdade do idoso. Nesse caso, as atividades recreativas, como as utilizadas com crianças pré-escolares, podem ser as mais adequadas, uma vez que precisaremos “re- ensinar” o idoso a reconhecer objetos e gestos motores que, por um motivo ou outro, foram afetados. Atividades de dupla-tarefa também são opções bastante viáveis para esses casos. Agora, se o problema é a falta de motivação, as atividades em grupo, sejam qual sejam, são as mais adequadas. Nesse caso, mais do que prescrever atividades fı́sicas, devemos fazer com que o idoso se sinta inserido em um grupo, como parte integrante e importante daquele novo conjunto de pessoas. Esportes em equipes ou duplas, grupos de ginástica, e mesmo grupos de musculação, desde que visando os princı́pios de inclusão e sentimento de grupo, são os mais aconselhados. 2.2.2 Instabilidade postural e imobilidade Tanto a instabilidade postural quanto a imobilidade são causadas por um dos três dé�icits fı́sicos: má postura, dé�icit deambulatório e/ ou baixa capacidade aeróbia. 21/05/2022 22:56 Atividade Física No Envelhecimento https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=0%2fJfhFIp8rdvuKgtsJ1yBg%3d%3d&l=P2JtT2MSr3AEeHUGu1O9gQ%3d%3d&cd=1rHya5… 8/16 Se o problema é a má postura, devemos imaginar que, ou o idoso teve seu sistema vestibular afetado, ou seus músculos estabilizadores (musculatura antigravitacional) foram afetados. De qualquer forma, os melhores modelos de atividade fı́sica são aqueles que englobam exercı́cios resistidos, que privilegiam a musculatura profunda, como o pilates e a yoga. Ou, ainda, que privilegiem as �ibras musculares do tipo II, geralmente as mais acometidas pelo envelhecimento; nesse caso, aconselha-se a musculação tradicional ou o treinamento funcional. Se for constatado que o dé�icit deambulatório ocorreu por perda de equilı́brio, o tratamento pode ser o mesmo. Se o problema deambulatório do idoso reside no movimento mecânico da marcha, como nos casos de lesões ou doenças articulares, ou tempo excessivo no leito, devemos utilizar movimentos básicos, para quem está, novamente, reaprendendo o gesto cinesiológico. Nesse caso, caminhadas, na esteira ou em pistas, pode ser a melhor opção. Em uma segunda fase do tratamento, quando o idoso já se sente mais seguro quanto à sua marcha, podemos incluir atividades mais complexas, como caminhadas em superfı́cies irregulares (como na rua, onde se tem calçadas, degraus, diferentes pisos e diversos obstáculos) e até mesmo os esportes que exigem que ele se movimente caminhando. Figura 3 - As modi�icações posturais decorrentes do envelhecimento (redução dos espaços intervertebrais e acentuação da cifose torácica) Fonte: Elaborada pelo autor, 2020. 21/05/2022 22:56 Atividade Física No Envelhecimento https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=0%2fJfhFIp8rdvuKgtsJ1yBg%3d%3d&l=P2JtT2MSr3AEeHUGu1O9gQ%3d%3d&cd=1rHya5… 9/16 2.2.3 Incontinência esfincteriana A incontinência es�incteriana, geralmente, vem acompanhada pela fraqueza da musculatura do assoalho pélvico, principalmente em mulheres. Esse grupo muscular é composto, basicamente, por musculatura profunda, e músculos de �ibras do tipo I, as mais resistentes em exercı́cios de longa duração, porém as que precisam de menos potencial de ação para a sua ativação. Assim, os exercı́cios que são utilizados para melhorar o equilı́brio do idoso, podem ser implementados visando uma melhora do controle es�incteriano. Boas opções são o pilates e a yoga. Existem exercı́cios especı́�icos para tal grupo muscular também, mas esses devem ser acompanhados por um especialista. 2.2.4 Incapacidade comunicativa Os dé�icits em fala, visão e audição, geralmente são ocasionados por modi�icações morfológicas, di�icilmente mutáveis com o exercı́cio fı́sico. Por exemplo, a miopia é causada por uma deformação da córnea, e não existe exercı́cio que possa mudar esse quadro. No entanto, o que podemos fazer na educação fı́sica é aprimorar os sentidos preservados, e até mesmo ensinar o idoso a conviver com sua de�iciência. Nesses casos, e somente nesses casos, nós não devemos impor atividades que enfrentem a de�iciência do aluno. Por exemplo, nãoincluir um aluno com dé�icit auditivo em uma atividade onde a audição é essencial para a sua conclusão, como danças, por exemplo. Isso fará com que ele falhe, na maioria das vezes, e acabe se frustrando com a atividade proposta. No caso desse aluno, é mais interessante indicar atividades que estimulem a visão e a fala, fazendo com que ele perceba que seu dé�icit não é assim tão importante, e que ele pode muito bem conviver com somente os outros sentidos preservados. As melhores atividades, nesses casos, são os esportes, sempre adaptados para não enfrentar a sua de�iciência, como as ginásticas, o treinamento funcional e até mesmo a musculação. 2.3 Outras patologias comuns à terceira idade Quando temos um idoso que sofre de algum dos 5 Is, elencados anteriormente, nem sempre precisamos de um diagnóstico médico. Em muitas oportunidades o próprio educador fı́sico, com um rol adequado de avaliações, pode descobrir os fatores determinantes, e basear a sua prática nesses resultados. Porém, quando o indivı́duo sofre de algum mal que já é patológico, como as cardiopatias e as doenças metabólicas, nós, enquanto pro�issionais da saúde, precisamos do diagnóstico de um pro�issional responsável, nesse caso, será sempre um pro�issional médico. Somente a partir da avaliação e da recomendação do médico é que devemos iniciar nossa prática pro�issional. E� necessário, nesse caso, que o médico acompanhe as atividades ao longo de todo o tratamento. E� importante ressaltar, também, que o pro�issional da educação fı́sica deve implementar as mesmas avaliações que implementaria a um idoso saudável, salvo contraindicações médicas, e que ele é o responsável por toda a prescrição do treinamento fı́sico. Ou seja, um médico de uma paciente com osteoporose pode lhe recomendar que sejam implementados exercı́cios que melhorem a massa óssea, e que não sejam de excessivo impacto. Porém eles não podem recomendar exercı́cios especı́�icos, ou contraindicar movimentos especı́�icos, esses são de inteira responsabilidade do educador fı́sico. 2.3.1 Doenças cardiovasculares As doenças cardiovasculares, que englobam, entre outras, as cardiopatias e a hipertensão arterial sistêmica, são muito comuns no Brasil. Por exemplo, em 2017, o Ministério da Saúde publicou um estudo mostrando que 21,4% da população adulta sofria de hipertensão. Isso é mais do que um a cada cinco brasileiros. 21/05/2022 22:56 Atividade Física No Envelhecimento https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=0%2fJfhFIp8rdvuKgtsJ1yBg%3d%3d&l=P2JtT2MSr3AEeHUGu1O9gQ%3d%3d&cd=1rHya… 10/16 Cada cardiopatia tem suas peculiaridades, e exige uma abordagem diferente, geralmente indicado pelo médico especialista. Porém a hipertensão, que é a mais comum entre as doenças cardiovasculares, já tem o estado da arte bastante avançado quando falamos de atividades fı́sicas. Antes de mais nada, é importante ressaltar que, todos os alunos hipertensos devem ter sua pressão arterial aferida todos os dias, antes do inı́cio de qualquer atividade fı́sica. Sabe-se, há alguns anos, que aqueles alunos que chegam ao espaço de atividade fı́sica com picos de hipertensão, desde a limı́trofe (139x89mmHg), até a moderada (179x109mmHg) não devem repousar. Muito pelo contrário. Eles devem ser colocados a praticar uma atividade aeróbia de intensidade leve, como caminhar na esteira ou pelo espaço da atividade fı́sica, por exemplo. Isso fará com que o próprio metabolismo leve o organismo de volta à homeostase, estabilizando a pressão arterial. Somente depois de estabilizada é que se deve iniciar o treinamento conforme prescrito. Sobre a prescrição para hipertensos, o ideal é que apostemos em mais volume e menos intensidade de treino. Por exemplo, correr dez minutos na esteira pode ser uma má ideia, porém caminhar por trinta minutos é altamente recomendável. Em uma série de musculação, por exemplo, séries curtas e com muita carga devem ser deixadas de lado, para dar lugar a séries mais longas e com menos carga. Exercı́cios que exijam resistência muscular por longos perı́odos de tempo, como isometria, também podem ser desaconselhados. 2.3.2 Doenças respiratórias As doenças respiratórias constituem um dos grandes problemas enfrentados pelos idosos, principalmente em cidades grandes e poluı́das. Nesses casos, como já há o comprometimento do sistema respiratório, devemos avaliar adequadamente qual é o nı́vel desse comprometimento. Em casos de doenças mais graves, como a doença pulmonar obstrutiva crônica, ou outras de igual impacto, não devemos forçar o sistema respiratório, pois a chance de agravarmos o problema é grande. E� mais indicado apostar nas atividades anaeróbias, como o treino de força, ou em atividades que tenham a respiração como ponto central, como o pilates e a natação. Casos menos severos, onde tão somente há uma perda na capacidade cardiorrespiratória, seja pelo desuso, ou pelo próprio envelhecimento, devemos, então, fortalecer esse sistema, implementando atividades aeróbias que privilegiem o ganho da capacidade perdida. Atividades como ginásticas, esportes, corrida e natação, são ótimas opções para prescrição. 2.3.3 Diabetes Melittus Outra patologia que atinge uma boa parte da população brasileira. Em 2017, 9% da população apresentava a doença. Porém, na população idosa este número é ainda mais alarmante: 16% dos idosos são diabéticos. E isso exige, cada vez, uma atenção especial à essa população. 21/05/2022 22:56 Atividade Física No Envelhecimento https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=0%2fJfhFIp8rdvuKgtsJ1yBg%3d%3d&l=P2JtT2MSr3AEeHUGu1O9gQ%3d%3d&cd=1rHya… 11/16 Segundo as Diretrizes da SBD (BRASIL, 2014), o diabético pode e deve ser incluı́do em todo o tipo de treinamento fı́sico desportivo, assim como um idoso saudável. Nesse caso, os modelos de treinamento devem englobar todas as valências fı́sicas, como força, aeróbio, �lexibilidade e equilı́brio. Os maiores cuidados, no entanto, devem ser a duração e a intensidade do treino. Segundo as recomendações, os exercı́cios moderados devem ser desenvolvidos em carga máxima semanal de 150 minutos, de preferência diariamente, em porcentagens de volume de oxigenação máxima (VO2 Máx) de até 60%, e frequências cardı́acas (FC) limı́trofes, 70%. Já as atividades vigorosas, que são importantı́ssimas para o tratamento da diabetes no indivı́duo idoso, devem ser desenvolvidas por no máximo 75 minutos semanais, preferencialmente em dias não consecutivos, com VO2 Max e FC acima dos 70%. 2.3.4 Doenças osteoarticulares As doenças osteoarticulares podem ser de cunho degenerativo, como a artrite e a artrose, ou por trauma, como as fraturas e rupturas. E elas exigem grandes cuidados, uma vez que algumas delas constituem importantes indicadores de mortalidade da população idosa. Segundo um estudo de revisão de Sakaki et al. (2004), as taxas médias de mortalidade de idosos com fratura proximal do fêmur foram de: 5,5% durante a internação hospitalar; 4,7% ao �im de um mês de seguimento; 11,9% com três meses; 10,8% com seis meses; 19,2% com um ano; e 24,9% com dois anos. A osteoporose, a mais comum das doenças osteoarticulares, constitui outro grande grupo de atingidos. Estima-se que no Brasil mais de 40% da população apresenta osteopenia, e até 33% das mulheres apresentam osteoporose. Sobre os modelos de atividades fı́sicas, em todos os casos a resposta é a mesma: não sobrecarregar as articulações afetadas. Isso é, seja qual for o problema, se ele atinge o joelho, não devemos força-lo. Simples assim. Claro que, com algum tempo de treinamento e acompanhamento, devemos ir colocando, aos poucos, VOCÊ QUER LER? Em 2014, a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) lançou um documento que norteia a atuação dos pro�issionais para a prescrição do exercıćio fıśico. O documento, intitulado “Como prescrever o exercıćio no tratamento do diabetes mellitus” traz contribuição importantepara a prescrição de atividades. Para ler, acesse o endereço: https://www.diabetes.org.br/pro�issionais/images/pdf/diabetes-tipo-2/005- Diretrizes-SBD-Como-Prescrever-pg42.pdf (https://www.diabetes.org.br/pro�issionais/images/pdf/diabetes-tipo-2/005- Diretrizes-SBD-Como-Prescrever-pg42.pdf ). https://www.diabetes.org.br/profissionais/images/pdf/diabetes-tipo-2/005-Diretrizes-SBD-Como-Prescrever-pg42.pdf 21/05/2022 22:56 Atividade Física No Envelhecimento https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=0%2fJfhFIp8rdvuKgtsJ1yBg%3d%3d&l=P2JtT2MSr3AEeHUGu1O9gQ%3d%3d&cd=1rHya… 12/16 atividades que foquem a articulação afetada, mas com imenso cuidado. Quando temos osteopatias, como a osteopenia ou osteoporose, o melhor são os exercı́cios que tenham algum impacto e tração sobre o tecido ósseo, a �im de forçar o corpo a produzir osteócitos, em detrimento dos osteoblastos, sempre de forma moderada. Nesse caso, exercı́cios como danças e ginásticas, que tenham pequenos saltos em algum momento, são muito bem indicadas. Os exercı́cios de força também, uma vez que aumentam a tração dos músculos sobre os ossos, fortalecendo o efeito buscado. Já as artropatias devem ser um pouco mais controladas. Exigem um fortalecimento da musculatura envolvida, evitando ao máximo a pressão sobre a articulação afetada. Como no exemplo anterior, se um aluno apresenta um problema no joelho, como condromalácia patelar, ou artrose, devemos reforçar a musculatura que passa pelo joelho, envolvendo-o o mı́nimo possı́vel nos movimentos. Assim, podemos trabalhar quadrı́ceps e isquiotibiais com �lexões e extensões de quadril, e musculatura do trı́ceps sural com a planti�lexão, sempre dando preferência para as atividades que melhoram força, amplitude de movimento e equilı́brio muscular. 2.3.5 Doenças musculares Dentre as doenças que afetam a musculatura, destacamos, de acordo com Ferreira (2017), a sarcopenia, que vem sendo amplamente estudada nos últimos anos, sendo considerada um indicador para diversas comorbidades do idoso. Com o aumento da idade há um declı́nio do volume de massa muscular esquelética, que pode ser ocasionada por diversos fatores, como o desuso, a redução da sı́ntese proteica e do transporte de hormônios, má alimentação, dentre outras. A perda de volume de massa muscular é um dos três sintomas de sarcopenia, listados pelo European Working Group on Sarcopenia in Older People (EWGSOP). O segundo sintoma é a perda de produção de força, o que nada mais é do que uma consequência do fator citado anteriormente, e um preâmbulo para o sintoma que se segue: a diminuição da capacidade funcional. Esses dois últimos são sim os mais sentidos pelos indivı́duos que passam por esse processo. Uma vez que a capacidade funcional e de produção de força diminuem, o idoso perde a capacidade humana universal da adaptabilidade, deixando-o mais vulnerável, até levar o indivı́duo à morte (FERREIRA, 2017). 21/05/2022 22:56 Atividade Física No Envelhecimento https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=0%2fJfhFIp8rdvuKgtsJ1yBg%3d%3d&l=P2JtT2MSr3AEeHUGu1O9gQ%3d%3d&cd=1rHya… 13/16 Os tratamentos da sarcopenia são os mais diversos, uma vez que é um assunto em franco crescimento de pesquisas e publicações. A sarcopenia é um termo relativamente novo na área, pois, embora tenha sido citado pela primeira vez em 1989, por Rosenberg, o primeiro consenso, o Consenso Europeu, data somente de 2010 (CRUZ-JENTOFT et al., 2010). Mesmo sendo objeto de discussão recente, uma coisa já está bem de�inida na literatura: o treino de força (TF) é o mais e�icaz para esse tipo de doença. Existem estudos que defendem que o TF tradicional, com intensidades moderadas a altas podem ser os mais e�icazes. Já outros autores defendem que o TF em altas velocidades – ou treino de potência – podem trazer melhores resultados aos indicadores dos idosos. Figura 4 - Organograma de diagnóstico da sarcopenia, segundo a revisão do consenso europeu para sarcopenia em idosos Fonte: CRUZ-JENTOFT, 2018, p. 16. 21/05/2022 22:56 Atividade Física No Envelhecimento https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=0%2fJfhFIp8rdvuKgtsJ1yBg%3d%3d&l=P2JtT2MSr3AEeHUGu1O9gQ%3d%3d&cd=1rHya… 14/16 E� claro que devemos entender a realidade dos idosos que estamos atendendo, para poder prescrever um treino de qualidade, porém, de acordo com os estudos apresentados, já sabemos que sempre devemos focar no treino de força (TF). VOCÊ O CONHECE? O Grupo europeu de trabalho em sarcopenia em idosos (EWGSOP) foi fundado em 2009, com o intuito de estabelecer práticas e técnicas para o manejo da sıńdrome, publicando seu primeiro Consenso Europeu, em 2010, revisado em 2018. Neste novo documento, eles mudaram o modo de ver a sıńdrome. Em 2010, o ponto central para o diagnóstico era a morfologia. Porém, na revisão de 2018, o ponto inicial é a força. Ou seja, houve um entendimento que, pouco importa para o idoso se ele tem muita ou pouca massa muscular, desde que a que ele tem funcione bem para o seu propósito. Conclusão Após a leitura desta unidade, e da compreensão das vivências que lhe foram oferecidas com esse estudo, você deve ser capaz de compreender que o envelhecimento, embora seja um processo natural e não patológico, pode trazer diversos efeitos deletérios ao ser humano. Porém, as ciências da saúde, ou a educação fı́sica, nesse caso especı́�ico, procura cada vez com mais a�inco encontrar maneiras de amenizar essas modi�icações, fazendo com que a transição para a terceira idade seja a mais tranquila possı́vel. Nesta unidade, você teve a oportunidade de: reconhecer as grandes síndromes que afetam a população idosa; saber quais as ações da educação física frente a cada déficit específico; compreender que as patologias específicas requerem tratamentos específicos, sempre com o acompanhamento de equipe multiprofissional especializada. • • • 21/05/2022 22:56 Atividade Física No Envelhecimento https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=0%2fJfhFIp8rdvuKgtsJ1yBg%3d%3d&l=P2JtT2MSr3AEeHUGu1O9gQ%3d%3d&cd=1rHya… 15/16 Bibliografia BRASIL. Diretrizes SBD - Sociedade Brasileira de Diabetes, 2014/2015. Como prescrever o exercício no tratamento do diabetes mellitus. São Paulo: SDB, 2014/2015. Disponı́vel em: https://www.diabetes.org.br/pro�issionais/images/pdf/diabetes-tipo-2/005-Diretrizes-SBD-Como- Prescrever-pg42.pdf (https://www.diabetes.org.br/pro�issionais/images/pdf/diabetes-tipo-2/005-Diretrizes- SBD-Como-Prescrever-pg42.pdf). Acesso em: 6 fev. 2020. CRUZ-JENTOFT, A. J. et al. Sarcopenia: European consensus on de�inition and diagnosis. Age And Ageing, [s. l.], v. 39, n. 4, p.412-423, 13 abr. 2010. Disponı́vel em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20392703 (https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20392703). Acesso em: 6 fev. 2020. CRUZ-JENTOFT, A. J. et al. Sarcopenia: revised European consensus on de�inition and diagnosis. Age And Ageing, [s. l.], v. 48, n. 1, p. 16-31, 24 set. 2018. Disponı́vel em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30312372 (https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30312372). Acesso em: 6 fev. 2020. FERREIRA, L. F. Os efeitos de modelos de treinamento de força e cardiorrespiratório sobre a sarcopenia em idosos treinados. 2017. Dissertação (Pós-graduação em Ciências da Reabilitação) - Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, Porto Alegre, 2017. Disponı́vel em: https://repositorio.ufcspa.edu.br/jspui/bitstream/123456789/547/1/Lu%C3%ADs%20Fernando%20Ferreir a_Disserta%C3%A7%C3%A3o.pdf (https://repositorio.ufcspa.edu.br/jspui/bitstream/123456789/547/1/Lu%C3%ADs%20Fernando%20Ferrei ra_Disserta%C3%A7%C3%A3o.pdf). Acesso em: 6 fev. 2020. IRIS. Direção de Richard Eyre. Eua: Playarte Pictures, 2001. (95 min.), son., color. OLIVETO, P. Crescem os casos de suicı́dio entre idosos no Brasil. Correio Braziliense, Brası́lia, 17 fev. 2017. Disponı́vel em: http://especiais.correiobraziliense.com.br/crescem-os-casos-de-suicidio-entre-idosos-no-brasil (http://especiais.correiobraziliense.com.br/crescem-os-casos-de-suicidio-entre-idosos-no-brasil). Acesso em: 6 fev. 2020. SAKAKI, M. H. et al. Estudo da mortalidade na fratura do fêmur proximal em idosos. Acta Ortopédica Brasileira, [s. l.], v. 12, n. 4, p.242-249, dez. 2004. 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