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Trabalho - O PAPEL DA TAXA DE CÂMBIO COMO ACELERADOR DO CRESCIMENTO ECONÔMICO

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
INSTITUTO DE ECONOMIA E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
CURSO DE GRADUAÇÃO BACHARELADO EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS
DISCIPLINA DE ECONOMIA INTERNACIONAL
PROF JULIO FERNANDO COSTA SANTOS
ALVES, Fernando (11521RIT032)
CARVALHO, Beatriz (11711RIT006)
CRUVINEL, Victória (11711RIT036)
OLIVEIRA, Maria Paula (11711RIT026)
SAMPAIO, Anna Clara (11711RIT007)
SPERETTA, Yasmim (11621RIT006)
O PAPEL DA TAXA DE CÂMBIO COMO ACELERADOR DO CRESCIMENTO ECONÔMICO
UBERLÂNDIA
DEZEMBRO, 2019
TÍTULO: O Papel da Taxa de Câmbio como Acelerador do Crescimento Econômico 
RESUMO: O presente artigo busca analisar a relação entre a taxa de câmbio e o crescimento econômico, tendo em vista a distinção desta para o conceito de desenvolvimento econômico. A princípio, aborda-se a concepção macroeconômica da taxa de câmbio e sua aplicabilidade enquanto política para fomento da economia nacional. E, a partir da compreensão dos efeitos a curto e a longo prazo, conclui-se acerca das dificuldades impostas aos países ainda em condição de subdesenvolvimento e da acentuação da distância entre Centro e Periferia nas relações internacionais.
INTRODUÇÃO
	Para o início da construção deste texto, faz-se uma análise do conceito da taxa de câmbio, seus efeitos e regimes, muito sob o olhar dos escritos de Rocha, Curado e Damiani. Em seguida, é feita uma discussão sobre crescimento e desenvolvimento econômico, que apesar de estarem intimamente ligados, podem ser vistos como antagônicos em determinadas condições, bastante apontadas pelos autores utilizados. Além disso, na seção seguinte apresenta-se a influência que a taxa de câmbio impõe sobre ambos, seguida de alguns exemplos históricos para sustentar o que foi apresentado.
	De forma a sustentar o artigo e chegar a uma conclusão sólida, seguiu-se, principalmente, a bibliografia de Oreiro, Fraga, Rocha, Curado, Damini e Bresser-Pereira, complementados por outros escritos pontuais. Tomou-se como base os pensamentos econômicos e também de relações internacionais, sobretudo para apresentar a relação entre centro e periferia.
A TAXA DE CÂMBIO
O Conceito de Taxa de Câmbio
	A taxa de câmbio pode ser definida como o preço de uma moeda em relação à outra, ou “o número de unidades de moeda nacional necessário para comprar uma unidade de moeda estrangeira” (BRANCHIERI, 2002).
Existem três tipos de taxas de câmbio: a real, a nominal e a real efetiva. A primeira mencionada, é o preço da moeda em termos da moeda nacional, considerando a inflação corrente, tanto interna quanto externa. Já a segunda, representa o custo de uma moeda em referência a outra, de outro país. Por último, a real efetiva é aquela que considera o quanto cada país interfere nos fluxos das relações comerciais (SUNO, 2019).
Os Efeitos da Taxa de Câmbio
	Os efeitos causados pela taxa de câmbio podem ser variados, a depender do contexto em que estiver inserida e de outros fatores que a podem influenciar. Tanto apreciações cambiais quanto desvalorizações cambiais são movimentos preocupantes para um país, pois podem: ou afetar a competitividade externa da economia, especialmente em economias nas quais o mercado externo é uma fonte de demanda agregada; ou influenciar a estabilidade de preços dessa economia (CURADO; ROCHA; DAMIANI, 2011).
	Os principais fatores que podem influenciar a variação cambial são: liquidez internacional, cenário econômico mundial, balança comercial, preços das commodities, taxas de juros e o grau de intervenção da autoridade monetária (UNIBH, 2018).
	A apreciação cambial ocorre quando há uma intensificação nos fluxos de entrada de capitais (investimentos diretos, aplicações em bolsa, títulos de renda fixa). Ela provoca uma queda da taxa de exportações por conta do aumento dos preços, o que eleva a quantidade de importações e gera o aumento da inflação (OREIRO; PAULA, 2009).
	Ao contrário da primeira, a desvalorização cambial ocorre quando há uma queda no valor da moeda nacional em relação às outras moedas. Isso leva à uma diminuição das importações (fica mais caro) e ao aumento das exportações, o que gera uma maior competitividade dos produtos nacionais no exterior (SROUR, 1999).
	Um exemplo de um excesso da apreciação cambial é a chamada “doença holandesa”, a qual é uma falha de mercado que ocorre (majoritariamente) em países em desenvolvimento, causada pelos preços beneficiados de commodities. Pode ser definida pela
“sobreapreciação da taxa de câmbio causada pela abundância de recursos naturais e baratos, cuja produção e exportação é compatível com uma taxa de câmbio claramente mais apreciada que a taxa de câmbio que torna competitivas internacionalmente as demais empresas de bens comercializáveis que usam a tecnologia mais moderna existente no mundo” (BRESSER; MARCONI; OREIRO, 2015).
Regimes Cambiais
Fixo: O preço da moeda estrangeira é fixado em moeda nacional. A autoridade monetária garante a conversão de moeda estrangeira em nacional, e vice-versa, àquele preço. Todas as transações com o exterior, que envolvam entrada e saída de divisas, obedecerão à taxa de câmbio fixa para converter as moedas ¹.
Flutuante (“Limpo” e “Sujo”): O mercado estabelece o preço da moeda estrangeira em moeda nacional. Há, de um lado, agentes que demandam moeda estrangeira (importadores, turistas nacionais, tomadores de serviços internacionais) e agentes que ofertam moeda estrangeira (exportadores, turistas estrangeiros, prestadores de serviços no mercado internacional). No regime de câmbio flutuante limpo, a autoridade monetária nunca interfere no mercado de divisas, ou seja, o mercado sempre está em equilíbrio cambial (ofertante de divisas = demanda por divisas). Já no regime de câmbio flutuante sujo, há uma pequena interferência da autoridade monetária para conter a volatilidade da taxa de câmbio, dado que o ambiente econômico precisa de previsibilidade de custos para operar ¹.
Atrelada (ou banda cambial): É uma mistura do câmbio fixo e flutuante. Nesse regime, a taxa de câmbio varia diariamente dentro de bandas determinadas pelo governo. A autoridade monetária intervém fortemente no mercado para manter o preço da moeda atrelado dentro das bandas determinadas (MUNDO DOS BANCOS, 2017) ¹.[footnoteRef:0] [0: Anotações feitas durante as aulas de Economia Internacional, ministradas pelo professor Júlio Fernando Costa Santos, em novembro de 2019.] 
CRESCIMENTO VS DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
	O conceito de crescimento econômico está intimamente ligado ao de desenvolvimento econômico, de forma que podem ser vistos como fatores complementares ou até mesmo sinônimos. (BRESSER-PEREIRA, 2008)
Em uma primeira instância, é possível definir o crescimento econômico a partir de um viés schumpeteriano, que o determina como o simples aumento da renda per capita, à parte de qualquer transformação estrutural no sistema econômico (contemplada no desenvolvimento). Isto se demonstra diante de um aumento da produção média por habitante na qual não há aumento generalizado dos salários e dos padrões de consumo da sociedade mesmo no longo prazo. Nesse cenário de ausência de lucro econômico no fluxo circular, é notável a importância de investimentos com incorporação do progresso técnico para gerar a inovação necessária ao verdadeiro processo de desenvolvimento econômico. Como exemplo, tem-se um país que apresenta o crescimento de sua renda per capita atrelado à exploração de um recurso natural abundante, cuja produção ocorre em regime de enclave, geralmente acompanhado de doença holandesa, o que limita o progresso técnico somente à esse setor da economia. Ademais, também considera-se o caso de países - especialmente os produtores de petróleo- em que a renda per capita não reflete em absoluto o nível de produtividade e de desenvolvimento econômico de um país. (BRESSER-PEREIRA, 2008)
Seguindo este raciocínio, o significado de desenvolvimento econômico engloba uma conjuntura mais complexa, a qual supõe “uma sociedade capitalista organizada na forma de um estado-nação onde há empresários e trabalhadores,lucros e salários, acumulação de capital e progresso técnico, um mercado coordenando o sistema econômico e um estado regulando esse mercado e complementando sua ação coordenadora”, de acordo com Bresser-Pereira. Entretanto, para ele, crescimento e desenvolvimento econômico não devem ser dissociados, uma vez que a medida usual do desenvolvimento econômico é o aumento da renda per capita e, como via de regra, o crescimento econômico implica mudanças estruturais na economia e na sociedade. (BRESSER-PEREIRA, 2008)
Cabe ressaltar que, situações nas quais há um aumento da renda per capita mas a economia não se transforma, o aumento da produtividade se restringe a um enclave geralmente de baixo valor adicionado per capita, não ocorrendo desenvolvimento e, segundo Bresser-Pereira, nem crescimento econômico. Nos países vítimas da doença holandesa, a renda per capita pode aumentar de forma limitada mas desacompanhada de transformações estruturais, culturais e institucionais inerentes aos processos de crescimento e desenvolvimento econômico. Nestes casos, não há um aumento dos padrões de vida da população porque a taxa de câmbio é definida por recurso de rendas ricardianas, de modo que todos os demais setores comercializáveis com maior valor adicionado per capita se tornam inviáveis economicamente. Ainda assim, a doença pode ser evitada ao administrar diretamente a taxa de câmbio e indiretamente através de impostos sobre a exportação do bem causador da doença, impostos estes que elevem seu custo marginal para o das indústrias com alto valor adicionado per capita, e de proteção tarifária à indústria combinada com subsídios à exportação. (BRESSER-PEREIRA, 2008)
Já para muitos economistas não-ortodoxos, o reconhecimento do desenvolvimento econômico com o crescimento ideologicamente atribuiria melhor distribuição de renda à ambos, a qual não se aplica no crescimento. Para Amartya Sen, o desenvolvimento econômico implica expansão das capacidades humanas ou aumento da liberdade. Por sua vez, Celso Furtado afirma que o crescimento econômico se ampara na preservação de privilégios das elites que satisfazem sua ânsia por modernização, enquanto o desenvolvimento econômico demonstra um projeto social subjacente, o que infere distribuição. Para ele, “o crescimento é o aumento da produção ou seja do fluxo de renda, ao nível de um subconjunto especializado, e o desenvolvimento é o mesmo fenômeno do ponto de vista de suas repercussões no conjunto econômico de estrutura complexa que inclui o anterior”. (BRESSER-PEREIRA, 2008)
Ademais, surgem também os conceitos de desenvolvimento includente e de crescimento excludente (ou concentrador), a partir de Ignacy Sachs: “a maneira de definir desenvolvimento includente é por oposição ao padrão de crescimento perverso, conhecido na bibliografia latino-americana como ‘excludente’ do mercado de consumo e ‘concentrador’ (de renda e de riqueza)” (BRESSER-PEREIRA, 2008)
Por fim, de maneira mais prática, Bresser-Pereira aponta que são necessários alguns requisitos macroeconômicos para um país atingir o crescimento econômico, sendo eles: equilíbrio fiscal, taxas de juros moderadas e uma taxa de câmbio competitiva. Dentre todos, se destaca o último que, além de influenciar nas importações e exportações, também gera impactos sobre salários, consumo, investimentos e poupança.
O PAPEL DA TAXA DE CÂMBIO NO CRESCIMENTO E NO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
	Ao longo da história econômica mundial, uma série de teorias surgiu no intuito de estabelecer normativas que visassem o atingimento do crescimento econômico e desenvolvimento através da industrialização, amplamente tida como o processo de aumento de produtividade em setores de bens com maior valor agregado, ao passo que este recebe um maior direcionamento de capitais, humanos ou não. Tais normativas, no entanto, eram majoritariamente elaboradas por países já na condição de desenvolvidos, sendo a sua aplicabilidade para os países em desenvolvimento muitas vezes falha. O Consenso de Washington, reunião que delimitou os parâmetros econômicos do novo sistema mundial em 1989, foi um exemplo dos mais recentes desse caso. Os padrões de abertura comercial instaurados se mostraram extremamente insuficientes para gerar resultados satisfatórios economicamente, o que orientou aos países em desenvolvimento a romper com esse modelo de dependência passiva das forças de mercado e realizar uma política macroeconômica ativa em vista do desenvolvimento e da industrialização. (BRESSER-PEREIRA, 2012)
	Um dos principais mecanismos sobre os quais uma política macroeconômica pode configurar sua ação é aquele dado pelo papel da taxa de câmbio. No modelo econômico delimitado pelo Consenso de Washington, a taxa de câmbio foi trabalhada como um instrumento para a oscilação entre o protecionismo ou o liberalismo de mercado, tendo em vista o aumento da competitividade dos produtos industrializados internos. Basicamente, os países eram instruídos a aderir à abertura econômica a despeito de considerações sobre a elasticidade-renda dos bens que se produzia e vendia vs. a elasticidade-renda dos bens que eram comprados. Dessa forma, o objetivo se dava em torno da desvalorização relativa da taxa de câmbio no intuito de adquirir vantagens de comercialização via preço, se tratando meramente de uma forma de regulação do mercado e não de um instrumento a políticas de desenvolvimento. (MATTEI; SCARAMUZZI, 2016)
	Tal forma de pensamento se dá de maneira justificável uma vez que, assim como os neoclássicos, consideramos a taxa de câmbio como um preço macroeconômico que flutua em torno do equilíbrio corrente. No entanto, a dinâmica de economias em desenvolvimento mostra a tendência natural à sobreapreciação da taxa de câmbio, o que ocorre de maneira crônica e cíclica e impacta diretamente sobre o desenvolvimento desse país, vez que não permite a competitividade de seu produto frente a países já desenvolvidos e detentores de vantagens de mercado. (MATTEI; SCARAMUZZI, 2016)
	De forma a explicar melhor essa dinâmica, temos sua representação acentuada e patológica, que culmina na Doença Holandesa. Essa condição representa a perpetuação da sobreapreciação da taxa de câmbio e consequente deterioração da indústria nacional, fazendo necessária a atuação estatal para o controle e retorno das exportações, e, concomitantemente, do crescimento do país. Dessa maneira, a taxa de câmbio pode ser vista como representante do importante papel de garantir competitividade às exportações, devendo ser manipulada ao patamar de “equilíbrio industrial”, ou seja, que a taxa seja uma tal que permita um alto fluxo de exportações mas garanta mercado interno aos bens industriais nacionais, visando igualdade na concorrência comercial com outros países incidindo não somente nas exportações, mas nas importações também. Dentre as diferentes formas que se tem de utilizar a taxa de câmbio, estão: 1) como âncora nominal, visando realizar uma pressão de fora para dentro manter o controle inflacionário; 2) como metas reais, no intuito de equilibrar a macroeconomia; e 3) como uma política própria no sentido de atingir estabilidade cambial. (BRESSER-PEREIRA, 2012)
	O mecanismo supracitado auxilia no desenvolvimento de um país através da criação de um estímulo ao investimento na exportação, aumentando a poupança interna. Quando comparado com o modelo de orientação à poupança externa, esse modelo se faz mais viável visto que, frente à poupança externa, é aumentado o consumo em detrimento do investimento, o que pode até vir a gerar crescimento, mas não gera desenvolvimento. Além disso, apesar de a operação de desvalorizações cambiais para estímulo às exportações apresentar um reflexo negativo internamente sobre o poder de compra dos salários (através da dinâmica de encarecimento dos bens internos), seu efeito é compensado macroeconomicamente porque o investimento atraído aumenta a taxa de emprego. (MATTEI; SCARAMUZZI, 2016)
	
EXEMPLOS HISTÓRICOS
 	Iniciando com o exemplo brasileiro, é apresentada a noção de que nas décadas de 1930a 1970, a industrialização nacional era pautada pela política de substituição de importações, em que o papel estatal era claramente definido a partir do controle cambial, cujo objetivo era impulsionar a produtividade interna e melhorar os termos de competitividade, frente aos produtos estrangeiros. Contudo, na década seguinte ao referido período, essa mesma lógica industrial entrou em decadência, fazendo com que a economia entrasse em um contexto de instabilidade. Isso ocorreu por conta do aumento da taxa de juros no mercado internacional, acompanhado de uma forte crise de dívida externa. (MATTEI; SCARAMUZZI, 2016)
Frente ao Consenso de Washington, o objetivo de abrir o mercado nacional à concorrência internacional teve o efeito contrário ao desejado, uma vez que as exportações brasileiras voltaram a se concentrar nos commodities de base primária, fazendo com que o regime de câmbio flutuante adotado fosse exclusivamente utilizado como mecanismo de regulação do mercado, e não de desenvolvimento econômico. De acordo com Bresser-Pereira, geralmente os países em desenvolvimento consideram a taxa de câmbio como um preço superapreciado, fazendo com que suas empresas não se tornem competitivas suficientes. (MATTEI; SCARAMUZZI, 2016)
Levando em consideração a taxa de câmbio como real instrumento de desenvolvimento econômico, temos os Estados emergentes da Ásia como principais representantes, uma vez que a administração cambial em conjunto com a resistência a pressões por reavaliação fazem parte do planejamento estratégico desses países. Sua competitividade é representada no fato de que não permitem uma forte valorização de suas moedas perante a Balança de Pagamentos, fazendo com que sejam bem sucedidos na exportação de bens com maior valor agregado. (CURADO; ROCHA; DAMIANI, 2011)
Outro ponto a ser levantado, considerando a dependência energética que atualmente o sistema internacional enfrenta, é a exportação de petróleo e gás e como são organizados tais transações com países emergentes. Pegando o exemplo da Rússia, temos que o valor da moeda nacional aumento, enquanto o valor dos outros produtos nacionais cuja finalidade era a exportação não acompanharam. A consequência disso foi o aumento dessas exportações, as quais correspondiam à apenas metade da expansão da venda de petróleo e gás, já que o valor da moeda russa dobrou perante seus parceiros. (CURADO; ROCHA; DAMIANI, 2011)
Para os países em desenvolvimento, é evidente a necessidade de discussão acerca das políticas cambiais implementadas, uma vez que as experiências recentes demonstram a significativa participação desse quesito para o crescimento econômico nacional, principalmente ao relacionar as exportações com as contenções de valorizações cambiais. (CURADO; ROCHA; DAMIANI, 2011)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
	Com base nos conceitos abordados e, sobretudo, na diferença entre crescimento e desenvolvimento econômico, compreende-se que o papel da taxa de câmbio na fomentação da economia se limita ao curto prazo. Por sua vez, a concepção desenvolvimentista de crescimento econômico diz respeito ao longo prazo, ao fortalecimento da atividade produtiva e à indústria de um país. No entanto, diante de países em situação de subdesenvolvimento, tal mecanismo da política macroeconômica garante vantagens de comércio no âmbito internacional apenas no curto prazo. Em outras palavras, a lógica difundida pelo Consenso de Washington se faz perversa aos países que ainda não atingiram a condição plena de desenvolvimento, pois obstaculiza esse processo. 
	No panorama contemporâneo e atual, a lógica de poder no sistema internacional não se dá pela quantificação do aparato e do potencial bélico, mas sim pela competitividade no âmbito econômico e comercial. Aliado a isso, está a noção de bem-estar e seguridade social, partindo das condições criadas pela economia nacional aos cidadãos. Dessa forma, as conjunturas internas dos países em desenvolvimento são inferiores às dos países desenvolvidas, tendo em vista a deterioração da capacidade de consumo dos indivíduos gerada pela desvalorização cambial. 
Com efeito, as relações internacionais se antagonizam entre Centro e Periferia, com base no nível de industrialização de cada um. Essa tendência se estende à problemáticas não só econômicas, mas também políticas e humanitárias. Por exemplo, a intensificação dos movimentos migratórios, causada por crises e conflitos armados, e a aversão aos imigrantes. Nesse fenômeno, a xenofobia é expressão de uma ideologia nacionalista, a qual escala para a defesa de práticas comerciais protecionistas e compromete o fluxo da economia internacional.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRANCHIERI, Claudio Maximiliano. Taxa de Câmbio: Um estudo sobre os determinantes, taxa de câmbio real e efetiva e crises cambiais. 2002.
BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos. Crescimento e Desenvolvimento Econômico. Junho de 2008.
MATTEI, Lauro; SCARAMUZZI, Thaís. A taxa de câmbio como instrumento do desenvolvimento econômico. Rev. Econ. Polit., São Paulo, v. 36, n. 4, p. 726-747, Dez. 2016. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-31572016000400726&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 11 dez. 2019. 
MUNDO DOS BANCOS. Taxa de Câmbio. Março de 2017. Disponível em: <https://mundodosbancos.com/126/taxa-cambio/> 
OREIRO, José Luiz & PAULA, Luiz Fernando de. Apreciação cambial: causas, efeitos e o que fazer. 2009.
SROUR, Gabriel. Inflação e depreciação cambial: uma abordagem empírica dos aspectos macroeconômicos do coeficiente de pass-through. 2009. 
UNIBH. Entenda como funciona a variação cambial. Junho de 2018. 
ROCHA, Marcos; CURADO, Marcelo; DAMIANI, Daniel. Taxa de câmbio real e crescimento econômico: uma comparação entre economias emergentes e desenvolvidas. Rev. Econ. Polit., São Paulo, v. 31, n. 4, p. 528-550, Dez. 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-31572011000400002&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 11 dez. 2019. 
SUNO. Taxa de câmbio real: entenda como interpretar esse indicador. Abril de 2019. Disponível em: <https://www.sunoresearch.com.br/artigos/taxa-de-cambio-real/> Acesso em: 11 dez. 2019.

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