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Transtorno Bipolar

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Transtorno afetivo bipolar
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O transtorno afetivo bipolar consiste em uma perturbação patológica do humor, que ocorre 
em associação com alterações nos níveis da atividade física e mental do indivíduo. As oscilações de 
humor caracterizam episódios de hipomania, mania ou depressão. Nos episódios hipomaníacos e 
maníacos ocorre uma elevação do humor, aumento de energia e da atividade global; nos episódios 
depressivos, ao contrário, há um rebaixamento do humor, diminuição de energia e redução dos 
níveis de atividade. 
Para a realização do diagnóstico são necessárias perturbações recorrentes de humor (ou seja, 
no mínimo dois episódios intercalados por um período de “normalidade” do humor), em que 
estados hipomaníacos ou maníacos se repitam ou, então, oscilem com episódios depressivos. 
A diferença entre hipomania e mania está na intensidade e persistência dos sintomas, bem 
como na extensão dos prejuízos ocasionados no trabalho e na vida social. Desse modo, a hipomania 
consiste em um grau mais leve de mania, além de não ser acompanhada por sintomas psicóticos, 
como pode acontecer nos episódios maníacos. 
Nestes episódios mencionados, além da expansão do humor (euforia) e do aumento de 
energia e atividade, ocorrem: sensações de prazer e de bem-estar; autoestima muito elevada e 
sensação de grandiosidade; aumento da sociabilidade e da familiaridade; irritabilidade, 
comportamento presunçoso e grosseiro; agitação psicomotora; fluxo acelerado do pensamento e da 
fala; distração; aumento da libido (energia sexual); diminuição da necessidade de sono; e 
impulsividade, com envolvimento em situações potencialmente perigosas, como negócios 
arriscados e compras compulsivas ou irresponsáveis. 
No polo oposto encontra-se a depressão, com episódios que podem ocorrer em três níveis de 
intensidade: leve, moderado e grave, este último podendo ou não ser acompanhado por sintomas 
psicóticos. Em linhas gerais, acompanhando o humor rebaixado, a desmotivação marcante e a 
diminuição de energia, os sintomas típicos dos episódios depressivos são: rebaixamento da 
autoestima e da autoconfiança; sentimento de culpa e de incapacidade; diminuição da concentração; 
agitação ou retardo psicomotor; pessimismo quanto ao futuro; pensamentos de morte, 
comportamentos autolesivos ou tentativas de suicídio; sono e apetite alterados (em excesso ou 
reduzidos). 
Ainda, podem haver episódios mistos no transtorno bipolar, em que sintomas maníacos, 
hipomaníacos e depressivos se sobrepõe ou alternam rapidamente entre si, assim como estados 
denominados de “ciclagem rápida”. Neste último caso, quatro ou mais episódios maníacos, 
 
1
 Este artigo consiste na versão revisada do original publicado sob minha autoria no jornal Gazeta de Bebedouro, 
em 18/06/2015, p. 2. 
 
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hipomaníacos ou depressivos ocorrem em um período de 12 meses, com intervalo de 2 meses entre 
os sintomas (mesmo que com remissão parcial). 
A causa do distúrbio é complexa e incerta, na qual vários fatores como os genéticos, 
ambientais e psicológicos podem colaborar. Dentre as pessoas afetadas pelo transtorno bipolar, que 
usualmente surge na adolescência ou no início da vida adulta, muitas podem apresentar outros 
problemas, como abuso e dependência de álcool e outras drogas, chances aumentadas de suicídio, 
transtornos ansiosos, transtornos alimentares e frequentemente transtornos de personalidade. 
Diante deste cenário, além da psicoterapia e do tratamento farmacológico (acompanhamento 
psiquiátrico), ambos geralmente de longo prazo, é imprescindível que o paciente desenvolva várias 
atividades ocupacionais e que lhe despertem interesse e prazer. Atividades manuais ou artísticas, 
como pintura, artesanato e trabalho com argila estimulam a pessoa a estar no aqui e no agora, 
favorecendo a concentração e o contato consigo e com o ambiente; compromissos e tarefas 
cotidianas que favoreçam o autocuidado e a participação no gerenciamento da vida familiar, além 
de atividades físicas e momentos de lazer. 
Os estados maníacos/hipomaníacos, que são os aspectos distintivos do transtorno, nos 
remete a uma ideia de triunfo da pessoa sobre as intempéries da vida, ou, ainda, sobre as próprias 
imperfeições, que, entretanto, ela aprendeu a reconhecer com o abandono parcial de sua onipotência 
infantil. Esta sensação (ilusória) de tudo poder ou de tudo ser, por mais sedutora que seja, é nociva. 
Nesse sentido, a família tem um papel extremamente importante, uma vez que pode 
colaborar como rede de apoio na recuperação psicossocial do indivíduo. Principalmente nos casos 
graves do transtorno é comum a pessoa apresentar dificuldades em organizar e planejar diferentes 
áreas de sua vida, assim como muitas desenvolvem resistências à continuidade dos tratamentos 
quando alcançam um estado de maior equilíbrio, negando a gravidade do problema. A família 
poderá estimular a adesão do paciente aos acompanhamentos, bem como auxiliá-lo em seu processo 
de autonomia e independência. 
 
 
 
 
 
Marcelo Bosch Benetti dos Santos 
Psicólogo 
Especialista em Psicologia Clínica 
Mestrando em Psicologia clínica 
CRP-06/99042

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