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1. CONCEITO E ORIGEM DO DIREITO EMPRESARIAL – RESUMO Resumo baseado no livro “Direito Empresarial – André Santa Cruz – 10ed. – 2020” Por que “Direito Empresarial”? Na origem desse ramo do direito, usava-se a expressão ius mercatorum porque a criação do direito que regulava a atividade mercantil foi feita por meio da própria classe dos mercadores consolidando seus próprios costumes (direito consuetudinário). Posteriormente, tal ramo teve suas leis promulgadas pelo Estado, substituindo a expressão ius mercatorum por “direito mercantil” ou “direito comercial”, pois disciplinavam as atividades juridicamente definidas como “atos de comércio” e os agentes que exerciam tais atos de forma profissional (comerciantes). Contudo, a conceituação centrada nos “atos de comércio” ignora a realidade do mercado, que inclui atividades que estão além das trocas (atividade mercantil), envolvendo outras atividades econômicas, como a indústria. Além da atual noção de empresa como “atividade econômica organizada” para circulação de bens e serviços, sendo a mais adequada para definir o objeto da ius mercatorum, dando então, nome à matéria: Direito Empresarial. Portanto, atualmente, a melhor definição de Direito Empresarial é a proposta por Carvalho Mendonça com pequenas “alterações” de André Santa Cruz: “o direito comercial é o complexo de normas jurídicas que regulam as relações derivadas das indústrias e atividades que a lei considera mercantis, assim como os direitos e obrigações das pessoas que profissionalmente as exercem.”. Conceito de Direito Empresarial Conjunto específico de normas (regras e princípios) que disciplinam a atividade econômica organizada para produção ou circulação e bens ou serviços (empresa) e aqueles que a exercem profissionalmente (empresários). Tratando sobre a organização da empresa e a interação entre empresas. História do Direito Empresarial Antiguidade O exercício da atividade mercantil existe desde a Idade Média, mas não se pode falar em um conjunto de normas bem sistematizadas, pois, mesmo que existente, eram bem difusas e orgânicas, mesmo que com aparições aqui ou ali (como no Código de Hamurabi) dentro de normas particulares. A Roma antiga implementava regras comerciais dentro do Direito Privado Comum, incorporadas ao chamado Jus Civile. Ou seja, a disciplina das atividades comerciais não estava em um corpo separado e autônomo de leis, mas sim, dentro do Direito Civil romano. Idade Média O comércio começa a constar como característica de praticamente todos os povos, sendo, a Idade Média, apontada como o período em que começam a surgir as primeiras raízes do ius mercatorum, ou seja, “de um refime jurídico específico e autônomo, com características, institutos e princípios próprios, para a disciplina das relações mercantis.”. Primeira fase do ius mercatorum • Surgimento das cidades através de burgos que se formavam na periferia dos feudos; • Renascimento do comércio (sobretudo o marítimo); • Maior desenvolvimento econômico e mobilidade social; • Substituição do feudalismo por uma economia artesanal pré-capitalista; • Ascensão social da burguesia; • Deslocamento da sociedade do campo para a cidade. As cidades começaram a se desenvolveram através de civilizações comunais, com grande destaque as comunas italianas, onde o trabalho era livre e as atividades de consumo e trocas eram realizadas, além da produção industrial. Além das cidades italianas, outras muito importantes desenvolveram-se por conta da sua boa localização para negócios marítimos. Com o desenvolvimento dessas cidades e a transição de uma economia fechada, baseada no trabalho agrícola e na relação entre o senhor feudal (grande detentor de terras) e o servo, para uma economia com predominante riqueza imobiliária, de caráter urbano e baseada na economia de mercado, criou-se um regime próprio para a disciplina da atividade mercantil. Como se deu a produção e aplicação das regras específicas dessas atividades mercantis? Por conta das invasões bárbaras e conquista árabe do Mediterrâneo, a Europa viu-se fragmentada e sem um poder político central forte, fazendo surgir em diversas regiões uma série de direitos locais. Junto a isso, o comércio estava “a todo vapor” e os conflitos advindos dessas relações mercantis precisavam ser regrados e solucionados, porém, o Direito Canônico estava em alta, impregnando a ordem jurídica vigente e carregando consigo valores que desprezavam o lucro. Com isso, os comerciantes desenvolveram técnicas negociais complexas para superar tal empecilho, como exemplo de uma delas, temos a letra de câmbio. Surgiram as Corporações de Ofício, que eram entidades que possuíam normas e jurisdições próprias, onde cada classe profissional tinha a sua (artesãos, mercadores, construtores etc.). As regras eram extraídas das práticas costumeiras do mercado e eram compiladas nos estatutos de cada corporação, formando assim, um direito estatuário, que era aplicado por cônsules de tribunais próprios. Os membros se associavam e, uma vez integrantes, asseguravam-se mútua proteção e assistência, além de resolver conflitos. “Cada corporação tinha, portanto, seus próprios usos, costumes e práticas mercantis compilados nos seus respectivos estatutos, e tais regras eram aplicadas por juízos ou tribunais consulares, cujos cônsules eram eleitos pelos próprios associados para reger as relações entre os seus membros e dirimir eventuais litígios.” Dessa forma, o direito comercial se mostra em sua fase inicial, de caráter autônomo e subjetivista, pois a aplicação das regras dependia da qualidade dos sujeitos dessa relação, ou seja, dependia de sua classe e de estar integrado em uma corporação para que o tribunal desta pudesse julgar o caso, sendo aplicado apenas aos comerciantes associados a ela. • “direito feito pelos comerciantes e para os comerciantes”. Também é nesse período que surgem os primeiros institutos jurídicos típicos: títulos de crédito; sociedades comerciais; modalidades contratuais (contratos de seguro, de preposição, de agência e de comissão); registros contábeis (sistema de partidas dobradas) e a tutela de determinados sinais distintivos (como as marcas). O comércio era ligado às caravanas e grandes centros urbanos, o que fez com que o direito profissional dos comerciantes tivesse um caráter internacionalmente uniforme. Além de haver o surgimento do princípio da liberdade na forma de celebração dos contratos. “Enfim, o sistema de jurisdição especial que marca essa primeira fase do direito empresarial provoca uma profunda transformação na teoria do direito, pois o sistema jurídico comum tradicional vai ser derrogado por um direito específico, peculiar a uma determinada classe social e disciplinador da nova realidade econômica que emergia.” • Tractatus de Mercatura – Benvenutto Stracca foi reconhecido como o “primeiro trabalho de sistematização teórica do Direito Comercial”.
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