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Introdução à Macroeconomia e o PIB

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MACROECONOMIA 
PROF.ª ME. LEONARDO APARECIDO SANTOS SILVA
SUMÁRIO
AULA 01 
AULA 02 
AULA 03 
AULA 04 
AULA 05 
AULA 06
AULA 07 
AULA 08 
AULA 09 
AULA 10 
AULA 11 
AULA 12
AULA 13 
AULA 14 
AULA 15 
AULA 16
INTRODUÇÃO À MACROECONOMIA 4
VARIÁVEIS MACROECONÔMICAS 12
MERCADO DE BENS E SERVIÇOS 21
O MERCADO MONETÁRIO 29
OFERTA E DEMANDA AGREGADA 38
POLÍTICA FISCAL 47
POLÍTICA MONETÁRIA 55
MODELO IS-LM 64
A CURVA DE PHILLIPS 74
FLUTUAÇÕES ECONÔMICAS DE CURTO PRAZO 82
MOEDA 90
SISTEMA MONETÁRIO 98
ECONOMIA ABERTA 110
CÂMBIO 119
CRESCIMENTO ECONÔMICO DE LONGO PRAZO 128
O MODELO DE SOLOW 138
INTRODUÇÃO
A macroeconomia é uma das vertentes da economia focada nos estudos das 
variáveis agregadas, diferentemente da microeconomia que analisa as relações 
individuais. Um dos aspectos mais importantes da contabilidade na macroeco-
nomia é o agregado econômico ligado à produção, ou seja, o Produto Interno 
Bruto (PIB). Além desses, outras variáveis macroeconômicas merecem ser com-
preendidas, como é o caso do emprego agregado da sociedade e do nível geral de 
preços, também conhecido como inflação. Portanto, no estudo macroeconômico 
é necessário compreender dois mercados para uma análise completa: I) mercado 
de bens e serviços; II) mercado monetário.
INTRODUÇÃO À 
MACROECONOMIA
AULA 01
5
Estudante, basicamente a macroeconomia abrange o estudo referente a va-
riáveis agregadas, em outras palavras, o foco é dado para o conjunto de determi-
nada variável, como é o caso de entender a produção total da economia e não de 
apenas uma única empresa em determinado período de tempo. Nesse sentido, 
o comportamento agregado da economia é analisado em detrimento ao estudo 
para questões específicas de mercado, como na microeconomia (VASCONCELLOS, 
2017).
A análise macroeconômica é relativamente nova em comparação com outras 
áreas da economia, como a microeconomia. Isso porque antes da crise financeira 
de 1929 (Grande Depressão) não existia um esforço sistemático, por parte dos 
policymakers, de contabilizar os dados agregados de produção, renda e despesa na 
sociedade capitalista. Apenas após a instabilidade econômica, proporcionada pela 
Grande Depressão, e política, pela Segunda Guerra Mundial, que foram iniciadas 
a contabilização agregada, através de diferentes indicadores (BLANCHARD, 2017).
A macroeconomia está preocupada com o comportamento da economia como um 
todo — com expansões e recessões, produção total de bens e serviços, crescimento 
da produção, taxas de inflação e de desemprego, balanço de pagamentos e taxas 
de câmbio. A macroeconomia lida tanto com o crescimento econômico no longo 
prazo quanto com as flutuações no curto prazo que constituem o ciclo econômico 
(DORNBUSCH; FISCHER; STARTZ, 2013, p. 3). 
Note que é bem recente a contabilização da produção total da economia ao 
longo do tempo, não é mesmo? Por isso, a macroeconomia passou por diferentes 
fases ao longo do século XX com diferentes escolas econômicas proporcionando 
ideias e teorias sobre a forma de atuação e contabilização nacional. Talvez o agre-
gado mais importante na economia, seja a produção agregada, portanto, vamos 
aprender mais sobre este agregado macroeconômico.
Produto Interno Bruto
Em uma economia de mercado, como a economia capitalista, existe uma infi-
nidade de transações entre diferentes agentes econômicos (famílias, empresas 
e governo) ao longo do tempo. Estudante, lembre-se que, individualmente, as 
6
empresas costumam contabilizar sua produção para saber a viabilidade de seu 
empreendimento, os pontos fortes e fracos, quantidade de maximização de seus 
lucros, dentre outros indicadores. 
Contudo, a contabilização individual da produção não permite saber o valor da 
produção nacional com exatidão, sendo necessária a contabilização da produção 
agregada. Desse modo, o indicador conhecido como Produto Interno Bruto (PIB) 
é o mais utilizado para saber a produção nacional do país em determinado perío-
do de tempo e, além disso, o uso de uma série histórica do PIB permite saber a 
tendência do crescimento econômico ao longo do tempo. 
Isto está 
na rede
Atenção, crescimento econômico e produção agregada (PIB) estão dire-
tamente relacionados, veja que para existir o crescimento econômico em 
um país, sua produção deve aumentar, gerando renda para a sociedade. 
Logicamente, existem outros fatores que impactam sobre a relação entre 
crescimento econômico e a produção agregada, como é o caso do cresci-
mento populacional. No entanto, no momento basta estar claro a relação 
direta entre crescimento econômico e PIB.
Por isso, dados sobre a produção agregada (PIB) podem ser vistos cons-
tantemente como notícias em diferentes meios de comunicação, seja no 
jornal, televisão ou internet. Ainda, muitos profissionais procuram fazer 
estimativas sobre o PIB para entender a possível trajetória de crescimento 
da economia em determinado ano, como pode ser analisado nos seguin-
tes links para o ano de 2019:
1. https://g1.globo.com/economia/noticia/2019/06/27/banco-central-
-reduz-para-08percent-estimativa-de-alta-do-pib-em-2019.ghtml
2. https://www.valor.com.br/brasil/6386623/mercado-volta-reduzir-
-projecao-para-pib-em-2019
3. https://www.valor.com.br/brasil/6396133/mercado-eleva-projecao-
-do-pib-do-brasil-em-2019
(Acesso em 22/08/2019).
https://g1.globo.com/economia/noticia/2019/06/27/banco-central-reduz-para-08percent-estimativa-de-alta-do-pib-em-2019.ghtml
https://g1.globo.com/economia/noticia/2019/06/27/banco-central-reduz-para-08percent-estimativa-de-alta-do-pib-em-2019.ghtml
https://www.valor.com.br/brasil/6386623/mercado-volta-reduzir-projecao-para-pib-em-2019
https://www.valor.com.br/brasil/6386623/mercado-volta-reduzir-projecao-para-pib-em-2019
https://www.valor.com.br/brasil/6396133/mercado-eleva-projecao-do-pib-do-brasil-em-2019
https://www.valor.com.br/brasil/6396133/mercado-eleva-projecao-do-pib-do-brasil-em-2019
7
Quando falamos sobre o PIB, é possível que se entenda como toda a produção 
do país em um período de tempo, certo? Contudo, existem detalhes que devem 
ficar claros para que não exista uma dupla contagem de mercadorias no cálculo 
do PIB, portanto, no cálculo do PIB são retirados os bens e serviços intermediários, 
em outras palavras, os bens e serviços que são utilizados na produção de outros 
bens e serviços (acabados) não devem ser considerados no cálculo do PIB. Conse-
quentemente, uma definição mais clara da produção agregada (PIB) é a produção 
de bens e serviços finais em um determinado período de tempo.
Blanchard (2017) também aponta uma outra forma de calcular a produção 
agregada do país através da metodologia de valor adicionado na produção, sen-
do definido como o valor da produção de uma organização menos o valor dos 
bens e serviços intermediários utilizados na produção. Desse modo, é possível 
compreender a contribuição que cada indústria ou empresa ou setor é capaz de 
agregar para a produção final de bens e serviços (PIB).
Ainda em relação ao modo de calcular a produção agregada do país, é possí-
vel utilizar a renda para chegar ao PIB, isto é, o somatório da renda dos agentes 
econômicos envolvidos na produção de bens e serviços internos no país em deter-
minado período de tempo. Atenção, durante a produção, os agentes econômicos 
são remunerados, por exemplo: I) trabalhadores (salários); II) capitalistas (lucros); 
III) proprietários de terra (aluguel); IV) detentores do capital (juros). Blanchard 
(2017) apresenta outra forma, mais simplificada, separando entre trabalhadores 
(detentores da força de trabalho) e capitalistas (detentores do capital), e o soma-
tório dessas rendas proporciona o PIB.
Quadro 1 – Produto agregado (PIB)
Perspectiva da 
produção
O PIB é o valor dos bens e serviços finais produzidos na eco-
nomia em um período de tempo.
Perspectiva da 
produção
O PIB é a soma dos valores adicionados na economia em um 
período de tempo.Perspectiva da renda o PIB é a soma das rendas na economia em um dado perío-do.
Fonte: Blanchard (2017, p. 23).
 Isso posto, existem diferentes formas de contabilizar o PIB em uma economia, 
seja sob uma perspectiva da produção como foi o caso do PIB via cálculo da pro-
8
dução final de bens e serviços ou do somatório dos valores adicionados ou sob 
uma perspectiva da renda, através do somatório entre a renda do trabalho e do 
capital. Agora, vamos passar a compreender melhor outras relações existentes 
sobre a produção agregada em uma economia.
Anote isso
Uma das formas mais comuns de encontrar o PIB nos livros de macroe-
conomia e que vemos diariamente em jornais, telejornais, revistas, dentre 
outras, é o valor do PIB sendo relacionado ao Consumo (C), Investimento 
(I), Gastos do Governo (G), Exportações (E) e Importações (I), isto é: 
PIB = C + I + G + X – M
Atenção, o Consumo, Investimento, Gastos do Governo e Exportações en-
tram positivamente no cálculo do PIB, já as importações entra negativa-
mente no cálculo do PIB, visto que é uma produção externa e o PIB uma 
produção interna de bens e serviços finais.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Produção Real e Nominal
Estudante, até aqui entendemos o funcionamento do agregado econômico 
mais importante em uma economia de mercado que visa a produção para a satis-
fação dos diferentes agentes econômicos em diferentes países. Nessa perspectiva, 
o PIB tem grande importância para o crescimento e desenvolvimento da socie-
dade ao longo do tempo, porém, também existem diferentes formas de analisar 
o PIB já que existem outros agregados que impactam sobre o valor da produção 
agregada, como é o caso do nível de preços que trabalharemos com calma em 
outra oportunidade.
No momento o importante é conseguir diferenciar o PIB com diferentes níveis 
de preços, isto é, o PIB real e o PIB nominal. O PIB nominal é a soma das quantida-
des de bens e serviços finais produzidos no país multiplicados pelo nível de preços 
correntes (no mesmo período). Desse modo, o PIB nominal pode crescer por dois 
motivos distintos: I) a produção dos bens e serviços finais realmente aumentou 
ao longo do tempo; II) a produção de bens e serviços finais não aumentou, mas 
9
o nível de preços aumentou (BLANCHARD, 2017).
Como pode-se notar, como o PIB é preços multiplicado pela quantidade, o valor 
do PIB pode aumentar em decorrência do aumento tanto de preços quanto de 
quantidade ou pelo aumento da quantidade, ou ainda pelo aumento dos preços 
ao longo do tempo. Por outro lado, se o foco da análise é entender a trajetória da 
produção agregada e sua variação ao longo do tempo faz-se necessário retirar 
os efeitos dos preços sobre a produção agregada, chegando, assim, ao PIB real.
Krugman e Wells (2015) explicam que o PIB real é o modo ideal para calcular o 
crescimento da economia na medida em que não consideram a variação no nível 
de preços de um ano para outro. Portanto, o PIB real é o valor total dos bens e 
serviços finais produzidos na economia em um período de tempo, sendo calculado 
como se os preços tivessem permanecidos constantes, utilizando um ano como 
base (ano-base). Em suas palavras, Krugman e Wells (2015, p. 170-171):
Para calcular com precisão o crescimento da economia, é necessário calcular o pro-
duto agregado: a quantidade total de bens e serviços finais que a economia produz. 
O cálculo utilizado para essa finalidade é conhecido como PIB real. O monitoramento 
do PIB real, ao longo do tempo, evita o problema da variação nos preços distorcer o 
valor da variação na produção de bens e serviços ao longo do tempo.
O PIB é normalmente contabilizado, em cada país, em sua moeda corrente 
(utilizada nas transações diárias), isso acaba impactando na comparação entre 
países já que existem diferentes moedas no planeta (Dólar, Real, Euro, Peso, Yuan, 
dentre outras). Para facilitar a comparação entre os países, o PIB acaba também 
sendo cálculo em dólares em sua forma nominal ou real (Paridade do Poder de 
Compra, PPC). Desse modo, é possível comparar o crescimento econômico entre 
diferentes países, utilizando uma unidade monetária comum (geralmente o dólar).
Produção e População
Como já ressaltado, o crescimento econômico é o foco das economias capita-
listas para a melhoria do bem-estar da sociedade local, para isso é necessário que 
a produção agregada, representada pelo PIB, cresça ao longo do tempo. Contudo, 
na medida em que os anos passam, a população do país local tende a crescer, 
seja pelo número de nascimento de novos agentes econômicos ou pelo próprio 
10
envelhecimento dos que já vivem no país. Por essa lógica, o PIB deve crescer em 
quantidade suficiente para garantir uma melhoria do bem-estar para a população 
existente e os que virão a nascer ou permanecer vivos (expectativa de vida).
Consequentemente, somente o cálculo do PIB pode apresentar uma falsa no-
ção de crescimento econômico no país ao longo do tempo. Uma forma de con-
tornar esse “problema” existente nas economias de mercado é calcular o PIB em 
relação a população existente no país, isto é: o PIB per capita. Krugman e Wells 
(2015) apresentam a definição do PIB per capita como o valor do PIB dividido 
pelo tamanho da população, sendo equivalente à média do PIB por pessoa em 
determinado país.
Anote isso
 “O PIB per capita pode ser uma medida útil em algumas circunstâncias, 
tal como na comparação da produtividade do trabalho entre os países. No 
entanto, apesar do fato de ser uma medida aproximada do produto mé-
dio real por pessoa, o PIB real per capita tem limitações conhecidas como 
medida do padrão de vida de um país”.
Fonte: Krugman e Wells (2015, p. 172).
Se por um lado o PIB per capita tem a capacidade de relacionar o crescimento 
econômico em relação à população, permitindo entender o aumento de bem-estar 
geral da economia ou o aumento da capacidade produtiva (fronteira de possibi-
lidade de produção). Por outro lado, o PIB per capita pode crescer ao longo do 
tempo, mas os ganhos do aumento de produtividade ficar restrito a certa parcela 
da população, não impactando na melhoria do bem-estar social de maneira geral.
Produção Nacional
Estudante, ao longo do texto trabalhamos o conceito do Produto Interno Bru-
to (PIB) que considera toda a produção interna, em vista disso, consideração à 
produção feita no país local, seja por agentes econômicos internos (residentes no 
país) ou externos (residentes em outros países), logo, não faz nenhuma relação 
11
entre quem produz no país ao longo do tempo, apenas quantifica a produção 
agregada. O foco do PIB é entender a produção interna do país seja ela nominal, 
real ou per capita.
Por outro lado, também existe metodologia de cálculo sobre a produção agre-
gada que os residentes do país conseguem produzir ao longo do tempo. Para 
isso, consideram não apenas o que os agentes residentes produzem no país, mas, 
também, o que estes mesmos agentes produzem em outros países ao longo do 
tempo, método de cálculo conhecido como Produto Nacional Bruto (PNB).
Vasconcellos (2017) argumenta que o PIB é a renda devida à produção dentro 
dos limites territoriais do país. Já o PNB é a renda que pertence efetivamente 
aos agentes econômicos nacionais, o que acaba por incluir a renda recebida da 
produção no exterior e excluindo a renda enviada para o exterior das empresas 
estrangeiras localizadas no país local. Na mesma direção, Dornbusch, Fischer e 
Startz (2013) definem o Produto Nacional Bruto (PNB) como a medida do valor 
de todos os bens e serviços finais produzidos pelos fatores de capital nacional do 
produto.
12
VARIÁVEIS 
MACROECONÔMICAS
AULA 02
13
Estudante, a variável macroeconômica que mais escutamos falar é a referente 
a produção agregada ou, com o nome mais conhecido de Produto Interno Bruto 
(PIB), não é mesmo? Contudo, as economias capitalistas de mercado modernas 
possuem outras variáveis macroeconômicas que sãoobjetos de estudo de di-
ferentes economistas, tais como: I) emprego; II) preços; III) taxa de câmbio; IV) 
taxa de juros. Lembre-se de que a macroeconomia, como ressalta Samuelson e 
Nordhaus (2012), é o estudo do comportamento da economia como um todo. 
Examina as forças que afetam empresas, consumidores e trabalhadores no seu 
conjunto. Consequentemente, a macroeconomia contrasta com a microeconomia, 
que estuda os preços, as quantidades e os mercados individualmente.
Basicamente, a taxa de câmbio também tem um preço na economia na me-
dida em que compara o preço entre duas diferentes moedas. Por exemplo, para 
conseguir transformar os preços dos produtos de um país, na moeda de outro 
país, é necessário utilizar a taxa de câmbio para converter os valores. Em outras 
palavras, a taxa de câmbio é resultado do preço de uma moeda em relação à ou-
tra, expressando em valores monetários a relação de troca que existe entre dois 
ou mais países ao longo do tempo.
A taxa de juros é outra variável macroeconômica de extrema importância na 
economia já que é a responsável por remunerar o capital, apresentar as condições 
de crédito, impactar na eficiência marginal do capital. Estudante, vamos fazer um 
exercício reflexivo, se a taxa de juros básica da economia é muito elevada, manter 
o capital no mercado financeiro é interessante porque apresenta um grande re-
torno, com um risco relativamente baixo. Por outro lado, se o detentor do capital 
deseja fazer um investimento na economia real, precisará comparar a taxa de 
retorno do investimento em relação ao retorno no mercado financeiro e ainda 
adicionar o risco envolvido no investimento.
A questão do emprego é uma das mais essenciais nas análises macroeconô-
micas, por vezes é tratada pelo nível de emprego e, por vezes, como o nível de 
desemprego. Quando aumenta o emprego, o desemprego diminui e vice-versa. 
Krugman e Wells (2015) definem o emprego como o número total de pessoas 
empregadas atualmente, em tempo integral ou parcial. Na mesma linha, Blan-
chard (2017) argumenta que o nível de emprego é o número de pessoas que têm 
trabalho e, por sua vez, o nível de desemprego é o número de pessoas que não 
têm trabalho, mas que estão procurando por um no mercado.
Por fim, os preços na economia são essenciais pois é uma unidade comum 
14
para todos os produtos serem trocados no mercado, seu movimento ao longo 
do tempo é de extrema importância para a alocação dos recursos de maneira 
eficiente. Em nível agregado, os preços são tratados como em seu nível geral e, 
assim, o seu crescimento ao longo do tempo é chamado de inflação e sua dimi-
nuição de deflação. 
Nessa perspectiva, o foco será dado para os agregados relacionados ao empre-
go e preços na economia. Esses dois agregados impactam diretamente na vida da 
população residente do país em decorrência do emprego fornecer renda para os 
agentes econômicos que, por sua vez, podem gastar com o consumo de bens e 
serviços necessários para sobreviver e melhorar seu bem-estar social. Já os pre-
ços na economia impactam na capacidade que cada agente econômico tem em 
adquirir uma determinada cesta de bens ao longo do tempo; aumentos rápidos 
e expressivos no nível geral de preços acabam por diminuir a quantidade que o 
agente econômico pode consumir, mantido o mesmo salário.
Isto acontece 
na prática
 “A estabilidade dos preços é importante porque um sistema de mercado 
que funcione sem sobressaltos exige que os preços transmitam infor-
mação correta sobre a escassez relativa. A história tem demonstrado 
que uma inflação elevada impõe muitos custos – alguns visíveis e outros 
invisíveis – a uma economia. Com uma inflação elevada, os impostos tor-
nam-se altamente variáveis, o valor real das aposentadorias diminui e as 
pessoas gastam recursos reais para evitar a depreciação da moeda. Mas 
a redução dos preços (deflação) também tem custos. Assim, a maioria 
dos países procura o meio-termo virtuoso de subida suave dos preços, 
como a melhor forma para estimular o sistema de preços a funcionar de 
maneira eficiente”. 
Fonte: Samuelson e Nordhaus (2012, p. 332).
15
Emprego
Como ressaltado, o emprego é uma das questões centrais na análise macroe-
conômica, sendo o problema do desemprego ao longo da década de 1930 (Grande 
Depressão) um dos responsáveis pela modificação da análise econômica para uma 
visão ampla relacionada à macroeconomia. Compreender o nível de emprego e/
ou desemprego é importante para saber em que ponto a economia se encontra 
(ascensão, estagnação, depressão).
O número ou nível de emprego é de mais fácil compreensão, no entanto, o con-
ceito de desemprego é um pouco mais complexo e precisamos entender bem sua 
definição, isso porque não basta que o agente econômico não esteja trabalhando 
para ser considerado desempregado. Krugman e Wells (2015) apresentam a ques-
tão do desemprego como o caso de quando a pessoa não está trabalhando, mas 
está procurando emprego e está disponível para o trabalho. Portanto, podemos 
voltar à própria definição de Blanchard (2017), em que o nível de desemprego é 
o número de pessoas que não têm trabalho, mas que estão procurando por um 
no mercado.
Isto acontece 
na prática
No Brasil, o conceito atual para emprego e desemprego é o de pessoas 
ocupadas e desocupadas, respectivamente. Também existem outras con-
dições para a compreensão da força de trabalho ativa e inativa. Para 
mais informações sobre os conceitos utilizados no cálculo do emprego e 
desemprego no Brasil, consultar o site do IBGE, disponível em:
https://ww2.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/trabalhoerendi-
mento/pnad_continua/primeiros_resultados/analise01.shtm
(Acesso em 15/08/2019).
No caso específico do Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
(IBGE) define como pessoa desempregada (desocupada) as que na semana de 
referência às pessoas sem trabalho nessa semana, que tomaram alguma provi-
dência efetiva para consegui-lo no período de referência de 30 dias e que estavam 
disponíveis para assumi-lo na semana de referência. Consideram-se, também, 
como desocupadas as pessoas sem trabalho na semana de referência que não to-
https://ww2.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/trabalhoerendimento/pnad_continua/primeiros_resultados/analise01.shtm
https://ww2.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/trabalhoerendimento/pnad_continua/primeiros_resultados/analise01.shtm
16
maram providência efetiva para conseguir trabalho no período de 30 dias porque 
já haviam conseguido o trabalho que iriam começar após a semana de referência.
Os economistas se preocupam com o desemprego por dois motivos. O primeiro 
deles é por causa de seus efeitos diretos sobre o bem-estar dos desempregados. 
Embora o seguro-desemprego seja mais generoso hoje em dia do que durante a 
Grande Depressão, a perda do emprego ainda está associada com frequência a um 
sofrimento financeiro e psicológico [...] O segundo motivo pelo qual os economistas 
se preocupam com a taxa de desemprego é que ela sinaliza que a economia pode 
não estar usando alguns de seus recursos. Quando o nível de desemprego é elevado, 
muitas pessoas que querem trabalhar não encontram ocupação; a economia não 
está usando de forma eficiente seus recursos humanos (BLANCHARD, 2017, p. 29).
Para avançar na compreensão do emprego/desemprego agregado na econo-
mia, é necessário entender o conceito de força de trabalho: “soma do emprego 
e do desemprego – isto é, a soma dos que estão trabalhando com os que atual-
mente estão à procura de trabalho” (KRUGMAN; WELLS, 2015, p. 186). Além disso, 
a taxa de participação na força de trabalho pode ser definida como a proporção 
da população em idade de trabalhar que está na força de trabalho (KRUGMAN; 
WELLS, 2015). Portanto, pessoas que estão aposentadas e/ou incapazes de tra-
balhar não são contabilizadas na força de trabalho do país.
Força de trabalho (L) = Nível de emprego (N) + Nívelde desemprego (U)
Já quando procura-se entender a taxa de emprego ou desemprego, deve-se 
dividir o nível de emprego ou desemprego pela força de trabalho na sociedade:
Taxa de desemprego (u) = Nível de desemprego (U) / Força de trabalho (L)
Taxa de emprego (n) = Nível de emprego (N) / Força de trabalho (L)
Atenção, apesar de ser uma ótima métrica para o bem-estar da sociedade, 
assim como qualquer outra, o nível de emprego/desemprego não é perfeito e, 
por vezes, pode subestimar o verdadeiro nível de desemprego na sociedade. Por 
exemplo, uma crise longa e profunda, pode fazer com que trabalhadores simples-
mente desistam de procurar emprego (trabalhadores desencorajados). Ainda, 
17
também podem existir trabalhadores considerados empregados, mas em su-
bempregos, isto é, trabalhadores que gostariam de estar trabalhando em tempo 
integral mas, no momento, encontram-se em tempo parcial (KRUGMAN; WELLS, 
2015).
Ainda nessa linha de pensamento, esse movimento de desemprego pode ser 
do tipo friccional ou estrutural. O desemprego friccional é o desemprego em con-
sequência do tempo que os trabalhadores gastam em busca de um emprego, ou 
seja, do momento em que foi demitido até encontrar o próximo. Já o desemprego 
estrutural ocorre quando resulta de uma quantidade maior de pessoas procuran-
do emprego em um mercado de trabalho em particular do que há vagas disponível 
(KRUGMAN; WELLS, 2015). Portanto, o primeiro é um desemprego de curto prazo, 
sem grandes impactos sobre o bem-estar social, já o segundo é um desemprego 
ligado a períodos de baixa ou queda no crescimento econômico (PIB).
Isto está 
na rede
O conceito de emprego, desemprego, população ocupada, população 
desocupada, dentre outros conceitos são de extrema importância para 
compreender esse importante agregado macroeconômico na sociedade 
moderna. No Brasil, o Instituto Brasileiro de Geográfica e Estatística (IBGE) 
é o responsável pela captação dos dados primários sobre diversos itens, 
inclusive o nível de emprego/desemprego através da Pesquisa Nacional 
por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua). Cabe destacar que 
até 2016, o responsável pela pesquisa do emprego era a Pesquisa Mensal 
de Emprego (PME) também do IBGE. Para mais informações sobre o IBGE, 
PNAD Contínua e emprego, consultar o site da instituição, disponível em: 
https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/trabalho/9173-pesquisa-na-
cional-por-amostra-de-domicilios-continua-trimestral.html?=&t=o-que-e
(Acesso em 15/08/2019).
Fonte: Elaborado pelo autor.
https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/trabalho/9173-pesquisa-nacional-por-amostra-de-domicilios-continua-trimestral.html?=&t=o-que-e
https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/trabalho/9173-pesquisa-nacional-por-amostra-de-domicilios-continua-trimestral.html?=&t=o-que-e
18
Nível de preço
O nível de preço agregado é de extrema importância para compreender a dinâ-
mica da economia, sendo mais uma das grandes preocupações dos economistas, 
ademais, aparece constantemente em diferentes meios de comunicações ques-
tões relativas à trajetória do nível de preços na economia, mas, normalmente com 
outro nome: o nível de inflação. A inflação ocorre quando o nível geral de preços 
está aumentando. Para calcular a inflação são utilizados índices de preços (médias 
ponderadas) de diversos produtos individuais (SAMUELSON; NORDHAUS, 2012). 
De forma semelhante, Blanchard (2017) apresenta o conceito de inflação como 
uma elevação sustentada do nível geral de preços da economia e a taxa de infla-
ção, sendo a taxa em que o nível de preços aumenta. Portanto, a inflação deve ser 
analisada como um aumento contínuo e generalizado no nível geral de preços, 
não podendo ser confundido com aumentos temporários nos preços. No Brasil 
existem diferentes índices de preços utilizados, sendo o mais famoso e utilizado 
o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Isto está 
na rede
 “O Sistema Nacional de Índices de Preços ao Consumidor – SNIPC produz 
contínua e sistematicamente o Índice Nacional de Preços ao Consumidor 
Amplo – IPCA que tem por objetivo medir a inflação de um conjunto de 
produtos e serviços comercializados no varejo, referentes ao consumo 
pessoal das famílias. Esta faixa de renda foi criada com o objetivo de ga-
rantir uma cobertura de 90% das famílias pertencentes às áreas urbanas 
de cobertura do Sistema Nacional de Índices de Preços ao Consumidor - 
SNIPC. [...] Atualmente, a população-objetivo do IPCA abrange as famílias 
com rendimentos de 1 a 40 salários mínimos, qualquer que seja a fonte, 
residentes nas áreas urbanas das regiões de abrangência do SNIPC, as 
quais são: regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, 
Belo Horizonte, Vitória, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, 
além do Distrito Federal e dos municípios de Goiânia e Campo Grande”.
Fonte: IBGE (2019). 
Disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/economicas/precos-e-custos/
9256-indice-nacional-de-precos-ao-consumidor-amplo.html?=&t=o-que-e . (Acesso em: 
15/08/2019).
https://www.ibge.gov.br/estatisticas/economicas/precos-e-custos/9256-indice-nacional-de-precos-ao-consumidor-amplo.html?=&t=o-que-e
https://www.ibge.gov.br/estatisticas/economicas/precos-e-custos/9256-indice-nacional-de-precos-ao-consumidor-amplo.html?=&t=o-que-e
19
Nesse contexto, o aumento persistente do nível geral de preços (inflação) pode 
diminuir o bem-estar social e dificultar a alocação dos recursos da economia de 
maneira eficiente. Uma das distorções ocasionadas pela inflação alta e persis-
tente é em relação ao poder aquisitivo dos agentes econômicos, principalmente 
dos mais pobres. Atenção, normalmente o salário é ajustado anualmente, mas, 
o nível de preços varia ao longo do ano, portanto, populações com menor renda 
estão mais sujeitas ao impacto da inflação sobre seu bem-estar. Consequente-
mente, uma taxa elevada de inflação torna a distribuição de renda mais desigual 
(VASCONCELLOS, 2017).
Agora que está claro o conceito de inflação e seu efeito sobre o bem-estar 
econômico, precisando entender as causas da inflação e como esta ocorre na 
economia. Para tal, a literatura econômica costuma trabalhar com dois conceitos 
principais sobre este tema: I) inflação de demanda; II) inflação de custos (oferta). 
Em outras palavras, a primeira representa um excesso de demanda agregada na 
economia e a segunda uma elevação nos custos de produção em determinado 
país.
A inflação de demanda é o do tipo mais comum existente na economia, ge-
ralmente relacionado a um rápido movimento de crescimento econômico que 
acaba por gerar maior renda, maior consumo e, por consequência, maior nível 
de preços já que a produção não consegue acompanhar rapidamente esse cres-
cimento econômico. Vasconcellos (2017) argumenta sobre a inflação de demanda 
ocorrendo quando a economia está em sua capacidade máxima de produção, com 
pleno emprego dos fatores de produção, portanto, quanto mais próximo do pleno 
emprego, maior a probabilidade da inflação de demanda ocorrer na economia 
de determinado país.
Por outro lado, a inflação de custos está relacionada a produção dos dife-
rentes bens e serviços na economia, sendo considerada uma inflação de oferta. 
Isso porque, ocorre quando mesmo com a demanda permanecendo a mesma ao 
longo do tempo, os preços (custos) de alguns insumos acabam aumentando e, 
por consequência, são repassados para os preços dos diferentes produtos (bens 
e serviços) fabricados pelas empresas no país. Vasconcellos (2017) ressalta que 
esse tipo de inflação ocorre, geralmente, devido à choques de oferta, como foi o 
caso do choque de petróleo da década de 1970. Como o petróleo é um insumo 
muito importante para diferentes setores, acabou impactando em um aumento 
generalizado dos preços através da inflação de custos (oferta).
20
Anote isso
A inflação ainda tem efeito sobre outros setores de muita importância, 
comoé o caso do setor externo via Balanço de Pagamentos (BP), investi-
mentos das empresas já que modificações de preços impactam na capaci-
dade de fazer cálculos sobre a viabilidade eficientemente e sobre o merca-
do financeiro. Já em relação aos tipos de inflação, também existem alguns 
outros, mas, não tão importantes quanto a inflação de custo e demanda, 
tais como: I) inflação inercial; II) inflação de expectativas.
Fonte: Vasconcellos (2017).
21
MERCADO DE BENS E 
SERVIÇOS
AULA 03
22
A macroeconomia trabalha com a ideia básica de agregar as variáveis econô-
micas para entender a dinâmica geral da economia e não apenas de um único 
mercado (microeconomia). Na análise focada na macroeconomia pode-se dividir 
o foco de estudo em duas grandes áreas, o lado real da economia (mercado de 
bens e serviços) e o lado financeiro ligado à moeda (mercado monetário). Neste 
momento, vamos trabalhar de forma detalhada o mercado das transações reais 
na economia.
Estudante, lembre-se de que o mercado de bens e serviços e sua demanda (Z) 
estão correlacionados com o PIB (Y) e uma das equações essenciais existentes na 
macroeconomia:
Z ≡ PIB = C + I + G + X – M (1)
Agora, vamos abrir um pouco mais essa equação para compreender melhor 
o funcionamento do PIB e o mercado de bens e serviços em uma economia de 
mercado. O Consumo (C) são os bens e serviços comprados pelas famílias em 
determinado país, o Investimento (I) ou também chamado de investimento fixo 
está relacionado às compras de máquinas, equipamentos e residências novas. Os 
gastos do governo (G) são os bens e serviços adquiridos pelo setor público do país, 
as exportações são os bens e serviços do país locais vendidos no exterior e, por 
fim, as importações são os bens e serviços produzidos no exterior e comprados 
pelo país local. Outra forma de tratar o setor externo é através das exportações 
líquidas (NX), isto é, trabalhar diretamente com o saldo líquido entre exportações 
e importações (BLANCHARD, 2017).
O Consumo (C) pode ser desagregado em dois tipos: I) consumo autônomo 
(c0); II) consumo dependente da renda [c1(YD)]. A união dos dois tipos de consumo 
proporciona a função consumo no mercado de bens e serviços:
C = c0 + c1YD (2)
O consumo autônomo ocorre independentemente da renda existente, isso por-
que as famílias devem possuir um mínimo de consumo para sobreviver mesmo 
que não possua uma renda no momento, seja através de empréstimo ou ajuda 
de outros agentes econômicos (amigos, governo, etc.). Já o consumo dependente 
da renda possui características próprias muito importantes, através de “c1” que 
23
tem o nome de propensão marginal a consumir (PMgC), ou seja, ele representa 
quanto da renda é direcionada para o consumo. 
Blanchard (2017) explica que a PMgC mostra o efeito do aumento de 1 unidade 
monetária na renda, quanto será destinado para o consumo dos agentes econômi-
cos. Alguns detalhes sobre a PMgC (c1) é de que deve ser positiva, já que aumento 
na renda, deve levar a aumento de consumo, mas, ao mesmo tempo, o valor deve 
ser menor do que 1. Isso pois não é possível aumentar o consumo em mais de 1 
unidade dada o aumento de 1 unidade na renda (não estamos considerando a 
possibilidade do mercado de crédito nesse modelo simples).
Já a variável Investimento (I) é tratada como exógena no modelo, de outra for-
ma, não é decidida dentro do próprio modelo, como é o caso do consumo (fun-
ção consumo), portanto, o investimento é considerado como dado nessa análise 
básica. De modo semelhante, os gastos do governo também serão considerados 
exógenos no modelo de modo a facilitar a análise, contudo, cabe ressaltar que são 
acrescentados os tributos (T). Com o acréscimo dos tributos no modelo, a renda 
disponível (YD) é dada por: YD = (Y – T). Consequentemente o modelo simples fica 
da seguinte forma:
Z = c0 + c1(Y – T) + I + G (3)
Estudante, nessa análise não consideramos a formação de estoque para fa-
cilitar o entendimento e, assim, captar a ideia essencial do funcionamento do 
mercado de bens em uma economia qualquer. Nesse sentido, se não existe a 
formação de estoque na economia, o equilíbrio no mercado de bens deve ter, 
necessariamente, a produção (Y) sendo igual a demanda por bens (Z), portanto:
Z ≡ Y = c0 + c1(Y – T) + I + G (4)
Note que a fórmula acima explica que a produção é igual a demanda agregada. 
Blanchard (2017, p. 56) explica que em equilíbrio “a produção Y (o lado esquerdo 
da equação), é iguala à demanda (o lado direito). A demanda, por sua vez, depen-
de da renda, Y, que é igual à produção”. Em decorrência da existência do “Y” nos 
dois lados da equação é possível trabalhar a fórmula matemática para chegar à 
ideia do multiplicador dos gastos, avançando no entendimento do funcionamento 
macroeconômico da economia pela renda.
24
Y = [c0 + I + G – c1T] (5)
Na equação 5 podemos analisar dois conceitos importantes: I) multiplicador 
dos gastos; II) gastos autônomos. Basicamente, os gastos autônomos são inde-
pendentes da renda (produto). Já o multiplicador dos gastos depende da renda 
e da propensão marginal a consumir (PMgC), sendo o valor pelo qual o produto 
de equilíbrio varia quando a demanda agregada autônoma aumenta em 1 unida-
de, em outras palavras, é a variação do produto de equilíbrio quando os gastos 
autônomos aumentam em uma unidade (DORNBUSCH; FISCHER; STARTZ, 2013).
O exame do multiplicador dos gastos, através da equação 5, demonstra que, 
quanto maior a propensão marginal a consumir (c1), maior o multiplicador. Para 
uma propensão marginal a consumir de 0,5, o multiplicador é 2. Por outro lado, 
para uma PMgC de 0,9, o multiplicador é 10 (DORNBUSCH; FISCHER; STARTZ, 
2013). Agora vamos à lógica por trás dessa ideia.
Estudante, quando existe uma elevada propensão marginal a consumir, isso 
quer dizer que uma maior fração da renda (valor monetário) adicional é destinada 
para o consumo. Por consequência, também é adicionada à demanda agrega-
da, levando a um aumento induzido maior na demanda (DORNBUSCH; FISCHER; 
STARTZ, 2013). 
Isso posto, a ideia central do multiplicador é compreender como ocorre a va-
riação do produto dado modificações no gasto autônomo, consequentemente, o 
multiplicador sugere que o produto varia quando o gasto autônomo (incluindo 
investimentos) se altera e que a variação no produto pode ser maior do que a 
variação no gasto autônomo (DORNBUSCH; FISCHER; STARTZ, 2013). Interessante 
a ideia do multiplicador, certo?
Multiplicador: uma análise gráfica
Estudante, para avançar na compreensão do mercado de bens e o impacto 
do multiplicador sobre essa análise, agora vamos trabalhar através da análise 
gráfica a fim de facilitar o entendimento do porquê da existência do conceito do 
multiplicador.
25
Figura 1 – Efeitos de um aumento do gasto autônomo sobre o produto.
Fonte: Blanchard (2017, p. 59).
Na Figura 1, é possível ver o que ocorre entre renda e demanda (produção) 
dado um choque no gasto autônomo. Como a produção e a renda neste modelo 
básico são sempre iguais, a reta de 45° representa essa relação (inclinação igual a 
1). A relação entre a demanda e renda é dada por “ZZ”, sendo que o intercepto no 
eixo vertical está acima do ponto zero em consequência da existência dos gastos 
autônomos e a inclinação da reta “ZZ” é dada pela PMgC (c1). No equilíbrio renda 
é igual a produção, encontro entre a reta de 45° e “ZZ” (BLANCHARD, 2017).
Agora, vamos analisar o efeito do aumento no gasto autônomo (consumo au-
tônomo, por exemplo), mantido as demais variáveis constantes (ceteris paribus). O 
aumento no consumo autônomo (c0), aumenta a demanda na mesma proporção, 
deslocando a curva de demanda para esquerda (ZZ’), no ponto “B” a demanda 
excede a produção, como deve existir equilíbrio entre produção e demanda, aqui 
entra a ideia do multiplicador (BLANCHARD, 2017).
Para satisfazer o nível mais alto da demanda (ponto B), as empresas aumentam 
suaprodução o que, por sua vez, faz a renda na sociedade aumentar novamente, 
deslocando a economia para o ponto “C”. Este novo aumento da renda, implica 
em novo aumento na demanda, deslocando a economia para o ponto “D”, o ex-
cesso de demanda faz novamente a oferta ser aumentada até o ponto “E”. Essa 
26
movimentação continua ocorrendo na economia até o encontro entre a nova 
curva ZZ’ e a reta de 45° (ponto A’), com a produção sendo igual à demanda. Por 
consequência, esse é o efeito multiplicador dos gastos (BLANCHARD, 2017). 
Anote isso
“O multiplicador é a maneira formal de descrever uma ideia intuitiva: se 
a economia, por algum motivo — por exemplo, uma redução de confian-
ça que reduz o gasto com investimento —, experimenta um choque que 
reduz a renda, as pessoas que tiveram suas rendas reduzidas gastarão 
menos, reduzindo dessa forma a renda de equilíbrio ainda mais. Assim, o 
multiplicador é, potencialmente, uma parte da explicação do porquê das 
flutuações do produto”.
Fonte: Dornbusch, Fischer e Startz (2013, p. 197).
Investimento e poupança
Atenção estudante, o investimento é uma atividade econômica essencial, por-
que tem a capacidade de aumentar o estoque do capital disponível para a pro-
dução futura, melhorando o bem-estar social no longo prazo. Nessa perspectiva, 
uma das mais importantes ideias sobre as contas nacionais é a identidade entre 
poupança e investimento, devendo ser mantida ao longo do tempo (SAMUELSON; 
NORDHAUS, 2012). 
Basicamente, se não existe governo e setor externo, o investimento é a parte 
da produção nacional que não é consumida e a poupança a parte da renda na-
cional que não é consumida (por isso a identidade). Conforme já trabalhamos, na 
medida em que a renda e a produção nacional são iguais, a poupança deve ser 
igual ao investimento (SAMUELSON; NORDHAUS, 2012).
Além da análise macroeconômica do mercado de bens através da igualda-
de entre produção e demanda, pode-se analisar o mercado via investimento e 
poupança. Isso porque, a renda, o consumo e a poupança estão estreitamente 
relacionados, isto é, a poupança pessoal é a parte da renda disponível que não é 
consumida, portanto, a poupança (S) é igual à renda disponível (YD = Y - T) menos o 
consumo (C), como aponta Samuelson e Nordhaus (2012). Já a poupança agregada 
27
da economia se dá pelo somatório da poupança privada e pública (BLANCHARD, 
2017).
Poupança privada (Sp):
Sp ≡ YD – C (6)
Poupança pública ou do governo (Sg):
SG ≡ T – G (7)
Poupança total
ST ≡ Y – T – C (8)
Estudante, lembre-se da igualdade entre produção e demanda:
Y = C + I + G (9)
Conforme Blanchard (2017) explica, faz-se necessário subtrair os impostos (T) 
de ambos os lados da equação:
Y – T – C = I + G – T (10)
O lado esquerdo da equação é dado pela poupança privada (S):
S = I + G – T (11)
Ou
I = S + (T – G) (12)
Portanto, como explica Blanchard (2017), em notação matemática é possível 
chegar na relação entre investimento e poupança (total) na economia. Assim, 
chegamos à conclusão do equilíbrio no mercado de bens de outra forma, isto 
é, este equilíbrio necessita de que o investimento seja igual a poupança total na 
economia.
Por definição, a poupança nacional é igual ao investimento nacional. Os componen-
tes do investimento são o investimento doméstico privado e o investimento estran-
geiro (ou as exportações líquidas). As fontes da poupança são a poupança privada 
(pelas famílias e empresas) e a poupança do governo (o excedente do orçamento 
do governo). A soma do investimento privado mais as exportações líquidas é igual 
à poupança privada mais o superávit do orçamento. Essas identidades precisam 
se manter sempre, qualquer que seja a situação do ciclo econômico (SAMUELSON; 
NORDHAUS, 2012, p. 355).
28
Uma outra questão que pode ser retirada dessas relações trabalhadas sobre o 
mercado de bens é a Propensão Marginal a Poupar (PMgS). Essa relação explica 
a parte da renda que é poupada, assim como c1 é a PMgC, a PMgS é dada por 1 – 
c1. A ideia elementar é a mesma entre PMgS e PMgC, as duas são uma fração da 
renda destinada para o consumo ou poupança e deve estar, necessariamente, 
entre zero e um.
S = -c0 + (1 – c1) * (Y – T) (13)
Desse modo é apresentada a relação da poupança com a PMgS. Se trabalhar 
a equação, igualando poupança com investimento, é possível chegar na mesma 
equação dada na fórmula (5).
Isso posto, o mercado de bens, na macroeconomia, pode ser analisado tanto 
pela forma da igualdade entre a produção e a renda, tanto quanto pela identidade 
entre investimento e poupança, desde o modelo mais básico (sem governo ou 
setor externo), até mesmo no modelo completo que considera governo e setor 
externo.
29
O MERCADO MONETÁRIO
AULA 04
30
Estudante, o que é o mercado financeiro? Os mercados financeiros envolvem 
as instituições relacionadas com a moeda, como o caso dos bancos, bancos de 
investimentos, mercados primários e secundários de títulos, fundos hedge, dentre 
diversos outros agentes econômicos responsáveis pelas negociações monetá-
rias em uma economia de mercado. Nas últimas décadas, principalmente após 
1970, as economias capitalistas passaram por um forte ciclo de liberalização do 
seu setor financeiro e maior integração no mercado global, por isso, o mercado 
financeiro passou a ganhar cada vez mais importância em diferentes economias, 
inclusive no próprio Brasil.
Uma questão importante de ser ressaltada quando estudamos o mercado 
monetário e financeiro é o papel da moeda, visto que é a responsável por prati-
camente todas as relações de trocas existentes na economia em decorrência dos 
agentes econômicos receberem suas remunerações em moeda. Desse modo, a 
troca com intermediação monetária é responsável por separar as transações em 
operações de compra e venda, permitindo um sistema de trocas indiretas, sem 
a necessidade de trocar um bem pelo outro como seria em uma economia de 
escambo (trocas diretas), como apontas Carvalho et al. (2015).
Nesse sentido, a moeda possui algumas funções na economia moderna, como 
é o caso da função de intermediário de trocas, função de meios de pagamentos 
na medida em que as compras e vendas podem ser feitas em períodos diferentes 
no tempo. Já a função de unidade de conta, significa que a moeda serve como 
uma forma de contrato nas infinitas negociações que acontecem entre os agentes 
econômicos, visto que os contratos estabelecem o fluxo de bens e serviços em 
relação ao pagamento em moeda em determinado momento. Por fim, a função 
de reserva de valor existe porque o agente econômico opta por reter valor de 
compra, acreditando que a moeda tende a manter seu valor ao longo do tempo 
(CARVALHO et al., 2015). Essas duas últimas funções são muito importantes para 
os dias atuais. 
31
Isto acontece 
na prática
“Os mercados financeiros são intimidadores. Envolvem uma rede intrin-
cada de instituições, que abrange desde bancos até fundos do merca-
do monetário, fundos mútuos, fundos de investimento e fundos hedge. 
As transações envolvem títulos, ações e outros créditos financeiros com 
nomes exóticos, tais como swaps e opções. As páginas de finanças dos 
jornais citam taxas de juros de muitos títulos do governo, diversos títu-
los corporativos, títulos de curto prazo e títulos de longo prazo, gerando 
confusão. Mas os mercados financeiros desempenham papel essencial 
na economia. Determinam o custo dos fundos para empresas, famílias e 
governo, por conseguinte afetando suas decisões de gastos”.
Fonte: Blanchard (2017, p. 72).
Agora, para avançar no entendimento do mercado monetário em uma econo-
mia de mercado moderna, precisamos compreender como ocorre a oferta e de-
manda de moeda na economia. Basicamente, a oferta de moeda é proporcionada 
pelo Banco Central, enquanto que a demanda de moeda se dá através dos outros 
agentes econômicos que necessitam desse meio de pagamento socialmente acei-
topara quitar suas obrigações com terceiros.
Demanda por moeda
Como ressaltado, em uma economia de mercado os diversos agentes econô-
micos necessitam de moeda para cumprir os diferentes contratos existentes, em 
outras palavras, os agentes econômicos demandam moedas para quitar suas 
obrigações com os demais agentes econômicos que negociou bens e serviços em 
determinado período de tempo. Em suma, os agentes econômicos demandam 
moeda, por diferentes motivos, em consequência das diferentes funções que a 
moeda tem em uma economia de mercado. 
Dornbusch, Fischer e Startz (2013) ressaltam que quando os economistas fa-
lam da demanda por moeda, estão se referindo ao estoque de ativos mantidos 
na forma de dinheiro em espécie, contas correntes e ativos intimamente rela-
32
cionados, e não sobre riqueza ou renda em geral. Samuelson e Nordhaus (2012) 
argumentam sobre a moeda identificando sua importância como um meio que 
serve como “lubrificante” do comércio e troca na economia. 
A demanda por moeda ocorre em consequência dos agentes econômicos de-
mandarem saldos reais para suas transações, isto é, os agentes retêm moeda por 
seu poder de compra, em outras palavras, pela quantidade de bens que podem 
comprar com ela. Portanto, não estão preocupadas com seus saldos monetários 
nominais, ou seja, o número de notas de reais que possuem. Nessa perspectiva, 
a demanda real por moeda não se altera quando o nível de preços aumenta e 
todas as variáveis reais, como a taxa de juros, a renda e a riqueza, permanecem 
inalteradas. Já a demanda por moeda nominal é modificada conforme ocorrem 
modificações no nível geral de preços, ou seja, a inflação (DORNBUSCH; FISCHER; 
STARTZ, 2013). 
Nesse sentido, os agentes econômicos na sociedade demanda moedas por 
diferentes motivos, tais como: I) motivo transação (demanda por moeda decor-
rente de sua utilização para fazer pagamentos regulares); II) motivo precaução 
(a demanda por moeda para atender a contingências imprevistas); III) motivo 
especulação (surge das incertezas sobre o valor monetário de outros ativos que 
um indivíduo pode reter), conforme apontam Dornbusch, Fischer e Startz (2013).
A demanda de moeda para transações ocorre quando as pessoas necessitam 
de moeda em decorrência da diferença temporal entre renda e despesa, isto é, 
não ocorrem ao mesmo tempo. Por exemplo, recebemos o vencimento no quin-
to dia útil do mês, contudo temos de pagar alimentos, contas, gasolina e roupas 
ao longo do mês. Portanto, a necessidade de ter moeda para compras de bens 
ou serviços constitui a demanda de moeda para transações (SAMUELSON; NOR-
DHAUS, 2012).
Em decorrência da incerteza que cercam as relações capitalistas em uma eco-
nomia de mercado moderna, os agentes econômicos também demandam moeda 
por motivos de precaução. Isso ocorre porque existem pagamentos que são ines-
perados ou recebimentos atrasados que fazem necessário os agentes econômicos 
reterem moeda para precaução (VASCONCELLOS, 2017).
A moeda em si não apresenta rendimentos, no entanto, é o ativo mais líquido 
da economia (não apresenta riscos). Por isso, os agentes podem optar por reter 
moeda e diversificar sua carteira entre títulos (que pagam juros) e moeda. Por-
tanto, a quantidade de moeda retida também possui relação com a taxa de juros 
33
praticada na economia em consequência de quando o agente econômico opta por 
reter moeda, deixa de auferir um rendimento pelo título, isto é, a taxa de juros 
(VASCONCELLOS, 2017).
Por fim, os agentes econômicos também demandam moeda pelo motivo de 
especulação. Aqui, cabe destacar que esse processo de demanda por moeda foi 
desenvolvido pelo maior economista do século XX: John Maynard Keynes. Para 
Keynes, os agentes econômicos demandam moeda para satisfazer suas tran-
sações correntes, mas, também, para especular na economia em mercados de 
títulos, imóveis, dentre outros (VASCONCELLOS, 2017).
Isso posto, a demanda por moeda ocorre por diferentes motivos, mas, basi-
camente dependem do nível de transações existentes na economia e da taxa de 
juros. Desse modo, a relação entre a demanda por moeda, renda nominal e taxas 
de juros, conforme explica Blanchard (2017), é dada por:
Md = $Y L(i) (1)
Sendo que: 
Md é a demanda por moeda;
$Y é a renda nominal; 
L(i) é a função da taxa de juros.
Vale ressaltar que a função da taxa de juros é negativamente relacionada com 
a demanda por moeda, em outras palavras, conforme ocorre um aumento da taxa 
de juros, a demanda por moeda é reduzida. Já em relação à renda, a demanda 
por moeda é positiva, isto é, se aumenta a renda, a demanda por moeda também 
aumenta (BLANCHARD, 2017). Essa relação pode ser apresentada também grafi-
camente através da Figura 1 a seguir.
34
Figura 1 – Demanda por moeda
Fonte: Blanchard (2017, p. 75).
Na Figura 1, a relação entre a demanda por moeda e a taxa de juros para dado 
nível de renda nominal $Y é representada pela curva Md (negativamente inclina-
da). Por isso, quanto menor a taxa de juros (i), maior o montante de moeda que 
pessoas desejam reter e, portanto, maior será o M. Ainda, em determinada taxa 
de juros, o aumento da renda nominal aumenta a demanda por moeda, fazendo 
com que a curva de demanda seja deslocada para a direita até Md’. Desse modo, a 
determinada taxa de juros (i), um aumento da renda nominal, aumenta a demanda 
por moeda até M’ (BLANCHARD, 2017).
35
Isto acontece 
na prática
“Há algumas exceções importantes, no entanto, em que a moeda em 
si pode ser usada como reserva de valor. A moeda pode ser um ativo 
atraente em primitivos sistemas financeiros onde não existem outros 
ativos confiáveis. A moeda dos Estados Unidos é amplamente difundida 
no exterior como um ativo seguro em países onde há hiperinflação, ou 
onde a moeda pode ser desvalorizada, ou em que o sistema financeiro 
não é confiável. Além disso, nos países avançados, as pessoas podem 
manter a moeda como um ativo quando as taxas de juros estão próximas 
de zero. Essa situação, conhecida como a armadilha de liquidez, aterroriza 
os banqueiros centrais, porque eles perdem a capacidade de influenciar 
as taxas de juros”. 
Fonte: Samuelson e Nordhaus (2012, p. 408).
Oferta por moeda
Estudante, até aqui deve estar claro que os agentes econômicos (famílias, 
empresas, bancos, governo, dentre outros) necessitam de moeda para as suas 
transações diárias, consequentemente, a moeda é um instrumento interessante 
em decorrência de facilitar as trocas em uma economia de mercado, correto? 
Agora, vamos entender o processo de oferta de moeda na economia, para que, 
no equilíbrio, a oferta e demanda por moeda ocorra, apresentando o equilíbrio 
entre quantidade de moeda e determinada taxa de juros.
Em uma economia de mercado, o Banco Central do país é o responsável por 
ofertar moeda já que é a única autoridade que pode criar moeda na quantidade 
que considera necessária para o pleno funcionamento da economia. Vasconcel-
los (2017) ressalta o papel do Banco Central como o responsável por regular a 
moeda e o crédito na economia, levando em consideração a meta inflacionária 
estabelecida pela autoridade monetária.
36
Quadro 1 – Funções do Banco Central
Banco emissor Possui o monopólio das emissões de moeda.
Banco dos ban-
cos
Responsável por receber os depósitos dos bancos comerciais 
que atuam na economia e transferir os fundos de um banco 
para outro. Também é o responsável por emprestar capital 
para os bancos (redesconto).
Banco do gover-
no
O canal pelo qual o governo pode utilizar da política monetária 
para influenciar, produto, emprego e renda na economia visto 
que boa parte dos fundos do governo é depositado no Banco 
Central.
Banco 
depositário 
das reservas 
internacionais
Responsável por guardar a quantidade de moeda interna-
cional, geralmente o dólar, que o governo possui para não 
ter problemas no balanço de pagamentos. Assim, defende a 
moeda nacional e administra o câmbio.Fonte: Elaborado com base em Vasconcellos (2017, p. 305).
Atenção estudante, os bancos comerciais têm um importante papel na questão 
da oferta de moeda na medida em que conseguem utilizar os depósitos à vista 
mantidos pelos demais agentes econômicos, para expandir o crédito e a oferta 
de moeda na economia. No entanto, no momento vamos focar no mecanismo 
básico de oferta de moeda, através do Banco Central, para entender o papel entre 
oferta e demanda de moeda e, por consequência, entre moeda e a taxa de juros 
na economia.
Nesse contexto, a oferta de moeda (Ms) pelo banco central é igual à própria 
moeda (M):
 Ms = M (2)
Na equação (2) podemos notar que a oferta de moeda é definida pelo banco 
central, portanto, no equilíbrio, a oferta e demanda por moeda deve ser igual, 
por consequência:
 M = $Y L(i) (3)
Assim, a oferta de moeda é igual a demanda por moeda, sendo que a taxa 
de juros (i) deve ser em um nível que, dada determinada renda ($Y), os agentes 
econômicos tenham uma quantidade de moeda e magnitude igual à oferta de 
moeda (M) dada pelo Banco Central (BLANCHARD, 2017). Desse modo, observe 
a Figura 2 a seguir:
37
Figura 2 – Determinação da taxa de juros
Fonte: Blanchard (2017, p. 77).
Na Figura 2, a oferta de moeda é vertical, sendo independente da taxa de juros, 
já que é o Banco Central quem tem a capacidade de definir sua quantidade, sendo 
igual à moeda (M). O equilíbrio no mercado é dado no ponto A, no encontro entre 
a demanda por moeda (negativamente inclinada) e a oferta de moeda (vertical). 
Nessa perspectiva, uma mudança na renda nominal (aumento), acaba levando 
ao aumento na taxa de juros visto que a curva de demanda desloca-se para cima 
(mantendo a oferta de moeda constante). Por outro lado, o aumento da oferta de 
moeda, mantendo constante o nível de renda nominal dos agentes econômicos, 
desloca a curva de oferta de moeda para a direita e o equilíbrio é dado em um 
ponto abaixo de “A”, isto é, com menor taxa de juros (BLANCHARD, 2017).
Em virtude dos fatos mencionados ao longo da seção, conclui-se que o foco 
da macroeconomia é a análise das variáveis agregadas, com destaque para a 
produção agregada, cuja fórmula mais utilizada é o Produto Interno Bruto (PIB). 
Além deste, duas outras variáveis agregadas merecem destaque: I) emprego; II) 
inflação. Nesse sentido, foram desenvolvidas análises sobre a demanda agregada 
na economia que relaciona o consumo, investimento e gastos do governo para 
o mercado de bens e serviços e, na sequência, foi desenvolvido o mercado mo-
netário, apresentando a relação entre demanda e oferta de moeda e o papel do 
Banco Central do país nesse processo.
38
OFERTA E DEMANDA 
AGREGADA
AULA 05
39
Estudante, um dos aspectos elementares na teoria macroeconômica é com-
preender o impacto da oferta e demanda. Contudo, diferentemente do estudo 
microeconômico, a macroeconomia foca em termos agregados (assim como o 
caso das variáveis agregadas). Por isso, a ideia central é compreender como ocorre 
o funcionamento da oferta e demanda agregada em uma economia de mercado.
O modelo de oferta agregada e demanda agregada é a ferramenta macroeco-
nômica básica para o estudo das flutuações do produto e para a determinação 
do nível de preços e da taxa de inflação. Desse modo, esse modelo serve como 
um passo inicial para a compreensão dos desvios de trajetória de crescimento 
econômico ao longo do tempo. Assim, é possível explorar as consequências das 
políticas governamentais sobre desemprego, as flutuações do produto e variação 
nos preços (DORNBUSCH; FISCHER; STARTZ, 2013). 
A curva de oferta agregada (OA) descreve, para cada nível de preços, a quanti-
dade de produto que as empresas estão dispostas a fornecer. A curva OA é posi-
tivamente inclinada porque as empresas estão dispostas a ofertar mais produto a 
preços mais elevados. A curva de demanda agregada (DA) mostra as combinações 
do nível de preços e do nível de produto, aos quais o mercado de bens e o merca-
do monetário estão simultaneamente em equilíbrio. A curva DA é negativamente 
inclinada porque os preços mais elevados reduzem o valor da oferta monetária, 
que reduz a demanda por produto (DORNBUSCH; FISCHER; STARTZ, 2013).
Figura 1 – Oferta agregada e demanda agregada
Fonte: Dornbusch, Fischer e Startz (2013, p. 96).
40
Como é possível notar, o equilíbrio entre preço e renda (produto) no modelo 
básico de demanda e oferta agregada é dado pela interseção das duas curvas 
(ponto E), com o produto em “Y0” e o preço em “P0”. Agora vamos passar a entender 
o funcionamento de cada curva e os fatores que acabam por deslocar cada curva, 
isto é, choques que podem expandir ou diminuir o produto (renda) e preços.
Oferta Agregada
Basicamente a curva de oferta agregada apresenta a relação entre preço e 
renda (produto) no país. Enquanto a curva de demanda agregada possui uma 
relação negativa entre preço e renda (produto), a curva de oferta agregada pos-
sui uma relação positiva entre preço e renda (produto), portanto, quanto maior o 
preço na economia, maior é o interesse dos produtos em aumentarem a oferta 
dos produtos.
Isto acontece 
na prática
Algumas partes do mundo são especialmente adequadas à cultura do 
algodão, e os Estados Unidos é uma dessas. Mas, mesmo nos Estados 
Unidos, há terras mais adequadas ao cultivo do algodão que outras. A 
opção dos agricultores americanos de restringir o cultivo do algodão ape-
nas aos locais ideais ou expandir às terras menos produtivas depende 
do preço que esperam obter pelo algodão. Além disso, existem muitas 
outras áreas no mundo onde o algodão pode ser cultivado, tais como 
Paquistão, Brasil, Turquia e China. A decisão dos agricultores de cultivar 
algodão nesses lugares depende, novamente, do preço. Portanto. Assim 
como a quantidade de algodão que os consumidores desejam comprar 
depende do preço a ser pago, a quantidade que os produtores estão dis-
postos a produzir e vender – a quantidade ofertada – depende do preço 
oferecido a eles”.
Fonte: Krugman e Wells (2015, p. 65).
41
Samuelson e Nordhaus (2012) apresentam a curva de oferta agregada (OA), 
apresentada na Figura 1, como sendo uma curva com inclinação positiva (função 
OA), representando a quantidade de bens e serviços que as empresas estão dis-
postas a produzir para ofertar no mercado em cada nível de preços, desde que 
mantidos constantes a outras variáveis que impactam sobre a OA (ceteris paribus). 
Nessa perspectiva, se o nível da produção total demandado aumentar, as empre-
sas desejarão vender mais bens e serviços em um nível de preços mais elevado.
Como ressaltado, a curva de OA apresenta a relação entre preço e produto 
(renda) ou quantidade, portanto, modificações no nível dos preços faz com que 
ocorra modificações no produto através de um movimento ao longo da curva. 
De outra maneira, pode existir deslocamentos da curva de OA em decorrência 
de modificações em determinados fatores, tais como: I) variações nos preços das 
commodities; II) variações dos salários nominais; III) variações na produtividade 
(KRUGMAN; WELLS, 2015)
Dornbusch, Fischer e Startz (2013) avançam na explicação sobre a curva OA ao 
relacionar o curto e longo prazo, trazendo o debate sobre as escolas keynesiana 
e clássica para o modelo. A curva de oferta agregada descreve, para cada nível 
de preços, a quantidade de produto que as empresas estão dispostas a ofertar. 
No curto prazo, a curva OA é horizontal (a curva de oferta agregada keynesiana) 
e no longo prazo é vertical (curva de oferta agregada clássica).
A curva de oferta clássica vertical designa que o mesmo montante de produtos 
(bens e serviços) é ofertado na economia, independentemente do nível de preços. 
Isso porque, o aspecto teórico básico que embasa essa ideia é que o mercado de 
trabalho está em equilíbrio com pleno emprego da força de trabalho. Sob outra 
perspectiva, a curva de OA keynesiana é horizontal,isso significa que as empresas 
ofertam o montante de bens demandado ao nível de preços presente. Isso em 
razão da curva de OA keynesiana é a de que como existe desemprego na econo-
mia, as empresas podem obter o quanto desejarem de trabalho com o salário 
atual (DORNBUSCH; FISCHER; STARTZ, 2013).
42
Figura 2 – Funções de oferta agregada keynesiana e clássica
Fonte: Dornbusch, Fischer e Startz (2013, p. 98).
A Figura 2(a) apresenta a curva OA Keynesiana e mostra que as empresas po-
dem expandir sua produção (oferta) na medida em que a demanda aumenta em 
dado nível de preços, em outras palavras, é possível aumentar produto (renda) 
sem que ocorra modificações no nível de preços. Como bem ressalta Dornbusch, 
Fischer e Startz (2013), na curva de oferta agregada keynesiana, o nível de preços 
não depende do PIB.
Já a Figura 2(b) apresenta a curva OA clássica, justamente contrária em con-
sequência de o nível de produto (renda) ser fixo, dado os fatores de produção e 
somente o nível de preços variar. De outra forma, se a demanda for alta em toda 
a economia e todos os fatores de produção já tiverem sido empregados, não há 
nenhuma maneira de aumentar a produção total, e o que acontece é que todos 
os preços aumentam (DORNBUSCH; FISCHER; STARTZ, 2013). 
43
Anote isso
“O modelo clássico, se interpretado literalmente, sugere que não há desem-
prego. No equilíbrio, todos os que querem trabalhar estão trabalhando. 
Mas sempre há algum desemprego. Esse nível de desemprego é devido a 
fricções no mercado de trabalho, que ocorrem pelo fato de ele estar sem-
pre em movimento. Algumas pessoas se mudam e trocam de emprego, 
outras estão à procura de emprego pela primeira vez; algumas empresas 
estão expandindo e contratando novos trabalhadores; outras perderam 
mercado e precisam demitir funcionários. Como é preciso de tempo para 
um indivíduo encontrar um novo emprego adequado, haverá sempre al-
gum desemprego friccional, enquanto as pessoas buscam por trabalho. 
Há uma parcela do desemprego associada ao nível de pleno emprego e 
ao nível de produto de pleno emprego (ou potencial) correspondente, Y*. 
Essa parcela de desemprego é chamada de taxa natural. A taxa natural de 
desemprego é a taxa de desemprego decorrente de atritos normais do 
mercado de trabalho quando ele está em equilíbrio”.
Fonte: Dornbusch, Fischer e Startz (2013, p. 100).
Demanda Agregada
Agora que já entendemos a curva de oferta agregada e seus possíveis desloca-
mentos, vamos compreender o funcionamento da curva de demanda agregada 
em uma economia de mercado. Krugman e Wells (2015) argumentam que a curva 
de demanda agregada (DA) tem uma relação negativa, isto é, na medida em que 
o preço aumenta, a quantidade demandada diminui, logo, a quantidade real que 
os agentes econômicos estão dispostos a comprar no mercado a determinado 
preço cai. 
Na mesma direção, Samuelson e Nordhaus (2012) explicam a curva DA como 
de inclinação negativa (função DA). Essa curva representa o que os agentes eco-
nômicos (famílias, empresas, estrangeiros e governo) compram nos vários níveis 
de preços agregados. Aqui, também, cabe destacar que são mantidos constantes 
44
os outros fatores que afetam a demanda agregada (ceteris paribus).
Na medida em que ocorrem variação na quantidade agregada de bens e servi-
ços demandados em decorrência de modificações (variações) no nível de preços 
agregado da economia, existe um movimento ao longo da curva de demanda 
agregada, portanto, sem deslocamento. Por outro lado, o deslocamento da curva 
da demanda agregada também é possível já que acontece através de variações na 
quantidade de bens e serviços demandados em qualquer nível de preço (KRUG-
MAN; WELLS, 2014. 
Por exemplo, um deslocamento para direita ocorre quando aumenta a quan-
tidade demandada de produto agregado em dado nível de preço. Esses fatores 
que deslocam a curva de demanda agregada são: I) variações nas expectativas; 
II) variação na riqueza; III) tamanho do estoque de capital físico; IV) política fiscal; 
V) política monetária (KRUGMAN; WELLS, 2015). 
A curva de demanda agregada representa o equilíbrio do mercado de bens e 
mercado monetário. Consequentemente, a expansão dos mercados de bens e 
serviços move a curva de demanda agregada para cima e para a direita (política 
fiscal). Já a política monetária expansionista, através do aumento real da oferta de 
moeda tem a capacidade de mover a curva demanda agregada para cima e para 
a direita (DORNBUSCH; FISCHER; STARTZ, 2013).
Através da Figura 3, a seguir, podemos fazer uma análise entre a curva de 
demanda agregada, igual para os keynesianos e clássicos e a curva de oferta 
agregada keynesiana (horizontal) e clássica (vertical). Nesse sentido, vamos iniciar 
com um aumento na demanda agregada no caso keynesiano (Figura 3a), portanto, 
deslocamento da curva DA para fora e para a direita (DA  DA’) e novo equilíbrio 
em “E’” (maior produto e mesmo preço). Isso é decorrente da disposição das 
empresas em ofertar qualquer quantidade de produto ao nível de preços “P0”, 
resultando em maior produto, emprego e mesmo nível de preço (DORNBUSCH; 
FISCHER; STARTZ, 2013).
45
Figura 3 – Expansão da demanda agregada: caso keynesiano e clássico
Fonte: Elaborado com base em Dornbusch, Fischer e Startz (2013, p. 106-107).
Na Figura 3(b) é apresentado o caso clássico com a curva de oferta agregada 
vertical no nível de produto a pleno emprego, com as empresas ofertando Y* 
(produto de equilíbrio) que não é modificado pelo nível de preços. Desse modo, 
como a Figura 3 deixa claro, os resultados são bem diferentes do primeiro modelo 
analisado, ou seja, a oferta agregada keynesiana de curto prazo, em consequência 
do nível de preços não ser dado, dependendo da interação entre oferta e deman-
da (DORNBUSCH; FISCHER; STARTZ, 2013). 
Nessa perspectiva, a curva de oferta agregada (OA) tem o equilíbrio inicial-
mente no ponto “E”, com pleno emprego. Consequentemente, o deslocamento 
da curva de demanda agregada para direita (DA  DA’) tem como impacto final 
apenas o nível de preços em “E’”. Agora vamos entender o porquê: no nível inicial 
de preços (P0), o gasto da economia aumenta para o ponto “E’”, aumentando a 
demanda agrega. Contudo, as empresas não podem obter o trabalho para gerar 
mais produto, e a oferta de produto não pode responder ao aumento da deman-
da, visto que para aumentar a oferta deve-se contratar mais trabalhadores (em 
um nível de pleno emprego) que, por sua vez, faz aumentar o salário do trabalho 
e, consequentemente aumenta os preços dos produtos (DORNBUSCH; FISCHER; 
STARTZ, 2013). 
Em suma, por essa perspectiva trabalhada ao longo do texto, os conceitos 
principais sobre a determinação da produção nacional e do nível de preços são a 
oferta agregada (OA) e a demanda agregada (DA). Como bem ressalta Samuelson 
e Nordhaus (2012), a demanda agregada é composta do total de gastos efetuados 
46
por famílias, empresas, governo e estrangeiros em uma economia, em outras 
palavras, é a produção total voluntariamente adquirida para cada nível de preço. 
Por outro lado, a oferta agregada aponta a quantidade de produto que as empre-
sas estão dispostas a produzir e ofertar no mercado (venda), dados os preços, os 
custos e as condições de mercado.
Por fim, as curvas AO e DA têm a mesma forma das curvas básicas de oferta e 
demanda de uma única empresa (microeconomia). O equilíbrio agregado ocorre 
entre a interseção de ambas as curvas, proporcionando o nível de preço e produto 
(renda) macroeconômico (SAMUELSON; NORDHAUS, 2012). 
47
POLÍTICA FISCAL
AULA 06
48
Estudante, o modelo básico de oferta e demanda agregada, principalmente 
o relacionado com os efeitos sobre a demanda agregada, dependem da política 
fiscal para compreender as possíveis movimentações que ocorrem no modelo 
de oferta agregada. Ademais, aspectos relacionados à utilização da política fiscal 
é tratadacontinuamente pelos economistas, policymakers, políticos, mídia espe-
cializada e, por vezes, até mesmo na mídia tradicional, dependendo do ambiente 
econômico do país.
A política fiscal tem um efeito rápido na economia já que seu primeiro impacto 
ocorre, justamente, no mercado de bens e serviços da economia. Essa política tem 
como base o orçamento do governo que permite o governo atuar através dos seus 
gastos, modificações no nível de tributos cobrados na economia, transferências do 
governo para as famílias. Desse modo, o orçamento do governo é sucintamente 
apresentado no Quadro 1 a seguir.
Quadro 1 – Conceitos sobre o orçamento público
Orçamento 
efetivo
“registra o valor monetário efetivo das despesas, receitas e déficits 
em um dado período.
Orçamento 
estrutural
“calcula quais as receitas, despesas e déficits do governo que ocor-
reriam se a economia estivesse funcionando ao nível do produto 
potencial”.
Orçamento 
cíclico
“é a diferença entre o orçamento efetivo e o orçamento estrutu-
ral. Quantifica o impacto do ciclo econômico sobre o orçamento, 
levando em conta o efeito do ciclo sobre as receitas, despesas e o 
déficit.
Fonte: Elaborado com base em Samuelson e Nordhaus (2012, p. 559).
Os gastos do governo dependem do orçamento que o governo tem para utilizar 
em um determinado exercício financeiro. A partir do orçamento é possível dire-
cionar o orçamento para diferentes áreas que o policymaker considera importante 
para aumentar o crescimento econômico e impulsionar o bem-estar social. Estu-
dante, lembre-se que os gastos do governo (G) pertencem à demanda agregada, 
com impacto direto no PIB.
 PIB = C + I +G + X – M (1)
Nesse contexto, o governo controla diretamente um componente da demanda 
agregada via gastos em bens e serviços na economia. Outra questão exposta na 
equação 1 é relativa aos tributos cobrados, já que modificações em seu nível im-
49
pactam sobre a renda disponível e, por consequência, no nível de consumo das 
famílias da economia. Outra forma indireta de influenciar a demanda agregada, 
pelo governo, é através de modificações na quantidade de transferências feitas 
para as famílias do país.
Isto acontece 
na prática
No Brasil, existe um caso muito emblemático de transferência feita pelo 
governo para a população em estado mais vulnerável na sociedade: o 
Bolsa-Família. Este programa foi criado em 2004 e expandido ao longo da 
década de 2000 e 2010, sendo reconhecido por diferentes órgãos inter-
nacionais como uma política eficiente de transferência de renda, impac-
tando diretamente na melhoria do bem-estar das famílias mais pobres.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Em relação ao papel dos tributos na economia, Samuelson e Nordhaus (2012, 
p. 392) apresentam de uma forma bem didática os mecanismos de impacto en-
tre modificações nos tributos, renda disponível e demanda agregada, ou seja, o 
impacto da política fiscal:
De que forma os impostos tendem a reduzir a demanda agregada e o nível do PIB? 
Impostos adicionais diminuem as nossas rendas disponíveis, e rendas disponíveis 
menores tendem a reduzir a nossa despesa em consumo. Se o investimento e as 
compras do governo se mantêm os mesmos, a redução da despesa de consumo 
tenderá a reduzir o PIB e o emprego.
Nesse contexto trabalhado, podemos dizer que a política fiscal lida com o 
lado real da economia e tem como propósito impactar a economia, através da 
demanda agregada, para modificar o nível de emprego, renda, produção e taxa 
de juros na economia. Uma forma de entender o impacto da utilização da eco-
nomia é utilizando o papel do multiplicador, que a esta altura o estudante deve 
estar familiarizado. 
Estudante, lembre-se que o multiplicador tem relação com a renda na medida 
em que aponta em quantas vezes o consumo aumento dado aumento adicional 
50
na renda. De outra forma, em uma questão agregada, o multiplicador tem rela-
ção com a política fiscal visto que é a razão de uma variação na renda nacional 
decorrente de modificações nos gastos do governo.
O multiplicador da despesa pública é o acréscimo que ocorre no Produto Inter-
no Bruto (PIB) devido ao acréscimo de uma unidade monetária nas compras do 
governo em bens e serviços. Por essa lógica, a compra inicial do governo tem a 
capacidade de colocar em movimento uma cadeia de despesas (efeito multiplica-
dor). Por exemplo: se o governo constrói uma estrada, os construtores da estrada 
gastarão parte das suas rendas em bens de consumo, o que, por sua vez, gerará 
rendas adicionais, sendo partes gastas novamente (SAMUELSON; NORDHAUS, 
2012). 
No modelo simples do multiplicador, o efeito final sobre o PIB de uma unidade 
monetária adicional do gasto do governo (G) será igual ao de uma unidade mo-
netária adicional de investimento (I), isso porque as duas variáveis proporcionam 
o mesmo impacto, dado que o multiplicador é igual a “1/(1 – PMC)”. Desse modo, 
podemos dizer que os gastos do governo em bens e serviços têm capacidade de 
influenciar o emprego e a renda na sociedade, já que o aumento em G aumenta 
mais que proporcionalmente o produto via o valor dos gastos vezes o multiplica-
dor (SAMUELSON; NORDHAUS, 2012). 
Portanto, as compras do governo têm o potencial para aumentar ou diminuir 
a produção ao longo do ciclo econômico. Através do efeito multiplicador (como 
ocorreria também via investimento). Assim, a política fiscal tem a capacidade de 
impactar nas variações do PIB ao longo do ciclo econômico, sendo este caracteri-
zado como as modificações na trajetória do PIB ao longo do tempo (SAMUELSON; 
NORDHAUS, 2012).
Outra forma de utilizar a política fiscal e impactar sobre o multiplicador é uti-
lizar dos impostos como uma forma de obter parte do aumento via efeito multi-
plicador que ocorre em cada rodada após um choque fiscal inicial via gastos do 
próprio governo, por exemplo (lembre-se que poderia ser um efeito do investi-
mento também). Isso ocorre porque da legislação tributária que faz as receitas 
públicas decorrente dos tributos aumentar automaticamente na medida em 
que o PIB aumenta. Por isso, argumenta-se que os tributos e transferências do 
governo possuem uma característica de estabilizadores automáticos (KRUG-
MAN; WELLS, 2015).
51
Impostos e algumas transferências governamentais funcionam como estabilizado-
res automáticos à medida que as receitas tributárias respondem positivamente às 
variações no PIB real e algumas transferências governamentais respondem negati-
vamente às variações no PIB real. Muitos economistas acreditam que é bom reduzir 
o tamanho do multiplicador. Por outro lado, o uso da política fiscal discricionário é 
mais controverso (KRUGMAN; WELLS, 2015, p. 337).
Desse modo, agora que entendemos a relação entre a política fiscal, atuação 
do governo diretamente na economia via impacto na demanda agregada (G) e 
o consequente efeito do multiplicador na economia, que pode ser reduzido via 
tributos cobrados que atua como estabilizador automático. Agora podemos avan-
çar para entender a movimentação gráfica dos efeitos de uma política fiscal na 
economia e seus impactos sobre o produto e preços.
Anote isso
 “As políticas keynesianas são, primeiro, a dedicação explícita dos instru-
mentos da política macroeconômica aos objetivos econômicos reais, em 
especial ao pleno emprego e ao crescimento real da renda nacional. Segun-
do, a gestão keynesiana da demanda é ativista. Terceiro, os keynesianos 
têm procurado harmonizar, de forma consistente e coordenada, a política 
fiscal e a monetária na condução dos objetivos macroeconômicos”. 
Fonte: Samuelson e Nordhaus (2012, p. 390).
Política fiscal: uma análise gráfica
Estudante, existem diferenças de análises econômicas entre o curto e longo 
prazo. Normalmente, considera-se que no longo prazo as políticas tendem a ter 
pouco impacto sobre as variáveis econômicas, enquanto que no curto prazo po-
dem modificar essas mesmas variáveis. Por isso, o foco,

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