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Serviços públicos, licitações e contratos administrativos

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DESCRIÇÃO
O estudo dos institutos jurídicos dos serviços públicos, licitações e contratos administrativos.
PROPÓSITO
A compreensão do tema referente aos serviços públicos, às licitações e aos contratos administrativos é
indispensável para todos aqueles que desejam atuar em searas profissionais que envolvam a
Administração Pública, seja na representação de um ente público, nas suas mais diversas facetas da
Administração Direta ou Indireta, ou de particulares que com essa se relacionam de maneira formal.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar este conteúdo, tenha em mãos, ou acesse via internet:
Constituição da República Federativa do Brasil de 1998 (CF/1988);
Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993;
Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002;
Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006;
Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995;
Lei nº 9.074, de 7 de julho de 1995;
Lei nº 11.079, de 30 de dezembro de 2004;
Lei nº 12.232, de 29 de abril de 2010;
Lei nº 12.462, de 4 de agosto de 2011; e
Lei nº 14.133, de 1º de abril de 2021.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Listar conceito, características, titularidade, princípios, formas de remuneração e execução,
modalidades, concessão e permissão dos serviços públicos
MÓDULO 2
Descrever natureza, fundamentos, princípios, hipóteses de dispensa e inexigibilidade, modalidades,
procedimentos, anulação, revogação, infrações e crimes administrativos das licitações
MÓDULO 3
Aplicar conceito, normatividade, sujeitos, características, espécies, cláusulas exorbitantes, extinção e
sanções nos contratos administrativos
INTRODUÇÃO
No presente conteúdo, serão abordados:
SERVIÇOS PÚBLICOS
LICITAÇÕES
CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
Os serviços públicos, em suma, abrangem o plexo de atividades atribuídas, mesmo que sem
exclusividade, ao Estado, de modo que satisfaçam, de maneira direta ou indireta, pretensões sociais
garantidas pelo nosso ordenamento jurídico.
Nessa seara, é por intermédio de determinados procedimentos que a Administração elege aquele a
quem ela irá delegar a prestação do serviço público, qual seja, a licitação, cuja etapa final é a celebração
de um contrato administrativo. A dinâmica de licitações e contratos administrativos, contudo, é muito
mais ampla, tendo muitas outras funções que não afetam a prestação de serviços públicos, servindo,
sim, como mecanismos propiciadores da concretização da vontade negocial do Estado.
MÓDULO 1
 Listar conceito, características, titularidade, princípios, formas de remuneração e execução,
modalidades, concessão e permissão dos serviços públicos
LIGANDO OS PONTOS
Como são feitas a conceituação e a classificação dos serviços públicos dentro de uma racionalidade
pública para o seu melhor gerenciamento e a aplicação de recursos? Para entendermos bem essa
questão, vamos estudar o caso dos serviços públicos prestados pela Dataprev.
A Dataprev é uma empresa pública formada na década de 1970, tendo como sócios a União, com 51%
das ações; e a autarquia federal INSS, com 49% das ações. Em seu site oficial, a Dataprev indica é uma
empresa pública, “que fornece soluções de Tecnologia da Informação e Comunicação para o
aprimoramento e a execução de políticas sociais do Estado brasileiro”.
A missão da Dataprev é prover soluções digitais para o exercício da cidadania. Ela está presente na vida
do cidadão brasileiro, fornecendo a tecnologia necessária para os programas estratégicos e sociais do
governo. A visão da empresa é “ser referência para o cidadão e o Estado na prestação de serviços
digitais para implementação de políticas públicas”.
A realização dos serviços públicos realizados pela Dataprev é na modalidade de contratação, com
execução de serviços que podem ser delegados pelo poder público. Ela atua com o fornecimento de
acesso a informações para os cidadãos via sistemas eletrônicos de informação e com a disponibilidade
de interfaces eletrônicas de comunicação entre o Estado e o cidadão. Ela atua também fornecendo
serviços de armazenamento de informações dos cidadãos relacionados ao trabalho e às demais
questões para os entes e órgãos públicos, tendo como principal cliente o governo federal, via INSS.
Como auditor interno na Dataprev, ao realizar uma das auditorias, você identificou que um dos clientes
estava com os pagamentos atrasados há mais de 90 dias, e mesmo assim, a empresa não havia
interrompido o fornecimento dos serviços de interface de comunicação entre o cliente contratante e os
cidadãos.
APÓS A LEITURA DO CASE, É HORA DE APLICAR
SEUS CONHECIMENTOS! VAMOS LIGAR ESSES
PONTOS?
1. PARA QUE O CONTROLE DAS DESPESAS PÚBLICAS SEJA REALIZADO DE
FORMA EFETIVA, É NECESSÁRIO QUE ELAS SEJAM CLASSIFICADAS DE
FORMA CORRETA E COM UMA CLASSIFICAÇÃO SIGNIFICATIVA. DENTRO
DESSAS FORMAS DE CLASSIFICAÇÃO, ALGUMAS SE REFEREM À
TITULARIDADE, À REMUNERAÇÃO E AO MODO DE EXECUÇÃO. SE VOCÊ,
COMO EMPREGADO PÚBLICO DA DATAPREV, PRECISAR CLASSIFICAR AS
DESPESAS NO ORÇAMENTO, QUAIS AS POSSIBILIDADES PARA CADA UMA
DESSAS FORMAS?
A) Exclusiva e concorrente; gratuita e remunerada; delegáveis e não delegáveis.
B) Gratuita e remunerada; delegáveis e não delegáveis; exclusiva e concorrente.
C) Exclusiva e compartilhada; gratuita e remunerada; delegáveis e não delegáveis.
D) Exclusiva e concorrente; gratuita e remunerada; delegáveis e comutável.
E) Exclusiva e compartilhada; gratuita e remunerada; delegáveis e comutável.
2. O SERVIÇO PÚBLICO DISPÕE DE UMA SÉRIE DE PRINCÍPIOS DITADOS POR
LEI E QUE TODOS OS SERVIDORES PÚBLICOS QUE LIDAM COM DESPESAS
PÚBLICAS DEVEM CONHECER. UM DESSES PRINCÍPIOS É DEFINIDO COMO
“TODOS OS USUÁRIOS QUE SATISFAÇAM OS REQUISITOS TÉCNICOS PARA A
PRESTAÇÃO DO SERVIÇO PÚBLICO DEVEM SER IGUALMENTE ATENDIDOS E
TRATADOS, APENAS SENDO PERMITIDA A DIFERENCIAÇÃO ENTRE OS
USUÁRIOS NA MEDIDA EM QUE SUAS DIFERENÇAS IMPACTEM NA
PRESTAÇÃO”. ESSE PRINCÍPIO É MUITO IMPORTANTE PARA DECISÕES QUE
DEVEM SER TOMADAS EM NOSSO DIA A DIA COMO SERVIDOR. CASO VOCÊ
PRECISE APLICAR ESSE PRINCÍPIO, QUAL SERIA O SEU NOME?
A) a) Mutabilidade do regime jurídico ou da atualidade ou da flexibilidade.
B) Continuidade dos serviços públicos.
C) Modicidade tarifária.
D) Igualdade dos usuários, ou uniformidade, ou neutralidade.
E) Universalidade ou generalidade.
GABARITO
1. Para que o controle das despesas públicas seja realizado de forma efetiva, é necessário que
elas sejam classificadas de forma correta e com uma classificação significativa. Dentro dessas
formas de classificação, algumas se referem à titularidade, à remuneração e ao modo de
execução. Se você, como empregado público da Dataprev, precisar classificar as despesas no
orçamento, quais as possibilidades para cada uma dessas formas?
A alternativa "A " está correta.
 
Os serviços públicos podem ser classificados conforme diversas características que possuem. Quando
falamos de titularidade, eles podem ser exclusivos de apenas um ente, ou concorrentes, quando vários
entes podem fornecer o serviço. Outra classificação é quanto à remuneração: nesse caso, o importante
é quem paga a conta, se a comunidade como um todo via impostos, sendo que a prestação do serviço
ao particular é gratuita, ou o próprio usuário é quem paga a conta. Por fim, temos o modo de execução,
que pode ser não delegável, exclusivo do Estado, não podendo ser delegado a outro ente ou particular,
como delegável, que pode ser executado por qualquer um que o Estado delegar.
2. O serviço público dispõe de uma série de princípios ditados por lei e que todos os servidores
públicos que lidam com despesas públicas devem conhecer. Um desses princípios é definido
como “Todos os usuários que satisfaçam os requisitos técnicos para a prestação do serviço
público devem ser igualmente atendidos e tratados, apenas sendo permitida a diferenciação
entre os usuários na medida em que suas diferenças impactem na prestação”. Esse princípio é
muito importante para decisões que devem ser tomadas em nosso dia a dia como servidor. Caso
você precise aplicar esse princípio, qual seria o seu nome?A alternativa "D " está correta.
 
Os princípios dos serviços públicos são importantes para guiar os entes e servidores públicos na
abordagem e execução desses serviços. Partindo deles, podemos entender como a gestão pública vai
se organizar para prestar esses serviços de maneira mais justa possível. É baseado na justiça social e
na dignidade humana que os princípios devem ser aplicados, gerando resultados excelentes para a
população, para o cidadão, alvo principal da gestão pública.
3. COMO VOCÊ, NA POSIÇÃO DE AUDITOR INTERNO NA
DATAPREV, AO SE DEPARAR COM O ACHADO DE QUE UM
DOS CLIENTES ESTAVA COM OS PAGAMENTOS
ATRASADOS HÁ MAIS DE 90 DIAS, E MESMO ASSIM, A
EMPRESA NÃO HAVIA INTERROMPIDO O FORNECIMENTO
DOS SERVIÇOS DE INTERFACE DE COMUNICAÇÃO ENTRE
O CLIENTE CONTRATANTE E OS CIDADÃOS,
RECOMENDARIA AO SETOR DE CONTRATOS QUE
PROCEDESSE NESSE CASO? JUSTIFIQUE A SUA
RESPOSTA.
RESPOSTA
Espelho de resposta
A recomendação como auditor interno é que o setor de contratos deveria manter o fornecimento dos serviços
ao cidadão e deveria empreender um esforço extra para receber os valores do contrato. Segundo o princípio
da continuidade, os serviços públicos não podem ser interrompidos de forma arbitrária sem prévio esforço por
parte do ente para a solução de possíveis problemas que ocorram. Esse princípio é tão importante, que o
ente pode até mesmo tomar os bens do executante para que não haja interrupção nos serviços públicos.
SERVIÇOS PÚBLICOS – CONCEITO
Antes de abordarmos o conceito de serviços públicos em si, devemos compreender que o instituto nada
mais significa do que o conjunto de certas atividades. E que atividades seriam essas? As atividades
prestacionais, pelas quais se empregam recursos escassos, tendo como finalidade a satisfação de
necessidades humanas, ou seja, uma atividade de natureza econômica.
Seriam então os serviços públicos uma atividade econômica como outra qualquer ou haveria distinções?
Vejamos uma distinção:
ATIVIDADES ECONÔMICAS
ATIVIDADE ILÍCITA
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ATIVIDADES ECONÔMICAS
As atividades econômicas em sentido estrito seriam aquelas de titularidade do setor privado, só podendo
ser exercidas pelo Estado em três hipóteses:
Quando a lei definir tais atividades como necessárias aos imperativos da segurança nacional.
Quando a lei definir tais atividades como necessárias ao coletivo relevante.
Nos demais casos em que a Constituição de 1988 (CF/1988) assim dispuser.
ATIVIDADE ILÍCITA
Já a atividade ilícita seria toda aquela cuja legislação veda seu exercício.
Tendo sido compreendidas essas duas espécies (atividade econômica em sentido estrito e atividade
ilícita), partamos para a última das espécies, o serviço público.
O serviço público não se trata de uma atividade econômica com um traço distintivo das demais pela sua
própria natureza, mas, sim, em virtude de tal atividade ter sido considerada em determinado momento
histórico, na CF/1988 ou na lei, como de suma importância aos olhos da coletividade, não sendo
possível legar a sua satisfação aos mecanismos tradicionais da livre-iniciativa privada (ARAGÃO, 2013).
Munidos da noção geral por trás dos serviços públicos, podemos partir para sua efetiva conceituação. A
questão é turva, não havendo ainda na doutrina nacional um consenso acerca do tema. No entanto, uma
das formas de classificar os sentidos de serviço público extraíveis da CF/1988 é aquela na qual as
concepções existentes, de acordo com Aragão (2013, p. 120-124), poderiam ser divididas da seguinte
forma:
 
Imagem: Pixabay
CONCEPÇÃO AMPLÍSSIMA
O serviço público seria toda e qualquer prestação do Estado, ou teria como sentido a própria
Administração Pública (tal concepção remete à escola clássica francesa dos serviços públicos).
 
Imagem: Pixabay
CONCEPÇÃO AMPLA
O serviço público corresponderia às atividades prestacionais do Estado em geral voltadas à coletividade,
independentemente da titularidade, mesmo quando não for possível cobrar individualmente de seus
destinatários. Não se inserem aqui apenas o exercício do poder de polícia – atividade restritiva da
liberdade privada – e o fomento – atividade de incentivo para que a atuação privada se dê na maneira
idealizada pela Administração.
 
Imagem: Pixabay
CONCEPÇÃO RESTRITA
O serviço público abarca as atividades do Estado prestadas a determinados indivíduos e cuja fruição
possa ser individualizada – ou seja, aqui não são consideradas como públicos os serviços uti universi.
 
Imagem: Pixabay
CONCEPÇÃO RESTRITÍSSIMA
É oriunda de uma interpretação conjunta dos arts. 145, II, e 175 da CF/1988, que estabelecem que os
serviços públicos devem ser remunerados por taxa ou tarifa – ou seja, apenas os serviços que
pudessem ter uma contraprestação individualizada e quantificada, e cuja titularidade fosse exclusiva do
Estado. Para além dos serviços uti universi, aqui também restariam excluídos os serviços sociais, visto
que sua titularidade não é exclusiva do Estado.
UTI UNIVERSI
Serviços públicos gerais prestados à coletividade como um todo.
Tem prevalecido no Brasil uma concepção ampla, considerando serviço público toda atividade:
Clique nas setas para ver o conteúdo. Objeto com interação.
Que vise à satisfação de necessidades individuais ou coletivas que atendam a um direito fundamental.
Cuja responsabilidade por sua prestação foi atribuída pela CF/1988 ou pela lei dentro das possibilidades
constitucionalmente previstas ao Estado.
Que obrigatoriamente assim o provenha ou garanta seu provimento por terceiros.
Sob regime jurídico, ao menos parcialmente, de direito público.
SERVIÇOS PÚBLICOS – CARACTERÍSTICAS
A doutrina majoritária no Brasil entende que três seriam os elementos, ou características, que
comporiam os serviços públicos:
SUBJETIVO
O serviço público é atribuído, por força de lei ou da própria CF/1988, ao Estado, podendo ser prestado
direta ou indiretamente pelos particulares por meio de delegação (por concessão ou permissão).
FORMAL
Refere-se ao regime jurídico ao qual o serviço público é prestado, uma escolha que sempre recai sobre
o legislador, ou seja, deve-se verificar o que a lei prevê para cada caso.
 
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Como regra, quando os serviços prestados não tiverem uma natureza comercial ou industrial, então o
regime jurídico será de direito público. Já quando os serviços prestados tiverem natureza comercial ou
industrial, então teremos a incidência de um regime híbrido, que ora pode ser predominantemente
privado ora predominantemente público. Porém, sempre incidirão sobre as entidades prestadoras de
serviços públicos os mesmos princípios que incidem sobre a Administração Pública, o que sempre
conferirá um regime jurídico, ao menos parcialmente, de direito público.
MATERIAL
O serviço público se trata de uma atividade que busca o atingimento do interesse público primário, o
bem-estar da coletividade, estando sempre atrelado, mesmo que de maneira indireta, à satisfação de
um direito fundamental.
SERVIÇOS PÚBLICOS – CLASSIFICAÇÃO
A doutrina classifica os serviços públicos no tocante a diversos critérios, como veremos a seguir.
QUANTO AOS DESTINATÁRIOS: UTI SINGULI E UTI
UNIVERSI
Os serviços públicos uti singuli são aqueles que têm por finalidade a satisfação de determinados
usuários, ou seja, a sua fruição é individualizada e quantificável, podendo-se mensurar quais foram
os beneficiários daquele serviço, e em que nível cada um deles usufruiu da prestação.
UTI SINGULI
São os que têm usuários determinados e utilização particular e mensurável para cada destinatário,
como ocorre com o telefone, a água e a energia elétrica domiciliares (MEIRELLES, 2007).
 EXEMPLO
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Podemos citar o fornecimento de água, luz elétrica, gás, transporte público, telefonia. A forma de
remuneração de tais serviços pode se dar por tarifa, no caso de regime contratual – quando prestado
por delegatários, ou diretamente pelo Estado, mas sem o exercício do poder de autoridade estatal –, ou
por taxa, nocaso de regime tributário – prestação direta por parte do Estado, no exercício da autoridade
estatal.
 
Foto: Pixabay
Os serviços públicos uti universi são os prestados à coletividade, sem a possibilidade:
DE SE INDIVIDUALIZAR OS USUÁRIOS.
&
DE QUANTIFICAR A FRUIÇÃO POR CADA UM DELES
Em se tratando de serviços indivisíveis, o seu custeio será realizado, via de regra, por meio de
impostos. São exemplos: a iluminação pública e o saneamento.
 
Foto: Pixabay
QUANTO AO OBJETO: ADMINISTRATIVOS,
COMERCIAIS (OU INDUSTRIAIS) E SOCIAIS
Quanto ao objeto, os serviços públicos podem ser:
 
Imagem: Shutterstock.com
ADMINISTRATIVOS
São aqueles serviços orgânicos à própria Administração Pública, ou seja, que são prestados para suprir
suas necessidades internas ou visando conceber serviços externos a ser prestados ao público (por
exemplo, imprensa oficial para divulgação de atos administrativos).
 
Imagem: Shutterstock.com
COMERCIAIS OU INDUSTRIAIS
São aqueles destinados ao atendimento das necessidades coletivas da ordem econômica, podendo ser
prestados direta ou indiretamente pelo Estado.
 
Imagem: Shutterstock.com
SOCIAIS
São aqueles em que é indispensável que o Estado atue para atender às necessidades coletivas de
caráter social (vinculadas aos direitos fundamentais sociais). Tais serviços, vale destacar, não possuem
titularidade exclusivamente estatal, ou seja, os particulares (iniciativa privada) podem concorrer para a
sua prestação sem que seja necessária qualquer delegação (concessão ou permissão) por parte do
Estado, bastando, por vezes, mera autorização. São exemplos: saúde (art. 199 da CF/1988), educação
(art. 209 da CF/1988), assistência social (art. 204, I, in fine, e II da CF/1988) e previdência social (art.
202 da CF/1988).
QUANTO À TITULARIDADE: PRÓPRIOS OU
IMPRÓPRIOS
No que tange à titularidade, os serviços públicos podem ser:
 
Foto: Shutterstock.com
PRÓPRIOS
São os serviços nos quais consta o requisito da publicatio (publicização). Em suma, atendem aos
interesses da coletividade e o Estado se responsabiliza pela sua prestação, direta ou indiretamente (por
meio de concessão ou permissão).
 
Foto: Shutterstock.com
IMPRÓPRIOS
Trata-se dos serviços de interesse social não titularizados (não com exclusividade) pelo Estado, ou seja,
atividades privadas que, em virtude de sua relevância para a coletividade, são apenas reguladas pelo
Estado, mas exercidas pela iniciativa privada. Para exercer tais serviços (apenas virtualmente públicos),
devem os particulares: requerer a devida autorização; observar a regulamentação setorial; e se
submeter à fiscalização por parte do Estado. Ou seja, a denominação serviços públicos, em verdade,
seria imprópria. A única similaridade dessas atividades com os serviços públicos é que ambas atentam
ao interesse geral. São exemplos: serviço de táxi, serviço de despachante.
QUANTO AO MODO DE EXECUÇÃO: DELEGÁVEIS
OU INDELEGÁVEIS
Com relação ao modo de execução, os serviços públicos podem ser:
 
Foto: Pixabay
DELEGÁVEIS
São aqueles cujo ordenamento jurídico dispõe que podem ser prestados tanto pelo Estado quanto pelos
particulares (por exemplo, serviço de transporte coletivo, serviço funerário etc.).
 
Foto: Pixabay
INDELEGÁVEIS (ESSENCIAIS)
São aqueles que devem ser prestados diretamente pelo Estado, não admitindo a sua delegação aos
particulares (por exemplo, serviços de segurança nacional e interna, serviço judiciário etc.).
TITULARIDADE
A titularidade dos serviços públicos pode ser exclusiva ou não do Estado (ARAGÃO, 2013, p. 154-155),
que, entretanto, será sempre responsável por assegurar a sua prestação (de maneira direta ou indireta).
Quanto à titularidade exclusiva ou concorrente (não exclusiva):
EXCLUSIVA
Entre os serviços de titularidade exclusiva do Estado, temos aqueles que somente podem ser prestados
pelos particulares mediante delegação (concessão ou permissão).
CONCORRENTE (NÃO EXCLUSIVA)
Já aqueles onde a titularidade é concorrente, ou não exclusiva, basta aos particulares mera autorização
e consequente submissão ao poder de polícia estatal quanto à fiscalização do cumprimento de normas
setoriais.
PRINCÍPIOS
A doutrina nacional costuma elencar cinco princípios próprios ao instituto dos serviços públicos:
 
Foto: Pixabay
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javascript:void(0)
CONTINUIDADE DOS SERVIÇOS PÚBLICOS
Os serviços públicos não devem ser interrompidos. Isso não impede, entretanto, a suspensão da
prestação em relação a alguns usuários que não cumpram os requisitos técnicos para receber a
prestação, como o fornecimento de energia elétrica, que pode ser suspenso no caso de o usuário não
dispor do aparelhamento adequado para se conectar ao sistema público de distribuição. Já no caso dos
serviços públicos uti singuli e compulsórios (ex.: taxa de bombeiro), sua remuneração se dá por meio de
tributo (taxa), ou seja, não há opção por parte do particular em contratar ou não a prestação do serviço,
e em virtude disso não é lícita a interrupção em caso de inadimplemento – para eles, a Fazenda Pública
deve se utilizar dos seus meios próprios de cobrança da dívida. Também é permitida a interrupção do
serviço, após aviso prévio, por questões de ordem técnica, ou sem aviso prévio, em virtude de eventos
inesperados e emergenciais.
 
Foto: Shutterstock.com
IGUALDADE DOS USUÁRIOS, OU UNIFORMIDADE, OU
NEUTRALIDADE
Todos os usuários que satisfaçam os requisitos técnicos para a prestação do serviço público devem ser
igualmente atendidos e tratados, apenas sendo permitida a diferenciação entre os usuários na medida
em que suas diferenças impactem na prestação (ex.: cobrança de tarifas maiores para caminhões e
menores para automóveis de passeio em rodovias operadas por concessionários).
 
Foto: Pixabay
MUTABILIDADE DO REGIME JURÍDICO OU DA ATUALIDADE
OU DA FLEXIBILIDADE
Segundo esse princípio, o regime de prestação serviço deve se adaptar às mudanças sociais e
tecnológicas que afetam a sua prestação. Desse modo, de forma a manter o serviço público sempre
atual, e se alcançar a melhor prestação possível, beneficiando também os interesses mais recentes da
coletividade, concede-se a prerrogativa de alteração unilateral dos contratos de concessão de serviços
púbicos por parte do poder público concedente.
 
Foto: Shutterstock.com
MODICIDADE TARIFÁRIA
Os serviços públicos devem ser remunerados a preços módicos, não sendo a finalidade de sua
prestação a produção de riquezas. Ademais, o valor cobrado de seu usuário deve ser proporcional ao
custo do serviço prestado. Desse modo, permite-se que o maior número de pessoas possa se tornar
beneficiário de serviços públicos. Há de se destacar que o legislador poderá eventualmente estabelecer
a gratuidade para certos serviços públicos ou a isenção para alguns segmentos de usuários (ex.:
transporte público gratuito para idosos).
 
Foto: Pixabay
UNIVERSALIDADE OU GENERALIDADE
Os serviços públicos devem ser disponibilizados ao maior número de pessoas possível. Esta deve ser
uma meta constante: ampliar a base de seus potenciais beneficiários. Observa-se a incidência de tal
princípio em setores regulados, nos quais as agências reguladoras impõem aos delegatários de serviço
público metas de universalização (ex.: a atuação da Agência Nacional de Telecomunicações – Anatel –
em relação às concessionárias de serviço de telefonia).
No vídeo a seguir, o professor Filipe Fonseca comenta sobre serviços públicos, suas características
fundamentais e seus princípios. Vamos assistir!
REMUNERAÇÃO
Os serviços públicos podem ser:
 
Imagem: Shutterstock.com
Gratuitos
São, em regra, os sociais, tais como os serviços de educação, de saúde e de apoio a grupos em
vulnerabilidade socioeconômica.
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Imagem: Shutterstock.com
Remunerados
São aqueles em que se exige um pagamento por parte do usuário em virtude do seu gozo.
Nos serviços públicos remunerados, a remuneração varia:
Clique nas setas para ver o conteúdo. Objeto cominteração.
Em sendo um serviço público compulsório e uti universi, será remunerado por imposto (ex.: serviço de
limpeza pública consistente em varrição, capinação dos logradouros públicos etc.).
Em sendo um serviço público compulsório e uti singuli, será remunerado por taxa (ex.: serviço de coleta
individual regular dos resíduos sólidos).
Em sendo um serviço público cuja fruição seja facultativa, então a remuneração se dará por tarifa (ex.:
serviço de coleta de lixo extraordinário, para aqueles usuários que produzem resíduos em alta
quantidade e superior à produção normal).
CONCESSÃO E PERMISSÃO
Os serviços públicos podem ser prestados de forma direta (centralizada) ou indireta (descentralizada),
por meio de descentralização por outorga ou por delegação.
Tanto a concessão quanto a permissão encontram a sua fonte normativa primária na própria CF/1988,
vide art. 175, caput. Do referido artigo, extraem-se alguns princípios aplicados às concessões que
devem contar na lei reguladora do instituto:
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Obrigatoriedade de licitação
Regime jurídico específico
Direito dos usuários
Política tarifária
Obrigação de manter serviço adequado
MODALIDADES
A concessão de serviços públicos é uma forma de prestação indireta, por meio de delegação negocial.
Em suma, estas seriam as modalidades de concessão:
Concessão comum (regulada pela Lei nº 8.987/1995)
• concessão de serviços públicos; e 
• concessão de serviços públicos precedida de obra pública.
&
Concessão especial/parceria público-privada (PPP) (regulada pela Lei nº 11.079/2004)
• concessão patrocinada; e 
• concessão administrativa.
CONCESSÃO COMUM
AUTORIZAÇÃO LEGISLATIVA
O art. 175 da CF/1988 diz que incumbe ao poder público prestar o serviço público “na forma da lei”. A
doutrina majoritária entende que:
Clique nas setas para ver o conteúdo. Objeto com interação.
Quando o serviço for prestado pela Administração Pública Indireta, em virtude do princípio da reserva
legal, é necessária autorização legal na lei que criou ou autorizou a criação da entidade.
Quando o serviço for prestado por particular, em virtude do art. 2º da Lei nº 9.074/1995, deve haver
prévia autorização legislativa (também estabelecendo as condições da delegação), dispensada lei
autorizativa nos casos de saneamento básico e limpeza urbana e nos já referidos na CF/1988, nas
constituições estaduais e nas leis orgânicas do Distrito Federal e municípios.
REMUNERAÇÃO
O concessionário, em regra, será remunerado pela cobrança de tarifa (espécie do gênero preço público)
do usuário, que terá como valor aquele constante da proposta vencedora da licitação, garantida ao
concessionário a preservação de seu valor ao longo do tempo pelas regras de revisão e reequilíbrio
econômico-financeiro previstas na Lei nº 8.987/1995, no edital de licitação e no respectivo contrato de
concessão.
 
Foto: Pixabay
Deve-se destacar que a jurisprudência admite a cobrança de “tarifas básicas”, que seriam um valor
mínimo cobrado do usuário, mesmo que ausente o uso do serviço, em virtude dos custos de
disponibilização do serviço. Esse é o caso, por exemplo, dos serviços de telefonia fixa (vide Súmula 356
do STJ) e de saneamento.
Adicionalmente, conforme previsto no art. 11 da Lei, o poder concedente (Administração Pública) poderá
prever no edital de licitação, em favor do concessionário, a possibilidade de outras fontes de
remuneração provenientes de receitas alternativas, com vistas a favorecer a modicidade das tarifas.
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SÚMULA 356 DO STJ
É legítima a cobrança da tarifa básica pelo uso dos serviços de telefonia fixa.
LICITAÇÃO
O procedimento licitatório é regido pelos arts. 14 a 22 da Lei nº 8.987/1995, e apenas subsidiariamente
pela Lei nº 14.133/2021. Vejamos:
MODALIDADE DA LICITAÇÃO
A modalidade indicada na lei é a concorrência ou diálogo competitivo (arts. 2º, II e III, e 14), sendo
também obrigatória para os estados, Distrito Federal e municípios.
No tocante à privatização de estatais federais (com a respectiva outorga de nova concessão ou
prorrogação da vigente), a Lei nº 9.074/1995 determinou a modalidade leilão de quotas ou ações,
devendo ser leiloada uma quantidade mínima de quotas ou ações que assegure a transferência do
controle da empresa.
 
De forma excepcional, a doutrina reconhece a possibilidade de delegação de serviços públicos sem a
realização de licitação, em alguns dos casos de dispensa e no caso de inexigibilidade.
EMPRESAS ESTATAIS COMO LICITANTES
A Lei nº 14.133/2021, em seu art. 1º, § 1º, expressamente afastou a sua aplicação às estatais. Ademais,
as empresas estatais já não estavam sujeitas ao regime da Lei nº 8.666/1993, mesmo diante da
previsão contida no parágrafo primeiro de seu art. 1º, visto que a Lei nº 13.303/2016 (“Lei das Estatais”)
passou a disciplinar, em seus arts. 28 a 84, a realização de licitações e contratos no âmbito das
empresas públicas e sociedades de economia mista, deixando a cargo da Lei nº 8.666/1993 apenas
uma aplicação subsidiária, ou quanto às normas penais e aos critérios de desempate.
 
Em relação ao procedimento licitatório, a Lei nº 9.074/1994, em seu art. 32, trouxe novo permissivo de
dispensa de licitação para as estatais, que participando de concorrência para concessão e permissão de
serviço público na condição de licitantes necessitem colher preços de bens ou serviços fornecidos por
terceiros, e, assim, assinar pré-contratos.
CONTRATO DE CONCESSÃO COMUM
As cláusulas essenciais ao contrato de concessão estão previstas no art. 23 da Lei nº 8.987/1995.
 
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PRAZO
Os contratos de concessão de serviço público devem respeitar o prazo estabelecido nos arts. 2º, II e III,
18, I e 23, I da Lei nº 8.987/1995. O prazo máximo deve ser estabelecido por legislação específica de
cada ente federativo, ou não existindo, pelo próprio poder concedente.
 
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PRORROGAÇÃO DO CONTRATO
• Apenas por decisão da Administração Pública concedente, não sendo possível a prorrogação em
virtude de lei. 
• Apenas quando a possibilidade esteja prevista de maneira objetiva e criteriosa no edital e na minuta de
contrato – à exceção da prorrogação como medida de recomposição do equilíbrio econômico-financeiro
do contrato.
 
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SUBCONTRATAÇÃO
É permitida, porém a concessionária mantém a responsabilidade exclusiva pela correta prestação do
serviço (art. 25, § 1º, da Lei nº 8.987/1995).
 
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SUBCONCESSÃO
Ocorrerá quando: 
• Houver previsão no contrato. 
• O poder concedente autorizar. 
• For realizada licitação na modalidade concorrência (art. 26, § 2º, da Lei nº 8.987/1995)
 
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TRANSFERÊNCIA DA CONCESSÃO OU DO CONTROLE
ACIONÁRIO DA CONCESSIONÁRIA
É possível após anuência do poder concedente (art. 27 da Lei nº 8.987/1995), desde que a nova
concessionária atenda a todos os requisitos técnicos e venha a aderir os termos do contrato de
concessão.
INTERRUPÇÃO DO SERVIÇO PÚBLICO EM VIRTUDE DE
INADIMPLEMENTO DO USUÁRIO
A doutrina e a jurisprudência majoritária são no sentido de que é possível a suspensão do serviço
público nessa hipótese, em vista que a Lei nº 8.987/1995 (art. 6º, § 3º, II) é considerada norma especial
em relação ao Código de Defesa do Consumidor (CDC) (art. 22 da Lei nº 8.078/1990).
Duas, entretanto, são as hipóteses em que mesmo havendo inadimplemento por parte do usuário a
prestação do serviço público não poderá ser interrompida:
Quando o usuário for o próprio poder público na condição de prestador de serviços essenciais à
população.
OU
Quando houver risco de lesão ao núcleo rígido de direitos fundamentais dos particulares (ex.:
fornecimento de energia elétrica para pessoa que sobrevive com auxílio de aparelhos médicos elétricos).
“As concessionárias somente podem deixar de fornecer energia elétrica a entes públicos inadimplentes
quando não houver prejuízoà continuidade dos serviços públicos essenciais. Isso porque o interesse da
coletividade deve ser ponderado ante a aplicação das disposições normativas que possibilitam a
interrupção do fornecimento de energia elétrica quando, após aviso, permanecer inadimplente o usuário”
(STJ, Primeira Turma, AgInt no REsp 1814096/SE, rel. min. Sérgio Kukina, DJe 11/11/2019).
EXTINÇÃO DA CONCESSÃO
As formas de extinção constam do art. 35 da Lei nº 8.987/1995:
 
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ADVENTO DO TERMO CONTRATUAL
Fim do prazo da concessão.
 
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ENCAMPAÇÃO
Retomada do serviço pelo poder concedente, por razões de interesse público, dependente de lei
autorizativa específica, e após quitação de indenizações à concessionária.
 
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CADUCIDADE
Inexecução total ou parcial do contrato de concessão, constatada mediante a instauração de processo
administrativo, e declarada por meio de decreto, sendo pagas eventuais indenizações em razão de
reversibilidade de bens somente a posteriori.
 
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RESCISÃO
Inadimplemento do contrato pelo poder concedente; não havendo acordo, declara-se por sentença
judicial – vale destacar que a concessionária não pode alegar a “exceção do contrato não cumprido”,
visto o princípio da continuidade dos serviços públicos, cabendo a suspensão da execução do serviço
apenas quando amparada por decisão judicial liminar, em hipóteses em que a própria sobrevivência da
concessionária esteja ameaçada pelo inadimplemento.
 
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ANULAÇÃO
Extinção em virtude de ilegalidade no procedimento licitatório ou contrato de concessão, sendo
declarada pela via de processo administrativo, em função do poder de autotutela da Administração
Pública, pela via judicial. Na hipótese de a concessionária não ter colaborado para a ilegalidade e ter
agido de boa-fé, deve ser indenizada pelo poder concedente, vide art. 59 da Lei nº 8.666/1993.
 
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FALÊNCIA OU EXTINÇÃO DA CONCESSIONÁRIA
Para além das hipóteses previstas na lei, deve-se admitir ainda a extinção do contrato por:
DISTRATO (ACORDO ENTRE AS PARTES)
MOTIVO DE FORÇA MAIOR
DESAPARECIMENTO DO OBJETO DO CONTRATO
REVERSIBILIDADE DOS BENS AFETOS AO SERVIÇO
PÚBLICO PRESTADO
Trata-se da transferência ao poder concedente, ao término do contrato de concessão, dos bens do
concessionário que estejam afetos à continuidade do serviço público concedido (arts. 35 e 36 da Lei nº
8.987/1995).
Tais bens, entretanto, devem ser indicados tanto no edital quanto no contrato de concessão (arts. 18, X
e XI, e 23 da Lei nº 8.987/1995). Quanto a tal evento, deve-se aferir quais bens não foram amortizados
pela execução do serviço até o fim do termo contratual, para que então se proceda à indenização da
concessionária.
RESPONSABILIDADE CIVIL
Na forma do disposto no art. 37, § 6º, da CF/1988, as concessionárias se submetem ao regime de
responsabilidade civil objetiva, sendo a vítima da conduta ilegal cometida usuária ou não do serviço
público prestado.
CONCESSÃO ESPECIAL
A Lei nº 11.079/2004 consagrou o instituto da PPP. Trata-se de solução adotada em vista:
Clique nas setas para ver o conteúdo. Objeto com interação.
Do esgotamento dos recursos financeiros do Estado para cumprir com a prestação de serviços públicos
e realização de grandes obras.
Da demanda por uma prestação eficiente da atividade, que efetivamente remunerasse os custos pelo
seu adimplemento.
Do princípio da subsidiariedade, onde seria priorizada a atuação do Estado apenas em searas
essenciais não atendidas de maneira adequada e suficiente pela iniciativa privada.
ESPÉCIES DE CONCESSÃO ESPECIAL
Vejamos:
CONCESSÃO PATROCINADA
CONCESSÃO ADMINISTRATIVA
CONCESSÃO PATROCINADA
“É a concessão de serviços públicos ou obras públicas de que trata a Lei nº 8.987/1995, quando
envolver, adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários, contraprestação pecuniária do parceiro público
ao parceiro privado” (art. 2º, parágrafo primeiro). Ou seja, aqui o parceiro privado (concessionária) é
remunerado por tarifa e dinheiro do orçamento público, podendo ainda incidir as demais formas
previstas no art. 6º da lei.
CONCESSÃO ADMINISTRATIVA
“É o contrato de prestação de serviços de que a Administração Pública seja usuária direta ou indireta,
ainda que envolva execução de obra ou fornecimento e instalação de bens” (art. 2º, § 2º, da lei nº
8.987/1995). Aqui a concessionária não é remunerada por tarifa, mas apenas por verbas advindas do
orçamento público. Tem-se como objeto de concessão a prestação de serviços públicos ou serviços
administrativos (atividades privadas) ao Estado. Quando tem como objeto a prestação de serviços
públicos, a Administração Pública é apenas uma usuária indireta, sendo a coletividade a usuária direta
do serviço. Quando o objeto for a prestação de serviços administrativos, a Administração pública se
torna a usuária direta e a coletividade usuária indireta dos serviços.
PERMISSÃO
Com o advento da CF/1988, mais especificamente em virtude da redação de seu art. 175, parágrafo
único, previu-se que a permissão de serviços públicos deveria levar em conta “o caráter especial de seu
contrato”.
Mais ainda, a Lei nº 8.987/1995 estabeleceu, em seu art. 40, que a permissão de serviço público deveria
ser formalizada mediante “contrato de adesão”, ou seja, segundo o ordenamento jurídico, a natureza da
permissão de serviços públicos seria de contrato administrativo de adesão, tal qual o contrato de
concessão.
Decorre do texto legal definidor de ambos os institutos, incisos II e IV do art. 2º da Lei nº 8.987/1995,
apenas três diferenças:
1
A concessão pode ser contratada apenas com pessoa jurídica ou com consórcio de empresas, enquanto
a permissão pode ser contratada também com pessoa física, mas não com consórcio de empresas.
2
A modalidade de licitação no tocante à concessão deve ser a concorrência ou o diálogo competitivo, e
em relação à permissão pode ser adotada qualquer modalidade.
3
Precariedade do instrumento que formaliza a permissão, o que parece contraditório visto a sua natureza
contratual.
 ATENÇÃO
Veja que, mesmo se considerássemos a permissão como um contrato por prazo indeterminado, o
Código Civil (CC), em seu art. 720, ainda assim condicionaria a resilição ao aviso prévio de 90 dias.
Portanto, a resilição do contrato de permissão pela Administração Pública, mesmo que por razões de
interesse público, a obrigaria a indenizar o permissionário.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. AS PPP CONSTITUEM MODALIDADE CONTRATUAL INTRODUZIDA NO
ORDENAMENTO JURÍDICO PÁTRIO COMO ESPÉCIES DO GÊNERO
CONCESSÃO, NOS TERMOS DA LEI FEDERAL Nº 11.079/2004. ASSIM, DE
ACORDO COM O MARCO LEGAL VIGENTE DESDE ENTÃO:
A) Os contratos de concessão de serviços públicos que envolvem o pagamento de tarifa pelo usuário e
contraprestação pecuniária pelo poder público enquadram-se como concessão patrocinada, admitindo,
ainda, aportes de recursos pelo parceiro público destinados a investimentos em bens reversíveis.
B) A denominada concessão administrativa substituiu a anterior concessão comum, que era regida
exclusivamente pela Lei Federal no 8.987/1995, tendo sido introduzidas disposições contratuais
obrigatórias para todas as concessões, tais como prazo contratual mínimo de 5 e máximo de 35 anos.
C) Restou vedada a assunção, pelo poder público, de riscos contratuais decorrentes de caso fortuito ou
força maior, que passam a ser alocados obrigatoriamente ao parceiro privado, assegurando-se a este o
reequilíbrio econômico-financeiro do contrato apenas na hipótese de álea econômica extraordinária.
D) Estabeleceu-se um valor mínimo para os contratos de concessão patrocinada e concessão comum,
de R$10.000.000,00 (dez milhões de reais), abaixo do qual somente se admite a contratação sob a
forma de concessão administrativa.
E) Restou expressamente vedado o pagamento de contraprestação pelo poder público antes da fruição
integral do serviço objeto daconcessão patrocinada, sendo autorizado aporte de recursos pelo poder
público, no ritmo de execução de obras, apenas na modalidade concessão administrativa.
2. O FORNECIMENTO DE ÁGUA:
A) É um serviço de utilidade pública, uti universi e delegável.
B) Pode ter a respectiva taxa alterada pelo concessionário, que poderá considerar aspectos
mercadológicos para estabelecer o novo patamar a ser cobrado.
C) É um serviço de utilidade pública que não pode ser prestado por pessoa jurídica de direito privado
que não integre a Administração Pública.
D) Não poderá gerar cobrança vinculada de tarifa mínima, sendo imperiosa a correspondência com o
efetivo consumo.
E) Poderá gerar cobrança distinta de acordo com as categorias de usuários e faixas de consumo.
GABARITO
1. As PPP constituem modalidade contratual introduzida no ordenamento jurídico pátrio como
espécies do gênero concessão, nos termos da Lei Federal nº 11.079/2004. Assim, de acordo com
o marco legal vigente desde então:
A alternativa "A " está correta.
 
A PPP é o contrato administrativo de concessão, na modalidade patrocinada ou administrativa.
Conforme prevê o art. 2º, parágrafo 1º, da Lei nº 11.079/2004, “concessão patrocinada é a concessão de
serviços públicos ou de obras públicas de que trata a Lei nº 8.987/1995, quando envolver,
adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários, contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro
privado”.
2. O fornecimento de água:
A alternativa "E " está correta.
 
Essa opção reproduz a literalidade da Súmula nº 407 do STJ: “É legítima a cobrança da tarifa de água,
fixada de acordo com as categorias de usuários e as faixas de consumo”.
MÓDULO 2
 Descrever natureza, fundamentos, princípios, hipóteses de dispensa e inexigibilidade,
modalidades, procedimentos, anulação, revogação, infrações e crimes administrativos das
licitações
LIGANDO OS PONTOS
As compras públicas são realizadas, em geral, por meio de licitações, as quais devem seguir uma gama
de princípios e regras para alcançar o seu objetivo, que é dar isonomia entre os concorrentes e gerar o
menor custo/ benefício para a gestão pública. Para entendermos essa questão das licitações, vamos
estudar o caso da licitação do serviço de assessoria financeira para investimentos contratado pelo
SBCPREV.
O SBCPREV é uma autarquia municipal que cuida da gestão das aposentadorias e pensões dos
servidores públicos do município de São Bernardo do Campo. O objetivo principal da autarquia é
assegurar os direitos previdenciários aos servidores municipais por ela abrangidos e seus dependentes,
mediante gestão participativa, com ética, profissionalismo e responsabilidade social.
Para cumprir com a legislação relativa à transparência, o SBCPREV mantém um portal com todas as
informações de sua gestão. Nesse portal, temos uma aba de licitações que apresenta todos os
processos de licitação em andamento e já concluídos, inclusive os que já tiveram contrato assinado e
em execução.
Nessa aba, que é pública, ou seja, aberta aos cidadãos e aos demais órgãos de fiscalização, como o
TCE-SP e a própria prefeitura de São Bernardo do Campo, via o seu representante, que é o legislativo
municipal, pode-se acessar todas as informações relevantes sobre as licitações realizadas pelo
SBCPREV, inclusive nas modalidades convite, dispensa de licitação, com inexigibilidade, pregões
eletrônicos e tomadas de preço.
Um cidadão, ao acessar essa aba e realizar uma conferência das licitações realizadas com
inexigibilidade de licitação, percebeu que o processo não seguiu todos os passos exigidos, e além disso,
o objeto licitado não permitiria a utilização dessa modalidade de licitação. Com essa informação
apurada, o cidadão fez uma denúncia ao TCE-SP que enviou uma auditoria para verificar se o processo
da licitação estava correto e se a modalidade escolhida se encaixava ao objeto da Licitação.
APÓS A LEITURA DO CASE, É HORA DE APLICAR
SEUS CONHECIMENTOS! VAMOS LIGAR ESSES
PONTOS?
1. IMAGINE QUE VOCÊ FOI O AUDITOR DESIGNADO PELO TCE-SP PARA
REALIZAR A AUDITORIA DA LICITAÇÃO DO SBCPREV QUE RECEBEU A
DENÚNCIA DE IRREGULARIDADE. AO SAIR PARA INICIAR OS SEUS
TRABALHOS, VOCÊ PRECISA TER EM MENTE OS PRINCÍPIOS QUE REGEM O
PROCESSO LICITATÓRIO. UM DESSES PRINCÍPIOS PRECONIZA QUE “O
TRATAMENTO DISPENSADO AOS LICITANTES DEVE SER IGUALITÁRIO NO
SENTIDO DE “NÃO DISCRIMINATÓRIO”, O QUE NÃO IMPEDE DE TRATAR OS
DIFERENTES DE MANEIRA DIFERENCIADA, NA MEDIDA EM QUE SE
DESIGUALEM – MAIS ESPECIFICAMENTE QUANDO O TRATAMENTO
DIFERENCIADO VISAR PROMOVER, DE FORMA PROPORCIONAL, UM FIM
ELEITO PELA LEI E CONSTITUCIONALMENTE ACOLHIDO”. O NOME DADO A
ESSE PRINCÍPIO DA LICITAÇÃO É
A) Princípio da Competitividade.
B) Princípio da Vinculação ao Instrumento Convocatório.
C) Princípio do Procedimento Formal.
D) Princípio do Sigilo da Proposta.
E) Princípio da Isonomia.
2. A LEI 14133/2021 COLOCOU UMA SÉRIE DE POSSIBILIDADES DE
MODALIDADES DE LICITAÇÃO. ESSA SÉRIE INCLUI AS JÁ EXISTENTES NA LEI
8666/93 E ACRESCENTA ALGUMAS OUTRAS. QUAIS AS MODALIDADES DE
LICITAÇÃO QUE O SBCPREV PODE OPTAR PARA REALIZAR AS LICITAÇÕES
QUE NECESSITAR PARA AS COMPRAS PÚBLICAS?
A) Pregão, convite, concurso, leilão concorrência.
B) Pregão, concorrência, concurso, leilão e diálogo competitivo.
C) Pregão, concorrência, convite, leilão e diálogo competitivo.
D) Pregão, convite, concorrência, concurso e leilão.
E) Tomada de Preços, convite, concurso, e diálogo competitivo.
GABARITO
1. Imagine que você foi o auditor designado pelo TCE-SP para realizar a auditoria da licitação do
SBCPREV que recebeu a denúncia de irregularidade. Ao sair para iniciar os seus trabalhos, você
precisa ter em mente os princípios que regem o processo licitatório. Um desses princípios
preconiza que “o tratamento dispensado aos licitantes deve ser igualitário no sentido de “não
discriminatório”, o que não impede de tratar os diferentes de maneira diferenciada, na medida em
que se desigualem – mais especificamente quando o tratamento diferenciado visar promover, de
forma proporcional, um fim eleito pela lei e constitucionalmente acolhido”. O nome dado a esse
princípio da licitação é
A alternativa "E " está correta.
 
Os princípios que regem a Licitação estão dispostos na lei nº 8666/93 e na nova Lei das Licitações, lei nº
14.133/ 2021. Esses princípios garantem que as licitações atingirão os seus objetivos de forma precisa e
mais efetiva possível.
2. A lei 14133/2021 colocou uma série de possibilidades de modalidades de licitação. Essa série
inclui as já existentes na lei 8666/93 e acrescenta algumas outras. Quais as modalidades de
licitação que o SBCPREV pode optar para realizar as licitações que necessitar para as compras
públicas?
A alternativa "B " está correta.
 
A nova legislação eliminou as possibilidades de tomada de preços, convite e RDC e, no lugar, inseriu a
modalidade do diálogo competitivo. Assim, a partir de 2024, essas três modalidades não poderão mais
ser usadas.
3. COMO AUDITOR DESIGNADO PELO TCE-SP PARA
VERIFICAR A DENÚNCIA DE IRREGULARIDADE NA
LICITAÇÃO POR INEXIGIBILIDADE EXECUTADA PELO
SBCPREV, QUAIS AS ETAPAS QUE VOCÊ DEVERIA
VERIFICAR NESSA LICITAÇÃO E QUAIS AS
POSSIBILIDADES QUE A LEGISLAÇÃO PERMITE PARA
ESSA MODALIDADE DE LICITAÇÃO?
RESPOSTA
Espelho de resposta
A sequência de atos que uma Licitação precisa seguir é a seguinte: preparatória; de divulgação do edital de
licitação; de apresentação de proposta e lances, quando for o caso; de julgamento; de habilitação; recursal; e
homologação. Cada uma dessas fases deve ser elaborada e executada para que o processo seja o mais
transparente possível. No caso da licitação denunciada, apenas a primeira etapa deve ser cumprida, pois, na
preparação, já se deve verificar se o objeto da licitação se encaixa em uma das possibilidades de
inexigibilidade. Ao fazer a auditoria, o primeiro passo é verificar se o objeto da licitação se encaixa nos casos
previstos de inexigibilidade: se sim, a auditoria já se encerra; casonão se encaixe, o SBCPREV deve ser
notificado para anular a licitação e reiniciar o processo de licitação.
LICITAÇÕES
É o procedimento administrativo ao qual a Administração Pública (Direta e Indireta) e demais indicados
na Lei nº 14.133/2021 devem fazer valer com o fim de garantir a seleção da proposta mais vantajosa
para contratação com a Administração Pública.
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Foto: Pixabay
Sobre os destinatários da referida Lei Geral de Licitações, cabe realizar ressalva no tocante às
empresas públicas e sociedades de economia mista exploradoras de atividades econômicas, que a
partir da promulgação da Lei nº 13.303/2016 passaram a contar com a lei especial sobre o tema.
 ATENÇÃO
Vale salientar que, em 1º de abril de 2021, foi publicada a “Nova Lei de Licitações” ou “Novo Estatuto de
Licitações” (Lei nº 14.133/2021), que, em seu art. 189, estabeleceu que tal lei deve ser aplicada às
hipóteses previstas na legislação que façam referência expressa à Lei nº 8.666/1993, à Lei nº
10.520/2002 (Lei do Pregão) e aos arts. 1º a 47-A da Lei nº 12.462/2011 (Lei do Regime Diferenciado de
Contratações – RDC).
Quanto ao seu âmbito de aplicação, a referida lei (art. 1º, parágrafo 1º) expressamente excluiu sua
incidência em relação às empresas públicas, sociedades de economia mista e suas subsidiárias.
A licitação possui natureza jurídica de procedimento administrativo (conjunto ordenado de
documentos e ações que embasam uma decisão administrativa e atos de execução subsequentes).
A regra da licitação possui fundamento constitucional nos seguintes artigos:
1
22, XXVII
Competência privativa da União para legislar sobre normas gerais de licitações e contratações.
2
37, XXI
Estabelece a licitação como regra para contratação pela Administração Pública, cabendo exceções
dispostas em lei.
3
173, PARÁGRAFO 1º, III
Atribui ao legislador a função de elaborar o estatuto jurídico das estatais econômicas, que deverá dispor
sobre licitação.
Igualmente, possui fundamentação infraconstitucional no âmbito de várias leis, tais como:
LEI Nº 8.666/1993
LEI 8.987/1995
LEI Nº 10.520/2002
LEI Nº 11.079/2004
LEI COMPLEMENTAR Nº 123/2006
LEI Nº 12.462/2011
LEI Nº 13.303/2016
LEI Nº 14.133/2021
LEIS INSTITUIDORAS DAS AGÊNCIAS REGULADORAS, QUE
TRAZEM REGRAS ESPECÍFICAS DE LICITAÇÃO NO ÂMBITO DE TAIS
SETORES REGULADOS
PRINCÍPIOS
Incidem sobre a licitação todos os princípios elencados no art. 37, caput (legalidade, impessoalidade,
moralidade e publicidade) e XXI (isonomia dos concorrentes) da CF/1988. Tais princípios são
classificados como gerais, visto que incidem sobre todas as atividades administrativas. Adicionalmente,
existem princípios específicos do instituto jurídico licitação, previstos no art. 3º da Lei nº 8.666/1993 e
no art. 5º da Lei nº 14.133/2021.
Quanto ao princípio da isonomia, devemos aplicá-lo às licitações sob seu prisma material (substancial),
ou seja, o tratamento dispensado aos licitantes deve ser igualitário no sentido de “não discriminatório”, o
que não impede de tratar os diferentes de maneira diferenciada, na medida em que se desigualem –
mais especificamente quando o tratamento diferenciado visar promover, de forma proporcional, um fim
eleito pela lei e constitucionalmente acolhido.
 EXEMPLO
Podemos citar o “tratamento diferenciado” dispensado às micro e pequenas empresas (art. 146, III, “d”, e
art. 179 da CF/1988) e às cooperativas.
PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS DA LICITAÇÃO
PRINCÍPIO DA COMPETITIVIDADE
Deve-se promover, o tanto quanto possível, o caráter competitivo da licitação, de forma a alcançar a
proposta mais vantajosa para a Administração Pública.
 ATENÇÃO
Deve-se atentar para o fato de que algumas propostas, por mais vantajosas que possam parecer,
conduzem à desclassificação do licitante. Esse é o caso das propostas com preços manifestamente
inexequíveis.
A esse respeito:
A Lei nº 8.666/1993, em seu art. 48, inciso II e parágrafo primeiro, traz um critério para definição do que
seria a proposta com preço inexequível apenas para o caso das “licitações de menor preço para obras e
serviços de engenharia”.
Já a Lei nº 14.133/2021 trata da questão em seu art. 59, inciso III e parágrafo quarto, trazendo critério
para licitação de “obras e serviços de engenharia”.
PRINCÍPIO DA VINCULAÇÃO AO INSTRUMENTO
CONVOCATÓRIO
O art. 41 da Lei nº 8.666/1993 estabelece que “a Administração não pode descumprir as normas e
condições do edital, ao qual se acha estritamente vinculada”, em complemento à redação do art. 3º da
lei.
Do mesmo modo, o art. 43, inciso V, ainda prevê que o “julgamento e [a] classificação das propostas
[deverão estar] de acordo com os critérios de avaliação constantes do edital”.
Vale salientar que, assim como a Administração, os licitantes devem respeitar as disposições contidas
no instrumento convocatório, que serve como garantia a ambas as partes acerca das regras
estabelecidas para reger o procedimento. 
 
A sua inobservância conduz à nulidade do procedimento sempre que importar em prejuízo ao interesse
coletivo ou aos demais licitantes, podendo, entretanto, ser superados eventuais vícios formais não
advindos de má-fé e que não importem em tais danos.
PRINCÍPIO DO PROCEDIMENTO FORMAL
O art. 4º da Lei nº 8.666/1993 estabelece que aqueles que participem de licitação promovida pelos
órgãos ou entidades da Administração Pública Direta e Indireta têm direito público subjetivo à fiel
observância do pertinente procedimento estabelecido na lei, podendo qualquer cidadão acompanhar o
seu desenvolvimento, desde que não interfira de modo a perturbar ou impedir a realização dos
trabalhos.
Veja que a observância do procedimento formal estabelecido pela Lei não se confunde com exigência de
excesso de formalismo. Há, portanto, um movimento na legislação para flexibilização de certas
formalidades, de forma a promover maior competitividade aos certames.
 EXEMPLO
O art. 12, inciso IV da Lei da PPP, prevê que “o edital poderá prever a possibilidade de saneamento de
falhas, de complementação de insuficiências ou ainda de correções de caráter formal no curso do
procedimento, desde que o licitante possa satisfazer as exigências dentro do prazo fixado no
instrumento convocatório”.
PRINCÍPIO DO SIGILO DAS PROPOSTAS
Trata-se de diferimento do princípio da publicidade (visto que o conteúdo das propostas será público
apenas no momento da abertura). O parágrafo 3º do art. 3º da Lei nº 8.666/1993, diz que o conteúdo da
proposta, até a sua abertura, deverá ser sigiloso.
O sigilo das propostas visa promover a competição entre os concorrentes, de modo que não haja
qualquer ancoragem da proposta de um em relação ao do outro.
 ATENÇÃO
Há que se observar que na Lei do Pregão (Lei nº 11.079/2004) há a possibilidade de o edital prever que
as propostas sejam escritas, porém não sigilosas, seguidas de lances em viva voz (art. 12, III, “b”). Isso
também ocorre com o novo regulamento do pregão eletrônico (Decreto nº 10.024/2019).
A Lei nº 14.133 traz como exceção ao princípio da publicidade as hipóteses de informações cujo sigilo
seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado, na forma da lei (art. 13, caput) – tal texto já
constava da CF/1988.
Para além da exceção, ainda temos o diferimento (realização em um momento futuro):
Quanto ao conteúdo das propostas – ou seja, o princípio do sigilo das propostas.
&
Quanto ao orçamento da Administração, mediante decisão fundamentada – trata-se do “sigilo do
orçamento” (incisos I e II, do parágrafo único do art. 13).
PRINCÍPIO DO JULGAMENTO OBJETIVO E OS CRITÉRIOS
DE JULGAMENTO (“TIPOS DE LICITAÇÃO”)
As propostas apresentadas pelos licitantes devem ser julgadas segundo critérios objetivos elencados na
Lei que rege o procedimento.
O art. 45 da Lei nº 8.666/1993 estabelece quatro critérios a serem previamente estabelecidos no ato
convocatório:
MELHOR PREÇO
MELHOR TÉCNICA
TÉCNICA E PREÇO
MAIOR LANCE OU OFERTA
Em havendo empate entre os licitantes,o vencedor será definido por meio de sorteio. Deve-se ressaltar
que tais critérios não são aplicáveis a duas modalidades de licitação:
CONCURSO
&
PREGÃO
Já a Lei nº 14.133/2021 trouxe seis critérios de julgamento:
1
Menor preço (art. 34)
2
Maior desconto (art. 34)
3
Melhor técnica ou conteúdo artístico (art. 35)
4
Técnica e preço (arts. 34 e 36-38)
5
Maior retorno econômico (art. 39)
6
Maior lance, no caso de leilão (art. 33, V)
O critério “maior lance” fica restrito à modalidade leilão e o “maior retorno econômico” é aplicável aos
contratos de eficiência.
PRINCÍPIO DA ADJUDICAÇÃO COMPULSÓRIA
Ao final do procedimento licitatório, em não sendo constatada qualquer ilegalidade, a Administração
Pública deve (à exceção de justa motivação) adjudicar (entregar) o objeto da licitação ao licitante
vencedor, garantindo que, caso seja celebrado contrato para a execução do objeto licitado, o será com o
licitante vencedor.
 ATENÇÃO
O que existe aqui é o direito subjetivo do licitante vencedor de não ser preterido em relação aos demais
licitantes, o que não se confunde com a obrigatoriedade de a Administração efetivamente celebrar o
contrato (nesse sentido, o parágrafo 3º, do art. 90 da Lei nº 14.133/2021, deixa clara a opção da
Administração de não convocar o licitante vencedor para assinar o contrato).
Três podem ser as razões a justificar a não celebração do contrato por parte da Administração:
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Existência de ilegalidade no procedimento licitatório, o que conduz à sua anulação.
Por motivos supervenientes de interesse público, o que conduz à sua revogação.
Em virtude de o licitante vencedor, após devidamente convocado, não comparecer para assinar o
contrato, o que levará à revogação da licitação ou convocação do segundo colocado.
Cabe, por fim, salientar que a revogação da licitação pode ocorrer em qualquer de suas fases.
No vídeo a seguir, o professor Filipe Fonseca fala sobre o conceito de licitação e seus princípios mais
importantes. Vamos assistir!
DISPENSA
Em primeiro lugar, devemos diferenciar dispensa de licitação de licitação dispensada.
A licitação dispensada (dispensa legal) é aquela a que se referem as alíneas do inciso I do art. 17 da
Lei nº 8.666/1993 ao tratar da alienação de bens pertencentes à Administração Pública, que, em regra,
está subordinada à existência de interesse público devidamente justificado, à avaliação prévia e ao
procedimento licitatório na modalidade concorrência para imóveis e leilão para móveis.
Os bens imóveis pertencentes aos órgãos da Administração Direta, às autarquias e às fundações
públicas adicionalmente dependerão de prévia autorização legislativa, visto que tais entidades são
constituídas (inclusive seu patrimônio) por lei.
 
Foto: Pixabay
 ATENÇÃO
A licitação, entretanto, deverá ser dispensada apenas nas hipóteses listadas nas alíneas dos incisos I e
II do referido artigo. Veja que aqui temos um rol taxativo, e que não cumpre ao administrador fazer juízo
de discricionariedade sobre dispensar ou não a licitação, visto que tal dispensa já fora imposta pelo
legislador.
A Lei nº 14.133/2021 trata da dispensa legal nas alíneas dos incisos I e II de seu art. 76, sendo a
modalidade leilão aplicada para qualquer caso, bem móvel ou imóvel, e independentemente do valor do
bem.
A dispensa de licitação (dispensa discricionária) é tratada no art. 75 da Lei nº 14.133/2021, sendo
listada em seus incisos todas as hipóteses em que existe a viabilidade de se promover a licitação. Ainda
assim, o administrador público poderá dispensar a sua realização.
A diferença aqui é que temos critérios de conveniência e oportunidade pautando a tomada de
decisão do administrador, que não se encontra vinculado pelo legislador para além do rol taxativo
disposto nos incisos do artigo mencionado.
INEXIGIBILIDADE
O art. 74 da Lei nº 14.133/2021 diz que é inexigível licitação quando houver inviabilidade de competição.
Ademais, o dispositivo normativo traz rol exemplificativo de hipóteses de inexigibilidade, que podem ser
divididas em duas categorias:
QUANTITATIVA
&
QUALITATIVA
Vejamos:
Quantitativa: Quando os materiais, equipamentos ou gêneros só possam ser fornecidos por produtor,
empresa ou representante comercial exclusivo, sendo, porém, vedada a preferência de marca.
Na exclusividade absoluta, a licitação é sempre inexigível; já na relativa ela somente será inexigível
caso atestada a exclusividade na praça em que ocorrerá a licitação.
Qualitativa: Nos casos em que for impossível definir o melhor produto a ser adquirido ou serviço a ser
prestado, por ausência de critérios objetivos de valoração.
 EXEMPLO
A contratação de um artista para um show de final de ano em um município qualquer.
 
Foto: Marcos Moura / Prefeitura de Fortaleza.
 Alcione no show de réveillon na cidade de Fortaleza, na passagem de 2018 para 2019.
A Lei nº 14.133/2021, em seu art. 74, traz rol exemplificativo com cinco hipóteses, sendo duas delas
inovadoras em relação à antiga lei:
 
Foto: Unsplash.com
Objetos que devam ou possam ser contratados por meio de credenciamento.
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Foto: Unsplash.com
Aquisição ou locação de imóvel cujas características de instalações e de localização tornem necessária
sua escolha (vejam que essa hipótese, na Lei nº 8.666/1993, era de licitação dispensável).
MODALIDADES DE LICITAÇÃO
A Lei nº 8.666/1993, em seu art. 22, traz cinco modalidades de procedimentos para a realização da
licitação:
CONCORRÊNCIA
TOMADA DE PREÇOS
CONVITE
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CONCURSO
LEILÃO
Adicionalmente:
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A Lei nº 10.520/2002 regula o pregão.
Decreto nº 10.024/2019 regula na forma eletrônica (pregão eletrônico).
A Lei nº 9.986, em seu art. 32, por sua vez, estabelece a modalidade consulta.
O regime diferenciado de contratação, modalidade prevista pela Lei nº 12.462/2011.
O art. 22 da Lei nº 8.666/1993, em seu § 8º, proíbe “a criação de outras modalidades de licitação ou a
combinação das referidas” no artigo. O que se veda no citado dispositivo normativo é a criação sem
disposição legal.
Algumas modalidades devem ser obrigatoriamente adotadas de acordo com o valor da contratação – é o
que dispõe o art. 23, incisos I e II –, sendo que tais valores restaram atualizados pelo Decreto no
9.412/2018.
Quanto ao tema, a Lei nº 14.133/2021 trouxe cinco modalidades (art. 28):
PREGÃO
CONCORRÊNCIA
CONCURSO
LEILÃO
DIÁLOGO COMPETITIVO
 SAIBA MAIS
A Administração pode ainda se servir dos “procedimentos auxiliares” previstos no art. 78 da lei
(parágrafo primeiro do art. 28), quais sejam: credenciamento, pré-qualificação, procedimento de
manifestação de interesse, sistema de registro de preços e registro cadastral. 
 
Dessa forma, deixaram de existir tomada de preços, convite e RDC, e surgiu a modalidade do diálogo
competitivo.
PREGÃO
O pregão tradicional se encontrava previsto na Lei nº 10.520/2002, tratando-se de modalidade
“facultativa” (sendo obrigatório apenas em alguns regulamentos de entidades da federação) para
aquisição de bens e serviços comuns por parte da Administração Direta e Indireta de quaisquer dos
entes federados.
Já na Lei nº 14.133/2021, o pregão passou a ser, como regra, modalidade “obrigatória” (art. 6º, XLI),
tendo apenas uma exceção: nos casos de serviços comuns de engenharia, admite-se o pregão ou a
concorrência (art. 6º, XXXVIII).
 
Foto: Pixabay
São bens e serviços comuns, para os fins e efeitos da Lei nº 14.133/2021, aqueles cujos padrões de
desempenho e qualidade possam ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de especificações
usuais no mercado (qualquer que seja o valor contratado).
Destaca-se ainda que pela própria natureza do objeto da licitação (bens e serviços comuns) o tipo de
licitação adotado na Lei nº 8.666/1993 para o pregão é o “menor preço”.
No âmbito federal, essa modalidade se encontra regulamentada,na forma presencial, pelo Decreto nº
3.550/2000, e na forma eletrônica, pelo Decreto nº 10.024/2019. Os Estados, Municípios e o Distrito
Federal, observando o disposto na Lei nº 10.520/2002, também devem regulamentar a matéria.
 SAIBA MAIS
Uma característica diferenciadora do leilão em relação à concorrência é que aqui há a chamada
inversão de fases em relação ao que dispõe a Lei nº 8.666/1993 (quanto à Nova Lei de Licitações,
essa é a regra – vide seu art. 17) porque a fase de julgamento das propostas é prévia à fase de
habilitação dos licitantes.
Desse modo, somente após a definição do licitante vencedor é que se analisará se ele é habilitado a
adjudicar o objeto da licitação. Em suma, o procedimento do pregão se dá da seguinte forma:
 
Imagem: Shutterstock.com
Publicação do edital.
 
Imagem: Shutterstock.com
Apresentação e julgamento das propostas em sessão pública.
 
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O autor da oferta de valor mais baixo e os autores das ofertas com preços até 10% superiores àquela
poderão fazer novos lances verbais e sucessivos, até a proclamação do vencedor (caso não haja pelo
menos três ofertas dentro da margem de 10%, a nova competição se dará entre os ofertantes das três
melhores propostas, independentemente dos valores ofertados).
 
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Ao fim da fase de julgamento, tem-se início a fase de habilitação do licitante vencedor.
 
Imagem: Shutterstock.com
Estando habilitado, declara-se vencedor o licitante que ofertou a melhor proposta, adjudicando-se a ele
o objeto da licitação.
 
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Com a análise da regularidade do certame, a Administração Pública homologa o resultado da licitação.
No tocante ao pregão, também se deve ressaltar que a Lei nº 10.520/2002 veda, em seu art. 5º, a
exigência de:
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Garantia da proposta.
Aquisição do edital de licitação como condição para participação no certame.
Pagamento de taxas e emolumentos, salvo os referentes a fornecimento do edital, não superiores ao
custo de sua reprodução gráfica, e aos custos de utilização de recursos de tecnologia da informação,
quando for o caso.
Em relação à modalidade na forma eletrônica, será obrigatória em relação aos processos competitivos
realizados a distância, em sessão pública por meio da internet, pelos órgãos da Administração Pública
Federal Direta, pelas autarquias, pelas fundações e pelos fundos especiais (art. 1º, parágrafo 1º, do
Decreto nº 10.024/2019).
 
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Comparando o pregão presencial e eletrônico, no tocante ao objeto licitado, temos que o Decreto nº
3.555/2000, que regulamenta o pregão presencial, em seu art. 5º, prevê que tal modalidade não se
presta à contratação de:
OBRAS
SERVIÇOS DE ENGENHARIA
LOCAÇÕES IMOBILIÁRIAS
ALIENAÇÕES EM GERAL
 ATENÇÃO
O Decreto nº 10.024/2019, que regulamentava o pregão eletrônico, não veda o pregão para a
contratação de serviços de engenharia, só para os demais objetos aqui listados. 
 
Interessante notar também que o Decreto nº 10.024/2019, em seu art. 7º, estabelece como critério de
julgamento (tipo de licitação) o “menor preço” ou “maior desconto”, sendo este último critério uma
inovação em relação aos critérios existentes ao tempo de seu advento.
MODOS DE DISPUTA
A Lei nº 8.666/1993 não previa expressamente os modos de disputa. No entanto, podemos dizer que a
modalidade concorrência adota o modo fechado, enquanto o pregão (Lei nº 10.520/2002) adota o modo
aberto.
A Lei nº 12.462/2011 (RDC) já mencionava expressamente os modos aberto e fechado em seus arts. 16
e 17.
Com o advento da Lei nº 14.133/2021, passou-se a prever na (nova) Lei Geral de Licitações os dois
modos de disputa em seu art. 56:
ABERTO
Hipótese em que os licitantes apresentarão suas propostas por meio de lances públicos e sucessivos,
crescentes ou decrescentes.
FECHADO
Hipótese em que as propostas permanecerão em sigilo até a data e hora designadas para sua
divulgação.
REGIMES DE EXECUÇÃO
Em seu art. 6º, incisos VII e VIII, a Lei nº 8.666/1993 estabelece que dois podem ser os regimes de
execução:
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DIRETA
A que é feita pelos órgãos e pelas entidades da Administração, por meios próprios.
 
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INDIRETA
A que o órgão ou entidade contrata com terceiros sob qualquer um dos seguintes regimes: (i)
empreitada por preço global; (ii) empreitada por preço unitário; (iii) empreitada integral; e (iv) tarefa.
Adicionalmente, tanto a Lei nº 12.462/2011 (Lei do RDC), em seu art. 8º, V, quanto a Lei nº 13.303/2016
(Lei das Estatais), em seu art. 42, VI, preveem uma quinta espécie, a (v) contratação integrada. Mais
ainda, a Lei das Estatais previa um sexto regime, da (vi) contratação semi-integrada (art. 42, V).
A Lei nº 14.133/2021 (Lei de Licitações) inovou ao prever em seu art. 46 os seguintes regimes de
execução indireta:
1
Empreitada por preço global
2
Empreitada por preço unitário
3
Empreitada integral
4
Contratação por tarefa
5
Contratação integrada
6
Contratação semi-integrada
7
Fornecimento e prestação de serviço associado
PROCEDIMENTOS
A licitação é um procedimento administrativo em que existe a interação do ente público com agentes
privados, com a formalização por meio da produção e juntada de documentos. De forma a organizar e
regrar tal procedimento, instaura-se um processo administrativo, com uma fase interna e outra externa.
 SAIBA MAIS
Vale salientar que a Lei nº 8.666/1993 não trazia qualquer artigo expresso enumerando as fases da
licitação, sendo que a doutrina elencava uma fase interna (até a divulgação do instrumento
convocatório) e uma fase externa (onde sucessivamente acontecia divulgação do instrumento
convocatório, habilitação, julgamento, homologação e adjudicação).
Já a Lei nº 14.133 prevê de maneira expressa todas as fases em seu art. 17:
1
Preparatória
2
De divulgação do edital de licitação
3
De apresentação de propostas e lances, quando for o caso
4
De julgamento
5
De habilitação
6
Recursal
7
De homologação
Ademais, a lei ainda prevê que, definido o resultado do julgamento, a Administração poderá negociar
condições mais vantajosas com o primeiro colocado (fase de negociação), vide art. 61. Tal previsão já
existia, como uma faculdade, na Lei nº 10.520/2002 (pregão), vide art. 4º, XVII.
Quanto à ordem das fases da licitação, vale o apontamento de que a Lei nº 14.133 inverteu a ordem de
julgamento e habilitação, a exemplo do que já faziam a Leis do Pregão e do RDC – chamando esse rito
de procedimental comum, inerente às modalidades concorrência e pregão (art. 29).
Entretanto, a lei ainda permite que a fase de habilitação preceda a fase de julgamento – inversão de
fases – “mediante ato fundamentado” (vide parágrafo 1º do art. 17). Já as demais modalidades seguirão
o rito procedimental especial, tendo cada uma delas o seu próprio rito.
Vejamos:
FASE INTERNA
Em resumo, trata-se da fase em que existe apenas a atuação da Administração Pública, com a
preparação para a realização do certame abarcando tudo o que ocorre antes da publicação do
instrumento convocatório.
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FASE EXTERNA
Cumpridos todos os requisitos exigidos na fase interna, e estando aprovado o edital de licitação, dá-se
início à fase externa e seus trâmites.
PUBLICAÇÃO DO INSTRUMENTO CONVOCATÓRIO
Com a publicação do instrumento convocatório (edital ou carta convite), a Administração torna pública
a sua vontade de contratar, dando ciência a todos os interessados dos termos que balizarão a referida
contratação.
HABILITAÇÃO
Trata-se da fase em que a Administração Pública, mediante a análise dos documentos trazidos pelos
licitantes, averigua se estão aptos (possuem as condições técnicas, pessoais e financeiras) a contratar:
JULGAMENTO DAS PROPOSTAS
CLASSIFICAÇÃO
HOMOLOGAÇÃO
Após o julgamento e a classificação das propostas, e tendo se sagrado o licitantevencedor do certame,
os autos do processo são encaminhados pela comissão para autoridade competente para que delibere
sobre a homologação (aprovação do procedimento) e adjudicação do objeto da licitação.
É preciso lembrar que a autoridade competente somente poderá revogar a licitação por razões de
interesse público em decorrência de fato superveniente devidamente comprovado, pertinente e
suficiente para justificar tal conduta, devendo anulá-la por ilegalidade, de ofício ou provocação de
terceiros, mediante parecer escrito e devidamente fundamentado (art. 49).
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ADJUDICAÇÃO
Após a homologação, a mesma autoridade competente adjudica (atribui) ao vencedor o objeto da
licitação. Não há aqui discricionariedade para a Administração (ato vinculado). Sendo homologado o seu
resultado, deve a Administração proclamar (ato declaratório) que o objeto da licitação está sendo
entregue ao licitante vencedor.
A adjudicação produz alguns efeitos:
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O licitante vencedor (adjudicatário) passa a ter o direito subjetivo a, caso a Administração prossiga para
a contratação, que o faça nos termos da proposta vencedora.
O licitante vencedor se vincula a todos os encargos estabelecidos tanto no edital quanto na sua proposta
vencedor.
O licitante vencedor se sujeita às penalidades previstas no edital e a perder as garantias oferecidas,
caso não assine o contrato dentro do prazo e condições estabelecidas.
A Administração passa a ficar impedida de contratar o objeto licitado com qualquer outro que não o
licitante vencedor.
 ATENÇÃO
Veja, que, apesar de a Administração ser obrigada a adjudicar o objeto do contrato ao licitante vencedor,
ela possui discricionariedade para efetivamente contratar ou não o adjudicatário (que apenas pode exigir
não ser preterido na hipótese de a Administração resolver contratar o objeto da licitação).
ANULAÇÃO
A anulação é um ato que decorre do poder-dever de autotutela da Administração, ou ainda de decisão
de outro Poder (Legislativo ou Judiciário) quando do exercício de controle externo, produzindo efeitos ex
tunc (retroativos à data da ilegalidade). Identificada a ilegalidade, a autoridade competente deve anular
o certame.
 
Foto: Shutterstock.com
Como regra, a anulação não gera dever de indenizar o licitante vencedor, com exceção da hipótese na
qual a ilegalidade foi cometida pela própria Administração (art. 59 e parágrafo único da Lei nº
8.666/1993). 
 
Caso já tenha sido assinado o contrato, e se descubra ilegalidade no procedimento de licitação, a
declaração de nulidade do procedimento contamina igualmente o contrato.
Por fim, frisa-se que deve ser garantido o direito ao contraditório e à ampla defesa previamente ao
desfazimento do processo de licitação.
REVOGAÇÃO
Conforme já descrito, ao contrário da anulação, a revogação é uma discricionariedade de desfazimento
do procedimento por motivo de conveniência e oportunidade, resultante de fato superveniente
devidamente comprovado (art. 71, II e §2º, da Lei 14.133).
A lei também assegura o direito de prévia manifestação dos interessados para o caso de revogação, e
não apenas para o de anulação (§ 3º do art. 71).
INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS
São violações de normas internas da Administração, ilícitos de natureza administrativa. A Lei nº
8.666/1993 apenas previu infrações administrativas no tocante aos contratos administrativos (art. 87),
mas não em relação ao procedimento licitatório.
Tal fato, de maneira alguma, impede que, no caso de constatadas irregularidades, a Administração culpe
o particular responsável pelo seu cometimento. Isso, inclusive, é corroborado com o advento da Lei nº
12.846/2013 (Lei Anticorrupção), vide art. 5º, IV e alíneas a até g.
A Lei nº 14.133/2021 (Nova Lei de Licitações) trata do tema nos seus arts. 155 a 163.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. DETERMINADO ÓRGÃO PÚBLICO PRETENDE REALIZAR DUAS
CONTRATAÇÕES. A PRIMEIRA REFERE-SE À AQUISIÇÃO DE BENS
PRODUZIDOS NO PAÍS POR MAIS DE UMA EMPRESA, OS QUAIS, CONFORME
PARECER DE COMISSÃO ESPECIALMENTE DESIGNADA PELA AUTORIDADE
MÁXIMA DO ÓRGÃO RESPONSÁVEL PELA CONTRATAÇÃO, ENVOLVEM,
CUMULATIVAMENTE, ALTA COMPLEXIDADE TECNOLÓGICA E DEFESA
NACIONAL. A SEGUNDA REFERE-SE A SERVIÇOS DE PUBLICIDADE E
DIVULGAÇÃO, QUE, CONFORME MANIFESTAÇÃO DO ÓRGÃO TÉCNICO
RESPONSÁVEL PELA CONTRATAÇÃO, SÓ PODEM SER PRESTADOS POR
EMPRESAS DE NOTÓRIA ESPECIALIZAÇÃO. NESSA HIPÓTESE, DE ACORDO
COM A NOVA LEI DE LICITAÇÕES (LEI Nº 14.133/2021), A PRIMEIRA
CONTRATAÇÃO:
A) Dispensa a licitação, e a segunda pode ser feita por inexigibilidade de licitação.
B) Dispensa a licitação, mas, para a segunda, a lei veda a inexigibilidade.
C) Pode ser feita diretamente por inexigibilidade de licitação, mas a segunda exige licitação.
D) Precisa ser feita por meio de licitação, mas a segunda a dispensa.
E) Precisa ser feita por meio de licitação, assim como a segunda.
2. SOBRE O PRINCÍPIO DA VINCULAÇÃO AO INSTRUMENTO CONVOCATÓRIO,
QUE INFORMA A LICITAÇÃO, PODE-SE AFIRMAR QUE ELE:
A) Deve ser observado com mitigação do formalismo de modo a possibilitar que sejam superados
eventuais vícios formais que não importem prejuízo ao interesse coletivo ou aos demais licitantes.
B) Significa a inexistência de discricionariedade administrativa na licitação, dado que as cláusulas e
condições da convocação são estabelecidas em lei.
C) Não tem natureza absoluta, e sua observância poderá ser dispensada quando se faça necessário
para assegurar a escolha da proposta mais vantajosa pela Administração.
D) Tem natureza absoluta e deve ser observado em consonância com o formalismo estrito que
caracteriza o procedimento licitatório.
E) Apenas os licitantes devem respeitar as disposições contidas no instrumento convocatório, podendo a
Administração Pública, visando ao atingimento do interesse público, adotar parâmetros de julgamento ou
procedimentos não contidos no edital ou carta-convite.
GABARITO
1. Determinado órgão público pretende realizar duas contratações. A primeira refere-se à
aquisição de bens produzidos no país por mais de uma empresa, os quais, conforme parecer de
comissão especialmente designada pela autoridade máxima do órgão responsável pela
contratação, envolvem, cumulativamente, alta complexidade tecnológica e defesa nacional. A
segunda refere-se a serviços de publicidade e divulgação, que, conforme manifestação do órgão
técnico responsável pela contratação, só podem ser prestados por empresas de notória
especialização. Nessa hipótese, de acordo com a Nova Lei de Licitações (Lei nº 14.133/2021), a
primeira contratação:
A alternativa "B " está correta.
 
A opção está em conformidade com o disposto nos arts. 75, inciso XXVIIIIV, alínea f, e 74, inciso IIIII,
ambos da Lei Federal nº 14.133/2021.
2. Sobre o princípio da vinculação ao instrumento convocatório, que informa a licitação, pode-se
afirmar que ele:
A alternativa "A " está correta.
 
Como o princípio da vinculação ao instrumento convocatório não pode ser visto de forma absoluta (de
fato, princípio algum possui caráter absoluto porque é da natureza dos princípios a aplicação em maior
ou menor grau, a depender da situação fática em que se balizam), sendo possível que o formalismo do
procedimento seja mitigado, em certos casos, desde que daí não advenham prejuízos aos licitantes ou
ao interesse público, e desde que o vício formal não tenha advindo de má-fé.
MÓDULO 3
 Aplicar conceito, normatividade, sujeitos, características, espécies, cláusulas exorbitantes,
extinção e sanções nos contratos administrativos
LIGANDO OS PONTOS
Os contratos firmados entre o particular e a administração pública têm características bem peculiares.
Uma dessas características são as cláusulas exorbitantes, uma série de cláusulas que garantem
vantagem da administração pública sobre o particular, gerando um desequilíbrio entre as partes
integrantes do contrato. Diante dessa questão, vamos estudar o contrato de prestação de

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