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_O renascimento em Shakespeare_ Hamlet e a tragédia moderna

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*O renascimento em Shakespeare: 
Hamlet e a tragédia moderna
APRESENTAÇÃO
"Ser ou não ser, eis a questão".
Você provavelmente já leu ou ouviu essa frase em algum lugar, mas você sabe de onde ela vem? 
Quem é o autor ou a autora? E, afinal de contas, o que ela significa? Ela, apesar de famosa e 
emblemática, parece bastante misteriosa e enigmática quando apresentada dessa forma, fora do 
seu contexto.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai descobrir que essa frase pertence à peça Hamlet, do 
escritor inglês William Shakespeare. Você também vai conhecer que tipo de narrativa é essa e 
que tragédia é vivida por Hamlet, seu protagonista. Para o entendimento desse clássico, você vai 
analisar o contexto histórico de Shakespeare e da escritura da peça: o Renascimento. Ainda vai 
discutir o conceito de tragédia moderna, gênero ao qual a obra Hamlet pertence. 
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Identificar as características do Renascimento e relacioná-las com a narrativa de Hamlet.•
Discutir o conceito de tragédia moderna e compará-lo com o conceito de tragédia grega.•
Analisar trechos da obra Hamlet.•
DESAFIO
Você é um diretor teatral e foi requisitado que faça uma montagem da peça Hamlet, de 
Shakespeare, para apresentar para um grande e variado público.
Antes da apresentação, é necessário divulgar a montagem. Para isso, você dá uma entrevista a 
um jornalista, que lhe pergunta: 
Por que as pessoas devem assistir a uma peça que foi escrita há centenas de anos atrás, no início 
do século XVII? Explique.
INFOGRÁFICO
Por mais que os renascentistas da Idade Moderna tenham buscado inspiração na Antiguidade 
greco-romana, há enormes diferenças entre a tragédia clássica e a tragédia moderna − gênero 
ao qual Hamlet, de William Shakespeare, pertence.
Neste Infográfico, você vai analisar algumas das semelhanças e das diferenças entre a tragédia 
clássica e sua sucessora, a tragédia moderna.
 
CONTEÚDO DO LIVRO
Francisco
Sublinhado
Hamlet, de William Shakespeare, é uma tragédia moderna que pertence ao Renascimento. 
Acompanhe a obra Textos fundamentais da literatura universal, a partir do Capítulo O 
Renascimento em Shakespeare: Hamlet e a tragédia moderna, base teórica desta Unidade de 
Aprendizagem. Nesse capítulo, você vai identificar quais são as características das tragédias 
modernas e do período do Renascimento.
Você também vai relacionar todas essas características com a produção de Shakespeare, 
especificadamente com Hamlet. Por fim, você vai entrar em contato com alguns trechos de 
Hamlet e vai analisá-los literariamente.
Boa leitura!
Francisco
Sublinhado
TEXTOS
FUNDAMENTAIS
DA LITERATURA
UNIVERSAL
Luara Pinto Minuzzi
 
O Renascimento em 
Shakespeare: Hamlet 
e a tragédia moderna
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Identi� car as características do Renascimento e relacioná-las com a 
narrativa de Hamlet.
  Discutir o conceito de tragédia moderna e compará-lo com o conceito 
de tragédia grega.
  Analisar trechos da obra Hamlet.
Introdução
“Ser ou não ser, eis a questão.” Você provavelmente já leu ou ouviu essa 
frase em algum lugar. Mas você sabe de onde ela vem? Quem é o seu 
autor ou a sua autora? E, afinal de contas, o que ela significa? Apesar de 
famosa e emblemática, parece bastante misteriosa e enigmática quando 
apresentada dessa forma, fora do seu contexto. 
Neste capítulo, você vai descobrir que essa frase pertence à peça 
Hamlet, do escritor inglês William Shakespeare. Você também vai conhecer 
que tipo de narrativa é essa e que tragédia é vivida por Hamlet, o seu 
protagonista. Para que você entenda esse clássico, vamos analisar o 
contexto histórico em que viveu Shakespeare em que a obra foi escrita, 
o Renascimento. Ainda, vamos discutir o conceito de tragédia moderna, 
gênero ao qual Hamlet pertence.
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O Renascimento e a tragédia moderna
Hamlet é uma tragédia moderna escrita pelo autor inglês William Shakes-
peare entre o fi nal do século XVI e o início do XVII. Essa foi a época do 
Renascimento, período da história da Europa que vai do século XIV ao fi m 
do século XVI e pertence à Idade Moderna. Como Shakespeare nasceu em 
1564 e morreu em 1616, ele vivenciou o movimento em seus últimos tempos 
(Figura 1). Mesmo assim, várias das características do Renascimento podem 
ser observadas nas suas obras e, por isso, é muito importante que você entenda 
um pouco melhor no que consistiu essa fase da história europeia. Como a 
peça aqui em foco é considerada uma tragédia moderna, também é necessário 
discutir o que signifi ca esse conceito. 
Figura 1. William Shakespeare.
Fonte: William Shakespeare (2017).
O Renascimento foi um momento bastante rico na história do continente 
europeu. A Itália foi o país de maior destaque no Renascimento, servindo de 
inspiração para o resto do continente. O principal centro artístico era Roma. 
Porém, outros países também foram importantes, e a Inglaterra de Shakespeare 
foi um deles. Leonardo da Vinci e Michelangelo são dois exemplos de pintores 
de enorme prestígio do Renascimento. No campo da literatura, predominavam 
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nomes como o do italiano Dante Alighieri e do espanhol Miguel de Cervantes 
— além, é claro, de William Shakespeare. 
Você deve compreender como a concepção do homem sobre si mesmo e 
sobre o mundo mudou completamente da Idade Média para essa época. Na 
Idade Média, antecedente da Idade Moderna, a religião era um peso enorme 
na vida das pessoas. Por um lado, isso era algo muito bom: imagine que algo 
extremamente ruim acontece com você ou com alguém da sua família, como 
uma doença grave ou um acidente. As pessoas, na Idade Média, possuíam 
uma força muito grande na qual se apoiar, que era Deus e a religião — nesse 
sentido, elas nunca estavam sozinhas. Por outro lado, elas também estavam 
muito mais amarradas a uma situação específica, como uma situação de 
pobreza, por exemplo. Isso acontecia por dois motivos em especial: 
  acreditava-se que qualquer situação ou acontecimento ruim eram causa-
dos por vontade divina e que, portanto, não poderiam ser questionados;
  acreditava-se que o mais importante era a felicidade na vida após a 
morte, quando as almas subiriam ao paraíso, por isso não havia motivo 
para se preocupar com a infelicidade terrena. 
Contudo, algumas descobertas colocaram em dúvida todas essas crenças 
muito fortes e sólidas, e acabaram por ser fundamentais para a constituição do 
pensamento renascentista. Uma das mais importantes é a de Nicolau Copérnico, 
um polonês que descobriu, a partir das suas investigações, que a Terra não 
era o centro do Universo. A sua famosa teoria, batizada de heliocentrismo, 
afirma que o Sol fica no centro do Sistema Solar. Você deve imaginar o caos 
quando Copérnico apresentou as suas conclusões: como a Terra, criada em 
sete dias por Deus, o todo poderoso, não estava no centro? Depois, Galileu 
Galilei ainda “piorou” as coisas: ele afirmou que não só a Terra não estava no 
centro do Universo, como ainda girava ao redor do Sol. Todas essas descobertas 
ajudaram a modificar a forma como as pessoas enxergavam a si mesmas e a 
realidade ao seu redor. 
Então, já podemos concluir que duas das características do Renascimento 
foram o racionalismo e o experimentalismo: a única forma de se chegar ao 
conhecimento é por meio da razão, de estudos, de observação da natureza, de 
experimentos científicos que possam comprovar ideias, fenômenos, leis, etc. 
A religião continua sendo importante, mas ela perde bastante terreno quando 
comparamos a sua importânciacom a que teve na Idade Média. 
Desse papel mais discreto da Igreja na vida dos indivíduos, é possível 
tirar mais uma das marcas da época de Shakespeare: o individualismo e o 
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antropocentrismo. O ser humano passa a ser a figura de destaque da criação 
— diferentemente da Idade Média, quando Deus era o centro, crença que é 
conhecida como teocentrismo. É claro que a maioria dos renascentistas con-
tinuava acreditando em Deus, mas o poder do homem de decidir sobre o seu 
futuro e de realizar as suas vontades aumentou muito. Se, na Idade Média, 
o coletivo estava acima do indivíduo, que devia obedecer cegamente às leis 
divinas e terrenas, na Idade Moderna, o homem passou a ser o destaque. Por 
isso, a necessidade de se conhecer, de afirmar a sua própria personalidade, 
de mostrar os seus talentos e de perseguir as suas ambições. 
Além disso, os renascentistas resgataram a cultura e alguns dos valores da 
Antiguidade Clássica dos gregos e dos romanos. Dessa forma, há inúmeros 
quadros, por exemplo, que retratam temas mitológicos de Roma e da Grécia, 
como o Nascimento de Vênus, de Sandro Botticelli, ou Alegoria do Triunfo 
de Vênus, de Agnolo Bronzino. Claro que eles não se limitaram a copiar 
a Antiguidade Clássica, apenas utilizaram algumas das suas referências. 
Ademais, temas da tradição cristã eram igualmente muito frequentes, e Juízo 
Final, pintura da Capela Sistina feita por Michelangelo Buonarroti, é um dos 
exemplos mais famosos. 
Você pode examinar muitas dessas características do Renascimento ob-
servando a pintura reproduzida na Figura 2.
Figura 2. O batismo de Cristo, Pietro Perugino.
Fonte: Renascimento (2017).
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Na Figura 2, é possível observar um quadro do pintor italiano Pietro Perugino, 
do século XV, que está na Capela Sistina. Um dos primeiros aspectos que se nota 
na pintura é o equilíbrio das formas e a simetria: temos duas figuras centrais 
em destaque, para onde nossa atenção converge quando botamos os olhos no 
desenho, que são Cristo e São João Batista. Acima deles, está a imagem de Deus. 
Traçando uma linha reta bem no meio do quadro, entre esses personagens em 
destaque, acabamos com duas metades muito simétricas: repare que o número 
de pessoas de um e do outro lado é parecido; nos dois lados, no canto superior, 
há a presença de uma vegetação; há dois anjos, um de cada lado de Deus; mesmo 
o prédio ao fundo está quase no centro. Essa simetria e equilíbrio se relacionam 
com o racionalismo, e muitos pintores faziam cálculos para saber exatamente 
onde posicionar os elementos para que um quadro ficasse perfeitamente simétrico.
Além disso, Deus está presente na pintura, mas não está no centro dela: ele 
fica pairando acima dos homens, como se estivesse olhando por eles sem inter-
ferir. Aqui é a sua representação carnal, humana, que é realçada: Jesus Cristo.
Ainda se faz presente no quadro a influência greco-romana a partir do 
uso das mesmas proporções para a construção da figura humana, bem como 
o conceito de belo da Antiguidade Clássica. As cores também são vivas e 
alegres, o que remete para otimismo da época. 
Agora você pode observar na Figura 3, o famoso quadro do pintor italiano 
Rafael inspirado na Antiguidade Grega:
Figura 3. A escola de Atenas, Rafael.
Fonte: Renascimento (2017).
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Nessa pintura, além da simetria e do equilíbrio, você pode notar igualmente 
a importância dada à razão e à ciência, pois aqui estão representados alguns 
dos maiores filósofos e cientistas da Grécia Antiga: o matemático Arquimedes 
e os filósofos Aristóteles, Platão e Heráclito são exemplos dos personagens 
de destaque. Rafael, inclusive, pintou-se no quadro, situando-se em meio a 
essas figuras lendárias, o que remete para a centralidade do indivíduo durante 
o Renascimento. 
No site da Universidade Estadual Paulista, há um acervo 
digital de pinturas renascentistas com explicações e in-
formações que você pode conferir. O acervo está dividido 
em duas partes:
https://goo.gl/ETWnjm 
https://goo.gl/S7U5Lp 
Dentro dessa tradição do Renascimento da Idade Moderna, encontra-se a 
tragédia moderna. Primeiro, você deve notar que tragédia é aquele gênero 
da dramaturgia que aponta para uma história dramática, com acontecimentos 
tristes e desesperadores. A tragédia moderna foca um indivíduo e OS seus 
conflitos, não um personagem que se constitui como um representante da 
humanidade — como é característico da tragédia clássica, própria da anti-
guidade greco-romana. 
Os problemas e os desastres ocorridos na vida dos personagens não são 
mais inevitáveis (ao contrário dos definidos já no nascimento por meio de um 
destino fixo, como na tragédia clássica), eles são consequência das escolhas 
de cada um. A culpa também se torna uma culpa pessoal. Na tragédia clássica 
Édipo Rei (SHAKESPEARE, 2010), por exemplo, o destino de Édipo é matar o 
seu pai e casar com a sua mãe. Por assassinar o seu pai, porém, uma maldição 
cai sobre todo o povo de Tebas, reinado por ele, na forma de uma peste. 
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Já em Hamlet (SHAKESPEARE, 2010), o protagonista, que leva o nome 
da peça, vive sozinho o dilema de saber que o assassino do seu pai é o seu 
tio, com quem a sua mãe casa após ficar viúva. É ele sozinho quem se debate 
entre o pedido do seu pai por vingança e a culpa por cometer um novo crime. 
Além disso, se, na tragédia clássica, não havia possibilidade de redenção, de 
correção do erro, visto que o destino de homens e deuses não podia ser mudado, 
na tragédia moderna, isso é possível, pois nada é definitivo.
Na tragédia grega, as ações valiam mais do que o desenvolvimento do 
personagem: acreditava-se que, por meio das ações, já se descobriam as 
características dos indivíduos na trama. Na tragédia moderna, ocorre o 
contrário: o desenvolvimento da psicologia do personagem é extremamente 
importante. Quando você assiste a uma peça da tragédia moderna ou lê o 
seu texto, consegue quase entrar na mente da personagem. Sabe o que ela 
está sentindo, porque pratica determinada ação, como se relaciona com os 
outros. E os sentimentos são extremamente complexos, misturando sensa-
ções ambíguas e, mesmo, contraditórias: amor e raiva, culpa e sentido de 
vingança, ódio e compaixão. 
Portanto, você pode concluir que as características principais do Renascimento podem 
ser observadas na tragédia moderna. Primeiro, o antropocentrismo está visível no 
relevo dado para o indivíduo na tragédia. Esse indivíduo é o responsável pelo seu 
destino, pelo seu futuro. Contudo, por outro lado, por mais que ganhe liberdade, ele 
igualmente perde um importante ponto de referência e a certeza de que o que quer 
que acontecesse era o correto, porque era a vontade divina. O homem fica um pouco 
mais perdido em relação ao mundo e em relação ao seu papel no mundo. 
Segundo, o racionalismo e o experimentalismo surgem justamente nessa busca 
solitária do heróida tragédia moderna pela verdade ou pela justiça, pela alegria — 
ninguém apontará o caminho correto, e cabe a ele testar as distintas possibilidades. 
Por fim, o individualismo parece uma consequência óbvia de todos esses elementos 
citados acima: os heróis da tragédia moderna estão centrados em si mesmos. 
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William Shakespeare e a tragédia 
moderna Hamlet
Sobre a vida de William Shakespeare, o maior dramaturgo inglês, há algumas 
certezas e muitas dúvidas. Nas biografi as sobre o famoso escritor, expressões 
como “talvez”, “não se sabe ao certo”, “provavelmente” e “ao que parece” 
são muito comuns. 
Você pode imaginar que essa falta de informações precisas abriu espaço 
para muita especulação e para a criação de inúmeras teorias — algumas 
plausíveis, outras nem tanto. Alguns dizem que Shakespeare nunca existiu e 
que as suas peças foram, na verdade, escritas por autores diferentes. Outros, 
que ele seria apenas um ator que, depois, se colocaria como autor das peças 
em que atuou. Por outro lado, muitos acreditam que ele realmente existiu e 
que foi o verdadeiro autor de todas as peças.
Porém, o que realmente importa é a enorme qualidade das suas produções, 
que até hoje encantam leitores e espectadores. Parece que as suas peças são 
como esponjas, absorvendo todas as questões e problemas de cada época, como 
se fossem contemporâneas a cada uma. Shakespeare parece ser sempre atual, 
mesmo que alguns séculos nos separem dele e do seu momento de escrita.
Shakespeare nasceu em Stratford-upon-Avon, na Inglaterra, em 1564, mas 
não se tem certeza do dia nem do mês. Entre as muitas profissões assumidas 
pelo seu pai ao longo da vida, encontra-se a de aprovar verbas para companhias 
teatrais visitarem a cidade — o que pode ter influenciado a opção do escritor 
filho pela dramaturgia. A sua mãe possuía terras e a família sempre viveu 
confortavelmente. Mas onde Shakespeare estudou e como foi a sua infância? 
Não há resposta precisa para essas perguntas. O que se sabe é que ele casou 
com Ana Hathaway quando tinha 18 anos, com quem foi casado por toda a 
vida e com quem teve três filhos.
Apesar do casamento, a sua mulher e os seus filhos viviam em Stratford-upon-
-Avon, enquanto Shakespeare tentava a sorte em outros lugares. O período logo 
após o seu casamento, de 1585 a 1592, é um grande hiato: nenhum pesquisador 
foi capaz de descobrir com o que o escritor se ocupou durante todos esses anos. 
Uma das hipóteses é a da sua ida para Londres, centro político e cultural do 
País, onde ele poderia desenvolver a sua carreira como escritor e ator de teatro. 
Naquela época, quem reinava a Inglaterra era Elizabeth I, o que foi muito posi-
tivo para Shakespeare, pois esse foi um momento de apogeu da cultura inglesa.
73O Renascimento em Shakespeare: Hamlet e a tragédia moderna
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Você pode visitar, em Londres, o Shakespeare’s Globe Theatre, uma reconstrução do que 
seria o teatro onde Shakespeare apresentou algumas das suas peças mais famosas e 
do qual foi sócio. Esse novo teatro foi construído quase no local do original, que foi 
encerrado permanentemente em 1642.
Shakespeare começou a escrever em 1590, e as suas peças fizeram bastante 
sucesso, o que lhe concedeu renome em vida. Ele ainda é autor de inúmeros 
poemas, a maioria em formato de sonetos. Contudo, é muito difícil de precisar 
quais as datas de publicação de cada uma das obras, com exceção de algumas 
poucas, como Romeu e Julieta, em que é mencionado um terremoto que 
realmente ocorreu em Londres em 1580.
A sua obra pode ser dividida em três fases. A primeira corresponde aos 
anos iniciais de produção do escritor e conta com comédias, como A megera 
domada, Sonhos de uma noite de verão e A comédia dos erros. Depois, surgiram 
as tragédias, que estão entre os seus textos mais famosos e estudados: Romeu 
e Julieta, Hamlet, Rei Lear e MacBeth são alguns exemplos. Por fim, Shakes-
peare escreveu peças históricas, como Ricardo II, Henrique IV e Henrique V. 
Muitas das suas peças ficaram extremamente famosas: você provavelmente 
conhece a história trágica dos apaixonados Romeu e Julieta ou dos ambiciosos 
MacBeth e Lady MacBeth. A trama sobre o jovem príncipe da Dinamarca 
Hamlet, que sofre pelo assassinato do pai, também é um desses exemplos. A 
sua história ficou tão famosa que algumas cenas e frases são muito conhecidas 
do público, e mesmo quem nunca leu a peça ou nunca assistiu a uma montagem 
pode conhecê-las. Você já deve conhecer, por exemplo, estas citações: “Ser ou 
não ser, eis a questão” ou “Há mais coisas entre o céu e a Terra do que supõe 
a sua vã filosofia”. E já ouviu falar da cena em que Hamlet segura um crânio? 
Tanto Hamlet quanto outras peças de Shakespeare já foram lidas, encenadas e 
adaptadas tantas vezes que já fazem parte da nossa cultura (Figura 4). 
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Figura 4. A atriz Sarah Bernhardt como 
Hamlet.
Fonte: Hamlet (2017).
Hamlet integra um conjunto de sete tragédias que a autora Barbara Heliodora 
(2008), na obra Por que ler Shakespeare, afirma tratarem do mesmo tema: como 
o homem enfrenta o mal e o que o mal faz dele. Esse mal pode estar representado 
na peça como um inimigo externo e concreto (como Cláudio, o tio de Hamlet), 
mas o mais importante, de acordo com Heliodora, é que o mal está presente 
dentro dos protagonistas, que devem lidar, portanto, tanto com o externo quanto 
com o interno. As outras obras que comporiam esse grupo ao lado de Hamlet 
são Júlio César, Otelo, Rei Lear, MacBeth, Antônio e Cleópatra e Coriolano.
Para que você entenda que mal é esse que há dentro e fora de Hamlet e que 
ele deve enfrentar, primeiro é necessário um resumo do enredo do texto teatral. 
A história começa com um Hamlet muito triste com a morte do pai, o rei 
Hamlet. O seu tio Cláudio havia se casado com a sua mãe, Gertrudes, logo após 
o óbito. Ainda, como contexto histórico, surge uma disputa entre a Dinamarca 
e a Noruega e uma ameaça de invasão pelo príncipe norueguês, Fórtinbras. 
Nas primeiras cenas, surge, inicialmente para sentinelas e depois para o 
próprio príncipe Hamlet, o fantasma do antigo rei, que revela ter sido assas-
sinado pelo seu irmão, Cláudio, que desejava subir ao poder. O espectro pede 
a Hamlet que vingue a sua morte. 
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O protagonista tem dúvidas em relação à identidade do fantasma, mas o seu 
comportamento muda e todos ao seu redor notam isso: ele está melancólico e 
solitário. Por isso, Cláudio e Gertrudes convidam dois amigos de Hamlet para 
lhe fazerem companhia, Rosencrantz e Guildenstern. Ofélia, jovem cortejada 
por Hamlet, também fica preocupada, mas o seu pai, Polônio, e o seu irmão, 
Laertes, passam a acreditar que a loucura do protagonista seja culpa do amor. 
Contudo, o personagem principal apenas finge estar louco para poder investigar 
o assassinato do pai sem levantar suspeitas. 
Para tentar descobrir a verdade, Hamlet usa uma interessante estratégia: 
uma companhia teatral iria apresentar-seà corte e ele pede que os atores 
encenem uma história criada por ele em que o rei é assassinado pelo seu 
irmão. A sua intenção era observar atentamente as reações de Cláudio ao 
longo da apresentação para tentar descobrir se ele era culpado ou não. Aqui, 
portanto, você pode perceber que Hamlet é um homem moderno: um fantasma 
diz ser o seu pai assassinado e revela a identidade do criminoso; o príncipe, 
porém, não confia totalmente na palavra do outro e elabora uma espécie de 
experimento para comprovar ou não as palavras do espectro. Ele, apesar da 
situação dramática na qual se encontra, não se deixa levar pelo puro instinto 
ou pela pura emoção. Ele ainda precisa de provas. 
Além disso, com a encenação da montagem produzida pelo protagonista, há 
uma peça teatral dentro da peça teatral, as duas com o mesmo mote, o que leva 
o leitor ou o espectador a pensar sobre o gênero e a sua constituição. Apenas 
o título dado por Hamlet para a peça já é bastante explicativo: A ratoeira. 
Enquanto a cena do assassinato é interpretada pela trupe, Hamlet nota uma 
reação exagerada no seu tio, o que o leva a considerar o homem culpado. Essa 
cena apresenta a ironia mordaz de Hamlet e a sua fingida inocência:
HAMLET
Ele o envenena no jardim por suas posses. Seu nome é Gonzago. A história 
ainda existe, escrita em puro italiano. Ireis ver logo como o assassino 
consegue o amor da mulher de Gonzago. 
OFÉLIA
O rei se levanta.
HAMLET
O que, assustado com fogo falso?
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RAINHA
Como passa o meu senhor?
POLÔNIO
Parem a peça!
REI
Deem-me luz! Vamos.
POLÔNIO
Luzes, luzes, luzes.
(Saem todos, menos Hamlet e Horácio)
HAMLET
Que gema o veado na agonia,
E o cervo vá brincando
Enquanto um dorme, outro vigia;
E o mundo vai andando...
Será que isto, com uma floresta de plumas — se o resto da minha fortuna 
me der as costas — com rosas de Provença em seus sapatos esfarrapa-
dos, não me daria lugar numa matilha de atores? (SHAKESPEARE, 2010, 
p. 137-138).
Primeiro, Hamlet inventa uma suposta origem da peça criada por ele e 
conta-a para Ofélia. Depois, há a sua reação à saída intempestiva do rei, 
sugerindo, de forma extremamente mordaz, que ele teria se assustado com 
um alarme falso de fogo. Por fim, ele fala metaforicamente que, enquanto o 
seu tio se entretém com as funções de ser rei, Hamlet está vigiando todos os 
seus passos. E termina perguntando se, caso ele perca a sua posição e o seu 
dinheiro, não poderia tornar-se ator. O jovem usa, porém, um coletivo que 
não é próprio para um grupo de atores, que poderia ser designado como trupe, 
por exemplo. Ele utiliza, no lugar disso, o termo “matilha”, ou seja, grupo de 
cães. Talvez o protagonista esteja se referindo ao seu objetivo ao montar o 
espetáculo A ratoeira: caçar o assassino do seu pai com uma armadilha, agir 
como um cão de caça com a sua presa. 
Depois da encenação da peça, inúmeros acontecimentos trágicos se pre-
cipitam. A mãe de Hamlet, a rainha Gertrudes, chama o filho ao seu quarto 
para conversar sobre o que havia acabado de acontecer. No caminho, o jovem 
príncipe encontra Cláudio rezando e hesita em matá-lo. No outro dia de manhã, 
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porém, ele mata Polônio sem querer, que estava escondido atrás da cortina, 
acreditando ser Cláudio que lhe espiava. 
Transtornada com a morte do pai, Ofélia começa a mostrar sinais de loucura 
a acaba morrendo afogada. Os coveiros dão a entender que a jovem se suicidou. 
Figura 5. Morte de Ofélia por Millais, 1852.
Fonte: Hamlet (2017).
Depois, Cláudio desafia Hamlet a um duelo com armas brancas — porém, 
o rei havia envenenado a ponta da sua espada e também havia deixado um 
cálice de vinho com veneno para Hamlet, a fim de garantir que o protagonista 
não sairia vivo da contenda para estragar os planos do rei. O jovem, contudo, 
deixa para beber o vinho após o duelo, e Gertrudes, sem saber do plano, 
toma do cálice. Hamlet vence os dois primeiros assaltos e, enquanto a rainha 
limpa o seu rosto, Laertes tenta feri-lo com a espada envenenada. O irmão de 
Ofélia havia sido persuadido por Cláudio de que Hamlet matara o seu pai de 
propósito e, por isso, estava transtornado. Hamlet reage e, no meio da luta, 
os dois acabam trocando de espadas e o protagonista fere Laertes. No fim, o 
plano de Cláudio é revelado a todos e Hamlet mata-o obrigando o rei a beber 
do cálice de vinho envenenado. A rainha e Laertes morrem e Hamlet se mata, 
proferindo a famosa frase “O resto é silêncio” (SHAKESPEARE, 2010, p. 235).
Muitos temas, portanto, são abordados nessa peça: vingança, dúvida, amor, 
ganância, corrupção, loucura. Outro assunto debatido, que gera tanto o medo 
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mais apavorante quanto o interesse mais avassalador nas pessoas ao longo dos 
tempos, é a morte. Hamlet está no cemitério quando segura uma caveira (aquela 
famosa cena da tragédia), que um dos coveiros diz ser de Yorick, um bobo da 
corte com quem o príncipe muito conviveu quando criança. O protagonista 
relembra os tempos passados com Yorick e não consegue acreditar que aquele 
ser humano que provocava o riso pode ter se transformado em um punhado 
de ossos. A partir dessas recordações, Hamlet inicia uma reflexão sobre o fim 
da vida. Ele pergunta ao seu fiel companheiro, Horácio, se ele acredita “que 
o próprio Alexandre tenha esse aspecto, dentro da terra” (SHAKESPEARE, 
2010, p. 210). Então, ele afirma: “A que baixa condição nós temos de volver, 
Horácio!” (SHAKESPEARE, 2010, p. 210). E segue confrontando a grandeza 
de Alexandre, o rei da Macedônia, assim como a do imperador César, durante 
as suas vidas de conquistas, com a sua pequenez na morte:
Alexandre morreu, Alexandre foi enterrado, Alexandre voltou ao pó, o pó 
é terra, da terra se faz argila, e por que essa argila em que ele se converteu 
não poderia ser usada para selar um tonel?
César, imperador, morto e em barro mudado,
Poderia vedar um furo contra o vento.
Essa terra que pôs o mundo apavorado,
Vai tapar na parede um sopro friorento! (SHAKESPEARE, 2010, p. 210-211).
Se Alexandre e César tiveram grandes conquistas em vida, apavorando o 
mundo, depois de mortos e transformados em pó, eles poderiam apenas tapar 
um buraco na parede, algo muito irrisório. Repare nessa grande contradição e 
na bela metáfora criada por Shakespeare para falar de uma enorme angústia 
humana: o que acontece depois da morte?
Enquanto o homem da Idade Média tem fé de que vai para o céu ou para o inferno 
(tudo depende de como levou a sua vida), para o homem moderno, já não existem 
mais certezas. Hamlet está sozinho e não tem em quem se apoiar, nem no pai, morto, 
nem na família, nem em Deus. Ademais, se o rei Hamlet foi assassinado, esse crime não 
faz parte de um destino seu que deveria ser respeitado ou, pelo menos, aceitado por 
se constituir como algo inevitável. Por isso, o seu filho, o príncipe Hamlet, pode vingar 
a sua morte: ele não é capaz de consertar a situação, já que a morte é irreversível, mas 
pode cobrar de quem cometeu o erro.
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 Com personagens tão complexos do ponto de vista psicológico e com 
temas tão intensamente debatidos, como a morte, não é à toa que Hamlet, de 
Shakespeare, tornou-se um clássico, inspirando as pessoas mais distintas ao 
longo do tempo e em diferentes cantos do mundo. O enredo pode estar situado 
na Dinamarca de séculos atrás, mas esse é apenas um pano de fundo para a 
encenação de dramas universais. 
1. Hamlet, de Shakespeare, é uma 
tragédia moderna. Sobre o 
conceito de tragédia moderna, 
épossível dizer que:
a) a tragédia moderna é bastante 
similar à tragédia clássica, visto 
que as duas trabalham muito 
a ação, não se preocupando 
tanto com a descrição 
psicológica dos personagens.
b) a tragédia moderna está 
relacionada com o período 
histórico em que se 
desenvolveu: o Renascimento.
c) na tragédia moderna, o coro 
se constitui em um elemento 
bastante importante para ajudar 
a elucidar os sentimentos dos 
personagens. Ele é herança 
da tragédia clássica.
d) na tragédia moderna, Deus 
ainda tem um papel bastante 
importante nos rumos 
tomados pela narrativa.
e) o número de personagens 
da tragédia moderna é 
reduzido, não passando de 
três na maioria das peças.
2. Shakespeare viveu entre o final 
do século XVI e o início do XVII. 
Sobre esse período histórico, 
é correto afirmar que:
a) o teocentrismo era a crença 
principal desse período, em 
que a religião ainda era muito 
importante. Os quadros 
com temas religiosos de 
Michelangelo e Rafael, por 
exemplo, são prova disso.
b) a Inglaterra de Shakespeare foi 
o centro cultural dessa época. 
Todos os artistas europeus 
se inspiravam nos ingleses.
c) Shakespeare foi uma exceção 
desse período histórico, 
quando a maior preocupação 
era com a ciência e com a 
razão, não com as artes.
d) o misterioso oriente serviu 
como inspiração para as 
criações artísticas da época.
e) descobertas como as de Nicolau 
Copérnico e Galileu Galilei, 
que tiravam a Terra do centro 
do Sistema Solar e afirmavam 
que era ela que girava ao 
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redor do Sol, não o contrário, 
foram muito importantes 
para o desenvolvimento do 
pensamento da época.
3. Quando se trata da biografia de 
Shakespeare, surgem muitas dúvidas 
e poucas certezas. Em relação à 
sua vida, podemos afirmar que:
a) ele nunca trabalhou como ator, 
apenas escrevendo as peças 
que outros encenavam.
b) escreveu apenas tragédias, 
que ele considerava como 
o gênero mais elevado.
c) ao contrário de muitos 
escritores que morrem 
anônimos, conheceu o 
sucesso em vida, sendo 
reconhecido pelas suas peças.
d) nasceu em uma família 
pobre e, por isso, desde 
cedo precisou escrever para 
vender as suas peças.
e) entre 1585 e 1592, mudou-se 
do interior da Inglaterra 
para Londres e iniciou o seu 
trabalho com o teatro.
4. A obra de Shakespeare conta 
com inúmeros títulos. Sobre 
ela, é correto afirmar que:
a) Shakespeare foi um dramaturgo, 
e a sua obra é composta 
por textos dramáticos.
b) as suas obras mais emblemáticas 
e estudadas são as comédias, 
pois Shakespeare utiliza o riso 
como forma de reflexão sobre 
os problemas humanos.
c) os personagens de Shakespeare 
são guiados pelo destino. Por 
mais que eles tentem mudar as 
suas vidas, não são capazes.
d) o centro das peças de 
Shakespeare é o ser humano, 
os seus medos, as suas 
angústias, dúvidas e alegrias.
e) Shakespeare se preocupa 
mais com o drama humano, 
com os sentimentos dos seus 
personagens. Por isso, nas 
suas peças, o pano de fundo 
histórico acaba por ser pouco 
desenvolvido e ter pouco relevo.
5. Em Hamlet, o protagonista 
reflete sobre o suicídio. É nesse 
momento em que ele declama a 
famosa frase “Ser ou não ser, eis 
a questão”. Analise este trecho 
e assinale a alternativa correta 
sobre a sua interpretação.
Ser ou não ser, eis a questão: 
será mais nobre
Em nosso espírito sofrer 
pedras e flechas
Com que a Fortuna, 
enfurecida, nos alveja,
Ou insurgir-nos contra um 
mar de provocações
E em luta pôr-lhes fim? 
Morrer... dormir: não mais
Dizer que rematamos com 
um sono a angústia
E as mil pelejas naturais — 
herança do homem:
Morrer para dormir... é 
uma consumação
Que bem merece e 
desejamos com fervor.
a) Por um fim às provocações, 
nesse trecho, significa 
por um termo à vida.
b) “Ser ou não ser” se refere à 
dúvida do príncipe Hamlet entre 
matar ou não o seu tio, entre 
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HAMLET. In: Wikipédia. 2017. Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Hamlet>. 
Acesso em: 7 ago. 2018.
HELIODORA, B. Por que ler Shakespeare. São Paulo: Globo, 2008. 
RENASCIMENTO. In: Wikipédia. 2017. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/
Renascimento#/media/File:Pietro_Perugino_cat13a.jpg.>. Acesso em: 7 ago. 2018.
SHAKESPEARE, W. Hamlet. Rei Lear. MacBeth. São Paulo: Globo, 2010.
WILLIAM SHAKESPARE. In: Wikipédia. 2017. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/
wiki/William_Shakespeare>. Acesso em: 7 ago. 2018.
Leituras recomendadas
HUPPES, I. Tragédia clássica e tragédia moderna. Letras de Hoje, Porto legre, v. 22, n. 1, 
1987. Disponível em: <http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/fale/article/
view/17013/11036>. Acesso em: 7 ago. 2017. 
cumprir ou não o pedido de 
vingança do fantasma do seu pai.
c) A luta da qual fala Hamlet seria 
a luta para passar por cima das 
flechas e pedras atiradas pela 
Fortuna e conseguir viver uma 
existência mais tranquila.
d) Nem todos passam por angústias 
na vida, afirma Hamlet nesse 
trecho. Apenas aqueles que 
passam desejam a morte.
e) Hamlet não deseja a morte, 
mas não vê outra solução 
para os seus problemas.
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da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
 
Conteúdo:
DICA DO PROFESSOR
Veja nesta Dica do Professor, a encenação da obra Hamlet.
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EXERCÍCIOS
1) Hamlet, de Shakespeare, é uma tragédia moderna. Sobre o conceito de tragédia 
moderna, é possível dizer que:
A) a) A tragédia moderna é bastante similar à tragédia clássica, visto que as duas trabalham 
muito a ação, não se preocupando tanto com a descrição psicológica dos personagens.
B) b) A tragédia moderna está relacionada com o período histórico em que se desenvolveu: o 
Renascimento.
C) c) Na tragédia moderna, o coro se constitui como um elemento bastante importante para 
ajudar a elucidar os sentimentos dos personagens. Ele é herança da tragédia clássica.
D) d) Na tragédia moderna, Deus ainda tem um papel bastante importante nos rumos tomados 
pela narrativa.
E) e) O número de personagens da tragédia moderna é reduzido, não passando de três, na 
maioria das peças.
2) Shakespeare viveu entre o final do século XVI e o início do XVII. Sobre esse período 
histórico, é correto afirmar que:
a) O teocentrismo era a crença principal desse período em que a religião ainda era muito 
importante. Os quadros com temas religiosos de Michelangelo e Rafael, por exemplo, são 
A) 
prova disso.
B) b) A Inglaterra de Shakespeare foi o centro cultural dessa época. Todos os artistas 
europeus se inspiravam nos ingleses.
C) c) Shakespeare foi uma exceção desse período histórico, quando a maior preocupação era 
com a ciência e com a razão e não com as artes.
D) d) O misterioso oriente serviu como inspiração para as criações artísticas da época.
E) e) Descobertas como as de Nicolau Copérnico e Galileu Galilei, que tiravam a terra do 
centro do sistema solar e afirmavam que era ela que girava ao redor do sol, e não o 
contrário, foram muito importantes para o desenvolvimento do pensamento da época.
3) Quando se trata da biografia de Shakespeare, surgem muitas dúvidas e poucas 
certezas. Em relação à sua vida, podemos afirmar:
A) a) Ele nunca trabalhou como ator, apenas escrevendo as peças que outros encenavam.
B) b) Shakespeare escreveu apenas tragédias, que ele considerava como o gênero mais 
elevado.
C) c) Shakespeare, ao contrário de muitos escritores que morrem anônimos, conheceu o 
sucesso em vida, sendo reconhecido pelas suaspeças.
D) d) O escritor nasceu em uma família pobre e por isso desde cedo precisou escrever para 
vender suas peças.
E) e) Entre 1585 e 1592, Shakespeare se mudou do interior da Inglaterra para Londres e 
iniciou seu trabalho com o teatro.
4) A obra de Shakespeare conta com inúmeros títulos. Sobre ela, é correto afirmar que:
A) a) Shakespeare foi um dramaturgo e sua obra é composta por textos dramáticos.
B) b) Suas obras mais emblemáticas e estudadas são as comédias, pois Shakespeare utiliza o 
riso como forma de reflexão sobre os problemas humanos.
C) c) Os personagens de Shakespeare são guiados pelo destino. Por mais que eles tentem 
mudar suas vidas, não são capazes.
D) d) O centro das peças de Shakespeare é o ser humano, seus medos, suas angústias, dúvidas 
e alegrias.
E) e) Shakespeare se preocupa mais com o drama humano e com os sentimentos de seus 
personagens. Por isso, em suas peças, o pano de fundo histórico acaba por ser pouco 
desenvolvido e ter pouco relevo.
5) Em Hamlet, o protagonista reflete sobre o suicídio. É nesse momento em que ele 
declama a famosa frase "Ser ou não ser, eis a questão". Analise o trecho a seguir e 
assinale a alternativa correta sobre a sua interpretação. 
"Ser ou não ser, eis a questão: será mais nobre em nosso espírito sofrer pedras e 
flechas 
Com que a fortuna, enfurecida, nos alveja, 
Ou insurgir-nos contra um mar de provocações 
E em luta pôr-lhes fim? 
Morrer.. dormir: não mais 
Dizer que rematamos com um sono a angústia 
E as mil pelejas naturais - herança do homem: 
Morrer para dormir... é uma consumação 
Que bem merece e desejamos com fervor."
A) a) Por um fim às provocações, nesse trecho, significa por um termo à vida.
B) b) "Ser ou não ser" se refere à dúvida do príncipe Hamlet entre matar ou não seu tio, entre 
cumprir ou não o pedido de vingança do fantasma de seu pai.
C) c) A luta da qual fala Hamlet seria a luta para passar por cima das flechas e pedras atiradas 
pela fortuna e conseguir viver uma existência mais tranquila.
D) d) Nem todos passam por angústias na vida, afirma Hamlet nesse trecho. Apenas aqueles 
que passam desejariam a morte.
E) e) Hamlet não deseja a morte, mas não vê outra solução para os seus problemas.
NA PRÁTICA
Hamlet é uma peça muito rica, que já foi estudada muitas vezes a partir de perspectivas bem 
diferentes. É claro que o protagonista que dá nome à tragédia, dilacerado pela morte do pai e 
pela descoberta de que foi seu tio quem o matou, foi o foco de inúmeras dessas pesquisas.
Porém, a figura de Ofélia, a amada de Hamlet, começou a despertar igualmente a atenção.
Primeiro, ela era tida como o ideal da mulher recatada e bela, mas depois outros aspectos dessa 
personagem foram percebidos. Críticas feministas começaram a analisar Ofélia e a procurar 
compreender o papel da mulher na sociedade a partir de suas representações literárias. Algumas 
dessas estudiosas foram Catherine Belsey, Carol Thomas Neely, Juliet Dusinberry, Linda 
Bamber, Lisa Jardine e Jean E. Howard.
Sua figura inspirou inúmeras produções artísticas, principalmente pinturas e poemas. A seguir, 
você vai conferir o trecho de Hamlet em que a rainha anuncia o suicídio de Ofélia por 
afogamento, seguido de dois poemas inspirados na jovem personagem de Shakespeare.
 
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
Hamlet, de William Shakespeare Assista uma resenha sobre a obra Hamlet no vídeo a 
seguir.
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A trajetória de Macbeth Descubra um pouco mais sobre a sua sangrenta trajetória:
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A mulher Ofélia: um contraste entre o natural e o social
Pouco se fala nos personagens femininos das obras de Shakespeare. Leia e conheça mais sobre 
Ofélia.
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