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organizações internacionais 2

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Conteudista: Prof. Dr. João Luiz de Souza Lima
Revisão Textual: Prof.ª Dra. Selma Aparecida Cesarin
 
Objetivos da Unidade:
Interpretar e prever as teorias que envolvem as Organizações Internacionais
(OIs), bem como suas intensões junto ao Sistema Internacional;
Debater sobre a capacidade que as OIs têm de estar in�uenciando a estrutura
do Sistema Internacional, como também sua trajetória considerando sua
origem, magnitude, quantidade e amplitude;
Entender as in�uências que o Sistema Internacional de Direito tem sobre as
OIs.
 Material Teórico
 Material Complementar
 Referências
Elementos Conceituais e Teóricos Relativos às
Organizações Internacionais
Introdução
Esta Unidade procura elencar algumas considerações teóricas pertinentes para o
entendimento da dinâmica das Organizações Internacionais (OIs) no âmbito das Relações
Internacionais (RIs), sem buscar aprofundamento ou enquadramento em alguma Linha,
Escola ou Grupo de Literatura especí�co. 
Assim, o foco é o estudo das OIs e como seus conceitos e suas teorias se relacionam com ele.
Depois dessa introdução, a Unidade segue apresentando a perspectiva do ciclo comercial,
econômico e de hegemonia no Sistema Internacional, ampliando o entendimento de
efetividade veri�cado anteriormente, bem como abordando as motivações que Estados-
Nações com diferentes capacidades de inserção no Sistema Internacional têm para formar e
manter ou deslegitimar e terminar com as OIs.
O estudo das OIs deve considerar que a temática se insere num campo maior, o dos estudos de
Relações Internacionais (RIs), e que tem uma trajetória de debates conceituais e teóricos
revelador da própria capacidade e tentativas constantes de interpretar e prever os fenômenos
das RIs.
Assim, um relevante ensinamento pode ser obtido ao se estudar as OIs é que não existe uma
Teoria delas, mas sim Teorias e debates que precisam considerar as OIs e suas interações no
Sistema Internacional.
Como um dos principais atores das Relações Internacionais (RIs), as OIs devem ser
consideradas no debate Teórico de RI por sua origem, magnitude, quantidade, amplitude e
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 Material Teórico
capacidade de in�uenciar a estrutura do Sistema Internacional e, portanto, de sua própria
trajetória, ou seja, revelam muito dos limites e possibilidades que irão se encontrando ao se
estudar uma OI ou um grupo de Organizações Internacionais (OIs) particulares.
Ciclo Comercial, Econômico e de Hegemonia no
Sistema Internacional
O Sistema Internacional tem especi�cidades que se diferenciam daquelas existentes no
Sistema Nacional no qual ocorrem as relações sociais de determinado povo e que corresponde
a uma determinada formação social. 
Assim, existem diferentes opções e pontos de partida para analisá-lo e entendê-lo e, nesse
sentido, também há re�exos no pensar as Organizações Internacionais (OIs), como a que
considera importante as interações das OIs com os ciclos comerciais, econômicos e de
hegemonia junto às Relações Internacionais (RIs). 
O Sistema Internacional tem sua formação histórica no �nal da Idade Média e início da idade
Moderna, quando ocorre o advento das grandes navegações e da ocupação do continente
americano. 
Nessa época, todos os continentes do Planeta estavam sob a ótica, interesses e ações dos
diferentes atores que o compunham. Eles eram atores num processo de transição, pois
estavam passando do modo de produção feudalista para o modo de produção capitalista, ou
seja, o Sistema Feudal e os reinos absolutistas estavam se transformando nos novos Estados
Nacionais.
O ciclo comercial e o ciclo econômico estavam modi�cando as relações componentes do
Sistema Internacional. 
Os dois fenômenos, ou seja, o comercial e o econômico têm relação indivisível, sendo sua
diferenciação uma necessidade metodológica. Os ciclos econômicos acontecem a cada
cinquenta anos, sendo compostos por períodos de expansão, decréscimo, estagnação e
depressão. Esses ciclos são comumente descritos como ciclos padrões na Economia.
O Sistema Capitalista registra seus ciclos por meio de revoluções industriais e/ou revoluções
tecnocientí�cas. 
A cada revolução é perceptível a emergência de um Estado-Nação ou de um grupo de Estados-
Nações que a lideram ou são o berço delas. 
Na história do Capitalismo ocorreram quatro Revoluções Industriais, incluindo a que o mundo
está vivenciando no momento atual.
A Revolução Industrial envolve o processo de mudança de uma Economia agrária e baseada no
trabalho manual para uma dominada pela indústria mecanizada. 
Tem início na Inglaterra por volta de 1760, e se alastra para o resto do mundo. Ela se
caracteriza pelo uso de novas fontes de energia, pela invenção de máquinas que aumentam a
produção, pela divisão e especialização do trabalho, pelo desenvolvimento do transporte e da
comunicação e pela aplicação da Ciência na Indústria. 
A Revolução Industrial provoca profundas transformações na Sociedade, tais como: o declínio
da terra como fonte de riqueza, o direcionamento da produção em larga escala para o Mercado
Internacional, a a�rmação do poder econômico da burguesia, o surgimento do operariado e a
consolidação do Capitalismo como Sistema dominante na Sociedade.
A Figura 1, a seguir, apresenta a Máquina a Vapor, desenvolvida pelo engenheiro britânico
James Watt, em 1776.
Figura 1 – Máquina a Vapor de James Watt
Fonte: seed.pr.gov
Primeira Revolução Industrial (Século XVIII)
A Disponibilidade de capital e o Sistema Financeiro e�ciente facilitam os investimentos dos
empresários, que constroem ferrovias, estradas, portos e sistemas de comunicação,
favorecendo o comércio. 
Os campos são apropriados pela burguesia, no processo chamado de cercamento, originando
extensas propriedades rurais. Com isso, os camponeses são expulsos das terras, migram para
as cidades e se tornam mão de obra à disposição. Por outro lado, aumenta a produção de
alimentos, contribuindo para o crescimento populacional.
O desenvolvimento de máquinas – como a máquina a vapor e o tear mecânico – permite o
crescimento da produtividade e a racionalização do trabalho. 
Com a aplicação da força a vapor às máquinas fabris, a mecanização difunde-se na indústria
têxtil. Para melhorar a resistência delas, o metal substitui a madeira, estimulando a siderurgia
e o surgimento da Indústria pesada de máquinas. 
A invenção da locomotiva e do navio a vapor acelera a circulação das mercadorias pelo mundo.
O novo Sistema Industrial institui duas novas classes opostas, ou seja, os empresários, donos
do capital, dos modos e dos bens de produção, e os operários, que vendem sua força de
trabalho em troca de salário. 
Dessa forma, a Primeira Revolução Industrial concentra os empregados em fábricas e muda
radicalmente o caráter do trabalho. 
Para aumentar o desempenho dos operários, a produção é dividida em várias etapas. O
trabalhador executa uma única tarefa, sempre do mesmo modo e com a mecanização, o
trabalho se desquali�ca, o que reduz substancialmente os salários. 
No início, os empresários impõem duras condições aos operários para ampliar a produção e
garantir margem de lucro crescente. Eles, então, organizam-se em associações para
reivindicar melhores condições de trabalho, dando origem aos Sindicatos.
Segunda Revolução Industrial (Século XIX)
Inicia-se a partir de 1870, com a industrialização da França, da Alemanha, da Itália, dos
Estados Unidos da América (EUA) e do Japão, entre outros. 
Novas fontes de energia (eletricidade e petróleo) e produtos químicos, como o plástico, são
desenvolvidas, e o ferro é substituído pelo aço. Surgem máquinas e ferramentas mais
modernas. 
Em 1909, Henry Ford (1863-1947) cria a linha de montagem e a produção em série. 
Na segunda metade do século XX, quase todas as Indústrias já estão mecanizadas e a
automação alcança todos os setores das fábricas. As inovações técnicas aumentam a
capacidade produtiva das indústrias e o acúmulo de capital. As potências industriais passam a
buscar outros Mercados
consumidores. 
A Figura 2, a seguir, apresenta o empresário norte-americano Henry Ford.
Figura 2 – Henry Ford
Fonte: Wikimedia Commons
Terceira Revolução Industrial (Século XX)
No período depois da II Guerra Mundial, a partir da década de 1950, surgem complexos
industriais e empresas multinacionais. 
As indústrias química e eletrônica crescem. Os avanços da automação, da Informática e da
Engenharia Genética são incorporados ao processo produtivo, que depende cada vez mais de
alta tecnologia e de mão de obra especializada. 
A informatização substitui, em alguns casos, a mão de obra humana, contribuindo para a
eliminação de inúmeros postos de trabalho.
Quarta Revolução Industrial (Século XXI)
Consiste na Revolução Industrial que é diferente de tudo o que a Humanidade já
experimentou. As novas Tecnologias existentes estão uni�cando o mundo físico, o digital e o
biológico de forma a criar grandes promessas de desenvolvimento, mas também possíveis
perigos, em contrapartida. 
Essa nova fase será impulsionada por um conjunto de Tecnologias disruptivas, tais como:
Robótica;
Inteligência Arti�cial;
Realidade Aumentada;
Big Data (análise de volumes massivos de dados);
Nanotecnologia;
Impressão 3D;
O Quadro 1, a seguir, apresenta as características existentes em todas as fases ocorridas ao
longo das Revoluções Industriais, desde o século XVIII, bem como os respectivos impactos
econômicos.
Quadro 1 – Revolução Industrial (Resumo)
Revolução
Industrial
Século País Precursor Fatores Econômicos
1ª XVIII Inglaterra
Ferro, Carvão
Mineral e Vapor
D`Água
2ª XIX
Estados Unidos
da América
(EUA)
Aço, Petróleo e
Eletricidade
3ª XX G7 e OCDE 
Computadores e
Robótica 
4ª XXI 
G7, OCDE e
BRICS 
Biotecnologia 
Biologia Sintética;
Internet das Coisas.
Variável Interveniente, Efetividade e Motivações das
OIs
Os Estados-Nações são motivados a seguir suas condições previamente direcionadas, nas
quais as normas de conduta não são apenas uma simples “regulamentação” das relações
entre os Estados-Nações, mas também importam na de�nição e na condução da política
externa deles.
No entanto, num sistema de Estados-Nações soberanos, essa mesma soberania consiste em
um elemento de�nidor dos resultados do Sistema, ou seja, se uma Organização Internacional
(OI) não é efetiva, é porque ela não representa o conjunto dos interesses e princípios dos
Estados-membros que a formaram. 
Re�ita 
O Sistema Capitalista é caracterizado por centros de poder nos quais os
Estados-Nações disputam posições hegemônicas dentro do referido
Sistema. Nesse sentido, a base do Sistema é o modo de produção,
trabalho livre assalariado e acumulação de capital sendo os Estados
Nacionais a expressão de determinadas formações sociais dentro do
Capitalismo. Cada Estado Nacional envolve uma formação social
especí�ca que, por sua vez, representa um determinado grau de
desenvolvimento das forças produtivas e das suas determinadas
superestruturas.
Assim, a Organização Internacional (OI) aparece como uma variável interveniente, num
Sistema que a origina como variável dependente, mas que pode se tornar variável
independente em circunstâncias em que sua existência molda as expectativas, os interesses e
as condutas dos seus membros, ou seja, na origem, é uma variável dependente, mas a prática
a torna relativamente uma variável independente, o que nos dá a pesquisa e a análise como
caminho para essas determinações.
A análise das Organizações Internacionais (OIs) junto ao Sistema Internacional envolve a sua
formação, estrutura institucional e jurídica, conjugada ao contexto internacional em que são
criadas e se desenvolvem.
As variáveis envolvidas no contexto das Organizações Internacionais (OIs), junto ao Sistema
Internacional, são as seguintes:
Transparência: Consiste na capacidade de veri�cação do cumprimento das
Normas e das Regras, e está relacionada à possibilidade de sanções e sua
magnitude;
Resistência: Consiste na capacidade das OIs de se ajustarem às variações exógenas
ou demandas político-sociais do processo decisório sem sofrer transformações
radicais;
Regras de Transformação: Dizem respeito ao rigor das regras nas previsões de
mudanças substantivas, tornando difícil a reestruturação radical ou a substituição
do arranjo institucional;
Capacidade dos Governos: Ocorre quando os Governos-membros conseguem
implementar as normas emanadas do arranjo, bem como cumprir essas normas
na fase de implementação, pois é quando os principais grupos de interesse atuam
para que as expectativas de sua efetivação não se con�rmem;
Interdependência: Relacionada às conexões sociais, políticas e econômicas entre
os membros, que fazem com que a decisão de um esteja determinada pelas
escolhas dos outros membros, e que exista uma capacidade comum de respostas
de um membro às violações de um outro membro;
Neoinstitucionalismo no Âmbito do Estudo das OIs 
O Neoinstitucionalismo se trata do re�exo de um processo de resgate da importância do
Estado-Nação na vida política, e tem similaridade com o processo de recrudescimento da ação
Ordem Internacional: Tem uma boa resistência temporal a mudanças na estrutura
da ordem do Sistema Internacional e do Poder, mas quando as subestruturas
intelectuais ou o Sistema de Ideias entram em colapso, os arranjos construídos
nessas bases de ideias perdem rapidamente sua efetividade;
Distribuição do Poder: Dimensão que in�uencia sobremaneira a efetividade das
OIs, envolvendo as capacidades materiais e políticas de poder dos membros
envolvidos.
Você Sabia? 
No Sistema Internacional, a maioria das decisões emanadas das
Organizações Internacionais (OIs) é de recomendação. O Sistema de
Sanções é aplicado apenas em questões de Segurança Internacional e
depende da correlação de forças das principais potências no Sistema
Internacional. Por seu lado, a “sanção” pela não aplicabilidade de
Recomendações de OIs está à feição do jogo de interesses e de força na
Política Internacional, incluindo, em menor escala, uma “opinião
pública” internacional e nacional e suas pressões políticas internas a
cada Estado.
do Estado depois da crise econômica mundial de 1929 e depois da II Guerra Mundial.
Por sua vez, a Ciência Política começa a ganhar importância junto ao contexto do Sistema
Internacional. 
Além disso, o Institucionalismo Sociológico surge paralelamente à Ciência Política,
destacando-se três características principais no Neoinstitucionalismo, conforme segue:
Para os pensadores institucionalistas da escolha racional, as Organizações Internacionais
(OIs) são criadas pelos atores para obtenção de ganhos de coordenação. 
Essas características, de forma geral, são importantes para a análise do ambiente
internacional, bem como o entendimento da criação e a evolução das OIs.
O Institucionalismo Histórico se desenvolve como resposta às análises de grupo na Ciência
Política e contra o estruturo-funcionalismo, predominantes nas décadas de 1960 e 1970. 
Diz respeito ao enfoque das OIs com ênfase em “padrões de signi�cado” que
moldam a ação humana. Nesse aspecto, em particular, enfatizamos a ideia de
cultura como importante para a análise das RIs e das OIs;
Diz respeito à in�uência das Instituições, seus valores, signos, esquemas
cognitivos e modelos morais no comportamento dos indivíduos;
A legitimidade social aparece como elemento fundamental para explicar a criação,
a estabilidade e a mudança institucional.
Retornos Crescentes de Path Dependence
O Neoinstitucionalismo encaminha as suas perspectivas de análise de modo a tentar
responder às questões que dizem respeito à evolução institucional das Organizações
Internacionais (OIs), ou seja, como elas surgem, como se estabilizam ou como se
transformam e, da mesma maneira, como deixam de existir.
Há mais coincidências e falsos dilemas do que diferenças entre o institucionalismo histórico
e a escolha racional. Portanto, a sua análise é conduzida a apresentar uma crítica ao
institucionalismo da escolha
racional pela ênfase no equilíbrio, bem como das análises que
separam a estabilidade da mudança institucional das OIs. 
Você Sabia? 
As assimetrias de poder são particularidades presentes no âmbito da
Política Internacional, e estão na questão central para a análise de
organismos internacionais como, por exemplo, o Conselho de
Segurança (CS) da Organização das Nações Unidas (ONU), o Fundo
Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial. No que diz respeito
a outros fatores, notadamente as ideias, existe uma nítida vinculação,
veri�cada empiricamente e apresentada por pensadores na área das
Relações Internacionais (RIs), entre as ideias que modelam as
principais ações dos Estados-Nações na Ciência Política internacional
e na própria evolução das Organizações Internacionais (OIs)
contemporâneas.
As Organizações Internacionais (OIs) são explicadas pelos elementos que formam os
Retornos Crescentes e Path Dependence.  
Por sua vez, a ideia de Path Dependence tem sua vertente mais forte no âmbito da Economia, a
qual busca entender as estratégias tecnológicas, que podem alcançar uma vantagem
competitiva inicial em relação a outras. 
A tendência é que a vantagem tecnológica seja seguida, com consequente abandono de
alternativas, ou então que os países competidores que não aderirem desapareçam pela
desvantagem na concorrência. 
Por outro lado, diferentemente da Economia, em política, os perdedores não desaparecem e
sua adaptabilidade pode ter resultado incerto para as Organizações Internacionais (OIs). 
Assim, o institucionalismo sociológico vê as Organizações Internacionais (OIs) criadas
socialmente no sentido da incorporação de parte do conhecimento cultural existente. 
Novas OIs teriam formas idênticas, mas condicionadas aos aspectos culturais arraigados, o
que seria um caso de Path Dependence.
Há dois modelos de Path Dependence, ou seja, o da Economia e o Sociológico, apesar de suas
importâncias, carecem de utilidade ao pensarmos as aplicações institucionais nas
Organizações Internacionais (OIs).
O entendimento da evolução institucional das OIs, a partir da Path Dependence e de Retornos
Crescentes, desloca-se da lógica econômica para uma adaptação à lógica política. Assim,
tenta-se demonstrar que argumentos de Path Dependence são apropriados para um número
signi�cativo de Organizações Internacionais (OIs) que tenham vida política, mais
precisamente aquelas que se dirigem diretamente à política internacional.
A Path Dependence é chamada de concepção estreita, ou de limitação, e que enfatiza que uma
vez que a Organização Internacional (OI) esteja numa determinada trajetória, os custos de
reversão são tão altos que induzem ou condicionam/limitam mudanças para trajetórias
diferentes. 
O efeito dos Retornos Crescentes faz aumentar a probabilidade de os mesmos passos da
Organização Internacional (OI) serem dados na mesma trajetória, ou seja, benefícios da ação
atual comparados a outras possíveis ações crescem com o tempo, bem como os seus custos
da saída. 
Portanto, isso também caracteriza os Retornos Crescentes como autorreforçado (em inglês:
self-reinforcing) ou como de realimentação positiva (em inglês: positive feedback).
Para se concretizar os efeitos dos Retornos Crescentes e da Path Dependence da Economia
para a Política, são analisados quatro aspectos fundamentais como característica especí�ca do
mundo político, conforme segue:
Além disso, há a di�culdade natural de inversão de curso na Política, pois diferentemente da
Economia, a competição entre as Organizações Internacionais (OIs) é pouco e�ciente para a
promoção de mudanças, em virtude de haver uma tendência especí�ca ao status quo junto ao
mundo político.
Assim sendo, em ambientes nos quais prevalecem Retornos Crescentes ou Path Dependence, a
vida política é marcada por quatro características, conforme segue:
Natureza coletiva da Ação Política;
Densidade institucional da Ação Política;
Uso da autoridade política para aprofundar as assimetrias de poder;
Complexidade e falta de transparência da ação política.
Equilíbrio Múltiplo: Sob as condições iniciais de Retornos Crescentes, vários
resultados são possíveis para as OIs;
Visões Clássicas das Principais Teorias de RIS Sobre as
OIs
O papel das Organizações Internacionais (OIs) junto ao Sistema Internacional é fator de
ampla controvérsia no debate teórico nas Relações Internacionais (RIs). Inicia-se pelo
próprio debate teórico abrangente das RIs para, em seguida, encaminhar-se a uma abordagem
especí�ca das Organizações Internacionais (OIs) no que concerne aos seus propósitos. 
A importância do debate teórico das Relações Internacionais (RIs) está nas implicações e nas
possibilidades da Teoria Política e suas implicações junto ao Sistema Internacional e nas
Organizações Internacionais (OIs). 
Há uma diversidade de opiniões, divisões, subdivisões e novos realinhamentos nas principais
Escolas de Pensamento das Relações Internacionais (RIs). 
No entanto, as RIs são subdivididas em três grandes correntes ou Escolas, conforme segue:
Teoria Marxista
Contingência: Eventos relativamente pequenos ocorrendo em determinados
momentos podem ter consequências amplas e duradouras para as OIs;
Papel crítico das regularidades e sucessões: Os eventos antigos importam mais
que os recentes, ou seja, quando os antigos acontecem, podem ser cruciais para as
OIs, mesmo se forem pequenos;
Inércia: Uma vez estabelecido o processo de Retornos Crescentes, a realimentação
positiva pode conduzir a OI a um equilíbrio resistente à mudança.
Marxismo;
Realismo;
Liberalismo.
O mais longo debate em termos de RIs, no entanto, é feito pelo Realismo e pelo Liberalismo. 
Além disso, o Construtivismo e a Teoria Crítica formam ainda um panorama importantíssimo
para as Relações Internacionais (RIs). No entanto, não serão abordadas aqui, para se pensar o
estudo das OIs.
Em relação ao Marxismo, esta Escola parte das relações de classe e reprodução do capital em
escala internacional moldando, assim, um Sistema-Mundo. 
O Marxismo aponta, ainda, as características do Sistema Internacional baseado nas relações
históricas de produção e reprodução do capital, e que molda uma hierarquia de Estados na
qual se baseiam os seguintes fatores: capital, centros, periferias e semiperiferias. O Sistema,
ou a Economia-mundo capitalista consiste, então, num re�exo da interação dos capitais
privados amparados pela estrutura estatal que lhe garante estabilidade.
Na análise das Relações Internacionais (RIs), é fundamental a compreensão da ótica marxista
de que as RIs moldam esquemas de relacionamentos e interações que importam em proteção
à estabilidade do Sistema Internacional. 
Assim sendo, o limite da ação do Estado-Nação em sua legitimação e/ou deslegitimação de
arranjos institucionais está fortemente ligado diretamente aos impactos para a total
estabilidade do Sistema Internacional.
A importância que os Estados-Nações dão às Organizações Internacionais (OIs) depende do
grau em que essa importância re�etirá na estabilidade do Sistema Capitalista, ou seja, o seu
limite. Assim, há uma certa aproximação entre a Teoria Marxista nas Relações Internacionais
(RIs) e o institucionalismo sociológico no que diz respeito à formação institucional
condicionada diretamente às estruturas sociais.
Teoria Realista
A Teoria Realista, por sua vez, consiste numa das correntes mais antigas de análise das
Relações Internacionais (RIs), tendo suas origens e trajetória extremamente ligadas à própria
história das RIs. Isso acontece porque a intensi�cação das RIs se dá desde a formação do
Estado-Nação moderno, que é para a Teoria Realista a sua base principal. 
Para a Teoria Realista, o Estado-Nação é o ator principal nas Relações Internacionais (RIs),
mas se direciona em busca de seus interesses por meio de seus instrumentos de poder. 
Isso se dá objetivamente no âmbito nacional. No caso do âmbito internacional, não há um
poder supremo, ou seja, um Estado-Mundial,
que confere a esse ambiente uma característica
essencialmente anárquica.
Assim, para os defensores da Teoria Realista, apesar da igualdade formal entre os Estados,
existe uma distribuição desigual de poder na seara internacional, o que pressupõe que a ação
do Estado-Nação é pautada por uma “política do poder”, na qual questões de segurança são
essenciais e fundamentais. Essa situação de análise permite a�rmar que a mudança no
Sistema Internacional é limitada e a tendência envolve esquemas de equilíbrio de poder nas
Relações Internacionais (RIs). 
Um exemplo dessa situação foi a experiência fracassada da Liga das Nações (1919-1939), que
motivou o ressurgimento das abordagens realistas, de seus pensadores, tais como: Edward
Hallett Carr, Raymond Aron, Hans Morgenthau e Henry Kissinger. 
No �nal da década 1970, Kenneth Waltz lançou as bases para o que, desde então, é tratado
como Teoria Neorrealista, a qual procura �rmar as bases de sustentação das de�nições mais
precisas das fontes e hierarquias do uso do poder dos Estados-Nações nas Relações
Internacionais (RIs) contemporâneas.
A Teoria Realista a�rma que as Organizações Internacionais (OIs) não têm capacidade
su�ciente na seara internacional para in�uenciar as relações de poder. 
A cooperação, pilar de sustentação para a criação das OIs, é muito di�cultada pela base
anárquica e pela falta de con�ança nas Relações Internacionais (RIs), e só se realizaria como
meio dos Estados-Nações alcançarem seus próprios interesses, fato esse em que elas seriam
meramente um instrumento para a ação racional-estratégica dos Estados-Nações, o que
remete a similaridades com a escola do institucionalismo da escolha racional.
Do institucionalismo histórico se pode resgatar a ideia das assimetrias de poder, e, de forma
direta, elas fazem parte da Teoria Realista quando assumem que as relações de poder são
diferenciadas pelas capacidades também diferentes e desiguais que os Estados-Nações, ou
grupos de Estados-Nações têm uns em relação aos outros. 
Teoria Liberal
A Teoria Liberal, também conhecida como Teoria da Interdependência Complexa e, mais
recentemente, chamada de Institucionalismo Neoliberal, consiste na Teoria que lança as
bases para o que se convencionou chamar de Escola da Interdependência Complexa, que
enfatiza a existência, além do Estado, de muitos outros atores e interconexões entre eles, que
permitem o pensar na ideia de uma interdependência complexa. 
Para essa Teoria das Relações Internacionais (RIs), as Organizações Internacionais (OIs) são
fundamentais, apesar de os Estados serem centrais, na construção de espaços de cooperação
e criação de con�ança. 
A Teoria Liberal a�rma que as Organizações Internacionais (OIs) são extremamente
importantes no contexto do Direito Internacional, bem como ao Sistema Internacional e os
seus regimes. No entanto, a Teoria com essa disposição paralisaria a atuação direta do
Estado-Nação.
A Teoria Liberal tem a �rme ideia de que os atores são movidos por escolhas racionais que
maximizam seus interesses, e as instituições, assim como o Mercado na Economia, são
responsáveis pelas correções de curso que poderiam causar problemas.
A lógica da Teoria Liberal e o papel que assumem as Organizações Internacionais (OIs) têm
como fonte de inspiração a liberdade de ações, que resultaria numa tendência à cooperação de
todos os atores envolvidos para o atingimento do resultado ótimo com informações amplas e
plena capacidade de todos os elementos se comunicarem. 
A importância desse princípio para as Organizações Internacionais (OIs) é que os atores irão
agir sabendo que poderão sofrer ações contrárias amanhã por um outro ator ou, então que,
cooperando agora, terão, consequentemente, cooperação amanhã. 
A con�ança mútua e recíproca é justamente estabelecida pelas Organizações Internacionais
(OIs), em virtude de que resultam de Acordos multilaterais formalizados em Tratados de
Cooperação.
Além disso, vale lembrar aqui, que a questão da legitimidade está diretamente ligada à
evolução das Organizações Internacionais (OIs). 
Diferentemente da Lei e, consequentemente, do Direito Interno a cada Estado-Nação, que é
regido pelo princípio da legalidade, o Direito Internacional é regido pelo princípio da
Legitimidade. 
Nesse aspecto, como as Organizações Internacionais (OIs) são constituídas pelos Tratados
Internacionais que, por sua vez, são uma das fontes do Direito Internacional, elas têm sua
evolução, ou seja, sua criação, desenvolvimento, estabilidade, reconhecimento, mudança ou
extinção, de�nida à medida do grau e da legitimidade que os Estados-Nações lhe conferem.
Em Síntese 
Nesta Unidade, buscou-se elencar alguns conceitos e questões das Teorias para o estudo das
Organizações Internacionais (OIs). Dessa forma, é relevante destacar que as OIs aparecem e
tem sua dinâmica in�uenciada pelo desenvolvimento de ciclos comerciais-econômicos e de
hegemonia junto ao Sistema Internacional. 
Foi destacada, também, a possibilidade de utilização das OIs como uma variável na análise do
fenômeno internacional, e se chamou atenção para a maior relevância como variável
interveniente, o que implica suas conexões dependentes e independentes para a explicação de
sua trajetória, bem como dos possíveis impactos no Sistema Internacional. 
Foi abordado, da mesma forma, que Estados-Nações fortes criam as OIs como parte de sua
arquitetura de poder e in�uência no Sistema Internacional, mas que sua manutenção e
efetividade depende da legitimidade que confere a elas, dentre outras características. 
Na discussão sobre a Escola do Neoinstitucionalismo, destacaram-se algumas de suas
principais correntes, em especial, aqueles elementos que nos auxiliam no entendimento da
dinâmica própria de algumas OIs no espaço-tempo. 
Ressalta-se que, pelo aporte do Neoinstitucionalismo Histórico, os conceitos de Retornos
Crescentes e Path Dependence (Dependência de Trajetória) indicam que, uma vez montada
uma estrutura de OIs num certo arranjo hegemônico, a trajetória tende a seguir determinado
rumo e apenas em situações especí�cas (conjunturas críticas) podem ser transformadas e,
assim, ocorre a mudança de trajetória. 
Essas noções são especialmente relevantes para análises de órgãos como o Conselho de
Segurança da ONU, ou OIs, como a Organização Mundial do Comércio (OMC).
Ao �nal da Unidade, foram resgatadas algumas Teorias e debates tradicionais nos estudos de
Relações Internacionais (RIs) para complementar o quadro de discussão teórico-conceitual. 
Assim sendo, �ca claro que nenhuma Teoria é capaz de explicar sozinha toda a complexidade
do fenômeno das OIs. 
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta
Unidade:
  Sites  
Institucional da Organização do Tratado do Atlântico Norte
(OTAN)
Clique no botão para conferir o conteúdo.
ACESSE
Institucional da Organização das Nações Unidas (Brasil)
Clique no botão para conferir o conteúdo.
ACESSE
2 / 3
 Material Complementar
https://www.nato.int/
https://brasil.un.org/
Institucional do Banco Mundial (World Bank)
Clique no botão para conferir o conteúdo.
ACESSE
Instituto Brasileiro de Geogra�a e Estatística (IBGE) que
apresenta os indicadores de desenvolvimento econômico
Clique no botão para conferir o conteúdo.
ACESSE
Institucional da Organização Mundial da Saúde – OMS
(Brasil)
Clique no botão para conferir o conteúdo.
ACESSE
  Leitura   
Institucional da Organização para Cooperação e
Desenvolvimento Econômico
https://www.worldbank.org/pt/country/brazil
https://ibge.gov.br/
https://www.who.int/eportuguese/countries/bra/pt/
Clique no botão para conferir o conteúdo.
ACESSE
http://www.oecd.org/latin-america/countries/brazil/brasil.htm
ALMEIDA, P. R. Relações Internacionais e Política Externa do Brasil. Rio de Janeiro: GEN/LTC,
2012. (e-book)
ARON, R. Paz e Guerra entre as Nações. São Paulo: Martins Fontes, 2018. 
COHEN, S. B. Geopolitics the geography of International Relations. 3. ed. Londres:
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 Referências

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