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Medicina Unigranrio • Lucas Albernaz INFECTOLOGIA • INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS Introdução: • Uso do preservativo • Imunização para HAV, HBV e HPV • Conhecer o status sorológico para HIV da (s) parceria (s) sexual (is) • Testar regularmente para HIV e outras IST • Tratar todas as pessoas vivendo com HIV – PVHIV (tratamento como prevenção e I = I) • Realizar exame preventivo de câncer de colo de útero (colpocitologia oncótica) • Realizar profilaxia pré-exposição (PrEP), quando indicado • Conhecer e ter acesso à anticoncepção e concepção • Realizar profilaxia pós-exposição (PEP), quando indicado Rastreamento de ISTs: Tenofovir + entricitabina = PrEP A infecçoes sexualmente transmissíveis (ISTs) apresentam principais manifestações clínicas que podemos realizar uma abordagem sindrômica porque existem agente etiológicos bem definidos e muitas das vezes conseguimos tratar mesmo sem fechar um diagnóstico etiológico e conseguir sucesso no tratamernto. Atuamente, a orientação é sempre tentar, se for possível, o diagnóstico etiológico desde que não atrase o tratamento. As principais manifestações clínicas são: • Corrimento vaginal → principais agentes neisseria gonorrhoeae e clamydia trachomatis • Corrimento uretral → principais agentes neisseria gonorrhaeae e clamydia trachomatis Medicina Unigranrio • Lucas Albernaz • Úlceras genitais → maior parte dos casos são causados pela haemophilus ducreyl e treponema pallidum. Lesão herpética é de facil diagnóstico e já direciona o tratamento para herpes. • Verrugas anogenitais → principal agente é papilomavirus humano (HPV). Manejo clínico de IST sintomática: “O paciente que apresenta uma queixa de síndrome específica, realizamos anamnese e exame físico e identifcamos a sídrome, por exemplo, um úlcera genital. Se tiver laboratório disponível para fazer exame temos que fazer o fluxograma com laboratório e na primeira consulta já vai fazer o tratamento (mesmo sem o resultado do exame), ou seja, um tratamento baseado na clínica. Se não tiver laboratório, tem que tratar da mesma forma.” CORRIMENTO URETRAL (URETRITES): • Inflamação uretral • Pode ser adquirido através da relação vagina, anal e oral. • Corrimento varia: de mucoide à purulento • Sintomas: Dor uretral, disúria, estranguria, prurido e eritema do meato uretral. Alguns homens podem fazer uma inflamação na glande. Etiologia das uretrites: • A grande maioria dos casos são causados por Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis. • Outros agentes: trichomonas vaginalis, ureaplasma urealyticum, enterobactérias (nas relações anais insertivas), mycoplasma genitalium, vírus do herpes simples (HSV, do inglês Herpes Simplex vírus), adenovírus e cândida sp são menos frequentes. • Causas traumáticas devem ser consideradas. As vezes a pessoa inseriu algo ou utilizou algum produto irritável que lesionou. Uretrite gonocócica (gonorreia): corrimento purulento Medicina Unigranrio • Lucas Albernaz • Causada pela neisseria gonorrhoeae • Coco gram-negativo intracelular • Risco de transmissão: 50% por ato sexual • Sinais e sintomas determinados pelos locais primários de infecção. • Membranas mucosas da uretra (uretrite), endocérvice (cervicite), reto (proctite), faringe (faringite) e conjuntiva (conjuntivite). • No homem, a infecção é assintomática em menos de 10% • Corrimento (80%), disúria (50%) Se o paciente chega dizendo que está com uma infecção urinaria e quando perguntamos se está saindo alguma secreção para uretra e ele confirma, podemos ter certeza de que não é uma ITU, mas sim uma uretrite. Temos que tratar como uretrite e não como uma ITU, porque na infecção urinária o paciente pode ter esses mesmos sintomas, mas não tem corrimento. Uretrite = corrimento uretral, podendo até sangrar em caso de inflamação muito intensa. • Nas mulheres costuma ser assintomática a uretrite • Incubação: 2 a 5 dias – pesquisar parceiros recentes (dias) • Corrimento mucopurulento/purulento, em geral bastante significativo • Via ascendente: orquiepididimite, prostatite, estenose da uretra. • Na década de 70 começaram a surgir cepas produtoras de penicilinases havendo falha de tratamento. • Cepas resistentes crescente às Fluoroquinolonas (principalmente ciprofloxacina) Disseminação hematogênica (3% dos casos): bem raro. • Artrite séptica • Endocardite • Dermatite (dermatite/artrite) • Meningite • Osteomielite • Sepse (síndrome de Waterhouse-friderichsen) Tratamento para uretrite gonocócica: (escolher apenas uma droga) • Ceftriaxona: 250mg via IM dose única → pelo MS a droga de escolha é sempre ceftriaxona • Cefotaxima: 1g IM dose única • Espectonomicina (quase não usa): 2g IM dose única • Doxiciclina 100mg VO de 12/12 horas durante 7 dias • Ciprofloxacino: 500mg VO dose única Uretrite não-gonocócica: (corrimento mucoide) • As uretrites não-gonocócica apresentam-se com um corrimento não purulento. • Exame direto (gram), cultura ou biologia molecular negativas para gonococo. • Geralmente causada por Chlamydia trachomatis: 50% dos casos Medicina Unigranrio • Lucas Albernaz • Restante dos casos: mycoplasma genitalium, ureaplasma urealyticum, mycoplasma hominis, trichomonas vaginalis, entre outros. SEMPRE TRATAR DE FORMA SINDRÔMICA. PACIENTE NÃO PODE SAIR DO CONSULTÓRIO SEM TRATAMENTO. Chlamydia Trachomatis: • Incubação de 14 a 21 dias • Disúria e secreção uretral mucoide • 2/3 das mulheres parceiras estão colonizadas • Responsável por 50% dos casos de doença inflamatória pélvica (DIP) • Uretrite subaguda em 50% dos casos – quadro mais crônico • Prostatite, epididimite, balanite, conjuntivite (por autoinoculação) e síndrome uretro-conjuntivo-sinovial (síndrome de reiter – artrite reativa inflamatória em paciente jovem que pode vir acompanhada de uretrite e conjuntivite) • Outras doenças: tracoma, linfogranuloma venéreo. Tratamento uretrite não-gonocócica: • Macrolídeo: azitromicina 1g em dose única • Tetraciclinas: Doxiciclina 100mg 12/12 horas por 7 dias • Mycoplasma genitalium preocupação crescente pelo aumento prevalente nessas uretrites e tem resistência à azitromicina e Fluoroquinolonas. Importante o mapeamento para saber o que está circulando na população. Uretrites persistentes: Paciente que trata e não melhora: Métodos diagnósticos (Uretristes) Detecção de Clamídia e gonococo por biologia molecular (PCR): incorporado ao SUS. Elevada sensibilidade e especificidade. Feito nas secreções coletadas -- Método de escolha em assintomáticos. • Bacterioscopia: Gram (positiva de neisseria gonorrhoeae) • Cultura: meio seletivo de Thayer-Martin Medicina Unigranrio • Lucas Albernaz Tratamento Uretrites geral: Ceftriaxona 500mg IM dose única (para tratar gonococo) + azitromicina 500mg 2 comprimidos dose única (para tratar a clamydia e outras bactérias) ÚLCERAS GENITAIS • Maiorias são ISTs • Lesões ulcerativas erosivas: precedidas ou não por pústulas e/ou vesículas acompanhadas ou não de dor, ardor, prurido, drenagem de material mucopurulento, sangramento e linfadenopatia regional. • Elevado risco de aquisição ou transmissão do HIV. Principais agentes etiológicos • Treponema pallidum (sífilis) • HSV-1 e HSV-2 (herpes perioral e genital, respectivamente) • Haemophilus ducreyi (cancroide, cancro mole) • Chlamydia trachomatis, sorotipos L1, L2 e L3 (LGV) • Klebsiella granulomatis (donovanose) Aspectos clínicos: Baixo poder preditivo na identificação do agente etiológico, exceto herpes que tem lesão característica. Valor preditivo positivo: • Sífilis (30,9 %) • Cancroide (32,7%) Medicina Unigranrio • Lucas Albernaz Sífilis primária: • A lesão ulcerada genital só ocorre na sífilis primária, ou seja, quando o paciente se contaminou com o treponema. Existem alguns casos de reativaçãona sífilis secundária. • Cancro duro • Incubação 10 a 90 dias • Úlcera única, indolor, base endurecida e fundo limpo • Rico em treponema → o treponema é uma bactéria que não se cora pelo gram e não cresce em cultura artificial, ou seja, não dá para isolar a bactéria. Apenas o exame de microscopia de exame escuro que dá para visualizar. • Duração de 2 a 6 semanas • Regressão espontânea → regride, mas o paciente não fica curado da sífilis, ou vai ficar latente ou vai ter sífilis secundária • Tratamento: Benzilpenicilina benzatina 2.400.000 UI em dose única (2 injeções de 1.200.000 em cada glúteo) Lesão indolor, fundo limpo e com bordas endurecidas. Cancroide (cancro mole): • Haemophilus ducreyi • Incubação 3 a 5 dias • Risco de contaminação 80% • Lesões dolorosas, base amolecida, borda irregular, fundo necrótico, de fácil sangramento • Podem ser múltiplas (autoinoculação) • Pode atingir linfonodos inguinais em até 50% dos casos: Linfonodos dolorosos e fistulização (orifício único) → ajuda a diferenciar do linfogranuloma venério Tratamento: • Azitromicina 1g dose única Medicina Unigranrio • Lucas Albernaz • Ceftriaxona 250mg IM dose única • Ciprofloxacina 500mg VO 12/12 horas por 3 dias Cancro Misto de Rollet: Cancro mole associado a um cancro duro. Lesões ulceradas clinicamente confusas que lembram tanto sífilis como cancro mole. Não necessariamente o paciente está infectado pelos dois, mas o aspecto da lesão fica dúbio, não dando para saber a etiologia. Tratamento deve ser para os dois (sífilis e cancro mole). Donovanose: • Klebsiella granulomatis • Mecanismo de transmissão sexual (?) • Ulceração de borda plana ou hipertrófica, bem delimitada, com fundo granuloso, de aspecto vermelho vivo e de sangramento fácil. – Muito parecido com o cancro mole. • Lesões em espelho, ou seja, uma lesão igual a outra dos dois lados. Geralmente por conta de auto inoculação • Pode formar lesão vegetante ou ulcerovegetante Tratamento: Azitromicina 1g VO semanal (3 semanas) Doxicilina 100mg VO 12/12h 21 dias Linfogranuloma Venéreo (LGV) • Chlamydia trachomatis, sorotipos L1, L2 e L3 • Presença de linfadenopatia inguinal ou femoral – o que chama atenção na doença • Na fase de inoculação faz uma ulceração indolor, pequena, pápula ou pústula ou exulceração indolor que desaparece após dias. • Fase de disseminação linfática regional: linfadenopatia inguinal em 1 a 6 semanas • Fase de sequelas: supuração e fistulização (vários orifícios) – aspecto de bico de regador • Praticantes de coito anal com lesões ulceradas ou proctocolite devem fazer pesquisa de Chlamydia trachomatis. Herpes genital: • Causada pelo herpes vírus (HSV) Tipo 1: lesão perioral Tipo 2: lesão genital • Primo-infecção/surtos recorrentes • Incubação: 6 dias. • Primo-infecção: febre, mal-estar, mialgias, disúria, linfadenomegalia inguinal dolorosa (50%) Medicina Unigranrio • Lucas Albernaz • Lesões eritematoso-papulosas (1 a 3mm diâmetro), evoluindo para vesículas sobre base eritematosa, com conteúdo citrino. • Recorrência: mais comum nos primeiros 12 meses. Mais frequente no HSV-2 Regridem em 7 a 10 dias Poucos sintomas sistêmicos Disseminação neural (plexo sacral) • Gestante + lesões herpéticas ativas = pato cesariana! Tratamento da herpes: Primoinfecção: aciclovir 400mg VO 8/8h por 7-10 dias e na recorrência por 5 dias. O intuito é acelerar a recuperação e a melhora dos sintomas. Métodos diagnósticos para Úlcera Genital: • Único disponível é a microscopia • Detecção do treponema pallidum e heamophilus ducreyi • Pensar em outras causas por bases clínicas e exclusão das etiologias acima • Treponema pallidum: microscopia do campo escuro • Haemophilus ducreyi: coloração por Gram. Bacteria gram-negativas, agrupadas em correntes. Tratamento geral das úlceras genitais: • Tratar sífilis + cancroide: Benzilpenicilina 2.400.000 UI dose única + azitromicina 500mg 2 comp VO em dose única. • Na suspeita de LGV ou Donovanose, prolongar o tratamento com azitromicina por 3 semanas. VERRUGAS ANOGENITAIS • Causadas pela infecção do HPV • Risco de exposição: 15 a 25% a cada nova parceria • Verrugas anogenitais: 1 a 2% de toda a população • Preventivo: 2 a 5% das mulheres apresentam alterações Infecção pelo HPV: Alteração subclínica no exame preventivo Medicina Unigranrio • Lucas Albernaz Verruga genitais (“condiloma acuminado”) Tratamento HPV: • Cauterização das lesões • Imiquimode 50mg/g creme: é um modulador da resposta imunológica pela indução do interferon alfa e de outras citocinas. • Podofilotoxina • Remoção cirúrgica Doença inflamatória pélvica (DIP) → não cai na prova • A DIP é uma síndrome clínica atribuída à ascensão de microrganismos do trato genital inferior, espontânea ou devida à manipulação (inserção de DIU, biópsia de endométrio, curetagem, entre outros), comprometendo o endométrio (endometrite), tubas uterinas, anexos uterinos e/ou estruturas contíguas (sapingite, miometrite, oofarite, parametrite, pelviperitonite). • Uma das mais importantes complicações das IST. • Infertiliade por fator tubário, gravidez ectópica e dor pélvica crônica • DIP: 85% dos casos são por ISTs Sinais e sintomas: • Sangramento vaginal anormal em pouca quantidade (spotting) • Dispareunia • Corrimento vaginal • Dor pélvica ou dor no abdome inferior • Dor à mobilização do colo do útero ao toque Medicina Unigranrio • Lucas Albernaz Exames diagnósticos: • Exame bacterioscópico para vaginose bacteriana • Cultura de material de endocérvice com antibiograma • Detecção de clamídia e gonococo por biologia molecular • Pesquisa de N. gonorrhoeae e C. trachomatis no material de endocérvice, da uretra, de laparoscopia ou de punção do fundo de saco posterior. • Exame qualitativo de urina e urocultura (para afastar hipótese de infecção do trato urinário) • Hemocultura • Teste de gravidez (para afastar gravidez ectópica) Tratamento: • Iniciar o tratamento assim que o diagnóstico for suspeito • Não é recomendada monoterapia •
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